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Licenciatura em Engenharia Electrica

Engenharia e Ambiente
Turma:E-42
IV Nível

IMPACTOS AMBIENTAIS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO

Discente: Docente:
Amurildine Abubakar Ibraimo Eng.ª Isabel Zunguze

Songo, Março de 2021


Licenciatura em Engenharia Electrica
Engenharia e Ambiente
Turma:E-42
IV Nível
IMPACTOS AMBIENTAIS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO

Discente: Docente:
Amurildine Abubakar Ibraimo Eng.ª Isabel Zunguze

Songo, Março de 2021


Índice
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1

1.1. Objectivos geral.................................................................................................. 1

1.2. Objectivos específicos........................................................................................ 1

2.4. Fluxograma de procedimento sobre licenciamento de actividade......................6

2.5. Impactos ambientais das linhas de transmissão..................................................7

2.5.1. Aumento do Conhecimento Científico sobre a Região............................... 7

2.5.2. Instalação e Aceleração dos Processos Erosivos.........................................7

2.5.3. Contaminação do Solo.................................................................................9

2.5.4. Contaminação de Corpos Hídricos e Alteração da Qualidade da Água......9

2.5.5. Alteração das Propriedades Físicas do Solo..............................................10

2.5.6. Pressão sobre Patrimônio Espeleológico...................................................10

2.5.7. Perda ou Alteração da Cobertura Vegetal................................................. 11

2.5.8. Afugentamento da Fauna...........................................................................11

2.5.9. Risco de Acidente e Morte da Fauna.........................................................12

2.5.10. Aumento do Risco de Acidentes Causados por Animais Peçonhentos.....13

2.5.11. Perda de Áreas Produtivas e Benfeitorias................................................. 13

2.5.11. Deslocamento compulsivo de famílias......................................................14

2.5.12. Degradação da Paisagem Cênica...............................................................15

2.5.13. Perda de Indivíduos da Avifauna.................................................................. 15

2.6. Impactos Ambientais de LT's Frequentemente Citados................................... 16

2.7. Medidas Mitigadoras........................................................................................ 21

3. CONCLUSÃO......................................................................................................... 24

4. BIBLIOGRAFÍA......................................................................................................25

I
1. INTRODUÇÃO

As linhas de transmissão possuem grandes impactos econômicos e sociais no processo


de transporte de energia elétrica entre dois pontos. Elas possibilitam o desenvolvimento
de qualquer sociedade desde a geração de empregos a salvamento de vidas em hospitais.
Porem as linhas de transmissão trazem consigo impactos ambientais, por vezes de valor
social e cultural incalculável por isso no desenvolvimento de qualquer empreendimento
a sempre que analisar os impactos ambientais causados ao longo da linha.

Este é um trabalho falara sobre os impactos ambientais causados pelas linhas de


transmissão bem como os procedimentos para aprovação ambiental de um projecto de
linhas de transmissão em Moçambique terminando a abordagem falando sobre as
medidas mitigadoras essas são ferramentas de grande importância em empreendimentos
e atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente, principalmente para aquelas
de grande porte, com capacidade de ocasionar impactos de elevada magnitude e/ou
importância. Para a realização do trabalho usou-se o método bibliográfico baseando-se
em pesquisas usando manuais e livros. Cujo o trabalho tem como objectivos:

1.1. Objectivos geral

 Falar sobre os impactos ambientais causados pelas linhas de transmissão.

1.1. Objectivos específicos

 Falar sobre os impactos ambientais;

 Falas sobre linhas de transmissão;

 Mencionar os procedimentos para licenciamento ambiental;

 Descrever os impactos ambientais causados pelas linhas de transmissão;

 Mencionar as medidas mitigadoras para diminuição dos impactos ambientais.

1
1. IMPACTOS AMBIENTAIS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO
1.1. Impactos ambientais
A locução “impacto ambiental” é encontrada com frequência na imprensa e no dia a dia.
No sentido comum, ela é, na maioria das vezes, associada a algum dano à natureza,
como a mortandade da fauna silvestre após o vazamento de petróleo no mar ou em um
rio, quando as imagens de aves totalmente negras devido à camada de óleo que as
recobre chocam (ou “impactam”) a opinião pública. Nesse caso, trata-se,
indubitavelmente, de um impacto ambiental derivado de uma situação indesejada, que é
o vazamento de uma matéria-prima.

Na literatura técnica, há várias definições de impacto ambiental, quase todas elas


largamente concordantes quanto a seus elementos básicos, embora formuladas de
diferente maneira. Alguns exemplos delas são:

Segundo (Sanchez, 2013), Qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de


seus componentes – provocada por uma ação humana (Moreira, 1992, p. 113.).

Segundo (Sanchez, 2013), a mudança em um parâmetro ambiental, num determinado


período e numa determinada área, que resulta de uma dada atividade, comparada com
a situação que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada.

Segundo (Peralta, 1997), "Entende-se por impacto ambiental, qualquer alteração


significativa no meio ambiente, em um ou mais de seus componentes provocada pela
ação antrópica. Um impacto ambiental é sempre consequência de uma ação."

A resolução no 1 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) definiu


impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causado por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

 A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

 As atividades sociais e econômicas;

 A biota;

 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

 A qualidade dos recursos ambientais.

