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Boa leitura!

Tarsila do Amaral
Leitura de imagem – Tarsila do Amaral [Capivari, SP, 1886 – São Paulo, SP, 1973]
São Paulo, 1924, óleo sobre tela, 57 x 90 cm
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Professor(a), Em seu caminho de ruptura com as tradições acadêmicas, os artistas modernos DICA! Tarsila foi aluna do pintor Fernand Léger, em 1923, e com ele Proponha aos alunos trabalharem em conjunto para representar em um grande
europeus dedicaram atenção especial aos temas menos valorizados pelas acade- aprendeu a valorizar a simplicidade na representação e a geometriza- desenho coletivo os diversos lugares que comentaram, construindo um mapa
Neste material apresentamos algumas propostas de leitura da obra São Paulo, mias. Inicialmente, a paisagem era vista como exercício de aprendizado da cons- ção das formas. Para que percebam essa relação de aprendizado, o simbólico de sua cidade. Saliente que não é necessário situar esses locais de
da artista Tarsila do Amaral. trução do fundo de obras mais complexas, apenas no século XIX foi reconhecida professor pode apresentar aos alunos imagens de paisagens de Léger, maneira precisa, nem se preocupar em representá-los de modo realista, pois
como gênero artístico independente. nas quais o artista insere máquinas como símbolos da modernidade, e a intenção é criar um mapa que seja um registro visual de referências e signi-
Recomendamos ao professor que, no momento de leitura da imagem, procure pedir que as comparem à obra São Paulo. Entre outras obras do artista ficados do grupo.
ouvir as opiniões dos alunos, estimulando-os a refletir sobre suas próprias res- O professor pode apresentar ao grupo novas questões que contribuam para adequadas para esse fim, sugerimos La Ville / The City (1919), perten-
postas. Lembre-se de que, em outros momentos, poderá tratar de maneira mais adensar essas discussões. cente ao Museu de Arte da Filadélfia (EUA), e Les disques dans la ville Observe e discuta com a classe o mapa que criaram. Conforme o local onde
aprofundada as informações específicas sobre a artista e a obra, porém, neste (1920), pertencente ao Centro Georges Pompidou (Paris, França). Na bi- vivem, estudam ou trabalham, determinadas regiões podem ter recebido
momento, o importante é o estímulo para perceber e pensar sobre a imagem. A pintura parece representar uma paisagem imaginária ou uma paisa- bliografia indicamos o site de ambos os museus, bem como o do Museu mais destaque. Converse sobre o que não conhecem da cidade e gostariam
Informações situando o contexto da artista e da obra podem ser consultadas no gem real? Fernand Léger, dedicado especialmente às obras do artista. de conhecer.
folheto impresso que acompanha esta reprodução. Vocês reconhecem objetos ou elementos da paisagem?
Esta paisagem lembra algum lugar conhecido? Qual? Por quê? Quais são as cores utilizadas pela artista nesta imagem? Ampliando o mapa
As respostas dos alunos podem ser registradas na lousa, facilitando a integração É possível perceber alguma textura? Há pinceladas visíveis?
de todas as observações para uma retomada ao final da leitura. Sugerimos, a A aparente simplicidade dos elementos visuais com que a artista representa É possível perceber volume? Como a artista conseguiu esse efeito? A partir da discussão, o professor pode organizar um passeio a locais impor-
seguir, algumas questões como referência para orientar a leitura desta imagem. as formas que observou nesta paisagem pode favorecer a impressão de que tantes da cidade, ainda desconhecidos por sua turma, e propor que recolham
Selecione-as e apresente-as na sequência que considerar mais adequada para não está vinculada a uma paisagem real. O professor pode aproveitar esta As cores vivas e a pintura plana provavelmente não causarão estranheza aos informações, fazendo anotações, desenhos ou fotos.
aprofundar os aspectos inicialmente percebidos pelo seu grupo de alunos. Caso oportunidade para conversar com os alunos sobre a ideia de arte como repre- alunos, já acostumados às cores das histórias em quadrinhos e dos desenhos
julgue necessário, proponha outras questões além daquelas aqui apresentadas. sentação, questionando se pode haver mais de uma maneira de se representar animados. As indicações de textura são muito reduzidas, e as pinceladas são O passeio dos alunos também pode ocorrer sem sair da escola, por meio de uma
Possibilite que os estudantes participem desse processo, dê tempo para que ve- uma mesma realidade. pouco visíveis. Os volumes são tratados de maneira não realista. Assim, a pintura pesquisa de imagens em jornais, revistas ou na internet, com a reunião de fotos
jam a imagem, para que se expressem, a fim de construírem todos juntos senti- afasta-se das convenções acadêmicas. e desenhos de locais da cidade que despertem seu interesse.
dos e significados para essa reprodução da obra de arte com ênfase nas trocas DICA! Outro material educativo produzido pela Pinacoteca de São Paulo,
possíveis e no fortalecimento de vínculos. o volume 3 da série Bem-vindo, professor!, propõe percursos baseados DICA! Para que os alunos possam perceber diretamente o contraste Com as informações e imagens coletadas, proponha a reconstrução e ampliação
nesta mesma obra de Tarsila e na pintura Bananal, de Lasar Segall. Ofere- entre a forma com que a artista representou o Vale do Anhangabaú do primeiro mapa simbólico que criaram da cidade, incluindo os novos elemen-
Valorize os comentários de cada aluno a partir de suas vivências pessoais, lem- ce referências complementares a este material, como: reflexões sobre as e as convenções de representação empregadas em sua época, o pro- tos reunidos. O novo mapa pode incluir os resultados do passeio ou da pesquisa
branças e informações. As pessoas trazem seu repertório para a leitura de ima- obras dos dois artistas associados ao modernismo paulista; comparação fessor pode escolher uma ou mais pinturas de paisagem representadas na forma de desenhos e colagens.
gens de arte. A partir dele, da escuta atenta entre os colegas e do diálogo sobre da obra São Paulo com um cartão-postal do Viaduto do Chá, em 1925, e de maneira acadêmica e realizar uma leitura de imagem comparativa.
as obras, esse processo de aproximação com a arte se enriquece. comparação com o poema São Paulo, de Blaise Cendrars. DICA! Outra possibilidade interessante para refletir com os alunos so-
Observando a imagem, é possível descrever a “personalidade” da cidade bre diferentes formas de representar a realidade é, em vez da cidade,
Observando imagens fotográficas da década de 1920 do Vale do Anhanga- de São Paulo na época em que foi feita? tomar como objeto de investigação a própria escola. As discussões po-
Orientações e sugestões para a leitura da imagem baú, é possível encontrar diversas correspondências com a tela criada por dem revelar quais locais ou serviços da escola são mais relevantes aos
Tarsila. Apesar disso, podemos perceber que ela selecionou os aspectos que Uma possível interpretação para a ausência de pessoas retratadas nesta paisagem é alunos e como eles podem simbolizar esses espaços na representação.
Procure criar um ambiente confortável, de modo que os alunos se sintam à von- considerou mais significativos, reproduzindo, de maneira simplificada, tanto a de que a própria cidade de São Paulo pode ser percebida como personagem prin-
tade para expor suas impressões. as construções arquitetônicas, como o Viaduto do Chá e o Edifício Martinelli, cipal da obra. Características como ser moderna, ativa, “desvairada” e mobilizadora São Paulo como cenário
quanto os elementos associados à modernidade, como o bonde, o poste de de transformações são alguns dos traços de “personalidade” que foram atribuídos à
Estimule o respeito, mesmo que discordem do ponto de vista uns dos outros. luz e a bomba de gasolina. cidade-personagem por artistas e escritores ligados ao modernismo paulista. Proponha aos alunos que pesquisem os costumes do início do século XX,
O embate de ideias faz parte de uma discussão saudável, o que não significa como vestimentas, transportes, consumo, maneiras, sistemas de trabalho
diminuir ou desconsiderar as opiniões divergentes. A leitura de imagem é aberta Existe algum personagem nesta paisagem? Qual? Dessa forma, podem ser inseridas na conversa perguntas sobre o que caracteriza etc., fazendo parcerias com os professores de Geografia e de História, no
à interpretação, permitindo a diversidade de respostas. Não há uma verdade um personagem, se é necessário que seja uma pessoa ou um ser vivo, e se os alu- sentido de aprofundar as pesquisas. Com base nas discussões acerca dos
única ou uma resposta certa. Também não se trata de adivinhar o que o artista Ao responder a esta pergunta, é possível que, de início, os alunos indiquem as nos conhecem histórias nas quais os personagens são objetos ou mesmo lugares. resultados da pesquisa, peça aos alunos que voltem a observar a imagem de
quis dizer ou expressar, mas, com a observação do que ele criou, refletir sobre as formas da bomba de gasolina e do poste de luz como seres humanos ou ani- Como questão final, sugerimos perguntar: São Paulo, de Tarsila, e imaginem histórias de personagens que circulariam
diversas possibilidades de significado. Durante esse processo, é possível que os mais. O engano é favorecido pelo formato arredondado da parte superior desses pelo local em sua época.
temas discutidos se distanciem da obra analisada. Nessa situação, é importante objetos, semelhante a cabeças, e por terem formas diferentes das bombas de Quais símbolos de modernização podemos apontar na imagem?
orientá-los a voltar a olhar a obra em questão e à troca de ideias sobre ela. gasolina e postes de luz utilizados atualmente. A apresentação de imagens de Sugira que tomem a paisagem como referência para a construção de um cenário
bombas de gasolina e de postes de luz da época em que Tarsila criou sua pintura, A inserção de máquinas e de estruturas arquitetônicas de ferro na paisagem, no qual possam representar algumas dessas histórias. Num segundo momento,
Sugerimos, a seguir, algumas questões como referências para orientar a leitu- então símbolos da modernidade, pode contribuir para desfazer esse equívoco. apresentadas como sinônimo de modernidade, revela elementos novos nas cida- proponha aos alunos que comparem os costumes do início do século XX com a
ra desta imagem. Não se trata de um roteiro fixo. Portanto, fique à vontade des brasileiras da época. É importante lembrar, também, que, completando esse época atual, com base na investigação feita anteriormente.
para ampliar e criar outras abordagens, considerando as próprias respostas e Como são as formas presentes nesta pintura? cenário, o grande painel com números à esquerda comenta o surgimento da
ideias dos alunos nesse percurso. Os comentários que aparecem entremeando É possível perceber como elas estão organizadas na imagem? Isto lhes publicidade no contexto urbano, uma consequência da ampliação do mercado Quais objetos do nosso cotidiano ainda não existiam?
as questões procuram fornecer algumas indicações para auxiliá-lo na orientação causa alguma sensação? Qual? consumidor. Além disso, a própria opção da artista pelo uso de formas geométricas Quais objetos usados hoje em dia poderiam simbolizar nossa época
da leitura da imagem com seus alunos. e planificação do espaço são, também, índices de modernização, ao se afasta- numa representação?
Tarsila organizou de maneira particular essas formas no espaço da tela. Buscan- rem deliberadamente do que o senso comum considerava naquela época uma
Tarsila do Amaral escolheu como tema desta pintura um local central da cidade de do tornar possível a percepção da profundidade e da distância entre os diversos representação fiel da realidade. O professor pode pedir aos alunos que transformem o cenário anterior de modo
São Paulo na década de 1920. Naquele período de prosperidade associada ao co- elementos representados nesta obra sem recorrer ao uso da perspectiva, a artista a corresponder a aspectos que considerem importantes no momento atual, refa-
mércio do café, a cidade passava por um amplo processo de reconstrução que a utilizou diferentes recursos para criar a noção de espaço, tais como: DICA! A comparação da obra São Paulo com outras pinturas de Tarsila zendo as cenas que representaram como se ocorressem no presente.
preparava para a comemoração do centenário da Independência do país. A área do do mesmo período pode permitir aos alunos compreender com mais
Vale do Anhangabaú havia sido remodelada na década anterior, a partir de projetos • Dispor as formas mais próximas como se estivessem colocadas à frente das facilidade como a artista constrói uma linguagem própria para repre- Discuta com eles as semelhanças e diferenças entre as duas representações, os
do arquiteto francês Joseph Bouvard, assumindo as feições de um parque, e recebera mais distantes (a árvore é um bom exemplo disso); sentar as paisagens do Brasil, país que, na época, começava a acelerar porquês de suas preferências, enfatizando os valores simbólicos utilizados em
diversos novos edifícios que o tornariam um dos principais cartões-postais da cidade. seu processo de urbanização. suas produções.
A paisagem do vale de então era carregada de elementos associados à modernidade, • Apresentar, nos planos mais distantes, uma redução gradual de tamanho dos
com novidades como a iluminação elétrica, os bondes elétricos e os carros. elementos, como as janelas dos prédios, além de utilizar linhas mais finas; Sugerimos trabalhar com a obra Carnaval em Madureira (1924), também apre- DICA! A cidade de São Paulo é tema de inúmeras músicas que repre-
sentada neste material e integrante do Acervo Fundação José e Paulina Nemi- sentam diferentes aspectos assumidos no decorrer de sua história.
Nas orientações para esta leitura de imagem, enfocamos seus aspectos formais • Utilizar, nas formas em primeiro plano, cores mais fortes que aquelas das rovsky, e também com as imagens das obras E.F.C.B./Estrada de Ferro Central Por exemplo, as canções São São Paulo, de Tom Zé, e Sampa, de

