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Estética e Cirurgia

Material Teórico
Sistema Linfático

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof. ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Sistema Linfático

• Introdução;
• Anatomia e Fisiologia do Sistema Linfático;
• Formação da Linfa;
• Mecanismo de Transporte da Linfa;
• Edema;
• Alterações do Sistema Linfático no Pós-operatório;
• Drenagem Linfática Manual.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Analisar e compreender o envolvimento do Sistema Linfático nas Cirurgias Estéticas e
como a drenagem linfática auxilia o seu funcionamento.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Sistema Linfático

Introdução
Desejo que você aproveite e desfrute de todo este Material, que foi elaborado
para aperfeiçoar ainda mais seus conhecimentos e proporcionar a formação de
ótimo profissional.

Toda vez que ouvir sobre cirurgias estéticas, você deverá lembrar-se da im-
portância e da relação do Sistema Linfático com esse assunto, pois ele estará
presente tanto na recuperação geral, já que é um Sistema que produz células de
defesa, principalmente, os linfócitos, considerados verdadeiros sentinelas da imu-
nidade, quanto está envolvido, também, nos acontecimentos do pós-operatório,
principalmente no edema.

Por isso, compreender sua anatomia e fisiologia são garantias de um atendi-


mento pré-operatório que vise a uma melhora mais rápida e otimizada, bem como
garantem um pós-operatório mais confortável e com o resultado final aparecendo
mais brevemente.

O Sistema Linfático é um Sistema de drenagem que auxilia o Sistema Venoso


no retorno dos componentes do sangue.

O Sistema Venoso é o grande responsável pela captação das toxinas, porém


partículas maiores que não conseguiram retornar por eles, são reabsorvidas pelo
Sistema Linfático.

Reabsorve dos interstícios líquido e produtos que interagiram com o meio ex-
tracelular. Esse líquido é denominado linfa, passa pelos linfonodos, é filtrado e
recebe células de defesa, funcionando como uma “lixeira” do organismo.
Para entender esse funcionamento, precisamos primeiramente conhecer as es-
truturas que compõem esse Sistema.

Anatomia e Fisiologia do Sistema Linfático


É considerado um Sistema de limpeza corporal, que se diversifica e participa
tantos de funções circulatórias quanto funções relacionadas à imunidade.
Os capilares linfáticos, estruturas mais básicas e superficiais, são revestidos por
células endoteliais e sujeitas a filamentos de ancoragem que regulam sua abertura
e permitem a passagem de macromoléculas. É uma circulação aberta e surge do
espaço intersticial, podendo ser assim representada:
• Capilar Linfático: Estrutura mais superficial, semelhante a um fio de cabelo;
• Vaso Linfático Aferente: Carrega a linfa sem filtrar;
• Linfonodo: Filtra a linfa e produz células de defesas;

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• Vaso Linfático Eferente: Carrega a linfa filtrada;
• Troncos Linfáticos: Vasos de maior calibre;
• Ductos Linfáticos: São dois, responsáveis por coletarem toda a linfa do corpo
e se comunicarem com as veias subclávias.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Linfonodos

Você Sabia? Importante!

Sem a eliminação das proteínas dos espaços intercelulares, provavelmente morreríamos


em 24 horas.

Já os linfonodos, são estruturas um pouco maiores (0,5 a 2cm), perfazem um


número de 600 a 700 em todo o corpo, sendo ¼ deles encontrados na cabeça e
no pescoço.

Eles possuem duas funções principais:


• Filtração da linfa;
• Produção das células de defesa.
Explor

Localização anatômica dos linfonodos cervicofaciais: http://bit.ly/2MmB7A9

Observe na figura a quantidade de linfonodos existentes no pescoço. Por essa


razão, algumas técnicas preconizam estimular várias vezes essa região.

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UNIDADE Sistema Linfático

Válvulas de linfa

Células de Linfoma
(câncer)

Artéria

Veia

Vaso linfático
Linfonodo
Figura 2
Fonte: Adaptado de Getty Images

Essa imagem ilustra o interior de um linfonodo, onde ocorre a filtragem da linfa


e também a produção de células de defesa.

Os troncos linfáticos surgem a partir dos vasos eferentes, que são vasos calibro-
sos que drenam regiões específicas do corpo, correspondentes à sua nomenclatura:
• Troncos lombares;
• Tronco intestinal;
• Troncos broncomediastinais;
• Troncos subclávios;
• Troncos jugulares e descendentes intercostais.

Os ductos são as estruturas mais profunda, e são denominados ducto linfático


direito e ducto torácico. Ambos desembocam na junção subclávia direita e esquer-
da, respectivamente.

Na Figura 3, podemos observar o Sistema Linfático e os linfonodos (estruturas


dilatadas na cor verde).

Observe que eles se concentram em algumas áreas, como a região das axilas, a
região inguinal, a fossa poplítea e, principalmente, na região do pescoço.

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Amígdalas

Timo
Sistema
Plexo Nodo Linfático Linfático
Mamário Axilar

Baço
Duto
Torácico
Linfonodo
Nodo Linfático
Intestinal Intestino
Delgado
Intestino
Grosso
Fluido
Vaso Tissular
Apêndice Linfático

Medula Fluido
Linfonodo Óssea Tissular
Inguinal Fluido
Tissular

Fluido
Tissular
Linfonodo

Vaso Células Capilar


Linfático de Tecido Linfático
Arteríola Vénula

Figura 3
Fonte: Adaptado de Getty Images

Formação da Linfa
A linfa é formada a partir dos produtos do filtrado do capilar arterial pelos produ-
tos gerados por meio do metabolismo celular, ou seja, o material de descarte celu-
lar, e pelo líquido do interstício. Quando esse líquido penetra os capilares linfáticos,
passa a ser chamado de linfa.

Sua composição varia de acordo com o local em que é formada, no intestino,


por exemplo, apresenta grande quantidade de ácidos graxos, já nos membros infe-
riores, essa quantidade é mínima.

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UNIDADE Sistema Linfático

Dentre os fatores que mais interferem na velocidade de formação e captação


da linfa, podemos destacar a sobrecarga no Sistema Venoso (insuficiência venosa).
A elevação da pressão dos capilares por uma trombose, por exemplo, e as altera-
ções de permeabilidade, como no edema causado por uma cirurgia plástica.

Vale ressaltar, que as cirurgias plásticas rompem muitos dos capilares linfáti-
cos, o que torna a captação e a filtragem da linfa mais lenta, levando à formação
de edema.

Entender o funcionamento do Sistema Linfático elucida e reforça a importância


da Drenagem Linfática no Pós-operatório de Cirurgias estéticas.

Essa figura mostra o capilar linfático Célula Tissular

(Lymphatic Capillary) recolhendo os lí-


quidos excedentes do meio extracelular. Capilar
Sanguíneo

Venule
As paredes dos capilares linfáticos são Arteríola
formadas por células endoteliais, que se
comportam como escamas de peixes
“abrindo” para a filtragem de moléculas Sangue Sangue
para o interior do capilar. Quem estimu-
la essa abertura são os filamentos de an-
coragem. Guarde essa informação, pois Fluido
quando falarmos de drenagem, você pre- Intersticial
Capilar
cisará desse conceito. Linfa Linfático

Mecanismo de Figura 4
Fonte: Adaptado de Getty Images

Transporte da Linfa
Diferentemente do Sistema Venoso, o Sistema Linfático não tem uma bomba
como o coração.

Sendo assim, a drenagem da linfa formada vai depender da pressão do líquido


intersticial, das contrações musculares, do diafragma, da drenagem linfática manu-
al, exercícios físicos e dos linfângios.

A diferença de pressão do meio extracelular para o interior dos vasos é a grande


responsável pela passagem dos líquidos, mas existem vários fatores envolvidos.

Os linfângios são a porção do vaso linfático localizada entre duas válvulas, e


tem capacidade própria de contração. Funcionam como microcorações, poden-
do apresentar até 30 contrações por minuto. Cada linfângion é independente e
funciona como se cada um possuísse seu próprio marcador.

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O estímulo mais importante para a contração é o aumento de volume com
distensão de sua parede, mas há outros estímulos que os acionam, como estí-
mulos alfa-adrenérgicos, movimentos ativos e passivos, batimento arterial contra
sua parede, entre outros. Suas contrações permitem alcançar pressões entre 10 a
55mmHg, podendo atingir 120mmHg nos membros inferiores.

Essas pressões demonstram por que a maioria das técnicas de drenagem linfá-
tica manuais mantém a pressão das mãos entre 30 a 40 mmHg, pois a intensão é
“imitar” um linfângion.
Explor

Demonstração dos linfângions e das válvulas do Sistema Linfático: http://bit.ly/2HMVphW

Qual a importância das válvulas no Sistema Linfático? Você terá a resposta na videoaula
Explor

desta Unidade.

Edema
Refere-se ao grande acúmulo de
líquido nos espaços intercelulares ou
nas cavidades do organismo. Macros-
copicamente, o edema apresenta-se
como aumento de volume dos tecidos
que cedem facilmente à pressão loca-
lizada, dando origem a uma depres-
são que rapidamente desaparece.

O edema pode limitar o movimen-


to, além de gerar dor no local, jus-
tamente por que está comprimindo
Figura 5
estruturas ao seu redor. Fonte: Getty Images

Edema de membro inferior


Existem alguns tipos de edemas, e eles podem ser ocasionados por alterações
mecânicas no Sistema Linfático, em que ocorre a redução da capacidade dos vasos
de realizar a drenagem, porém o volume a ser drenado é normal, ou uma alteração
dinâmica, em que o sistema linfático está íntegro e o volume a ser drenado excede
sua capacidade de drenagem:

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UNIDADE Sistema Linfático

• Insuficiência linfática dinâmica: a carga linfática ultrapassa a capacidade


total de transporte, ocasionado o edema. São tipicamente pobres em pro-
teína e, geralmente, típicos de insuficiência cardíaca congestiva e também
edemas venosos;
• Insuficiência linfática mecânica: há perda da função normal das estruturas
linfáticas, mesmo com cargas linfáticas fisiologicamente normais, há um
acúmulo tecidual de líquidos e macromoléculas, sendo edemas de alto conteú-
do proteico e também são chamados de linfedemas. A quantidade associada
de líquidos, ao menos na fase inicial, deve-se à diferença de pressão osmótica
das macromoléculas.

Os linfedemas são classificados em primários ou secundários. Nos primários,


há alteração congênita do desenvolvimento de vasos linfáticos e linfonodos ou
obstrução de etiologia desconhecida, e não iremos falar sobre eles.

Já nos secundários, a disfunção ocorre em tecido linfático normal, sendo os


pós-cirúrgico seu exemplo mais comum, pelos traumatismos gerados no ato ci-
rúrgico, ou seja, cortes e remoção ou reposicionamento de tecidos. É nesse tipo
que iremos atuar, no pós-operatório de cirurgias estéticas.

Alterações do Sistema
Linfático no Pós-operatório
Nas cirurgias estéticas, os capilares venosos e linfáticos, assim como os vasos,
são lesados durante o procedimento, seja pelas incisões cirúrgicas, seja pela cânula
de aspiração. Dessa forma, o Sistema Linfático tem sua homeostase prejudicada e,
assim, nossa atuação torna-se imprescindível.

O excesso de líquido exerce aumento de pressão sobre os capilares linfáticos e


isso provoca o afastamento dos filamentos de ancoragem, distendendo as células
endoteliais, o que dificulta o trajeto linfático e deixa o processo mais lento.

Além disso, as válvulas perdem a capacidade de impedir o refluxo, ocasionada


estase, ou seja, a linfa fica parada aumentando o edema. Com isso, muitas proteí-
nas ficam paradas, e os macrófagos tentam eliminá-las. Esse mecanismo de defesa
ativa os fibroblastos, e aí também ocorre a fibrose. Quanto mais o edema persistir,
mas esse quadro se agrava.

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Figura 6
Fonte: Getty Images

O excesso de edema pode, também, promover um alargamento da cicatriz.

Figura 7 – Drenos pós abdominoplastia para que o edema seja minimizado


Fonte: ARANTES, et al, 2009

Uma outra alteração comum é a equimose, manchas arroxeadas que vão mu-
dando de cor até desaparecem, decorrentes do extravasamento de sangue dos va-
sos de pequeno calibre que são lesionados durante a cirurgia.

Tanto o sistema linfático quanto o venoso, criam anastomose, ou seja, novos


vasos que reabsorvem o edema e também as equimoses. Mas a Drenagem, assim
como O Ultrassom e o Laser de Baixa Intensidade podem auxiliar para que esse
quadro reverta mais rapidamente, lembrando-se de que quanto maior o edema,
maior também o quadro álgico, pois, dessa forma, o excesso de líquido comprime
terminações nervosas.

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UNIDADE Sistema Linfático

As equimoses, quando não tratadas e caso o paciente se exponha ao Sol, po-


dem se tornar hipercrômicas, ou seja, escurecidas, o que trará insatisfação no re-
sultado final.

Figura 8 – Equimose pós cirurgia facial


Fonte: Getty Images

Fibrose, mecanismo de defesa em pós-operatório de lipoaspiração: http://bit.ly/2Mo2hq8.


Explor

Equimose pós lipoaspiração: http://bit.ly/2MhbsbP.

Drenagem Linfática Manual


Foi desenvolvida por Emil Vodder e Estrid Vodder, entre 1932 e 1936, quando
publicaram, em Paris, as bases dessa técnica.

Por meio dessa técnica de massagem, passaram a observar a melhora clínica


de alguns pacientes, quando estimulavam determinadas regiões linfonodais e,
a partir desses dados, desenvolveram as manobras circulares, bombeamentos
que são até hoje os pilares do tratamento de linfedema. Esses movimentos são
centrípetos, lentos, rítmicos e direcionados no sentido da fossa clavicular. O méto-
do foi apresentado inicialmente a Esteticistas.

Foi fundada a Sociedade para Drenagem Linfática Manual pelo método de


Vodder que, posteriormente, passou a se chamar Sociedade Alemã de Linfologia,
pois no país já era aceita pela comunidade médica.

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Após Vodder, outros foram modificando a técnica e até a incorporando em di-
versos tratamentos médicos. Dentre eles, Foldi, Leduc, Godoy & Godoy desenvol-
veram outras manobras manuais, acessórios, associaram exercícios e bandagens.
Albert Leduc foi aluno de Vodder e, por meio da linfocintigrafia, demonstrou
as variações do fluxo de proteínas plasmáticas na circulação linfática, utilizando
técnicas de D. L. M, bandagens e outros dispositivos intermitentes de compressão.
O importante é você saber que, independente da técnica aplicada, a fisiologia
sempre deve ser respeitada e também alguns preceitos para a execução.
Hoje em dia, existem diversas técnicas no Mercado, e todas as citadas contri-
buíram para o aperfeiçoamento.
A drenagem pode ser realizada de forma sistêmica, ou seja, no corpo todo, ou
então, nas áreas mais afetadas pelo edema. Nas videoaulas das Unidades subse-
quentes, teremos demonstração prática para tornar mais dinâmico o aprendizado.
O objetivo da técnica é direcionar o fluido linfático de vias edemaciadas para
os linfáticos saudáveis, livres de edema. A linfa é, então, drenada de volta para a
circulação por meio de rotas alternativas. 
Ela atua no deslocamento de proteínas extravasadas para serem reabsorvidas,
equilibrando as pressões hidrostáticas e tissulares, diminuindo o edema.
Pode ser iniciada após 48 horas da cirurgia, mas só pode ocorrer depois da au-
torização médica. Mesmo com drenagem, o edema pode persistir, pois ele também
está relacionado a outros fatores como secreção de cortisol liberado no processo
inflamatório e também ao reparo tecidual e cicatricial.
Os cuidados mais importantes devem ser:
• Velocidade de deslizamento, pois a linfa é carregada para os linfonodos e eles
funcionam como filtros que limitam a velocidade de passagem;
• Pressão exercida entre 30 a 40 mmHg;
• Conhecimento anatômico dos linfonodos e do trajeto linfático.
No caso da drenagem no pós-operatória, ela é um pouco diferente da drenagem
tradicional, pois, em algumas regiões, teremos cicatrizes e também o comprometi-
mento da malha linfática. Daí a necessidade de realizar a drenagem reversa, sempre
buscando o melhor trajeto para a linfa.
Qualquer aumento da velocidade ou da pressão exercida pode acarretar a le-
são do vaso ou do linfonodo. As manobras são suaves e superficiais, não havendo
compressão muscular.
As manobras que serão realizadas são as de evacuação, cuja função é estimular
os linfonodos e as de captação, que leva a linfa para ser filtrada. Dentre elas, utili-
zaremos bombeamentos e braceletes e círculos:
• Evacuação: é a transparência dos líquidos captados longe da zona de captação

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UNIDADE Sistema Linfático

»» Objetivo: proporcionar um aumento do fluxo linfático na região proximal,


deixando essa descongestionada e preparada para receber a linfa de outras
regiões distais;
• Captação: manobras realizadas no mesmo nível da infiltração
»» Objetivo: absorver os líquidos excedentes da região com estase e transportá-
-los através dos vasos linfáticos de volta para a circulação venosa.

Os linfonodos estimulados na região da face serão: supra e infraclaviculares,


cervicais, submentonianos, submandibulares, parotídeos, mastoideos e occipital.
Explor

Representação dos Principais Linfonodos Faciais: http://bit.ly/2MjLGnx.

Figura 9 – Estímulo dos linfonodos cervicais


Fonte: Getty Images

Já na região corporal serão: supra e infraclaviculares, axilares, cubitais, região


da cisterna do quilo, inguinais e poplíteos.
Explor

Representação dos principais linfonodos corporais: http://bit.ly/2MnIibc.

Linfonodos

Mamilo

Figura 10
Fonte: Adaptado de Getty Images

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Nessa imagem, podemos observar os linfonodos da região axilar, muito impor-
tantes para a drenagem das mamas e da porção superior do abdômen.

A respiração diafragmática também é uma opção para auxiliar no deslocamento


da linfa, já que o diafragma, quando se movimenta, estimula a cisterna do quilo. Os
movimentos de evacuação deverão ser realizados 5 vezes em cada região e os de
captação de 6 a 10 vezes.

Figura 11 – Manobra clássica de Drenagem Manual


Fonte: Getty Images

A drenagem pode ser realizada a seco ou com auxílio de cosméticos, caso seja
com cosméticos, a quantidade deve ser mínima para que tenha atrito na pele e não
um deslizamento profundo, pois dessa forma iremos estimular os filamentos de
ancoragem.

