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Solange Utuari

Arte educadora, escritora e ilustradora


Autora, artista e arte educadora
Artista e educador:
duas faces da
mesma ação poética
Lunetas e estrelas.

Havia um homem apaixonado pelas estrelas.


Para ver melhor as estrelas, ele inventou a
luneta. Aí formou-se uma escola para estudar
a sua luneta. Desmontaram a luneta.
Analisaram a luneta por dentro e por fora.
Observaram os seus encaixes. Mediram as
suas lentes. Estudaram a sua física óptica.
Sobre a luneta de ver as estrelas escreveram
muitas teses de doutoramento. E muitos
congressos aconteceram para analisar a
luneta. Tão fascinados ficaram pela luneta que
nunca olharam para as estrelas.
O artista Daan Roosegaar criou uma ciclovia iluminada inspirada em Van
Gogh – O percurso foi criado com milhares de pedras feitas de uma
material que carrega energia solar. A ideia foi inspirada na pintura A (Rubem Alves, 2008, p. 133.)
Noite Estrelada, de 1889.
O caminho de van Gogh fica na Holanda
em uma regiao perto onde o artista viveu
e esta disponível em:
http://translate.google.com.br/translate?hl
=pt-
BR&sl=en&u=http://vangogheurope.eu/12
5th-anniversary-of-vincent-van-goghs-
death-in-2015-widely-commemorated-
with-an-international-
programme/&prev=search
Acesso em 20 de maio de 2017.
•O professor não é aquele que dá
aulas mas aquele que propõem:
• percursos poéticos
estéticos, artísticos e
educativos
Quem pode fazer este
convite?

•Um professor?
•Um propositor?

Rosana Palazyan,
Titulo: um pedido para uma estrela cadente. 2000-2004.
balões de gás, tinta fluorescente, luz negra, dimensões variáveis.
Um segredo, um desejo.

Quais são os seus sonhos?

Quem pode ouvi-los?

Sonhos em balões de gás

Azuis, anis.

Uma estrela cadente na direção contrária.

Um olhar para o jovem, preso em realidades, sonhos.

Existência e permanência.

Esperança, inocência ainda rondam os céus sem estrelas.

Vejam que há sonhos perdidos ali e só ter coragem para soltá-los.


O que faz de um artista
um propositor?
E um professor, como se
constitui propositor?

Registro em fotografia da performance Divisor, de Lygia Pape, 1968. Pano de


algodão, com fendas, 20 m 20 m
Performance realizada em 1990 e em outros momentos.
Há propostas artísticas nas quais, para que possamos compreendê-las, sentir sua
mensagem ou as sensações que possibilitam despertar, é necessário mais que
apreciá-las de longe. É preciso participar delas. Vale até entrar literalmente nessa
forma de arte. O artista, nesse caso, faz o convite ao público e propõe uma
experiência, que é aceita por quem quer participar. Trata-se de uma forma de
compartilhar o processo criativo e artístico.
Produções artísticas
propositoras foram inventadas no
século XX;
Propostas conceituais,
sensoriais, interativas...
Espaço para discursos poéticos
que pudessem ser lido pelos olhos e
pelo corpo.
Representantes do movimento
neoconcreto, duas “Lygias” se
pronunciavam como artistas
propositoras.
Lygia Pape (1927-2004), nos anos 1980, obra Divisor, de 1968. Releitura do
trabalho em 2010, para a Bienal de São Paulo.
Um pano branco com furos é “vestido” pelo público, um grande tecido humano.
Lygia Pape (1927 - 2004) foi importante
gravadora, escultora, pintora, professora e artista
multimídia brasileira. Suas obras marcam a
inovação e o aprendizado com a arte. A artista
oferece em 1968 uma proposição de integração
entre público e poética do artista. Em sua
proposta lúdica Divisor, apresenta ao público um
tecido com buracos e convida as pessoas a
entrarem na obra e fazerem um passeio coletivo.
Lygia Pape costumava dizer que seu objetivo era produzir
uma obra coletiva na qual as pessoas pudessem participar e
viver uma experiência estética. Também queria que suas
obras continuassem vivas depois de sua morte, este desejo
tem sido efetivado uma vez que suas proposições, nas
linguagens de performance e happening, tem sido realizadas
em várias cidades do mundo.
Lygia Clark (1920-1988) apresenta a ideia
de artista-propositora ao dizer que a obra de
arte como contemplação está morta. Sua
preocupação era apresentar um convite ao
processo de criação, que não seria mais
apenas de responsabilidade do artista, o
público precisava participar da produção da
obra de arte. A arte vista não mais como algo
dado, pronto à contemplação em único
percurso, criado apenas pelo artista, mas um
convite à construção de vários percursos
poéticos, estéticos e criativos indicados pelo
artista e público.