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e construtivos e o modo como esses elementos são utilizados pela artista para formas situadas em planos mais distantes, criando, assim, contrastes mais fortes do Brasil (1924), pertencente ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da Caetano Veloso.
apresentar a própria cidade como um símbolo da modernidade. na metade inferior da tela. Universidade de São Paulo (MAC-USP), e São Paulo [Gazo] (1924), pertencente
a uma coleção particular. Imagens dessas pinturas podem ser encontradas em O professor pode propor aos alunos que pesquisem outras canções e façam
O professor pode começar perguntando: Podemos perceber, nesta pintura, diversos retângulos e círculos, bem como a pesquisas sobre a artista na internet, no Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral e desenhos representando as visões da cidade descritas em cada uma delas (mas
repetição de formas similares, com tamanhos diversos e agrupadas de diferentes na Enciclopédia de Artes Visuais do Itaú Cultural, cujos endereços eletrônicos se cuidando para que o desenho não se transforme em mera ilustração da músi-
O que vocês veem nesta imagem? maneiras, o que contribui para criar o ritmo visual da obra. encontram indicados na bibliografia. ca). Para complementar, peça que pesquisem sobre músicas que falem de sua
própria cidade, caso não sejam de São Paulo, ou indiquem outras músicas que
Em resposta aos comentários iniciais dos alunos, introduza novas questões na Na composição da tela, destaca-se o contraste entre o conjunto de linhas tratem dela.
ordem que considerar mais adequada. Sempre que necessário, remeta as respos- retas verticais e horizontais, predominante nos elementos da paisagem cons- Propostas poéticas
tas a uma nova observação da imagem, no sentido de justificar a percepção e a truídos pelo ser humano, e as linhas curvas, mais presentes nos elementos
interpretação dadas, perguntando: naturais da paisagem. Mapa simbólico da cidade

O que, na imagem, faz pensar assim? Podemos perceber simetria entre alguns dos elementos representados nesta pin- Para que os alunos possam compreender mais profundamente a temática desta
tura: a bomba de gasolina e o poste de luz, e as duas colunas que sustentam o obra, o professor pode organizar com eles uma discussão sobre o que conhecem
Entre as respostas iniciais à primeira questão, provavelmente surgirão referências à sim- viaduto. A árvore à esquerda e o edifício com a placa numerada rompem essa de sua cidade, quais locais consideram mais significativos e quais são os sentidos
plificação e geometrização das formas, à cidade e ao gênero de pintura de paisagem. simetria, proporcionando maior dinamismo à imagem. que atribuem a esses locais.
Leitura de imagem – Tarsila do Amaral [Capivari, SP, 1886 – São Paulo, SP, 1973]
Antropofagia, 1929, óleo sobre tela, 126 x 142 cm
Acervo da José
Fundação Fundação JoséNemirovsky
e Paulina e Paulina Nemirovsky,
(São Paulo) em comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo
Professor(a), As cores claras dos personagens os colocam em destaque em razão do forte contraste com Antropofagia é um dos destaques do acervo da Fundação José e Paulina Nemirovsky. Sobre as figuras em destaque no primeiro plano da imagem:
as tonalidades mais escuras utilizadas para a vegetação. Além disso, a sobreposição das Essa coleção abriga obras emblemáticas dos pioneiros da Arte Moderna no Brasil,
Neste material apresentamos algumas propostas de leitura da obra Antropofagia, da formas é o principal recurso utilizado pela artista para definir o que se situa no primeiro tanto das primeiras décadas do século XX como os seus desdobramentos no período O que mais chama sua atenção nelas?
artista Tarsila do Amaral. plano e o que se encontra em um plano mais distante. Um exercício rápido a realizar com posterior à Segunda Guerra Mundial. O que estas figuras têm de estranho?
os alunos é contar quantos planos, ou camadas, ela utilizou para compor esta obra. Vocês já viram estas figuras em algum lugar antes?
Recomendamos ao professor que, no momento de leitura da imagem, procure ouvir
as opiniões dos alunos, estimulando-os a refletir sobre suas próprias respostas. Lem- DICA! Realize com os alunos uma leitura de imagem comparando as Propostas poéticas Identifiquem qual é a perna que pertence a cada uma das figuras representadas.
bre-se de que, em outros momentos, poderá tratar de maneira mais aprofundada as reproduções de obras de Tarsila do Amaral que integram este material,
informações específicas sobre a artista e a obra, porém, neste momento, o impor- identificando semelhanças e diferenças entre elas, como início de um Ritual de antropofagia Vocês acham que estas figuras estão conversando? Sobre o que estariam
tante é o estímulo para perceber e pensar sobre a imagem. Informações situando estudo das diferentes fases no trabalho da artista. A consulta aos livros e falando?
o contexto da artista e da obra podem ser consultadas no folheto impresso que sites indicados na bibliografia deste material pode ser um bom começo para Estudado pela antropologia, o ritual da antropofagia é recorrente em várias culturas. Em
acompanha esta reprodução. aprofundar o conhecimento sobre a trajetória artística de Tarsila. algumas delas, o ato de devorar outro ser humano encontra-se associado ao desejo de Sobre a paisagem de fundo:
incorporar ao indivíduo ou ao grupo qualidades pertencentes às pessoas consumidas
As respostas dos alunos podem ser registradas na lousa, facilitando a integração de Como vocês descreveriam os personagens que aparecem na imagem? no rito. O indivíduo devorado pode ser desde um integrante recém-falecido da própria Vocês reconhecem alguma das plantas representadas nesta paisagem?
todas as observações para uma retomada ao final da leitura. Sugerimos, a seguir, Como é a proporção entre as diferentes partes de seus corpos? comunidade ou um inimigo considerado valoroso, capturado e sacrificado para esse fim. O sol se parece com algo que vocês conhecem? O quê?
algumas questões como referência para orientar a leitura desta imagem. Selecione Como são os rostos destas figuras? Esta paisagem parece real ou imaginada? Por quê?
-as e apresente-as na sequência que considerar mais adequada para aprofundar os Quem poderiam ser? Como forma de adensar os conhecimentos acerca do ritual da antropofagia e de Quais são as cores que predominam nesta imagem?
aspectos inicialmente percebidos pelo seu grupo de alunos. Caso julgue necessário, seus simbolismos, adotados como metáfora da própria cultura brasileira na época
proponha outras questões além daquelas aqui apresentadas. Algo de misterioso e indecifrável permanece nesta obra de Tarsila, mesmo quando do modernismo, propomos um ato antropofágico simbólico. Como tema, sugerimos Proposta poética – Sala inclusiva
temos acesso às diversas informações sobre o contexto de sua criação. a apropriação de valores de outros para a comunidade da sala de aula. A proposta
Possibilite que os estudantes participem desse processo, dê tempo para que vejam pode ser iniciada com uma discussão acerca da frase publicada em 1928 no Mani- 1) Para alunos surdos ou com deficiência intelectual, motora ou com comprometi-
a imagem, para que se expressem, a fim de construírem todos juntos sentidos e Ao representar algo numa imagem, o artista seleciona e valoriza aspectos específicos da rea- festo Antropófago, redigido por Oswald de Andrade: “Só me interessa o que não é mento de aprendizagem. Para desenvolver a memorização das figuras da obra An-
significados para essa reprodução da obra de arte com ênfase nas trocas possíveis e lidade, e a transforma. Ao observar uma obra, é possível criar hipóteses sobre o seu significa- meu. Lei do homem. Lei do antropófago”. tropofagia, como também outras leituras e narrativas a partir dela, sugerimos esta
no fortalecimento de vínculos. do, mas muitas vezes não há como esclarecer completamente todos os aspectos envolvidos. atividade:
Proponha que, divididos em grupos, os alunos criem uma lista de, no mínimo, três
Valorize os comentários de cada aluno a partir de suas vivências pessoais, lembran- É possível que, durante as interpretações dos alunos sobre estes personagens, surjam valores que julgam faltar à sua classe e que gostariam de incorporar (como, por Tendo como referência Antropofagia, pesquise e selecione outras obras da mesma
ças e informações. As pessoas trazem seu repertório para a leitura de imagens de questões relativas aos gêneros masculino e feminino em função dos atributos tratados exemplo, companheirismo, harmonia, vontade de estudar, dedicação etc.). artista realizadas no mesmo período, como Lua (1928), O sono (1928), Urutu (1928),
arte. A partir dele, da escuta atenta entre os colegas e do diálogo sobre as obras, na imagem. Por exemplo, embora algumas características da sexualidade feminina se- Floresta (1929) e Sol poente (1929).
esse processo de aproximação com a arte se enriquece. jam aqui exageradas, ambos os personagens possuem uma forma humana simplifica- Tendo suas listas como referência, peça-lhes que reúnam imagens que, para eles,
da, o que pode gerar certa ambiguidade na atribuição de gênero a eles. Esta pode ser simbolizem os atributos selecionados. Podem ser escolhidas desde representações de Recorte os personagens principais da obra Antropofagia e coloque essa imagem
uma boa oportunidade para fomentar reflexões acerca das representações de gênero objetos e animais até imagens de pessoas ou de fragmentos de corpos. O importante sobre as obras selecionadas, que funcionarão como cenários.
Orientações e sugestões para a leitura da imagem por meio de imagens, podendo incluir-se aí representações da mídia atual (televisão, é o significado desses símbolos para cada grupo.
revistas etc.), trazendo para a discussão questões sobre o significado que atribuem às Sugerimos que os suportes para as reproduções sejam elaborados com materiais
Procure criar um ambiente confortável, de modo que os alunos se sintam à vontade referências de ideais de beleza ou saúde que essas imagens apresentam. Oriente-os para que, por meio de colagens associadas a desenho ou pintura, reúnam mais resistentes, como borracha tipo EVA ou papel-cartão, ou, se possível, sejam
para expor suas impressões. os fragmentos selecionados numa imagem única que represente a classe, incorpo- colados sobre folhas recortadas imantadas (autoadesivas), que poderão ser fixadas
Ao criar as obras desta fase, Tarsila comentou que se inspirou em recordações de histórias rando os valores que destacaram como desejáveis. sobre uma placa de metal, facilitando as sobreposições.
Estimule o respeito, mesmo que discordem do ponto de vista uns dos outros. O em- que ouviu na infância, e que identificou a origem destas obras ao ouvir os comentários de
bate de ideias faz parte de uma discussão saudável, o que não significa diminuir ou uma amiga, para quem estas pinturas lembravam seus pesadelos: “Só então compreendi Exponha os resultados e estimule a leitura das imagens coletivas, conversando com Com as sobreposições, o professor pode estimular os alunos a realizarem outras
desconsiderar as opiniões divergentes. A leitura de imagem é aberta à interpretação, que eu mesma havia realizado imagens subconscientes, sugeridas por histórias que ouvira o grupo sobre todo o processo, retomando o tema do desejo de incorporarem os as- possibilidades de leituras sobre as novas composições formadas, por meio destas
permitindo a diversidade de respostas. Não há uma verdade única ou uma resposta em criança”,1 contadas na hora de dormir pelas velhas negras da fazenda. Assim, estas pectos dos outros que consideramos positivos e desejáveis, dando ênfase aos valores perguntas:
certa. Também não se trata de adivinhar o que o artista quis dizer ou expressar, mas, figuras podem ser consideradas como representações de mitos pessoais da artista. simbólicos, artísticos e estéticos apresentados nessas produções.
com a observação do que ele criou, refletir sobre suas diversas possibilidades de O que essas novas imagens sugerem para vocês?
significado. Durante esse processo, é possível que os temas discutidos se distanciem DICA! Por sua associação às memórias e sonhos de infância e pelo mistério DICA! Ao criar a tela Antropofagia, Tarsila utiliza-se de duas obras ante- Quando estas figuras estão em outros cenários, surgem novas histórias?
da obra analisada. Nessa situação, é importante orientá-los a voltar a olhar a obra de suas figuras, as obras desta fase da carreira de Tarsila são associadas por riores suas, combinando elementos de A negra, de 1923, e Abaporu, de Quais são elas?
em questão e à troca de ideias sobre ela. vezes ao Surrealismo. O professor pode propor aos alunos uma pesquisa 1928. Expor reproduções dessas pinturas aos alunos e realizar uma leitura
de imagens de artistas ligados a essa abordagem. No Brasil, uma referência conjunta das três obras permitirão que percebam e discutam o sentido da DICA! As imagens das obras propostas para complementar a atividade com
Sugerimos, a seguir, algumas questões como referências para orientar a leitura desta interessante é a obra de Ismael Nery2 combinação das duas figuras nesta nova obra. a obra Antropofagia podem ser localizadas nas indicações apresentadas na
imagem. Não se trata de um roteiro fixo. Portanto, fique à vontade para ampliar bibliografia geral deste material.
e criar outras abordagens, considerando as próprias respostas e ideias dos alunos Onde acaba uma figura e começa a outra? De quem é cada perna? Manifesto Antropófago
nesse percurso. Os comentários que aparecem entremeando as questões procuram Qual poderia ser o significado deste entrelaçamento das figuras? 2) Em continuidade à sugestão anterior, sobre outras obras da mesma artista, sele-
fornecer algumas indicações para auxiliá-lo na orientação da leitura da imagem com Continuando esta atividade, propomos a leitura do texto do Manifesto Antropófago, cione agora A negra (1923) e Abaporu (1929).
seus alunos. Uma possível interpretação da imagem é que a perna direita da figura feminina e a de Oswald de Andrade. Uma parceria com o professor de Língua Portuguesa pode
perna esquerda da figura masculina são representadas pela mesma forma, mas desta- favorecer esta etapa do processo. Salientamos que é fundamental o professor estar Apresente essas três imagens lado a lado e sugira uma atividade do tipo “jogo dos
Ao orientar a leitura desta imagem, é importante que o professor esteja atento camos que a interpretação é apenas uma possibilidade. Na orientação do processo de preparado para lidar com a radicalidade expressa nesse documento, que, como ma- sete erros” em que serão exploradas, por comparação, as semelhanças e diferenças
ao significado da antropofagia não apenas como um ato físico, mas como um ato leitura de imagem, a função do professor/mediador é se manter aberto às diferentes nifesto, propõe rupturas e gera polêmicas. entre essas obras com base em questões como:
simbólico e como ideia metafórica. A atenção à convivência de diferentes culturas, interpretações do grupo, por exemplo, um aluno pode pensar que cada figura tenha
característica do Brasil, foi um dos focos de interesse do modernismo paulista. apenas uma perna, como dois sacis… Se julgar mais adequado, é possível ao professor selecionar apenas alguns trechos Que diferenças vocês encontram nestas imagens?
do Manifesto, como estímulos para a discussão. Entre outros, podem ser utilizados Há alguma semelhança? Qual?
Por meio da metáfora da antropofagia, os intelectuais participantes desse movi- Discutir o sentido dessa perna pertencente simultaneamente aos dois personagens, estes fragmentos: Os personagens se repetem? O que foi transformado?
mento propõem formas de lidar com as influências externas, assimilando e trans- o significado da mistura de partes das figuras, pode ser uma possibilidade para in-
formando o que admiram nelas, sem alimentar preconceitos. Incorporar qualidades troduzir na conversa do grupo aspectos ligados ao relacionamento entre as pessoas, Tupy, or not tupy that is the question. 3) Para alunos com deficiência visual, é fundamental, antes de iniciar os processos
desejadas que percebemos em outras identidades, sem renunciar à nossa própria, é aos limites entre o “eu” e o “outro”. É possível, ainda, associar a esta interpretação a Contra todos os importadores de consciência enlatada. aqui sugeridos, que o professor reproduza a imagem em relevo, possibilitando o
uma das questões a que os modernistas procuram responder. discussão do título da obra e, ainda, do significado que atribuem ao fato de os perso- Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de se- toque dos alunos para que compreendam a imagem.
nagens não terem rosto, o que poderia indicar questões relacionadas à sua identidade. nador do Império.
Os caminhos de leitura sugeridos propõem maneiras de conversar sobre como esta Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a A partir disso, propomos que o professor produza, com qualquer tipo de material
imagem foi construída e de discutir os significados a ela atribuídos pelo grupo. Na Ao conversar sobre a forma com que aprendemos atitudes e maneiras de ser de outras garantia do exercício da possibilidade. (...) Comi-o. que permita modelagem, as figuras centrais da obra Antropofagia. Essas reprodu-
conversa com seus alunos, principalmente os adolescentes, recomendamos ao pro- pessoas, nos apropriando de fragmentos de outros, podemos introduzir num contexto Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade. ções em relevo poderão ser analisadas pelos alunos por meio do tato, incluindo
fessor tratar com naturalidade a nudez das duas figuras e aproveitar qualquer co- significativo as discussões acerca do nome da obra e sua relação com o Manifesto perguntas que os estimularão a compreendê-las melhor, tais como:
mentário nesse sentido para trabalhar questões relativas ao tema da sexualidade Antropófago e o movimento antropofágico articulado em torno dele. O objetivo da proposta é perceber como as imagens produzidas naquela
relevantes para sua turma. época compactuavam com os ideais dos textos redigidos e vice-versa. O que mais chama atenção nessas figuras, se comparadas com o corpo humano?
Onde os personagens parecem estar? Todas as manifestações faziam parte de um mesmo conceito. Podemos definir se as figuras presentes na obra são femininas ou masculinas?
O professor pode começar perguntando: Como vocês descreveriam o clima e a hora do dia desta imagem? Por quê? Como?
Desta forma, após a discussão do Manifesto Antropófago, sugerimos resgatar as co- Há alguma parte do corpo humano que falta nessas figuras? Qual?
O que vocês veem nesta imagem? Além das formas arredondadas e volumétricas e das cores vivas e quentes da pai- lagens realizadas pelos alunos e incentivá-los a redigirem seus próprios manifestos,
sagem, o tipo de vegetação, a nudez dos personagens e o sol, que aparece numa de maneira a articular imagem e texto. Quanto à vegetação presente no plano de fundo, sugerimos recortar as formas em
Em resposta aos comentários iniciais dos alunos, introduza novas questões na ordem evocação de forma de “laranja” cortada ao meio, apontam para um clima tropical. borracha tipo EVA ou qualquer outro material resistente, como papel-cartão ou du-
que considerar mais adequada. Sempre que necessário, remeta as respostas a uma Esse universo mágico e primitivo, ligado às lendas indígenas e africanas, cujas raízes DICA! As obras de Tarsila do Amaral integram diferentes coleções de arte. plex, e distribuí-las aos alunos.
nova observação da imagem, no sentido de justificar a percepção e a interpretação se encontram na cultura popular, pode ser associado a uma determinada ideia de O professor pode propor aos alunos investigar os acervos a que pertencem