Figura 12 – Esquema de direção da linfa. As manobras de drenagem devem respeitar esse trajeto
Fonte: Getty Images

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UNIDADE Sistema Linfático

Figura 13 – Equipamento de pressoterapia que realiza drenagem linfática mecânica,


utilizado nos membros inferiores em alguns centros cirúrgicos para evitar trombose
Fonte: Getty Images

DLM: Drenagem Linfática Manual;


Explor

POI: Pós-operatório imediato;


POT: Pós-operatório tardio.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Edema e linfedema
http://bit.ly/2ImSRpx

Livros
Reabilitação Linfovenosa
GODOY, J. M. P; BELZACK, C. E. Q, GODOY, M. F. G. Reabilitação Linfovenosa.
Rio de Janeiro: Di Livros, 2005.

Leitura
A eficácia da drenagem linfática
http://bit.ly/2IiLFLc
Análise comparativa das técnicas de drenagem linfática manual: Método Vodder e Método Godoy & Godoy
http://bit.ly/2Ioao0C

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UNIDADE Sistema Linfático

Referências
GODOY, J. M. P; BELZACK, C. E. Q, GODOY, M. F. G. Reabilitação Linfovenosa.
Rio de Janeiro: Di Livros, 2005.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 9. ed. São Paulo:


Guanabara Koogan, 1996. Cap. IV e XVI.

GODOY, J. M. P., GODOY, M. F. G. A New Approach to Manual Lymphatic


Drainage. 2001. p. 34-5.

KUBIK, S. et al. Textbook of Lympholgy for Physicians and Lymphedema


Therapists. 2.ed. Alemanha: Elsevier, 2006.

TÁBOAS M. I. et al. Linfedema: revisão e integração de um caso clínico. Revista


da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, São Paulo, v.
23, n. 1, ano 21, 2013. Disponível em <http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/down
load?doi=10.1.1.681.1743&rep=rep1&type=pdf>. Acesso em: 25 mar. 2019.

Sites visitados
<https://www.lymphoedemasupportni.org/sites/default/files/lymph%20book%20
pink.pdf>. Acesso em: 25 mar. 2019.

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Estética e Cirurgia
Material Teórico
Cirurgias Estéticas Corporais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Cirurgias Estéticas Corporais

• Cirurgias Estéticas Corporais.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Ter uma visão das principais cirurgias estéticas corporais;
• Conhecer as complicações e a atuação estética no pré e no pós-operatório.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Cirurgias Estéticas Corporais

Cirurgias Estéticas Corporais


Atualmente, a busca pelo belo e pela forma ideal vem aumentando significati-
vamente a procura de procedimentos estéticos e cirúrgicos com o intuito de um
corpo harmonioso e saudável. Quem não tem vontade de mudar alguma coisa no
seu corpo, não é verdade?

A eficiência de uma cirurgia plástica não depende somente do seu planejamento


cirúrgico, mas também da intervenção e dos cuidados pré e pós-operatórios, o que
tem servido como fator preventivo de possíveis complicações e na promoção de
um resultado estético mais satisfatório, bem como diminuição do tempo de recupe-
ração após uma cirurgia.

Acredita-se que os anseios, as vontades e os sentimentos relacionados à percep-


ção e à forma corporal sejam os principais desencadeadores da procura por esse
tipo de intervenção clínica, contudo, diferentemente de alguns anos atrás, o inte-
resse pela alteração e mudança da aparência do corpo tornou-se objeto de desejo,
sendo associado à obtenção de felicidade e melhora da autoestima.

Provavelmente, quem procura um cirurgião plástico já tenha realizado algum


tratamento estético. Se observamos essa informação, veremos que nosso contato
prévio pode auxiliar o paciente na escolha da cirurgia, bem como prepará-lo para
o procedimento.

A importância da cirurgia plástica foi concretizada no século XX, após as duas


grandes guerras mundiais e o elevado número de soldados desfigurados pelas le-
sões oriundas dos conflitos. Desde então, os cirurgiões puderam aumentar suas
experiências em técnicas de reparação de feridos.

Daí em diante, a cirurgia plástica se expandiu em diversas esferas do âmbito so-


cial e humanista, proporcionando alívio emocional aos indivíduos desfigurados sub-
metidos à cirurgia reconstrutiva. A partir desse momento, houve uma mudança no
olhar da comunidade médica e de órgãos de saúde sobre a realização de cirurgias
plásticas também entre indivíduos não deformados. Pelo reconhecimento positivo,
a intervenção cirúrgica passou a se tornar um procedimento eletivo, com finalidade
primordialmente estética.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica considera a cirurgia plástica estética


como procedimento utilizado para remodelar as estruturas normais do corpo, me-
lhorando a aparência e autoestima do paciente. Por outro lado, a cirurgia plástica
reparadora visa reparar estruturas anormais do corpo com o objetivo de melhoria
da função orgânica tecidual. Além disso, busca proporcionar ao paciente uma apa-
rência mais próxima do normal.

A atuação estética é muito mais aplicada nas cirurgias estéticas do que nas repa-
radoras, visando à melhora de edemas, cicatrizes, garantindo bem-estar, autoesti-
ma e promovendo a saúde.

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Um levantamento realizado pela International Society of Aeshetic Plastic
Surgery (ISAPS) demonstrou que o Brasil se encontra em primeiro lugar no
ranking mundial de procedimentos cirúrgicos de caráter estético. Segundo esse
estudo, os números superam as cirurgias plásticas realizadas nos EUA, país que li-
derou o ranking durante os últimos anos. Dentre os procedimentos cirúrgicos mais
comumente realizados no mundo, encontram-se: implante de prótese de mamas
(15,3%), lipoaspiração de abdômen (13,9%), blefaroplastia (cirurgia de páloebras)
(11,9%), lipoescultura (9,1%) e rinoplastia (cirurgia de nariz (8,2%).

O ato cirúrgico se constitui em uma agressão tecidual que, mesmo bem direcio-
nado, pode prejudicar a funcionalidade desses tecidos. Embora pareça desnecessá-
rio para alguns cirurgiões, o atendimento estético, pré e pós-operatório na cirurgia
plástica é de extrema importância na reabilitação do cliente. Em alguns casos, o
cliente nos é encaminhado tardiamente, o que pode influenciar no resultado final.
Frente a isso, devemos cada vez mais nos aprimorar para que as técnicas aplicadas
no pré e pós sejam precisas, bem direcionadas e realizadas com total profissiona-
lismo, sempre prezando pela biossegurança, tão importante nesse período onde os
tecidos não estão íntegros.

O objetivo do tratamento pré-operatório é o de fortalecer os vasos sanguíneos


e linfáticos da região a ser operada, desobstruindo possíveis congestionamentos,
hidratar a pele para a melhor e mais rápida recuperação das incisões e processo
cicatricial; no pós, os recursos manuais, eletroestéticos e cosmetológicos permiti-
rão tratar edemas, drenando e descongestionando os tecidos, promovendo uma
cicatrização mais rápida e de melhor qualidade. Por isso, em nossa videoaula serão
apresentados protocolos para a preparação das cirurgias plásticas corporais.

Importante! Importante!

Longe da crise que afeta diversos setores da economia nacional, um levantamento da


SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) apontou que a busca por procedimentos
para fins reconstrutores ou estéticos tem crescido a cada ano. Em comparação a 2014 –
ano da publicação do último balanço –, as intervenções aumentaram em 23% para o
primeiro caso e 8%, no segundo.

Orientações da esteticista no pré e pós-operatório


O papel da esteticista vai muito além do atendimento. Você pode contribuir de
maneira efetiva desde a escolha do cirurgião, a preparação do cliente e entender
seus verdadeiros anseios para a realização da cirurgia. A formação do médico e se
ele pertence à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é uma informação muito
relevante que a cliente deve ter. Na consulta, devem ser sanadas todas as dúvidas,
todos os procedimentos devem ser explicados, incluindo riscos, limitações, tempo
de afastamento do trabalho e da vida social, bem como todos os investimentos, não
só com a cirurgia, mas com cintas, curativos e atendimento estético.

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Corporais

Essas informações elucidadas juntamente com o currículo do médico escolhido


minimizam erros que são cada dia mais apresentados na mídia, como profissio-
nais não qualificados realizando técnicas em locais inadequados, bem como uti-
lizando material de má qualidade, levando a alterações muitas vezes irreversíveis
e até à morte.

Cada procedimento tem sua particularidade, necessitando ou não ser realizado


em centros cirúrgicos, às vezes em consultórios, mas sempre com equipamentos e
medicamentos adequados caso ocorra, por exemplo, uma parada cardiorrespira-
tória e, também, quando esses procedimentos forem realizados em locais que não
têm Unidade de Terapia Intensiva (UTI), deve-se ter uma ambulância de prontidão.

A escolha da anestesia ou da sedação sempre será exclusiva da equipe médica,


que avaliará as condições clínicas do paciente, o tempo e a extensão da cirurgia.
Aqui temos as principais:
• Local com sedação: é comum em procedimentos pequenos e retoques;
• Peridural: pode ser usada em qualquer cirurgia do pescoço para baixo e,
normalmente, é aplicada com sedativos. A anestesia peridural para cirurgia
plástica tem a vantagem de contribuir para a prevenção de tromboses. Além
disso, profissionais mais experientes conseguem bloquear apenas o local que
receberá a intervenção;
• Raqui: é utilizada em cirurgias do abdômen para baixo, como de órgãos abdo-
minais e membros inferiores, mas pouco usada nas cirurgias plásticas;
• Geral: é um tipo de anestesia mais profunda, na qual há um coma induzido
e se exige intubação, nela o paciente passa a ter a respiração controlada por
um aparelho.

Você pode orientar sua cliente através do seguinte site, para escolher o cirurgião.
Explor

Disponível em: http://bit.ly/2KGpNeb

Lipoaspiração
A lipoaspiração ou lipossucção foi criada na década de 1980, é um procedi-
mento cirúrgico que pode ser realizado com anestesia peridural ou raqui e geral.
É uma cirurgia realizada através de pequenas incisões na pele, onde são introdu-
zidas cânulas que aspiram a gordura localizada em pequenas regiões do corpo
através de uma pressão negativa. No passado, utilizava-se o método seco, sem ne-
nhuma introdução de infiltração de líquido, com isso ocorria intenso sangramento.

Hoje em dia existem diversas técnicas modernas, em que se utilizam lasers, in-
filtrados de soro e substâncias vasoconstritoras, cânulas mais finas, tudo para mini-
mizar efeitos colaterais e diminuir os riscos. Dentre os riscos, o mais preocupante é

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a perfuração dos órgãos, por isso a escolha de um cirurgião habilidoso e habilitado
é essencial.

Alguns itens devem ser levados em consideração para a realização das cirurgias
estéticas em geral, e muitos deles estão relacionados com a história clínica do pa-
ciente, mas, no caso da lipoaspiração, a quantidade de gordura aspirada é um fator
muito importante, pois, se exceder o recomendado, o paciente poder ir a óbito,
visto que perde-se muito líquido e sangue. O cliente ideal é aquele que não tem
sobrepeso, que entende que não é um procedimento para emagrecer, e sim um
procedimento para tornar o contorno corporal harmonioso. O volume de gordura
aspirada não deve ultrapassar de 7% a 10% do peso corporal do cliente, embora
isso não seja um consenso geral.

Tipos de Lipoaspiração
• Lipoaspiração tradicional úmida ou seca: Lipoaspiração “úmida” ou méto-
do “hídrico” é um procedimento em que é infiltrado previamente uma solução
composta por adrenalina, soro fisiológico e água destilada com o objetivo de
facilitar a aspiração da gordura e diminuir o sangramento durante a passagem
da cânula. Na seca é somente introduzir a cânula e aspirar, o que causa muito
mais atrito e sangramento.
• Vibrolipoaspiração: Consiste em uma cânula acoplada a um sistema vibrató-
rio com o objetivo de diminuir o trauma no tecido adiposo e facilitar o trabalho
do cirurgião.

Ainda existem a lipoaspiração a laser e a ultrassônica, com o intuito de romper


o adipócito e liquefazer a gordura, para que possa remover uma quantidade maior
de tecido adiposo, sem muito sangramento.

Você Sabia? Importante!

Os primeiros registros da história da cirurgia plástica na humanidade datam mais de dois


mil anos antes de Cristo. Papiros vindos da Índia relatam técnicas rudimentares de re-
construção de partes do corpo, principalmente de cirurgias do nariz, graças às mutilações
que serviam como castigo para os hindus.

Dentre os sintomas que podem aparecer, podemos citar:


• Contorno corporal irregular: Às vezes a quantidade aspirada não é simétrica
e o tratamento estético no pós-operatório é imprescindível. Poderão ser reali-
zados protocolos cosméticos para redução de medidas;
• Depressões: Ocorre ou porque a quantidade aspirada foi excedente ou então
pelo processo de fibrose, que falaremos mais a respeito;
• Equimose e/ou hematoma: Decorrentes da lesão dos capilares venosos, com
extravasamento de sangue. Poderá ser tratado com microcorrentes ou ultrassom;

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Corporais

• Flacidez: Como o tecido adiposo é o coxim de sustentação da pele, quando


ele é aspirado, pode-se gerar uma flacidez tissular, ou seja, o tecido perde seu
recheio e a pele “sobra”, sendo também uma complicação que pode ser atenu-
ada com recursos eletroestéticos, como a radiofrequência;
• Fibrose: Muito comum na lipoaspiração, é uma alteração do processo de ci-
catrização onde o tecido não se repara da forma fisiológica, gerando muito
colágeno e matriz extracelular, dando um aspecto endurecido ao tecido, com
depressões visíveis. Essa alteração também podemos tratar.

Percebe como é importante o trabalho estético no pré e pós-operatório? Por isso


também conhecer as cirurgias e suas possíveis complicações fará toda a diferença
na hora da escolha da melhor técnica de atuação. Pode ser atenuada com ultrassom
e mobilização tecidual.
Explor

Fibrose pós-lipoaspiração: http://bit.ly/2NIz9uv

• Seroma: Acúmulo de líquido abaixo da pele, próximo à cicatriz cirúrgica.


Esse acúmulo de líquido é mais comum após cirurgias em que houve corte e
manipulação da pele e do tecido gorduroso, como após cirurgias plásticas. Na
maioria dos casos, é necessário que o médico faça uma punção, mas a drena-
gem pode auxiliar também.

Figura 1 – Seroma pós cirúrgico


Fonte: Getty Images

A dor estará presente também no pós-operatório, o cliente deverá utilizar cinta


compressiva por pelo menos 60 dias e também uma espuma para não “dobrar”
o abdômen. Também são recomendadas roupas confortáveis que não marquem,
alguns médicos utilizam curativos elásticos, esses previnem muito a fibrose e são
colocados no centro cirúrgico, e a drenagem nesse caso deve ser feita a seco, sobre
o curativo.

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Figura 2 – Hematoma decorrente da cânula de aspiração
Fonte: Getty Images

Algumas complicações são consideradas muito graves como:


• Embolia Pulmonar: Quadro grave que pode levar à morte;
• Embolia Gordurosa: Menos frequente, porém grave;
• Perfurações: A perfuração das vísceras pode levar a quadros de infecção, à
septicemia e morte do cliente após o procedimento.

Nesses casos, o tratamento é exclusivamente médico.

Abdominoplastia

Figura 3 – Antes e depois abdominoplastia


Fonte: Getty Images

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A abdominoplastia ou dermolipectomia é uma técnica cirúrgica para correção


de excessos de pele, ou seja, flacidez tissular e pitose, e pode também ter a cor-
reção da musculatura, quando ocorre a diástase, ou seja, o afastamento do ventre
do músculo reto abdominal. As indicações mais comuns são: gestações múltiplas,
adiposidade com flacidez, obesidade seguida de grande emagrecimento, abdômen
estriado, sequelas de abdominoplastias anteriores.

Na dermolipectomia abdominal, realiza-se retirada de retalho cutâneo e gordura da


região inferior do abdômen, de maneira que o retalho do abdômen superior recobre
toda extensão abdominal. Também é realizada plicatura do músculo reto abdominal,
o que proporciona aproximação dos músculos oblíquos e promove acinturamento.

A incisão é supra púbica, prolongando bilateralmente até os ossos ilíacos haven-


do uma transposição do umbigo, podendo haver a correção da diástase através de
plicatura da aponeurose dos músculos abdominais.
Explor

Passo a passo da abdominoplastia: http://bit.ly/32fxsYB

O resultado estético desse procedimento dependerá das proporções que o ab-


dômen manterá com o resto do tronco e dos membros. Também poderá haver
redução de peso pela retirada de excesso de pele e tecido adiposo, muito embora
os abdomens que apresentam os melhores resultados são aqueles em que se fazem
as menores retiradas, onde o paciente também se encontra em boas condições nu-
tricionais e que não tem um grande sobrepeso ou obesidade presentes.

Após o procedimento, o paciente fica com um dreno aspirativo externo com o


objetivo de extravasar os líquidos intercelulares excedentes. O tempo de permanên-
cia é estabelecido pelo cirurgião.

Figura 4 – Abdominoplastia e dreno


Fonte: rbcp.org.br

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No quadro pós-operatório, observam-se várias alterações, consideradas normais
nesse tipo de procedimento:
• Diminuição da expansibilidade torácica com respiração apical, ou seja, a respi-
ração fica curta, em decorrência da plicatura;
• A sensação de ardência na incisão e de repuxamento abdominal também está
presente, pois a quantidade de pele (retalho) é menor do que se estava habi-
tuado, e existe a tração da cicatriz. Por esse motivo, por ao menos 15 dias, o
paciente ficará com os joelhos, quadril e tronco flexionados;
• Com essa posição álgica, a dor e o receio da cicatriz abrir, é normal contratura
muscular, edema e equimose na região abdominal.

Todos esses sintomas podem ser atenuados com a DLM.

Podem existir ainda complicações, são elas:


• Seroma: devido ao amplo descolamento do retalho abdominal, necessitando
de punção aspirativa e curativo de tensão (micropore ou outra faixa elástica);
• Lipólise: no caso de tecido adiposo denso, há eliminação de líquido amarelado
pela cicatriz. Quando o médico liberar, pode-se realizar drenagem;
• Necrose: nesse caso, o processo de cicatrização está passando por morte ce-
lular – necessita de acompanhamento médico;
• Hematoma: será atenuado com drenagem e microcorrentes;
• Infecção: contraindicado qualquer tratamento estético enquanto a mesma
não cessar;
• Deiscência de sutura: alteração cicatricial, pode-se utilizar microcorrentes e
alta frequência;
• Hipertrofia cicatricial: a cicatriz fica espessa, avermelhada – veremos mais
sobre esse assunto em outra unidade.
• Tromboembolia: causa mais comum nos casos de óbito após o procedimento.

DLM: drenagem linfática manual.


Explor

Dermolipe: dermolipectomia ou abdominoplastia.


