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A RETOMADA

Julia klein
Temas:
- Estado político e econômico no período da retomada
- Estado sociopolítico no período da retomada

PERIODO POLÍTICO
O termo Cinema da Retomada não diz respeito a uma nova proposta estética para o
cinema brasileiro, nem mesmo se refere a um movimento organizado de cineastas em
torno de um projeto coletivo. O Cinema da Retomada se refere ao mais recente ciclo
da história do cinema brasileiro, surgido graças a novas condições de produção que se
apresentaram a partir da década de 90, condições essas viabilizadas através de uma
política cultural baseada em incentivos fiscais para os investimentos no cinema. A
elaboração dessa política cinematográfica alterou as relações entre os cineastas, e,
simultaneamente, exigiu novas formas de relacionamento desses com o Estado, seu
principal interlocutor.
Para entendermos o período da retomada e todos os seus marcos, precisamos
ente4nder como estava a política naquela época, pois o governo influencia muito na
economia criativa do país. Com isso começaremos a partir do governo do presidente
Fernando Collor de Mello:

FERNANDO COLLOR DE MELLO


Fernando Collor de Mello foi o TRIGESIMO SEGUNDO presidente do brasil em 1990,
que sofreu um impeachment em 1992. Quando o Fernando Collor assumiu na
presidência, o cinema brasileiro sofreu uma crise gigantesca pois o governo Collor,
através de um decreto, extinguiu os organismos estatais de fomento e fiscalização do
cinema brasileiro: a Embrafilme (Empresa Brasileira de Filmes), a Fundação do Cinema
Brasileiro, que cuidava do curta-metragem e de projetos de produção e difusão
cultural, o Concine (Conselho Nacional de Cinema) e o ministério da cultura. Com esse
decreto, a produção audiovisual, que ocupava 35% do mercado interno, começou a
diminuir a porcentagem da sua ocupação. E antes, os cinemas que exibiam 80 filmes
por ano, começaram a diminuir as produções ao ponto da produção nacional ocupar
apenas 0,4% do total brasileiro em exibição de filmes. O encerramento do ciclo da
Embrafilme fez com que o campo do cinema brasileiro se mobilizasse e procurasse
novas formas de relacionamento com o Estado, na tentativa de encontrar alternativas
de sustentação para o fazer cinematográfico. A partir desse diálogo entre cinema e
Estado, que resultou numa reorganização do campo cinematográfico e em medidas
institucionais, iniciou-se o que viria a ser conhecido como o Cinema da Retomada.
Quando o governo Collor entrou no poder, o plano da economia era diminuir a
hiperinflação. Mudando a moeda e diminuindo os gastos públicos e congelando os
salários, sem nenhum aumento. Com os cortes públicos muitas instituições sofreram,
mais principalmente a cultura que foi totalmente censurada e extinta. Isso começou a
mudar a partir do Governo do Itamar Franco.

Na época de 1990, o feminismo estava entrando na terceira onda, quem sabe a


história conhece bem. E o racismo e a divisão de classes era bem predominante.
O governo Collor foi, realmente, um tempo de penúria para o cinema brasileiro. O
país, que chegara a ocupar um terço de seu mercado interno graças ao excelente
desempenho comercial de filmes como “Dona Flor e seus dois maridos” viu tais índices
minguarem de forma brutal.
No entanto, por uma questão de fato histórico, vale destacar que 1990 foi o ano do
governo Collor - 47 filmes brasileiros foram concluídos. Que foram de projetos
iniciados no governo Sarney (1985-1990). Dezesseis deles eram filmes de esforço
cultural (uns mais, outros menos). Os outros 31 eram trabalhos pornográficos. O
gênero que atingiu o ápice em 1982 com “Coisas eróticas (primeiro sexo explícito do
Pau-Brasil com 4.525.401 espectadores)”, após oito anos de glória, mostrava uma
certa relutância por conta do período em si. Em 1991, foram feitos 44 filmes, 19 dos
filmes não eram de cunho pornográfico. Porém outros 25 filmes da produção
audiovisual na época, eram sexualmente explícitos. Da mesma linhagem de “As
Aventuras Eróticas” (de Dick Moth e Lick and Lick). Em 1992, quando Collor sofreu o
Impeachment, a produção nacional chegou em seu momento mais difícil. Nove filmes
foram concluídos. Até a produção pornográfica foi diminuída a quase nada: apenas
dois filmes foram lançados. A situação era tão difícil na época de Collor que os dois
maiores festivais do país – Gramado, no Rio Grande do Sul, e Brasília – foram
obrigados a buscar novos caminhos. O festival de Gramado começou a apostar nos
filmes de cunho ibero-americano. Brasília contentou-se em "perseguir o cineasta não
renomados. Porém, em 1992 Itamar Franco chega na presidência do país.