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1.1. Linhas De Transmissão

“A produção de energia é realizada a partir de uma fonte geradora que pode ser a força
das águas, no caso das usinas hidrelétricas ou pequenas centrais elétricas; a energia do
sol, no caso da energia solar; a velocidade do vento, no caso do complexo eólico; o
vapor gerado pela queima, por exemplo, de carvão, gás ou óleo, no caso das usinas
termelétricas e os elementos radioativos para usinas nucleares.” (Neoenergia, 2019)

“A energia elétrica quando produzida, é transportada em alta tensão através das Linhas
de Transmissão (LTs), de uma fonte geradora até o próximo centro de consumo ou
subestações. ”(Neoenergia, 2019)

“As LTs são compostas, basicamente, por estruturas metálicas - as torres e pelos cabos
condutores que ficam suspensos por estas torres. Todas as LTs saem de uma Subestação
(SE) e leva a energia em alta tensão até outra SE.” (Neoenergia, 2019)

“As SEs são construções especiais, capazes de regular e direcionar a tensão da energia
elétrica. Elas recebem a energia das fontes geradoras ou de LTs e enviam para outras
LTs ou para as redes de distribuição locais, que levam a energia em menor tensão para
os consumidores (casas, hospitais, escolas, comércios e indústrias). Também são
importantes para a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN), compensando
variações na demanda de eletricidade através do redirecionamento de energia e, desta
forma, diminuindo o risco de apagões.” (Neoenergia, 2019)

Figura-1Geração, transmissão e distribuição. (Neoenergia, 2019)

A Linha de Transmissão é composta por estruturas metálicas chamadas de torres, que


podem ser estaiadas ou autoportantes, e pelos cabos de transmissão de energia

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elétrica. As torres estaiadas e autoportantes são montadas manualmente, peça por peça
ou ainda poderão ser pré-montadas no solo e serão instaladas por guindastes na posição
definitiva.

Figura-2Torres de transmissão (Neoenergia, 2019)

1.2. Procedimentos para o Licenciamento Ambiental (Moçambique)


Os procedimentos para o licenciamento ambiental são os seguintes:

1.2.1.1. Todas actividades constantes do anexo I do Regulamento sobre


o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental e aquelas que forem
determinadas aquando da pré-avaliação como sendo projectos de
categoria A, deverão apresentar no mínimo três alternativas de
localização e de tecnologia de operação e construção. As de categoria B
deverão apresentar pelo menos duas alternativas.

1.2.1.2. 2. A anteceder o EIA, deverão ser apresentados os respectivos


Termos de Referência (TdR) em número de cópias a ser comunicado no
acto da pré-avaliação. Os TdR's das actividades de categoria A deverão
ser acompanhados do relatório de Estudo de Pré-viabilidade Ambiental
e Definição do Âmbito ( EPDA ).

1.2.1.3. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental em


coordenação com outros sectores deverá proceder à revisão dos Termos
de Referência acompanhados com o Estudo de Préviabilidade
Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) num prazo máximo de 30
dias úteis (segundo o Decreto n.º 45/2004). Caso seja necessário, dada a
complexidade da actividade, o MICOA poderá comunicar ao
proponente sobre a extensão do período de revisão.
4
1.2.1.4. . O número de cópias de REIAs a ser submetido ao Ministério
para a Coordenação da Acção Ambiental será comunicado no acto de
aprovação dos TdRs.

1.2.1.5. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental em


coordenação com outros sectores afins procederá à revisão do REIA de
acordo com o Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, num prazo de 45
dias. O processo de revisão é auxiliado pela presente Directiva Geral e
pelo Manual de Metodologia de Préavaliação e Revisão de Relatórios
de Estudo do Impacto Ambiental.

1.2.1.6. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental em


coordenação com outros sectores afins procederá à revisão do REIA de
acordo com o Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, num prazo de 45
dias. O processo de revisão é auxiliado pela presente Directiva Geral e
pelo Manual de Metodologia de Préavaliação e Revisão de Relatórios
de Estudo do Impacto Ambiental.

1.2.1.7. As informações complementares são contidas no fluxograma


(anexo 1)`.

1.2.1.8. Todos os documentos relativos ao Processo de Avaliação do


Impacto Ambiental deverão ser redigidos em língua portuguesa.

1.2.1.9. 9. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental poderá


também solicitar cópias de outros documentos relevantes durante a
apreciação do REIA.

1.2.1.10. Os relatórios de especialidade deverão fazer parte dos anexos do


REIA em volumes separados como material de informação
complementar para actividades de categoria A.

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1.3. Fluxograma de procedimento sobre licenciamento de actividade

(Conselho de Ministros, 2006)

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1.4. Impactos ambientais das linhas de transmissão.

A implantação de linhas de transmissão trás consigo mudanças em parâmetros


ambientais, no período implantação e exploração numa determinada área, essa mudança
pode ser causada seja pela movimentação de terra para implantação das torres seja pelo
embasamento na paisagem ou mesmo receio da população, comparada com a situação
que ocorreria se essa atividade não tivesse sido iniciada. Em frente serão analisados, os
impactos ambientais causadas pelas linhas de transmissão segundo (Pereira, 2014).

1.4.1. Aumento do Conhecimento Científico sobre a Região

Para a realização do Estudo de Impacto Ambiental, é necessário compor um


Diagnóstico da área abordando os meios físico, biótico e socioeconômico. Para isso, são
realizados diversos levantamentos de dados sobre toda a área da Faixa de Servidão e
arredores, contendo: aspectos geológicos, pedológicos, espeleológicos, florísticos,
faunísticos, paleontológicos, antropológicos, sociológicos, arqueológicos, etc. Além
disso, por diversas vezes são identificadas novas espécies biológicas e/ou sítios
arqueológicos ainda não registrados.

Como muitos locais por onde a linha passa apresentam escassez de conhecimento em
vários desses aspectos, esse impacto pode ser considerado como positivo, por aumentar
a base de dados relativos à região do empreendimento.

O impacto atinge toda a área de influência indireta, tendo abrangência regional. O


conhecimento, apesar de mais evidente e em maior quantidade na fase de planejamento,
pode se estender por outras fases do estudo, sendo considerado com tempo médio e
incidência indireta. Com base em outros empreendimentos semelhantes, pode-se dizer
que a sua ocorrência é provável e, além disso, os conhecimentos obtidos são mantidos
39 em bases de dados e podem ser consultados no futuro, sendo o impacto permanente e
irreversível. Isso nos leva a uma caracterização de média significância e baixa
magnitude.

