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Escola Superior de Educação João de Deus

1ºano| Turma A – 1ºSemestre

Licenciatura em Educação Básica

“A Grande Onda de Kanagawa” – Hokusai


Desenho e Expressões Visuais

Docente:

Profª Doutora Joana Consiglieri

Discentes:

Carina Valente nº5


Carina Ascenção nº E1

LISBOA
2021-22

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Índice Páginas

Capa…………………………………………………………………………………1

Índice………………………………………………………………………………...2

Introdução…………………………………………………………………………...3

Escolha do artista.…………………………………………………………………..4

Iniciação do desenho da criança ………………………………………………..5/6

Katsushika Hokusai…………………………………………………………………7

A Obra “A Grande Onda de Kanagawa (1830)”………………………………….8

Análise do desenho da criança…………………………………………………9/10

Comparações com Hokusai……………………………………………………….11

Inquérito………………………………………………………………………..11 a 14

Conclusão……………………………………………………………………………15

Bibliografia……………………………………………………………………………15

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∙ Introdução

No âmbito da disciplina de Desenho e Expressões visuais, foi-nos pedido um


trabalho a pares, onde sob as obras de diversos artistas mostrados em aula,
pediríamos a uma criança que escolhesse apenas um e fizesse um desenho
próprio, inspirado no desenho escolhido.
Posteriormente, esta mesma criança, responderia a questões sobre a obra
destacada.
No nosso trabalho, a menina que nos ajudou, tem sete anos e após observar
diversos quadros, aquele que lhe sobressaiu mais foi “A Grande Onda de
Kanagawa” de Hokusai.
Abaixo está todo o processo documentado.
Primeiramente, a parte prática e no fim, a teórica, com o inquérito feito.

Hokusai
葛飾北斎

Katsushika Hokusai,
autorretrato, 1839

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∙ Escolha do artista

Numa mesa comprida, foram postas folhas A5, com desenhos impressos de
diversos artistas falados em aula, como Aurélia de Sousa, Helena Almeida, entre
outros.

Depois de observar os desenhos, a criança optou pela grande obra de Hokusai,


“A Grande Onda de Kanagawa”

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Foram apresentados materiais diversificados para iniciar (aguarelas, lápis de cor,
canetas de feltro, lápis de cera, pasta de modelar, cola e revistas para colagem,
etc), e também um leque de bases como cartolinas, folhas brancas, papel
colorido, entre outros, para que escolhesse os que quisesse.

Deu-se então início ao seu próprio desenho inspirado pelo quadro mencionado
acima.

∙ Iniciação da obra da criança:

“A Grande Onda de Kanagawa” – Séc.XIX

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∙ O desenho final:

∙ Katsushika Hokusai

Hokusai (1760-1849), foi um artista japonês, pintor do estilo ukiyo, também


conhecido como estampa japonesa, (era uma atividade artesanal que incluía a
técnica de gradações de cor, por exemplo, novidade na altura), e gravurista do
período Edo (foi um período de forte isolamento político-económico do país e
com rígido controle interno na então cidade de Edo (atual Tóquio).
Era prática usual que artistas japoneses utilizassem diversos nomes e Hokusai
chegou a ter cerca de 30 nomes, mais do qualquer outro artista do Japão.
A obra mais conhecida deste pintor, foi uma série de xilogravuras chamada das
“Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”, que demonstra o elo entre as pessoas, a
sociedade e a natureza. Esta série foi mesmo considerada como o auge da sua
carreira e da qual faz parte a obra que lhe deu reconhecimento internacional, “A
Grande Onda de Kanagawa”, que retrata uma enorme onda que aparece
ameaçar uma embarcação de pescadores.