RETOMADA

A situação econômica e política no país começou a mudar. E com isso, o cinema


brasileiro também voltou, lentamente, ao seu ápice.
O governo de Itamar Franco foi do final de 1992, até janeiro de 1995. Ele foi
responsável por estabilizar a economia do país aplicando o “Plano Real”:
"O Plano Real” é um capítulo à parte do governo de Itamar Franco e o legado mais
importante desse período para o Brasil. Em meados de 1993, Itamar Franco convidou
Fernando Henrique Cardoso para assumir a pasta da Fazenda, dando assim, liberdade
para fazer as alterações necessárias para mudar a economia do país. O mesmo
assumiria a presidência em 1995.
Fernando Henrique Cardoso juntou-se a economistas que haviam atuado e
fracassado durante o governo Sarney no Plano Cruzado. E as medidas definidas pela
equipe de FHC, para os mais íntimos, não incluíram estratégias de choque, mas
procuraram abrir o debate para a população. Assim, as medidas tomadas pelo Plano
Real foram abertas para a população e tudo explicado minuciosamente para que a
população apoiasse e aderisse ao plano.
O Plano Real foi implantado entre 1993 e 1994 e sua implantação precisou de
aprovação política do legislativo. Apesar de hoje a opinião majoritária ser a de que o
plano foi bem-sucedido, na época, existia muita desconfiança acerca de o plano ser
prejudicial ou não aos mais pobres.
Com a economia melhorando, o cinema conseguiu sair daquele furacão do governo
Collor, e lentamente ganhando seu espaço novamente na economia criativa. Uma das
coisas que influenciaram e ajudaram o cinema a voltar para seu ápice, e até mesmo ter
um incentivo cultural do governo, foi a criação da Lei do Audiovisual, sancionada pelo,
agora presidente do pais, Itamar franco.
A Lei do Audiovisual, oficialmente Lei Federal 8.685/93, é uma lei brasileira de
investimento na produção e co-produção de obras cinematográficas e audiovisuais e
infra-estrutura de produção e exibição. A edição desta lei foi feita em 20 de julho de
1993. Em dezembro de 1991, houve a publicação da Lei nº 8.313/91, a chamada Lei
Rouanet, que estabeleceu o PRONAC (Programa Nacional de Apoio à Cultura). No ano
seguinte, já no Governo Itamar Franco, foi criada a Secretaria para o Desenvolvimento
do Audiovisual, no restabelecido Ministério da Cultura. Nos Governos do Presidente
Fernando Henrique Cardoso, houve a consolidação de uma política cinematográfica
baseada no modelo de incentivos fiscais. De forma análoga, a própria Lei Rouanet
surgiu como aperfeiçoamento de um antecedente, a Lei Sarney (1986-1990), que
estabeleceu a renúncia fiscal para a cultura.
O apoio do Estado aos projetos cinematográficos passava a ocorrer numa nova base,
num modelo distinto do ciclo anterior, com a criação dos mecanismos de incentivo,
baseados em renúncia fiscal, em que as empresas privadas realizam o aporte de capital
num determinado projeto, sendo que o valor é abatido – parcial ou integralmente – no
imposto devido pelas empresas (CESNIK, 2002).
Este modelo, baseado em renúncia fiscal, de um lado era uma resposta às acusações
de clientelismo na escolha dos projetos financiados pela Embrafilme (AMANCIO, 2000),
mas por outro, deve ser visto de uma forma mais ampla: era a representação dos
anseios de um certo grupo de poder, que defendia um projeto industrialista para o
cinema brasileiro, preocupado em reconquistar um mercado interno que rapidamente
passou a ser plenamente ocupado pelo cinema hegemônico.
CRIAÇÃO DA ANCINE

No dia 6 de setembro de 2001, surgiu a ANCINE, a Agencia Nacional de Cinema.


A Agência Nacional do Cinema é um órgão oficial do governo federal do Brasil,
constituída como agência reguladora, com sede na cidade de Brasília, cujo objetivo é
fomentar, regular e fiscalizar a indústria cinematográfica nacional.
A Ancine permaneceu como principal órgão de aprovação, acompanhamento e
prestação de contas dos projetos audiovisuais realizados por meio de incentivos fiscais,
como a Lei do Audiovisual e os projetos da Lei Rouanet (BRASIL, 1991, 1993), principais
mecanismos de fomento às produções audiovisuais do período conhecido .
Enquanto a Embrafilme era uma empresa pública que atuava diretamente nas
atividades de produção e distribuição de filmes, a Ancine é uma agência reguladora,
que visa criar condições sistêmicas para o desenvolvimento do mercado brasileiro,
atuando não apenas no fomento, mas também na regulação e fiscalização do mercado
audiovisual.
A missão do órgão pode ser resumida em “autossustentabilidade”, na ideia de que a
atividade audiovisual pode sobreviver a partir das receitas auferidas pelo seu próprio
processo produtivo, sem a necessidade do apoio estatal. Ainda que a importância
econômica do setor audiovisual cresça cada vez mais e seja intensificada com o
processo de digitalização - no Brasil, o PIB do setor supera o de segmentos tradicionais,
como a indústria farmacêutica ou têxtil (ANCINE, 2019) -, os desafios no estímulo à
competitividade do produto nacional são cada vez maiores, visto que a esmagadora
maioria dos mercados, mesmo as grandes economias europeias, é dominada pelo
produto hegemônico.

Hoje, a ANCINE é conhecida nacionalmente, pelo apoio e os conteúdos


cinematográficos que foram gerados através da mesma.

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