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Estruturas de Madeira e Metálicas com BIM

Introdução às Estruturas de Aço e Madeira e Ação do Vento

Michael Leone Madureira de Souza


michael.souza@ibmr.br

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Sumário

1 Introdução
2 Madeira
3 Aço
4 Ação do Vento

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1 Introdução

2 Madeira

3 Aço

4 Ação do Vento

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Introdução
Conceito de Estruturas
Conjunto, arranjo ou sistema composto de elementos que interagem
entre si para desempenhar uma função.
Elementos estruturais lineares, superficiais e volumétricos.
Habitação, transporte, geração de energia, etc.

Conceito Elementos Estruturais


Elementos dimensionados para transmitir esforços. São classificados
de acordo com sua geometria:
Exemplos:
Lineares: viga
Superfı́cie: laje
Volumétricos: bloco

São constituı́dos de concreto, aço, madeira, fibra de carbono ...


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1 Introdução

2 Madeira

3 Aço

4 Ação do Vento

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Madeira na Construção Civil

Figure: Edificações

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Madeira na Construção Civil

Figure: Pontes

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Madeira na Construção Civil

Figure: Telhados

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Madeira na Construção Civil

Figure: Esquadrias

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Madeira na Construção Civil

Figure: Formas, escoras, estruturas temporárias

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Madeira na Construção Civil

Conceitos
A madeira é provavelmente o material de construção mais antigo,
dada sua disponibilidade na natureza e relativa facilidade de
manuseio.
Aspectos positivos:
(1) excelente relação resistência/peso próprio.
(2) facilidade de fabricação de seus produtos.
(3) bom isolamento térmico.
Aspectos negativos:
(1) sujeita a degradação biológica (fungos, brocas, etc.).
(2) sensı́vel a ação do fogo.
(3) apresenta inúmeros ”defeitos” (nós, fendas, etc.).

Porém, esses aspectos negativos são facilmente superados com o uso


de produtos industriais de madeira convenientemente tratados.

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Madeira na Construção Civil

Introdução
As madeiras utilizadas em construções são obtidas de troncos de
árvores e possuem duas categorias principais:
* madeiras duras: provenientes de árvores frondosas (dicotiledôneas, da
classe Angiosperma) de crescimento lento. Ex.: peroba, ipê, aroeira,
carvalho, etc.
* madeiras macias: provenientes em geral de árvores de crescimento
rápido (conı́feras). Ex.: pinheiro do paraná, pinheiro bravo, etc.

Essas categorias distinguem-se pela estrutura celular dos troncos e


não propriamente pela resistência.

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Madeira na Construção Civil

Introdução
As árvores produtoras de madeira de construção são do tipo
exogênica, que crescem pela adição de camadas.
A seção transversal de um tronco de árvore possui as seguintes
camadas:
a) casca: proteção externa da árvore, formada por uma camada externa
morta, de espessura variável com a idade e as espécies.
b) alburno: camada formada por células vivas que conduzem a seiva das
raizes para as folhas
c) cerne: com o crescimento, as células vivas do alburno tornam-se
inavitas e constituem o cerne. De coloração mais escura, tem função
de sustentação do tronco.
d) medula: tecido macio no qual se verifica o primeiro crescimento da
madeira.
e) câmbio local onde são gerados novos anéis em volta da medula.
Também geram células da casca.

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Madeira na Construção Civil

Macroestrutura da Madeira

Figure: Seção transversal de um tronco. Fonte: Estruturas de Madeira, Pfeil.

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1 Introdução

2 Madeira

3 Aço

4 Ação do Vento

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Aço na Construção Civil

Introdução
As formas mais usuais de metais ferrosos são o aço, o ferro fundido e
o ferro forjado.
O aço é uma liga de ferro e carbono com outros dois tipos de
elementos:
(1) elementos residuais decorrentes do processo de fabricação. Ex.: silı́cio,
manganês, fósforo.
(2) elementos adicionados para melhorar as caracterı́sticas fı́sicas e
mecânicas (elementos de liga).