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∙ A Obra “A Grande Onda de Kanagawa (1830)”

A Grande Onda de Kanagawa (1830)

A obra pode ser encontrada atualmente no Sumida Hokusai Museum em Tóquio,


no Japão. Esta xilogravura apresenta uma grande onda que ameaça os
pescadores, com o Monte Fuji como fundo. Mesmo não sendo um tsunami, a
obra apresenta-nos um grande exemplo da força dos mares.
Hokusai criou a série das “Trinta e seis vistas do Monte Fuji” em resposta tanto
ao crescente turismo em volta deste lugar como também por ter uma obsessão
pessoal pelo próprio Monte.
“A Grande Onda” pode ser vista de uma maneira simbólica, como representação
da mudança da sociedade que o Japão apresentava na altura. Uma mudança
que trazia influências estrangeiras variáveis, como as ondas do mar, em
contraste com a firmeza do Monte Fuji, visto como a força e o marco do Japão.
Esta obra de Hokusai, é uma das artes mais replicadas do mundo e inspirou
artistas como Van Gogh, Whistler e Monet. Tem vindo também a impactar
artistas contemporâneos há cerca de 200 anos.

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∙ Análise do desenho da criança

A criança que participou neste trabalho, é uma menina de 7 anos.


Pela sua idade, encaixamos o seu desenho:
- Na fase esquemática (7 aos 9 anos), que é quando a criança desenvolve o
conceito definido de forma. Ela passa a ter a intenção de procurar semelhanças
no que desenha, com o mundo real.
Para Lowenfeld, a grande descoberta nesta etapa, é a da existência de uma
ordem definida nas relações espaciais, ou seja, a criança não faz desenhos “ao
calhas”, ela aqui já percebe que o lugar, por exemplo, das flores é no chão e não
no ar e é aqui que aparece a linha de base (organização espacial do desenho no
papel);
E se na fase anterior, a criança desenhava parte a parte, agora já usa o contorno
e o seu pintar flui continuamente.
- Na fase figurativa e do simbolismo, o que significa que os elementos que
desenham, fazem parte do meio onde estão inseridas e são o reflexo de si
mesma. Estes desenhos, variam de criança para criança, porque são o resultado
da compreensão individual que cada uma tem e não necessariamente, da sua
observação do mundo.
Isto acontece porque cada criança é única e a sua evolução advém das suas
experiências, dos materiais de artes que lhe foram disponibilizados para
experimentar, da participação da sua família e até das aprendizagens nas
escolas.
Posto isto, analisamos assim o seu trabalho

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- Aparece a linha de base, que tenta estabelecer uma relação entre todos os
elementos da criação dela. No seu desenho, já existe a lei da gravidade (as
figuras não estão espalhadas pela folha), e percebe-se uma divisão nítida, entre
o mar e o céu, sendo que se percebe que os dois ocupam os seus lugares certos
(e não imaginários);

- Os elementos (homem, grafismos e mar), relacionam-se uns com os outros;

- Apesar de já ter o conceito definido do que quer desenhar, podem aparecer


características, como o exagero (o tamanho do coração que desenhou por ex)
ou omissão de algo (as mãos do surfista);

- O desenho está já organizado e aparece a cor; Aqui a criança já relaciona o


elemento e a cor “certa” (ex: o coração em vermelho). O fato de ela ter
desenhado este grafismo, também pode expressar, que ela consegue já
transmitir sentimentos e emoções;

- Não tendo a cor certa, a criança não desenha com cor diferente, porque
percebe que o mar é azul e não verde por exemplo. Isto acontece também
porque a criança quer que as pessoas percebam os seus desenhos, ou seja, é
intencional.

