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Com o intuito de trabalhar mapas mentais na sala de aula para dinamizar e explorar o processo

de ensino-aprendizagem de cartografia na sala de aula, estimulando o interesse e a criatividade


dos alunos, decidimos aplicar uma oficina prática como recurso pedagógico para os alunos do 1°
ano da escola de ensino médio (EEM. Liceu do Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de Farias).
Explorando o material didático, trabalhando as categorias geográficas e dando enfoque a
percepção do espaço vivido, este trabalho potencializa o entendimento do aluno entender a
realidade. No papel os alunos representam suas sensações, ideologias, críticas e imaginações,
saindo das margens do mapa cartesiano para revelar a multiplicidade da vida com as suas
geografias não visíveis ao olho nu. Assim, a cartografia torna-se uma ferramenta útil para
entender a realidade social.

Palavras-chaves: cartografia escolar, ensino-aprendizagem, mapas mentais, espaço, PIBID.

O sistema educacional no Brasil apresenta ainda muitas falhas quando

analisamos a organização estrutural e distribuição de recursos para o setor de

educação básica em nosso país pela má distribuição de renda e falta de políticas

públicas que possam alavancar nossa educação. É necessária uma

transformação do ensino escolar brasileiro e também um maior preparo do

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Graduando em Licenciatura em Geografia, Universidade Regional do Cariri - URCA. Bolsista
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docência - PIBID/CAPES/URCA.
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Graduando em Licenciatura em Geografia, Universidade Regional do Cariri - URCA. Bolsista
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docência - PIBID/CAPES/URCA.
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Orientador. Professor do departamento de geociências –DEGEO, Universidade Regional do
Cariri- URCA, membro do laboratório de cartografia.
corpo docente das diferentes esferas que atuam e acreditam numa educação de

melhor qualidade, para transforma o ensino-aprendizagem de nossas escolas.

Atualmente no pleno século XXI em virtude dessa falta de organização e

maiores investimentos para a educação, o ensino apresenta deficiências que

deveriam ter sido superadas para obter um maior rendimento escolar tantos

dos alunos como dos professores. Notamos que o modelo tradicional ainda vem

sendo aplicado na sala de aula e os alunos não despertam o interesse pela

disciplina aplicada. No caso o ensino da Geografia, essa ainda remete a

geografia dos professores de Lacoste (1988), tendo ainda os ranços de ser

trabalhada em sala de aula de trabalhar conteúdos superficialmente e

descontextualizado dos outros conteúdos e da realidade vivida, levando a aula

tornar-se enfadonha. Assim, conteúdos são ainda modelados para o espetáculo,

sem saber qual a sua verdadeira serventia (LACOSTE, 1988). Nessa perspectiva,

adentra a cartografia.

A cartografia é uma ferramenta que faz parte da história do homem,

através de seus desenhos ou mapas usam essa linguagem para representar o seu

imaginário e materializar as experiências espaciais, fazendo desse

conhecimento uma importante área de estudo que pode ser usada para

explorar e sistematizar a educação. Atualmente, através do uso das novas

tecnologias que remodelaram a noção do mapa para além da ilustração, o uso

da cartografia cresceu como afirma Almeida (2011, p. 4):

A presença da cartografia na Educação Básica cresceu


consideravelmente nas duas últimas décadas. Embora o uso de mapas e
o ensino de conceitos cartográficos já façam parte dos programas
escolares de Geografia há muito tempo, temos assistido recentemente
uma expansão dos conhecimentos cartográficos no ensino que vai
desde a educação infantil até o ensino superior. Nos cursos de pós-
graduação, também é crescente o interesse em temas sobre cartografia e
educação.

Porém, este crescimento leva muitos professores de geografia, que

desconhecem ou tem dúvidas, a não saber como trabalhar cartografia em sala


de aula para além da ilustração (RICHTER e FARIA, 2011). Sabendo que a

geografia deve ser uma disciplina visual para os alunos visualizarem os

conteúdos abordados, vemos que os mapas são de suma importância, ponto de

partida para pesquisar como aponta Seemann (2003). Assim, o mapa não é um

produto, mas um processo social que devem revelar a dimensão econômica,

política, cultural e social.