O aço é a liga ferro-carbono em que o teor de carbono varia desde


0,008% até 2,11%. O carbono aumenta a resistência do aço, porém o
torna mais frágil.

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Aço na Construção Civil

Introdução
Caracterı́sticas necessárias ao aço estrutural:
(1) boa ductilidade.
(2) homogeneidade.
(3) soldabilidade.
(4) resistência à corrosão.
(5) resistência ao fogo.

O principal processo de fabricação do aço consiste na produção de


ferro fundido no alto-forno e o posterior refinamento em aço no
conversor de oxigênio.
Em ambos os processos o objetivo é o refinamento do ferro fundido,
ao qual são adicionados elementos de liga para produzir o aço
especificado.

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Aço na Construção Civil

Introdução
As usinas produzem aços para utilização estrutural sob diversas
formas:
(1) chapas.
(2) barras.
(3) perfis laminados.
(4) cordoalhas e cabos.

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Aço na Construção Civil

Figure: Chapas

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Aço na Construção Civil

Figure: Barras

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Aço na Construção Civil

Figure: Perfis laminados

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Aço na Construção Civil

Figure: Cordoalhas

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Aço na Construção Civil

Estruturas de aço
Caracterı́sticas do aço como material de construção: Video1

Aços estruturais: Video2

Concepção estrutural: Video3

Vı́deos ilustrativos: Site CBCA

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1 Introdução

2 Madeira

3 Aço

4 Ação do Vento

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Ação do Vento
Conceitos
O vento, em geral, não é um problema em construções de pequena
altura com elementros estruturais robustos (pesados). Por outro lado
a ação do vento pode ser parcela relevante das solicitações quando
em construções de elevada altura e estrutura esbelta.
A consideração desses esforços em projetos está muito relacionada a
evolução computacional de processamento de dados e softwares de
análise estrutural. Adiciona-se a melhora da tecnologia de
monitoramento experimental das rajadas de vento e outros fenômenos
naturais.

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Ação do Vento

Conceitos
Falhas na análise do vento como solicitação estrutural podem gerar
diversos problemas em hangares, pavilhões, coberturas de estádios e
ginásios, etc. Estruturas, em geral, leves.
É possı́vel apontar algumas causas de acidentes devido à ação do
vento:
* falta de ancoragem de terças de telhados;
* contraventamento insuficiente em estruturas de cobertura;
* fundações inadequadas;
* paredes inadequadas;
* deformabilidade excessiva da edificação.

De forma resumida, o movimento do ar sobre a superfı́cie terrestre


(vento) tem como causa imediata principal as diferenças na pressão
atmosférica, causadas pela energia proveniente do Sol, que origina
variações na temperatura do ar.
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Ação do Vento
Conceitos
A engenharia estrutural tem interesse em conhecer a velocidade
média do vento e as flutuações em torno dessa média.
As flutuações têm sua origem tanto na agitação (turbulência) do
escoamento médio causada pelas rugosidades natural e artificial da
superfı́cie terrestre, bem como nos processos de convecção
causados por gradientes térmicos.

Figure: Escoamentos Figure: Convecção


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Ação do Vento

Conceitos
A NBR 6123 fixa as condições que devem ser consideras para cálculo
das forças estáticas e dinâmicas devido a ação do vento em
edificações. Possui as seguintes definições:
* Barlavento - região de onde sopra o vento, em relação à edificação.
* Sotavento - região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação à
edificação.
* Sobrepressão - pressão efetiva acima da pressão atmosférica de
referência (sinal positivo).
* Sucção - pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de referência
(sinal negativo).
* Superfı́cie frontal - superfı́cie definida pela projeção ortogonal da
edificação, estrutura ou elemento estrutural sobre um plano
perpendicular à direção do vento.
* Vento básico - vento que corresponde a velocidade básica V0 .