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dadas, perguntando: identidade brasileira. A busca dessa identidade nacional foi recorrente nas primeiras atualmente algumas de suas obras, como: Antropofagia (1929), do Acervo Estimule os alunos a reconstruírem a paisagem do fundo da imagem com esses
manifestações modernas no Brasil e tratada de maneiras muito diferentes pelos diver- Fundação José e Paulina Nemirovsky; Abaporu (1928), da Colección Costan- recortes. Também é possível reproduzir as figuras dos dois personagens nos mesmos
O que, na imagem, faz pensar assim? Por quê? sos artistas que se dedicaram ao tema. As imagens criadas naquela época ainda hoje tini, de Buenos Aires, Argentina; A negra (1923), do Museu de Arte Contem- materiais, criando uma espécie de jogo de montar.
permanecem como referências simbólicas de nossa identidade: ao observar com os porânea (MAC) da USP; Estudo para A negra (1923), da Pinacoteca Munici-
Entre as respostas iniciais à primeira questão, provavelmente surgirão referências alunos o papel que assumiram, o professor pode propiciar um questionamento sobre pal/Centro Cultural São Paulo; Esboço para A negra (1923), da Coleção de A junção de todas as partes poderá funcionar como uma colagem em relevo e ser
à simplificação das formas, ao número reduzido de cores e às características dos como as imagens podem contribuir para criar e/ou reforçar ideias. Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP. explorada pelo tato.
personagens que se destacam no primeiro plano da obra, principalmente em relação
aos gêneros. À medida que surjam os comentários, o professor pode apresentar ao DICA! Uma parceria com professores de História, Geografia e Língua Por- Informações situando o contexto da artista e da obra podem ser consultadas no DICAS! As reproduções das imagens podem ser trabalhadas não só em
grupo novas questões que contribuam para aprofundar a discussão. tuguesa pode proporcionar aos alunos melhor compreensão do significado folheto impresso que acompanha esta reprodução. massa para modelagem, mas também em argila ou plastilina.
do modernismo paulista e da antropofagia na história da busca por uma
Como vocês descreveriam as formas e as cores que percebem nesta imagem? identidade nacional. Essa parceria pode situar, em relação à história do Bra- Proposta para educação inclusiva em Artes
sil, as transformações dos conceitos associados às relações entre colônia e
Tanto o desenho dos dois personagens quanto o da paisagem são construídos por metrópole, independência, nacionalidade e nacionalismo, e ainda o desdo- Apresentamos a seguir algumas ideias para trabalhar com a obra Antropofa-
formas arredondadas, estabelecendo uma associação que integra as duas figuras ao bramento dessas questões na literatura produzida no período, por autores gia, reproduzida neste material, em salas inclusivas, com alunos surdos ou com
cenário. Essa integração também é intensificada pelo fato de tais formas terem sido como Mário de Andrade e Oswald de Andrade. deficiência intelectual, motora, visual ou que apresentem algum distúrbio de
tratadas como se possuíssem volume, “saltando” do plano de fundo. aprendizagem. Estas sugestões visam complementar ou, se o professor julgar
1 AMARAL, 2003, p.280. pertinente, substituir as propostas apresentadas anteriormente, tendo como ob-
Algumas formas aparentam estar mais próximas de nós em relação às ou- 2 Uma das obras desse artista foi tratada no volume IV dos materiais de apoio à prática pedagógica jetivo sugerir leituras e atividades mais concretas e com enfoque na utilização
tras? Como a artista consegue esse efeito? produzidos pela Pinacoteca de São Paulo, como parte do projeto Bem-vindo, professor! dos diversos sentidos.
Leitura de imagem – Tarsila do Amaral [Capivari, SP, 1886 – São Paulo, SP, 1973]
Carnaval em Madureira, 1924, óleo sobre tela, 76 x 63 cm
Fundação
Acervo da JoséJosé
Fundação e Paulina Nemirovsky
e Paulina (Sãoem
Nemirovsky, Paulo)
comodato com a Pinacoteca do Estado de São Paulo