Neste sentido, adentramos aos mapas mentais, que são uma grande

ferramenta para revelar essas questões na sala de aula. Os mapas mentais

conseguem libertar do aluno toda a criatividade e imaginação, sendo também

um ponto de partida para o professor trabalhar diversos temas, não só os

cartográficos (escala, orientação, latitude, longitude, etc.), mas também de

revelar as relações socioculturais. Expondo uma linguagem e interpretando a

nossa realidade por meio da representação e sistematização do objeto de

estudo, estes mapas trazem todo um contexto simbólico para compreender as

categorias geográficas. Assim, levaremos os mapas a se tornar:

(...) visões do mundo, espelhos da realidade vivida, meios de


comunicação e indicadores de emoções, medos e ideias, tornando- se
uma forma de conhecimento visual é responsável pela formação de
muitos aspectos da imaginação geográfica da sociedade
contemporânea. (SEEMANN; 2012, p. 89)

Partindo dessa conjectura, este trabalho tem o intuito de mostrar uma

perspectiva utilizada numa oficina de cartografia na escola EEM. Liceu do

Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de Farias4, no bairro Seminário, Crato-CE.

Para contextualizar o ensino da cartografia, torna-se valido o uso de mapas

mentais do espaço vivido que impulsionam os alunos a pensarem, criarem e

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Essa escola faz parte do Programa Institucional de Bolsas e Iniciação a Docência PIBID/
CAPES/URCA, que tem como objetivo o incentivo e o aperfeiçoamento de nossa formação
acadêmica. Nós discentes estamos tendo a oportunidade de vivenciar na pratica o dia - a - dia
na sala de aula. Esse contato com a escola de observação e bastante enriquecedor, pois nos temo
a oportunidade de aprender e propor novas ideias pedagógicas, que possa inovar o processo de
ensino – aprendizagem dos alunos. Neste trabalho, mostraremos como trabalhamos com o
conteúdo cartográfico em sala de aula.
trazerem suas geografias pessoais para sala de aula, fugindo da geografia

decorativa e da cartografia ilustrativa.

O presente trabalho utilizou como método de pesquisa o levantamento

bibliográfico sejam este de artigos acadêmicos, livros, internet etc. para saber

como a cartografia e transmitida nas esferas educacionais analisando esses

conhecimentos. Posteriormente fizemos a leitura do livro de geografia,

Sociedade e Cotidiano dos autores: Dadá Martins, Francisco Bigotto e Márcio

Vitiello usado como material pedagógico na sala de aula em específico a parte

tocante à cartografia ensinada para os alunos do 1° ano do colégio Liceu do

Crato, a partir do conteúdo abordado em sala, usa-lo como material pratico na

perspectiva cartográfica.

A missão é atrair os alunos para que eles possam a analisar os mapas

mentais para compreender a realidade do mundo através de uma visão

multidimensional de diferentes aspectos no qual a nossa sociedade esta

organizada, e descontruir o modelo tradicional de ensino cartográfico e

contextualizar as praticas docentes na articulação da realidade escolar e

abordar o cotidiano dos alunos.

No primeiro momento fizemos uma explicação da geografia e suas

categorias dentro do espaço e qual a importância dela dentro da sociedade para

compreendermos nosso cotidiano, e como ferramenta escolhermos a

cartografia que pode ser explorada de varias maneiras e com distintas

ferramentas em especifico. E na pratica do exercício optamos pela utilização de

cartolinas e papal madeira e lápis coloridos para confecção de mapas mentais

por ser mais pratico de trabalhar e através dos desenhos feito pelos os alunos

pretendemos analisar o conhecimento cartográfico.

No segundo momento com a aplicação do conteúdo em sala de aula

esperamos que desenvolvam trabalhos criativos a partir da pratica cartográfica


que possamos utilizar esse material pedagógico para analisar as imagens por

meio da experiência vivida seja esta do percurso casa escola e do espaço

familiar que agregar distintas interpretações vamos abordar a dimensão social e

ambiental da região do Cariri cearense.

