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CURSO DE JORNALISMO
UBERLÂNDIA - 2018
Livro “A TV no Brasil do Século XX”, por Othon Jambeiro, publicado pela
editora EDUFBA com todos os direitos reservados em 2001.
O livro é dividido em três partes e composto por sete capítulos. Na primeira parte,
intitulada “Aspectos conceituais e contextuais da TV”, compreendida pelo capítulo I,
Jambeiro (2001) discorre sobre o atrelamento do meio televisivo com o modelo
econômico vigente, e como o liberalismo, característico de uma substancial parcela
dos Estados-Nação capitalistas, têm moldado os sistemas de exploração da
televisão. O autor destaca três principais sistemas, sendo estes: o estatal-
subdividido em três variantes, comunista, cultural-educativo e político partidário,
neste sistema o suporte econômico vêm do Estado; o comercial- modelo mais
difundido, busca atender as preferências da audiência e se baseia em pesquisas de
predileção já que o suporte econômico parte da venda de tempo para anunciantes;
e o public service- modelo concebido no interior do aparato do sistema que
argumenta sua programação sob a necessidade de educar, entreter e informar, nos
moldes delimitados pelo que definiam como os mais altos padrões culturais e
ideológicos da sociedade, o aporte financeiro parte de uma contribuição compulsória
dos telespectadores, de subsídio público e em alguns casos de publicidades.
Jambeiro (2001) busca demonstrar como os três sistemas têm convergido para uma
mesma lógica de gestão que se embasa na racionalidade capitalista, em virtude,
primordialmente, do crescente fortalecimento das ideias firmadas no pensamento
liberal. O sistema televisivo Estatal tem se desmantelado em países que se
fundamentavam na lógica comunista de conquista de objetivos coletivos. Na
ex-União Soviética e demais países que incorreram governos comunistas, os
sistemas se encontram agora na mão de regimes capitalistas, que favorecem o
investimento privado em detrimento de subsídios públicos para o aporte financeiro
dos sistemas de TV. O public service, no que lhe concerne, previamente buscava
apenas alcançar a aceitação do público, mas acabou por se sujeitar a racionalidade
do mercado empenhando-se em atender as predileções dos telespectadores para
garantir altos índices de audiência. As empresas que operam no ramo de
comunicação adotaram dinâmicas do mercado, como fusões e formação de grupos
econômicos que dominam a propriedade tanto vertical quanto horizontal dos meios,
para o autor, tudo isso culminou na formação de um mercado mundial de mídia.
O Brasil foi um dos últimos países da América Latina a aderir ao serviço de TV por
assinatura, no final da década de 80. Entretanto, como pretexta o autor, é apenas no
final da década de 90 que o serviço ascende no país. A TV não-comercial não
obteve sucesso, as tentativas do Estado de serviços com esse caráter se resumiram
a Radiobrás e a TV Educativa, porém no final do Século XX todos serviços de rádio
e TV com caráter educativo estavam vinculadas ao modo de gestão capitalista, com
espaço para anunciantes e patrocínios.
No capítulo V, que encerra a segunda parte do livro, Jambeiro (2001) articula quanto
às mudanças concebidas na Televisão pela Constituição de 1988 à luz das
Constituições precedentes. Conforme o autor, em suma, a propensão dos
constituintes de se extremar rigorosamente aos antigos cerceamentos de governos
autoritários tornou na prática nulos os dispositivos de regulação do setor da indústria
cultural. A nova Constiuição consumou, entretanto, o atrelamento de poder político e
Poder da mídia, como ilustrado pelo caso do Sarney, que realizou mais de mil
concessões com critérios políticos e eleitorais.
Othon Jambeiro realiza na obra uma síntese do trajeto percorrido pela TV no Brasil
até chegar ao modelo da atualidade. Entretanto, o autor ignora, em alguns
momentos, atores políticos importantes para a concepção do serviço televisivo
corrente. Apesar de postular na primeira parte do livro a influência do liberalismo na
formatação do paradigma televisivo, nos capítulos decorrentes Jambeiro parece
olvidar-se dos créditos aos agentes internacionais parte do mercado mundial de
mídia. Durante o período de Regime Militar, onde o capital estrangeiro agiu de forma
progressiva na manutenção, a indústria cultural prosperou com a importação de
produtos, principalmente, dos Estados Unidos. Havia, portanto, influência
internacional não somente no governo mas também na sua propaganda.
Outro tópico não destrinchado pelo autor é a televisão digital, tecnologia com
prelúdio na década de 1970, e que define uma qualidade melhor de transferência de
dados para o televisor, garantindo uma transmissão sem ruídos e portanto
otimizada. A tecnologia que substitui a forma de transmissão analógica aponta para
uma universalização do acesso à internet. Decorrente da grande infraestrutura já
implementada no Brasil para o suporte da televisão, uma vultosa parcela do
território já é atingida pelos espectros de transmissão. A tecnologia de TV White
Spaces, através do uso de rádios cognitivos identifica espectros de frequência
subutilizados e que podem ser usados para a transmissão de internet banda larga,
garantindo acesso a rede para todos aqueles que já possuem acesso aos
televisores (DAVID, 2017). Seria, portanto, coerente uma explanação do autor à
respeito da qualidade de transmissão da mensagem e quais fatores afastaram a
ponderação de migração digital mais cedo.
REFERÊNCIAS