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Instituto Superior de Psicologia Aplicada

Técnicas Psicométricas

O teste de barragem Toulouse-Piéron

Rita Faria Blanc nº 12 164


Ana Gonçalves nº 12 279
Vera Garcia nº 12 385
Filipa Rosado nº 12 677

2º ano – turma M
2005/2006
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era uma vez...


 O teste foi criado em 1904 por Toulouse e Piéron

 Inspirou-se no teste de Bourdon (1985)


– em que se pedia ao sujeito para cortar todos os “a”, “e” e “r”

 Estamos no início da investigação experimental em Psicologia, e esta


debruçava-se quase exclusivamente sobre as capacidades cognitivas básicas
encaradas de uma forma atomista , isto é, enquanto aptidões separadas umas das
outras e do contexto.

 Actualmente esta perspectiva já não é válida embora este teste continue


a ser usado, embora integrado em baterias de testes bastante complexas, com a
salvaguarda que ele, exclusivamente, não permite uma avaliação correcta da
capacidade de atenção do sujeito.

outras medidas...
 D2 (mede a atenção selectiva e concentração)
 BAF (bateria de aptidões fundamentais)
 DAT (teste de aptidões diferenciais)
 PMA (aptidões mentais primárias)
– compreensão verbal, aptidão espacial, aptidão numérica, raciocínio lógico,
fluência verbal
 MAI (memoria auditiva imediata)
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na teoria...
A Atenção
 Define-se como concentração de recursos psíquicos num objectivo que
se sobrepõe relativamente a outros estímulos; uma boa imagem do que acontece
quando a atenção está activada pode ser dada pelas ilusões perceptivas que jogam
com a figura/fundo através de contrastes

 A atenção é indispensável para toda a actividade cognitiva


– confere maior produtividade à inteligência ao destacar o objecto de
trabalho
– interfere com as emoções, e é afectada por elas: uma maior atenção à
emoção dá-lhe mais força, e vice-versa (como no caso do sofrimento que
é aumentado se o sujeito se detém nele, e diminuído se o sujeito procura
distrair-se); o estado emocional pode propiciar ou perturbar o estado de
atenção.

 A atenção normal não é estática, isto é, sofre oscilações não se


mantendo sempre no mesmo nível de intensidade.

 Patologias:
– hipoprosexia: patologia em que o sujeito que sofre de dispersão habitual
(incapacidade de estar atento)
– hiperprosexia: patologia em que o sujeito se encontra absorvido numa
ideia fixa, isto é, a sua atenção permanece num nível de intensidade
máximo.
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Divisão Clássica da Atenção


 segundo os determinantes
– externos:
involuntária: o sujeito é cativado pelo estímulo externo (como quando
vamos na rua e paramos em frente a uma montra que tem uma mala que
chama por nós)
habitual: o sujeito é cativado pelo estímulo automaticamente, como
quando saltamos porque ouvimos o toque de mensagens do nosso telemóvel.

– internos
voluntária: orientada conscientemente para um objecto (como no estudo)
expectante: sem presença do objecto como na pesca

 segundo a estabilidade
– distracção: flutuação normal da atenção que vai saltando de objecto em
objecto
– atenção fixa: longa permanência num mesmo objecto
– dispersão: incapacidade de se deter num objecto; ao contrario da
distracção não é normal.

 segundo a abrangência
– distribuída: campo vasto de objectos
– concentrada: campo estreito de objectos
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Jogo 1 completar frases

 O teste foi criado em 1904/1409.


 A atenção é indispensável pois confere produtividade à inteligência/
resistência física e interfere com as avaliações escolares/emoções.
 A atenção normal é/não é estática.
 O Crómio/Tójó sofreu uma transformação radical.
 Na hipoprosexia/hiperprosexia o sujeito é incapaz de estar atento. Já na
hipoprosexia/hiperprosexia o sujeito permanece com a sua atenção ao máximo
numa ideia fixa.
 A atenção, de acordo com os determinantes externos pode ser
involuntária ou actual/voluntária ou expectante.

na prática...
 Há, como vimos, vários tipos de atenção. O teste que hoje
apresentamos e que a turma realizou pretende avaliar a atenção concentrada,
voluntária e permanente.
– isto significa que estão em jogo sobretudo factores internos, dado que a
força do estímulo é fraca
– e é exigida uma capacidade de síntese mental

 O teste pode ainda ser utilizado como treino da atenção


– nesse caso utiliza-se ½ folha, e calcula-se em cada sessão a relação entre
acertos, faltas e tempo, de modo a verificar a evolução

 O Toulouse-Piéron, nesta versão, pode ser aplicado a qualquer sujeito,


desde que compreenda as instruções e tenha + de 10 anos. Existe uma outra versão
para sujeitos com idade inferior a 10 anos.