Este trabalho foi realizado no colégio EEM. Liceu do Crato Prefeito

Raimundo Coelho B. de Farias. No bairro seminário, Crato-CE. Onde funciona

ensino médio nos períodos, manha e tarde. Nesta escola nós, bolsistas do

PIBID/CAPES/URCA - Subprojeto de Geografia, realizarmos uma oficina com

os mapas mentais como ferramenta para estimular a aprendizagem dos alunos

do 1º ano do Ensino Médio sobre elaboração e interpretação de mapas. Estes

mapas tem o objetivo trazer novos elementos que não apareciam nos mapas

oficiais, revelando a dimensão social e ambiental do espaço vivido. Neste

sentido, cabe aqui trazer algumas narrativas cartográficas dos alunos-

cartografos, no qual eles libertam interpretações pessoais e coletivas do espaço

vivido.

O primeiro mapa (figura 1) segundo a aluna é uma análise de um mundo

ideal, onde a aluna demostra a sua visão de uma realidade melhor, onde ela usa

a imagem do planeta terra para expressar o sonho de um mundo melhor, onde

todos possam se beneficiar das mesmas qualidades de vida e se relacionar com

a natureza, uma convivência harmoniosa e equilibrada entre todos os

continentes.

Demostra sua preocupação com o desequilíbrio do meio ambiente, onde

os detalhes de seu desenho idealizam um mundo mais igualitário que ultrapassa

fronteiras, um espaço com uma organização social é fator determinante na

dinâmica dessa sociedade, na qual essas características podem transformar e


reverter às falhas cometidas, devido à falta de consciência e desrespeito com a

natureza e com outros povos de vários continentes.

Um lugar onde possamos ser um só povo uma só família, e necessário

pensar um mundo em que esse nível de evolução pode ser alcançado com a

educação básica de nossa população, e uma ferramenta que nos proporciona a

pensar a descobrir novos caminhos para construir um mundo de ideais e

direitos iguais entre as nações.

Figura 1: o meu mundo.


Fonte: Alicya 1º ano “A” EEM. Liceu do Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de Farias.

O segundo mapa (figura 2) a aluna retrata uma analise do ambiente físico,

do espaço vivido pela aluna, no qual ela interpretar os espaços de sua

residência, apesar de ser o mesmo espaço da interpretação diferente pa ra

cada cômodo com um rosto, de acordo com a legenda do mapa. Demostrando


assim quais locais de sua casa que ela gosta mais, dando a cada local um sentido

para atividades que ali se realizam no dia-a-dia.

O ambiente da casa e seus diferentes cômodos mostra a relação do

indivíduo com alguns lugares, dependendo da função exercida nesse espaço,

muda o nível de importância e interesse. Se acho o espaço ruim minha ligação

com este vai ser distante e superficial, agora se sinto prazer e acho agradável

onde há interação familiar e maior a permanência nesse local será mais intensa

e contate no cotidiano”

A configuração desse espaço está relacionada com o campo da

subjetividade, do sentido do lugar a partir de nossa memória, ou seja, o sujeito e

quem atribui valor a esse conjunto a partir de sua ação que pode ser construída

individualmente ou coletivamente esta estrutura e formada com o contato

social.

Figura 2: casa, espaço vivido.


Fonte: Ruth 1º ano “A” EEM. Liceu do Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de Farias
O terceiro mapa (figura 03) segundo o aluno é uma analise do mapa do

Brasil mostrando a configuração do território brasileiro a partir das obras dos

estádios para receber a copa do mundo em nosso país.

O aluno destaca alguns desses estados sedes que ira receber os jogos,

observamos que ele destaca a região nordeste, norte e centro-oeste. Com o

desenho de um campo de futebol, bandeira do Brasil, em outras partes coloca

diferentes objetos dando interpretação distinta para cada um, como o desenho

de um carro relaciona o toante ao transporte em nossas rodovias.