- O desenho do homem está mais evoluído nesta fase. Ele está desenhado com
detalhes como roupa, olhos, nariz, boca e cabelo, porque foi a importância que
a criança deu a essas partes do corpo. Apesar de não ter desenhado mãos e
sim pés por exemplo, isso pode refletir que na atividade desportiva desenhada,
o surfista precisa mais dos pés do que das mãos;

- A figura humana aparece num lugar bem definido e que corresponde a uma
situação que pode ser real, percebendo-se aqui que a relação com a realidade
começa a aparecer;

- Tem conceitos também de altura e largura (tamanho grande das ondas por ex)
e ganha noções de distâncias;

- No espaço topológico, ela não ocupa a folha inteira, ela deixa o céu branco
para deixar as ondas e o mar em destaque, assim como o coração;

- Também no espaço topológico e como Louqueti definiu, há transparência (está


na prancha de surf), também conhecida como a técnica do raio X e que está
presente nesta fase do desenvolvimento da criança;

- Predominam as curvas (das ondas do mar);


- São utilizados recursos gráficos como o coração e um “beijinho”;
- O coração está em forma aumentada em relação ao resto dos elementos do
seu desenho. O aumento nos desenhos pode ser positivo ou negativo, contudo
neste caso, reforçando que nós não temos o conhecimento adequado e apenas

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por ser um coração vermelho (que normalmente se utiliza para expressar amor
ou carinho), pareceu-nos ser algo bom;
- Analisando o ideografismo, vemos que o mesmo não tem profundidade.
Nota: Estas representações de espaço e tempo (Lowenfeld, 1975), acontece
devido à vontade que as crianças têm, em contar histórias e mostrar movimento
no seu desenho. Este desejo de criar cenários visuais e narrações, começa por
volta dos 5 anos mas vai ficando mais forte consoante as crianças vão crescendo
e ganhando mais à vontade a desenhar (Wilson & Wilson, 1982).

∙ Comparações com Hokusai

O método de desenho de Hokusai divide-se em 3 passos:

1. desenhar por formas geométricas – Sim, a menina usou curvas para


o mar e desenhou um coração.

2. usar caligrafia – Não, a criança não o fez.

3. Simplificar a linha do contorno – Sim, notório em todo o desenho.

De um modo mais aprofundado, pela parte das semelhanças:


- Além das figuras geométricas e linhas do contorno citadas acima, notámos que
a menina quis usar a mesma cor para o mar e as ondas, mantendo assim a
essência da obra onde se destaca o mundo natural,
Pela parte dos contrates:
- Ela não utilizou caligrafia/escrita como referido há pouco.
- Ela optou por usar canetas de feltro e lápis de cera, fazendo a sua criação
diretamente na folha branca, por ser mais fácil devido à sua idade e motricidade,
enquanto que Hokusai usou a Xilogravura para a realização da sua arte.
- E em contraste com a obra original, ela inclui uma figura humana a divertir-se,
enquanto que na obra original, a embarcação é ameaçada.

∙ Inquérito
No fim do desenho da criança estar concluído, conversámos um pouco
com ela para perceber melhor a sua interpretação da obra que escolheu e a sua
perspetiva.

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Explicámos que o artista viveu no Japão, desenhava muito sobre pessoas e
sobre o mundo natural, desenhando muitas ondas ao longo da sua carreira,
como por exemplo, estas 2 obras anteriores, à sua obra mais conhecida:

Vista de Honmuku ao largo de Barco de carga passando pelas


Hanagawa , impressão de Hokusai, ondas , impressão de Hokusai,
c.  1803 c.  1805

N”A Grande onda de Kanagawa”, a sua fascinação pela natureza está bem
presente, pois a sua paixão por ondas e pelo Monte Fuji (considerado sagrado
no Japão), foi um dos motes para ter realizado “A Grande Onda”, que além de
ser o seu trabalho mais apreciado, é também a obra de arte japonesa mais
reconhecida do mundo.
Explicámos à nossa criança, que Hokusai utilizava a pintura e as xilogravuras
como técnicas de preferência para mostrar a sua arte:

Exemplo de Bloco usado para fazer


impressões de xilogravura

e acrescentámos que ele já não se encontrava entre nós.


Mostrámos de seguida, a xilogravura de Hokusai e realizámos-lhe algumas
questões sobre a obra escolhida.

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. Questões colocadas à criança:

Pergunta: Porquê a escolha deste desenho em especial?