A mostra de 2006, "Lygia Clark: da Obra ao Acontecimento". Curadoria de Suely Rolnik, na Pinacoteca do
Estado, em 2006. Disponível em: http://multimeiosetc.wordpress.com/
A Casa é o Corpo, 1968/2012
• A ação propositora é o ato de abrir espaço para
diálogos entre jovens, artistas, obras e apreciadores,
entre arte e vida.

• Solicitar ao público que participe da obra tem sido


uma prática bastante presente na arte
contemporânea. Artistas têm chamado o público para
ser co-autor da obra de arte, seja na sua criação ou por
meio da interação com ela no espaço expositor.

• Ser professor propositor é convidar os alunos a serem


co autor dos projetos em que aconteçam percursos
• O desejo de dar voz ao povo era crescente e
artistas como Helio Oiticica (1937 - 1980),
criaram percursos poéticos para convidar para
uma penetração na obra de arte, para além da
apreciação como mero espectador.
Metaesquema I

1958 | Hélio Oiticica

guache sobre cartão

52.00 x 64.00 cm

Coleção Museu de Arte


Contemporânea da Universidade de
São Paulo

Reproducción Fotográfica: Romulo


Fialdini
• Oiticica, Hélio,
Grande Núcleo
, 1960.
madeira
recortada e
pintada.
Projeto Helio
Oiticica (Rio
de Janeiro,
RJ),
Reprodução
fotográfica
Bob
Goedewaage
n.
O conceito de criatividade
na história
Base Época fator Origem Idéia central
Clássica Grécia Antiga Mágico Dom artístico Mito: 9 musas
Merecimento
Clássica Idade Media Fé e merecimento Dom artístico Base Judaica Cristã

Romântica Século XVII Potencial Inspiração Tema motivador


sensibilidade
imaginação

Moderna Século XX Vontade Conhecimento Análise do mundo –


Ousadia reflexão todos podem criar
inventar o novo criação

Base Pós moderna Final século XX até Conhecimento Conhecimento Pesquisa


hoje Habilidade experimentação Investigação
Atitude reflexão experimentar o novo.
Entre os anos 60 e 80 do século XX, o Brasil passou por momentos de silêncio
forçado, um povo sem direito a voz diante da repressão política instalada naquele
tempo. Mas artistas sempre encontram brechas para cavar espaços onde diálogos
entre arte e público sejam possíveis. Em meio a tantas proibições a música, em
movimento de protesto, gritava em alto e bom som:

E eu digo não
E eu digo não ao não
Eu digo: É!
Proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir
É proibido proibir...
Caetano Veloso, 1968.
Boal foi um artista propositor !
Foi também um educador propositor !

• O dramaturgo, teórico e educador


Augusto Boal escreveu sobre sua
prática no teatro e costumava dizer
que: “O Teatro do Oprimido é o teatro
no sentido mais arcaico do termo.
Todos os seres humanos são atores --
porque atuam -- e espectadores --
porque observam. Somos todos
'espect-atores’” (1985).
“Ser cidadão não é viver em
sociedade, é transformá-la" (1975).
• O professor não é aquele que dá aulas mas aquele que
propõem:

• percursos poéticos
estéticos, artísticos e
educativos
Lygia Clark (1920-1988)
apresenta a ideia de artista-
propositora na arte.

A mostra de 2006, "Lygia Clark: da Obra ao Acontecimento". Curadoria de Suely Rolnik, na Pinacoteca do
Estado, em 2006. Disponível em: http://multimeiosetc.wordpress.com/
O que faz de um
artista, um
propositor?