Além disso, não são observadas as ações de cumulatividade, indução ou sinergia


referentes a esse impacto.

1.4.2. Instalação e Aceleração dos Processos Erosivos

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O impacto consiste na deflagração de processos erosivos induzidos e/ou acelerados pela
implantação do empreendimento e atividades inerentes. Algumas intervenções como a
melhoria, abertura e utilização de acessos, implantação e limpeza da faixa de servidão e
montagem de torres e equipamentos, entre outras, provocam uma movimentação de
solo, escavação do solo, supressão da cobertura vegetal e intensificação no uso do
espaço, levando ao surgimento ou à aceleração de processos erosivos.

A incidência de processos erosivos tem caráter descontínuo e diferenciado ao longo da


área de implantação do empreendimento, em conseqüência das características dos
terrenos afetados, sendo maior em terrenos mais acidentados.

A ocorrência desses processos provoca uma desestabilização do terreno, que pode levar
a acidentes que afetem as instalações existentes do empreendimento. Portanto, o
impacto é negativo.

O impacto é local, abrangindo as áreas diretamente afetadas, e tem incidência direta e


no longo prazo. É provável que ele ocorra e devido aos fatores que o originam, como os
citados acima, sua duração é cíclica. Isso leva a um quadro de significância média,
assim como a magnitude.

Os processos erosivos podem induzir outros impactos. Além disso, pode ter um efeito
cumulativo, agravando a situação local. No entanto, a situação pode ser revertida com
ações que reestabeleçam a estabilidade do solo e façam sua recomposição, sendo o caso
reversível. Dessa forma, temos um impacto de importância grande. Há presença de
sinergia com outros impactos.

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Figura 3Escavação de subestação (Alves, 2017)

1.4.3. Contaminação do Solo


A contaminação do solo em uma construção de linha de transmissão ocorre por meio de
derramamentos de combustíveis, óleos e graxas e/ou de óleos de arrefecimento. Isso 43
pode ocorrer nas etapas de escavação do solo, na operação de máquinas e equipamentos,
geração e disposição não adequada de resíduos sólidos, entre outras.

Este impacto deve ocorrer principalmente nas vias de circulação e acesso, tendo
abrangência local. Contudo, o solo e os pequenos cursos de drenagem podem ser
afetados pela manipulação inadequada de substâncias. Os canteiros de obras estão mais
suscetíveis a tal impacto e devem ter sistema de drenagem com caixa de separação de
óleo instalada antes da manipulação dessas substâncias. Devido ao pequeno volume
manipulado, os acidentes devem restringir-se à micro bacias, mas podem ocasionar uma
série de repercussões negativas na biota e nas comunidades, sendo o impacto negativo e
considerado de incidência direta.

O impacto é de curto prazo, acidental e de caráter permanente, uma vez que a


contaminação ocorre. No entanto, ela pode ser remediada e o ambiente pode ser
recuperado, sendo o impacto reversível.

A magnitude e a significância são consideradas médias, dado o porte do impacto e suas


consequências, enquanto a importância é pequena. Apesar do caráter cumulativo, não
foi detectada indução ou sinergia com outros impactos.

9
1.4.4. Contaminação de Corpos Hídricos e Alteração da Qualidade da Água

Este impacto pode ocorrer por diversos motivos, dentre eles: arraste de massas de solo
que sofreram de intervenções e chuvas intensas em seguida; manipulação de
combustíveis e óleos de graxa no uso e operação de máquinas e veículos; derramamento
de líquido de arrefecimento dos transformadores; além de manipulação e estoque de
substâncias contaminantes, com risco de vazamento ocasional.

As contaminações tendem a ocorrer principalmente e de maneira mais intensa nos


canteiros de obra e na instalação e reconformação das Subestações.

A abrangência é local, devido ao pouco volume de material manipulado e a duração se


restringe ao processo de obras, sendo o impacto de curto prazo e incidência direta. Além
disso, seu caráter é temporal e acidental, compondo um quadro de média significância.

O impacto apresenta efeito cumulativo e indutor sobre outros, além de presença de


sinergia. Os critérios levam a um quadro de importância grande e alta magnitude.

1.4.5. Alteração das Propriedades Físicas do Solo


Essa alteração se deve à compactação ou remoção dos horizontes superficiais do solo
resultante da movimentação de massa de solo, aterramento e passagens de máquinas,
escavações no solo, abertura de novos acessos e da Faixa de Servidão, entre outros.

Esses processos podem levar à desestruturação do solo, alterando a capacidade de


percolação da água, desenvolvimento radicular, absorção de matéria orgânica e
nutrientes e aumento do potencial erosivo, já intensamente presente em diversos pontos
do traçado.

O impacto ocorre exclusivamente na AID, sendo de abrangência local e natureza


negativa. Considerado de incidência direta e médio prazo, o impacto é certo de ocorrer e
possui caráter permanente, uma vez que as características mantem-se alteradas e os
eventos de origem vão existir com certeza. Isso compõe um quadro de grande
significância, apesar de ser considerado de baixa magnitude.

Para a composição da Importância, classificada em Pequena, apresenta-se como


cumulativo, uma vez que o processo se intensifica de acordo com o aumento da
ocorrência de seu efeito causador, Irreversível, Não Indutor, apresentando ainda
Ausência de sinergia.

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1.4.6. Pressão sobre Patrimônio Espeleológico
Para melhor entendimento do impacto, cabe definir que espeleologia é a ciência que
estuda as cavidades naturais e outros fenômenos cársticos, nas vertentes da sua
formação, constituição, características físicas, formas de vida, e sua evolução ao longo
do tempo.