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Ação do Vento

Conceitos

Figure: Ação do vento em uma edificação.

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Ação do Vento

Conceitos
As forças dividas ao vento sobre uma edificação devem ser calculadas
separadamente para:
a) elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias,
painéis, etc.);
b) partes da estrutura (telhados, paredes, etc.);
c) a estrutura como um todo.
As forças estáticas devidas ao vento são determinadas do seguinte
modo:
a) velocidade básica do vento, V0 , adequada ao local onde a estrutura
será construı́da. É determinado pelo gráfico das isopletas da
velocidade básica no Brasil;
b) a velocidade básica do cento é multiplicada pelos fatores S1 , S2 e S3
para ser obtida a velocidade caracterı́stica do vento Vk ;

Vk = V0 · S1 · S2 · S3

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Ação do Vento

Conceitos
A velocidade básica do vento V0 é a velocidade de uma rajada de 3
segundos, excedida em média uma vez em 50 anos, a 10 metros
acima do terreno em campo aberto e plano.
Em geral admite-se que o vento básico pode soprar de qualquer
direção horizontal. Em caso de obras de excepcional importância a
NBR 6123 recomenda um estudo especı́fico para determinar as
direções preferenciais para o vento.

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Ação do Vento
Conceitos

Figure: Isopletas da velocidade básica V0 [m/s].


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Ação do Vento

Conceitos
O fator S1 é um fator topográfico que leva em consideração as
variações do relevo do terreno e é determinado do seguinte modo: a)
terreno plano ou fracamente acidentado S1 = 1, 0; b) taludes e
morros S1 = S1 (z) e c) vales profundos protegidos de ventos de
qualquer direção S1 = 0, 9.

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Ação do Vento
Conceitos

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Ação do Vento
Conceitos

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Ação do Vento
Conceitos
O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno,
da variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e
das dimensões da edificação ou parte da edificação em análise.
A NBR 6123 classifica a rugosidade do terreno é classificada em
cinco categorias:
* Categoria I: superfı́cies lisas de grandes dimensões com mais de 5 km
de extensão, medida na direção e sentido do vento incidente. Ex.: mar
calmo, lagos e rios, pântanos sem vegetação.
* Categoria II: terrenos abertos em nı́vel ou aproximadamente em nı́vel,
com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
Ex.: zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de
aviação, pradarias e charnecas, fazendas sem sebes ou muros.
* Categoria III: terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como
sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e
esparsas. Ex.: granjas e casas de campo, com exceção das partes com
matos, fazendas com sebes e/ou muros, subúrbios a considerável
distância do centro, com casas baixas e esparsas.
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Ação do Vento

Conceitos
* Categoria III: a cota média do topo dos obstáculos é considerada
igual a 3 m.
* Categoria IV: terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco
espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. Ex.: zonas de
parques e bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus
arredores, subúrbios densamente construı́dos de grandes cidades, áreas
industriais plena ou parcialmente desenvolvidas. A cota média do topo
dos obstáculos é considerada igual a 10 m.
* Categoria V: terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes,
altos e pouco espaçados. Ex.: florestas com árvores altas de copas
isoladas, centros de grandes cidades, complexos industriais bem
desenvolvidos. A cota média do topo dos obstáculos é considerada
igual ou superior a 25 m.

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Ação do Vento

Conceitos
A velocidade do vento varia continuamente, e seu valor médio pode
ser calculado sobre qualquer intervalo de tempo. Verificou-se que o
intervalo mais curtos das medidas usuais (3 s) corresponde a rajadas
cujas dimensões envolvem convenientemente obstáculos de até 20 m
na direção do vento médio.
Quanto maior o intervalo de tempo usado no cálculo da velocidade
média, tanto maior a distância agrangida pela rajada. A NBR 6123
definiu três classes de edificações, partes de edificações e seus
elementos, com intervalos de tempo para cálculo da velocidade média
de, 3 s, 5 s e 10 s respectivamente.
* Classe A: todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e
peças individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a
maior dimensão horizontal ou vertical não exceda 20 m.

