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e-mail: afci@peb.ufrj.br
Abstract: The influence of intermittent photic do processamento do sinal EEG nos domínios físicos do
stimulation (IPS) in the alpha rhythm has been tempo, da freqüência e do tempo-freqüência [3].
investigated using spectral analysis before and Apesar da natureza não-linear, modelos lineares
during stimulation and the coherence between EEG podem ser aplicados a pequenos segmentos do EEG.
and the periodic stimulation. The technique were Mesmo com o desenvolvimento atual de técnicas
then applied to occipital (O1, O2), parietal (P3, P4) não-lineares, a análise no domínio da freqüência ainda é
and temporal (T5, T6) derivations of the EEG from a abordagem mais utilizada por pesquisadores e
39 normal subjects and 15 epileptic patients (both desenvolvedores de sistemas para análise quantitativa
groups age range: 3 – 19 years) with IPS at 8, 10 and (qEEG) [4-7].
12 Hz. The results show, for the majority on subjects Atualmente inúmeros trabalhos estão sendo
and patients, that stimulation in the alpha band at desenvolvidos na área de processamento de sinais, com
rest lead to either a shift in alpha peak or its o objetivo de encontrar padrões no sinal EEG que
reduction and appearance of new spectral peaks in possam alertar sobre problemas neurológicos futuros ou
the IPS frequencies. The coherence measures detectar a ocorrência de determinadas condições
indicate synchronism of such peaks with stimulation neurológicas de risco. Por ser não-invasiva, a técnica do
in the cortical areas investigated. qEEG pode ser aplicada, por exemplo, na mensuração
Palavras-chave: Fotoestimulação Intermitente, EEG dos efeitos farmacológicos no sistema nervoso central
Quantitativo, Fotorrecrutamento. [8].
O diagnóstico das epilepsias fotossensíveis,
Introdução geralmente é realizado utilizando o teste funcional da
fotoestimulação intermitente (FEI) e se limita à
Potenciais evocados (PE) são respostas do sistema verificação da presença ou ausência de respostas
nervoso à estimulação motora ou sensorial, sendo fotoparoxísticas. Porém, a avaliação quantitativa dos
compostos por uma seqüência de ondas caracterizadas efeitos fotorrecrutantes não paroxísticos, em particular
por sua latência, amplitude e polaridade. De acordo com em aspectos topográficos, tem se mostrado bastante
o tipo de estimulação, o potencial evocado é sensível ao estado funcional do cérebro em
classificado como visual (PEV), auditivo (PEA), desenvolvimento e nas alterações patológicas
somato-sensitivo (PESS), também sendo encontrado em decorrentes de doenças neurológicas destes pacientes.
alguns trabalhos o potencial evocado olfativo [1] e o Em crianças com epilepsias parciais, a menor
gustativo [2]. quantidade de picos fotorrecrutantes detectados nos
Como a resposta à estimulação normalmente tem espectros do EEG das diferentes áreas (em relação à
amplitude muito menor que o EEG espontâneo, para população de crianças normais da mesma idade), assim
que apresente consistência capaz de ser visualizada como a maior magnitude do fotorrecrutamento nas
realiza-se a média coerente, ou seja, várias épocas são baixas freqüências, sugere que estas características
promediadas. Enquanto baixas intensidades requerem espectrais de fotorrecrutamento podem refletir
elevado número de épocas de EEG para que seja prováveis problemas de maturação do cérebro, bem
possível identificar o PE, intensidades elevadas podem como o efeito do tratamento farmacológico
provocar danos aos receptores e tratos nervosos do anticonvulsivo [8].