Lipo: lipoaspiração.
Plicatura: amarração do reto abdominal.
Edema: inchaço.
Equimose ou hematoma: mancha roxa.
Posição álgica: posição de dor.

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Ginecomastia
É uma hipertrofia e hiperplasia benigna da glândula mamária masculina, onde a
mesma aumenta de volume, apresentado forma arredondada. A maior ocorrência
é na fase infanto puberal entre 13 e 16 anos. Seu tratamento é indicado quando
causa dor, constrangimento e desconforto emocional.

O objetivo da cirurgia é remover o tecido mamário extra, restaurar o formato


da mama masculina com cicatriz mínima, que pode ser periareolar ou transareolar,
com ou sem lipoaspiração. Caso a ginecomastia seja apenas adiposa, pode ser
realizada somente a lipoaspiração.

O sintomas são dor, equimose e edema.


Explor

Antes e depois de ginecomastia: http://bit.ly/32nq4L5

Cirurgia íntima
A genitália feminina tornou-se objeto de pesquisa de diversas áreas da ciência e
tem se tornado território tão “tecnologizado” quanto o próprio corpo, configuran-
do-se como lugar de múltiplas intervenções.

A Ninfoplastia ou a Labioplastia é um procedimento simples e rápido, que con-


siste na abordagem cirúrgica e estética da região íntima da mulher. O aprimora-
mento e o modelamento da assimetria dos lábios menores, assim como do tecido
redundante da vulva, são os principais objetivos da técnica proposta.

Na atualidade, a cirurgia vaginal cosmética tem ganhado ampla aceitação e am-


plo desenvolvimento, tornando-se um procedimento popular e abertamente divul-
gado, decorrência dos benefícios e excelentes resultados obtidos com uma técnica
bem depurada. Amplamente divulgado na mídia como “rejuvenescimento genital”,
compreende diversos aspectos, desde a alteração funcional e estrutural até o apri-
moramento da aparência estética da genitália feminina. Essa abordagem engloba
uma série de procedimentos de caráter cirúrgico: Entre os procedimentos mais
comuns, a redução do monte de vênus, vulvoplastia, vaginoplastia, perineoplastia
e himenoplastia.

Dentre essas, a que a estética mais atua é no pré e pós-operatório da redução do


monte de vênus. No pré, são realizados protocolos para redução da gordura locali-
zada; e no pós, drenagem linfática. A técnica cirúrgica utilizada é a lipoaspiração.

Implantes de silicone
Dentre os implantes, podemos citar os implantes de peitoral, implantes glúteos
e, os mais comuns, implantes mamários.

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Os implantes de peitoral são indicados para homens que querem simular a hi-
pertrofia do musculo peitoral, ou seja, aparentar um peitoral definido. A colocação
é feita na região axilar (incisão transaxilar) e a via de colocação infra muscular.
Os sintomas são os mesmos da ginecomastia, além do processo cicatricial. A co-
locação da prótese é através de uma incisão no sulco inter glúteo logo abaixo do
cóccix e abaixo da musculatura glútea.
Os sintomas também são equimose, edema e dor, havendo ainda a possibilidade
de contratura, pois, como é um corpo estranho, o organismo pode rejeitar e assim
formar uma cápsula fibrosa ao redor da prótese, que por vezes fica endurecida
demais, levando a um quadro álgico. Importante enfatizar para o paciente que ele
jamais poderá tomar injeção nessa região. O tratamento estético é a DLM.
O perfil de um implante é a medida de sua altura, ou seja, sua projeção a partir
da base da prótese. Essa medida é responsável pela projeção da mama para frente.
Algumas marcas disponibilizam quatro perfis diferentes: perfil baixo, perfil modera-
do, perfil alto e perfil extra alto.
Hoje em dia, utiliza-se prótese com revestimento texturizado que apresenta uma
superfície porosa, a qual evita o aparecimento de encapsulamento com redução de
possibilidades de contratura, não tendo necessidade de mobilização da prótese – o
que antigamente era indicado pois os implantes eram lisos. As próteses podem ser
redondas, cônicas e em gota, a região de incisão pode ser infra mamária, periareo-
lar ou axilar, além disso podem ser colocadas na frente ou atrás do músculo peito-
ral. Todas essas particularidades devem ser avaliadas pelo cirurgião e pelo paciente,
pois elas influenciarão no resultado.

Figura 5 – A prótese pode ser colocada atrás ou a frente do músculo peitoral


Fonte: Getty Images

Dentre os sintomas mais comuns, podemos citar:


• Edema e dor nos membros superiores, dependendo da via de colocação;
• Movimento dos braços limitados, devendo evitar elevar os mesmos acima de
90 graus pelo menos por 30 dias;
• Sensação de pressão e desconforto nas mamas;
• Alteração de sensibilidade temporária, podendo permanecer até 6 meses.

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Corporais

Todos esses sintomas são atenuados pela DLM e com compressas com loções
descongestionantes geladas.

Além disso, podemos sempre considerar a possibilidade de seroma, hematoma


e estrias. A assimetria é natural nos primeiros meses, visto que as mamas já são
assimétricas e, na maioria dos casos, os tamanhos das próteses são diferentes, mas
o tecido se acomodará.

Ainda podemos ter a contratura capsular, embora não seja tão comum, pois as
próteses modernas são texturizadas. Antigamente, elas tinham um tempo de dura-
ção; hoje em dia, contudo, podem ficar por décadas, embora sempre com acom-
panhamento médico através de exames de imagem como mamografia, ultrassom,
tomografia e ressonância, dependo da indicação.

Amamentar também não é um problema para quem tem prótese mamária.

Voltando a falar da contratura, ela é definida como uma cicatrização esférica


secundária a alterações celulares e morfológicas da cápsula que envolve a prótese
mamária, resultando em uma mama endurecida, distorcida e, em alguns casos, do-
lorosa. Muitos fatores locais estão envolvidos na sua produção, como uma resposta
inflamatória exacerbada e/ou prolongada, trauma, hematoma, infecção, vazamento
de silicone da prótese, entre outros fatores ainda desconhecidos.

A contratura capsular é classificada em graus, que variam de I a IV. Seu diag-


nóstico é eminentemente clínico, no entanto, exames de imagem como ultrassom,
tomografia computadorizada e ressonância magnética podem colaborar.

Algumas medidas são consideradas importantes na prevenção da contratura cap-


sular, como o uso de antibióticos sistêmicos ou então esteroides ou antibióticos na
região onde foi instalada. Próteses texturizadas, como já falamos, também diminuem
esse processo, implantação da prótese em plano subpeitoral, dreno de sucção, mas-
sagem da mama e administração de vitamina E – deixando claro que a massagem na
mama ou drenagem só podem ser realizadas com consentimento médico.

De acordo com a gravidade da contratura, o tratamento pode ser cirúrgico (cap-


sulotomia ou capsulectomia, com reposicionamento da prótese), farmacológico
(como instilação intracapsular de esteróides) ou, ainda, realizado a partir da utiliza-
ção de métodos como acupuntura, entre outros.
Explor

Alterações decorrentes da contratura muscular: http://bit.ly/32hSshk

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Mastopexia e Redução de Mamas
A mastopexia é uma cirurgia de reposicionamento das mamas, com o intuito de
tratar ptose e flacidez. Na maioria dos casos, ela vem associada com a colocação de
prótese, pois, quando se retira o excesso de pele, pode ter pouco tecido e então as
mamas ficariam com pouco volume. Geralmente quando se tem a hipomastia mais a
ptose, o uso da prótese é o mais indicado para se obter os melhores resultados. Todos
os sintomas e complicações são os mesmos descritos nas outras cirurgias de mama.

Já a redução de mamas é uma das cirurgias mamárias mais agressivas, pois ge-
ralmente há a necessidade de cicatriz em formato de T, onde a incisão é realizada
na região infra mamária e verticalmente, e na região periareolar, pois há a neces-
sidade de ajustar o tamanho da aréola ao tamanho da mama. Em alguns casos,
a região periareolar pode apresentar diminuição da sensibilidade e problemas de
cicatrização, visto que a vascularização da área precisa ser integralmente recupe-
rada. Complicações como deiscência, hipertrofia e alargamento podem ocorrer, e
veremos mais sobre isso na nossa videoaula.

Até aqui então falamos das principais cirurgias corporais, na videoaula teremos
mais algumas complicações e um protocolo para o pré-operatório, reforçando ain-
da mais nosso papel nas cirurgias estéticas.

Esperamos você, até breve!

Estas são os tipos de cicatriz usualmente utilizadas nas cirurgias de redução das mamas:
Explor

http://bit.ly/32hsQBl

19
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UNIDADE Cirurgias Estéticas Corporais

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Cirurgia Plástica Volume Dois: Estética
WARREN, R. Cirurgia Plástica Volume Dois: Estética. Elsevier Brasil, 2015.

 Leitura
Ranking das cirurgias plásticas
http://bit.ly/2KoWRag
Anestesia para Cirurgia Plástica: as Verdades Sobre a Importância Deste Procedimento que Nunca Contaram a Você
http://bit.ly/2KoXcK4
Ninfoplastia em estrela: técnica para redução dos pequenos lábios vulvares
DAHER, M. et al. Ninfoplastia em estrela: técnica para redução dos pequenos lábios
vulvares. Rev. bras. cir. plást, v. 30, n. 1, p. 44-50, 2015.
http://bit.ly/2KsM6Un

20
Referências
ATLAS DO CORPO HUMANO. v. 3. São Paulo: Ed. Abril, 2009.

COELHO, F. D.; CARVALHO, P. H. B.; PAES, S. T.; FERREIRA, M. E. C. Cirurgia


plástica estética e (in) satisfação corporal: uma visão atual. Rev. Bras. Cir. Plást., v.
32, n. 1, p. 135-140. 2017. Disponível em: <http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-
1235.2017RBCP0019>. Acesso em: 24 mar. 2019.

DAHER, M.; MUÑIZ, A. R.; DAHER, A; C.; VANZAN, K.; MONTEIRO, G.;
MACIEL, J. et al. Ninfoplastia em estrela: técnica para redução dos pequenos
lábios vulvares. Rev. Bras. Cir. Plást., v. 30, n. 1, p. 44-50. 2015. Disponível em:
<http://www.rbcp.org.br/details/1598/pt-BR> Acesso em: 23 mar. 2019.

GOMES, R. K. Cosmetologia: descomplicando os princípios ativos. São Paulo:


Livraria Médica Paulista Editora, 2009.

GUIRRO, E. l.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional. 3. ed. rev. e ampl.


São Paulo: Manole, 2004.

LANGE, A. Fisioterapia dremato-funcional aplicada à cirurgia plástica.


Curitiba: Vitória Gráfica & Editora, 2014.

MACEDO, A. C. B; OLIVEIRA, S. M. A. atuação da fisioterapia no pré e pós-


operatório de cirurgias plásticas corporais. Uma revisão da literatura. Caderno da
escola de saúde Curitiba, v.1, n. 4, p. 185-201, 2010.

MEJIA, M. P. D; SILVA, A. L. A Importância da Drenagem Linfática Manual


no Pós-Operatório de Lipoaspiração e Abdominoplastia. [s.d.]. Disponível
em: <http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/39/05_-_A_ImportYncia_
da_Drenagem_LinfYtica_Manual_no_PYs-OperatYrio_de_LipoaspiraYYo_e_
Abdominoplastia.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2019.

SANTOS, M. A. G.; BOGGIO, R. F.; CARLUCCI, A. R.; MOTOKA, E.; ALBANO,


A. M. Prevenção e tratamento da contratura capsular após implantação de prótese
mamária. Rev. Bras. Cir. Plást., v 25, n. 2, p. 304-308. 2010. Disponível em:
<http://www.rbcp.org.br/details/591/pt-BR>. Acesso em 23 mar. 2019.

SILVA, Marcelle Jacinto da; PAIVA, Antonio Cristian Saraiva; COSTA, Irlena
Maria Malheiros da. A vagina pós-orgânica: intervenções e saberes sobre o corpo
feminino acerca do “embelezamento íntimo”. Horiz. antropol., Porto Alegre, v.
23, n. 47, p. 259-281, Apr. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832017000100259&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 23 mar. 2019.

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Estética e Cirurgia
Material Teórico
Cirurgias Estéticas Faciais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Cirurgias Estéticas Faciais

• Papel do Esteticista no Pré e Pós-Operatório das Cirurgias Faciais;


• Complicações nas Cirurgias Plásticas Faciais;
• Cirurgias Faciais;
• Preenchimentos e Toxina Botulínica.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer as cirurgias faciais e suas possíveis complicações e atuação estética no pré
e pós-operatório.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

Papel do Esteticista no Pré e


Pós-Operatório das Cirurgias Faciais
Vimos no capítulo anterior as cirurgias corporais e o que o esteticista pode
oferecer para seu cliente. Agora veremos as cirurgias faciais e vamos novamente
reforçar que a drenagem linfática sempre será o melhor recurso para o pós-ope-
ratório imediato.

Mas além disso, no pré-operatório existem cuidados específicos, já que a face


apresenta tantas particularidades. Um deles é a limpeza de pele, pois o cliente
necessita de uma pele íntegra e livre de lesões, principalmente se estas forem
inflamatórias. A integridade da pele reflete-se na recuperação da cirurgia e mi-
nimiza algumas das possíveis complicações. Além disso, a hidratação da pele é
fator primordial para que o pós-operatório tenha melhores e mais rápidos resul-
tados. As esfoliações no pré-operatório também são bem-vindas, para uma pele
renovada. A melhora do tônus tissular e muscular, o aumento da hidratação e da
elasticidade da pele facilitam o trabalho do cirurgião, pois resultam em melhores
condições cicatriciais.

No pós-operatório, deve-se dar maior ênfase à drenagem linfática manual e


também aos protocolos cosméticos e eletroterapia aplicada, que veremos em outros
capítulos. É muito importante também se atentar para cuidados com a cicatriz e
posicionamento correto do cliente.

Agora iremos mergulhar nas cirurgias estéticas faciais, que na maioria das vezes
são realizadas para melhorar o contorno facial e minimizar as alterações causadas
pela passagem do tempo. Para isso, é importante deixarmos claras as definições de
cirurgia reparadora e cirurgia estética.

Usaremos as definições de cirurgia reparadora e estética dadas pela American


Society of Plastic and Reconstructive Surgeons, aprovadas pela American Medical­
Association em 1989. A cirurgia reparadora é aquela realizada em estruturas anor-
mais do corpo causadas por defeitos congênitos, anomalias do desenvolvimento,
trauma, infecção, tumor ou doença. É geralmente feita para melhorar uma função,
mas pode também ser feita para uma aproximação de aparência normal. Cirurgia
estética é a realizada para dar nova forma a estruturas normais do corpo, com o
objetivo de melhorar a aparência e a autoestima. Assim, a cirurgia plástica estética
tem por objetivo melhorar a aparência de pessoas cujo problema não tenha sido
causado por doença ou deformidade. São alterações fisiológicas, como o envelhe-
cimento, a gravidez ou desvios da forma externa do corpo, que não configuram
patologia mas causam alterações psicológicas.

Os procedimentos cirúrgicos faciais podem ser agrupados em: rejuvenescimento


facial (ritidoplastia, lifting, blefaroplastia) e cirurgias destinadas a melhorar a forma
do nariz (rinoplastias), da orelha (otoplastias), da mandíbula (ortognática), além de
toxina botulínica e preenchimentos.

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Figura 1 – Rinoplastia – correção do formato do nariz
Fonte: Adaptado de Getty Images

Figura 2 – Lifting ou Ritidoplastia – cirurgia para rejuvenescimento


Fonte: Getty Images

Quando a cirurgia é bem-sucedida, os estudos demonstram que houve melhora


na qualidade de vida, pois ocorreu melhora na autoestima e na segurança, fez com
que mulheres se sentissem capazes de alcançar seus objetivos de vida e a ter maior
desenvolvimento, inclusive, em alguns casos, com ganhos profissionais. Ainda nos
aspectos psicológicos, foram observados no pós-operatório índices menores de an-
siedade e depressão. Por isso nosso papel é tão importante e deve ser realizado
com ciência e responsabilidade.

Importante! Importante!

Atualmente, o Brasil é o segundo no ranking mundial de cirurgias plásticas, com mais de


1,3 milhões de operações realizadas por ano, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
Isso nos dá um excelente mercado de trabalho!

9
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UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

Complicações nas Cirurgias Plásticas Faciais


Como nas cirurgias plásticas corporais, algumas complicações são esperadas e
são passageiras, como as equimoses e edemas, e outras, como hipertrofia cicatri-
cial e queloide, não são esperadas e acabam às vezes durando um tempo dema-
siadamente longo. Sobre as alterações cicatriciais falaremos em outro capítulo e
teremos um olhar mais crítico para as que são mais comuns.
• Equimose: infiltração de sangue nos tecidos com mais de 1 cm, surge com a
ruptura de capilares e pequenos vasos e pode ocorrer por trauma ou aumento
da pressão venosa por compressão das veias e pela progressiva reabsorção
dessa hemorragia pelos macrófagos. A maioria das equimoses se forma quan-
do os vasos sanguíneos próximos à superfície da pele são danificados, geral-
mente por impacto de uma lesão. A força do impacto faz com que os vasos
sanguíneos se abram e vazem sangue. Esse sangue fica preso sob a pele, onde
se forma em uma pequena poça que transforma a pele em roxo, preto ou azul.
Geralmente, aparecem roxos ou azuis alguns dias após a lesão, depois ficam
verdes, amarelos e marrons quando se curam. Essa mudança gradual na cor é
resultado de enzimas presentes durante a cicatrização. Depois que os capilares
ou vênulas se rompem devido a um trauma local, o sangue é derramado na
área circundante.
Macrófagos, glóbulos brancos responsáveis pela limpeza de detritos, ingerem
os glóbulos vermelhos na área da equimose. Através deste processo, a hemo-
globina nos glóbulos vermelhos é degradada em biliverdina, depois em bilirru-
bina e em hemossiderina. Esses diferentes subprodutos da quebra da hemoglo-
bina são responsáveis pela mudança de cores das equimoses.

Figura 3 – Alterações cromáticas na equimose


Fonte: Getty Images

• Hematoma: é o acúmulo de sangue de um rompimento de vasos sanguíneos


de grande calibre, é uma coleção sanguínea. São mais escuros, mais acasta-
nhados e não são tão comuns em cirurgias como as equimoses.

10
Figura 4 – Hematoma palpebral
Fonte: Getty Images

O edema é uma complicação esperada, mas já falamos dele nos outros capítulos.