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Ação do Vento
Conceitos
* Classe B: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfı́cie frontal esteja entre 20 m e
50 m.
* Classe C: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfı́cie frontal exceda 50 m.
Para toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior
dimensão horizontal ou vertical da superfı́cie frontal exceda 80 m, o
intervalo de tempo correspondente poderá ser determinado de acordo
com as indicações do Anexo A da NBR 6123.
O fator S2 é função da altura z acima do nı́vel geral do terreno a
partir da expressão:  z p
S2 = b · Fr ·
10
O fator de rajada Fr é sempre correspondente à categoria II. A
expressão é aplicável até a altura zg que define o contorno superior da
camada atmosférica.
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Ação do Vento
Conceitos

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Ação do Vento
Conceitos

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Ação do Vento

Conceitos

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Ação do Vento

Conceitos
O fator estatı́stico S3 é baseado em conceitos estatı́sticos e considera
o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação.
A velocidade básica do vento V0 é a velocidade do vento que
apresenta um perı́odo de recorrência médio de 50 anos. A
probabilidade de que V0 seja igualada ou excedida neste perı́odo é de
63 %.
O nı́vel de propabilidade (0,63) e a vida útil (50 anos) adotados são
considerados adequados para edificações normais destinadas a
moradias, notéis, escritórios, etc. Na falta de uma norma especı́fica
sobre a segurança nas edificações ou de indicações correspondentes na
norma estrutural, os valores mı́nimos do fator S3 são dados por:

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Ação do Vento

Conceitos

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Ação do Vento
Conceitos
As forças estáticas devidas ao vento são determinadas do seguinte
modo:
a) velocidade básica do vento, V0 , adequada ao local onde a estrutura
será construı́da. É determinado pelo gráfico das isopletas da
velocidade básica no Brasil;
b) a velocidade básica do cento é multiplicada pelos fatores S1 , S2 e S3
para ser obtida a velocidade caracterı́stica do vento
Vk = V0 · S1 · S2 · S3 .
c) a velocidade caracretı́stica do vento permite determinar a pressão
dinâmica pela expressão:

q = 0, 613 · Vk2

onde q é a pressão dinâmica expressa em N/m2 e Vk expressa em m/s.


Como a força do vento depende da diferença de pressão nas faces
opostas da parede da edificação, os coeficientes de pressão são dados
para superfı́cies externas e internas.
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Ação do Vento

Conceitos
A NBR 6123 entende por pressão efetiva ∆p em um ponto da
superfı́cie de uma edificação, o valor definido por:

∆p = ∆pe − ∆pi
onde ∆pe representa a pressão efetiva externa e ∆pi a interna.
Portanto:

∆p = (cpe − cpi ) · q
onde cpe representa o coeficiente de pressão externa e cpi o
coeficiente de pressão interna. São calculados por cpe = ∆p e
q e
∆pi
cpi = q respectivamente.

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Ação do Vento

Conceitos
A força do vento sobre um elemento plano de edificação de área
A atua em direção perpendicular a ele, sendo dada por:

F = Fe − Fi
onde Fe representa a força externa à edificação, agindo na superfı́cie
plana de área A e Fi representa a força interna à edificação, agindo
na superfı́cie plana de área A
Portanto:

F = (Ce − Ci ) · q · A
onde Ce representa o coeficiente de forma externo e Ci o coeficiente
de forma interno. São calculados por Ce = Feq·A e Ci = Fiq·A
respectivamente.
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Ação do Vento

Conceitos
Valores positivos dos coeficientes de forma correspondem a
sobrepressões, e valores negativos correspondem a sucções. Um valor
positivo de F indica que a força atua para o interior, e um valor
negativo indica que esta força atua para o exterior da edificação.
Para os casos previstos na NBR 6123, a pressão interna é considerada
uniformemente distribuı́da no interior da edificação. Portanto, em
superfı́cies internas planas, cpi = Ci .
Os valores dos coeficientes de pressão e de forma externos para
diversos tipos de edificações e para direções crı́ticas do vento são
dados nas Tabelas 4 a 8 e nos anexos E e F da NBR 6123.
Superfı́cies em que ocorrem variações consideráveis de pressão foram
subdivididas com coeficientes diferentes.