E um professor,
como se constitui
um propositor?
Convite
Somos os propositores; somos o molde; a
vocês cabe o sopro, no interior desse molde: o
sentido da nossa existência. Somos os
propositores: nossa proposição é o diálogo.
Sós, não existimos; estamos a vosso dispor.
Somos os propositores: enterramos a obra de
arte como tal e solicitamos a vocês para que o
pensamento viva pela ação. Somos os
propositores: não lhes propomos nem o
passado nem o futuro, mas o agora.
(Lygia Clark, 1964.)
Sopro
Como na obra Caminhando (1964) de
Lygia Clark, as proposições pedagógicas
podem gerar o mesmo movimento da
experiência com a fita de Moebius, um
ir e vir que escolhe, que “transforma a
virtualidade em empreendimento
concreto”. Para que haja escolha e
transformações é preciso oferecer
idéias para alimentá-las.
Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque,
2005
Mirian Celeste e Gisa
Picosque trazem o
conceito de
artista propositor
para
professor propositor
Mirian Celeste Martins e Gisa
Picosque. Uma cena do
documentário: Duas Palavras.
Coleção DVDteca Arte na
Escola do Instituto Arte na
Escola.
www.artenaescola.org,br.
Para que haja escolha e
transformações é preciso
oferecer ideias para
alimentá-las.

(Mirian Celeste Martins e Gisa


Picosque, 2005.)
Palavras sopradas
O que será que
dizem?
Falam no idioma da arte.

Linguagem estética
As linguagens
foram criadas pelo ser
humano no decorrer dos
tempos, pois o inscrevem
no mundo da cultura, e,
entre experiências e
expressões, criou e
continua criando signos
artísticos .

Obra de Caravaggio Narciso


• A experiência estética dá-se no
âmbito da sensibilidade. Além
de o profundo prazer, ela nos
transmite um sentimento de
expressão de vida e ao mesmo
tempo desencadeia a
compreensão de certas
verdades sobre o mundo e
sobre nós. (OSTROWER,
1990:217).
• A arte é uma linguagem expressiva em que
conceitos podem ser construídos pelo fazer,
sentir, refletir, imaginar...
E como toda linguagem tem:
conteúdos, formas, percursos de
criação, saberes estéticos e culturais,
materialidades, patrimônios,
interlocuções com outras áreas do
conhecimento e com a própria vida
cotidiana da criança e do jovem.
O que é,
afinal, um
currículo?

O artista da tatuagem,
1944, Norman
Rockwell
Questões para pensar sobre
currículo
— qual conhecimento deve ser ensinado?
— o conhecimento que constitui o currículo está
comprometido a qual ideologia?
— o currículo, os programas curriculares são,
documentos de identidade? De quem?
— Qual a relação entre currículo e sujeito?
Aluno/professor/sociedade
Concepções, documentos
de identidade em arte?
žQuais “documentos de identidade” em ensino de arte temos
produzido até agora?

žQue alunos e alunas esperamos formar com esses programas


curriculares?

žQual nossa concepção de arte?

žQual nossa concepção de ensino de arte?

Estes questionamentos tem possíveis respostas e também têm


uma história, e dependem do lugar de onde se está perguntando.
•Arte contemporânea
• Arte do tempo
•Arte e cultura
• Arte e vida
As linguagens se constituem em:

— Ideias
— Matérias
— Elementos de linguagem
— Processos de criação
— ...
História e Cultura
Indígena e
Afrodescendente

Obra da artista brasileira Rosana


Paulino
Assentamento
Para saber mais assista ao vídeo
disponível em:
https://vimeo.com/111885499
O que ela parece ser?

Quem se pode ver?

Há linhas que nascem desse


ser e vão e vão...

Para onde vão? Acompanhe


com seu olhar.

Cor, linha, forma, criam


volumes, texturas,
movimentos?

Criam ideias? Que ideias são


essas?

Quem será que fez essa arte?


Arte educação

Inspirações pedagógicas
Giuseppe Arcimboldo
Dewey

”A alegria que as próprias


crianças sentem com as
suas próprias experiências é
a alegria da construção
intelectual da criatividade,
se me é permitido usar esta
palavra, sem ser mal
entendido”.
Dewey, 1959

Imagem: Jonh Dewey


http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao.asp?artigo=447
• Educador e pesquisar norte americano
trouxe maior significado à experiência de
aprender arte e expressar-se por meio
dela. A educação em arte como
experiência estética e encontros
significativos.
Novas concepções.
Se a arte mudou o ensino de arte
também mudou!
Portinari, Meninos Brincando" foi feito em 1955 com tinta a óleo sobre tela.
A arte é

conhecimento!

