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Ma+ria Fernanda Vilas Boas Vanzolini.

5°N

RESENHA SOBRE O SEMINÁRIO NEUROMODULAÇÃO NÃO INVASIVA COMO


RECURSO TERAPÊUTICO NA FONOAUDIOLOGIA.

Neuromodulação não invasiva como recurso terapêutico na fonoaudiologia.


Alguns artigos trazem a neuromodulação como um recurso adjuvante à terapia principal, no
caso aqui, a fonoaudiológica.

Estimulação magnética transcraniana - EMT.


As primeiras tentativas usando um campo magnético foram feitas em 1896 em Paris e em
1910 em Londres, porém o primeiro estudo bem sucedido foi apenas em 1985 na Inglaterra.
As primeiras aplicações foram feitas por demonstrações de impulsos nervosos do córtex
motor para a medula, estimulando contrações musculares na mão. Até 1980 o recurso
consistia em uma corrente elétrica aplicada no couro cabeludo, mas com o surgimento do uso
de eletroímãs o desconforto no procedimento foi reduzido e ainda permitiu o mapeamento do
córtex cerebral, assim como suas conexões.

TMS- Transcranial magnetic stimulation


Técnica não invasiva que tem sido usada para fins diagnósticos e terapêuticos, os campos
magnéticos são usados para estimular regiões cerebrais por indução eletromagnética através
de um gerador posicionado na cabeça do paciente, esse instrumento, também chamado de
bobina, deixa o campo magnético em contato com o crânio se transforma em uma corrente
elétrica capaz de estimular os neurônios em frequência alta ou inibí-los em baixa frequência,
a frequência é definida de acordo com a queixa do paciente. A EMT é considerada uma peça
chave na pesquisa neurocientífica, podendo ser usada para medir a conexão entre o cérebro e
um músculo para averiguar os danos, lesões e/ou outros transtornos neurológicos.
Esse procedimento utiliza de campos magnéticos de alta potência de 1,5 Tesla, a mesma
usada em ressonância magnética hospitalar, a diferença é que o campo magnético é pequeno
e focal, o suficiente para transpassar a pele, o crânio e ainda chegar à superfície cerebral, para
estimular apenas a região desejada. Sua estimulação, em células nervosas cerebrais, pode ser
usada para auxiliar em sintomas de depressão.
Em um exemplo trazido em vídeo o paciente parkinsoniano faz os exercícios de fono e
fisioterapia associados a neuromodulação, o que tem, segundo amostras, apresentado bons
resultados.

TBS- Estimulação Theta Burst


Entre as EMTs está a estimulação Theta Burst (TBS) que é mais recente e nela, estímulos são
aplicados em determinados padrões chamados burst ou rajadas. As pesquisas mostram que
essa estimulação causa efeitos parecidos, ou até mesmo maiores, na atividade cerebral
quando comparada à EMTTMS padrão.

tDCS- Estimulação transcraniana por corrente contínua


Está também é indolor e não invasiva, nela é utilizada uma baixa corrente elétrica emitida
diretamente na área cerebral de interesse, através de pequenos eletrodos, o que faz com que a
corrente elétrica emitida aumente o nível de atividade cerebral na área alvo. A técnica é
aplicada para mudar a excitabilidade cerebral de forma segura e não invasiva, por meio de
uma corrente fraca direta e desloca 2 eletrodos posicionados externamente no crânio de forma
estratégica.
O local a ser posicionado o aparelho é sempre determinado pelo profissional de acordo com a
área que precisa ser estimulada e sua representação no SNC, segundo o Homúnculo de
Penfield.

Neuromodulação na linguagem:
A estimulação é feita com base nos protocolos em estudos publicados sobre as áreas em que
são utilizados, na fonoaudiologia.
Nas afasias, existe uma tentativa de criar um protocolo para trabalhar a articulação da fala em
pacientes pós AVC com afasia. Os estudos precisam ser avaliados num grande número, para
promover um melhor tratamento com associação à neuromodulação.

Neuromodulação na voz:
Esta é uma área recente onde a aplicação da neuromodulação tem sido utilizada, muitas das
questões estão relacionadas às disartrias. Por ser recente, os estudos são considerados como
uma possibilidade de uso das técnicas, principalmente no caso da disartria.

