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João Cassiano - Conferências - Vol. 1 - Conferências 1 A 7
João Cassiano - Conferências - Vol. 1 - Conferências 1 A 7
CONFERÊNCIAS
I -VII
Volume 1
TRADUÇÃO
Aída Batista do Vai
Edições Subiaco
Juiz de Fora- MG
- 201 1 -
Conferências I - VII - João Cassiano - Volume I
ISBN 85-86793-17-5
Tradução do latim (SC 42): Aída Batista do Vai
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou
transmitida por quaisquer meios sem permissão escrita de Edições Subiaco.
268p. 2 1 cm.
ISBN 85-86793-17-5
CDD 248.4
SUMÁRIO
INTRODUÇÁO, 7
CONFE RÊ NCIAS:
ritual e sabedoria.
Cassiano conhece ainda os centros monásticos de Nítria e
das Célias, onde tem cantata com o grupo de monges seguido
res de Orígenes especialmente Evágrio Pôntico, que tanto mar
cou suas obras.
Após uns sete anos de permanência em Cétia, Cassiano e
Germano voltam, por um breve tempo, ao mosteiro de Belém.
Em 387 estão novamente no Egito, onde teriam permanecido
com certeza, não fosse a atitude do arcebispo de Alexandria,
Teófilo, contra o grupo de monges "origenistas". Muitos dos
discípulos de Evágrio buscam refúgio em Constantinopla, in
clusive Cassiano, sendo acolhidos pelo bispo João Crisóstomo.
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VIDA DE
CASSIANO
PREFÁCIO DE JOÁO CASSIANO
estão mortos para a vida deste mundo, não mais se acham presos
a nenhum apego a parentes ou a qualquer preocupação com os
interesses deste século. Em seguida, reflita sobre a natureza dos
lugares em que residem: são solidões vastíssimas onde vivem se
parados do convívio de todos os mortais, beneficiando-se, por
isso mesmo de grande iluminação sobrenatural, com a qual con
templam e dizem coisas que aos que não têm tal experiência nem
tal sabedoria, parecem impossíveis de compreender em razão da
mediocridade de sua condição e de seu modo de viver.
3 Nossa resposta
-
que irá desaparecer, mas, sim, o ato das virtudes que cessará
11 - A permanência da caridade
to, vou criar novos céus e nova terra; as coisas de outrora não serão
lembradas, nem tornarão ao coração. Alegrai-vos, pois, e regozijai-vos
para sempre com aquilo que estou para criar (Is 65 , 1 7- 1 8) . E ainda:
Ali se encontrarão o gozo e a alegria, cânticos de açóes de graças e som
de música; e isso será de lua nova em lua nova, e de sábado a sábado
(Is 5 1 ,3; 66,23) . E mais: A alegria e a exultação eles terão, a dor e o
gemido fogirão (Is 3 5 , 1 0) . Se desejais, pois, conhecer com clareza
ainda maior em que consistem a vida e a cidade dos santos, aten
tai para o que diz a voz do Senhor, dirigindo-se a Jerusalém: Eu te
darei por visita a paz e como autoridade ajustiça. Não se ouvirá mais
folar em iniquidade em tua terra, nem de devastações e de ruínas em
tuas fronteiras. Aos teus muros chamarás "Salvação" e às tuas portas
''Louvor'� Não terás mais o sol como luz do dia, nem o clarão da lua
te iluminará, porque o próprio Senhor será a tua luz para sempre, e os
dias de teu luto cessarão (Is 60, 1 7-20) . Por isso, o santo Apóstolo não
generaliza, nem simplifica sua declaração, dizendo que qualquer
alegria se identifica com o Reino de Deus, mas especifica e afirma
com precisão que a alegria do Reino só se encontra no Espírito
Santo (cf Rm 1 4, 1 7) . Pois ele sabe que existe uma outra alegria
censurável, da qual se diz: Este mundo se alegrará Oo 1 6,20) . E mais:
Ai de vós que rides porque chorareis (Lc 6,25) .
14 - A imortalidade da alma
15 - A contemplação de Deus
serão espirituais e irão manter a alma dentro dos padrões das nos
sas meditações. Ao contrário se, vencidos pela preguiça ou pela
negligência, nos deixarmos invadir por pensamentos culposas,
envolver por conversas ociosas, ou, ainda, nos embaraçar com
cuidados mundanos e preocupações supérfluas, a espécie de cizâ
nia que daí se origina, sobrecarregará nosso coração com um tra
balho nocivo. Pois, de acordo com as palavras de nosso Salvador:
Onde estiver o tesouro das nossas obras e das nossas intenções, lá
permanecerá, necessariamente, o nosso coração (cf. Mr 6,2 1 ) .
pois do pão entrou nele Satanás (id. 27) . O mesmo disse Pedro a
Ananias: Por que encheu Satanás o teu coração, para mentires ao
Espírito Santo? (At 5,3).
