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RESUMO
O sinal de eletroencefalograma (EEG) é amplamente utilizado clinicamente para inves-
tigar distúrbios cerebrais. O estudo da atividade elétrica cerebral, através dos registros eletroence-
falográficos, é uma das ferramentas mais importantes para o diagnóstico de doenças neurológicas.
Entretanto, as gravações de sinais de EEG em sistemas ambulatoriais geram dados muito longos e
a detecção da atividade epiléptica requer uma análise demorada de todo o comprimento dos dados
de EEG por um especialista. Sendo os métodos tradicionais de análise tediosos, muitos sistemas
de diagnóstico automatizados para epilepsia surgiram nos últimos anos. Por este motivo, propõe-se
um sistema automatizado de detecção e classificação de sinais de EEG de pacientes com epilep-
sia baseado na rede neural SOM (Self Organizing Map), que utiliza cinco parâmetros multifractais
como recursos de entrada. Os resultados mostram que o sistema proposto alcança uma acurácia
média em torno de 98, 12% a 99, 01% na classificação de sinais de EEG de pacientes saudáveis e
com epilepsia.
IC – Inteligência Computacional
EST&MP – Estatı́stica e Modelos Probabilı́sticos
ABSTRACT
The electroencephalogram (EEG) signal is widely used clinically to investigate brain
disorders. The study of brain electrical activity, through electroencephalographic records, is one of
the most important tools for the diagnosis of neurological diseases. However, EEG recordings in
outpatient systems generate very long data and the detection of epileptic activity requires a lengthy
analysis of the entire length of EEG data by a specialist. Since traditional methods of analysis are
tedious, many automated diagnostic systems for epilepsy have emerged in recent years. For this
reason, an automated system for detecting and classifying EEG signals from patients with epilepsy
is proposed, based on the SOM neural network (Self Organizing Map), which uses five multifractals
parameters as input resources. The results show that the proposed system achieves an accuracy close
to 98, 12%–99, 01% in the classification of EEG signals in healthy patients with epilepsy.
Computational Intelligence
Statistics and Probabilistic Models
1. Introdução
Aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo têm epilepsia [WHO, 2020].
O sinal de eletroencefalograma (EEG – Electroencephalogram) pode ser usado com a finalidade
de detecção epiléptica, pois a epilepsia uma condição relacionada à atividade elétrica atı́pica do
cérebro [Andrzejak et al., 2001; Srinivasan et al., 2007]. A epilepsia é caracterizada pela ocorrência
de crises recorrentes que podem ser observadas no sinal de EEG. Na maioria dos casos, o inı́cio das
crises não pode ser previsto em um curto perı́odo, sendo necessário um registro contı́nuo do sinal de
EEG para detectar a epilepsia. Em um caso de epilepsia, duas categorias atı́picas são observadas no
sinal de EEG: ictal (durante uma crise epiléptica) e interictal (entre crises). A forma mais comum
de anormalidade interictal é a formação de picos no sinal de EEG. Esses picos são observados na
maioria dos pacientes epilépticos, enquanto apenas um número muito pequeno de pacientes não
epilépticos apresenta essa caracterı́stica. Por esse motivo, a detecção interictal de pico desempenha
um papel importante no diagnóstico da epilepsia. Um padrão EEG muito diferente é visto durante
o perı́odo ictal, consistindo em formas de onda rı́tmicas. Portanto, a detecção de epilepsia é ba-
sicamente o problema de reconhecer picos em sinais de eletroencefalograma e classificá-los como
epilépticos ou normais [Nigam e Graupe, 2004; Srinivasan et al., 2007].
Uma forma comum de gravação usada para extrair sinais de EEG é a gravação ambula-
torial que contém dados de sinais de EEG por um perı́odo muito longo de até uma semana, por
exemplo. Grandes quantidades de dados são geradas pelos sistemas de monitoramento EEG para
alterações eletroencefalográficas, e sua análise visual completa não é rotineiramente possı́vel, já que
envolve os esforços de um especialista em analisar todo o comprimento das gravações de EEG para
detectar traços de epilepsia, por este motivo, muitos sistemas automatizados de detecção de sinais
de EEG epiléptico foram desenvolvidos nos últimos anos [Nigam e Graupe, 2004; Srinivasan et al.,
2005; Subasi, 2007; Guo et al., 2009; Nicolaou e Georgiou, 2012; Samiee et al., 2015; Hartmann
et al., 2018; Fu et al., 2020].