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional nº 9394/96 traz avanços para a
construção de uma concepção mais
coerente do ensino de arte: arte como
área do conhecimento.
Educação com base em
direitos e diversidade
“A Arte é uma área do conhecimento e patrimônio histórico e cultural da
humanidade. No Ensino Fundamental, o componente curricular está centrado em
algumas de suas linguagens: as Artes visuais, a Dança, a Música e o Teatro. Essas
linguagens articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e
envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre
formas artísticas. A sensibilidade, a intuição, o pensamento, as emoções e as
subjetividades se manifestam como formas de expressão no processo de
aprendizagem em Arte” (Trecho A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), 2017).
As dimensões são:

• “Criação: refere-se ao fazer artístico, quando os sujeitos criam, produzem e constroem.


Trata-se de uma atitude intencional e investigativa que confere materialidade estética a
sentimentos, ideias, desejos e representações em processos, acontecimentos e produções
artísticas individuais ou coletivas. Essa dimensão trata do apreender o que está em jogo
durante o fazer artístico, processo permeado por tomadas de decisão, entraves, desafios,
conflitos, negociações e inquietações” (Trecho A Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
2017).
• “Crítica: refere-se às impressões que impulsionam os sujeitos em direção a
novas compreensões do espaço em que vivem, com base no estabelecimento
de relações, por meio do estudo e da pesquisa, entre as diversas experiências e
manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas. Essa dimensão articula
ação e pensamento propositivos, envolvendo aspectos estéticos, políticos,
históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais” (Trecho A Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), 2017).
• “Estesia: refere-se à experiência sensível dos sujeitos em relação ao espaço, ao tempo,
ao som, à ação, às imagens, ao próprio corpo e aos diferentes materiais. Essa dimensão
articula a sensibilidade e a percepção, tomadas como forma de conhecer a si mesmo, o
outro e o mundo. Nela, o corpo em sua totalidade (emoção, percepção, intuição,
sensibilidade e intelecto) é o protagonista da experiência”.
• “Expressão: refere-se às possibilidades de exteriorizar e manifestar as
criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos, tanto em âmbito
individual quanto coletivo. Essa dimensão emerge da experiência artística com
os elementos constitutivos de cada linguagem, dos seus vocabulários
específicos e das suas materialidades”.
“Fruição: refere-se ao deleite, ao prazer, ao estranhamento e à abertura
para se sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais.
Essa dimensão implica disponibilidade dos sujeitos para a relação continuada
com produções artísticas e culturais oriundas das mais diversas épocas,
lugares e grupos sociais” (Trecho A Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
2017).
• “Reflexão: refere-se ao processo de construir argumentos e ponderações
sobre as fruições, as experiências e os processos criativos, artísticos e culturais. É
a atitude de perceber, analisar e interpretar as manifestações artísticas e
culturais, seja como criador, seja como leitor”.
A alfabetização na
linguagem da Arte

proporciona uma
inserção no mundo
simbólico e cultural.

Martins e Picosque,
2010.
(Trecho A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), 2017).
(Trecho A Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), 2017).
“A arte é importante na escola
porque é importante fora dela”

Mirian Celeste Dias Martins


e Gisa Picosque
2010.
Hoje
A concepção de ensino de Arte hoje prima pela ideia, que a
Arte é conhecimento, uma linguagem complexa e
expressiva, que desenvolve percepção sensível de mundo e
mentes criadoras.

O ensino artístico tem a preocupação com a educação


estética e a acessibilidade aos bens artísticos, para formar
cidadãos conscientes de seus papeis culturais. Aceita e
explora as novas linguagens artísticas e suas tecnologias.

Daniel Hethel
Maria Leite
Rizoma

Arborístico
Concepção filosófica

De onde Deleuze e Guattari tiraram a palavra


rizoma? Como um caule de planta pode nos
ajudar a pensar o mundo moderno e a
educação?
“Rizoma é a
extensão do
:
caule que
une
sucessivos
brotos.”
Para Deleuze, o rizoma é inter-relação
entre os conceitos. O rizoma é o modelo
de realização dos acontecimentos, que tem
espaços e tempos livres, onde os
acontecimentos são potencialidades
desenvolvidas das relações entre os
elementos do principio característico das
multiplicidades.
Os territórios da arte e cultura são
possibilidades de focos de conceitos a serem
apresentados aos alunos por meio de encontros
significativos com arte.