Acrescentaremos ainda esta palavra que lemos no Evange
lho, mas que muito antes o Edesiastes já predissera: Se o espírito
do que tem o poder se levanta contra ti, não deixes teu lugar (Ecl
10,4) . Igualmente, o que pela boca do espírito imundo se diz a
Deus contra Acab, no terceiro livro dos Reis: Eu sairei e serei um
espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas ( 1 Rs 22,22) .
Quanto aos pensamentos que provêm do nosso próprio
eu, são os que se originam quando normalmente nos lembramos
Do escopo e do fim do monge 47
instrução.
entre os anciãos. Ora, vindo um irmão ter com ele, para humil
demente confessar-lhe seus pensamentos, esse monge nada en
controu de melhor, em um momento de cólera, do que censurá
-lo rispidamente. Por isso acontece que, muitas vezes, acabamos
por reprimir tais pensamentos, envergonhados de manifestá-los
aos anciãos, privando-nos, assim de obter seus remédios.
14 - A vocação de Samuel
observado
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As TRÊS RENÚNCIAS
vida dos anacoretas, tão rigorosa que eles próprios mal podiam
92 Abade Pafnúcio
Primeiro ele diz: da tua terra, isto é , renuncia aos bens des
te mundo, e às riquezas terrenas; depois acrescenta: da tua pa
rentela, isto é, renuncia ao modo de viver e aos vícios de outrora,
coisas a que estamos tão habituados desde o nosso nascimento,
que acabam por criar conosco uma espécie de afinidade e de
conaturalidade, como que consanguínea. Finalmente conclui:
da casa de teu pai, isto é, apaga toda lembrança deste mundo que
se apresente ao teu olhar.
Pois, na verdade, temos dois pais: um que é preciso deixar,
outro que devemos seguir. No mesmo versículo de um salmo,
98 Abade Pafnúcio
que tua fé não folhasse (sic) (Lc 22,3 1 -32) . Um outro, ao perceber
pela própria experiência que sua fé estava em risco, como que
impelida, por assim dizer, contra os rochedos pelas ondas da
incredulidade e na iminência de naufragar, invocou o mesmo
Senhor, dizendo: Senhor, ajudai minha incredulidade (Me 9 ,23) .
Senhor declara pelo profeta: Mas meu povo não ouviu a minha voz;,
Israel não quis saber de obedecer-me. Deixei, então, que eles seguissem
seus caprichos, abandonei-os ao seu duro coração (SI 80, 1 2- 1 3) .
nestes homens porque são carne (Gn 6,3 - LXX) . Pode, ainda, ser o
equivalente do próprio pecado: vos não estais na carne, mas no es
pírito (Rm 8,9) . E mais: A carne e o sangue não possuirão o reino de
Deus. Nem a corrupção herdará a incorruptibilidade ( 1 Cor 1 5 , 5 0) .
Por vezes significa também o s descendentes de um mesmo pai
e a parentela: Eis que somos teus ossos e tua carne (2Rs 5 , 1 ) e o
Apóstolo também nos diz: Na esperança de provocar o ciúme dos
da minha raça e de salvar alguns deles (Rm 1 1 , 1 4) .
A questão que ora se propõe é a seguinte: qual das quatro
acepções do vocábulo "carne" corresponde à nossa indagação? É
claro que a primeira: E o Verbo sefez carne e também: Toda carne
verá a salvação que vem de Deus, não se enquadram, de modo
algum, no nosso texto. O mesmo poderia ser dito da segunda
acepção: Não permanecerá o meu espírito nestes homens porque são
carne. Pois que, aqui, essa expressão se refere ao homem pecador
o que não condiz com o que o Apóstolo quer significar, quando
diz: A carne tem aspirações contrárias ao espírito, e o espírito con
trárias à carne (Gi 5 , 1 7) . Ele também não fala de substâncias, mas
de aptidões que lutam num só e mesmo homem, sejam que aí se
encontrem simultaneamente, sejam que se sucedam e se substi
tuam em meio às vicissitudes e mudanças de tempo.
carne e o espírito
não tem gosto pela perfeição, para esse não mais têm utilidade
as advertências que recebe. Porquanto diz em seu coração aquilo
que o Senhor nos falou: Sou rico, enriqueci-me e de nada preciso.
Contudo, o que se segue, a ele se adapta perfeitamente: Não
sabes, porém, que tu és o infeliz: miserável, pobre, cego e nu! (Ap
3, 1 7) . Pior ainda que o homem secular, não vê sua miséria, sua
cegueira, sua nudez, achando que em nada precisa se corrigir, e
que não necessita das advertências nem das instruções de nin
guém. Não admite a mínima palavra de salvação, sem entender
que o próprio título de monge torna sua situação ainda mais
grave na opinião dos outros. Considerado por todos como santo
e respeitado como servo de Deus, incorrerá num julgamento
mais severo no futuro.
nos assaltam
te. O segundo Adão também não teria sido tentado sem a existên
cia de wn objeto externo, quando lhe dizem: Se és Filho de Deus,
ordena a estas pedras que se transformem em pães (Mt 4,3) .