Com o advento da tecnologia digital, é possı́vel armazenar e processar os dados de sinal de
EEG digitalmente. Os dados digitais do EEG podem ser alimentados a um automático de detecção
de sinais de EEG, a fim de detectar as crises presentes nos dados do EEG. Portanto, o neurologista
pode tratar mais pacientes em um determinado momento, pois o tempo necessário para revisar os
dados do EEG é consideravelmente reduzido devido à automação. Existe uma grande demanda pelo
desenvolvimento desses dispositivos automatizados, devido ao aumento do uso de longas gravações
de sinais de EEG para avaliação e tratamento adequados de doenças neurológicas. Utilizando-se
desses sistemas automatizados pode-se reduzir a possibilidade do especialista perder essa enorme
quantidade de dados e/ou fazer uma má interpretação dessa grande quantidade de informação.
Neste trabalho, propõe-se um sistema de automático de detecção de sinais de EEG com
epilepsia utilizando redes neurais auto-organizáveis, onde os parâmetros multifractais (obtidos através
da análise multifractal) são os recursos de entrada da rede SOM.
O restante do artigo está organizado da seguinte forma: a Seção 2 apresenta alguns dos
algoritmos de detecção e classificação de sinais de EEG epilépticos presentes na literatura; na Seção
3 é proposto um algoritmo de classificação de sinais de EEG epilépticos utilizando um mapa auto-
organizável (rede neural SOM) tendo como recursos de entrada parâmetros multifractais; na Seção 4
é avaliada a eficiência do sistema proposto em comparação a outros modelos presentes na literatura:
[Srinivasan et al., 2005], [Subasi, 2007], [Guo et al., 2009] e [Nicolaou e Georgiou, 2012]; na Seção
5 são apresentadas as conclusões obtidas.
2. Trabalhos Relacionados
Em [Srinivasan et al., 2005] é proposto um algoritmo para detecção epiléptica usando um
tipo especial de rede neural recorrente conhecida como rede Elman (EN – Elman Network). De
acordo com [Srinivasan et al., 2005], os resultados experimentais mostram que a EN produz uma
acurácia média elevada na classificação dos sinais em normais ou epilépticos. Mais detalhes podem
ser obtidos em [Srinivasan et al., 2005].
Em [Subasi, 2007], foi proposto um sistema baseado em uma rede neural ME (Mixture of
Experts) com o objetivo de detectar crises epilépticas em sinais de EEG. O algoritmo ME utilizado
para a detecção de crises epilépticas foi treinado através de parâmetros extraı́dos aplicando a DWT
(Discrete Wavelet Transform) nos sinais de EEG obtidos de indivı́duos saudáveis e indivı́duos com
epilepsia. Mais detalhes podem ser obtidos em [Subasi, 2007].
Em [Guo et al., 2009], os sinais de EEG foram analisados utilizando a transformada wa-
velet e, em seguida, um sistema baseado em uma rede neural foi implementado para classificar os
sinais de EEG em duas categorias: normal ou epiléptica. De acordo com [Guo et al., 2009], o sis-
tema alcançou precisão média elevada na classificação dos sinais de EEG em normais ou epilépticos.
Mais detalhes podem ser obtidos em [Guo et al., 2009].
Em [Nicolaou e Georgiou, 2012] investigou-se o uso da Entropia de Permutação (PE –
Permutation Entropy) como um recurso para detecção de crises epilépticas. Uma Máquina de Vetor
de Suporte (SVM – Support Vector Machine) é usada para classificar os sinais de EEG em normais
ou epilépticos com base nos valores da PE. O sistema proposto por [Nicolaou e Georgiou, 2012]
utiliza-se do fato de que o sinal de EEG durante a crise epiléptica é caracterizado por um valor de
entropia de permutação menor do que em um sinal de EEG de um paciente saudável. Mais detalhes
podem ser obtidos em [Nicolaou e Georgiou, 2012].
3. Materiais e Métodos
A Figura 1 ilustra o diagrama de blocos do sistema proposto para a detecção de picos
epilépticos em sinais de EEG.
• Etapa 4. Ocorre o diagnóstico final do neurologista com base nos resultados apresentados
pelo sistema proposto.
A
100
0
-100
-200
0 5 10 15 20
C
Amplitude (micro Volts)
100
0
-100
0 5 10 15 20
D
100
-100
0 5 10 15 20
E
1000
0
-1000
-2000
0 5 10 15 20
Tempo (segundos)
Figura 2: Sinais de EEG de pessoas saudáveis (A) e pessoas com epilepsia (C, D e E).