O impacto se deve ao revolvimento e remoção do solo e alocação de torres em área de


potencial espeleológico. Neste caso especifico, o traçado do empreendimento perpassa
por alguns trechos de alta probabilidade de ocorrência de cavidades, sendo que dois
deles apresentam feições cársticas idênticas. Vale ressaltar que não foram encontradas
cavernas na ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTA (AID), somente condições favoráveis
à sua ocorrência. Esse impacto tem, portanto, abrangência local.

O impacto é negativo e se estenderá por todo o processo de obras e de alocação das


torres. Ocorre no curto prazo de com incidência indireta. A pressão só será estabelecida
acidentalmente, mas terá caráter permanente e será irreversível, uma vez que não será
possível o retorno para a condição anterior ao empreendimento, compondo um quadro
de media significância. A magnitude foi considerada baixa para esse caso.

1.4.7. Perda ou Alteração da Cobertura Vegetal


Para a construção da LT é necessária a abertura da faixa de lançamento dos cabos, com
corte raso da vegetação, e largura de, no máximo, 10 metros. Também será necessário,
em casos específicos, o corte seletivo de indivíduos arbóreos, para conter os riscos
associados à presença e balanço dos cabos na Faixa de Servidão de largura de 60 m.
Apesar da preferência pelas atividades de implantação nas áreas já desmatadas, será
necessária a supressão de algumas áreas.

O impacto ocorrerá principalmente na área da Faixa de Servidão da LT, faixa de


lançamento dos cabos e praças de torres, mas poderá também ocorrer para abertura de
vias de acesso e nas áreas de instalação das estruturas de apoio, tensa abrangência local.
Tem início na fase de obras, mas perdura por toda a fase de manutenção.

Sendo assim, a adversidade é de caráter negativo, de incidência direta e curto prazo. A


perda ou alteração da vegetação é considerada permanente e a situação não retorna ao
estágio inicial antes da obra, sendo irreversível.

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Devido às características da região e com base no diagnóstico realizado, a probabilidade
de ocorrência é certa, compondo um quadro de grande significância. Devido à dimensão
do impacto, sua magnitude foi considerada alta.

O impacto é cumulativo, uma vez que aumentado o efeito causador, o impacto se


intensifica, é capaz de induzir outros impactos e possui sinergia.

1.4.8. Afugentamento da Fauna


A supressão da vegetação para implantação da Linha, assim como a operação de
máquinas e o aumento do fluxo de veículos e pessoas durante atividades inerentes a
construção e operação do empreendimento, são atividades geradoras de ruídos. Estes
ruídos e a visualização dessa movimentação pelos animais podem impactar
negativamente alguns grupos da fauna, sendo os principais aqueles que utilizam a
vocalização para se comunicar e defender território, como aves, primatas, anfíbios e
morcegos, além de aves de rapina, que utilizam muito a visão e tendem a evitar essas
áreas mais movimentadas.

Isso faz com que os indivíduos tenham que se realocar e alguns deles poderão não
conseguir se readaptar a novos habitantes, causando a diminuição na população daquela
espécie. Além disso, o deslocamento pode ocasionar atropelamento e invasão de
propriedades, aumento o risco de morte e acidentes para pessoas e animais. O novo
habitat pode ainda ser ocupado por uma outra espécie, levando a disputas de territórios
com possíveis perdas de população.

O impacto deverá ocorrer enquanto existirem actividades ruidosas, devendo as áreas


marginais a faixa recuperarem da sua condição anterior, tão logo cessem as obras. No
entanto, a implantação da faixa com remoção total da vegetação representa ambiente
refratário, para o qual não haverá recolonização por um variado número de espécies que
não toleram tal condição.

A alteração é negativa, de incidência direta e curto prazo. Considerando o fim dos


ruídos após as obras, tem caráter temporário e probabilidade certa, uma vez que as
supressões e os ruídos são atividades certas de ocorrerem. Esses fatores compõem um
cenário de media significância e magnitude.

1.4.9. Risco de Acidente e Morte da Fauna

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Os impactos sobre a fauna são, em grande parte, decorrentes da perda ou alteração de
habitats, particularmente consequência da supressão florestal e modificação de
ecossistemas específicos , como matas ripariais e brejos. Além disso, como citado
anteriormente, o aumento da circulação de pessoas e o aumento do ruído também
podem aumentar a chance de ocorrência desse impacto, bem como o aumento da
circulação de veículos que pode acarretar um maior índice de atropelamentos ou
acidentes.

A alocação de fosses para fundações das torres e aberturas e estabelecimentos de vias de


acessos, também previstas na implantação da LT, geram alteração irreversível do
ambiente, incluindo inserção de obstáculo, alteração na cobertura do solo e
compactação , entre outros, todo efeito direito sobre a fauna de deslocamento. Durante a
fase de escavação das torres pode ainda ocorrer queda de animais nas valas,
acarretando acidentes.

A abertura da faixa e vias de acesso também permite a invasão do local por indivíduos
invasores e exóticos, o que pode gerar uma disputa por território , além de trazer
possíveis parasitas de fora.

O impacto irá ocorrer principalmente nas vias de acesso e faixa de passagem dos cabos,
sendo de abrangência local. Deve se estender por toda fase de obras e é considerado de
curto prazo e de incidência direta. Com o fim das obras, o impacto cessa e o risco volta
a ser igual ao que era antes, sendo temporário e reversível. Sua ocorrência é de
acidental, o que, somado aos outros critérios, enquadra o impacto em média
significância e alta magnitude.

A importância é media, uma vez que o impacto pode ter seus efeitos intensificados pelo
aumento do processo que o origina, sendo cumulativo, é não indutor e não apresenta
sinergia.