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Ação do Vento
Conceitos
Zonas com altas sucções aparecem junto às arestas de paredes e de
telhados, e têm sua localização dependendo do ângulo de incidência
do vento. Portanto, estas altas sucções não aparecem
simultaneamente em todas estas zonas, para as quais as tabelas
apresentam valores médios de coeficientes de pressão externa (cpe
médio).
Estes coeficientes devem ser usados somenta para o cálculo das forças
do cento nas respectivas zonas, aplicando-se ao dimensionamento,
verificação e ancoragem de elementos de vedação e da estrutura
secundária.
Para edificações que não constam na NBR 6123, ou não podem ser
extrapoladas a partir dos dados nela expressa, recomenda-se que
sejam realizados ensaios em túnel de vento para determinar os valores
de coeficientes de pressão externos.
Túnel de vento: Vı́deo 1 Túnel de vento: Vı́deo 2 Túnel de vento: Vı́deo 3
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Ação do Vento

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Ação do Vento

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Ação do Vento
Conceitos
Se a edificação for totalmente impermeável ao ar, a pressão no seu
interior será invariável no tempo e independente da velocidade da
corrente de ar externa. Porém usualmente as paredes e coberturas de
edificações consideradas como fechadas permitem a passagem do ar.
Enquanto a permeabilidade não ultrapassar os limites da NBR 6123,
pode ser admitido que a pressão externa não é modificada pela
permeabilidade, devendo a pressão interna ser calculada de acordo
com as especificações dadas pela norma.
A NBR 6123 considera impermeáveis os seguintes elementos
construtivos e vedações: lajes e cortinas de concreto armado ou
protendido, paredes de alvenaria, de pedra, de tijolos, de blocos de
concreto e afins, sem portas janelas ou quaisquer outras aberturas.
Os demais elementos construtivos e vedações são consideradas
permeáveis.
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Ação do Vento

Conceitos
O ı́ndice de permeabilidade de uma parte da edificação é definido pela
relação entre a área das aberturas e a área total desta parte. A
aplicação da NBR 6123 impõe que nenhuma parede ou água de
cobertura pode ultrapassar 30 % de ı́ndice de permeabilidade.
Para paredes com paredes internas permeáveis a pressão interna pode
ser considerada uniforme. Neste caso, deve ser adotados os seguintes
valores para o coeficiente de pressão interna, cpi :
* duas faces opostas igualmente permeáveis; as outras faces
impermeáveis:
a) vento perpendicular a uma face permeável cpi = +0, 2
b) vento perpendicular a uma face impermeável cpi = −0, 3
* quatro faces igualmente permeáveis: cpi = −0, 3 ou cpi = 0 (considerar
o valor mais nocivo).
* abertura dominante em uma face, as outras faces de igual
permeabilidade: (ver NBR 6123).

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Ação do Vento
Conceitos
A força global do vento sobre uma edificação ou parte dela é
obtida pela soma vetorial das forças do vento que aı́ atuam. A
componente da força global na direção do vento, força de arrasto
Fa , é obtida por:

Fa = Ca · q · Ae
onde Ca é o coeficiente de arrasto e Ae a área frontal efetiva, ”área
de sombra”, dada pela projeção ortogonal da edificação, estrutura ou
elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento.

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Ação do Vento

Conceitos
Os coeficientes de arrasto indicados são aplicáveis a corpos de
seção constante ou fracamente variável.
Para vento incidindo perpendicularmente a cada uma das fachadas de
uma edificação retangular em planta e assente no terreno, os
coeficientes de arrasto são dados pelas Figura 4 (vento de baixa
turbulência) ou Figura 5 (vento de alta turbulência) em função das
relações h/l1 e l1 /l2 .