Professor(a), Tarsila colocou a Torre Eiffel em sua obra talvez por querer trazer Paris – DICA! Para que os alunos se apropriem melhor do conceito de si-
centro vibrante da modernidade desde o final do século XIX – ao Brasil, ou metria, seria interessante apresentar-lhes algumas obras do também
Neste material apresentamos algumas propostas de leitura da obra Carnaval vice-versa, ou mesmo por tê-la encontrado como alegoria de carnaval em modernista e participante da Semana de Arte Moderna de 1922
em Madureira, da artista Tarsila do Amaral. Madureira. Talvez ainda, esteja aí como símbolo da industrialização já bas- Vicente do Rego Monteiro, que na composição de muitas de suas
tante presente no Rio de Janeiro da época, ou, quem sabe, porque a artista já pinturas tem a simetria como um dos elementos mais visíveis.
Recomendamos ao professor que, no momento de leitura da imagem, procu- estava amadurecendo ideias sobre a antropofagia! Como estamos no terre-
re ouvir as opiniões dos alunos, estimulando-os a refletir sobre suas próprias no da interpretação, cada um lê com os olhos que tem e com as informações A obra Carnaval em Madureira integra o acervo da Fundação José e Paulina
respostas. Lembre-se de que, em outros momentos, poderá tratar de ma- que a história nos revela. Nemirovsky, cujas obras estão expostas na Pinacoteca de São Paulo.
neira mais aprofundada as informações específicas sobre a artista e a obra,
porém, neste momento, o importante é o estímulo para perceber e pensar Uma curiosidade é que o também artista plástico francês Robert Delaunay
sobre a imagem. Informações situando o contexto da artista e da obra po- (1885-1941), contemporâneo e conhecido de Tarsila, inicia, em 1909, uma Propostas poéticas
dem ser consultadas no folheto impresso que acompanha esta reprodução. série de pinturas sobre a Torre Eiffel, explorando as relações entre forma e
cor, cubismo, orfismo e, depois, abstracionismo. Tarsila possuía uma dessas O carnaval
As respostas dos alunos podem ser registradas na lousa, facilitando a in- imagens da torre, feita por ele em 1911.
tegração de todas as observações para uma retomada ao final da leitura. O desafio proposto agora é que os alunos representem a sua própria visão
Sugerimos, a seguir, algumas questões como referência para orientar a lei- Se fosse possível ouvir os sons presentes na imagem, quais seriam? do carnaval. Antes de tudo, é fundamental que o professor estabeleça
tura desta imagem. Selecione-as e apresente-as na sequência que considerar Se esta tela se expandisse em todas as direções, o que mais poderia uma conversa com a classe estimulando todos os alunos a manifestarem
mais adequada para aprofundar os aspectos inicialmente percebidos pelo aparecer? Por quê? suas opiniões sobre o carnaval: o que pensam sobre essa manifestação
seu grupo de alunos. Caso julgue necessário, proponha outras questões além Esta poderia ser uma cena atual? Por quê? cultural, se participam de alguma escola de samba, blocos ou cordões
daquelas aqui apresentadas. carnavalescos, se assistem aos desfiles, mesmo que seja pela televisão, se
DICA! É importante que o professor, na condução desta leitura, o carnaval é igual em todos os lugares... Ou ainda, se acreditam ser essa
Possibilite que os estudantes participem desse processo, dê tempo para que solicite sempre aos alunos que justifiquem suas hipóteses e, assim, uma festa brasileira, se gostariam de participar de algum desfile ou tocar
vejam a imagem, para que se expressem, a fim de construírem todos juntos percebam que linhas, cores, formas, organização espacial etc. têm algum instrumento musical em sua bateria, se acham essa manifestação
sentidos e significados para essa reprodução da obra de arte com ênfase nas um significado, e que artistas têm intenções ao utilizá-las. Mesmo importante ou totalmente desnecessária, se poderia ser chamada de
trocas possíveis e no fortalecimento de vínculos. que a interpretação do fruidor seja diferente dos propósitos do au- manifestação artística etc., lembrando sempre de pedir aos alunos que
tor, nada é feito ao acaso. justifiquem suas afirmações. É importante o professor pesquisar – ou
Valorize os comentários de cada aluno a partir de suas vivências pessoais, solicitar aos alunos que pesquisem – e contar a história do carnaval
lembranças e informações. As pessoas trazem seu repertório para a leitura de Feita a leitura interpretativa, o professor poderá focalizar as questões formais, desde sua origem e como chegou ao Brasil. Vale destacar a importância
imagens de arte. A partir dele, da escuta atenta entre os colegas e do diálogo estimulando seus alunos a um olhar atento à obra, especialmente no que diz das máscaras, fantasias, alegorias e seus significados, passando também
sobre as obras, esse processo de aproximação com a arte se enriquece. respeito a composição, utilização das cores e geometrização das formas. pela música, samba-enredo e pela dança. Se julgar pertinente, peça a
participação de outros professores!
Poderá perguntar – e responder com a classe –, por exemplo:
Orientações e sugestões para a leitura da imagem A seguir, solicite aos alunos que descrevam como é o carnaval em sua rua,
Quais cores mais aparecem? Onde? em seu bairro ou cidade, comentando o envolvimento – ou não – dos mora-
Procure criar um ambiente confortável, de modo que os alunos se sintam à Há cores que se repetem? Onde? dores, a organização, blocos, alas, fantasias, alegorias, músicas...
vontade para expor suas impressões. A disposição das cores cria alguma sensação? Qual? Por quê?
Como são as formas presentes nesta pintura? Continuando, o professor poderá mostrar aos alunos algumas reproduções
Estimule o respeito, mesmo que discordem do ponto de vista uns dos outros. Há formas que se repetem? Quais? de obras de arte, especialmente de pinturas cujo tema é o carnaval, realiza-
O embate de ideias faz parte de uma discussão saudável, o que não significa É possível perceber volume? Como a artista conseguiu esse efeito? das por artistas como Di Cavalcanti, Antonio Gomide, Heitor dos Prazeres,
diminuir ou desconsiderar as opiniões divergentes. A leitura de imagem é Carybé, Portinari, Fulvio Pennacchi, Picasso, Miró, Debret e Paul Klee, entre
aberta à interpretação, permitindo a diversidade de respostas. Não há uma Cabe ao professor fazer um breve retrospecto da fase Pau-Brasil de Tarsila, outros. Vale lembrar que, a cada imagem apresentada – de preferência em
verdade única ou uma resposta certa. Também não se trata de adivinhar lembrando a geometrização das formas, influenciada pelo cubismo e pelas tamanho ampliado –, o professor deverá sempre encaminhar a leitura de al-
o que o artista quis dizer ou expressar, mas, com a observação do que ele aulas com Léger, assim como a tendência à simplificação, uma das caracterís- guns aspectos formais e interpretativos da obra, assim como fornecer alguns
criou, refletir sobre suas diversas possibilidades de significado. Durante esse ticas do modernismo em suas obras, mostrando a não necessidade de ser fiel dados sobre o seu contexto de produção.
processo, é possível que os temas discutidos se distanciem da obra analisada. à realidade na representação pictórica. Há uma profusão de linhas e formas
Nessa situação, é importante orientá-los a voltar a olhar a obra em questão retas, especialmente na torre e nas fachadas das casas; as curvas fazem-se Após a apresentação das imagens, os alunos, organizados em grupos, de-
e à troca de ideias sobre ela. presentes na representação das pessoas e da natureza; tudo somado na bus- verão fazer um grande painel expressando a sua visão do carnaval por meio
ca constante, nessa fase, da expressão de uma “brasilidade”, para evidenciar de pintura ou colagem. Para tanto, o professor deverá ter bastante clareza a
Sugerimos, a seguir, algumas questões como referências para orientar a lei- temas nacionais. respeito de quais são suas expectativas de ensino/aprendizagem ao propor
tura desta imagem. Não se trata de um roteiro fixo. Portanto, fique à vontade tal atividade. Algumas delas poderiam ser, por exemplo, selecionadas entre
para ampliar e criar outras abordagens, considerando as próprias respostas Os alunos poderão ser estimulados a dizer os nomes das formas que apa- alguns conteúdos: composição, organização do espaço pictórico, uso das
e ideias dos alunos nesse percurso. Os comentários que aparecem entre- recem na imagem – triângulos, quadrados, retângulos, trapézios, paralelo- cores, representação dos planos, profundidade, abstração, figuração, uso
meando as questões procuram fornecer algumas indicações para auxiliá-lo gramos, círculos, semicírculos, circunferências, elipses etc. –, assim como a de técnicas, texturas, materiais diversos, monocromia e policromia, entre
na orientação da leitura da imagem com seus alunos. apontar sua localização na obra, e a repetição delas quando for o caso. A outros. Enfim, é fundamental que o professor tenha objetivos definidos vi-
apresentação de volume é quase inexistente e, quando aparece, é dada pelo sando quais aprendizagens, conceitos e competências pretende desenvolver,
O professor pode começar perguntando: uso sutil de tons mais fortes nas laterais de algumas formas, como nas mon- ampliar ou aprofundar.
tanhas, na palmeira e nas pedras ao fundo da obra, ou na mulher vestida de
O que vocês veem nesta imagem? azul à frente da torre; mesmo assim, é quase imperceptível a representação Terminados os trabalhos, todos deverão ser expostos e comentados pelo
da tridimensionalidade. professor e pelos alunos, destacando as questões da representação, do fazer
É importante que esta leitura seja em voz alta, compartilhada, pois o olhar artístico, dos objetivos pretendidos, assim como a análise das relações entre
de um pode modificar, ampliar e aprofundar o olhar do outro – inclusive o A utilização das cores, muito vivas e quase todas planas, com pouquíssi- os elementos e recursos expressivos utilizados pelos alunos, suas intenções
do professor! Este deve estar atento a todos os comentários, instigar novas mas variações de tonalidades, é praticamente a mesma presente em outras e possíveis significados. As mesmas reflexões feitas em relação às obras de
leituras, problematizando-as, solicitando sempre uma justificativa à interpre- obras da artista dessa época, como E.F.C.B./Estrada de Ferro Central do Brasil Tarsila também poderão ser incentivadas nesse momento de análise das pro-
tação. (1924), que integra o acervo do Museu de Arte Contemporânea da Univer- duções dos alunos.
sidade de São Paulo (MAC-USP), Morro da favela (1924), A gare (1925) e
O que, na imagem, faz pensar assim? Por quê? São Paulo [Gazo] (1924), as três últimas pertencentes a coleções particulares
. Algo inusitado!
Vale lembrar que é fundamental relacionar as questões interpretativas às for- DICA! Há também, neste material educativo, outras pranchas com
mais e contextuais. Por exemplo, se um aluno diz que a cena se passa duran- as reproduções das obras de Tarsila São Paulo e Antropofagia, com Esta segunda proposta tem como ponto de partida a Torre Eiffel presente
te a madrugada, é importante perguntar quais recursos artísticos e estéticos mais sugestões de trabalho, contemplando a artista e o modernis- nesta obra de Tarsila e o estranhamento que causa, de início, a alguns obser-
utilizados pelo autor o levaram a pensar assim; ou, também, se a conclusão é mo. Vale a pena consultá-las! vadores desta imagem. Paris no Rio de Janeiro?
de que a cena é alegre, quais pistas – cores, formas, luzes, sombras, planos,
texturas, pinceladas, composição – o induziram a essa afirmação. Nesta obra, Carnaval em Madureira, as cores utilizadas por Tarsila na Torre O professor deverá propor aos alunos que, em grupos, discutam sobre algum
Eiffel, assim como o desenho de contornos mais escuros e o destaque a sua lugar, rua, praça ou jardim de sua cidade ou do país onde colocariam uma
Esta imagem parece representar uma cena e uma paisagem reais ou estrutura – além de estar localizada em um plano mais próximo do aprecia- escultura, um objeto, um monumento, instalação, intervenção – enfim, algo
imaginárias? dor – fazem que ela se sobreponha ao casario do fundo, cujas cores são mais totalmente inusitado para o local e que despertaria a curiosidade nas pessoas
Onde a cena parece acontecer? suaves. Diz Tarsila1: que por ali passassem. Esse local poderia ser também o pátio, os corredores,
Lembra algum lugar conhecido? Qual? Por quê? ou o jardim da escola! Que tal um disco voador em plena quadra de esportes
É possível identificar o horário em que a cena acontece? Por quê? Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me ou um grande cubo colorido no meio do corredor?
Quem seriam as pessoas representadas? O que estão fazendo? O que depois que eram feias e caipiras. Segui o ramerrão do gosto apurado,
o faz pensar assim? mas depois vinguei-me da opressão passando-as para minhas telas: Terminada a discussão, cada grupo deverá justificar suas escolhas,
Como a natureza se apresenta nesta cena? azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em comentando, especialmente, o valor simbólico de tal intervenção. A seguir, o
O que a torre pode simbolizar? Por quê? gradações mais ou menos fortes conforme a mistura de branco. Pin- professor poderá optar pela realização de uma pintura em painel, pela criação
O que aparece pendurado na torre ao alto, à esquerda de quem a tura limpa, sobretudo, sem medo de cânones convencionais. de um objeto tridimensional ou, ainda, pela criação de uma instalação ou
observa? intervenção na escola, após permissão dos gestores. É possível transformar
Você também pode estimular seus alunos a explorarem visualmente a manei- esta atividade em um grande evento escolar, estimulando os alunos autores
Tarsila pintou a tela Carnaval em Madureira em 1924, depois de passar al- ra como a artista organizou o espaço, perguntando: dos trabalhos e os demais a registrarem fotograficamente sua produção e a
guns anos em Paris, onde estudou pintura na Académie Julian, tendo como difundirem nas redes sociais o “dia do inusitado na escola”!
professor Emile Renard, e participou do Salon Officiel des Artistes Français. Como é a organização da imagem?
Algumas formas aparentam estar mais próximas de nós em relação a Novamente, para propor a atividade, o professor deverá ter clareza do que
Veio ao Brasil em junho de 1922 – após a Semana de Arte Moderna – e in-
outras? Quais? Por quê? pretende no ensino/aprendizagem em Arte, ou seja, selecionar conteúdos ar-
tegrou-se ao grupo modernista, mas logo retornou a Paris, onde frequentou
Qual parece ser o tema principal da obra? tísticos, estéticos, interpretativos e filosóficos, assim como suas expectativas
os ateliês de André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger.
Podemos chamá-la de paisagem? Por quê? de aprendizagem e os conceitos a serem desenvolvidos pelo grupo.
Voltando novamente ao Brasil, em fevereiro de 1924, acompanhou o poeta
A organização espacial desta obra estrutura-se em, pelo menos, cinco pla- Terminados e expostos todos os trabalhos, professores e alunos deverão re-
franco-suíço Blaise Cendrars e outros modernistas em viagem ao Rio de Ja-
nos de representação que, de certa forma, insinuam a profundidade; não a fletir juntos sobre as escolhas feitas, seus significados, dificuldades, soluções
neiro, para que Cendrars pudesse apreciar o famoso carnaval carioca. Nessa
perspectiva tradicional, mas uma organização que sobrepõe o que está mais encontradas, os valores simbólicos presentes em cada produção e o que
ocasião esteve em Madureira, bairro da Zona Norte, e deparou com a Tor-
à frente ao que deve ser percebido como mais distante. Assim, em primeiro aprenderam com tal desafio.
re Eiffel ocupando lugar de destaque na ornamentação carnavalesca local.
Tarsila voltou dessa viagem com desenhos rápidos e ilustrações. Na Semana plano, bem à frente, encontram-se grupos de pessoas; a seguir, a Torre Eiffel
e mais pessoas; no terceiro plano aparecem fachadas de casas; depois, as DICA! Antes de iniciar a produção artística, o professor deverá pes-
Santa do mesmo ano, o grupo visitou as cidades históricas de Minas Gerais.
montanhas e, finalmente, o céu. Assim, pode-se dizer que o foco da atenção quisar, mostrar e analisar com os alunos imagens de instalações,
A partir de então, iniciou sua fase Pau-Brasil.
seriam a torre e as pessoas; o fundo compõe-se de céu, montanhas e casas. intervenções urbanas, objetos e as muitas produções artísticas
Fazendo uma síntese, a obra divide-se em três espaços: céu, casas/natureza contemporâneas, especialmente obras de Claes Oldenburg, Ernes-
DICA! É provável que a maioria dos alunos não associe esta obra
e o chão do primeiro plano. to Neto, Tunga, Néle Azevedo, Cildo Meireles, Waltercio Caldas,
Distribuição gratuita / Proibida a comercialização.

ao carnaval, pois, certamente, as referências que possuem dessa


Eduardo Srur e José Resende, entre outros.
festa são as deste novo milênio, muito diferentes daquelas vividas
no início do século passado! Outro possível impasse talvez seja re- A estrutura organizacional apoiada na relação horizontal/vertical confere es-
conhecer a Torre Eiffel dominando toda a imagem... tabilidade e equilíbrio à obra.

Inaugurada em 1889 como símbolo da Exposição Universal de Paris, a Torre É possível perceber simetria em sua disposição? Onde? E equilíbrio?
Eiffel tinha uma estrutura extremamente arrojada para a época e, para mui-
tos, representava a Revolução Industrial, sendo considerada, portanto, um Embora a Torre Eiffel não esteja no centro da tela, é nela que se encontram
marco de modernidade. É possível que a torre signifique, na obra de Tarsila, as principais relações de simetria, tendo como referência um eixo vertical que
o progresso, a industrialização, a chegada das máquinas, dos trilhos, dos a cortaria pela metade. A quantidade de pessoas, casas e elementos da natu-
automóveis, pois uma das características do modernismo, especialmente do reza, bem como sua distribuição à direita e à esquerda da torre, contribuem
futurismo, era a reverência, a exaltação à velocidade, ao progresso industrial para o equilíbrio de toda a composição.
e tecnológico. O mesmo pode-se dizer da figura, à esquerda de quem olha a
imagem da torre, que parece representar um balão dirigível. 1 Amaral, Aracy. , 2003.
rganização Realização