1.4.10. Aumento do Risco de Acidentes Causados por Animais Peçonhentos.


Como citado anteriormente, alterações causadas nos ambientes naturais poderão
acarretar na fuga da fauna e aumento do risco de acidentes de pessoas com animais
peçonhentos de importância medica, tais serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, vespas
e abelhas.

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O impacto atinge tanto os trabalhadores, que podem sofrer acidentes enquanto deslocam
troncos de árvores e pedras em que os animais procuraram abrigo, por exemplo, quanto
a população local, que pode se deparar com esses animais dentro de suas residências,
dada a fuga dos mesmos de seu habitat natural.

Vale ressaltar que durante estudos realizados para o diagnóstico da fauna foram
registradas cinco espécies de cobras peçonhentas comumente relacionada a acidentes
com pessoas.

O impacto é negativo e acidental tendendo a ocorrer na faixa de servidão,


principalmente em trechos que unem intervenções com obras, florestas e adensamento
populacional, tendo abrangência local. Sua incidência é direta e tempo de curto prazo,
sendo observado na fase de obras, particularmente nos momentos em que há
intervenção florestal. Cessada a obra, o impacto termina e a situação volta a ser como
era antes, sendo temporário e reversível, compondo um quadro de média significância e
magnitude.

A importância é classificada em pequena, uma vez que impacto apresenta-se como não
cumulativo, e não indutor, tendo ainda ausência de sinergia.

1.4.11. Perda de Áreas Produtivas e Benfeitorias

O estabelecimento da faixa de servidão da LT e demais estruturas resultara na


imposição de área ao uso restrito. Muitas estruturas comumente observadas nas
propriedades rurais atravessadas terão sua presença restrita ou proibida, como galpões
viveiros, cercas, entre outras. Todas as torres com uso restrito serão indenizadas, mas o
valor acordado ainda pode gerar conflito entre a população e o empreendedor.

A dimensão e intensidade desse impacto variam conforme as condições locais de


extensão fundiária e em função da relação entre o tamanho da propriedade e a extensão
da faixa de servidão determinada. Nesse caso especifico, o diagnostico identificou
estruturas como pista de pouso, canal de irrigação de água, instrumento de irrigação,
como Pivo central, grandes produtores e hortifrutigranjeiros para o mercado nacional,
entre outros.

Esses fatores nos levam a um impacto negativo, ocorrendo no curto prazo, a partir da
limpeza da faixa de servidão. Com incidência direta, o impacto tem abrangência local e
caráter permanente, com probabilidade certa, visto que a área da faixa é estabelecida e
14
perdura por todo o período de operação da LT. Uma vez que a restrição não altera o
solo, a situação pode ser reversível. Os critérios compõem um quadro de grande
significância e média magnitude.

A importância classifica-se em média, uma vez que o impacto apresenta-se como não
cumulativo, indutor de outros impactos e tendo ainda presença de sinergia.

2.5.11. Deslocamento compulsivo de famílias

A implantação da LT é incompatível com ocupações residenciais, e pode exigir a


remoção de edificações e o conseqüente deslocamento de famílias.

Nesse caso especifico, ainda não foi detectada a necessidade de remoção de edificações
ao longo do traçado, porem existe a possibilidade desse impacto vir a ocorrer ao longo
de todos os trechos com presença de edificações, sendo por isso aqui considerado.

O impacto, claramente negativo, ocorrera a partir da implantação, durando por toda a


operação da LT, com abrangência local por todo o traçado, focando em áreas
residenciais. O impacto é irreversível e pode ser considerado permanente e de
probabilidade certa, com incidência direta, compondo um caso de grande significância e
alta magnitude.

O impacto é cumulativo, uma vez que é intensificado com o aumento da sua ação
causadora, induz outros impactos e possui sinergia com outros impactos.

2.5.12. Degradação da Paisagem Cênica


A implantação da LT impõe elementos de referência urbana e industrial, como a
presença das torres e dos fios, em paisagem de caracter ecológico.

Nesse caso especifico, o traçado da LT atravessa algumas regiões florestadas


conservadas, apesar do predomínio ser de agricultura. Em diversos pontos, o traçado
cruza ambientes bucólicos e de valor paisagístico, associados a atrativos turísticos na
região, ameaçadas pela presença das estruturas da LT.

O impacto é negativo, se estendendo pela abrangência regional e com incidência direta.


Ocorre com probabilidade certa, dado o diagnóstico da área, no curto prazo e
permanentemente durante toda a existência da LT. As alterações paisagísticas são
consideradas irreversíveis, compondo um quadro de muito grande significância e baixa
magnitude.

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Somando-se o caráter cumulativo, por se intensificar com o aumento do seu efeito
causador, não indutor e a ausência de sinergia, tem-se um quadro de pequena
importância.

2.5.13. Perda de Indivíduos da Avifauna


As linhas de transmissão apresentam-se como novos obstáculos para o vôo de aves de
diversas espécies. Os cabos pára-raios acima dos demais e com dimensões menores,
também oferecem grandes risco aos pássaros.

Estes acidentes não correm com freqüência, dado o histórico de outras linhas de
transmissão, tendo sido mais observados em locais que correspondem ao cruzamento de
corredores de vôo, tais como travessias de rios de grande porte.

Algumas aves são mais suscetíveis a colisão, devido ao seu maior porte (tamanho
corporal e envergadura), características de vôo (deslocamentos, velocidade, agilidade,
altura, horário, migração, comportamento predatório e social) presença/abundancia das
mesmas regiões. Aves de rapina, por exemplo, tem uma visão focada para a caca e
apresentam dificuldade de visualização dos cabos das Lutas, estando expostas a colidir
com os mesmos durante o vôo.