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Ação do Vento

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Ação do Vento

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Ação do Vento
Conceitos
Exemplo 1: Determinar os coeficientes de pressão do vento para o
galpão mostrado abaixo. O galpão localiza-se em Passo Fundo - RS e
é usado como depósito. O tapamento e a cobertura são em chapa
zincada. Considere a situação de vento lateral e frontal.

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Ação do Vento

Conceitos
Exemplo 1: Solução.

Pressão dinâmica do vento:


a) Velocidade básica: V0 = 45 m/s (Figura 1 - NBR 6123:1988)
b) Velocidade caracterı́stica: Vk = V0 · S1 · S2 · S3
* fator topográfico: S1 = 1, 0 (item 5.2a - NBR 6123:1988)
* fator de rugosidade do terreno e dimensões da edificação:
- rugosidade do terreno: categoria III (item 5.3.1 - NBR 6123:1988)
hipótese: terreno com poucos obstáculos.
- dimensões da edificação: classe C (item 5.3.2 - NBR 6123:1988)
justificativa: uma dimensão > 50 m.

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Ação do Vento

Conceitos
I) Utilizando a fórmula:
b = 0, 93, p = 0, 115, Fr = 0, 95 (Tabela 1 - NBR 6123:1988)
Altura até z ≤ 5m:
5 0,115

S2 = 0, 93 · 0, 95 · 10 → S2 = 0, 816
Altura z = 6 + 10 · tg10o = 7, 76m:
 0,115
7,76
S2 = 0, 93 · 0, 95 · 10 → S2 = 0, 858
Altura 5m < z ≤ 10m: 
10 0,115
S2 = 0, 93 · 0, 95 · 10 → S2 = 0, 884
II) Utilizando a Tabela 2 - NBR 6123:1988:
Altura z ≤ 5m: S2 = 0, 82
Altura 5m < z ≤ 10m: S2 = 0, 88

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Ação do Vento

Conceitos
b) Velocidade caracterı́stica: Vk = V0 · S1 · S2 · S3
Portanto, usando os valores de S2 da fórmula:
Altura z ≤ 5m: Vk = 45 · 1 · 0, 816 · 95 → Vk = 34, 88 m/s
Altura z = 7, 76m: Vk = 45 · 1 · 0, 858 · 95 → Vk = 36, 68 m/s
Altura 5m < z ≤ 10m: Vk = 45 · 1 · 0, 884 · 95 → Vk = 37, 79 m/s
c) Pressão dinâmica: q = 0, 613 · Vk2 (item 4.2c - NBR 6123:1988)
Altura z ≤ 5m: q = 0, 613 · 34, 882 → q = 745, 78 N/m2
Altura z = 7, 76m: q = 0, 613 · 36, 682 → q = 824, 74 N/m2
Altura 5m < z ≤ 10m: q = 0, 613 · 37, 792 → q = 875, 42 N/m2

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Ação do Vento

Conceitos
Coeficientes de pressão e forma, externos, para as paredes laterais e
frontais: (Tabela 4 - NBR 6123:1988)

Parâmetros de entrada:
a = 60m , b = 20m , h = 6m
h 6 a 60
b = 20 = 0, 3 , b = 20 =3

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Ação do Vento

Conceitos
cpemedio = −1, 0 aplicado em ambas
incidências de vento (0° e 90°), nas
partes de barlavento das paredes
paralelas ao vento a uma distância
de 0, 2 · b = 4m ou h = 6m,
considerando o menor entre os dois
valores.
Devem ser usado somente para o
cálculo das forças do vento nas
respectivas zonas, aplicando-se ao
dimensionamento, verificação e
ancoragem de elementos de vedação
e da estrutura secundária.

