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RESUMO
INTRODUÇÃO
A expressão é um fenômeno necessário para todo o ser humano, muitos autores tecem
considerações sobre a mesma fundamentados em tal premissa. Dentre vários autores
que trabalham o assunto, serão utilizadas teorias de Arno Stern (1977), Pillar (1996),
Atack (1995), entre outros. A linguagem verbal e escrita predomina em nossa sociedade
de uma forma muito importante, sendo considerada por muitos autores um dos
principais fundamentos do pensamento racional. Outras formas de expressão também
existem, no entanto, é nítido que na educação essas formas de expressão ainda não
encontraram um lugar privilegiado. Segundo Pillar (1996), Kant foi um filósofo muito
importante nesse aspecto, pois foi o primeiro a considerar a arte como autônoma em
relação ao pensamento lógico, a mesma autora afirma também que arte é um
conhecimento específico que escapa ao modelo racional de expressão. No que diz
respeito às Artes Visuais, Stern (1997) preconiza que as mesmas poderiam e deveriam
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ser trabalhadas com mais propriedade, competência sendo que, para tal, muitos
estudos são necessários no intuito de se conseguir uma forma otimizada de se trabalhar
Arte na Educação (FREEMAN, 1980; BERGSON, 2001).
Outro aspecto significativo da arte é que ela desvela o mundo da pessoa que pratica a
mesma, seja desenho, música, dança etc. No caso desse estudo, muitos aspectos
foram levantados a respeito do desenho realizado por José (autista, 21 anos de idade).
Ou seja: na educação inclusiva é significativo lançar mão da expressão subjetiva por
meio da linguagem visual, pois a mesma contém determinadas lógicas, estando
carregada de um simbolismo que traz um discurso sobre o indivíduo que expressa. Tal
exemplo também é encontrado no universo da criança, do artista, enfim de qualquer
ser humano, pois se trata de uma representação, espelho que produz um duplo do
indivíduo. Sobre o autismo, Mello (2003) aduz que é uma síndrome definida por
alterações presentes desde idades muito precoces, tipicamente antes dos três anos de
idade, e que se caracteriza sempre por desvios qualitativos na comunicação, na
interação social e no uso da imaginação.
OBJETIVOS
• Analisar desenho
METODOLOGIA
RESULTADOS
O desenho executado deixa visível uma questão unitária importante, como que
representando um mundo autossuficiente. No entanto, na medida em que se encontra
fechado em si mesmo, busca uma espécie de diálogo com o entorno por meio de linhas
alongadas que, provavelmente, podem aludir a uma tentativa de relação com o exterior.
Tais linhas apresentam-se em tamanhos variados, com intensidades de pressão
diferentes no que diz respeito à utilização do lápis sobre a superfície trabalhada.
Possuindo uma relação com as linhas radiais mencionadas, pode ser observada outra
linha localizada isoladamente vertendo para a margem inferior da folha. Tal linha
poderia ser interpretada de maneiras diversas em termos de conteúdo, levando-se em
conta a leitura que se faça da oval representado, pois que a mesma pode ser vista sob
dois ângulos diferentes: 1) como um rosto ou; 2) como o tronco de um corpo.
1) Como um rosto: a parte oval maior estaria caracterizando a linha limítrofe com os
cabelos, e as linhas que partem da mesma seriam a representação dos cabelos.
Indubitavelmente, a linha direcionada para baixo seria a representação do pescoço. As
outras quatro ovais menores seriam representações de olhos e boca ou outras partes
do rosto. Assim sendo, a representação imagética de José, seguindo o que foi
solicitado, traz uma configuração de retrato 3X4, como visto em documentos de
identidade ou retrato detalhado do rosto do desenhista.
2) Como o tronco de um corpo: nesse caso, pode ser compreendido que os raios seriam
intenções de braços, da mesma forma que crianças muito pequenas representam
também os mesmos, sendo que a linha que caminha para baixo agora funciona
nitidamente como perna. Fica confusa a questão da forma que representaria a cabeça
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ou se ela não está representada no desenho. Ovais menores, no entanto, podem ser
uma alusão a órgãos internos, assim como também à cabeça.
Analisar o desenho de José seja como um rosto, seja como um corpo, fica clara a
compreensão do desenhista em representar a figura humana. Sem dúvida, pode ser
afirmado que no caso de José houve uma compreensão perfeita do que lhe foi
solicitado, tendo providenciado a elaboração do trabalho. Isso nos leva à confirmação
de que o autista, sendo uma pessoa que escapa aos moldes do que é chamado de
normalidade, reage com o ambiente dentro dos padrões no que diz respeito a fazer o
que dele é esperado, a expectativa colocada para o indivíduo. A real diferença, porém,
parece encontrar-se na forma com que promove esta resposta ou interação com o
outro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destacamos que a análise proposta traz como opção nítida questões alusivas à forma.
Notavelmente, o desenhista compreendeu com muita clareza o que lhe fora solicitado.
Exercícios em tal formado deveriam ser constantes na Educação Inclusiva, levando-se
em conta a necessidade de expressão do ser humano em uma outra linguagem que
escape ao verbal e à escrita.
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No caso em análise, fica constatado que José entende ter representado uma figura
humana que é ele mesmo, sendo fator significativo que as outras pessoas possam
também compartilhar com ele tal compreensão. Tal fenômeno agrega valores para uma
relação de inclusão social, uma vez que José percebe que foi compreendido na sua
forma individual de expressão. Contrariamente, comentários como: você não é assim;
uma pessoa não é assim, demonstra uma extrema falta de conhecimento e
sensibilidade por parte da pessoa que está falando, sendo fator disfórico que com
certeza irá desagradar ao desenhista, uma vez que na verdade não está sendo
compreendido, pois entendeu e representou o que lhe fora solicitado. Ademais, no caso
particular de José, seria extremamente complicado deixar claro, por meio de palavras,
que ele representou uma figura humana.
REFERÊNCIAS
Alinhamento à esquerda, espaçamento simples (conforme ABNT).
ANDRÉ. Marli. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Brasília:
Liber livro, 2005.