paciente, além de causarem uma redução na latência dos Na avaliação quantitativa da resposta a
picos (geralmente ocorre para estímulos de longa fotoestimulação intermitente (FEI), técnicas estatísticas
duração). de detecção objetiva, no domínio da freqüência, têm se
Além da clássica análise visual, a aplicação de novas mostrado promissoras por revelar alterações espectrais
tecnologias, da matemática e da análise dedutiva, tem significativas para algumas freqüências de estimulação
possibilitado o desenvolvimento de diversas técnicas e ou em seus harmônicos, aspecto este nem sempre
modelos para analisar o EEG, evidenciando algumas observável no espectro do EEG. Dentre estas técnicas
características e facilitando o trabalho de especialistas destacam-se o Teste F Espectral (TFE) [9] e a
no diagnóstico das condições neurofisiológicas através Magnitude Quadrada da Coerência (MSC) [10]
kˆ y2 ( f ) Resultados
kˆ y2 f ~ ncbeta 1, ( M 1),2M (3)
1 kˆ y2 ( f )
Ambos os grupos em estudo apresentam a banda alfa
A distribuição de amostragem de kˆ y2 f para o caso compreendida entre 7,5–11 Hz. Nas estimativas
de coerência zero é obtido igualando o parâmetro de espectrais de potência da derivação O1, mostrada na
não-centralidade em (3) a zero, resultando na expressão Figura 1, sujeitos normais com FEI a 8 Hz, observa-se
da distribuição beta padrão com parâmetros p = 1 e forte atenuação do alfa (em torno de 10,5 Hz) enquanto
q = (M – 1). Assim sendo, os valores críticos de kˆ 2 f y
que sua energia é redistribuída para um novo pico
(8 Hz) da freqüência de estimulação. Estimulando-se a
são obtidos como: 10 Hz, é observado o deslocamento do pico na faixa de
alfa para a freqüência de 10 Hz. Com FEI a 12 Hz, o
deslocamento do pico na faixa de alfa que ocorreu para 0.6 0.6 0.6
Sxx(f)
Sxx(f)
Sxx(f)
os sujeitos normais e a energia do alfa se soma a energia 0.4 0.4 0.4
ky(f)
ky(f)
ky(f)
2
2
0.4 0.4 0.4
epilépticos, tal qual os sujeitos normais, apresentam
0.2 0.2 0.2
respostas ao estímulo visual sincronizadas com a 0 0 0
estimulação. 6 8 10 12
Freqüência
14 6 8 10 12
Freqüência
14 6 8 10 12
Freqüência
14
Sxx(f)
Sxx(f)
pacientes em P3 e 40% na derivação P4; para ambas as 0.4 0.4 0.4
0 0 0
significativos. Nas derivações temporais T5 (normais: 6 8 10 12
Freqüência
14 6 8 10 12
Freqüência
14 6 8 10 12
Freqüência
14
ky(f)
ky(f)
freqüência de estimulação para ambos os grupos.
2
relação ao pacientes epilépticos (O1 e O2: 67%). Esta Figura 2 – Estimativa espectral normalizada do espectro
tendência de diminuição dos epilépticos manteve-se nas de potência de sinais EEG em O1 antes (tracejado) e
regiões parietais (normais-P3: 41%, P4: 44%; durante (contínuo) FEI a 8, 10 e 12 Hz do indivíduo
epilépticos-P3: 27%, P4: 43%). Nas derivações T5
E#4. ( k y f durante FEI mostrado abaixo de cada
ˆ2
(normais: 49%, epilépticos: 40%) e T6 (normais: 57%,
epilépticos: 74%). O maior número de detecções espectro (valor crítico = linha horizontal contínua).
também ocorreu nos dois primeiros harmônicos da
freqüência de estimulação para ambos os grupos. Discussão e Conclusão
No limite superior da banda alfa (12 Hz), os sujeitos
normais apresentaram coerência superior ao valor Embora a detecção de resposta fotorrecrutante tenha
crítico em O1: 85%, O2: 87%, P3: 57%, P4: 69%, T5: ocorrido nas demais regiões cerebrais analisadas, em
62% e T6: 57%, enquanto que os pacientes epilépticos geral, a maior taxa de detecção ocorreu na região
rejeitaram a hipótese nula em valores percentuais occipital, o que concorda com Lazarev et al. [8, 9]. A
inferiores (O1: 60%, O2: 74%, P3: 34%, P4: 40%, T5: kˆ y2 f , apresentou atenuação na banda alfa tendo sua
40% e T6: 34%). O maior número de rejeição a H0
permaneceu para os dois primeiros harmônicos da energia recrutada para a freqüência de estimulação, o
freqüência de estimulação em ambos os grupos. que concorda com Rau et. al. [11] e com trabalho
anterior [7] realizado com 14 indivíduos normais, onde
foi observado que a energia da banda alfa é recrutada