Cirurgias Faciais
• Blefaroplastia: a pele palpebral, o músculo orbicular do olho e a gordura in-
traorbitária são os elementos anatômicos envolvidos na formação do contorno
palpebral, onde, no processo de envelhecimento, ocorre a perda progressiva
da elasticidade da pele e do músculo orbicular. A alteração no músculo orbi-
cular provoca a perda da capacidade de contenção da gordura intraorbitária,
dando origem às bolsas adiposas palpebrais. A correção do excesso de pele
e de músculo, decorrente do processo de envelhecimento palpebral, deve ser
feita de acordo com a participação de cada um desses elementos na deformi-
dade palpebral.
Blefaroplastia é uma palavra de origem grega (blepharos refere-se às pálpebras
e plásticas, é relativo à forma) e trata-se de um método de escolha para restau-
rar a aparência estética das pálpebras e melhorar o campo de visão, visto que
a ptose pode diminuir o campo visual.

Bolsas adiposas: bolsas de gordura.


Explor

Ptose: queda, flacidez.

Envolve a remoção da pele excedente das pálpebras superiores e inferiores e


do tecido adiposo periorbitário, que faz protusão formando bolsas nessa re-
gião. É uma cirurgia relativamente simples, que não requer internação e pode
ser realizada com anestesia local.
Tem um caráter estético, mas a funcionalidade das pálpebras deve ser preser-
vada. Pode ser -realizada em ambas as pálpebras, ou somente em uma delas,
tudo depende da avaliação do cirurgião.

11
11
UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

Explor
Cirurgia Blefaroplastia – Cirurgia plástica das pálpebras: https://youtu.be/c7tcBYQq0L4

• Cirurgia de Blefaroplastia: observe como a incisão é feita de forma estética,


quase imperceptível, e que o edema já é notado após o término.

Figura 5
Fonte: Adaptado de Getty Images

Antes e depois de blefaroplastia, incisão na pálpebra superior e inferior.


As complicações pós-cirúrgicas incluem sangramento, edema, formação de
hematoma, fibrose, lagoftalmo, diplopia, ectrópio (emersão da margem pal-
pebral) e assimetria. São ocorrências raras hematoma palpebral, infecções e
cegueira (0,04% dos casos operados).
O lagoftalmo é uma alteração em que o olho não pode ser fechado completa-
mente, geralmente devido à ressecção excessiva de tecido da pálpebra supe-
rior, paralisia do músculo orbicular do olho ou retração da pálpebra inferior.
A diplopia ou visão dupla é uma alteração rara que pode acontecer em casos
de acometimento dos músculos responsáveis pelos movimentos oculares.

Figura 6
Fonte: LUCCI, et al. 2006

12
Ectrópio ocorre pelo excesso de retirada de tecido da pálpebra inferior.

Figura 7 – Blefaroplastia da pálpebra superior


Fonte: Getty Images

No pós-operatório, devemos orientar o cliente a não dormir em decúbito ven-


tral ou lateral, assim evitando edema, utilizar óculos escuros e fazer compres-
sas geladas nos olhos, além dos atendimentos estéticos.
• Rinoplastia: considerado um dos procedimentos mais difíceis, pois o cirurgião
precisa ter um profundo conhecimento da anatomia e da técnica empregada,
pois o nariz é um órgão ligado à função respiratória, e a assimetria de suas es-
truturas, bem como lesões, podem comprometer sua função. Existem técnicas
cirúrgicas chamadas abertas, quando se expõem as estruturas no momento
da cirurgia, e podem não ter um resultado estético tão satisfatório, e a rino-
plastia endonasal, em que as cicatrizes são internas. A cirurgia de rinoplastia
tem a finalidade de remover o excesso, corrigir desvios e assimetrias do nariz,
moldando os tecidos remanescentes de modo a formarem um todo harmônico
com o conjunto facial.

Figura 8 – Cicatriz da cirurgia aberta na base da narina e cicatriz


somente interna na rinoplastia fechada ou endonasal
Fonte: Adaptado de Getty Images

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

O procedimento pode ser realizado com anestesia local e sedação e também


com anestesia geral. As correções podem ser para remover as protuberâncias ós-
seas, levantar a ponta, diminuir a largura das narinas. O cirurgião deve avaliar o
formato da face para que possa ser realizado esse ajuste e o nariz ficar em harmo-
nia com o tamanho e formato dos lábios e olhos.

Pode haver fratura ou não do osso nasal, nesse caso as manobras de DLM
devem ser evitadas na região do nariz. O cliente irá para casa com dois curativos
internos, chamados de tampão nasal, o que torna a respiração um pouco diminuí-
da e também gera uma sensação de desconforto. O edema e equimoses são muito
comuns nas regiões palpebrais, sendo a drenagem muito eficaz para diminuição
destes sinais e sintomas, surtindo efeito mesmo na primeira sessão.

Às vezes a única queixa do paciente é a ponta do nariz, nesse caso pode ser
realizada a biolpastia, com preenchimentos, que veremos em outro capítulo.

São diversas as alterações de volume e tamanho que levam os clientes a procu-


rarem uma rinoplastia:
• nariz grande: aumentado na sua altura;
• nariz adunco: calo ósseo proeminente no seu dorso (giba óssea);
• nariz largo: farto na largura e mais aberto na base;
• nariz globoso: alterações na ponta nasal;
• nariz longo: grande no comprimento, com a ponta normal ou curvada para baixo.

É necessário avaliar o paciente depois da cirurgia, para análise das caracte-


rísticas decorrentes da cirurgia, como, por exemplo: integridade da pele, edema,
cicatriz, dor e sensibilidade. As queixas principais são: linfedema complexo ou
residual da face, dor e dificuldade respiratória devida à vasodilatação das narinas
e tampão.

Figura 9 – Antes e depois de correção de nariz adunco


Fonte: Getty Images

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Figura 10 – Edema e equimose pós-rinoplastia
Fonte: Getty Images

• Lifting Facial ou Ritidoplastia: esta cirurgia é a mais agressiva, pois reposi-


ciona o maior número de estruturas faciais, se comparada com as outras; ela
reduz a ptose da face e pescoço, além de tratar as estruturas mais profundas,
como músculos, excesso de gordura e queda do Sistema Músculo Aponeuró-
tico Superficial (SMAS). Existem diversas técnicas, a mais comum delas apre-
senta cicatriz na região frontal próxima à inserção capilar e atrás da orelha,
mas pode ser realizada também somente com uma incisão na região do mento
para corrigir a região da papada e pescoço. Assim como em todas as outras,
edema e equimose são esperados no pós-operatório. Na hora do atendimento,
devemos nos atentar às cicatrizes para não haver distanciamento de suas bor-
das e para acomodar o cliente da forma mais confortável possível. Como na
maioria das vezes a cicatriz está na incisão capilar, não é indicado utilizar faixa
de cabelo, para não pressionar a mesma. A cicatriz resultante da incisão ci-
rúrgica deverá ser a mais discreta possível. O uso de locais menos aparentes,
com maior capacidade de camuflagem, como o couro cabeludo e os limites das
zonas estéticas faciais, favorece o resultado estético final.

Figura 11 – Cicatriz periauricular


Fonte: Revista Brasileira de Cirurgia Plástica

Importante! Importante!

A ritidoplastia possui diversos sinônimos. São exemplos: ritidectomias, meloplastias, er-


guimento facial, lift (erguimento) e cirurgia de rejuvenescimento facial.

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

As complicações mais comuns são o hematoma e o edema, quanto mais pro-


fundas forem as incisões e mais estruturas forem reposicionadas, mais significativos
são, e o seroma, que pode distender as estruturas e levar a um retoque e também
prejudicar as bordas da cicatriz, por isso deve ser contido nos primeiros dias pelo
cirurgião; as infecções, necrose e lesões neurológicas são muito raras.
Explor

Edema e equimose no pós-operatório de ritidoplastia: http://bit.ly/2KvLVYt

Figura 12 – Antes e depois de ritidoplastia


Fonte: Getty Images

• Lipoaspiração de papada: é utilizada para tratamento do acúmulo de gordu-


ra na papada. É realizada sem internação, sob anestesia local, com sedação.
Pode acompanhar a cirurgia de ritidoplastia, ou então ser realizada de forma
isolada. Hoje em dia é realizada em consultórios odontológicos também, por
profissionais habilitados. No pós-operatório, a complicação mais comum é o
edema, e a drenagem é indicada. Em alguns casos, em vez da lipoaspiração
aspirativa com cânulas, são injetadas enzimas lipolíticas, ou seja, que fazem
o esvaziamento da célula de gordura, para diminuição da papada, não sendo
indicada a DLM nesses casos.

Figura 13 – Antes e Depois de Lipoaspiração de Papada


Fonte: Getty Images

16
Explore este conteúdo, que traz de maneira resumida a definição dos principais tratamentos
Explor

para rejuvenescimento. Disponível em: http://bit.ly/2Kwz0Wb

• Bichectomia: a Bichectomia, procedimento cirúrgico com finalidade estético-


-funcional, consiste na remoção de uma estrutura gordurosa localizada nas
bochechas, conhecida como Bola de Bichat ou Gordura de Bichat. A retirada
dessa gordura melhora a harmonia facial e tem como objetivo funcional a redu-
ção de traumatismos crônicos mastigatórios nas mucosas jugais (mordida nas
bochechas na hora da mastigação), decorrentes do volume avantajado destas
estruturas anatômicas. Durante o procedimento, deve-se ter um vasto conhe-
cimento anatômico para que não ocorra lesão do nervo facial, o que poderia
ocasionar paralisia.
Apesar de ser um procedimento seguro, podem ocorrer complicações, como
hematomas, abcessos, paresia (diminuição da sensibilidade), edema e o mais
grave, paralisia do nervo facial. Sendo assim, a DLM também é indicada
no pós-operatório.

Figura 14 – Pós-bichectomia
Fonte: KLÜPPEL, et al.; 2018

Preenchimentos e Toxina Botulínica


Os preenchedores são utilizados para tratamento de rugas, correção de cicatri-
zes atróficas e pequenos defeitos cutâneos, além da melhora do contorno facial.
A substância ideal nesses produtos deve oferecer bom resultado cosmético, ter lon-
ga duração, ser estável e seguro, com mínima complicação. Dos preenchedores, o
ácido hialurônico é um dos mais indicados.

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17
UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

O AH injetável é composto por polissacarídeos e glicosaminoglicanos e é conhe-


cido por ser não permanente, com duração média de seis meses. Existem vários
preenchedores no mercado: Zydem®, Restylane®, Perlane®, Radisse®, Artecol® e
silicone. O profissional habilitado deve analisar as linhas de expressão e rugas, se
são profundas ou superficiais, e cada um destes preenchedores tem suas especifici-
dades de aplicação, podendo ser na derme superficial, profunda ou junção dermoe-
pidérmica (JDE). O tempo de aplicação também varia de 3 meses a anos, uns agem
preenchendo, outros dando volume ou ainda estimulando o tecido conjuntivo.

Aqui o médico mostra várias regiões e por que precisamos de tipos diferentes de preenche-
Explor

dores, para não ocorrer necrose, para o efeito ficar natural e harmônico.
Disponível em: https://youtu.be/svwP0F_OQX8

O AH é rotineiramente usado para correção de sulco nasogeniano, aumento do


volume labial, sulco infraocular para olheiras, região periauricular para rejuvenesci-
mento. Seu uso na glabela é pouco indicado devido à maior incidência de necrose
nessa região. Outras indicações também são observadas na literatura, como cor-
reção de cicatrizes pós-acne, volumização facial por perda dos coxins gordurosos
decorrentes do envelhecimento e por perda de tecido subcutâneo pós-traumático,
além de aumento do volume do dorso da mão para rejuvenescimento.
Explor

Necrose após bioplastia com AH: http://bit.ly/2YbPQmM

Não tem indicação de DLM no pós-procedimento e a maioria dos recursos de


eletroterapia é contraindicada porque estes poderiam diminuir a vida útil destes ma-
teriais, sendo o nosso papel mais efetivo no preparo da pele antes do procedimento
e após na manutenção com cosméticos.

A toxina botulínica (TB), conhecida pelo seu nome comercial Botox®, é ampla-
mente utilizada em procedimentos estéticos não invasivos. Em 1978, Food and
Drugs Administration (FDA) aprovou a injeção da toxina tipo A em pacientes com
estrabismo que se voluntariavam para o tratamento.

Vista a melhoria no rejuvenescimento facial, a TB passou a ser utilizada na cosmé-


tica e liberada, em 1992, para uso nos EUA; somente no ano 2000 a TB foi aprova-
da no Brasil pela ANVISA para uso em rugas dinâmicas. A TB é uma neurotoxina
produzida por uma bactéria anaeróbica, Clostridium Botulinum gram-positiva. São
conhecidos 7 sorotipos (denominados de A a G), cada um deles produz uma forma
neurotóxica, na qual bloqueiam seletivamente a neurotransmissão colinérgica, pro-
duzindo, assim, uma paralisia muscular. Para fins estéticos, foi, então, destacada a
Toxina Botulínica A (TBA).

Ela causa fraqueza muscular no local em que foi aplicada, através do bloqueio da
liberação de acetilcolina nos terminais, impedindo a transmissão do impulso nervo-
so à placa motora do músculo.

18
Antes e depois da aplicação da toxina botulínica, mostrando a inibição da acetilcolina, res-
Explor

ponsável pela contração muscular: http://bit.ly/2OtOYFC

Após a aplicação da toxina, pode-se observar algumas equimoses, devido à face


ser ricamente vascularizada; o paciente deve ficar no mínimo 4 horas sem abai-
xar a cabeça, para garantir que a substância não migre. Não é indicado nenhum
tratamento estético após a aplicação, e mesmo após semana alguns recursos de
eletroterapia são contraindicados, pois poderiam influenciar na vida útil da toxina.
Dentre as complicações, as mais comuns são ptose palpebral, elevação exagerada
da sobrancelha, ptose do ângulo da boca e assimetria. Neste último caso, pode
ser feito um retoque 30 dias após a aplicação; nos outros pode-se utilizar recursos
eletroestéticos para diminuir a ação da toxina. Ela pode ser aplicada também para
diminuir cefaleias, para sorriso gengival e até para hiperidrose. Seus efeitos são no-
tados a partir do 7º dia de aplicação e o efeito máximo no 15º dia, podendo durar
de 4 a 6 meses. São ministrados anestésicos tópicos antes do procedimento e a
face deve estar completamente higienizada.
Explor

Sorriso gengival antes e depois de aplicação da toxina botulínica: http://bit.ly/2Op0KRB

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UNIDADE Cirurgias Estéticas Faciais

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Livros
Coleção Netter de Ilustrações Médicas
NETTER, F. H. Coleção Netter de Ilustrações Médicas. Volume 4 – Sistema
Tegumentar. São Paulo: Elsevier, 2014.

 Vídeos
Lifting Facial – Cirurgia plástica estética
http://bit.ly/2KwyrvE
Lifting Facial – Cirurgia plástica em 3D – Antes e depois
https://youtu.be/crHekWG9wlg

 Leitura
Rinoplastia estético-funcional
DONCATO, L.; GIOVANAZ, F.; DECUSATI, F. L. Rinoplastia estético-funcional.
Arquivos Catarinenses de Medicina, vol. 38, suplemento 01, 2009.
http://bit.ly/2KvH0Xn

20
Referências
ALMEIDA, A. V. V; ALVARY, P. H, A. Bichectomia como procedimento cirúrgico
estético-funcional: um estudo crítico. J Business Techn. 2018; 7(1):3-14. Dispo-
nível em: <http://revistas.faculdadefacit.edu.br/index.php/JNT/article/download/
319/286>. Acesso em: 20 abr. 2019.

CROCCO, E. I; ALVES. R. O; ALESSI, C. Eventos adversos do ácido hialurônico


injetável. Surg. Cosmet. Dermatol. 2012; 4(3):259-63. Disponível em: <www.
redalyc.org/html/2655/265524650007/>. Acesso em: 20 abr. 2019.

FERREIRA, M. Cirurgia plástica estética: avaliação dos resultados. Rev. Soc. Bras.
Cir Plást. São Paulo, v. 15, nº 1, p. 55-66, jan./abr. 2000. Disponível em: <http://
www.alran.com.br/arquivos/artigos/Cirurgia_Plastica_Estetica_-_Avaliacao_dos_
Resultados.pdf>. Acesso em: 19 abr. 2019.

MANG, W. L. Manual de cirurgia plástica. São Paulo: Artmed, 2009.

MEYER, P. F et al. Protocolo fisioterapêutico para o pós-operatório de blefaro-


plastia. Ter Man. 2010; 8(35): 60-65. Disponível em: <https://www.researchgate.
net/profile/Antonio_Roberto_Zamuner/publication/239730843_Variabilidade_
da_frequencia_cardiaca_em_praticantes_de_equoterapia_com_paralisia_cere-
bral/links/00b49531063c9287a9000000/Variabilidade-da-frequencia-cardiaca-
em-praticantes-de-equoterapia-com-paralisia-cerebral.pdf#page=60>. Acesso em:
19 abr. 2019.

MONTEDÔNIO, J. et al. Fundamentos da ritidoplastia, Surg. Cosmet.


Dermatol. 2010; 2(4):305-15. Disponível em: <www.redalyc.org/html/2655/
265519558011/>. Acesso em: 20 abr. 2019.

PATROCÍNIO, T. G. et al. Braz. J. Otorhinolaryngol. (Impr.), vol. 77, nº 3,


São Paulo, mai./jun., 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/
S1808-86942011000300009>. Acesso em: 19 abr. 2019.

PORTAL SÃO FRANCISCO. Esquimoses. Disponível em: <https://www.portal-


saofrancisco.com.br/saude/equimoses>. Acesso em: 19 abr. 2019.

SANTOS, C. S.; MATTOS, R. M.; FULCO, O. T. Toxina botulínica tipo A e suas


complicações na estética facial. Revista Epistemis Transversalis, V. 6, n. 2 (2015):
Biomedicina em foco. Disponível em: <http://revista.ugb.edu.br/index.php/
episteme/article/view/152/135>. Acesso em: 20 abr. 19.

SWANTSY, J. R.; SOUZA, F. G. L. Os benefícios da drenagem linfática manual


no pós-operatório de rinoplastia. Disponível em: <http://portalbiocursos.com.
br/ohs/data/docs/234/28-Os_benefYcios_da_Drenagem_LinfYtica_Manual_no_
PYs_-_OperatYrio_da_Rinoplastia.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2019.