Com o objetivo de eliminar o ruı́do causado pelos aparelhos de gravação e/ou extração
do sinal (eletrodos) é aplicado um filtro passa-banda de 0, 53 a 40 Hz (12 dB/oitava) [Andrzejak
et al., 2001]. O pré-processamento consiste de uma etapa prévia à extração de caracterı́sticas, com
o objetivo de minimizar interferências da rede elétrica e limitar a banda de frequência do sinal para
otimizar a extração de caracterı́sticas.
O grupo A é composto por sinais de EEG obtidos de voluntários saudáveis com os olhos
abertos (o grupo B também é composto de sinais obtidos de pacientes saudáveis, porém, com os
olhos fechados). Os grupos C e D são compostos por sinais de EEG obtidos de voluntários que
apresentam epilepsia, entretanto, as medições foram feitas em intervalos livres de crises. Essas
medições foram feitas na zona hipocampal (grupo C) e na zona epileptogênica (grupo D). O grupo
E contém sinais de EEG de voluntários que apresentam epilepsia, entretanto, as medições foram
feitas em intervalos de crises epilépticas (apresentaram convulsões). Os dados do grupo A foram
extraı́dos extra-cranialmente, enquanto os conjuntos C, D e E foram extraı́dos intra-cranialmente
[Andrzejak et al., 2001].
A análise dos sinais de EEG epilépticos por meio de eletrodos fornecem informações
importantes sobre o inı́cio das crises epilépticas, como por exemplo, as convulsões que são um dos
sintomas apresentados por quem possui epilepsia.
3.2. Análise Multifractal na Extração de Caracterı́sticas dos Sinais de EEG
A etapa de extração de caracterı́sticas é de extrema importância no desenvolvimento de um
sistema de detecção automática de epilepsia. Assim, um algoritmo para a extração de caracterı́sticas
deve ser capaz de evidenciar mudanças sutis no sinal devido à execução de uma determinada tarefa
mental, a qual pode estar associada a movimentos, por exemplo. Caso os algoritmos utilizados
nesta etapa não forneçam parâmetros que evidenciem caracterı́sticas especı́ficas em cada classe de
dados, a etapa de detecção pode ficar comprometida, reduzindo precisão na classificação dos sinais
que estão sob análise. A seguir é apresentada uma breve descrição sobre a teoria dos fractais e
multifractais e a estimação dos parâmetros que serão utilizados na etapa posterior.
A geometria fractal pode ser mais precisa na descrição de fenômenos reais que a geome-
tria euclidiana. Os fractais, ao serem definidos como objetos geométricos que possuem uma forma
irregular que persiste em várias resoluções de observação [Mandelbrot, 1990], tornam-se candidatos
a serem utilizados na descrição de fenômenos reais. De fato, a maioria dos sinais fractais conhe-
cidos possui a caracterıstica de autossimilaridade que pode ser observada, por exemplo, em uma
folha de samambaia ou em um floco de neve. Em outras palavras, o conceito de autossimilaridade
presente nos fractais está associado aos fenômenos e objetos cuja forma não muda em decorrência
da mudança de escala. Existem aplicações associadas aos comportamentos de natureza fractal em
diversas áreas da ciência, como por exemplo, análise e modelagem do tráfego de redes de computa-
dores [Tuberquia-David et al., 2016; Li, 2020a,b].
O parâmetro de Hurst (H) mede o grau de autossimilaridade do processo com carac-
terı́stica fractal, onde H está contido no intervalo (0 < H < 1, 0). Convém ressaltar que no
caso de processos assintoticamente autossimilares restringindo-se o parâmetro de Hurst ao intervalo
(0, 5 < H < 1, 0), autossimilaridade implica em longa dependência. Assim, diz-se que processos
autossimilares com H > 0, 5 apresentam dependência de longa duração [Mandelbrot, 1990].
Na análise multifractal verifica-se o comportamento em escala de momentos estatısticos
dos processos para estimar suas regularidades locais [Kantelhardt et al., 2002]. Através de fer-
ramentas da análise multifractal algumas propriedades encontradas em processos reais podem ser
verificadas.