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das boas obras, gerando frutos para a vida eterna - como podem
ser inúteis e prejudiciais para os qué delas abusam, oferecendo
-lhes uma ocasião de pecado e de morte.
7 - Seria culpado quem mata o justo, uma vez que este tem a
recompensa em razão de sua própria morte?
tude perfeita se reconhece pelo fato de, pelo bom uso das duas,
ambas se converterem em mão direita.
Para que fique mais clara tal asserção, digamos que o ho
mem santo tem uma direita que representa seus êxitos espiri
tuais. É nessa mão que ele se firma quando, pelo fervor de sua
alma, domina todas as paixões e concupiscências que lhe advêm.
Tranquilo em relação aos ataques diabólicos, repele ou recusa,
sem trabalho ou dificuldade, os vícios da carne. Acha-se em pa
tamares espirituais tão elevados que despreza as coisas presentes
e terrenas por seu caráter efêmero, pois lhe parecem tão somen
te uma fumaça inconsistente ou uma sombra vá. Sua alma em
êxtase se eleva com desejo ardente para as coisas futuras, que
contempla numa luz mais intensa.
A contemplação o alimenta com maior eficácia, e os mis
térios celestes se revelam a seus olhos com maior nitidez. Suas
orações sobem a Deus mais puras e mais fervorosas. E, a alma
inflamada pelo fogo do espírito, com tal ardor e entusiasmo
emigra para o invisível e eterno que não mais lhe parece viver
numa carne mortal.
PRIMEIRA CONFERÊNCIA
DO ABADE SERENO
A MoBILIDADE DA ALMA
E Dos EsPíRITos MALIGNos
a eternidade, que para ele: Deus seja tudo em todos ( I Cor 1 5 ,28) .
dominam os possessos
PÁG. CAP.
piritual ou contemplação
34 13. Resposta sobre a orientação do coração para
Deus, e sobre o reino de Deus e do demônio
37 14. A imortalidade da alma
41 15. A contemplação de Deus
43 1 6. Pergunta sobre a mobilidade do pensamento
43 1 7. Resposta sobre o poder da mente em relação aos
pensamentos involuntários
44 1 8. Comparação da alma com a mó do moinho
45 1 9. Os três princípios que regem nossos pensamentos
47 20. O discernimento dos pensamentos, tomando-se
como analogia o desempenho de um perito ava
lista
51 21. A ilusão do abade João
52 22. A quádrupla dimensão da discrição
54 23. A palavra do mestre deve estar de acordo com o
mérito do ouvinte
discrição
64 5. A morte do velho Heron
65 6. A ruína de dois irmãos por ignorância da discri-
ção
66 7. Ainda um outro iludido pela ignorância da dis-
crição
67 8. A queda e o engano de um monge da Mesopo-
tâmia
68 9. Pergunta-se como adquirir a verdadeira discrição
69 1 0. Resposta sobre o modo de adquirir a verdadeira
discrição
70 11. Palavras do abade Sarapião sobre a dissipação dos
pensamentos quando confessados e ainda sobre
o perigo da autoconfiança
73 1 2. Reconhecimento da vergonha que experimenta-
mos quando revelamos nossos pensamentos aos
anciãos
74 1 3. Resposta sobre a necessidade de se calcar a ver-
ganha e sobre o perigo de se faltar à compaixão
80 14. A vocação d e Samuel
80 1 5. A vocação do apóstolo Paulo
82 1 6. O dever de buscar a discrição
82 1 7. As vigílias e os jejuns excessivos
83 1 8. Pergunta sobre a medida da abstinência e do ali-
menta
83 1 9. A melhor medida para a refeição cotidiana
84 20. Objeção sobre a facilidade de tal dieta
84 21. Resposta sobre a austeridade desse regime quan-
do é fielmente observado
256 fndice das Conferências
PÁG. CAP.
1 23 1. Vida do abade Daniel
1 24 2. De onde vem a repentina transformação da ine
fável alegria em profunda tristeza?
258 fndice das Conferências
de tentar
233 21. Os demônios também experimentam cansaço
em sua luta contra os homens
236 22. Os demônios não dispõem, a seu critério, do
poder de nos prej udicar
237 23. A diminuição do poder dos demônios
239 24. O modo pelo qual os demônios preparam seu
acesso naqueles que pretendem possuir
239 25. Os possuídos pelos vícios são mais infelizes do
que os possuídos pelos demônios
240 26. A morte violenta do profeta seduzido, e a enfer
midade do abade Paulo, merecida para sua puri
ficação
243 27. A tentação do abade Moisés
243 28. Não devemos desprezar os que são entregues aos
espíritos impuros
244 29. Objeção: Serão os possessos de espíritos malig
nos separados da comunhão do Senhor?
244 30. Resposta à pergunta anterior
245 31. São mais infelizes os que não merecem ser sub
metidos a essas provações temporais
247 32. A diversidade de inclinações e de disposições
que se exercem nas potências dos ares
250 33. Qual a origem de tanta diversidade entre os es
píritos malignos?
250 34. A resposta à pergunta proposta é deixada para
mais tarde
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