Neuromodulação para disfagia:


Dentro da disfagia, em 2022, na estimulação central era utilizada 2 técnicas (rTMS e tDCS)
em pacientes pós AVC que não recebiam atendimento fonoaudiológico e a área estimulada
era o Córtex Motor Primário, hoje em dia a técnica utilizada é a Theta-Burst para estimulação
periférica, no cerebelo, em pacientes pós AVC, parkinsonianos, Escleroses Múltiplas e outro
fenótipos de idosos. Existem mais revisões sistemáticas do que ensaios clínicos revisados,
não há um consenso formado sobre o conceito da disfagia, o que também dificulta a
formulação de métodos para a aplicação da neuromodulação em disfágicos. As técnicas para
possível auxílio no tratamento da disfagia são rTMS e o tDCS.

Neuromodulação em M.O:
Trabalha com protocolo de dores crônica e/ou orofacial, DTM e distúrbios do sono. Existem
estudos bastante recentes que trazem a neuromodulação para pacientes com dor crônica, onde
a técnica traz um controle de dor, ressalta-se que o número de sessões implica nos resultados.
Em casos de apneia do sono, diferentes protocolos têm sido observados onde aplicar, visto
que, este é um novo recurso e faz-se necessário o aprofundamento em testes e estudos.

Considerações importantes:
As técnicas têm um grande potencial para auxiliar na reabilitação fonoaudiológica, mas são
necessários mais estudos, exploração de efeitos a longo prazo e bons protocolos. Além disso,
é necessário regulamentar o tipo de formação e fiscalização.
Neuromodulação não invasiva na reabilitação vestibular:
Como já dito anteriormente, a neuromodulação não invasiva é uma abordagem bastante
promissora não fonoaudiologia, a mesma utiliza de muitas técnicas e aparelhos. A abordagem
objetiva modular a atividade do SN sem a intervenção cirúrgica. Nessa linha, a nova
metodologia mostrou-se eficaz para a reabilitação vestibular, envolvendo o tratamento de
distúrbios do equilíbrio e de vertigem.
Existem duas formas de buscar essa modulação.

Neurofeedback: é, normalmente, um tipo de estímulo usado para substituição sensorial, por


exemplo, para manter o equilíbrio precisamos da visão, sistema vestibular e propriocepção, se
o paciente tem uma perda vestibular (total, moderada ou bilateral), trabalha-se uma
substituição de forma que o cérebro utilize de outros sensores para processar o equilíbrio.
Nessa técnica é usado o estímulo vibrotátil (conhecido como cinto do equilíbrio -
VERTIGUARD) e o eletrotátil (BRAINPORT - ele fica pendurado no pescoço e a placa de
eletrodos é posicionada sobre a língua).
Na neuromodulação temos o estímulo elétrico e o magnético. O estímulo elétrico pode ser
translingual (PoNS), vestibular -EVG ou transcraniano (ETCC), já o estímulo magnético,
transcraniano (EMT).

Translingual ou TLNS: usa-se o estimulador portátil PoNS, um dispositivo que usa de


estímulos elétricos aplicados na língua, o que permite incrementar a neuroplasticidade pela
estimulação de pares cranianos com projeções no tronco encefálico em núcleos adjacentes
aos núcleos vestibulares.

Estimulação vestibular galvânica ou EVG: esse método usa um par de eletrodos cutâneos
fixados bilateralmente sobre as mastoides para a aplicação de um estímulo elétrico com
corrente galvânica, de baixa amperagem, alternada e pausada. a EVG conduz a corrente
elétrica pelo nervo e núcleo vestibular e talâmicos atingindo o córtex vestibular.

Estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) ou TDCS: nesta técnica,


aplica-se sobre o couro cabeludo uma corrente contínua de baixa de intensidade que afeta a
excitabilidade neuronal das regiões cerebrais envolvidas no processamento vestibular.

Estimulação magnética transcraniana ou TMS: aqui, pulsos magnéticos são aplicados


sobre o couro cabeludo e induz correntes elétricas que modulam a atividade cerebral. Nela é
permitido a estimulação focalizada em áreas específicas fornecendo uma abordagem
personalizada. A técnica tem mostrado um grande potencial para induzir plasticidade cerebral
e promover a recuperação funcional em pacientes com distúrbios vestibulares.

Considerações importantes:
É importante salientar que os níveis de evidência podem variar entre as diferentes técnicas e
dispositivos usados na neuromodulação não invasiva. Algumas técnicas têm estudos
controlados com limitações metodológicas, outras estão em estágios iniciais de pesquisa e
dependem de estudos de caso. Entretanto, até o momento os resultados se mostram positivos.

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