Obra dos Gêmeos, exposição FAAP.


•Linguagens artísticas
•Processo de criação
•Materialidade
•Forma-conteúdo
•Mediação cultural
•Patrimônio cultural
•Saberes estéticos e culturais.
Abordagem triangular

As pesquisas desenvolvidas
nos anos 80 do século passado
contribuíram muito para o repensar
as práticas e conceitos a respeito
do ensino de Arte.

Professora Dra. Ana Mae Barbosa


Situações de aprendizagens
A palavra atividade assumiu
um caráter negativo no ensino
de Arte, por propor ações
mecânicas e direcionadas. As
educadoras Mirian Celeste
Martins e Gisa Picosque (2008)
têm preferido usar o termo
situação de aprendizagem,
não se trata apenas trocadilhos
de palavras e sim uma nova
concepção em Arte.
• Apreciação, produção e
reflexão.

• Ler, fazer e contextualizar.


Contextualizar:

ü É o exercício de pensar a
respeito da arte;

ü Relacionar arte e vida;

ü A contextualização também
explora os saberes
estéticos, histórico e
culturais.

Ilustração de Solange Utuari


Ler obras de Arte:

ü É estimular a percepção
e o conhecimento a respeito
da critica e estética.

ü É ampliar repertório
cultural e nutrir o olhar dos
alunos sobre os aspectos que
envolve a produção de uma
obra de arte.

O conhecedor de Rockwellau, http://www.normanrockwellvt.com/


Ø A proposta da nutrição estética é trazer
imagens e músicas para alimentar o
repertório cultural da criança, mostrando
como o artista resolveu determinados
problemas com materiais ou como articulou
conceitos e elementos de linguagem.
Proposta de mediação cultural

Robert Willian Ott.

• Aquecendo

• Descrevendo

• Analisando

• Interpretando

• Fundamentando

• Revelando

• Ampliando
Curadoria educativa
Aprender e brincar

• Formas lúdicas para aprender


Arte, experimentando
diferentes processo e materiais
na ação de criadora.
Para pensar

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o


para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar,
estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de
areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus
olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o
menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando,
pediu ao pai:— Me ajuda a olhar!
Eduardo Galeano
A criança, olhando o mar, teve uma
experiência estética?

De que modo você ajudaria uma


criança a olhar o mar?
Experiência estética
Uma experiência estética é algo significativo e marcante,
podendo influenciar a visão de mundo e as escolhas das pessoas.
Quem não se lembra de uma cena de filme, de uma pintura ou de um
desenho visto na infância que tenha marcado sua história de vida?
Uma música, um perfume ou uma imagem podem fazer viajar a
tempos passados. Este é o poder da experiência estética: o encontro
com a beleza ou com a estranheza que marca para sempre.
Compreender tais questões importa muito para a formação de um ser
humano sensível e inteligente. Entretanto, para vivenciar experiências
estéticas, é preciso estar disponível à poesia, estar aberto a sentir.
Pensando em um convite para a sensibilização maior dos alunos,
indicamos estudos sobre a leitura de imagens e a experiência estética.
Essa experiência só acontece quando estamos em estado de
estesia, seja por intenção, seja por distração. Essa vivência envolve a
cognição, a emoção e a memória. Segundo a definição de
Duarte Jr. (2001), a palavra “estesia” é a oposição da palavra
“anestesia” – a impossibilidade ou a incapacidade de sentir. No entanto,
a estesia mostra a possibilidade de sentir e significar.

DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes,


2010.
DUARTE JR. João-Francisco. O sentido dos sentidos: a educação
(do) sensível. Curitiba: Criar Edições, 2001.
Não existe uma explicação para cada produção.

A obra de arte é aberta e cada um olha com os olhos


que tem, ou ouve com os ouvidos que possui.