Resposta: Porque amo nadar e gosto de ver as ondas na praia.

Pergunta: O que te chamou mais à atenção na obra “A Grande Onda de


Kanagawa” de Hokusai?

Resposta: A onda grande.

Pergunta: O que sentes quando olhas para esta xilogravura?


Resposta: Medo porque parece que a onda vai cair.

Pergunta: Fala-nos das ondas…


Resposta: São gigantes! Parecem mãos assustadoras que nos vão apanhar!

Pergunta: O que observas além da onda grande?


Resposta: O mar “a mexer”… um barco…….ah, e o sol!!

Pergunta: O sol? Onde?


Resposta: Escondido no céu.

Pergunta: Porque é que achas isso?


Resposta: Porque dá para ver no desenho que é de dia, se fosse de noite as
ondas não se viam!

Pergunta: O que achas que o artista Hokusai quis mostrar com o seu desenho?
Resposta: Ele quis mostrar que o mar pode ser mau (com as ondas “tipo”
tsunami).

Pergunta: O que achas que ele estava a pensar ou a sentir quando desenhou
isto?

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Resposta: Acho que estava zangado porque desenhou ondas muito grandes e
quase a fazer mal às pessoas.

Pergunta: Porque é que vês um significado triste e escolheste este desenho na


mesma?
Resposta: Porque o mar pode ser bom também, dá-nos a praia por exemplo.

Pergunta: Que cores vês nesta obra?


Resposta: O azul e o branco.

Pergunta: O que achas das cores que o artista escolheu?


Resposta: São claras…e poucas.

Pergunta: Porque é que achas que o pintor escolheu aquelas cores?


Resposta: Porque pintou o mar e o céu com as cores verdadeiras,

Pergunta: Vês figuras geométricas?


Resposta: Sim, um triângulo pequeno.

Pergunta: Onde?
Resposta: Lá atrás! (Monte Fuji).

Pergunta: O que achas das técnicas que o Hokusai utilizou para esta
xilogravura?
Resposta: Acho que lhe deu muito trabalho e deve ter doído nas mãos mas fico
feliz que ele tenha feito as ondas porque eu gostei muito do desenho dele!

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∙ Conclusão

Este trabalho foi muito importante para aumentar o nosso conhecimento em


história de arte, pois tivemos a oportunidade de realizar uma atividade lúdica e
educativa com uma criança, conhecendo e analisando o seu lado artístico.
Deu-nos também a oportunidade de conhecer um novo artista Katsushika
Hokusai e estudámos os seus métodos artísticos, aprofundado-os numa obra
específica, “A Grande Onda de Kanagawa”.
Para percebermos a fase em que a criança está no seu nível de
desenvolvimento e assim, podermos analisar o seu desenho, fazendo o
paralelo com o artista escolhido por ela, contámos com os conhecimentos
adquiridos durante as aulas da profª Doutora Joana Consiglieri.
Podemos concluir que este trabalho foi muito enriquecedor tanto pelos meios
dinâmicos utilizados com a criança, como pela obra estudada, pelos meios que
seguimos para a pesquisa (por exemplo, visitar sites de museus), e também
pelos novos conhecimentos adquiridos.

∙ Bibliografia

História de vida de Katsushika Hokusai. Retrived from:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Katsushika_Hokusai (26/11/2021)

A História da obra. Retrived from:


https://ocio.dn.pt/artes/historia-da-onda-mais-iconica-do-mundo-e-do-japones-
que-a-pintou/19528/ (27/11/2021)

“A Grande Onda”. Retrived from:


https://blog.britishmuseum.org/the-great-wave-spot-the-difference/ (28/11/2021)

A história da série da sua obra. Retrived from:


https://en.wikipedia.org/wiki/Thirty-six_Views_of_Mount_Fuji (28/11/2021)

Visita ao museu da Gulbenkian. Retrived from:


https://gulbenkian.pt/museu/works_museu/naufragio-de-um-cargueiro/

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