XX
Tarsila do Amaral
Caro(a) professor(a),

Este material de apoio foi desenvolvido pelo Núcleo de Ação construção de sentidos autônomos para as experiências vividas,
Educativa da Pinacoteca de São Paulo como um recurso para a contemplando a arte em diferentes dimensões: obra, contexto
realização de atividades em sala de aula. e possíveis interpretações poéticas dessas vivências. Acredita-
mos, como o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty (1908-
O objetivo desta publicação é apresentar a professores e estu- 1961), que a experiência da percepção de obras de arte acon-
dantes três obras da artista Tarsila do Amaral que participam tece de maneira singular em cada indivíduo, com base em seu
da exposição Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São aparato de sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar), e
Paulo. Galeria José e Paulina Nemirovsky – Arte Moderna. torna-se algo com que a pessoa possa desenvolver um processo
de construção de significados. Dessa forma, pessoas que não
O material é composto de três pranchas com reproduções dos enxergam ou não escutam podem também perceber as obras,
trabalhos da artista – São Paulo, de 1924, pertencente ao acer- por meio dos outros sentidos. O processo de interpretação e
vo1 da Pinacoteca de São Paulo, e também Carnaval em Ma- fruição se baseia em sua sensibilidade aliada à cognição, ou
dureira, de 1924, e Antropofagia, de 1929, ambas do Acervo seja, todos podem perceber uma obra e construir sentidos a
Fundação José e Paulina Nemirovsky (São Paulo) – e deste encar- partir de sua singularidade.
te, com informações sobre sua carreira, processo de pesquisa e
criação. Para cada imagem, sugerimos caminhos de investigação O papel do professor, neste caso, é o do mediador atento,
que você pode trilhar com seus alunos. Reforçamos o caráter que pode e deve lançar mão de sua sensibilidade e formação
instrumental das imagens reproduzidas, pois são referências que para orientar e ampliar o processo de percepção e interpreta-
não substituem o contato direto com as obras originais. ção poética trilhado por seus alunos. Para mediar esse cami-
nho de encontros, sugerimos que sejam propostas atividades
Importante lembrar que, em princípio, este material destina-se de percepção, leitura de imagem, interpretação, fruição esté-
aos professores responsáveis pelo componente curricular Arte tica e expressão poética, instâncias de processos simultâneos
no ensino fundamental II e médio. Consideramos, no entanto, e singulares que devem ser considerados sempre em cada
que professores de outras áreas também encontrarão possibili- contexto específico.
dades de trabalho, ou mesmo questões interdisciplinares entre
,
os conteúdos e atividades sugeridos. Assim, esperamos que pro- Por isso, este material de apoio pretende apontar possibilida-
fessores de outras séries e disciplinas também possam utilizá-lo, des para que você crie situações específicas a partir de sua ex-
fazendo as adaptações necessárias às especificidades de suas periência em sala de aula e do conhecimento dos repertórios
turmas e áreas. dos estudantes. As informações aqui disponíveis, bem como as
atividades propostas, são pontos de partida para a organização
Os textos que acompanham as imagens convidam a conhecer o de seu processo de pesquisa e planejamento de encontros, de
trabalho dessa artista brasileira, apreciar suas obras, pensar so- aulas acessíveis em toda a sua potência de construção de novas
bre elas e responder a elas criativamente, refletindo sobre nossa formas de ver a arte e de ler o mundo.
história, cultura e identidade.
O material está organizado da seguinte maneira:
O conjunto pode ser utilizado como subsídio para preparar uma
visita à exposição que apresenta obras da artista; após a visita No encarte:
ao museu, como desdobramento e conclusão do contato direto
com as obras; e, mesmo após o Organização
término do período de realiza-
Realização • Orientações aos educadores – diretrizes sobre o trabalho
ção desta exposição, como uma forma de aproximação à obra com imagens de arte em sala de aula.
de Tarsila do Amaral e ao Modernismo paulista.
• Focos de interesse – opções que orientam os percursos
Os materiais de apoio do Núcleo de Ação Educativa da Pina- educativos.
coteca de São Paulo disponibilizam sugestões de atividades em
sala de aula, com recursos especialmente elaborados para que • Biografia – a carreira artística de Tarsila do Amaral até a fase
todas as propostas sejam integralmente acessíveis, desde que representada nas obras deste material.
consideradas as necessidades de cada grupo que participará de
sua realização. • Contexto histórico e artístico – breves comentários sobre
temas de interesse para o uso educativo das imagens, tratando
Nesse sentido, é importante dizer que entendemos a acessi- dos seguintes aspectos: contexto histórico das primeiras déca-
bilidade no ensino da arte como um processo de estímulo à das do século XX, com ênfase em São Paulo; Arte Moderna,
Modernismo paulista e as três obras selecionadas para integrar
1 Os termos sublinhados constam do glossário. este material.
1
1
• Glossário – definições de termos que aparecem sublinhados os sentidos que podem ser atribuídos a partir dos detalhes, dos
no texto deste material. materiais, das cores, das formas e das imagens, e tente, com seus
alunos, entender como essas obras foram feitas, com base em
• Referências – textos consultados e/ou recomendados para hipóteses de interpretações múltiplas e pertinentes.
aprofundamento.
A arte é uma área de conhecimento com saberes próprios, con-
• Cronologia – com dados da trajetória artística de Tarsila do teúdos e habilidades específicas. O trabalho com arte pode incluir
Amaral, em paralelo com fatos da história e da arte no Brasil e aspectos relativos a recreação, equilíbrio psíquico, expressão cria-
no mundo. tiva e desenvolvimento de habilidades motoras, mas deve ir além
disso. É preciso ter clareza quanto aos objetivos de cada atividade
Nas pranchas: proposta, estabelecer critérios de avaliação de seus processos e
resultados, e que estes sejam claros para os alunos.
• Reproduções das obras e propostas de atividades – en-
cartes com reproduções das obras São Paulo, Carnaval em Ma- As estratégias de mediação aqui propostas são inter-relacionadas
dureira e Antropofagia, de Tarsila do Amaral, que trazem, no e não precisam acontecer necessariamente na ordem apresenta-
verso, as respectivas propostas educativas, com leitura de ima- da no texto.
gem e propostas poéticas.

Focos de Interesse
Orientações aos Educadores
Propor um percurso educativo implica escolher um caminho en-
LEITURA DE IMAGEM é a estratégia sugerida para conduzir um tre os muitos possíveis. Esperamos que, além do que sugerimos
diálogo entre os professores, os alunos e a imagem, explorando aqui, você busque outras trilhas para trabalhar com estas ima-
seus significados, aspectos técnicos, formais e contextuais. Infor- gens, e que também as registre para poder compartilhá-las com
mações sobre a arte, processos de produção, autores e épocas po- outros professores e refletir sobre sua própria prática educativa.
dem vir a se constituir em conhecimentos importantes para ampliar Novas pistas para iniciar seus trajetos podem ser encontradas nas
e estimular a percepção, interpretação, análise e crítica das obras, indicações bibliográficas.
desde que não tomem o lugar do ato de olhar com curiosidade
para uma obra como algo desconhecido, a ser descoberto. Para compor este material escolhemos obras de Tarsila do Ama-
ral, uma das figuras femininas mais representativas do Moder-
PROPOSTAS POÉTICAS são atividades lúdico-educativas nismo paulista. Várias fases de sua produção artística dialogam
que visam concretizar, tornando vivenciais, os conteúdos com textos produzidos por esse grupo, propositores de transfor-
tratados na leitura de imagem. Além de visuais, as atividades mações no modo de pensar e fazer arte no Brasil da época. Sua
podem também ser musicais, corporais ou verbais. Propõem trajetória pessoal também oferece uma boa oportunidade para
uma investigação com os mesmos focos de interesse tratados refletir sobre a participação da mulher na arte e na sociedade
em âmbito perceptivo e cognitivo, incentivando os alunos a brasileira do início do século XX.
conhecer, analisar, perceber e interpretar os trabalhos que
realizarem no percurso. Para tratar da obra São Paulo, abordamos questões relativas às
propostas estéticas modernistas, às transformações da cidade de
O mundo de hoje exibe uma grande quantidade de imagens. São Paulo com a industrialização e à temática da paisagem. Para
Nossos alunos estão acostumados a vê-las, mas não a pensar tratar da obra Antropofagia enfocamos a simplificação das for-
criticamente sobre elas. Os percursos educativos aqui propostos mas no trabalho da artista, a relação do surrealismo com o cará-
procuram instigá-los a refletir de modo criativo sobre o que veem. ter onírico em sua produção e a sincronia entre a produção literá-
ria e a das artes visuais no Modernismo paulista. Finalmente, na
A leitura de imagem é um processo que se inicia com a vonta- obra Carnaval em Madureira, além da observação das questões
de de estabelecer um diálogo com a obra: o mais importante formais e dos materiais utilizados na confecção da obra, tratamos
é partilhar com os alunos o prazer de descobrir significados ao da ligação da artista com as manifestações populares brasileiras.
interagir com o universo da arte. Para despertar realmente seus Essas abordagens têm como pano de fundo as primeiras décadas
interesses, é necessário perceberem que os conteúdos explora- do século XX em São Paulo, sua cultura e sociedade.
dos podem adquirir para eles um sentido próprio, e que essas
descobertas podem ter repercussões práticas em suas vidas pre-
sentes e futuras. Biografia
Dialogar é trocar ideias conscientemente e de forma prazerosa. Tarsila do Amaral (1886-1973)
Uma conversa pode ter acordos e desacordos, mas está emba-
sada na escuta do outro e na possibilidade de se expressar. As- “Caipirinha vestida de Poiret” é a sintética descrição de Tarsila feita
sim, é fundamental garantir que todos tenham a possibilidade por Oswald de Andrade no poema “Atelier”, de 1925. Nessa frase,
de apresentar suas ideias e compartilhá-las num ambiente de Oswald descreve a refinada artista-viajante, vestida com os trajes
respeito mútuo. desenhados pelo figurinista francês Poiret, e ao mesmo tempo or-
gulhosa de suas origens “caipiras” do interior de São Paulo.
Expor uma imagem aos estudantes e convidar à sua leitura im-
plica propor desafios que possibilitem uma observação orien- Essa síntese também pode ser percebida em sua carreira artísti-
tada da imagem, para que possam investigá-la, percebê-la e ca: na sucessão das diversas fases de sua obra, apropria-se das
analisá-la. As questões formuladas para orientar uma leitura referências estéticas da Arte Moderna e simultaneamente resgata
interpretativa da imagem admitem como corretas respostas di- elementos da cultura popular e folclórica brasileira, criando uma
versas. A cada resposta, deve-se incentivar a referência à obra linguagem artística própria.
da qual partiu a leitura, reconduzindo o olhar de todos ao ob-
jeto de análise. Cabe ao professor valorizar, analisar, discutir, Tarsila está entre as mais importantes pintoras brasileiras do sécu-
ponderar e questionar cada interpretação atribuída à imagem; lo XX, tanto por seu papel ativo nos movimentos artísticos asso-
favorecer o diálogo e o compartilhamento de opiniões entre os ciados ao Modernismo paulista, quanto por sua contribuição ao
alunos; articular a integração dos diversos significados percebi- introduzir na arte do país elementos do Cubismo, do Expressio-
dos na obra, de modo a aprofundar sua capacidade de fruir e nismo e do Surrealismo.
compreender as imagens.
Filha de ricos fazendeiros do café, aproveitou seus recursos para
Uma sugestão importante também é evitar ler os créditos das realizar diversas viagens, não só pelo Brasil, mas também à Ar-
obras (título, dimensões e técnica) antes de proceder à leitura gentina, ao Chile, à Europa, ao Oriente Médio e à Rússia.
com os alunos, pois a exposição prematura desses dados pode
inibir sua investigação. O contexto histórico da obra, do artista Viajar era muito dispendioso na época, um luxo reservado à elite.
e do período, dentre outras informações, deve ser considerado Tarsila aproveitou suas viagens para dar continuidade à sua for-
como estímulo para novas discussões, elemento para articular as mação em arte, e seus cadernos guardam registros e desenhos
interpretações do grupo, e não como dado a ser memorizado. dos diversos locais que visitou.

Assim, ao abordar as obras São Paulo, Carnaval em Madureira e Viveu sua infância em fazendas da família na região de Capivari,
Antropofagia, de Tarsila do Amaral, busque explorar os elemen- interior do estado de São Paulo. Em seus retornos ao Brasil, passava
tos que caracterizam os trabalhos criados pela artista. Investigue longas temporadas nessa região, na Fazenda Santa Tereza do Alto.

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O forte vínculo afetivo com suas origens se manifesta posterior- DICA! A investigação, com os alunos, das obras de ar-
mente em seu interesse pelas tradições brasileiras, sua afinidade tistas europeus associados à Arte Moderna oferece re-
com a busca de identidade nacional proposta pelos modernistas, ferências para compreenderem melhor o modernismo
e no desejo de manifestar esse caráter brasileiro em sua pintura. brasileiro. Recomendamos consultar o Material de apoio
ao professor. Exposição Encontros com o Modernismo –
Tarsila iniciou seus estudos de arte no meio artístico acadêmico Destaques do Stedelijk Museum Amsterdam, produzido
de São Paulo, e entre seus professores está Pedro Alexandrino. pela Pinacoteca de São Paulo.
Em 1920 se estabelece em Paris, matricula-se na Académie Julian
e depois passa a frequentar a academia de Emile Renard. Em
1923 retorna a Paris e estuda com os cubistas André Lhote, Al- Contexto histórico e artístico
bert Gleizes e Fernand Léger, aprendendo com eles os princípios
construtivos associados à Arte Moderna. As primeiras décadas do século XX

A artista não estava no Brasil durante a Semana de Arte Moderna Na transição do século XIX para o XX, as rápidas transforma-
de 1922 e, ao retornar a São Paulo, é apresentada por Anita Mal- ções ocorridas na economia, tecnologia e sociedade causaram
fatti aos artistas e intelectuais que haviam participado do evento. impacto decisivo nos processos históricos, e seus frutos e des-
Logo se integra ao grupo modernista e inicia um relacionamento dobramentos encontram-se presentes tanto na sociedade da
afetivo com o escritor Oswald de Andrade. Mário de Andrade época quanto na contemporânea.
passa a se referir ao casal como “Tarsiwald” em razão da signifi-
cativa sincronia entre as produções de ambos: textos de Oswald Durante a primeira década do século XX, a expectativa de pro-
são inspirados por imagens realizadas pela artista e vice-versa, gresso, trazida pelos avanços industriais e tecnológicos, levou a
articulando artes visuais e literatura. Seu relacionamento criativo uma constante desvalorização e reelaboração do passado rumo
marca as diretrizes da Arte Moderna paulista, contribuindo para a um projeto de futuro, o que acabou por confundir os termos
originar o Manifesto Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago. “moderno” e “novo”, tornando-se quase sinônimos.