O impacto negativo tem forma de incidência direta e estende-se por toda a AID, tendo
abrangência regional. Com ocorrência acidental e no longo prazo, apresenta caráter
permanente e irreversível, uma vez que obstáculo está implantado e permanecerá assim
por toda a operação da LT. Sendo assim, temos um quadro de média significância e
magnitude.

O impacto é cumulativo, uma vez que o aumento do número de obstáculos aumenta o


risco, não indutor e não apresenta sinergia. Sendo assim, a importância é classificada
como média.

2.6. Impactos Ambientais de LT's Frequentemente Citados


Segundo (Drummond, 1989) alguns impactos destacam-se pela frequência, pela
capacidade de sensibilizar as comunidades humanas atingidas ou, ainda, pela
potencialidade de interferir na vida econômica das localidades próximas.

a) LT Garrison-Spokane. Tratarei primeiro do caso da LT 500 kV


GarrisonSpokane, que atravessa três estados do Noroeste dos Estados Unidos da
América (Montana, Idaho e Washington). O estudo aponta um grande número

16
de impactos importantes, avaliados tanto pelos técnicos responsáveis pelos
prognósticos ambientais quanto pelas comunidades envolvidas no minucioso
sistema de participação pública montado desde a fase de pré-projeto.

Como a LT atravessa a cadeia das Montanhas Rochosas, muita atenção foi dada
aos processos erosivos e, principalmente, aos movimentos de massa
(avalanches). Áreas com relevo particularmente movimentado foram
identificadas e liminarmente descartadas. Dentro de cada corredor alternativo
estabelecido, a localização individual das torres foi minuciosamente estudada
com o fim de selecionar pontos seguros e ambientalmente favoráveis. Houve
ainda extremo cuidado com a integridade de recursos hídricos, especialmente
com rios e lagos de montanha, e com as várzeas vizinhas, todos sujeitos ao
assoreamento por materiais erodidos. O mesmo cuidado valeu para todos os
reservatórios e mananciais de água potável.

Toda alteração da flora foi estudada com rigor. Foram consideradas as


consequências imediatas e de longo prazo da retirada de qualquer tipo de
cobertura florística, fossem florestas nativas ou secundárias, campos gramados,
arbustos esparsos ou a flora de várzeas, de áreas inundáveis e até de "desertos"
com baixa densidade de vegetação. Algumas áreas naturais de preservação
permanente pré-existentes, usadas para estudos científicos de longo prazo, foram
liminarmente excluídas dos corredores alternativos.

A fauna também foi item importante nos estudos da LT Garrison-Spokane.


Conforme exige a legislação federal norte-americana, animais oficialmente
considerados sob ameaça de extinção são estudados prioritariamente. Se houver
indício de ameaça, a simples ocorrência de uma única espécie dessas na área de
influência direta ou indireta de um empreendimento é suficiente para que ocorra
um embargo liminar ou para um remanejamento radical da obra. Outros animais,
como aves migratórias, peixes residentes e migratórios, animais
tradicionalmente caçados (veados e alces, por exemplo), foram também
estudados em suas dinâmicas populacionais, estratégias de alimentação e
adaptabilidade aos impactos da obra. Muitas áreas naturais de refúgio da fauna,
protegidas por leis federais, estaduais ou locais, condicionaram o traçado dos
corredores alternativos.

17
Embora a região atravessada não contenha grandes concentrações populacionais,
os corredores propostos evitaram as áreas de maior densidade demográfica.
Neste particular, foram realizados estudos prospectivos sobre o potencial e as
prováveis direções de crescimento de algumas áreas urbano-residenciais mais
próximas da LT.

Encostas densamente florestadas das Montanhas Rochosas foram também


levadas em conta, embora muitas já exploradas fossem sistematicamente pela
indústria madeireira. Isso exigiu estudos detalhados sobre interdições diretas e
indiretas de áreas florestadas. A indústria madeireira, via de regra, gera
numerosos empregos diretos e indiretos no nível local nas atividades de corte,
transporte e beneficiamento. A interdição de áreas florestadas sob exploração
constitui, portanto, importante impacto social.

As florestas foram também avaliadas a partir de outras perspectivas - como


cobertura vegetal, como protetoras de mananciais ou como habitat para animais.
É interessante notar que as declividades acentuadas de muitos trechos dos
corredores alternativos da LT fizeram com que as estimativas de florestas
permanentemente interditadas ao corte incluíssem não apenas a chamada "faixa
de servidão" (imediatamente abaixo e adjacente à linha), mas áreas ainda mais
extensas acima e abaixo da faixa, nas quais o desmatamento poderia causar
erosão prejudicial às estruturas. Assim, os corredores preferenciais buscaram
terras menos inclinadas e/ou com menor cobertura de árvores de valor
comercial.

Os dois problemas mais mencionados no estudo da LT Garrison-Spokane foram


a perda ou a restrição ao uso de terras agricultáveis. Isso foi particularmente
importante no caso de terras irrigadas, comuns em boa parte da região
atravessada, em geral semiárida ou árida. O estudo de impacto ambiental teve
que levar em conta um histórico de elevados investimentos públicos e privados
em irrigação para aproveitamento agrícola e pecuário das propriedades. Esta foi
a preocupação mais insistentemente vocalizada pelas comunidades consultadas,
pelas associações de fazendeiros e pecuaristas e pelos governantes locais.

Muitas extensões do Noroeste dos EUA são importantes áreas de recreação e são
visitadas por turistas de todo o país. Para isso contribuem a pequena

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concentração populacional, a variedade de paisagens planas e montanhosas e a
existência de muitas localidades com atrativos naturais (cachoeiras, corredeiras,
trilhas para caminhadas, picos para serem escalados, lagos para pesca etc.). Isso
criou toda uma outra série de limitações para o traçado da LT Garrison-Spokane,
pois o turismo gera renda e empregos nessas localidades, mesmo que apenas
sazonalmente. Todo um grande capítulo dos estudos ambientais da LT se
concentrou na identificação de parques nacionais, estaduais e municipais, áreas
de acampamento, de caminhadas e de montanhismo, áreas de caça e pesca, áreas
de pesquisa biológica e ecológica e cidades históricas e na formulação de
medidas para evitar que a LT interferisse nas suas qualidades ambientais
positivamente valorizadas.

