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Resenha Crítica: aprenda a fazer

Todos que passam pelos bancos de uma universidade ou escola acabam se


deparando com a necessidade de fazer uma resenha — um dos tipos de trabalhos mais
solicitados pelos professores. Mas como fazer uma?

A maioria dos professores não explica direito, então é isso que você vai aprender
nesse artigo (além de poder baixar alguns modelos prontos).

Como um gênero textual, uma resenha é um texto em forma de síntese que expressa
a opinião do autor sobre um determinado fato cultural, que pode ser um livro, um filme,
peças teatrais, exposições, shows etc.

O fato é que muitas pessoas chegam à faculdade sem saber como elaborar uma
resenha com a mínima qualidade — aliás, a maioria nem sabe como usar o português
corretamente.

O objetivo da resenha é guiar o leitor pelo emaranhado da produção cultural que


cresce a cada dia e que tende a confundir até os mais familiarizados com todo esse
conteúdo.

Como uma síntese, a resenha deve ir direto ao ponto, mesclando momentos de pura
descrição com momentos de crítica direta. O resenhista que conseguir equilibrar
perfeitamente esses dois pontos terá escrito a resenha ideal.

O primeiro passo, claro, é não cometer erros de gramática. Você pode


começar fazendo um bom curso de Língua Portuguesa.

No entanto, sendo um gênero necessariamente breve, é perigoso recorrermos ao


erro de sermos superficiais demais.

Nosso texto precisa mostrar ao leitor as principais características do fato cultural,


sejam elas boas ou ruins, mas sem esquecer de argumentar em determinados pontos e
nunca usar expressões como “Eu gostei” ou “Eu não gostei”, pois essa é uma característica
o texto científico, aquele usado em TCC e artigos científicos.

As qualidades de uma boa resenha


A resenha deve possuir as mesmas qualidades de estilo imprescindíveis a todo texto
escrito, como: simplicidade, clareza, concisão, propriedade vocabular, precisão vocabular,
objetividade e impessoalidade.

Além disso, a resenha deve apresentar imparcialidade, atitude científica e privilegiar


o essencial. Veja seguir.

Imparcialidade
Seja na defesa ou no ataque, o resenhista deve julgar as ideias da obra sem paixão,
devendo posicionar-se criticamente como um juiz e apresentar tanto os aspectos positivos
quanto os negativos da obra, sem defender ou lado ou outro devido a motivos externos à
obra (amizade com o autor, imposição de editoras, professores, colegas, etc.)
Cientificidade
A resenha, assim como todo trabalho acadêmico, deve ter cunho científico — veja mais
sobre TCC, por exemplo. Ou seja, estar em conformidade com as exigências de
objetividade e impessoalidade.

Privilegiar o essencial
Você deve falar apenas do que é mais importante na obra, pois seu leitor raramente estará
interessado em muitos detalhes ou em partes menos importantes. Devido a isso é
necessário respeitar o tempo que ele está reservando para ler seu texto.

Saiba diferenciar os tipos de Resenha


Até agora eu falei sobre as resenhas de uma forma geral e livre e esses dados são
suficientes para você já esboçar alguns parágrafos.

Contudo, as resenhas apresentam algumas divisões que vale destacar. A mais


conhecida delas é a resenha acadêmica ou universitária, que apresenta moldes bastante
rígidos, responsáveis pela padronização dos textos científicos. Ela, por sua vez, também
se subdivide em resenha crítica, resenha descritiva e resenha temática.

Na resenha acadêmica crítica, os oito passos a seguir formam um guia ideal para uma
produção completa:

1. Identifique a obra: coloque os dados bibliográficos essenciais do livro ou artigo que você vai
resenhar;
2. Apresente a obra: situe o leitor descrevendo em poucas linhas todo o conteúdo do texto a ser
resenhado;
3. Descreva a estrutura: fale sobre a divisão em capítulos, em seções, sobre o foco narrativo ou
até, de forma sutil, o número de páginas do texto completo;
4. Descreva o conteúdo: Aqui sim, utilize de 3 a 5 parágrafos para resumir claramente o texto
resenhado;
5. Analise de forma crítica: Nessa parte, e apenas nessa parte, você vai dar sua opinião.
Argumente baseando-se em teorias de outros autores, fazendo comparações ou até mesmo
utilizando-se de explicações que foram dadas em aula. É difícil encontrarmos resenhas que
utilizam mais de 3 parágrafos para isso, porém não há um limite estabelecido. Dê asas ao seu
senso crítico.
6. Recomende a obra: Você já leu, já resumiu e já deu sua opinião, agora é hora de analisar para
quem o texto realmente é útil (se for útil para alguém). Utilize elementos sociais ou pedagógicos,
baseie-se na idade, na escolaridade, na renda etc.
7. Identifique o autor: Cuidado! Aqui você fala quem é o autor da obra que foi resenhada e não
do autor da resenha (no caso, você). Fale brevemente da vida e de algumas outras obras do
escritor ou pesquisador.
8. Assine e identifique-se: Agora sim. No último parágrafo você escreve seu nome e fala algo
como “Acadêmico do Curso de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”
Na resenha acadêmica descritiva, os passos são exatamente os mesmos, excluindo-se
o passo de número 5. Como o próprio nome já diz, a resenha descritiva apenas descreve,
não expõe a opinião o resenhista.
Finalmente, na resenha temática, você fala de vários textos que tenham um assunto
(tema) em comum. Os passos são um pouco mais simples:

1. Apresente o tema: Diga ao leitor qual é o assunto principal dos textos que serão tratados e o
motivo por você ter escolhido esse assunto;
2. Resuma os textos: Utilize um parágrafo para cada texto, diga logo no início quem é o autor e
explique o que ele diz sobre aquele assunto;
3. Conclua: Você acabou de explicar cada um dos textos, agora é sua vez de opinar e tentar chegar
a uma conclusão sobre o tema tratado;
4. Mostre as fontes: Coloque as referências Bibliográficas de cada um dos textos que você usou;
5. Assine e identifique-se: Coloque seu nome e uma breve descrição do tipo “Acadêmico do Curso
de Letras da Universidade de Caxias do Sul (UCS)”.
O outro tipo de resenha é aquele que serve para divulgar uma obra, simplesmente. Ele
permite ao leitor tomar conhecimento do livro, filme ou artigo de que trata a resenha e,
consequentemente, decidir se deseja lê-lo ou assisti-lo.

Esse tipo é muito comum quando referida a uma obra da literatura, o que constituirá
uma resenha literária

Entenda como não cometer plágio


A Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, garante ao autor os direitos morais e
patrimoniais sobre a obra que criou.

É devido a essa lei que ouvimos tanto falar em direitos autorais e plágio, pois,
segundo ela, a reprodução ou contrafação de uma obra somente pode ser realizada
mediante autorização do autor. É ele, o autor, que deve conceder expressamente a
autorização para quem queira copiar integral ou parcialmente qualquer parte de sua obra,
reproduzindo-a em qualquer meio, com fins lucrativos ou não.

Toda semana, na universidade em que dou aula, ouço casos de alunos que tiram
nota zero em trabalhos e ainda passam pela vergonha de serem pegos por copiar
trabalhos ou trechos de outras pessoas.

Muitos deles, eu sei, sequer sabiam que estavam cometendo um crime, mas o
fizeram.

Siga estes 3 passos preliminares


Antes de iniciar a produção do texto há alguns passos importantes que você deve
considerar para que a qualidade do seu trabalho possa atingir um patamar de excelência.

Leia a obra a ser resenhada


Chega a ser ridículo ter que colocar este ponto, mas já vi MUITA gente fazendo resenhas
de livros que nunca leu, de filmes que nunca assistiu ou de palestras às quais não
compareceu. Soou familiar? É uma realidade crescente entre os estudantes universitários.

Mas você não pretende ser um desses, certo? Então o primeiro passo é conhecer o
objeto que será resenhado.
Um detalhe importante: essa sua leitura deve ser rápida, com o objetivo de conhecer
a obra como um todo. Portanto, não faça anotações e nem sublinhe nada.

Releia
Ok, você vai achar que estou exagerando. Porém, o fato é que na primeira leitura que
fazemos de qualquer coisa há muitos elementos que passam despercebidos.

É nessa etapa que devemos, lentamente, analisar aspectos mais pontuais da obra
que será alvo da resenha. Use a técnica de sublinhar, fazer esquemas com as ideias
principais (tanto da obra quanto de cada capítulo) e tente estabelecer relações entre tudo
isso.

Algo que eu faço e que ajuda muito: fazer perguntas e anotá-las no canto das páginas
(se você estiver resenhando um material escrito, claro). Isso força você a pensar sobre o
material que tem em mãos.

Pare para pensar


Muitos já começam a escrever a resenha logo após a leitura do material. ERRADO!

Você deve para um tempo para pensar sobre tudo, rever suas anotações, formar
uma opinião e, quem sabe, até buscar outras fontes que tratem dos mesmos assuntos, para
poder fazer contrapontos em seu texto.

Se possível, essa pausa deve durar mais de 24h, mas não ultrapasse as 72h para
que as ideias não lhe fujam da memória.

Faça mais anotações e já tente formular os argumentos que utilizará em seu texto.