 Factores a controlar:
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– iluminação (da sala) / visão (que os sujeitos que necessitam de óculos os


tenham colocados)
– silêncio (a manter durante toda a prova, razão pela qual trancámos a porta
antes do início da prova)
– lápis (afiado dos dois lados para que não aconteçam percalços)

 Instruções: tal como fizemos convosco, explica-se ao/s sujeito/ que a


prova consiste em traçar o mais rapidamente possível o maior número de sinais
iguais àqueles que se encontram no topo da folha da prova, e que a prova se realiza
da esquerda para a direita, de cima para baixo; pede-se ainda aos sujeitos que,
sempre que ouvirem “cruz” assinalem uma cruz no espaço imediatamente a seguir
ao símbolo em que estavam, prosseguindo depois com a tarefa.

 A prova tem uma duração total de 10 minutos


– que se subdividem em 10 fases de 1 minuto cada. Estas
fases são marcadas pelo aplicador que a cada minuto diz “Cruz”.

Tratamento dos Dados:


 Os correctores começam por contar o número de acertos, erros e
omissões do/s sujeito/s. seguidamente calculam:

 A capacidade de concentração
– E+O x 100
A

 O poder de realização
– nº de marcações correctas

 A resistência à fadiga
– A - (O+E) : curva de trabalho em cada min

Jogo 2 palavras cruzadas


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E
CONCENTRAÇÃO
R R
ILUMINAÇÃO
AZ S
D P
TECEDEIRO
Z S

 Horizontais
– 1. capacidade que é testada
– 2. importante factor a controlar
– 3. apelido do nosso professor de psicométricas
 Verticais
– 1. número de minutos da prova
– 2. tem que estar bem afiado
– 3. tem que ser marcada de minuto a minuto
– 4. são contados pelo experimentador juntamente com os acertos e com as
omissões.

prós & contras


 A complexidade da atenção e a sua inseparabilidade de outros factores
psicológicos (emoções, doenças, cansaço, idade, interesses) faz com que
actualmente se reconheça a impossibilidade de a avaliar com base num único teste,
recorrendo-se isso sim a baterias de testes

 A influência dos aspectos internos é de grande importância neste teste,


dada a fraqueza do estímulo externo, o que leva a enviesamentos sérios se se
pretende medir a atenção exclusivamente através dos seus resultados.
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 O teste de Toulouse-Piéron exige ainda uma forte resistência à


monotonia; um mau resultado no teste pode estar mais relacionado com este factor
do que com a capacidade de atenção concentrada.

 Tem, no entanto, a grande vantagem de não exigir competências


culturais, podendo ser administrado a qualquer sujeito mesmo analfabeto.

mudam-se os tempos...
O teste Toulouse_Piéron tem sido integrado em baterias de testes que pretendem
avaliar aspectos muito diversos, mostrando então a sua utilidade num conjunto
mais amplo; assim:
 compreendeu-se que poderia auxiliar no estudo da fadiga, acuidade
visual e memória, no caso deste dois últimos sobretudo como forma de perceber se
há problemas nesses campos.
 tem sido estudado, no Brasil, para integrar uma bateria de testes que
pretendem avaliar capacidades imprescindíveis para a condução de automóveis
(Brasil)
 no mesmo país foi usado para estudar as consequências da intoxicação
por mercúrio metálico (Brasil)
 tem sido integrado, com frequência, em baterias de testes para
diagnóstico e acompanhamento da evolução da doença de Alzheimer
 é bastante utilizado em estudos realizados com desportistas
 alguns autores procuraram correlacionar o factor atenção (entre outros)
com a delinquência juvenil
 é também utilizado para o recrutamento de controladores do tráfego
aéreo ou de outras profissões que exijam um elevado nível de concentração;
 ... vemos então que as possibilidades de utilização do Toulouse-Piéron
são enormes, desde que salvaguardando a ideia de que não estamos precisamente a
medir a atenção mas uma vertente particular desta e, mesmo para isso, devemos
socorrer-nos de outros testes.
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Jogo 3 sopa de letras

DGYJ HYYTUHYHYTFHNKODETJ
DHJRGFMDOLSJIFOEJIEBFMCK
AlZHEIMERVRTHJ UERYUUKDVH
RJFNJCIEDHFJRKJLDFJFURJFNL
HNDJUMCKSOBHJODEGFADIGA
ERNFOÇVGNLOIJLUFEWJÇREIU
FNUIAÇEKVFMERISEWRTYHJPL
RRHMSOFJCMSLFIEDKPSNWKZ
FVSFRGJFIROMVÇRDMSKEWOP
DERGREDCWOJKIPDGOGIOKSL
GJKATENÇÃOHIOLIHIÇGBAVHY
GUYILUHOÇJKÇOIE JULJLCSJHK
LIUTDSYIOÇIFRLVRFVYTIAYUO
LOHCONCENTAÇÃOFFHJIOPOB
FTYJGUOPÇFUJCHNDCTYGUILH

uma turma atenta?

 24 sujeitos
 média de idades: 20,71

 Vamos apresentar os resultados obtidos com a aplicação do teste,


através da análise das três variáveis anteriormente apresentadas:
– Poder de realização, medido através do número de acertos
– Concentração: medida através do índice de dispersão
E+O x 100
A
– Resistência à fadiga, medida através do rendimento de trabalho A - (O+E)
 No final, apresentaremos os valores das correlações entre as variáveis
de forma a discutirmos o teste globalmente.