Houve portanto a cuidado de evitar ao máximo que as torres e os cabos


alterassem as paisagens naturais ou mesmo pastoris (áreas rurais alteradas pelos
humanos), pois sabia-se de antemão (a partir de surveys publicados) que a
presença dessas estruturas, na avaliação dos turistas e visitantes, reduz o valor
paisagístico e recreativo da áreas afetadas. Esse tipo de impacto é
simultaneamente local e nacional, pois afeta empreendimentos turísticos locais e
redireciona os fluxos de visitantes para outras regiões. Esses impactos "cênicos"
ou "visuais" são, portanto, eminentemente subjetivos, oriundos das avaliações de
residentes e visitantes, mas nem por isso são abstratos ou menos importantes.
Uma última ordem de considerações nos estudos ambientais dessa LT foram os
chamados "recursos culturais", principalmente algumas cidades "históricas" e
numerosos sítios pré-históricos ou arqueológicos. As cidades "históricas" -
"cidades- fantasmas" oriundas do fim de curtos surtos de mineração - registram
capítulos importantes da recente colonização de origem europeia. Os sítios
arqueológicos ou préhistóricos são oriundos da ocupação de povos indígenas,
bem mais antiga. A passagem da LT, mesmo a certa distância, pode afetar
negativamente a integridade, a apreciação ou o estudo dessas áreas. Caso a LT
passasse próximo delas, poderia ocorrer mesmo a sua destruição devido aos
efeitos de construção. Houve, portanto, um inventário dessas áreas e a tentativa
de evitá-las nos traçados alternativos.

b) LT Kelly Lake-Cheekye. A LT 500kV Kelly-Cheekye atravessa trechos da


província de British Columbia, no Sudoeste do Canadá. O seu traçado corta a
19
cordilheira Cascades, que corre paralelamente à costa da província. Essa
particularidade fez com que o estudo dos seus impactos ambientais tenha muitos
pontos em comum com o estudo analisado acima, tais como os problemas de
erosão e avalanches, perda de florestas comercialmente valiosas e terras
agricultáveis, e interferências em áreas naturais muito procuradas para turismo e
recreação. Seria tedioso repetir detalhes sobre esses problemas. Por isso,
ressaltarei algumas particularidades.

Os vales da acidentada cordilheira Cascades são nessa região muito estreitos. As


encostas têm declividades fortemente acentuadas e são muito instáveis. Por isso,
equipamentos como rodovias, ferrovias, cidades e linhas de distribuição locais e
de transmissão se concentram nos fundos dos vales. Nesse sentido, as novas
LT's competiram com outros empreendimentos por essas áreas escassas de
mínimo impacto, criando dificuldades técnicas no traçado por causa dessa
saturação.

No que toca à biologia regional, o salmão foi objeto de considerações


minuciosas nesse estudo canadense. O salmão do Pacífico é o nome comum de
um grupo de peixes que forma uma família de seis espécies, de altíssimo valor
comercial, tradicionalmente exploradas na região por indígenas e colonos
europeus. O ciclo de vida do salmão é complexo. Reproduz-se nas cabeceiras de
rios de montanha e passa a maior parte da vida em alto mar, transitando por
todo o rio, primeiro no sentido do mar e depois de volta, no sentido das
cabeceiras. Esses movimentos o tornam muito vulnerável a alterações no fluxo e
na qualidade das águas dos rios, para não mencionar hidrelétricas, barragens,
pontes etc. Como muitos outros empreendimentos regionais - construção de
barragens, portos e estradas e corte de árvores - a LT teve o seu traçado
condicionado pelo requisito de evitar efeitos sobre os rios, principalmente nas
cabeceiras, onde o salmão nasce e passa os seus primeiros anos de vida.

Um problema propriamente social ou cultural se destaca no planejamento dessa


LT. A costa da província de British Columbia, juntamente com grande parte da
costa noroeste da América do Norte, foi ocupada a partir de quase
aproximadamente 20.000 anos atrás por numerosos grupos indígenas originados
na Ásia ou em ilhas do Pacífico. Elas se adaptaram bem à área e desenvolveram
padrões de vida dos mais estáveis e bem-sucedidos dentre todos os chamados
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povos primitivos. Na British Columbia existe ainda um expressivo número de
indígenas vivendo tribalmente, em reservas legalmente definidas, em geral
extensas. Além disso, os indígenas locais, assim como os dos EUA, exercitam os
seus amplos direitos políticos com grande eficácia. Por tudo isso, as decisões a
respeito do traçado da LT Kelly Lake-Cheekye levaram em conta os territórios
indígenas, particularmente as suas áreas de caça e pesca de subsistência, os seus
territórios sagrados e os seus sítios arqueológicos.

c) Subestação de Seminaire. A Subestação de Seminaire e as LT's dela derivadas,


localizadas nas imediações de Moulins, na França, foram estudadas com ênfases
bem diferentes dos dois empreendimentos acima mencionados. Isso porque o
empreendimento afeta uma região radicalmente diferente daquelas referidas nos
EUA e no Canadá. A zona de influência do empreendimento é de ocupação
antiga; é habitada por uma população estável e densa, culturalmente homogênea,
com tradições agrícolas e industrias bem antigas. Há ali um considerável número
de castelos, igrejas e monumentos históricos. Muitos turistas buscam essas
atrações culturais e artísticas, mais do que paisagens naturais intocadas, de resto
inexistentes na Europa como um todo. A agricultura regional produz paisagens
agropastoris muito apreciadas local e nacionalmente, especialmente as vinhas.