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Estética e Cirurgia
Material Teórico
Técnicas Manuais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Técnicas Manuais

• Drenagem Reversa Corporal e Limitações na Drenagem Facial.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Aprender as técnicas de drenagem e sua aplicabilidade prática, avaliar os tipos de cicatrizes.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Técnicas Manuais

Drenagem Reversa Corporal


e Limitações na Drenagem Facial
Até aqui, falamos de um vasto número de cirurgias e procedimentos minimamen-
te invasivos e suas possíveis complicações, bem como a atuação da esteticista no pré
e pós-operatório. Chegou a hora então de conhecer os itens que compõem a avalia-
ção desses clientes, bem como a drenagem aplicada. É importante que os conceitos
anteriores estejam claros, pois isso facilitará o momento tão esperado: quando você
for atender seu primeiro cliente de pós-operatório!
Explor

Liposucción de Alta Definición. Disponível em: https://youtu.be/x_-Yqe84WCk

Esse vídeo é importante para relembrarmos uma das cirurgias corporais, a lipo-
aspiração. Dessa forma, poderemos entender a necessidade da drenagem, pois os
tecidos, principalmente os capilares, são lesados com o movimento da cânula, o que
leva a edema e equimoses.

A DLM será a primeira indicação para todas as cirurgias estéticas vistas aqui,
sempre com o objetivo do alívio da dor, da melhora da circulação venolinfática, da
reestruturação tecidual e aceleração do processo de cicatrização, além de o profissional
realizar recomendações com o intuito de favorecer a recuperação.

As contraindicações absolutas para o atendimento no PO são: inflamação local


ou sistêmica aguda decorrente de infecção bacteriana ou viral, doença metastática
não tratada, reações alérgicas, trombose recente, edema decorrente da insuficiên-
cia cardíaca direta, tumores benignos no local e hiperestesia.

A DLM é um recurso para tratar as consequências das alterações vasculares


características da fase inicial (edema). Porém, a cicatrização ainda está recente, e a
aplicação da técnica deve ser o mais suave possível, evitando deslizamentos e tra-
ções no tecido em cicatrização. Não há limite para utilização, e as técnicas de apli-
cação para as sequelas pós-cirúrgicas podem ser baseadas na drenagem reversa,
que consiste em direcionar o edema a um linfocentro proximal à lesão como uma
via alternativa para não haver encharcamento da cicatriz e aumento de edema, já
que, dependendo da cirurgia, onde há uma secção, vasos são lesionados, dificultan-
do assim a eliminação dos líquidos excedentes.

8
A DLM reversa foi criada em 1980, ao perceberem presença de edema perici-
catricial após o uso da DLM em sentido fisiológico nas cirurgias plásticas estéticas.
O referido edema ocorre devido ao bloqueio dos vasos linfáticos superficiais nos lo-
cais das incisões, aumentando a tensão nas bordas das cicatrizes, sendo, portanto,
indesejável. Apesar de a expressão “reversa” dar uma falsa impressão de inversão
do fluxo da linfa, esse método procura direcionar tal edema para as vias que se
mantêm íntegras após as incisões cirúrgicas, até a reconstituição dos vasos.

Essas manobras serão vistas na aula prática deste capítulo. A DLM reversa será
realizada nas cirurgias corporais; nas cirurgias faciais, será a realizada a DLM que
você aprendeu em recursos, pois as cicatrizes são mínimas, e caso tenha alguma
que impeça a manobra, sempre direcione para os linfonodos cervicais e supra e
infraclaviculares, pois aí estão localizados em maior quantidade.

Nas cirurgias de mama, o atendimento será sempre em decúbito dorsal, e a drena-


gem do dorso será realizada com o cliente sentado. Na lipoaspiração o posicionamento
será de acordo com o conforto e bem estar do cliente, sempre se lembrando de oferecer
coxins e apoios.

Posicionamento: Cada cirurgia tem sua particularidade e, no que diz respeito às faciais, o
Explor

uso do travesseiro se faz necessário quando o cliente solicitar, o que é comum na rinoplastia
por conta da dificuldade de respirar pelo nariz. Em todas elas, é sugerido dispensar o uso de
faixa de cabelo, para evitar compressão cicatricial.

Na dermolipectomia, o cliente deverá ficar com os joelhos flexionados, a região


dorsal apoiada com travesseiros, para que a cicatriz abdominal não tenha estiramento.
Explor

Apoio para Pós-operatório de Abdominoplastia. Disponível em: http://bit.ly/2wcm2Gl

Sugestão de apoio para o pós-operatório de abdominoplastia.

Avaliação Pós-Operatória
Após qualquer procedimento cirúrgico, a primeira sessão de atendimento deverá
ser a anamnese geral, a mesma que você utiliza para os outros atendimentos; e a
avaliação será específica para que possamos ter informações precisas sobre a cirur-
gia e suas possíveis complicações.

Veremos um modelo de ficha de avaliação, que será explicado na aula prática.

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9
UNIDADE Técnicas Manuais

Tabela 1
FICHA DE AVALIAÇÃO PARA PÓS-OPERATÓRIO
Qual cirurgia você realizou? ____________________________________________
Data da realização da cirurgia: ____/_____/_____

Fumante: ( ) Não ( ) Sim Parou de fumar antes da cirurgia? __________


Histórico de Queloide: ( ) Não ( ) Sim
Histórico de Alergia: ( ) Não ( ) Sim
Período Pós-Operatório: ( ) Repouso _____ dias Não fez repouso ( )
Fototipo: ( ) I ( ) II ( ) III ( ) IV ( ) V ( ) VI
Peso Atual: ______________ Altura: ______________

Função Intestinal: ( ) Regular ( ) Irregular


Cirurgias Anteriores: ( ) Não ( ) Sim, região operada ____________________
Qualidade Cicatricial: ( ) Normotrófica ( ) Atrófica
( ) Hipertrófica ( ) Hipercrômica
( ) Queloide ( ) Deiscência

CIRURGIA
Cirurgião Responsável: ______________________________ CRM: _____________
Telefone: ___________________
Retirada do dreno: ( ) Não ( ) Sim Quantos dias de PO ________________
Retirada dos pontos: ( ) Não ( ) Sim Quantos dias de PO ________________

Complicações no PO:
( ) Hematoma ( ) Equimose
( ) Fibrose ( ) Seroma
( ) Dor de 1 a 10 ( ) Edema Intenso
( ) Assimetria
Alguma outra alteração que gostaria de relatar? _________________________________
Estado Cutâneo e ou Aspecto da Pele ( ) Desidratada ( ) Oleosa ( ) Normal ( ) Sensível
Tratamento sugerido_________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________

Assinatura do Cliente _______________________________________________


Assinatura do Profissional ____________________________________________
Data:__/___/___

Essa é uma sugestão, você ainda pode colocar a perimetria para acompanhar
a evolução e também o teste do cacifo para avaliar melhor o edema. Além dessa
ficha, em cada atendimento deverá ser realizada a ficha de evolução, descrevendo o
procedimento e como o cliente está evoluindo.

10
Importante! Importante!

A avaliação e a anamnese são momentos únicos e cruciais para o sucesso do tratamento.


É a hora de ter empatia e mostrar conhecimento, encantando o cliente. Quem não sabe
avaliar não sabe tratar.

Cicatrização
A compressão do processo de reparação tecidual é de fundamental importância
para a escolha adequada dos recursos terapêuticos que serão utilizados durante
uma intervenção clínica. No capítulo de eletroterapia, veremos o Laser, Led, Micro-
correntes e Alta Frequência com ênfase em cicatrizes.

No processo de reparo, uma sequência de eventos celulares ocorre com o obje-


tivo de substituir o tecido lesionado por uma cicatriz.

Quando acontece uma lesão ou um corte cirúrgico, o processo ocorre da seguin-


te forma:
• Imediatamente após a incisão: Forma-se no local um coágulo sanguíneo com
uma fina rede de fibrina. OTamanho máximo de figura: 146 mm
epitélio aumenta sua espessura nas bordas laterais.
• 24 a 48 horas:
Tamanhos O epitélio
de fonte começa
Opções de Cores a crescer para baixo Opções
ao longo
fios das bordas do
corte e ao longo da sutura. Ocorre a infiltração de leucócitos e macrófagos que re-
movem Tamanho maior
bactérias e tecido necrosado, além da presença de capilares neoformados.
Tamanho médio
• 5 a 8 dias: Os fibroblastos crescem nos tecidos mais profundos e adicionam os
Tamanho pequeno
precursores de colágeno.
Tamanho pequenino

• 3a semana e 90 mês: estreitamento epitelial próximo do normal. A resistência à


tração é aumentada devido à produção e à ligação cruzada das fibras de coláge-
no. Ferida com fechamento completo.

Esse processo ocorre em todo o organismo, com diferenças na condição da


cicatriz e no tempo de recuperação. Em termos clínicos, a cicatrização pode
ser classificada em primeira, segunda ou terceira intenção:
» Primeira intenção: quando há união das bordas e a ferida não está contami-
nada, como as incisões cirúrgicas. Ela ocorre de dentro para fora.

Suturas Cicatriz fina


Epiderme

Derme

Tecido
subcutâneo

Figura 1 – Cicatriz de Primeira Intenção


Fonte: Adaptado de Getty Images

11
11
UNIDADE Técnicas Manuais

»» Segunda intenção: quando há perda substancial de tecido e as bordas tor-


nam-se afastadas. A cicatrização ocorre da periferia em direção ao centro.
Pode ocorrer por conta de um estiramento ou deiscência da incisão.

A deiscência é uma complicação grave na cicatrização descrita como ruptura da sutura com
Explor

separação das bordas. Pode ser classificada como parcial, com poucos centímetros, ou com-
pletamente aberta, devido ao excesso de tensão na ferida, hematoma, infecção ou patologia
de base como diabetes.
Explor

Cicatrização de Segunda Intenção. Disponível em: http://bit.ly/2wfVmog

»» Terceira Intenção: Quando há afastamento de bordas com presença de pus


em virtude de contaminação ou de fibrina, que constitui fator mecânico para
a aproximação das bordas. A cicatrização ocorre a partir das bordas, quando
eliminado o fator mecânico, forma-se tecido de granulação e então cicatriza-
ção completa.
Explor

Cicatrização de Terceira Intenção. Disponível em: http://bit.ly/2wfAjC2

Tecido de granulação é formado pelo crescimento de pequenos vasos sanguíneos e de tecido


Explor

conectivo para preencher feridas de espessura total. O tecido é saudável quando é brilhante,
vermelho vivo, lustroso e granular com aparência aveludada.

Vamos agora conhecer as fases do processo de cicatrização.


• Coagulação: é imediatamente após a lesão, ocorre vasoconstrição para dimi-
nuir o sangramento e garantir a homeostase. O coágulo forma uma barreira
que evita o contato com o meio externo diminuindo a contaminação.
• Inflamação: dura cerca de 3 dias, é caracterizada pela migração de células
para a ferida e também mediadores químicos. Os mediadores mais conhecidos
são histamina, vasodilatadora, e a prostaglandina, que estimula a mitose e a
chegada dos leucócitos para limpeza do local. E as células presentes são as de
defesa, como os macrófagos. Além de fagocitose, as células inflamatórias pro-
duzem fatores de crescimento que preparam a ferida para a fase proliferativa.
• Proliferação: Conhecida também como fase fibroblástica, caracteriza-se pela
formação de tecido de granulação, que é constituído por um leito capilar, fibro-
blastos, macrófagos, colágeno, fibronectina e ácido hialurônico. A matriz ex-
tracelular (MEC) é substituída por tecido conjuntivo e os queratinócitos migram
para as bordas, sendo influenciados pela hidratação. A neovascularização garan-
te as trocas metabólicas.

12
Tamanho máximo de figura: 146 mm

Tamanhos de fonte Opções de Cores Opções fios

Tamanho maior
Tamanho médio
Os fibroblastos produzem colágeno, elastina, glicosaminoglicanas entre outras
Tamanho pequeno
substâncias responsáveis pelo remodelamento da ferida. A reepitelização tam-
Tamanho pequenino
bém ocorre nessa fase. Com o amadurecimento do colágeno, a cicatriz tem
sua resistência máxima – quanto mais recente a lesão, menor a capacidade de
resistir a um tensionamento, podendo desencadear hipertrofia da mesma.
• Remodelamento: Tentativa de recuperação da estrutura tecidual normal.
Ocorre maturação dos elementos envolvidos e alterações da MEC. Os fibro-
blastos passam a depositar grande quantidade de colágeno e dá-se início às
contrações da ferida em sentido centrípeto, pela presença de miofibroblastos.
Os miofibroblastos induzem a ferida a se contrair, cessando esse processo
quando as bordas do ferimento se unem por completo. A MEC se reorganiza,
liberando metaloproteinases que irão equilibrar o depósito de colágeno.

1. Fase Inflamatória 2. Fase Proliferativa 3. Fase de Maturação


(Compreende os momentos:
hemostasia e vasodilatação para
(Compreende os momentos:
epitelização, angiogênese, formação
ou remodelamento
promoção da quimiotaxia) de tecido de granulação e deposição (Compreende o momento de:
de colágeno) Deposição de colágeno de maneira
organizada)

Figura 2 – Fases da Cicatrização


Fonte: Adaptado de Getty Images

Aqui podemos visualizar a cicatrização e assim gravar a necessidade de total atenção para
Explor

esse acontecimento, e entender o que podemos e não podemos fazer para garantir o sucesso
do resultado final. Disponível em: https://youtu.be/sGt9vTMOzyo

• Cicatrizes inestéticas: Nem sempre os processos de reparo e cicatrização resul-


tam em uma regeneração normal da derme e epiderme, algumas vezes, ocorre
proliferação exacerbada ou anormal de tecido fibroso.

As cicatrizes podem ter as seguintes alterações: alargamento, hipecrômicas (es-


curecidas), retração, hipertróficas e atróficas.

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UNIDADE Técnicas Manuais

Cicatriz Normal

Cicatriz Alargada

Cicatriz Hipertrófica

Quelóide

Figura 4 – Retração cicatricial,pode ocorrer quando


ocorre uma retirada exagerada de pele, chamada
Figura 3 – Diferenças de cicatrizes também de cicatriz atrófica
Fonte: Adaptado de Getty Images Fonte: Getty Images

• Queloide: Ocorre pela hiperproliferação de fibroblastos, com consequente


acúmulo de matriz extracelular e excessiva formação de colágeno. A enzima
colagenase não é liberada de forma eficiente para que a manutenção e re-
gressão da cicatriz aconteça. É uma lesão elevada, brilhante, pruriginosa ou
dolorosa, que ultrapassa os limites da ferida original, invadindo a pele normal
adjacente. Não regride espontaneamente e evolui após correção. Pode ocorrer
em qualquer etnia, mas prevalece em africanos, asiáticos e fototipos altos. Essa
incidência em fototipos altos pode ser alteração no metabolismo do hormônio
melanoestimulante (MSH). Os tratamentos médicos, como aplicação de corti-
coide, demonstram resultados bons.
• Cicatriz Hipertrófica: Lesão elevada, que não ultrapassa os limites da ferida ini-
cial, e apresenta tendência a regressão. É uma resposta exacerbada do tecido
conjuntivo cutâneo. Há a presença de fibroblastos com alta taxa de proliferação,
causando produção aumentada de todos os componentes da MEC, principalmen-
te colágeno e proteoglicanas, a fase de proliferação é exacerbada e não cessa. Essa
precisa ser diferenciada de queloide, para que possa ser direcionado o tratamento
correto. No caso das hipertróficas, respondem bem a laser e microcorrentes.

Figura 5 – Queloide sai das margens da lesão Figura 6 – Cicatriz hipertrófica, não sai das margens da lesão
Fonte: Getty Images Fonte: Wikimedia Commons

14
Explor
Hipertrófica e Queloide. Disponível em: http://bit.ly/2YOZdVp

Diferenças Entre Queloide e Cicatriz Hipertrófica


• Cicatriz Atrófica: Lesão mais profunda (afundada). Pode ser causada por ci-
catrização em pele muito fina, tração exacerbada das margens da ferida. Pode
ocorrer em pessoas com diabetes, doenças metabólicas e alterações nutricio-
nais. Apresentam-se delgadas, deprimidas e pálidas. O tratamento nesse caso
precisa estimular a formação de colágeno, podendo ser utilizado microcorren-
tes e radiofrequência.

Figura 7 – Cicatriz atrófica, ocorre um abaulamento do tecido


Fonte: Wikimedia Commons

• Fibrose: umas das principais manifestações clínicas pós-cirúrgicas a ser tratada


é a presença da fibrose, deposição em excesso de tecido fibroso, como parte do
processo de reparo do tecido lesionado. Esse processo de reparo tecidual é va-
riável de acordo com a resposta fisiológica de cada organismo, bem como com
os recursos terapêuticos utilizados, os quais podem guiar e modular a deposição
de colágeno e fibrina, proteínas responsáveis pela formação da rede de fibrose.
Ela está associada à existência de defeitos na cicatrização em função do ex-
cesso de produção de matriz extracelular e pelo elevado índice de mitose dos
fibroblastos dérmicos, existindo desregulação entre a proliferação e a apop-
tose dessas células. Para evitar a fibrose, deve-se atuar no início da agressão
tecidual. Alguns cirurgiões utilizam curativos de contenção no centro cirúr-
gico, evitando assim precocemente a fibrose. Também podem ser utilizadas
terapias como o taping, mobilização tecidual, ultrassom e radiofrequência.
Nem todos os profissionais têm consenso sobre quais dessas terapias trariam
melhores resultados.
Explor

Fibrose pós lipoaspiração. Disponível em: http://bit.ly/2wk6al3

15
15
UNIDADE Técnicas Manuais

Manipulação Tecidual e Manipulação de Cicatriz


A manipulação tecidual é um recurso indicado para fibrose. Tensões mecânicas
aplicadas ao tecido em cicatrização promovem uma organização dos feixes de co-
lágeno de uma forma mais natural, com mais elasticidade que quando não aplica
tensão. Essa é a maneira mais eficaz e rápida de tratamento específico para fibroses
e aderências em cirurgia plástica. Pelo fato de o colágeno se depositar de maneira
aleatória, a manipulação deverá ser em todos os sentidos, para que se consiga a re-
organização dos feixes de colágeno. A intensidade do estiramento é proporcional à
resistência que o tecido oferece, sua utilização ideal, de forma preventiva, é a partir
do 3º/ 5º dia pós-operatório, com aplicação de 2 a 3 vezes por semana, durante a
fase de reparo (aproximadamente 30 a 40 dias). Devem ser respeitados os limites
do tecido conjuntivo, com movimentos suaves, que não gerem desconforto. Sempre
esperar a liberação médica a analisar a resistência do tecido.

A massagem clássica também é um tipo de técnica que pode ser usada no sentido
de mobilizar estruturas variadas, bem como para aliviar a dor e diminuir o edema,
uma vez que ela produz um aumento do fluxo sanguíneo, melhorando a nutrição
celular e, consequentemente, proporcionando benefícios ao organismo, podendo ser
realizada depois do trigésimo dia de pós-cirúrgico, e com intuito de relaxamento.

A massagem promove relaxamento, pois a pele é formada pelo mesmo tecido embrionário que forma
o SNC: ectoderma. Assim eles têm ligações profundas que garantem ativação hormonal e bem estar.