A transformada wavelet é uma ferramenta poderosa para caracterização da regularidade
local de um sinal. Conceitualmente, a transformada wavelet é um produto-convolução do si-
nal analisado com a wavelet-mãe ψ. Ajustando-se a wavelet-mãe a uma determinada escala j e
transladando-a até um ponto 2j k de um sinal f (x), com j, k ∈ Z, onde k é o deslocamento no
tempo, os coeficientes wavelets Wj,k podem ser calculados pela seguinte equação [Mallat, 2008]:
Z ∞
Wj,k = 2−j f (x) ψ 2−j x − k dx,
(1)
−∞
tendo-se Wj,k , o estimador de momentos dos coeficientes wavelets µj (q) pode ser calculado pela
seguinte equação:
µj (q) = E [|Wj,k |q ] , (2)
onde q representa a ordem do momento estatı́stico.
Em um processo autossimilar, µj (q) segue uma lei de potência, sendo descrito por meio
da seguinte relação [Abry et al., 2000]:
Tendo-se hq , a função de escala τ (q) pode ser estimada pela seguinte equação:
se τ (q) versus q tiver um comportamento linear, diz-se que este é um indı́cio de comportamento
monofractal do processo, caso contrário, diz-se que há um indı́cio de que o processo seja multifrac-
tal.
Processos multifractais contêm uma multiplicidade de expoentes de Hölder locais (θ) den-
tro de qualquer intervalo finito. O conceito de expoente de Hölder está relacionado com a singula-
ridade local de um processo, ou seja, caracteriza a sua suavidade (quantidade de rajadas) em certo
instante de tempo. A distribuição destes expoentes pode ser representada por uma densidade nor-
malizada chamada espectro multifractal. Em outras palavras, o espectro multifractal descreve a
dimensão fractal do conjunto de instantes possuindo um dado expoente local [Kantelhardt et al.,
2002]. O espectro multifractal f (θ) de um processo X(t) pode ser visto como a transformada de
Legendre de τ (q) (função de escala definida anteriormente) pela relação:
dτ
θ= f (θ) = min {qα − τ (q)} . (6)
dq q
Processos cujo espectro f (θ) é definido para apenas um ponto, apresentando um único
expoente de Hölder, são classificados como monofractais. Para processos multifractais, o espectro
geralmente apresenta uma forma parabólica côncava, cuja a largura do espectro multifractal (MSW
– Multifractal Spectrum Width) é proporcional a variabilidade dos expoentes de Hölder [Tuberquia-
David et al., 2016; Kantelhardt et al., 2002].
Os parâmetros apresentados nesta seção serão utilizados para classificação dos sinais de
EEG pela rede SOM, sendo eles: parâmetro de Hurst (H), diagrama multi escala (hq ), função de
escala (τ (q)), largura do espectro multifractal (MSW) e expoentes de Hölder (θ).
3.3. Classificação por Redes Neurais Auto-Organizáveis (SOM)
A etapa de classificação consiste em associar as caracterı́sticas calculadas anteriormente,
a partir dos sinais EEG, a uma determinada classe, a qual pode corresponder a um estado mental
especı́fico. A seguir é apresentada uma breve descrição sobre o mapa auto-organizável (SOM – Self
Organizing Map), algoritmo que será o responsável por fazer o agrupamento e classificação dos
sinais de EEG a partir dos parâmetros que serão estimados na Seção 4.
Um mapa auto-organizável (SOM) é uma rede neural não supervisionada [Haykin, 2009],
[van Veen, 2016]. O processo de aprendizagem da rede SOM é semelhante às propriedades de
representação de informações de muitas funções do cérebro. O SOM é um algoritmo de cluster
não supervisionado que fornece mecanismos para visualizar a distribuição complexa de estados
cognitivos. Os dados de alta dimensão são projetados para dados de baixa dimensão e, em seguida,
analisados facilmente através de sua organização topográfica. A projeção de dimensão no algoritmo
SOM é alcançada usando duas camadas: a camada de entrada e a camada de saı́da [Haykin, 2009],
como mostra a Figura 3:
Neurônios
Dados
Figura 3: Arquitetura de uma rede neural auto-organizável. Adaptado de [van Veen, 2016].
parâmetros serão calculados para posteriormente servirem como recursos de entrada para etapa de
classificação. Para tanto, foram selecionados 50 sinais de EEG de cada grupo A, C, D e E, para
estimação média dos seguintes parâmetros: hq , τq (função de escala) e espectro multifractal, como
mostra a Figura 4.
Analisando a Figura 4, percebe-se que todos os grupos A, C, D e E apresentam carac-
terı́sticas multifractais, como por exemplo, hq não constante, função de escala não linear e espectro
multifractal côncavo e largo. Além disso, percebe-se que cada grupo pode ser distinguı́vel um do
outro, principalmente o grupo E, já que apresentou as curvas que mais destoaram dos outros grupos
de sinais (A, C e D), o que facilita a classificação.