Comece a escrever a resenha


Partindo de tudo que foi dito, talvez você já tenha uma boa ideia sobre o que escrever
em sua resenha e até mesmo sobre a estrutura que deve seguir. Mas vamos falar
especificamente de uma das perguntas que eu mais ouço dos alunos: Como começar uma
resenha?

Há uma série de questões que você deve tentar responder em sua introdução. Veja:

1. De que trata o livro?


2. Ele tem alguma característica especial?
3. De que modo o assunto é abordado?
4. Qual é a tese do autor?
5. Qual a intenção do autor?
6. Que conhecimentos prévios são exigidos para entendê-lo?
7. A que tipo de leitor se dirige o autor?
8. O tratamento dado ao tema é compreensível?
9. O livro foi escrito de modo interessante e agradável?
10. As ilustrações foram bem escolhidas?
11. O livro foi bem organizado?
12. O leitor, que é a quem o livro se destina, irá achá-lo útil?
13. Comparando essa obra com outras similares e com outros trabalhos do mesmo autor, a que
conclusões chegamos?
Evidentemente, você não precisa responder a todas essas questões, sendo elas
sugestões que você pode utilizar no início de sua resenha.

Atente para a escrita da conclusão


Outro ponto em que muitos têm dúvidas é na hora de escrever a conclusão.

Esse espaço final da resenha serve para expor sua avaliação geral sobre a obra.

Até aqui você já deve ter discutido os argumentos do autor e como ele os defende,
assim como ter avaliado a qualidade e a eficiência de diversos aspectos do livro ou artigo.

Agora é o momento de avaliar o trabalho como um todo, determinando coisas como


se o autor conseguiu ou não atingir os objetivos propostos e se a obra contribui de maneira
significante para a área de conhecimento da qual faz parte.

Ao escrever a conclusão, você pode considerar as seguintes perguntas:

 A obra usa graus de objetividade ou subjetividade apropriados à proposta inicial do autor?


 O autor consegue manter o foco da obra, sem incorrer em excesso de opinião própria ou falta
de fontes que comprovem seus argumentos?
 Em algum momento o autor deixa de considerar aspectos relevantes de sua área, como outros
pontos de vista ou teorias contrárias às dele?
 O autor conseguiu atender aos objetivos a que se propôs ao iniciar a obra?
 Que contribuições a obra traz para sua área de conhecimento ou grupo específico de leitores?
 É possível justificar o uso dessa obra no contexto em que foi indicada (uma disciplina da
universidade, por exemplo)?
 Qual o comentário final mais importante que você faria a respeito dessa obra?
 Você tem sugestões para futuras pesquisas nessa área?
 De que maneiras ler/assistir essa obra contribuiu para sua formação?

Perguntas e Respostas
Quantos parágrafos tem uma resenha?
O tamanho do seu texto pode variar muito, principalmente de acordo com o material que
você estiver resenhando.

Por isso, não há regra quanto ao número de parágrafos, mas se você estiver
escrevendo uma resenha para a faculdade, por exemplo, dificilmente você deve pensar em
menos do que 2 páginas do Word, o que daria entre 6 e 10 parágrafos, aproximadamente.
Como fazer a resenha de um texto acadêmico?
Quando falamos de textos acadêmicos, pouca coisa muda em relação aos demais tipos de
materiais (livros, filmes, palestras, etc.).

Você deve considerar, no entanto, que um texto acadêmico deve ser impessoal —
seus verbos nunca serão escritos em primeira pessoa (eu, nós).

Portanto, ao resenhar esse tipo de texto, siga as dicas já expostas acima, mas tenha
um cuidado ainda maior com a linguagem e atente para as normas da ABNT.

Preciso escrever quantas páginas ?


Como já dito, depende muito da sua fonte. Não há regra fixa, mas tente nunca ficar abaixo
das duas páginas do Word.

Conclusão
Fazer uma resenha parece muito fácil à primeira vista, mas devemos tomar muito
cuidado, pois dependendo do lugar, resenhistas podem fazer um livro mofar nas prateleiras
ou transformar um filme em um verdadeiro fracasso.

As resenhas são ainda, além de um ótimo guia para os apreciadores da arte em


geral, uma ferramenta essencial para acadêmicos que precisam selecionar quantidades
enormes de conteúdo em um tempo relativamente pequeno.

Agora é questão de colocar a mão na massa e começar a produzir suas próprias


resenhas!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GAZOLA, André. Resenha Crítica: aprenda a fazer (com Modelos Prontos) . Lendo.org.
Disponível em: < https://www.lendo.org/como-fazer-uma-resenha/>. Acesso em: 10 de junho de
2020.

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