O importante é deixar espaço para que as crianças


possam formular suas próprias opiniões.
Fazer Arte:
ü É explorar a ação criadora na prática artística.
ü É buscar momentos em que os alunos
experimentem materialidades , processos e
procedimentos no fazer artístico.
Conceito é
o foco do fazer.
Salve os desenhos das
crianças
• a poética do aluno

• o processo de criação
autônomo.
• Legenda. O Telmo Pieper fez vários
desenhos quando tinha apenas 4
anos de idade. Atualmente ele
resolveu recriar estes desenhos de
infância em pintura digital, veja o
resultado. O que você achou desta
ideia?
A concepção de apreciação
indicada neste material segue
a ideia de mediação cultural,
que propõe uma conversa a
respeito do que a criança vê,
escuta, sente ou pensa
durante a apreciação. Esta
proposição respeita a voz da
criança, aproveitando suas
vivências e nutrindo-a com
mais saberes.
• Nutrição estética

A apreciação de imagens e músicas


oferece a nutrição estética para
ampliação do repertório cultural da
criança. Esses momentos não têm
como finalidade a prática de releituras
ou estabelecer modelos, mas dar a
oportunidade à criança de conhecer
obras de Arte e formular hipóteses
sobre a construção e as diferentes
formas das linguagens artísticas.
• A palavra-chave desses
momentos é experimentação.
Ou seja, o foco está nas
descobertas das crianças. As
orientações para a ação criação
seguem uma concepção de
ensino de Arte que respeita os
momentos e movimentos da
ação de desenhar da criança e do
adolescente, e sua forma
singular de produzir imagens,
gestos e sons, em sua lógica de
pensamento, que difere da
maneira de pensar do adulto
The imaginary friends collection, do V&A museum of childhood (museu da infância-
Inglaterra),

Artistas especialistas em animação fizeram pelúcias gigantes dos amigos


imaginários de seis crianças!
A proposta nesta disciplina tem como
base a concepção de Arte como linguagem
expressiva de um mundo culturalmente
vivido.

E seu ensino visa potencializar


descobertas de poéticas pessoais e
experiências estéticas.
Na proposta de construir um currículo em Arte,
os caminhos escolhidos trilham por, percursos
poéticos, estéticos, artísticos e educativos.
Cada um tem seu jeito de
encontrar com a arte

Jardim de Narciso do Inhotim de Yayoi


Kasama – Video Intalação - Acervo do
Instituto Inhotim.
Se eu fosse ensinar a
uma criança a arte da
jardinagem, não
começaria com as lições
das pás, enxadas e
tesouras de podar.
Eu a levaria a passear por parques e
jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre
suas maravilhosas simetrias e perfumes;

Mulher no jardim com criança. Artista Marcio Camargo


A levaria a
uma livraria para
que ela visse, nos
livros de arte,
jardins de outras
partes do mundo.

Rafflesia Arnoldii é um membro do genero Rafflesia. Ela é famosa por produzir


a maior flor do mundo, atingindo 106 cm de diâmetro e pesando até 10kg.
Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me
pediria para ensinar-lhes as lições das pás,
enxadas e tesouras de podar.
Se fosse ensinar
a uma criança a
beleza da música,
não começaria com
partituras, notas e
pautas.
Ouviríamos juntos
as melodias mais
gostosas e lhe contaria
sobre os instrumentos
que fazem a música.
Ai, encantada com a beleza da música, ela
mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério
daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas.
Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas
são apenas ferramentas para a produção da
beleza musical.
A experiência da beleza tem de vir antes!

Rubem Alves, 2008.


•Referencias
•BARBOSA, Ana Mae. Arte/educação no Brasil: das origens ao Modernismo. São Paulo: Perspectiva,
•1978.
•BARBOSA, Ana Mae. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo:
•Perspectiva, 1991.
•BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1998.
•BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília:
•MEC/SEF, 1997.
•MARTINS, Miriam Celeste. Mediação cultural para professores andarilhos na cultura. São Paulo:
Intermeios, 2012.
•PIMENTEL, Lucia Gouvêa. (Org.). Som, gesto, forma e cor: dimensões da arte e seu ensino. Belo
Horizonte: C/Arte, 1995.
•SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São Paulo: Fapesp, Annablume,
1998.
•VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
•MARTINS, Miriam Celeste. PICOSQUE, Gisa. GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do Ensino de Arte: a
língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.
•OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

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