O círculo de amizades dos modernistas incluía pensadores euro- No contexto histórico internacional, a luta entre as potências in-
peus e também membros das abastadas e influentes famílias pau- dustriais por mercados internos e externos e pelas regiões fornece-
listanas, como Paulo Prado e Olívia Guedes Penteado, que com doras de matérias-primas intensifica as vertentes nacionalistas que
eles compartilhavam as utopias da modernidade e ofereciam sub- desencadeiam os conflitos da Primeira Guerra Mundial. Esse emba-
sídios financeiros para o desenvolvimento da produção cultural da te internacional, com proporções ampliadas em razão das alianças
época. O casal patrocinou em 1924 a vinda a São Paulo do poeta políticas e econômicas, deixará profundas marcas tanto na identi-
europeu Blaise Cendrars, organizando sua excursão ao Carnaval dade das nações participantes dos combates, quanto no imaginá-
do Rio de Janeiro e à Semana Santa nas cidades históricas de Minas rio do mundo em relação à potencial aniquilação das sociedades.
Gerais junto a um grupo de artistas que incluía eles próprios e Má-
rio de Andrade. Essas viagens inspiraram o Manifesto Pau-Brasil, Foi cerca de 25 milhões o número de mortos de 1914 a
de Oswald de Andrade, e a série de pinturas Pau-Brasil, de Tarsila. 1923, devido à Guerra e acontecimentos correlatos. Para
Na busca por temas brasileiros, a artista interessou-se pelas paisa- se ter uma ideia do que esse número representava, basta
gens, pela arquitetura barroca e pelos elementos da cultura popu- lembrar que a última guerra de grandes proporções, A
lar. Os desenhos produzidos nessa época formaram uma espécie Franco-Prussiana, deixara um saldo de 174 mil mortes...4
de vocabulário que a artista preservou ao longo de sua trajetória,
com anotações muitas vezes retomadas ao criar suas telas. O grande trauma dessa perda deixa como legado aos sobreviven-
tes um desejo de reconstrução do mundo, possível de se verificar
Em 1928, Tarsila pinta a tela Abaporu como presente para em movimentos culturais como, por exemplo, a Bauhaus alemã.
Oswald. Essa tela o mobiliza a escrever o Manifesto Antropófago
e iniciar o movimento antropofágico. O nome Abaporu foi com- Ainda nesse princípio de século se disseminam as tecnologias
posto pela reunião de duas palavras de origem indígena, colhidas de reprodução de imagens e de som – tanto imagens estáticas
no dicionário guarani de Montoya2: aba (homem) e poru (comer); quanto em movimento: fotografia e cinema, o fonógrafo e o rá-
um termo equivalente a antropofagia, que vem do grego antro- dio. Os chamados meios de comunicação passam a influenciar
pos (homem) e fagia (comer). as crescentes massas urbanas, redefinindo a percepção da reali-
dade e do mundo. Paris era o centro das artes, do modernismo,
A fase Antropofágica de Tarsila inclui pinturas realizadas entre 1928 e artistas, não só franceses, mas de várias partes do mundo, lá
e 1929, e são dessa época algumas de suas obras mais conhecidas. abriram seus ateliês e participaram de exposições.
Nela a artista mantém o uso das cores intensas e as composições
planas. Na composição das paisagens com figuras fantásticas e ve- No contexto brasileiro, a ainda recente proclamação da Repú-
getação exuberante predominam as formas orgânicas. A temática blica e a aproximação das comemorações do centenário da In-
nacional transparece nas imagens que conduzem o observador a dependência do país agregam a esse anseio por modernidade
um território ancestral, “do qual reconhecemos – ou por meio do o desejo de questionar e descobrir o caráter da identidade do
qual passamos a construir – uma certa herança”.3 Brasil e de seus habitantes.

DICA! Proponha aos alunos que pesquisem outros artistas DICA! Aproveite para explorar os contextos e desdobra-
associados ao Modernismo no Brasil. Essa pode ser uma mentos desse importante momento de transformações,
maneira de ampliarem o estudo iniciado com este material aprofundando a parceria com o professor de História.
de apoio educativo. Peça que localizem imagens de suas
obras e que escrevam seus comentários sobre as afinidades
e diferenças que perceberem em relação às obras de Tarsila. São Paulo nas primeiras décadas do século XX

O fim dessa fase intensamente criativa de Tarsila coincide com Assim como no resto do mundo, no Brasil as primeiras décadas do
mudanças profundas no contexto histórico, como a desesperan- século XX soam bem-vindas, repletas da euforia da modernidade,
ça gerada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929; a crise povoando o imaginário social de símbolos como as indústrias, os
do café no Brasil e o empobrecimento da oligarquia do café; a sistemas de transportes e comunicação e a própria cidade.
Revolução de 1930 e a perda do poder político pelos paulistas,
além de transformações em sua vida pessoal com o fim da união O capital gerado pela monocultura do café alimenta a indus-
com Oswald de Andrade. trialização paulista, e seus recursos permitem importações e a
consequente abertura dos primeiros magazines dedicados ao
Em 1931, Tarsila viaja à União Soviética com seu novo companhei- comércio de luxo. Esses fatores contribuem para transformar a
ro, o psiquiatra Osório César. A expectativa de ambos é conhecer São Paulo provinciana na cidade moderna por excelência.
o local onde se busca realizar a utopia comunista. Em 1932, ao
regressar ao Brasil, é presa por um mês em razão dessa viagem e
de sua presença em reuniões de tendências políticas de esquerda. De 1889 a 1910, o conselheiro Antônio Prado, ex-consultor
Realiza em seguida pinturas com temas sociais, das quais uma pessoal do Imperador e personagem influente da República,
das mais conhecidas é Operários (1933), óleo sobre tela perten- ocupa o cargo de prefeito da cidade de São Paulo. Atendendo
cente à coleção do Governo do Estado de São Paulo. aos anseios da elite do café por uma cidade mais adequada à
sua riqueza e poder, dirige um projeto de reurbanização que
2 Dicionário guarani que pertencia ao pai de Tarsila, organizado por Antônio Ruiz de transforma a São Paulo colonial de taipa em uma cidade com
Montoya (Leipzig, 1876).
3 BARROS, 2008. 4 SEVCENKO, 1992, p.165.

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ares europeus. No período são construídos prédios públicos de Os gêneros artísticos tradicionalmente ligados à Arte Acadêmica
destaque, como o Museu Paulista, o Teatro Municipal e o Liceu perduraram no meio artístico brasileiro até o início do século XX.
de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca do Estado). Para os modernistas brasileiros, as transformações do mundo “im-
punham a criação de um espírito novo e exigiam a reverificação e
mesmo a remodelação da inteligência nacional”.10 Os principais
Embora a cidade, nas três primeiras décadas do século XX (pe- objetivos do movimento modernista eram “o direito permanente à
ríodo tratado neste material), não fosse de fato uma grande pesquisa estética, à atualização da inteligência artística brasileira e
metrópole, tendo poucos edifícios com mais de quatro andares à estabilização de uma consciência criadora nacional”.11
e uma mancha urbana bastante restrita, seu futuro de expan-
são desmedida, alicerçada pelo crescente capitalismo e indus- A realização da Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro
trialização, já se fazia presente. Municipal em São Paulo, é um marco do movimento modernista
no país. O evento envolveu representantes das artes plásticas, da
Neste contraditório e violento processo de modernização de literatura, música e dança que contribuíram com suas diversas
São Paulo, estão engajados todos os segmentos da popu- perspectivas para a discussão sobre como criar uma arte brasileira
lação. O proletariado, de alto teor imigratório, a burguesia, autêntica e atualizada em relação às propostas das vanguardas
seja aquela ligada à estrutura da produção do café quanto artísticas europeias da época.
a industrial, intelectuais e artistas, poder público e iniciativa
privada, todos participam da ufania desenvolvimentista e da DICA! O estudo das obras de Pedro Alexandrino, profes-
admiração sem limites pelo progresso, pelo ‘moderno’, o vo- sor de Tarsila, pode ser uma referência interessante para
cábulo chave que passa a nortear todas as ações...5 que os alunos compreendam as referências iniciais da for-
mação em arte de Tarsila. O artista é tema do Material de
A maioria dos imigrantes que chegam ao Brasil entre 1887 e apoio ao professor Bem-vindo, professor! Arte Brasileira
1914, atendendo à demanda de trabalho para a lavoura do café, – volume 1, produzido pela Pinacoteca de São Paulo.
se estabelece no estado de São Paulo. O surto de edificações,
que nas primeiras décadas do século XX dão a fisionomia des-
sa metrópole potencial, prenuncia as duas maiores metáforas, Glossário
muitas vezes usadas tanto na literatura quanto nas artes visuais
modernas, de São Paulo como a cidade vertical e tentacular.6 Abstração: Referência ao afastamento das formas tradicionais de
representação figurativa da realidade desenvolvidas no Ocidente
Se o Rio de Janeiro era a capital política, São Paulo configurava- e à busca, seguindo caminhos diversos, da criação de obras de
se nitidamente como a cidade líder da nação, como a capital arte por meio da pura articulação dos elementos visuais (linha,
moral do país novo em construção, avessa aos velhos cenários cor etc.). Historicamente, a primeira obra considerada abstrata é
e aos velhos costumes do Brasil oitocentista e rural.7 uma aquarela de Kandinsky pintada em 1910.
Académie Julian: Famosa academia fundada em Paris pelo pintor
Apesar dessa negação do passado, o ideário modernista neces- francês Rodolphe Julian (1839-1907), em 1867. Desde o sécu-
sitava de um alicerce histórico que o fundamentasse. Assim, foi lo XIX acolhia entre seus alunos artistas amadores, mulheres e
essencial a criação de uma origem mítica distante, uma “tra- estudantes de outros países, interessados em estudar pintura e
dição inventada”, consolidada na figura do bandeirante como escultura na França.
desbravador e empreendedor, revelador da “índole paulista”.8
Acervo: Conjunto de documentos e objetos que integram uma co-
No campo da arte, a situação política e econômica de São Pau- leção, seja de uma biblioteca, de um museu, de um arquivo etc.
lo cria condições para o surgimento de intelectuais interessa- Albert Gleizes (Paris, França, 1881 – Avignon, França, 1953): Pin-
dos em fincar ali as bases de uma moderna arte brasileira, em tor e escritor francês. Em 1912 publicou, em parceria com Jean
oposição à tradicional arte acadêmica ensinada e difundida no Metzinger, o livro Du Cubisme, obra importante na fundamenta-
Rio de Janeiro. Como referência para realizar esse propósito, ção teórica do movimento cubista.
procuram modelos da modernidade europeia, que na época André Lhote (Bordéus, França, 1885 – Paris, França, 1962): Pintor
demonstrava um nítido interesse pelo exótico, pelas culturas francês com estilo cubista próprio, influenciado por sua admira-
negras e indígenas, e que se traduziu no Brasil pela busca de ção sobre a tecnologia industrial.
resgate da identidade social e artística nacional. Anita Malfatti (São Paulo, SP, 1896-1964): Pintora brasileira que
realizou, em 1917, uma polêmica mostra individual em São Pau-
Por mais que possa parecer paradoxal, (...) foi na Europa, ou lo, com obras que seguiam os princípios da arte moderna euro-
no mínimo folheando revistas europeias, que muitos desses peia. A polêmica deu início ao debate sobre a modernidade nas
jovens artistas e intelectuais ‘redescobriram a América’.9 artes, preparando o terreno para a realização da Semana de Arte
Moderna de 1922.
DICA! Associar as atividades aqui propostas à leitura do
livro Paulicéia Desvairada, de Mário de Andrade, possibili- Arte Acadêmica: A partir do século XVII, foram fundadas na Eu-
ta aprofundar a percepção dos alunos acerca das relações ropa escolas de arte que propunham um estilo artístico e forma
entre arte e literatura no Brasil nas primeiras décadas do de ensino orientados por princípios derivados da arte clássica. Di-
século XX. Recomendamos estabelecer uma parceria com fundiu-se no Brasil a partir da vinda da Missão Artística Francesa
o professor de Língua Portuguesa e Literatura. em 1816, tendo como marco histórico a fundação da Academia
Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, em 1826.
Arte Moderna e Modernismo paulista Arte Moderna: Surge dos questionamentos acerca das noções de re-
presentação da realidade associadas à arte acadêmica. No século XIX,
Com a popularização da fotografia como meio de registrar as esses questionamentos estimulam o pensamento sobre a constru-
imagens do mundo com realismo, anteriormente função de de- ção da linguagem artística autônoma (propondo rompimentos com
senhistas e pintores, os artistas visuais puderam explorar outras temas clássicos, a superação da representação ilusionista de espaço
possibilidades da arte e investigar outras questões que não a etc.), originando diversos movimentos associados à Arte Moderna.
representação do real. Bauhaus: Escola alemã de arquitetura e artes aplicadas, fundada
em 1919 e fechada pelos nazistas em 1933. Pretendia formar o ar-
Desde o final do século XIX, movimentos artísticos associados tista-artesão, por meio de um programa que englobaria conteúdos
à Arte Moderna se afastaram das convenções acadêmicas de de arte, arquitetura, artesanato, decoração e design, atendendo
representação e procuraram estabelecer a autonomia de lin- às necessidades da sociedade alemã pós-Primeira Guerra Mundial,
guagem nas artes visuais, valorizando em seu trabalho a articu- por um lado com produção em escala industrial, por outro com o
lação dos elementos visuais. As vanguardas artísticas da época ideal de difundir a arte moderna em todos os níveis sociais.
reposicionaram os próprios conceitos de arte e beleza por meio Blaise Cendrars (La Chaux-de-Fonds, Suíça, 1887 – Paris, França,
de questionamentos sobre a pintura (que da figuração se en- 1961): Pseudônimo de Frédéric Louis Sauser, novelista e poeta
caminhou para a abstração), sobre os suportes (que ultrapas- de origem suíça que se naturalizou francês. A principal fonte de
saram as telas rumo à própria atitude do artista) e sobre os inspiração de suas poesias são suas viagens reais ou imaginárias.
sistemas da arte (que passaram a aceitar como obras objetos
completamente alheios a esse âmbito). Caráter onírico: A obra parece ter algo de um sonho distante ou
de algo imaginado, como algumas obras ligadas ao Surrealismo,
5 ARAUJO, 2002, p.25. movimento artístico surgido na Europa, na década de 1920.
6 FABRIS, 1994, p.1.
7 Ibidem, p.3. 10 Citações de Mário de Andrade reproduzidas in SEMANA DE 22..., 1972 (s.n.p., item
8 ARAUJO, 2002, p.28. “Mário de Andrade”).
9 SEVCENKO, 1992, p.217. 11 Ibidem (s.n.p., item “Desafio da Modernidade”).