A letra F remete ao site do facebook, uma rede social que reúne milhões

de usuários que facilita a comunicação entres as pessoas. E também destaca um

símbolo com o nome Palmeiras em cima do território da floresta amazônica,

por ser seu time de coração destaca dos outros times nacionais.

Um fator importante que nós observamos no desenho e uma lâmpada em

cima do mapa dando uma interpretação bem sugestiva será tão importante

assim o investimento financeiro milionário para receber um evento mundial. E

uma solução ou um problema já que o país tem carência na área saúde e

educação onde os órgãos políticos pouco fazem para mudar essa realidade.

Figura 3: mapa do brasil.


Fonte: Naldéferson 1º ano “E” EEM. Liceu do Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de
Farias.
O quarto mapa (figura 04) segundo a autora, é uma analise do mapa da

rua dos meus sonhos, mostra o recorte espacial de uma área em que a aluna

idealizar como um lugar perfeito para se viver, com organização estrutural do

espaço físico, com saneamento básico, rua calçada e acessibilidade para

deslocamento e também sonha ter uma boa vizinhança para manter uma

relação social amigável e construtiva.

Ela destaca em seu desenho o croqui de uma casa, que almeja ter para

um maior conforto e qualidade de vida da sua família, em cada cômodo aparece

os objetos necessários para que essa estrutura seja idealizada no campo

material, e tornar-se em um projeto real.

A aluna demostrar um otimismo em seu sonho, apesar das adversidades

que surge no caminho que necessitam ser superados, possui ligação direta com

a realidade vivenciada no espaço afetivo, onde atuam com atores sociais na

produção de conhecimento.

Figura 4: rua dos meus sonhos


Fonte: Ana Carla 1º ano “E” EEM. Liceu do Crato Prefeito Raimundo Coelho B. de
Farias
A utilização de mapas mentais, como ferramenta pedagógica e pratica de

ensino, é um recurso bastante eficaz e interessante para analisar a realidade,

compreender o mundo globalizado, as transformações e descobertas ocorrem

constantemente no século XXI, por meio da tecnologia, técnico-informacional

criada pelo homem que transforma o espaço vivido.

Ao trabalhar dessa forma, os alunos podem contribuir mostrando seu

conhecimento do espaço nos mapas, refletindo sobre a geografia que existe ali.

Assim, os mapas mentais fortaleceram e enriqueceram a aprendizagem dos

alunos, facilitando a interpretação de como a geografia aparece no mundo real.

Atrás dos mapas mentais cresce a possibilidade de uma maior participação e

envolvimento por parte dos alunos devido à liberdade que o aluno possui para

imaginar experiências do espaço vivido. Desse modo, o uso de mapas mentais

possibilita múltiplas habilidades e noções elementares para os alunos.

ALMEIDA, R. D. de (org.). Novos rumos da produção e análise de mapas mentais.


cartografia escolar: Currículo, linguagem e Ateliê Geográfico (UFG), v. 5, p. 250-268,
tecnologia. São Paulo: ed. Contexto. 2011. 2011.

BIGOTTO, José F.; MARTINS, Dadá; SEEMANN, J. Mapeando culturas e


VITIELLO, Márcio. Geografia, sociedade e espaços: uma revisão para a Geografia
cotidiano São Paulo: Escala Educacional, Cultural no Brasil. In: Almeida, M. G.; Ratts,
2006. 272p. A.J.P.. (Org.). Geografia: leituras culturais.
Goiânia: Alternativa, 2003, p. 261-284.
LACOSTE, Y. A Geografia – isso serve, em
primeiro lugar, para fazer a guerra. SEEMANN, J. Carto-crônicas – Uma
Tradução Maria Cecília França. 2ª ed. viagem pelo mundo da cartografia. Gurupi:
Campinas: Papirus, 1988. 263p. Editora Veloso, 2012.

RICHTER, D. ; FARIA, G.G. de .


Conhecimento geográfico e cartografia:

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