A implantação da subestação e das LT's conexas foi estudada, portanto,


principalmente com vistas a minimizar os impactos visuais e sonoros capazes de
afetar a apreciação do patrimônio cultural, histórico e arquitetônico da região.
As LT's foram, na medida do possível, afastadas de cidades, igrejas, castelos,
monumentos, praças e outros locais visíveis e intensamente visitados, que
assinalam muitos episódios da ocupação humana da região. Houve estudos
criteriosos para evitar que as LT's provocassem desmatamentos na flora
secundária (provavelmente oriunda de reflorestamentos intencionais), pois que
ela é percebida e valorizada como componente "natural" das paisagens locais.
Houve ainda o cuidado para evitar que as LT's cruzassem uma reserva ecológica
manejada, pré-existente.

2.5. Medidas Mitigadoras


A aplicação dessas medidas permite a redução, prevenção, correção e compensação dos
impactos negativos, bem como a maximização dos efeitos positivos e o

21
acompanhamento dos efeitos gerados sobre o meio ambiente e a sociedade. O objetivo
da medida é expresso pelo seu caráter, que pode ser: Preventivo, Compensatório,
Corretivo, Potencializador e de Monitoramento.

As medidas mitigadoras dos impactos ambientais gerados pela construção e operação da


linha de transmissão em análise são importantes mecanismos de controle dos efeitos
diretamente associados à implantação do empreendimento, adotadas por meio da
elaboração e implementação de Planos e Programas Ambientais dispostos no
EIA/RIMA ( Estudo de impacto ambiental/Relatório de impacto ambiental) ilustrados
na figura 4.

Os Planos e Programas Ambientais são conjunto de medidas que visam minimizar,


compensar e, eventualmente, eliminar os impactos negativos e maximizar os impactos
positivos advindos da implantação e operação do empreendimento.

Essas medidas devem ser implantadas ao longo das 3 fases do projeto (planejamento,
construção e operação), com o objetivo de recuperar e conservar o meio ambiente e, ao
mesmo tempo, gerar maior aproveitamento das condições benéficas criadas pela
implantação da linha.

Cada Programa deve conter em seu escopo seus objetivos, justificativas, metas, público
alvo, cronograma de execução, inter-relação com outros Planos e Programas, a fase do
empreendimento em que será implantado, indicadores de efetividade, entre outros itens.

A coordenação desses programas é prevista no Plano de Gestão Ambiental (PGA), bem


como no Sistema de Gestão Ambiental (SGA), de modo que seja possível a integração,
acompanhamento e execução de todos os programas. Além disso, para monitoramento a
empresa responsável pela execução elabora relatórios mensais e evolução dos
indicadores de efetividade, além de disponibilizar um profissional em campo para o
acompanhamento das medidas.

Como pode ser ilustrado na figura 4, na tabela de Planos e Programas de Medidas


Mitigadoras, os caráteres dos Planos e Programas podem ser divididos da seguinte
forma:

 21 Programas e/ou Planos preventivos - visam prevenir a ocorrência total ou


parcial do impacto ambiental negativo;`

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 3 Programas e/ou Planos corretivos - com objetivo de corrigir total ou
parcialmente o impacto ambiental negativo já provocado;

 4 Programas e/ou Planos potencializadores - visam aumentar os efeitos do


impacto ambiental positivo;

 6 Programas e/ou Planos de monitoramento - visam acompanhar as


condições do fator ambiental afetado de modo a validar a avaliação do
impacto e a eficácia da medida mitigadora;

 4 Programas e/ou Planos compensatórios - objetivam compensar um impacto


ambiental negativo significante ou não mitigável através de melhorias de
outras áreas.

23
Figura-4 Planos e programas ambientais (Pereira, 2014)

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2. CONCLUSÃO

Antes da execução de qualquer projecto de uma linha de transmissão sempre há a que


considerar a existência de impactos ambientais pois alguns deles são irreversíveis
capazes de causar danos incontornáveis a natureza, um estudo sobre os impactos
ambientais deve ser feito de modo a mitigar os impactos ambientais causados.

Dentro dos impactos ambientais causados há impactos decorrentes do aumento da


circulação de veículos e pessoas, interferências geradas pelas atividades das obras sobre
assentamentos e localidades rurais, bem como os transtornos gerados pela perda ou
interdição de áreas de produção agrícola em função do estabelecimento da faixa de
servidão e outros são os impactos decorrentes da supressão da vegetação para
implantação das torres e faixa de serviço, que além de promover a redução de ambientes
naturais e fragmentação da vegetação, gera efeitos sobre a fauna local.

Apesar dos impactos ambientais serem de maioria negativos as linhas de transmissão


continuam sendo implementadas devido ao seu impacto econômico pois são
indispensáveis para o desenvolvimento de um país.

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3. BIBLIOGRAFÍA

Alves, R. B. (2017). IMPLANTAÇÃO DE LINHAS DE TRANSMISSÃO:. Rio de Janeiro


.

Drummond, J. A. (1989). Impactos Ambientais de Linhas de Transmissão de Energia


Elétrica. Monasa.

Neoenergia. (2019). Relatório de Impacto Ambiental Linha de Transmissão de Energia


LT 230/525 kV. Rio grande.

Peralta. (1997). Curso de Evalucion Ambietal.

Pereira, A. L. (2014). ANÁLISE CRÍTICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS. Rio de


Janeiro.

Sanchez, L. E. (2013). Avaliacao de impacto ambiental. Sao paulo.

Conselho de Ministros. (2006). Directiva Geral para a Elaboração de Estudos. Bolentim


da rebublica. Maputo: imprensa nacional Moçambique .

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