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Composição: Nas artes visuais o termo se refere à maneira como o Manifesto: No contexto dos artistas modernos, geralmente arti-
artista organiza os diversos elementos visuais para construir a obra. culados em grupos, os manifestos são textos que têm como ob-
Construtivo: Proposta de pensar a arte não como forma de represen- jetivo expor e divulgar as ideias que congregam o grupo; muitas
tação, mas como construção. Em arte, o uso da palavra surge asso- vezes assumem um tom panfletário.
ciado ao movimento de vanguarda russa Construtivismo, em artigo Manifesto Antropófago: Oswald de Andrade escreveu esse ma-
do crítico N. Punin, de 1913, que comenta relevos tridimensionais nifesto em 1928, inspirado pela pintura Abaporu, de Tarsila do
de Vladimir Tatlin. Entre outros movimentos na arte de caráter cons- Amaral. A metáfora da antropofagia, aplicada à relação da cul-
trutivo no início do século XX, é possível citar o grupo de artistas ex- tura brasileira com as demais culturas, tema desse manifesto,
pressionistas reunidos em torno de Wassily Kandinsky, na Alemanha. continua sendo instigante até a atualidade e foi tema da XXIV
Convenções acadêmicas: Convenções adotadas pelos artistas Bienal de São Paulo, realizada em 1998.
vinculados à arte acadêmica como normas de representação da Manifesto Pau-Brasil: O Manifesto da Poesia Pau-Brasil, redigi-
realidade. Seus princípios são, de maneira geral, derivados da do por Oswald de Andrade, foi publicado inicialmente no jornal
arte clássica, optando pelo realismo formal, com forte apreço Correio da Manhã em 1924. Em 1925, foi apresentado como
pelos temas mitológicos e motivos históricos em associação à abertura de seu livro de poesias Pau-Brasil. Defende a invenção
clareza expressiva. e o resgate da cultura brasileira.
Cubismo: Movimento artístico ocorrido entre 1907 e 1914, que Mitos: Construções narrativas complexas que geralmente se re-
tem como representantes fundamentais Pablo Picasso e Georges ferem aos princípios do tempo, oferecendo explicações para os
Braque. Rompendo com as convenções da perspectiva, a repre- principais acontecimentos da vida. Muitas vezes representam
sentação de objetos, paisagens e pessoas se traduz por formas alegorias relacionadas a eventos da natureza que se repetem
geometrizadas que apresentam simultaneamente sobre a super- ciclicamente. Quando articulados ao sistema religioso de de-
fície da tela faces diversas de um mesmo objeto. terminada cultura que considere as histórias como verdadeiras,
Elementos visuais: São os dez elementos que constituem a oferecem respaldo às crenças da comunidade.
estrutura de uma obra visual: o ponto, a linha, a forma, a dire- Modernismo paulista: Movimento associado às propostas da Arte
ção, a cor, o tom, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. Moderna que teve início no Brasil na década de 1920. Em São
Emile Renard (Sèvres, França, 1850 – Paris, França, 1930): Pintor Paulo, teve como marco a realização da Semana de Arte Moderna
afiliado ao Realismo, influenciado por Gustave Courbet e Jean- de 1922, que incluiu manifestações artísticas em diversas lingua-
François Millet. Sua pintura tem como tema a vida cotidiana re- gens – artes visuais (pintura e escultura), literatura e música. Suas
presentada de maneira simples e objetiva. propostas estavam voltadas à incorporação das inovações propos-
tas pelas vanguardas artísticas europeias e, também, à discussão
Expressionismo: O termo costuma ser utilizado para descrever do papel da arte na construção de uma identidade brasileira.
obras de arte em que a representação da realidade tem aspectos
enfatizados de forma a expressar as emoções ou a visão interior Orfismo: O termo faz referência a Orfeu, poeta e tocador de lira
do artista. Na pintura, o impacto emocional é realçado pelo uso da mitologia grega, que simboliza a possível fusão da música
deliberado de cores fortes e pela distorção intencional da forma. com as outras artes. Na pintura, é uma tendência surgida no
seio do cubismo, que teve em Robert Delaunay o seu maior
Fase Pau-Brasil: Fase da produção de Tarsila do Amaral, iniciada representante. Enfatiza o uso da cor e da forma como meio de
em 1924, a partir da viagem que fez com os modernistas e o comunicar emoções e simular o movimento e dinamismo do
poeta franco-suíço Blaise Cendrars, no período entre o carnaval mundo moderno.
e a Semana Santa, ao Rio de Janeiro e às cidades históricas de
Minas Gerais. As obras desse período apresentam temas e cores Oswald de Andrade (São Paulo, SP, 1890-1954): Escritor brasi-
da cultura popular, além da influência do cubismo na simplifica- leiro, teórico e articulador do movimento modernista e da Se-
ção e geometrização das formas. mana de Arte Moderna de 1922, casado com Tarsila de 1926
a 1930. Seus textos Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924) e
Fernand Léger (Argentan, França, 1881 – Gif-sur-Yvette, França, 1955): Manifesto Antropófago (1928) sintetizam o ideário poético do
Pintor francês, escritor e professor de arte. Participou das primeiras ma- Modernismo paulista.
nifestações cubistas e fundou sua própria academia em 1922.
Pedro Alexandrino (São Paulo, SP, 1864-1942): Pintor brasileiro
Formas geométricas: Configuram-se a partir de referências ma-
conhecido por suas naturezas-mortas, formado pela Academia
temáticas, lembram a geometria ou remetem a ela. São relacio-
Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro.
nadas ao racional e ao calculado, em oposição ao orgânico.
Perspectiva: Ilusão visual de tridimensionalidade obtida pela or-
Formas orgânicas: Remetem às formas encontradas na natureza.
ganização das linhas numa superfície bidimensional de acordo
Assim, apresentam o caráter mais expressivo, gestual e relativo à
com princípios matemáticos associados à geometria e à ótica.
matéria que constitui um ser vivo ou natural em oposição ao que
é racional, calculado, mais relacionado ao geométrico. Realismo: Num sentido mais amplo se refere à representação
Futurismo: Movimento artístico do início do século XX que, nas da realidade buscando criar uma ilusão de realidade. Realismo
artes visuais, procurava retratar a ideia de dinamismo, a veloci- é também o nome de um movimento artístico que surgiu na
dade e o movimento, ou seja, a locomoção da figura no espaço. França no século XIX como reação ao Romantismo, propondo
Teve início com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta retratar o homem e a sociedade em sua totalidade.
italiano Filippo Tommaso Marinetti. Ritmo visual: Estabelecido pela repetição e alternância dos di-
Gêneros artísticos: A noção de gênero é empregada para classi- versos tipos de elementos visuais selecionados pelo artista para
ficar as produções artísticas associadas à arte acadêmica. Nesse compor sua obra.
contexto, vinculados a regras de representação preestabelecidas, Robert Delaunay (Paris, França, 1885 – Montpellier, França, 1941):
os gêneros são um dos parâmetros para a criação. As pinturas Um dos precursores da pintura abstrata. Participou do Cubismo,
acadêmicas eram classificadas nos seguintes gêneros: pintura mi- tendo sido conhecido por suas séries, entre elas, a da Torre Eiffel.
tológica, pintura histórica, retrato, paisagem e natureza-morta. Foi, também, um dos maiores representantes do Orfismo.
Ismael Nery (Belém, Pará, 1900 – Rio de Janeiro, RJ, 1934): Pin- Semana de Arte Moderna de 1922: Evento realizado no Teatro
tor brasileiro, seu principal tema foi a figura humana. De início Municipal da São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Por sua
sua obra revela influência do expressionismo, posteriormente do grande repercussão nacional é considerado um marco do Moder-
surrealismo de Marc Chagall, da pintura metafísica de Giorgio de nismo brasileiro. Paralelamente à exposição de obras modernistas,
Chirico e do cubismo de Picasso. ocorreram palestras, leituras de poesia e apresentações musicais.
Joseph Antoine Bouvard (Saint-Jean-de-Bournay, França, 1840 Simetria: Um eixo de simetria é uma linha que divide uma figura
– Marly-le-Roi, França, 1920): Urbanista, diretor do Serviço de em duas partes complementares, de maneira que uma metade
Passeios e Jardins de Paris, elaborou o plano de remodelação da reflete a outra como se fosse um espelho.
cidade de São Paulo no início do século XX. Surrealismo: Movimento artístico europeu iniciado na década de
Lasar Segall (Vilna, Lituânia, 1891 – São Paulo, SP, 1957): Pintor 1910. Sob influência das ideias do psicanalista Sigmund Freud
de origem lituana vinculado ao expressionismo alemão. Em 1913 (1856-1939), enfatiza o papel dos sonhos, do inconsciente e do
visitou o Brasil e expôs suas obras. Naturalizou-se brasileiro em acaso na criação artística. Por extensão, o termo é também utili-
1925, após casar-se com Jenny Klabin. É considerado um dos zado em relação a obras de artistas que não participaram desse
pioneiros da arte moderna no Brasil; grande parte de suas obras movimento, mas manifestam afinidades com seus princípios.
encontra-se no museu com seu nome, na cidade de São Paulo. Vanguardas artísticas: Vanguarda é um termo de origem militar
Mário de Andrade (São Paulo, 1893 – São Paulo, 1945): Escritor, que designa as forças que vão à frente do movimento de um
musicólogo, professor e defensor do patrimônio artístico e cul- exército. Quando transposto às artes, refere-se aos artistas que
tural brasileiro. Teórico e articulador do movimento modernista realizam um trabalho inovador, pesquisando e apontando no-
e da Semana de Arte Moderna de 1922. vos caminhos para a criação artística.

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Organização

Referências
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Associação Pinacoteca Arte e Cultura- APAC Diretor Geral Material de Apoio à Prática Pedagógica
Material de apoio à prática pedagógica – Tarsila do Amaral Organização Social de Cultura Tadeu Chiarelli Tarsila do Amaral
/ Amanda Tojal ... [et al.] ; edição Denyse Emerich Conselho de Administração Pesquisa e redação
e Bárbara Mastrobuono ; revisão Armando Olivetti ; Diretor Administrativo e Financeiro
Tarcísio Tatit Sapienza, Mila Milene Chiovatto,
designer Claudio Filus. – 4. ed. – São Paulo : Pina- Presidente Marcelo Costa Dantas Gabriela Aidar, Maria Teresinha Teles Guerra,
coteca de São Paulo, 2016. José Olympio da Veiga Pereira Amanda Tojal,Margarete de Oliveira,
Diretor de Relações Institucionais Leandro Roman
Vice-Presidente Paulo Romani Vicelli
ISBN 978-85-99117-98-9 Pedro Bohomoletz de Abreu Dallari Edição
Núcleo de Ação Educativa Denyse Emerich e Barbara Mastrobuono
1. Amaral, Tarsila do, 1886-1973. 2. Arte brasileira- Séc. Conselheiros Assistência
XX. 3. Arte – educação – Brasil. 4. Pinacoteca de São Paulo Christopher Andrew Mouravieff Apostol Coordenação geral
Rafaella Fusaro
- Ação Educativa. I. Tojal, Amanda. II. Edição. III. Revisão. Roberto Bielawski Mila Milene Chiovatto
IV. Designer. Sérgio Fingermann Projeto e produção gráfica
CDD 707 Carlos Jereissati Coordenação do Programa de Claudio Filus
Ana Carmen Rivaben Longobardi Atendimento ao Público Escolar e em Geral
Revisão
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Cronologia
de 1886 até 2016

Mundo
1887 – Início da construção da Torre Eiffel em Paris. 1908 – Formação da Tríplice Aliança (Inglaterra, França e Rússia) contra a
1888 – Vincent Van Gogh pinta a tela Girassóis, em Arles, na França. Alemanha.
1889 – Realiza-se em Washington a primeira Conferência Internacional dos 1909 – Filippo Tommaso Marinetti publica o Manifesto Futurista em Paris.
Estados Americanos. 1910 – Wassily Kandinsky pinta sua primeira aquarela abstrata.
– Exposição Universal de Paris. 1911 – Formação do grupo O Cavaleiro Azul, em Munique, marco do
– Auguste Rodin realiza a escultura O pensador. Expressionismo alemão.
1891 – Primeiros cartazes de Toulouse-Lautrec e Pierre Bonnard. – Exposição de pintura cubista no Salão dos Independentes.
– Paul Gauguin viaja ao Taiti. 1912 – Invenção da fotografia colorida.
1893 – Fundado o Partido Trabalhista Independente, que dará origem ao 1913 – Henry Ford inaugura a primeira linha de montagem de automóveis,
Partido Trabalhista inglês. nos Estados Unidos.
– Edvard Munch pinta O grito. – Início do Construtivismo, com Vladimir Tatlin.
1894 – Claude Monet inicia a série de 30 telas da Catedral de Rouen. – Marcel Duchamp cria seu primeiro ready-made: Roda de bicicleta.
1895 – José Martí lidera uma rebelião contra o domínio espanhol em Cuba 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, com o assassinato do Arquiduque
e morre em combate. Francisco Ferdinando.
– Primeira Bienal de Veneza. – Início da Pintura Metafísica na Itália.
1896 – Sigmund Freud elabora a primeira teoria psicanalítica. – James Joyce escreve Os dublinenses.
1898 – Independência de Cuba, que, no entanto, permanece sob a influência 1915 – Kazimir Malévitch publica, em São Petersburgo, o Manifesto Suprematista.
dos EUA. – Marcel Duchamp inicia a construção do Grande Vidro.
1899 – Claude Monet inicia a série das Ninfeias. 1916 – Fundado o Movimento Dadá, em Zurique.
1900 – Sigmund Freud publica A interpretação dos sonhos. 1917 – Começa a Revolução Socialista, na Rússia.
– Exposição de 1900 em Paris. – Entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial, ao lado dos aliados.
1901 – Morte da rainha Vitória, na Inglaterra. – Piet Mondrian e Theo van Doesburg fundam a revista De Stijl, na Holanda.
– Exposição individual de Henri Matisse, em Paris. 1918 – Fim da Primeira Guerra Mundial.
1902 – Exposição retrospectiva de Toulouse-Lautrec, em Paris. – Criação da República de Weimar, na Alemanha.
1903 – Fundação, na Grã-Bretanha, da Associação Política e Social das Mulheres. – Fundação da República Socialista Federativa Soviética, formação do
1905 – Criação do grupo A Ponte, em Dresden, na Alemanha, que marca o Exército Vermelho e adoção de uma Constituição para o país.
surgimento do Expressionismo alemão. – Tristan Tzara publica o Manifesto Dadaísta, em Paris.
– Surgimento do Fauvismo, no Salão de Outono, em Paris. – Primeira exposição de Joan Miró, em Barcelona.
– Albert Einstein anuncia a Teoria da Relatividade. – Publicação da revista Valores Plásticos, em Roma, ligada à Pintura Metafísica.
1906 – Santos Dumont voa em Paris no avião 14-bis. 1919 – Negociação do Tratado de Versalhes.
– Criação do Partido Trabalhista Inglês. – Fundação da Bauhaus, em Weimar.
– Exposição retrospectiva de Paul Gauguin, em Paris. 1920 – Criação da Liga das Nações, em Genebra.
– Morte de Paul Cézanne. – As mulheres conquistam o direito de voto nos EUA.
1907 – Realização da primeira exposição de pintores cubistas em Paris. – Mahatma Gandhi inicia a resistência passiva contra os ingleses, na Índia.
– Exposição de Arte Africana em Paris. – Naum Gabo e Antoine Pevsner lançam o Manifesto Realista.