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Ação do Vento

Conceitos
Coeficientes de pressão e forma, externos, para a cobertura: (Tabela
5 - NBR 6123:1988)

Parâmetros de entrada:
a = 60m , b = 20m , h = 6m
h 6 a 60
b = 20 = 0, 3 , b = 20 = 3, θ = 10o

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Ação do Vento

Conceitos
cpemedio aplicado em y = h = 6m ou
y = 0, 15 · b = 3m, considerando o
menor entre os dois valores.

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Ação do Vento

Conceitos
Coeficientes de pressão interna: (item 6.2 - NBR 6123:1988)
O galpão não possui abertura dominante em nenhuma face. Como não
foram dados maiores detalhes sobre a permeabilidade das paredes,
adotou-se a hipótese de aberturas de tal forma que seja possı́vel adotar o
item 6.2.5a da NBR 6123:1988.

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Ação do Vento

Conceitos
Coeficientes de pressão para dimensionamento de terças, telhas e
ancoragens:
Esse dimensionamento é feito nas paredes paralelas ao vento na região de
sotavento, seções com dimensão igual ao menor valor entre 0, 2b e h,
considerando cpemedio obtido para as paredes e o obtido para a cobertura.

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Ação do Vento

Conceitos
Coeficientes de pressão para dimensionamento da estrutura
principal (pórticos):
Para o dimensionamento da estrutura principal adota-se a combinação
entre as pressões externas e internas mais desfavorável (crı́tica).
1° caso: Ce (0o ) + cpi (0, 2)
Lateral: 0, 8 + 0, 2 = 1 (saindo da estrutura)
Cobertura: 0, 8 + 0, 2 = 1 (saindo da estrutura)
2° caso: Ce (0o ) + cpi (−0, 3)
Lateral: 0, 8 − 0, 3 = 0, 5 (saindo da estrutura)
Cobertura: 0, 8 − 0, 3 = 1 (saindo da estrutura)

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Ação do Vento

Conceitos
3° caso: Ce (90o ) + cpi (0, 2)
Lateral 1: −0, 7 + 0, 2 = −0, 5 (entrando da estrutura)
Lateral 2: 0, 5 + 0, 2 = 0, 7 (entrando da estrutura)
Cobertura 1: 1, 2 + 0, 2 = 1, 4 (saindo da estrutura)
Cobertura 2: 0, 4 + 0, 2 = 0, 6 (saindo da estrutura)
4° caso: Ce (90o ) + cpi (−0, 3)
Lateral 1: −0, 7 − 0, 3 = −1, 0 (entrando da estrutura)
Lateral 2: 0, 5 − 0, 3 = 0, 2 (entrando da estrutura)
Cobertura 1: 1, 2 − 0, 3 = 0, 9 (saindo da estrutura)
Cobertura 2: 0, 4 − 0, 3 = 0, 1 (saindo da estrutura)

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Ação do Vento

Conceitos

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Ação do Vento

Conceitos
A força caracterı́stica devido ao vento é calculada por:

F = (Ce − Ci ) · q · A

Sabendo-se que a pressão dinâmica q varia em função da altura, é


necessário estabelecer um perfil de forças que atuam na edificação. Nesse
sentido, toma-se A = h · d, onde h é a altura avaliada e d é a distância
entre os pórticos. A força F portanto é dada em [N].
Para a análise estrutural dos pórticos individualmente, é necessário utilizar
a solicitação distribuı́da ao longo do comprimento da estrutura. Portanto,
até uma determinada altura, f (z) = (Ce − Ci ) · q(z) · d, onde f (z)
representa a carga distribuı́da ao longo do comprimento do pórtico em
função da altura em relação ao solo.

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Ação do Vento

Conceitos
Para auxiliar no estudo das ações do vento os professores e pesquisadores
da USP desenvolveram um programa gratuito para cálculo de cargas de
vento em edificações nomeado CICLONE.
O executável pode ser baixado através do link CICLONE - USP .

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