Já a manipulação cicatricial depende exclusivamente da recomendação e autori-


zação médica, visto que a ausência de conhecimento levará à abertura da cicatriz ou
até a processos cicatriciais inestéticos. Os movimentos precisam ser leves e só po-
dem ser realizados após a retirada dos pontos e se a cicatriz estiver íntegra. Podem
ser realizados movimentos de estiramento e aproximação, no sentido contrário à
cicatriz. São movimentos breves e localizados realizados pelas pontas dos dedos em
direção circular ou transversal. As fricções devem ser efetuadas lentamente, com
um ritmo uniforme e movimentos profundos, sem o uso de nenhum lubrificante.
O tratamento pode se prolongar por 5 a 20 minutos em cada sessão e poderá ser
repetido duas ou três vezes por semana, por quanto tempo for necessário.

Podem ser utilizadas de forma suave durante as fases iniciais de cicatrização para
evitar a formação de aderências que comprometam a estética e a função do tecido
envolvido. Cicatrizes antigas e mais aderentes necessitam de manobras mais profun-
das e com maior pressão, que envolvam o pinçamento da pele e proporcionem maior
mobilidade tecidual.
Explor

Manobras de Manipulação Cicatricial. Disponível em: http://bit.ly/2whmcMu

Há mais informações na videoaula com as práticas de massagem.


Esperamos que você tenha aproveitado este capítulo!

16
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Brazilian Journal
Estudo Preliminar Sobre Registros de Deiscência de Ferida Operatória em um
Hospital Universitário.
http://bit.ly/2WwvDq6

Vídeos
Odonto Dicas
Cicatrização por Primeira, Segunda e Terceira Intenção.
https://youtu.be/H1PL23xmSoo

Leitura
Procedimentos de Pós-Operatório de Cirurgias Plásticas Estéticas
A Importância da atuação do tecnólogo em estética na ação conjunta com o cirurgião
plástico, diante das intercorrências em procedimentos de Pós-Operatório de cirurgias
plásticas estéticas.
http://bit.ly/2WuKaTj
Cicatrizes Hipertróficas e Quelóides
http://bit.ly/2YN4IDW

17
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UNIDADE Técnicas Manuais

Referências
BORGES, F. S. SCORZA, F. A. Terapêutica em Estética Conceitos e Técnicas.
Editora Phorte, São Paulo, 2016.

MACEDO, A. C. B. OLIVEIRA, S. M. A atuação da fisioterapia no pré e pós-


-operatório de cirurgia plástica corporal: uma revisão de literatura. Cadernos
da Escola de Saúde, Curitiba,5: 169-189 ISSN 1984-7041 disponível em: <http://
portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernossaude/article/viewFi-
le/2327/1899>. Acesso em: 20/04/19.

MANG, W. L. Manual de Cirurgia Plástica. Armed Editora, 1 jan de 2009.

SANTOS, L. P. GUIMARÃES, R. C. P, SILVA, K. C. C. Fisioterapia Derma-


tofuncional no Pós-Operatório de Abdominoplastia: Revisão de Liter Revista
Amazônia. 2013;1(2):44-55atura. Disponível em: <http://186.192.241.211/index.
php/2/article/view/474/170>. Acesso em: 20/04/19.

SILVA, R.M.V. et al. Avaliação da fibrose cicatricial no pós-operatório de lipoaspi-


ração e/ou abdominoplastia. Catussaba- Revista Científica da Escola de Saúde.
Ano 3, n° 2, abr. / set. 2014. Disponível em: <repositorio.unp.br/index.php/catus-
saba/article/view/554>. Acesso em: 20/04/19.

VIEIRA, T.F. NETZ, D.J.A. Formação da Fibrose Cicatricial no Pós-Cirúrgico


de Cirurgia Estética e seus Possíveis Tratamentos: Artigo de Revisão. Disponí-
vel em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Tauana%20Sofia%20Vieira.pdf>. Acesso em:
20/04/19.

Sites Visitados
<https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/fisioterapia/massagem-
-cicatricial/23730>. Acesso em: 20/04/19.

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Estética e Cirurgia
Material Teórico
Cosméticos Reparadores

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Mestra Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Cosméticos Reparadores

• Barreira Cutânea e Hidratação;


• Cosméticos Reparadores;
• Bandagens;
• Curativos e Acessórios Pré e Pós-Cirúrgicos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer os ativos mais indicados e associações de protocolos no pré e pós-operatório.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Cosméticos Reparadores

Barreira Cutânea e Hidratação


Até aqui vimos que nas cirurgias plásticas os sistemas linfático e venoso sofrem
muitas alterações, por isso não podemos nos esquecer de que a epiderme, princi-
palmente a camada córnea, sofre também alterações, como descamação, desidra-
tação e às vezes até o surgimento de acne.

Sendo assim, no pós-operatório podemos também fazer uso de cosméticos re-


paradores, que irão refazer o manto hidrolipídico, melhorar a elasticidade da pele,
hidratar, contribuindo com o processo de cicatrização.

Não podemos nos esquecer de que enquanto a cicatriz estiver aberta, o uso des-
tes cosméticos é contraindicado e para nossa segurança e segurança do cliente, o
ideal é sempre esperar a liberação médica.

Para melhor compreensão destes cosméticos, precisamos relembrar a barreira


cutânea, sua composição e suas funções.

A barreira íntegra é formada pelo estrato córneo, cuja composição é feita prin-
cipalmente de água e óleo. A parte aquosa é aproximadamente 15%, pois a maior
parte encontra-se na derme. Os corneócitos são células achatadas e envoltas por
proteínas altamente reticuladas e por lipídeos. Já a parte oleosa é formada por
grânulos lamelares, que são vesículas transportadoras de lipídeos da camada supra-
basal para a camada córnea (colesterol, ceramidas e fosfolipídeos), onde se forma
uma bicamada lipídica. Estes lipídeos são referentes a 10% do peso seco do estrato
córneo. Os desmossomas e corneodesmossomas são proteínas especializadas que
geram aderência em tecidos estratificados, e ainda temos os grânulos de querato
hialina, que é a queratina unida por outras proteínas (filagrina) e que forma o NMF.

Existem dois tipos de barreiras que podem trabalhar ou não ao nosso favor: a
barreira hidrolípica, que é nosso hidratante natural, e a barreira proteica, que é um
escudo de proteção.

A barreira proteica é firme, constituída essencialmente por queratina. A substân-


cia essencial para a queratinização é a filagrina, que fixa a queratina junto a outras
proteínas, criando a camada córnea.

A filagrina é produzida pela camada granular, onde se transforma em grânulos


de querato hialina. Ela é um dos pilares mais importantes da hidratação, mantendo
os queratinócitos em estado viável para assegurar sua síntese.

A barreira hidrolipídica é formada pelas camadas espinhosa e granular, que


produzem grânulos ricos em lipídeos, sendo o mais importante a esfingosina. Estes
lipídeos ocupam 20% do espaço intercelular, eles formam uma barreira semiperme-
ável; assim, cosméticos com os óleos corretos têm mais afinidade com essa região.
A enzima transglutaminase age como cola, formando este invólucro.

Portanto, o que faz a pele permanecer saudável, macia, com flexibilidade e elas-
ticidade é o equilíbrio que existe no mecanismo de sua hidratação, na capacidade

8
que o organismo tem de promover a renovação celular nas substâncias que com-
põem a epiderme para um bom funcionamento do mecanismo de hidratação; a
camada córnea deve ser capaz de reter água, de modo que sua taxa de evaporação
sempre se mantenha em um nível normal.

As funções da barreira epidérmica são:


• TEWL – limita a perda de água e eletrólitos;
• Força mecânica e rigidez à epiderme;
• Barreira antimicrobiana – pH levemente ácido;
• Hidratação – NMF.

• TEWL: perda de água transepidermal.


Explor

• NMF: fator natural de hidratação da pele.


• pH: potencial de hidrogênio.
• RLs: radicais livres.

Quanto mais estas funções estiverem equilibradas, melhor será o processo de


cicatrização e recuperação cicatricial.

Figura 1 – Padrão brick & mortar do estrato córneo (barreira cutânea)


Fonte: ADDOR & AOKI, 2010

Estrutura de hidratação da pele, formada por uma parte celular e proteica e


por uma parte lipídica.

A hidratação ocorre por osmose, que é a passagem espontânea de um solvente


por uma membrana semipermeável, indo de uma solução menos concentrada (ou
um solvente puro) para uma solução mais concentrada (menos diluída).

Os tipos são:
• Emolientes: capazes de “preencher as fendas” entre os corneócitos, retendo
água nesta camada, por aumentar a coesão celular;
• Reparadores proteicos: reparam estruturas proteicas dérmicas danificadas ou
estimulam a produção das mesmas;

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UNIDADE Cosméticos Reparadores

• Umectantes: retêm água na camada córnea, seja por atraí-la da derme, seja
por atraí-la do meio externo;

• Oclusivos: retardam a evaporação e perda d’água epidérmica através da for-


mação de um filme hidrofóbico.

Eles são os que mais atendem às necessidades de reparação, pois tornam a pele
íntegra para uma ótima recuperação e também podem ser aplicados nas cicatrizes,
caso o médico libere.

Cosméticos Reparadores
No processo de recuperação do tecido, algumas classes de cosméticos são
fundamentais. Entre elas, podemos citar os antioxidantes, hidratantes, vitaminas
e fatores de crescimento. Já no pós-tardio, dependendo da cirurgia, podemos ob-
servar flacidez cutânea, como, por exemplo, na lipoaspiração, e também cicatriz
hipercrômica. Nestes casos, ainda podemos recorrer ao auxílio dos cosméticos
firmantes e clareadores.

Os princípios ativos estão ligados diretamente à ação principal do cosmético,


definindo e direcionando o tratamento estético.

Ativos antioxidantes – precisamos nos lembrar aqui dos Radicais Livres, que são
moléculas instáveis pelo fato de seus átomos terem um número ímpar de elétrons.
Para que estas moléculas fiquem estáveis, elas reagem com as células que encon-
tram para roubarem o elétron que está faltando, gerando, assim, uma reação em
cadeia, pois ao retirar o elétron da célula, esta se tornará outro radical livre. Esse
processo fica exacerbado em situações de estresse como uma cirurgia. Todo pro-
cesso inflamatório desencadeia um aumento na produção de RLs.

O corpo produz antioxidantes para combatê-los, mas o problema é quando a


produção dos antioxidantes é menor do que a de RLs. E então eles geram a oxida-
ção dos lipídios das membranas celulares, dificultando o metabolismo e desacele-
rando o processo de reparação tecidual, no caso das cirurgias plásticas.
Explor

Esquema de formação de Radicais Livres (RLs): http://bit.ly/2OGcTlw


Explor

Aprenda mais sobre os radicais livres: https://youtu.be/9mdhfRfZoYI

Os ativos antioxidantes, também chamados de antirradicais livres, são substân-


cias capazes de neutralizar um radical livre, doando o elétron de que eles precisam.

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Vejamos alguns:
• Coenzima Q10: capta os RLs e é estimulante do sistema imunológico. Encon-
trada na sardinha e amendoim;
• Extrato de chá verde: além de antioxidante, também é um anti-inflamatório e
protege a pele contra a ação carcinogênica do UVB;
• Ginkgo biloba: antioxidante, atua no sistema circulatório e no metabolis-
mo celular. Excelente no pós-operatório para acelerar a evolução do edema
e equimose;
• Extrato de semente de uva: antioxidante natural, protege a pele das ações
da radiação solar;
• Idebenona: derivada da Coenzima Q10, tem peso molecular baixo e consegue
atravessar até a derme, neutralizando os RLs.

Os ativos hidratantes garantem quantidade adequada de água em todas as cama-


das da pele e a recuperação da mesma, principalmente nos processos cicatriciais.
A pele tem mecanismos de hidratação natural, como a secreção das glândulas sebá-
ceas e sudoríparas, que formam o manto hidrolipídico, nosso hidratante natural. A
hidratação natural da pele pode ser influenciada pela quantidade de água ingerida,
pela umidade do meio e pela capacidade do estrato córneo de manter essa água.

Quanto mais hidratada antes da cirurgia a pele estiver, melhor será para a realiza-
ção das incisões cirúrgicas, e no pós-operatório mais rápido ocorrerá a recuperação
do tecido. A hidratação também garante a saúde da pele, visto que a pele desidratada
se comporta como uma pele sensível, que apresenta prurido, descamação, vermelhi-
dão e fissuras, que atrapalham no resultado final das intervenções estéticas.

Vejamos as características de alguns ativos hidratantes:


• Aquaxyl: harmoniza o fluxo hídrico da pele, melhorando as reservas de água
e diminuindo a perda de água transepidérmica;
• Alantoína: derivada do confrei, possui ação hidratante e cicatrizante. Ótima
para recuperar ferimentos;
• Aloe vera: hidratante, calmante, anti-inflamatória e protetora. Quando asso-
ciada a filtros solares, tem ação regeneradora;
• Aquaporine active: aumenta a produção dos canais de aquaporina, restau-
rando o fluxo natural de água na pele;
• Ácido hialurônico: com baixo peso molecular, tem também poder preenche-
dor e com alto peso molecular forma um filme de hidratação na pele.

Você Sabia? Importante!

As aquaporinas são proteínas transmembranáceas que permitem o transporte de mo-


léculas de água através da membrana plasmática das células. São expressas tanto nas
células epiteliais como endoteliais.

11
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UNIDADE Cosméticos Reparadores

E para que a pele possa se refazer e se recuperar, ela precisa também de subsí-
dios, pois todo o metabolismo estará acelerado, principalmente nos primeiros 21
dias, em que a fibrinogênese está ocorrendo para reparar o tecido. As vitaminas
são muito importantes nesse processo, pois medeiam várias reações enzimáticas
importantes para a fisiologia celular. Elas possuem ação regenerativa, antioxidantes
e hidratante.
• Vitamina E: antioxidante natural que protege a membrana celular;
• Vitamina C: neutraliza os RLs, ajuda a conservar a vitamina E, estimula a pro-
dução de colágeno e dependendo da concentração, ainda pode clarear a pele;
• Vitamina B3: nicotinamida, realiza a síntese de coenzimas, regula a produção
de lipídios;
• Vitamina B1: tiamina, essencial para o metabolismo celular;
• Vitamina B2: riboflavina, atua nas reações de respiração celular, envolvidas
no metabolismo energético;
• Vitamina B5: pantenol, auxilia nos processos de regeneração epidérmica e
cicatrização;

Podemos citar ainda o Óleo de girassol, que é um excelente hidratante, re-


generador e cicatrizante, ideal para ser utilizado em cicatrizes, quando liberado
pelo médico.

Fatores de Crescimento (FC) são moléculas biologicamente ativas, que regulam


direta e externamente o ciclo celular. Essas proteínas atuam em nível de membrana
celular, provocando uma cascata bioquímica que leva à sua ação direta no núcleo
da célula, promovendo a gênica. Diversas células epidermais e epiteliais produzem
essas moléculas, tais como os macrófagos, fibroblastos e queratinócitos, que além
de produzirem os fatores também são ativadas por eles. Vimos, lá no capítulo que
trata sobre cicatrização, que os FC estão presentes e também podemos contar com
eles no uso tópico para acelerar o processo. Existem vários fatores de crescimento,
dentre eles podemos citar:
• PDGF: atua na proliferação de fibroblastos;
• EGF: um estudo in vitro realizado em porcos acarretou um aumento dose-
-dependente da espessura do tecido de granulação e a reepitelização de feridas
de espessura parcial;
• aFGF e bFGF (fator de crescimento fibroblástico ácido e básico, respecti-
vamente): possuem importante função no processo de reparo, principalmente
estimulando a angiogênese;
• TGFβ (fator transformador do crescimento): reparo, principalmente na mi-
gração de células inflamatórias para o sítio da lesão, na diferenciação de fi-
broblastos em miofibroblastos e no processo de angiogênese pela indução da
expressão de proteínas da matriz extracelular.

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Em suma, os fatores de crescimento atuam em vários processos fisiológicos,
destacando-se no processo de cicatrização com consequente reepitelização a partir
da substituição das estruturas desorganizadas do colágeno tipo III e elastina por
moléculas mais resistentes e estruturadas, o que auxilia no processo de reparação,
podendo ser aplicados concomitantemente ao uso de eletroterapia estética.

Um dos possíveis acontecimentos do pós-operatório tardio é a flacidez tissular


e hipercromia. No caso da flacidez, ela é mais comum quando se realiza lipoas-
piração, pois sabemos que o tecido adiposo também faz a sustentação do tecido
epitelial. Já as hipercromias podem ocorrer nas cicatrizes, o que é mais comum em
fototipos altos e também quando o cliente não segue a recomendação de utilização
de filtro solar.

Para a flacidez tissular, podemos recorrer aos ativos firmantes, que atuam da
seguinte forma: restaurando o colágeno e a elastina, reduzindo a atividade das
metaloproteinases, melhorando a comunicação dermoepidérmica, promovendo
efeito tensor, estimulando o aumento da quantidade de fibroblastos e propiciando
a manutenção da integridade da matriz extracelular. Vejamos aqui alguns destes
ativos utilizados:
• Densiskin: atua na matriz extracelular, estimulando a produção de colágeno,
elastina e glicosaminoglicanas. Auxilia na reestruturação da membrana celular
e tem ação inibidora das metaloproteinases da matriz;
• Rafermine: obtido do extrato hidrolisado da soja, tem a capacidade de forta-
lecer a estrutura molecular da derme, aumentando a firmeza e a tonicidade,
e estimula os fibroblastos a retrair e inibir as metaloproteinases, impedindo a
degradação das fibras de colágeno e elastina;
• Easy lift: tensor instantâneo que forma um filme sobre a pele, deixando-a
mais lisa, diminuindo a profundidade de rugas.

Figura 2 – Flacidez tissular


Fonte: Getty Images

13
13
UNIDADE Cosméticos Reparadores

Já os ativos clareadores agem na maioria das vezes na inibição da tirosinase,


inibindo a produção da melanina, ou também podem agir na melanina já formada.
Além de clarear as hipercromias já existentes, também impedem ou minimizam a
formação de novas manchas.

Figura 3 – Cicatriz hipercrômica


Fonte: Getty Images

Estas “manchas escuras” podem surgir no pós-operatório por vários motivos.


Dentre eles, ressaltamos a exposição solar, a predisposição genética, a cicatriza-
ção e as reações orgânicas do período pós-inflamatório. Podemos citar algumas
substâncias despigmentantes utilizadas em cosméticos para tratar ou amenizar as
hipercromias:
• Ácido kójico: inibe a tirosinase, não é fotossensível e pode ser aplicado em
todos os fototipos;
Explor

Você sabe o que é fototipo? Acesse: http://bit.ly/2M4efnQ

• Algowhite: atua inibindo a tirosinase e a comunicação melanócito-queratinócito.