Brasil e São Paulo


1886 – Fundação do Partido Republicano Popular, em São Paulo. 1937 – Exposição da Família Artística Paulista, grupo de artistas de origem
– Criação da Sociedade Promotora de Imigração. proletária que representa a cidade e seus arredores.
– Início da construção do Museu Paulista. – Iniciada a construção do edifício do Ministério da Educação e Cultura,
1887 – Início da a entrada de grandes contingentes migratórios. no Rio de Janeiro.
1888 – A Lei Áurea põe fim à escravidão no país. 1941 – Criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda.
– Publicados os livros: O Ateneu, de Raul Pompeia; A carne, de Júlio 1942 – O Brasil entra na Segunda Guerra Mundial.
Ribeiro; e Poesias, de Olavo Bilac. 1947 – Criação do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
1889 – Proclamação da República pelo marechal Deodoro da Fonseca. 1948 – Criação do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo.
– Até 1910 o conselheiro Antônio Prado é prefeito de São Paulo; 1948 – Criação do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
transforma a vila de taipa colonial em cidade com ares europeus. 1950 – Criação da TV Tupi, a primeira emissora de televisão brasileira.
1890 – Eleições da Assembleia Constituinte. – Max Bill realiza exposição no Masp.
– Número de fábricas em São Paulo e no Rio de Janeiro aumenta para 425. 1951 – Realização da I Bienal Internacional de São Paulo; a escultura
– Auge da exploração de borracha na Amazônia. Unidade Tripartida, de Max Bill, hoje no acervo do MAC-USP, ganha
1891 – A Primeira Constituição Republicana elimina a influência religiosa o primeiro prêmio.
no Estado. 1953 – Criação da Petrobras.
– Inauguração da avenida Paulista. – Primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata, em Petrópolis.
1893 – Fundação do Partido Republicano Federal, representando os interesses – Criação da Volkswagen do Brasil.
da elite paulista. 1954 – Inaugurado o Parque Ibirapuera, projeto de Oscar Niemeyer.
– Cruz e Souza publica Missal e Broquéis, marco do Simbolismo na 1956 – Criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap),
poesia brasileira. responsável pela construção de Brasília.
1894 – O paulista Prudente de Morais assume a presidência. – 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta no MAM-SP.
1895 – Início da construção da nova Estação da Luz, em São Paulo. 1958 – Início da bossa-nova.
– Inauguração do Museu Paulista. 1959 – Manifesto Neoconcreto.
1896 – Expedição do governo republicano contra Canudos é derrotada por 1960 – Inauguração de Brasília.
Antônio Conselheiro e seus seguidores. 1960 – Início do Cinema Novo.
1897 – Tropas do governo ocupam Canudos. 1964 – Golpe civil-militar instaura um regime ditatorial no país.
– Início da construção do edifício que abrigará o Liceu de Artes e Ofí- 1967 – Início da Tropicália.
cios e, posteriormente, a Pinacoteca do Estado, projeto de Ramos 1968 – O Ato Institucional no 5 coloca o Congresso Nacional em recesso e
de Azevedo. atribui mais poder ao Executivo.
1900 – Bondes elétricos circulam na capital paulista. 1974 – Início da abertura política no Brasil, processo de Anistia.
1903 – Início da construção do Teatro Municipal de São Paulo, projeto do
escritório de Ramos de Azevedo.
1904 – Início da substituição dos trens a vapor por trens elétricos no Brasil.
1909 – Inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
1911 – Inauguração do Teatro Municipal de São Paulo.
1912 – Primeira viagem de Lasar Segall ao Brasil.
1914 – Primeira exposição individual de Anita Malfatti.
1917 – Brasil declara guerra à Alemanha e entra na Primeira Guerra Mundial.
1919 – Greve geral operária em São Paulo.
1920 – Fundação da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do
Rio de Janeiro), primeira universidade brasileira.
– Inauguração do Palácio das Indústrias, em São Paulo.
1921 – O escritor Oswald de Andrade discursa sobre o Modernismo, no Trianon,
em São Paulo.
1922 – Promulgada lei que regula a repressão ao anarquismo.
– Fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
– Realizada a primeira transmissão de rádio no Brasil.
– Realização da Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo.
1924 – Oswald de Andrade lança o Manifesto Pau-Brasil.
1928 – Oswald de Andrade lança o Manifesto Antropófago.
1930 – Revolução de 1930, Getúlio Vargas assume o poder.
1932 – Revolução Constitucionalista de São Paulo.
1934 – Fundação da Universidade de São Paulo (USP).
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de 1886 até 2016

Mundo (cont.)
1921 – Fundação do Partido Comunista Italiano e do Partido Fascista, na Itália. 1949 – Formação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
– Fundação do Partido Comunista na China. – Independência da Índia e do Paquistão.
– Adolf Hitler é nomeado chefe do Partido Nacional-Socialista, na – Criação da República Popular da China.
Alemanha. 1950-1953 – Guerra da Coreia.
1922 – Benito Mussolini instaura o governo fascista na Itália. 1952 – Primeiro happening, por John Cage.
– Josef Stalin torna-se secretário-geral do Partido Comunista Russo. – Produção da pílula anticoncepcional.
– No México, é criado o Sindicato de Artistas Revolucionários e são 1953 – Morte de Josef Stalin.
realizados os primeiros murais oficiais de David Alfaro Siqueiros, José – Criação dos computadores eletrônicos.
Orozco e Diego Rivera. – Explicação da estrutura do DNA por Francis Crick e Crick Watson.
1923 – Constitui-se a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). 1955 – Assinado o Pacto de Varsóvia.
1924 – André Breton lança o Manifesto Surrealista, em Paris. – Morte de Fernand Léger.
– Início da Nova Objetividade, na Alemanha, terceira fase do Expressionismo. 1957 – Lançamento do Sputnik inicia a Era espacial.
1929 – Quebra da bolsa de Nova York. Despenca o preço do café. 1959 – Invenção do chip de computador.
– Fundação do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). – Revolução Cubana.
– Luis Buñuel Portolés e Salvador Dalí realizam o filme Um cão andaluz. 1960 – Diversos Estados africanos tornam-se independentes.
1930 – Manifesto Arte Concreta é redigido por Theo Van Doesburg. 1961 – A Alemanha Oriental constrói o Muro de Berlim.
1931 – Início do realismo socialista na arte russa. 1963 – Assassinato do presidente americano John Kennedy.
1933 – Adolf Hitler sobe ao poder na Alemanha. 1965 – Revolução Cultural na China.
– Fechamento da Bauhaus pelo Nacional Socialismo. 1969 – Chegada do homem à Lua.
1936 – O rei Eduardo VIII abdica do trono da Inglaterra. 1972-1974 – Escândalo de Watergate; queda do presidente americano
1936-1939 – Guerra Civil Espanhola. Richard Nixon.
1937 – Walter Gropius e Lyonel Feininger iniciam a versão americana da Bauhaus. 1973 – Crise do petróleo.
1939 – Início da Segunda Guerra Mundial. 1975 – Fim da guerra do Vietnã.
– Desenvolvimento da penicilina. – Portugal concede a independência a Moçambique e Angola.
1941 – Após o bombardeio de Pearl Harbour, os Estados Unidos declaram
guerra ao Japão, à Alemanha e à Itália.
1945 – Bombardeio de Hiroshima e Nagasaki.
– Final da Segunda Guerra Mundial.
– Criação da Organização das Nações Unidas.
– Início da Guerra Fria.
1946 – Realités Nouvelles, primeiro salão oficial internacional de arte abstrata,
em Paris.
1947 – Plano Marshall para reconstrução da Europa.
1948 – Estabelecimento do Estado de Israel.
– Primeira guerra árabe-israelense.

Tarsila do Amaral
1886 – Nasce em 1º de setembro, em Capivari, interior de São Paulo, filha 1931 – Conhece Osório César, viajam à União Soviética.
de Lydia Dias de Aguiar do Amaral e José Estanislau do Amaral – Exposição individual em Moscou. Participa do Salon des
, Filho, fazendeiro de café. Surindépendants, em Paris.
– Passa a primeira infância nas fazendas São Bernardo e Santa Tereza 1932 – É presa por cerca de um mês, por ter viajado à União Soviética e por
. do Alto, no município de Itupeva. frequentar reuniões de esquerda.
1898/1902 – Estuda na cidade de São Paulo, em colégios de freiras no 1933 – Pinta grandes quadros sociais, Operários e 2ª Classe.
bairro de Santana e no Colégio Sion. – Passa a viver com o escritor Luís Martins.
1902 – Viaja à Europa com os pais. Permanece no colégio Sacre Coeur, em 1934 – Participa do 1º Salão Paulista de Belas Artes.
Barcelona, onde faz cópias de pinturas. 1935 – Fixa-se temporariamente no Rio de Janeiro.
1904 – Regressa ao Brasil e casa-se com André Teixeira Pinto. Viaja pela 1936 – Inicia colaboração com o jornal Diário de S. Paulo, como cronista na
Argentina e Chile em lua de mel. área de cultura.
1906 – Nasce sua única filha, Dulce. O casal passa a viver na Fazenda Sertão, 1937 – Recupera sua fazenda hipotecada.
dos pais de Tarsila. 1939 – Vive com Luís Martins em São Paulo. Participa da exposição latino-
1913 – Separa-se e muda-se para São Paulo, estuda piano e faz cópias de americana de artes plásticas no Riverside Museum, em Nova York.
pintura, sem orientação. 1940 – A Revista Acadêmica, do Rio de Janeiro, dedica a Tarsila um número
1916 – Estuda modelagem em barro no ateliê do escultor sueco William especial. Inicia ilustrações dos livros da série Os Mestres do Pensamento.
Zadig e com Oreste Mantovani, em São Paulo. 1944 – Participa da Exposição de Arte Moderna em Belo Horizonte. Coletiva
1917 – Tem aulas de pintura e desenho com Pedro Alexandrino, e por seu de artistas brasileiros na Royal Academy of Arts, em Londres.
intermédio conhece Anita Malfatti. Constrói seu ateliê na rua Vitória, 1945 – Exposição 20 Artistas Brasileños, em Montevidéu, Buenos Aires e La
em São Paulo. Plata. Ilustra as Poesias reunidas, de Oswald de Andrade.
1919 – Estuda pintura com George Elpons. 1946 – Exposição de Arte Brasileira no Chile. Coletiva inaugural da primeira
1920 – Estabelece-se em Paris, onde estuda na Académie Julian e com Emile galeria de arte moderna em São Paulo, a Domus.
Renard. Frequenta cursos livres de desenho aos domingos. 1949 – Morre sua neta Beatriz, aos 15 anos de idade.
1922 – Expõe no Salon Officiel des Artistes Français a tela Passaporte. Viaja 1950 – Retrospectiva de sua pintura no MAM-SP.
a Veneza. 1951 – Participa da I Bienal de São Paulo, recebe o prêmio de aquisição com
– Em junho retorna ao Brasil e integra-se ao grupo modernista, por E.F.C.B./Estrada de Ferro Central do Brasil. Separa-se de Luís Martins.
intermédio de Anita Malfatti. 1952 – Exposição Comemorativa da Semana de Arte Moderna de 1922, no
– Com Mário de Andrade, Anita Malfatti, Oswald de Andrade e o MAM-SP.
escritor Menotti Del Picchia, forma o Grupo dos Cinco. 1953 – Publicação sobre sua obra na coleção A.B.C. – Artistas Brasileiros
– Volta à Europa, em dezembro. Contemporâneos – do MAM-SP, com ensaio crítico de Sergio Milliet.
1923 – Em janeiro, viaja com Oswald de Andrade por Portugal e Espanha. 1954 – Pinta o painel Procissão do Santíssimo, a convite da Comissão do IV
– Volta a Paris, frequenta os ateliês de André Lhote, Albert Gleizes e Centenário de São Paulo.
Fernand Léger. 1957 – Participa da exposição Arte Moderno en Brasil, no Museo Nacional de
– Conhece o poeta Blaise Cendrars. Bellas Artes, Buenos Aires.
– Pinta A negra. 1960 – Participa da exposição Contribuição da Mulher às Artes Plásticas no
– Volta ao Brasil em dezembro. País, no MAM-SP.
1924 – Acompanha Blaise Cendrars e outros modernistas em viagens ao 1961 – Com a venda da fazenda instala-se em São Paulo.
carnaval carioca e às cidades históricas de Minas Gerais, na Semana 1963 – Sala Especial na VII Bienal de São Paulo.
Santa. 1964 – Sala especial na XXXII Bienal de Veneza.
1925 – Ilustra o livro de poemas Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. 1966 – Morre sua filha Dulce.
– Consegue a anulação de seu primeiro casamento. 1969 – Retrospectiva Tarsila: 50 Anos de Pintura, no MAM-RJ e no MAC-USP.
1926 – Viagem ao Oriente Médio. Primeira exposição individual em Paris. 1970 – Grande retrospectiva
Cota Master de seus desenhos no Museu de Arte da Prefeitura
– Casa-se com Oswald de Andrade. Passam a alternar moradia entre de Belo Horizonte.
São Paulo e a Fazenda Santa Tereza do Alto, adquirida por Oswald. 1973 – Morre em São Paulo.
1928 – Pinta Abaporu, presente a Oswald de Andrade que inspira o 1975 – Aracy Amaral publica Tarsila: sua obra e seu tempo.
Manifesto Antropófago. 1975/2016 – As obras de Tarsila participam de várias grandes exposições de
– Segunda individual na Galerie Percier, em Paris. arte no Brasil e no exterior.
1929 – Primeiras exposições individuais no Brasil. Pinta Antropofagia.
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– Separa-se de Oswald de Andrade.
– Perdem a Fazenda Santa Tereza do Alto, que fica hipotecada até 1937.
1930 – Ocupa brevemente o cargo de conservadora da Pinacoteca do Estado.
– Expõe no Roerich Museum, de Nova York, e na Casa Modernista, de
Gregori Warchavchik.
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