Poder de Realização
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 Esta variável segue uma distribuição normal, de média 246,04 e desvio


padrão de 54,355. A normalidade foi testada através do teste Kolmogorov-Smirnov
(p=0,2)
 Não é possível reportar este valor aos valores referência da população
porque a aferição do teste para a população portuguesa tinha algumas diferenças
em relação à versão por nós apresentada.
 Ainda assim, podemos dizer que, não tendo os resultados sido
excelentes também não foram péssimos; a turma tem algum poder de realização.
 Uma anova one-way (p=0,989) demonstrou não existirem diferenças
significativas no poder de realização ao longo dos 10 minutos da prova.
 Outra anova one-way(p=0,908) demonstrou não existirem diferenças
significativas devido às diferenças de idade

Índice de Dispersao
 Esta variável não segue uma distribuição normal; a média é de 17,65 e
o desvio padrão de 14,23. A normalidade foi testada através do teste Kolmogorov-
Smirnov (p=0,03)

 Esta variável permite uma análise mais substancial, dado ser um índice
em que
– 0-5: muito concentrado
– 5-10: concentrado
– 10-15: disperso
– 15-20: muito disperso
 Podemos então dizer que a turma é muito dispersa!
 Este resultado poderia ser explicado pelo facto de o teste estar a ser
realizado em contexto de sala de aula, para os fins a que se destinava.
– Os sujeitos sabiam que os resultados não seriam tratados individualmente
nem teriam quaisquer consequências, pelo que a motivação para o teste
seria pouca.
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– Ora, como vimos, a atenção medida por este teste, e nomeadamente a


concentração que ele exige implica sobretudo motivação dada a pouca
capacidade do estímulo externo para prender a atenção.
 O teste de Kruskal Wallis (p=0,773) demonstrou não existirem
diferenças significativas no índice de dispersão ao longo dos 10 minutos da prova.
 Outro teste de Kruskal Wallis (p=0,805) demonstrou não existirem
diferenças significativas devido às diferenças de idade.

Rendimento de Trabalho
 Esta variável segue uma distribuição normal, de média 193,79 e desvio
padrão de 76,138. A normalidade foi testada através do teste Kolmogorov-Smirnov
(p=0,127)
 Tal como para o PR não é possível reportar este valor aos valores
referência da população.
 Uma anova one-way (p=0,975) demonstrou não existirem diferenças
significativas no poder de realização ao longo dos 10 minutos da prova.
 Podemos portanto dizer que dado não terem existido diferenças
significativas ao longo do tempo, ou a turma tem grande resistência à fadiga, ou já
começou torta...
 Outra anova one-way (p=0,978) demonstrou não existirem diferenças
significativas devido às diferenças de idade

Correlações
 A análise correlacional das variáveis demonstrou que:
– as variáveis PR e RT se correlacionam significativamente (p=) de forma
fortemente positiva;
– as variáveis ID e RT também se correlacionam significativamente (p=)
mas moderadamente e de forma negativa (como seria de esperar, dado
que se o rendimento de trabalho é grande o índice de dispersão deve ser
pequeno e inversamente);
– finalmente, as variáveis PR e ID apresentaram uma correlação positiva
mas não significativa, isto é, ao contrário do que seria de esperar não
existe uma relação linear entre as variáveis.
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 O facto de as três variáveis não se correlacionarem totalmente entre si


põe em causa a suposição de que medem o mesmo constructo (atenção). Este facto
pode ser explicado pelo contexto em que o teste foi aplicado juntamente com a
ideia de que a atenção é um factor muito mais complexo do que o teste supõe, e
que as suas várias componentes são afectadas de maneiras que o teste não permite
ponderar.
 Voltamos assim ao início, sublinhando mais uma vez as limitações
deste teste dado basear-se numa visão atomista das aptidões mentais, visão essa
hoje amplamente superada.

Jogo 4 escolha múltipla


1. As varáveis medidas foram:
a) capacidade de olhar para o tecto
b) grau de responsabilidade, de trabalho e de resistência à pressão
c) poder de realização, concentração e resistência à fadiga

2. A turma mostrou:
a) não alterar significativamente o seu poder de realização ao longo da prova
b) ser um fiasco
c) merecer 20 a psicométricas

3. Por uma questão de ética:


a) os sujeitos tiveram que colocar uma máscara antes de entrarem na aula
b) os sujeitos não tiveram que preencher o seu nome e os seus resultados não foram
tratados individualmente
c) os experimentadores permaneceram de olhos fechados toda a prova de modo a
não associar nenhum sujeito ao respectivo teste e fazer posteriores ilações.

4.As correlações testadas demonstram que:


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a) Quando a variável ID (índice de dispersão) aumenta, a variável RT (rendimento


de trabalho) também aumenta
b) Quanto mais tarde se deitaram os sujeitos melhor foi o seu rendimento
c) As variáveis ID e RT estão significativamente correlacionadas, mas de forma
negativa.

5. O melhor clube do mundo é:


a) Benfica
b) SLB
c) Glorioso

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