• Vitamina C: em sua forma pura e estabilizada, tem ação antioxidante; depen-
dendo da concentração, age como clareadora e também estimula a produção
de colágeno.

E um outro cosmético que deve ser utilizado é o Filtro solar, que evitará as hiper-
cromias e também a sensibilização da área, principalmente nas equimoses.

Os filtros são divididos em orgânicos e inorgânicos, sendo que os orgânicos


ou físicos formam uma camada protetora sobre a pele, que reflete e dispersa a
radiação solar. Já os inorgânicos ou químicos atuam por absorção da radiação UV.
Algumas substâncias orgânicas têm a propriedade de ao mesmo tempo absorver,
dispersar e refletir o UV.

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Figura 4 – Diferença entre a ação dos filtros orgânicos ou químicos e dos filtros inorgânicos ou químicos
Fonte: UFC

Bandagens
Considera-se bandagem o recurso externo flexível para auxílio no corpo hu-
mano, podendo ser dividida em inelástica ou rígida e elástica. As elásticas podem
estirar-se e voltam ao seu tamanho original. As rígidas são as de gesso, esparadra-
po ou micropore, e as elásticas são o taping ou bandagem terapêutica elástica.

São sensíveis ao calor, possuem textura e espessura similares à pele e as linhas


de distribuição do adesivo em S simulam os diferentes sentidos da elasticidade da
pele humana. Ela permite e auxilia o fluxo linfático, permanecendo no local por
até 10 dias.

A aplicação da bandagem está relacionada com a direção e também com a ten-


são, que pode ser maior ou menor, dependendo do objetivo, lembrando-se aqui de
que o objetivo estético no pós-operatório é a diminuição do edema somente, o que
minimiza quadros álgicos.

A maior parte das aplicações utiliza aplicações com tensões abaixo de 50%. A
colocação é realizada por dois pontos fixos ou âncoras, sem tensão, e zonas tera-
pêuticas que receberão a tensão.

15
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UNIDADE Cosméticos Reparadores

Explor
• Bandagem no pós-operatório de lipoaspiração para minimizar edema e equimose.
Disponível­ em: http://bit.ly/2yCU0oE
• Bandagem em cicatriz hipertrófica: http://bit.ly/2yEGxwD

Figura 5 – Bandagem em pós-operatório imediato


Figura 6 – Cores e tamanhos de bandagens
Fonte: CHI, et. al; 2018 Fonte: Divulgação

Os objetivos são diminuir a pressão nos tecidos lesados, canalizando ou dirigindo


o exsudato aos linfonodos.

Deve-se observar a integridade da pele, sensibilidade e também o fototipo, por


conta de possíveis reações e sensibilizações. Para remoção das faixas, deve-se ume-
decê-las com óleo, aguardar 15 minutos, estirando a pele e removendo as faixas
com cuidado. São necessários cursos de aperfeiçoamento e também liberação do
médico para aplicação.

A pressão ocasionada pela bandagem atua como canais que direcionam o ex-
sudato para o ducto linfático mais próximo. A fita é aplicada com a base próxima
ao nódulo linfático a ser dirigido o exsudato, sendo aplicada com um padrão de 0
- 15% de tensão. O mecanismo de bombeamento necessita da contração muscular,
então para que a técnica apresente os benefícios de forma satisfatória, é necessário
que ocorra movimentação livre das articulações.

Existem várias possibilidades de aplicação da bandagem para o linfedema. Uma


delas consiste na aplicação da base e âncora, ambas de aproximadamente 3 cm - sem
tensionamento, e caso isto ocorra deverá ser o mínimo possível. A técnica deverá ser
aplicada de proximal para distal, contra a direção do fluido linfático. São utilizadas
tiras finas recortadas da fita original, aplicadas na técnica em “leque”, as tiras podem
ser sobrepostas ou aplicadas no sentido do segmento do membro a ser tratado.

Existem diferentes tipos de corte e aplicações, dependendo da ação desejada.


Para edema, o mais utilizado é em leque, chamado também de “fan”, como pode-
mos observar na imagem a seguir.

16
Explor
Bandagem funcional para redução do edema: http://bit.ly/2OPNBSa

Curativos e Acessórios Pré e Pós-Cirúrgicos


Os curativos são de competência da equipe de enfermagem, mas o conheci-
mento é necessário, visto que muitos profissionais de estética irão trabalhar em
equipes multidisciplinares. Além dos curativos, o cliente pode estar com o dreno,
principalmente na abdominoplastia. Os atendimentos podem ser realizados com os
curativos e/ou dreno, desde que o médico tenha liberado.

Figura 7 – Faixa de silicone para curativo na cicatriz


Fonte: Divulgação

Curativo de silicone
O curativo de silicone é utilizado para deixar a cicatriz plana e com aspecto na-
tural. Também pode ser indicado para cicatrizes hipertróficas.

Figura 8
Fonte: Divulgação

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UNIDADE Cosméticos Reparadores

Órtese umbilical
A órtese umbilical é utilizada para reposicionamento após abdominoplastia, para
que o umbigo fique o mais próximo do formato anatômico.
Explor

Curativo de micropore em cicatriz recente: http://bit.ly/2OFMvIi

Curativo com micropore


A higienização e troca devem ser feitas pela enfermagem ou pelo próprio pa-
ciente, conforme a orientação médica. Em algumas clínicas, o primeiro banho pós-
-cirurgia também é realizado pela enfermagem, na própria clínica.

O tratamento da ferida operatória é controverso na literatura e varia desde não


usar curativo, mantê-lo por 24 a 48 horas ou mantê-lo até a retirada das suturas.
Caso o médico libere o paciente para atendimento, mesmo o cliente estando com
curativo, devemos observar se o ferimento está limpo, sem secreção purulenta, se
está com odor fétido, se a região circundante está quente e ou avermelhada, Caso
estes sinais sejam positivos, podem ser indícios de processo inflamatório agudo
ou infeccioso, não devemos atender. Nesse caso, deve-se orientar o cliente a que
procure o médico.

Meias elásticas
O uso de meias elásticas com pressão
graduada é recomendado para os pacien-
tes com história prévia de insuficiência ve-
nosa ou de fenômenos tromboembólicos e
também para profilaxia de tais alterações
circulatórias. Essas meias são largamente
usadas em Cirurgia Geral, Neurocirurgia e
em pacientes internados em Terapia Inten-
siva. O seu uso deve ser prolongado por
alguns dias, principalmente quando a ci-
rurgia envolve membros inferiores, como
no caso das lipoaspirações e implantes de
próteses. Não são um curativo, mas em al-
guns casos o paciente estará com elas no
momento do atendimento, principalmente Figura 9 – Meia elástica para prevenção de trombose
no pós-operatório imediato. Fonte: Divulgação

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Dreno pós-abdominoplastia

Figura 10 – Dreno abdominal no pós operatório de abdominoplastia


Fonte: ARANTES, et. al; 2009

O uso do dreno pode ser considerado, por alguns autores, uma das formas de
prevenção de seroma. Mas um grande fator predisponente ao aparecimento do se-
roma é o amplo descolamento do retalho abdominal, que além de gerar uma maior
área descolada para localização de coleções líquidas, desvasculariza sobremaneira
o retalho abdominal, com maior lesão de vasos linfáticos, propiciando a ocorrência
de seromas e necrose.

Cinta
A cinta deverá ser utilizada no pós-operatório
imediato e até no mínimo 60 dias após, ou conforme
orientação médica. Ela diminui o edema por fazer
uma contenção e também auxilia na modelagem, já
que o tecido necessita aderir novamente. Seu uso
também proporciona conforto ao cliente.

No momento do atendimento, o profissional de


estética deverá auxiliar a retirada e posterior colo-
cação da mesma. Por isso é importante conhecer
uma cinta, para se familiarizar. Todos estes cuidados
fazem do atendimento um momento de bem-estar,
com responsabilidade, e também propiciam seguran- Figura 11 – Cinta pós-lipoaspiração
ça ao cliente. Fonte: Divulgação

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UNIDADE Cosméticos Reparadores

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Hidratação da pele
https://youtu.be/VMK5QVBoAgM

 Leitura
Mecanismos de hidratação da pele
http://bit.ly/2M4KuUc
Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo
FERREIRA, A. L. A.; MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceitos, doenças
relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev. Assoc. Med. Bras., vol. 43,
n. 1, São Paulo, jan./mar. 1997.
http://bit.ly/2M5yKRc
Prevenção e tratamento de esquimose, edema e fibrose no pré, trans e pós-operatório de cirurgias plásticas
CHI, Anny et al. Prevenção e tratamento de esquimose, edema e fibrose no pré, trans
e pós-operatório de cirurgias plásticas. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, vol.
33, n. 3, 2018.
http://bit.ly/2M2Jvnm

20
Referências
AFORNALI, V. I. H. et al. Análise prévia da eficácia da hidratação utilizando
diferentes formulações contendo ácido hialurônico. Disponível em: <https://
tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/ANALISE-PREVIA-DA-EFICACIA-DA-
HIDRATACAO.pdf>. Acesso em: 22 mai. 20119.

ANGER, J.; BARUZZI, C. A; Knobel, E. Um protocolo de prevenção de trombose


venosa profunda em cirurgia plástica. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, vol.
18, n. 1, 2003, São Paulo. Disponível em: <http://www.rbcp.org.br/details/351/
pt-BR>. Acesso em: 29 mai. 2019.

BERGESCH, D. Dermo Linfo Estetic Taping: teoria e prática. Porto Alegre:


Essência do Saber, 2017.

BORGES, F. S.; SCorza, F. A. Terapêutica em estética: conceito e técnicas. São


Paulo: Phorte Editora, 2016.

COSTA, C. K. et al. Um estudo da pele seca: produtos emulsionados para seu tra-
tamento e busca de sensorial agradável para o uso contínuo. Visão Acadêmica,
Curitiba, v. 5, n. 2, p. 69-78, jul. – dez./2004, ISSN: 1518-5192. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/548/457>. Acesso em: 22 mai. 2019.

MENDES, D. A. Tempo de permanência do curativo após mamoplastia de


aumento com implantes de silicone: ensaio clínico aleatório. Tese (Doutorado em
Ciências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São
Paulo, 2015, 122 f. Disponível em: <http://www.repositorio.unifesp.br/handle/
11600/39298>. Acesso em 29 mai. 2019

NAGATA, K. S.; MARQUES, S. M. O efeito da bandagem elástica funcional


em linfedema pós-mastectomia: relato de dois casos. Trabalho de conclusão de
curso. Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2015. Disponível em:
<http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2652.pdf>. Acesso em:
28 mai. 2019.

OLIVEIRA, E. A. et al. Prevenção do seroma nas abdominoplastias associadas


à lipoaspiração e sem drenagem ativa. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica,
2008, vol. 23, n. 1. Disponível em: <http://www.rbcp.org.br/details/430/pt-BR>.
Acesso em: 28 mai. 2019.

VIEIRA, A. C. Q. M. et al. Fatores de crescimento: uma nova abordagem cosme-


cêutica para o cuidado antienvelhecimento. Rev. Bras. Farm., 92(3): 80-89, 2011,
Recife. Disponível em: <http://www.rbfarma.org.br/files/rbf-2011-92-3-1.pdf>.
Acesso em: 22 mai. 2019.

21
21
Estética e Cirurgia
Material Teórico
Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Paula Carvalho

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Eletroterapia Aplicada
no Pós-Operatório

• Eletroterapia no Pós-Operatório;
• Ultrassom;
• Radiofrequência;
• Alta Frequência;
• LED e Laser;
• MENS – Microcorrentes.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Quando e como usar a eletroterapia no pré e no pós-operatório.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

Eletroterapia no Pós-Operatório
A eletroterapia é um dos recursos que mais nos ajudará na recuperação do pós-
-operatório, bem como auxiliará em alterações decorrentes das cirurgias, como
fibrose, cicatriz hipertrófica, edema e flacidez.

Nas aulas de eletroterapia, você verá os mecanismos de ação, bem como as dosi-
metrias que serão aplicadas nas alterações estéticas, ou seja, que serão empregadas
no pós-operatório.

Aqui, veremos as ações dessas correntes no pós-operatório, respeitando os mes-


mos mecanismos de ação, as contraindicações relativas e absolutas e o mais impor-
tante, respeitando a liberação médica.

Ultrassom
Modalidade terapêutica de onda sonora, de penetração relativamente profunda, com
frequências superiores às detectadas pelo ouvido humano, podendo atingir até 3MHz.

Produz alterações teciduais por meio de mecanismos térmicos e não térmicos.


Durante a aplicação, o transdutor ou cabeçote deve estar completamente acoplado
na pele, para que a energia seja melhor aproveitada e transmitida. Precisam sem-
pre ser aplicados com gel de contato, que pode ou não conter ativos.

Seus principais efeitos são a passagem de ativos, como a fonoforese e a mi-


cromassagem, que aumenta o metabolismo e pode diminuir a fibrose. Além disso
pode gerar neovascularização e rearranjo de fibras de colágeno.

Na estética, utilizamos a frequência de 1MHz.

A intenção da utilização do ultrassom na pós-cirurgia plástica é a aceleração da


cicatrização, alcançar força tênsil normal e até mesmo a prevenção de cicatrizes
hipertróficas e queloides.

Para a aceleração do reparo tecidual da pele, recomenda-se o uso do ultrassom


no modo pulsado, no pós-operatório imediato, pois, dessa forma, só teremos os
efeitos atérmicos, ou seja, sem geração de calor, pois sabemos que, nessa fase,
temos um intenso processo inflamatório e o calor exacerbaria ainda mais os sinais
e os sintomas (Relação 1:5, 20%), utilizando uma frequência de 3MHZ, com inten-
sidade de até 0,5 W/cm², na fase proliferativa.

Não existe um consenso nos parâmetros de intensidade, pois são muitos artigos
e autores que atingem resultados com diferentes dosimetrias.

Segundo Guirro e Guirro (2004), as intensidades recomendadas oscilam entre


0,5 e 1,5 W/cm2. Essas intensidades variam de acordo com o pós-operatório (ime-
diato e tardio) e também de acordo com a alteração que se queira tratar, ou seja,

8
modo pulsado e intensidades baixas para acelerar o processo de cicatrização, con-
siderado uma lesão aguda e modo contínuo para fibrose e cicatriz hipertrófica, que
são consideradas lesões crônicas.

Sobre o modo contínuo e o pulsado, podemos dizer que o contínuo produz grande
efeito mecânico e térmico. Já o pulsado opera por ciclos de trabalho, interrompendo,
parcialmente, a emissão de ondas, com amplitude de pulsação entre 16Hz a 100Hz,
ciclo de trabalho que varia de 10% a 50%, tendo pouco efeito térmico e mecânico.

Os efeitos térmicos que auxiliam na fibrose e cicatriz hipertrófica são: aumento


da elasticidade do colágeno e melhora das propriedades mecânicas do tecido.

E os efeitos atérmicos que auxiliam no processo de regeneração: neoformação


angiogênica, aumento da síntese proteica e da secreção dos mastócitos.

Esse efeito também justifica seu uso preventivo para fibrose e hipertrofia cicatri-
cial no pós-operatório imediato. Também produz micromassagem, promovendo a
circulação dos fluidos, o que justifica seu uso para diminuir o edema e as equimoses.

Pode-se utilizar ativos cosméticos com o US, pois eles terão sua permeação
aumentada devido à fonoforese. A escolha do ativo dependerá do objetivo a ser
alcançado, podendo ser antiedema e reestruturante, entre outros.

O ativo pode ser aplicado junto à aplicação do US, o que torna o processo dis-
pendioso, pois a quantidade para que ocorra o acoplamento é grande, lembrando-
-se de que ele tem de ter base cosmética em gel.

Mas se pode, ainda, utilizar pré-ultrassom, devendo a substância (em gel, líquido
ou serum), ser massageada até total absorção ou, ainda, pós-ultrassom, na qual
o gel de contato deve ser totalmente removido, e o cosmético escolhido deve ser
massageado até total absorção.

MHz: Megahertz;
Explor

Hz: Hertz;
W/cm2: Watts por centímetro quadrado;
US: Ultrassom.

O tempo de aplicação deve ser de 2 minutos por quadrante, mas de acordo com
alguns autores, deve-se dividir a área a ser tratada pela ERA do transdutor (cabe-
çote), ou seja:

Tempo = Área/ERA

Sendo assim, quanto maior o tamanho da ERA, menor será o tempo de apli-
cação. Na maioria dos aparelhos, o fabricante já nos orienta em relação ao tempo
de aplicação, assim como muitos deles já têm os programas pré-estabelecidos para
cada alteração, mas lembrando-se da avaliação de cada paciente.

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9
UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

Para facilitar o trabalho, podemos estabelecer:


• Pós imediato na cicatriz: modo pulsado de 0,5 a 1 Wcm2;
• Pós imediato para absorção de edema e hematomas: pulsado 0,8 a 1,5 W/cm2;
• Cicatriz hipertrófica: contínuo 0,8 a 2,0 W/cm2;
• Fibrose: contínuo 1,0 a 1,5 W/cm2.

As variações serão de acordo com a extensão de tecido, quantidade de tecido


adiposo, proximidade óssea, sinais inflamatórios.

Figura 1 – Cabeçote do US Figura 2


Fonte: Divulgação Fonte: Divulgação

Radiofrequência
É um recurso terapêutico que utiliza ondas eletromagnéticas de alta frequência
para produzir calor em nível cutâneo e subcutâneo. Seu mecanismo de ação, por
meio da vibração das moléculas de água, transforma energia eletromagnética em
energia térmica.

É considerado um equipamento termoterapêutico e a passagem das ondas ele-


tromagnéticas pelo tecido pode gerar três fenômenos:
• Vibração iônica: aumento da temperatura é gerado quando os íons do tecido
submetidos à RF geram fricção e colidem com os adjacentes;
• Rotação das moléculas dipolares: as moléculas de água vibram e colidem
com o tecido, gerando calor;
• Distorção molecular: moléculas e átomos eletricamente neutros não apresen-
tam movimentação, gerando uma conversão mínima de energia.

Os aparelhos podem ter ponteiras monopolares, bipolares e até hexapolares.


Quantos mais polos, mais o calor se dissipa.
Explor

Veja a figura em: http://bit.ly/2Kta7us

10
Diferentes ponteiras de RF
Cada equipamento tem sua especificidade quanto ao meio de acoplamento, que pode
ser gel, glicerina, gel glicerinado ou algum produto que acompanhe o próprio aparelho.
Deve-se sempre ficar atento a esse detalhe que está relacionado ao aquecimento.
Com a elevação da temperatura, o organismo
promove vasodilatação, melhora do trofismo, há
reabsorção do edema, melhora da drenagem ve-
nosa e remoção de catabólitos, entre outros.