0.9
7
Grupo A Grupo A 1
Grupo A
Grupo C 6 Grupo C Grupo C
0.8 Grupo D 0.9
Grupo D Grupo D
Grupo E 5 Grupo E 0.8 Grupo E
Espectro Multifractal
Função de Escala
0.7
4 0.7
3 0.6
hq
0.6
0.5
2
0.4
0.5
1
0.3
0
0.4 0.2
-1 0.1
0.3
0 2 4 6 8 10 -2 0
0 2 4 6 8 10 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8
Momentos (q) Momentos (q) Hölder ( )
Tabela 1: Valores médios (E [·]) dos cinco parâmetros multifractais utilizados para o treinamento da Rede
SOM.
Grupos H̄ médio E [max (hq ) − min (hq )] E [max (θ)] ¯ médio
M SW CA médio de τ (q)
A 0,7939 0,4531 0,8922 1,1548 0,6102
C 0,7427 0,5056 0,9541 1,1324 0,7140
D 0,6760 0,7285 0,9293 1,1936 0,5650
E 0,4195 0,6761 0,7103 1,0968 0,4084
A Figura 5 apresenta grades de 196 neurônios apenas para um dos cinco parâmetros, no
caso o parâmetro de Hurst (H), entre os grupos A-E, C-E e D-E. Os neurônios foram inicialmente
selecionados aleatoriamente, pois, a forma como os dados estão dispostos no mapa pode dificultar
ou facilitar a classificação pela rede SOM, já que como foi dito na Seção 3.3 o neurônio vencedor
atrai também os seus vizinhos mais próximos, ou seja, se os dados de um mesmo grupo de sinais
de EEG estiverem muito próximos, a clusterização tende a ser mais fácil, e a acurácia na taxa de
acerto tenda a ser mais alta, agora, quando os dados de um mesmo grupo estão muito espalhados,
isso tende a dificultar a clusterização e erros de classificação podem ocorrer. Analisando a Figura
5, percebe-se que os grupos foram efetivamente separados, em tons de amarelo os grupos A, C e
D, com um valor de H alto e em tons de azul o grupo E, como um valor de H baixo, a Tabela 3
corrobora essa afirmação.
14 14
0.8
0.7
12 12 0.68
0.7
0.66
10 10
0.6 0.64
8 8 0.62
0.5
0.6
6 6
0.4 0.58
0.56
4 4
0.3
0.54
2 2 0.52
0.2
2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 10 12 14
(a) Mapa aleatório formado por sinais (b) Mapa organizado formado por si-
dos grupos A-E na primeira iteração. nais do grupo A-E na última iteração.
14 14 0.68
0.8
0.66
12 12
0.7 0.64
10 10
0.62
0.6
8 0.6
8
0.5
0.58
6 6
0.4 0.56
4 4 0.54
0.3
0.52
2 2
0.2
0.5
2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 10 12 14
(c) Mapa aleatório formado por sinais (d) Mapa organizado formado por si-
dos grupos C-E na primeira iteração. nais do grupo C-E na última iteração.
14
14
0.62
0.8 12
12 0.6
0.7
10 10 0.58
0.6
8 8 0.56
0.5
0.54
6 6
0.4
0.52
4 4
0.3
0.5
2 2
0.2
2 4 6 8 10 12 14 2 4 6 8 10 12 14
(e) Mapa aleatório formado por sinais (f) Mapa organizado formado por si-
dos grupos D-E. nais do grupo D-E na última iteração.
Figura 5: Mapas de neurônios contendo os valores do parâmetro de Hurst (H), selecionados aleatoriamente
e organizados.
5. Conclusões
Neste trabalho, foi proposto um algoritmo de detecção e classificação de sinais de EEG
em normais ou epilépticos. O algoritmo proposto utiliza a análise multifractal como ferramenta na
extração de caracterı́sticas (mais precisamente cinco parâmetros) que posteriormente são fornecidos
como dados de entrada para a rede neural SOM, com o objetivo de classificar os sinais em normais
ou epilépticos. O algoritmo proposto mostrou-se eficiente, e com apenas 60 interações conseguiu
obter uma acurácia média para todos os casos analisados entre 98, 12% e 99, 01%, sendo superior
há alguns dos métodos propostos na literatura que apresentam uma maior complexidade de análise
e classificação de sinais de EEG epilépticos.
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