Altas temperaturas promovem a remodelação


de fibras de colágeno e um depósito de novas fi-
bras. Pode atuar na fibrose e na cicatriz hiper-
trófica, degradando o excesso de colágeno, ou
na flacidez tissular que, por vezes, aparece após
algum procedimento cirúrgico, o qual vimos em Figura 3 – Aparelho de RF Efect, da HTM
capítulos anteriores. Fonte: Divulgação

No caso da flacidez, as temperaturas devem ser mais elevadas, chegando de


380C a 400C, ativando a cascata inflamatória com liberação da HSP47, pro-
teína de choque e de fatores de crescimento que estimulam a fibrinogênese e
levam à neocolagênese.
Em alguns casos, quando ainda ocorre um excesso de liposdistrofia localizada, e
não se que se faça um retoque cirúrgico, pode-se elevar ainda mais a temperatura,
até 420C/430C, e assim causar um trauma térmico na membrana adipocitária, di-
minuindo a quantidade de gordura subcutânea.
Devemos lembrar que colágeno é a proteína mais abundante do corpo humano,
representando 30% do total dessas proteínas, sendo que esta representa aproxi-
madamente 70% do peso da pele seca, e tem como função fornecer resistência e
integridade estrutural a diversos tecidos e órgãos.
As fibras de colágeno são reabsorvidas durante o crescimento, remodelação,
involução, inflamação e reparo dos tecidos.
A reabsorção é iniciada por colagenases específicas que podem digerir as molé-
culas de tropocolágeno da fibra.
A RF é o equipamento que influencia esse processo, tanto para neutralizar um
processo exacerbado como para estimular um processo que está em déficit, ou
seja, fibrose e flacidez, respectivamente.
No pós-operatório de lipoaspiração, esse recurso está ligado ao tratamento das
fibroses, tanto recente como tardia, podendo ser aplicada precocemente, desde que
a sensibilidade térmica do paciente seja perfeitamente mensurável e que o edema
não seja acentuado.
A temperatura atingida, medida pelo termômetro, não deve ultrapassar 36ºC,
para qualquer tipo de fibrose. Lembrando-se de que existem autores que realizam
trabalhos com 370C.

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UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

No caso de cicatriz hipertrófica, também podemos atingir as mesmas tempera-


turas que utilizamos para a fibrose, entre 360C e 370C, e para cicatrizes atróficas
as mesmas temperaturas que são utilizadas na flacidez, que são 40ºC. Nesse caso,
utilizaremos apenas no POT.
A aplicação da radiofrequência depende do aparelho utilizado, levando em con-
sideração o tipo de radiação, a quantidade de eletrodos e forma de resfriamento,
variando no acompanhamento e na manutenção da dosimetria e nos cuidados pós-
-aplicação. Deve-se, portanto, seguir sempre as orientações do fabricante.
Deve-se promover movimentos em áreas pequenas até causar hiperemia (aver-
melhamento local) e, no caso de equipamentos de alta potência, os movimentos
devem ser mais rápidos.
Sempre se deve observar o tempo de manutenção, que é entre 3 e 5 minutos
da temperatura escolhida, ou seja, se precisa atingir 370C, quando chegar a essa
temperatura, ficar de 3 a 5 minutos na mesma região, promovendo movimentos
circulares no quadrante a ser tratado.
Explor

Você sabe a diferença de RF resistiva e capacitiva? Disponível em: http://bit.ly/2M3EYkw

A maioria dos efeitos adversos da radiofrequência são gerados por erro na pro-
gramação ou na aplicação da técnica:
• Queimaduras no local que podem ser internas, quando causadas pelo eletrodo
ativo e externas quando causadas pelo eletrodo dispersivo;
• Aumento nos casos de fibroses pós-operatórias, quando a temperatura não
é adequada;
• Aumento nos quadros de flacidez, caso a temperatura não seja adequada.
Para evitar os efeitos adversos, é necessário entender qual a temperatura ade-
quada e por quanto tempo essa temperatura deve ser mantida. Portanto, as potên-
cias ideais são as adequadas, e não as elevadas. Outro ponto é manter o espaço de
15 dias entre uma sessão e outra.

Alta Frequência
O gerador de alta frequência é produto de uma corrente alternada de elevada fre-
quência e baixa intensidade, utilizada na estética com tensão aproximada de 30 mil
a 40 mil volts e uma frequência de 150 a 200Khz.
Seus efeitos fisiológicos variam em condições térmicas, aumentando o metabo-
lismo e, com isso, a oxigenação celular e a eliminação de gás carbônico, atuando
como vasodilatador, que estimula a circulação periférica, como bactericida e antis-
séptico pela formação do ozônio.
No contato com o eletrodo, a pele promove um faiscamento que converte o
oxigênio em ozônio, o qual, por sua instabilidade, tem propriedades germicidas.

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O método de aplicação se dá de forma direta ou indireta, não se devendo fazer
uso da técnica em pele umedecida e em material inflamável, lembrando-se, ainda, de
que, na Estética, só faremos procedimentos em feridas fechadas, ou seja, cicatrizadas.
O O3 estimula a produção de citocinas, ativa os linfócitos T, melhora a oxigena-
ção e o metabolismo celular por meio da vasodilatação e produz um aumento da
resposta enzimática antioxidativa, contribuindo, assim, de forma efetiva no trata-
mento de lesões cutâneas causadas por diferentes microrganismos.
As bactérias são os organismos mais sensíveis ao O3, o que garante a sua eficácia
bactericida. Ele atua, primeiramente, sobre a membrana bacteriana e causa a perda
da atividade enzimática celular normal.
A partir daí, ocorre uma mudança na permeabilidade da célula, que leva à morte
da bactéria. Esse processo ocorre associado à lise celular. Essa ação nos auxilia no
processo de cicatrização, para evitar que ocorra um processo inflamatório exacer-
bado ou então um processo infeccioso.
Esses são os eletrodos que compõem o aparelho de AF:

Figura 4
Sobre as técnicas de aplicação, as mais utilizadas no processo de regeneração
tecidual em cicatrizes são as descritas a seguir, lembrando-se de que só devemos
atuar na lesão fechada e com a autorização do médico:
• Fluxação ou Efluviação: esta forma de aplicação promove efeito desconges-
tivo e calmante, diminuindo a hiperemia (vermelhidão);
• Faiscamento direto:  aplica-se com o eletrodo um pouco afastado da pele,
provocando faíscas. Nesse método de aplicação, ocorre a formação de Ozônio;
• Faiscamento indireto. essa técnica permite tonificar e estimular as termina-
ções nervosas da pele, além de permitir a permeação de ativos cosméticos.
Aqui, podemos associar ativos antiedema, estimulantes do colágeno e hidra-
tantes, para melhor recuperação tecidual.
Explor

No link a seguir, veja outras formas de aplicação do AF: http://bit.ly/2M1oxoM

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UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

LED e Laser
A fototerapia consiste na aplicação de luz com finalidades reparatórias nos tecidos
e apresenta uma função interessante nos tratamentos, tanto estético quanto médico.
Sua principal via de ação é por meio da mitocôndria e da geração de ATP, sendo
essencial ao processo de reparação tecidual, que acontece nas cirurgias estéticas.
Tal reparo tecidual é um estado dinâmico que compreende diferentes processos,
entre eles, inflamação, proliferação celular e síntese de elementos que constituem a
matriz extracelular, como colágeno, elastina e fibras reticulares.

A síntese de colágeno é um processo rápido e harmônico que tem seu início com
a lesão intersticial e se estende até o final da fase de cicatrização, quando ocorre a
remodelação dos tecidos.

A terapia a laser de baixa intensidade é um método aceito pela Food Drug


Administration (FDA) como tratamento eficaz para a cicatrização de tecidos, pois
facilita a síntese de colágeno, aumenta a motilidade dos queratinócitos, libera fato-
res de crescimento, além de transformar os fibroblastos em miofibroblastos, incre-
mentando, dessa forma, a síntese de colágeno.

Lembrando-se novamente de que só iremos atuar na ferida fechada, ou seja, na


lesão já cicatrizada, e com liberação médica.

Deve ser aplicada pontualmente, sempre utilizando os óculos de segurança. Exis-


tem técnicas nas quais o feixe de luz é aplicado nas bordas da lesão e outras no centro.

Ambas demonstram excelentes resultados. A unidade de medida é em Joules (J)


e são muitas as dosimetrias utilizadas. Essa energia produz nos tecidos efeitos pri-
mários ou direto que são bioelétricos e bioquímicos Efeito bioelétrico, aumento na
produção de ATP, elevando a eficácia da bomba de potássio. Os efeitos bioquímicos
são retardo ou elevação das reações, com as substâncias de prostaglandina, hista-
mina, serotonina e bradicinina.

Podemos entender esses efeitos como:


• Fotobiomodulação;
• Interação fótons e cromofóros;
• Modulação celular.

De acordo com Borges (2006) a densidade do aparelho é medida em Joules/


cm2, que é igual à potência (mW) do aparelho, multiplicada pelo tempo em segun-
dos, dividido pela superfície de emissão ao quadrado:
• Efeito analgésico: 2 a 4 Joules/cm2;
• Efeito regenerativo/cicatrizante: 3 a 6 Joules/cm2;
• Efeito circulatório: 1 a 3 Joules/cm2;
• Efeito anti-inflamatório: 1 a 3 Joules/cm2.

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Nesses parâmetros, temos os seguintes efeitos:
• Aumenta a síntese de colágeno, útil para reparo tecidual;
• Aumenta a permeabilidade das membranas celulares com eficiência da bomba
de sódio;
• Aumenta o número de fibroblastos e promove tecido de granulação;
• Aumenta os níveis de prostaglandinas, levando o aumento na ATP celular;
• Ação anti-inflamatória, antiflogística;
• Normalização da bioenergia celular;
• Aumento da atividade enzimática, acelerando a cicatrização;
• Neovascularização, estímulo à microcirculação;
• Ante edematoso (ativa a microcirculação, a vasodilatação de arteríolas, a pro-
liferação celular);
• Ação fibrinolítica (aumento da reabsorção fibrinogênica), ideal para hipertro-
fia cicatricial.

A literatura sugere que o laser de emissão vermelha (630nm a 690nm) é a me-


lhor opção para cicatrização da ferida cutânea, por se apresentar de forma super-
ficial, sendo a dosimetria de 2 a 4J para bioestimulação, ou seja, reparo tecidual, e
de 6 a 8J para inibição, isto é, cicatriz hipertrófica e queloide.

Vale lembrar-se de que o queloide deve sempre ser tratado em conjunto com
o cirurgião, pois as técnicas empregadas na estética são paliativas, e isoladas não
apresentam resultados definitivos.

O arquivo a seguir apresenta uma revisão sobre a dosimetria do LBI. Aplicação do laser de
Explor

baixa intensidade no processo de cicatrização de ferida cirúrgica: padronização dos parâme-


tros dosimétricos, Disponível em: http://bit.ly/2Aqo6g3

Nas terapias fotodinâmicas, temos, ainda, o LED, que também nos auxilia não
só nos processos de regeneração e hidratação, mas age como um coadjuvante nos
tratamentos de cicatrizes hipecrômicas e flacidez tecidual.
O LED (Light Emitting Diodes) é uma fonte de luz que não emite calor, por não
produzir radiação infravermelha e, atualmente, é muito utilizado nos tratamentos
estéticos por sua atuação na modulação celular.
Cada comprimento de onda corresponde a uma cor, e cada cor tem funções
diferentes.
Para estímulo de colágeno e reparação tecidual, devemos utilizar o LED Verme-
lho, cujo papel na reorganização do colágeno está diretamente relacionado à ação
de modulação do fibroblasto, pois estimula a ação do citocromo-C, aumentando
o trabalho da mitocôndria, da cadeia respiratória celular, a troca de nutrientes e a
eliminação de toxinas.

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UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

Para auxiliar na hidratação e no clareamento de cicatrizes hipercrômicas, pode-


mos utilizar o LED azul, pois ele age na hidrólise da água, e também na desagluti-
nação dos pigmentos de melanina. Sua aplicação deve ser realizada em varredura,
dividindo a região em quadrantes, sendo 2 minutos para cada quadrante e na cica-
triz, de 2 a 4 minutos em toda a extensão.
Veja outras ações dos diferentes tipos de LED:
• O LED âmbar é absorvido pelos fibroblastos, aumentando a síntese de coláge-
no e elastina, reorganiza a disposição dessas fibras no tecido e reduz a glicação
(endurecimento do colágeno);
• O LED vermelho é absorvido por substâncias da mitocôndria, aumentando
a energia celular, e promove a vasodilatação, aumentando a microcirculação
periférica, age diretamente na recuperação da pele, e o LED verde atua au-
mentando a proliferação celular, aumentando sua renovação, e estimula os
fibroblastos a sintetizarem ácido hialurônico.
As terapias fotodinâmicas (Laser e LED) podem ser combinadas, ou seja, podemos
aplicar ambas em uma mesma sessão e, ainda, contarmos com a ação dos cosméticos.
Eles devem ser fotoativados, transparentes e com ativos que imitem um cromóforo.

Figura 5 – Óculos de segurança na aplicação das terapias fotodinâmicas


Fonte: Getty Images

MENS – Microcorrentes
A aplicação da microcorrentes no pós-operatório tem efeitos na normalização
do tecido lesado, pois aumenta a circulação sanguínea, o que, por si, já aumenta o
aporte de nutrientes, e facilita o transporte de aminoácidos e síntese de proteínas,
otimizando a permeabilidade de membrana, fatores que somados resultam em um
melhor desempenho funcional da célula, principalmente, por aumentar em 500%
a produção de ATP.

Ocorre uma anormalidade elétrica em tecidos lesados que apresentam uma re-
sistência maior do que tecidos não lesados.

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Isso se deve a uma alteração de cargas que alteram a permeabilidade da mem-
brana celular. Com essa alteração, as funções celulares ficam prejudicadas, e, por
esse motivo, a regulação da bioeletricidade da pele seria o gatilho para iniciar o
processo de normalização.

A microcorrentes trabalha com os benefícios causados tanto por seu polo negati-
vo quanto por seu polo positivo, sendo que cada um exerce uma função importante
no reparo tecidual.

O polo negativo exerce um potencial no controle de crescimento bacteriano e o


polo positivo atua no crescimento celular, realizando reepitalização, multiplicando
as células do tecido conjuntivo e aumentando a produção de colágeno.

Na recuperação da lipoaspiração precisa ser utilizada com cautela, pois o incre-


mento na síntese de colágeno pode gerar fibrose, o que seria um resultado indesejado.

Seu principal uso no pós-operatório é a aplicação nas cicatrizes, para normali-


zar o tecido, ou seja, as cargas elétricas e também para estimular o colágeno e, no
caso de cicatrizes hipertróficas, usando a modalidade de bioinibição para diminuir
a produção exacerbada de colágeno.

Pode ser aplicada com os eletrodos em esfera, afastando as canetas por 5 se-
gundos ou, então, em placas nas bordas das cicatrizes. Na Literatura, são descritas
muitas dosimetrias, mas as mais aplicadas são:
• Reparação tecidual: 100Hz de frequência e 80uA a 100uA de intensidade;
• Normalização: 100Hz de frequência e 500uA de intensidade – Iniciando
a aplicação;
• Bioinibição: 100Hz de frequência e 750uA de intensidade – Para cicatri-
zes hipertróficas.

O tempo pode variar de 10 a 15 minutos por região.

Figura 6 – MENS com eletrodo caneta


Fonte: Getty Images

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UNIDADE Eletroterapia Aplicada no Pós-Operatório

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Leitura
Os efeitos da radiofrequência na fibrose no pós-operatório de lipoaspiração
http://bit.ly/2QbsmLf
A alta frequência no estímulo da cicatrização: revisão de literatura
http://bit.ly/2Qcfy7f
Laser de baixa intensidade no processo de cicatrização hipertrófica
http://bit.ly/2AjH342
Avaliação do laser e led no tratamento da hiperpigmentação periorbital evaluation of laser and led in
the treatment of periorbital hyperpigmentation
http://bit.ly/2Am9y0V

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Referências
BORGES, F. S. Dermato Funcional: Modalidades terapêuticas nas disfunções es-
téticas. São Paulo: Phorte, 2006.

BORGES, F.; SCORZA, F. Terapêutica em estética conceitos e técnicas.


Phorte, 2016.

FREITAS, D. R. Laser como recurso terapêutico para amenizar a cicatriza-


ção hipertrófica: uma revisão bibliográfica. 2013. (Pós-graduação em Fisiote-
rapia Dermato-Funcional) – Faculdade Cambury, 2013. Disponível em: <http://
portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/18/85_-_Laser_como_recurso_terapYuti-
co_para_amenizar_a_cicatrizaYYo_hipertrYfica_uma_revisYo_bibliogrYfica.pdf>.
Acesso em: 6 jun. 2019.

GUIRRO, E. C. O.; GUIRRO, R. R. J. Fisioterapia Dermato-Funcional. São Paulo:


Manole, 2004.

MACEDO, A. C. B.; OLIVEIRA, S. M. A atuação da fisioterapia no pré e pós-ope-


ratório de cirurgia plástica corporal: uma revisão de literatura. Cadernos da Escola
de Saúde, Curitiba, 2017, n. 5, p. 169-189. Disponível em <http://portaldepe-
riodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernossaude/article/viewFile/2327/1899>.
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tura. Arch Health Invest, v. 5, n. 3: p. 134-139, 2006. Disponível em: <http://
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Staphylococcus aureus. Fisioter Pesq., Paraná, v. 19, n. 2, p. 153-157, 2012.

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ponível em: <http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/18/103_- Universidade
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OLIVEIRA, L. M. N. Utilização do ozônio através do aparelho de alta frequência


no tratamento da úlcera por pressão. Revista Brasileira de Ciências da Saúde,
Paraná, ano 9, n. 30, out./dez. 2011. Disponível em <file:///C:/Users/Fast%20
Shop/Downloads/1418-5028-1-PB.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019.

PEREIRA, M. F. L. Eletroterapia. São Paulo: Difusão, 2014. v. V.

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matória pela terapia a laser de baixa intensidade no processo de reparo tecidual. An
Bras Dermatol. São Paulo, v. 8, n. 2: p. 150-156, 2006. Disponível em: <http://
www.anaisdedermatologia.org.br/detalhe-artigo/149/Modulacao-da-proliferacao-
-fibroblastica-e-da-resposta-inflamatoria-pela-terapia-a-laser-de-baixa-int>. Acesso
em: 8 jun. 2019.

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