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Expediente Sumário

Esta é uma publicação do


Editorial 06
Movimento dos Atingidos por Barragens

Coordenação: Coletivo de Comunicação do MAB


Anos 80 14

Redação: Marcelo Aguilar Anos 90 19


Edição: Claudia Rocha Anos 2000 22
Diagramação: Michele Gonçalves Anos 2010 26
Arte capa: Gabrielle Sodré
Coletivos 30
Secretaria Nacional - São Paulo - Novembro de 2021 Mulheres
Ciranda
LGBT

Articulações e alianças 40
MAR
POCAE
6 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 7

EDITORIAL fortalecia o crescimento do MAB,

Atingidos por surgiam novos desafios, cada vez


mais complexos e crescentes.

barragens Com o fim da ditadura e a che-


gada de um governo neoliberal,
vieram as privatizações e o maior
Da barranca dos rios empoderamento das empresas
às metrópoles urbanas, privadas que, se antes estavam
prestando serviço e usufruin-
do Brasil para a do do Estado Nacional, passa-
América e o mundo ram também a donas das barra-
Foto: Arquivo MAB gens, das linhas de transmissão,
das distribuidoras de energia, do
Antes mesmo do MAB existir en- do o país, com matriz baseada na Em um pequeno espaço de Operador Nacional do Sistema,
quanto movimento nacional, as água dos nossos rios, com custos tempo entre o final da ditadura mi- da Agência Nacional de Energia
famílias atingidas por barragens de geração muito baixos e alto litar e o início dos anos 90, fruto Elétrica. Se apropriam de tudo.
já lutavam por seus direitos. As grau de eficiência para a lógica do de muitas lutas e enfrentamentos A energia produzida passa a ser
barragens sempre causaram ten- capital: com acumulação de rique- heróicos dos atingidos e atingidas controlada por empresas priva-
são e sofrimento para a maioria za nas mãos de poucos. Os gran- contra empresas e governos, o das que exploram o trabalho dos
dos atingidos e atingidas. Em mui- des empresários lucravam com a Movimento dos Atingidos por Bar- trabalhadores e trabalhadoras e
tos casos, terras e moradias fo- venda de máquinas e equipamen- ragens foi se constituindo em todo os nossos recursos naturais.
ram alagadas, comunidades des- tos, cimento, ferro, e ainda desfru- o Brasil enquanto conseguia vitó- Este novo agente poderoso
truídas e vidas sacrificadas sem o tavam do uso da energia com me- rias em muitas regiões, com inde- no processo de um setor tão es-
mínimo de reparação e justiça. nor custo, muitas vezes subsidiado nizações mais adequadas e pro- tratégico desequilibrou totalmen-
Ao mesmo tempo, o Brasil por quem pagava mais caro: pe- jetos de reassentamentos de boa te as relações entre as popula-
construía um setor elétrico moder- quenos empresários, comercian- qualidade. Ao mesmo tempo em ções atingidas e os governos de
no, integrado em praticamente to- tes e as famílias brasileiras. que a luta garantia conquistas e plantão, que passaram a servir
8 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 9

Foto: Marcelo Aguilar

aos novos senhores: grandes em- trabalhadores das diversas cate-


presários e o capital financeiro gorias do setor de energia, com
nacional e internacional. Organi- os consumidores das cidades, e
zados em associações de vários demais organizações que não
tipos como as patronais, grupos aceitam a exploração e a destrui-
empresariais e fundos especu- ção das condições mínimas de vi-
lativos, se apropriam como para- da da maioria da população pa-
sitas dos frutos do trabalho dos ra enriquecimento predatório de
trabalhadores, e passam a utili- uma minoria de endinheirados e
zar vários mecanismos de coa- sua lógica destrutiva.
ção e exploração contra as popu- Carregamos a ideia forte e
lações atingidas, trabalhadores necessária de que, além dos di-
do setor elétrico, pequenos con- reitos dos atingidos, lutamos
Foto: Joka Madruga sumidores de energia e empre- por um Projeto Energético Po-
sas do Estado Nacional. pular e uma pátria justa e igua-
Em resistência à brutal violên- litária para todos e todas. Esse
cia cometida pelas empresas do é o grande desafio histórico das
setor contra os direitos, os atin- populações atingidas por barra-
gidos tiveram que ampliar ainda gens em nosso país e internacio-
mais a atuação que, isolada, per- nalmente, sempre na defesa de
seguida e criminalizada nas bar- um alto grau de desenvolvimen-
rancas dos rios, necessitava bus- to humano e uma adequada sus-
car nas áreas urbanas o cresci- tentabilidade ambiental.
mento e a materialização de sua Ao apresentar esta publicação
resistência ativa. A luta ampliou em 2021, ano em que celebramos
de caráter, foi e continua sendo os 30 anos de lutas do MAB, pode-
necessária a articulação com os mos afirmar que todos estes anos
10 M A B 30 anos de lutas

de organização, resistência e per-


sistência, fizeram do MAB um mo-
vimento vitorioso, com um passa-
do glorioso e um futuro próspero
e promissor.
Somente pelo fato de exis-
tirmos, persistirmos e permane-
cermos em ampliação por todo
o país e pelos principais centros
urbanos onde estamos organi-
zados, bem como constituirmos Foto: Leonardo Silva

uma organização de caráter in-


ternacional junto a muitas ou- Temos a certeza de que a água e a
tras experiências similares em energia devem ser para a sobera-
dezenas de países na América, nia da nação, com distribuição da
África e Europa, mostramos de- riqueza e controle popular. •
terminação, intencionalidade e
o altivo espírito de milhares de
militantes, lutadores e lutadoras
do nosso povo. Vida longa
Que esta publicação escrita
ao MAB,
ta nos estimule a seguir cada vez esta pátria
após mais de três décadas de lu-

mais firmes e decididos, pois sa- será livre


bemos que a única luta que se
perde é aquela que se abandona.
e nós
E nós decidimos que iremos seguir. venceremos! Foto: Thiago Sabino
12 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 13

Só a luta garante
nossos direitos
A história da O Movimento dos Atingidos por Bar-

longa caminhada ragens completa 30 anos, fundado


oficialmente em 1991, no I Congres-
dos atingidos so Nacional dos Atingidos por Bar-
e atingidas por ragens em Brasília. Apesar da data
barragens oficial, a história do MAB tem raí-
zes mais profundas. É por isso que
a organização deste resumo históri-
co começa na década de 80. Sabe-
mos que seriam necessárias muitas
outras páginas para destrinchar de
forma detalhada a vasta história de
organização e resistência das po-
pulações atingidas, mas propomos
este percurso pelos principais mo-
mentos da história da organização a
partir de documentos do movimento
Foto: Arquivo MAB e também com as valiosas pesqui-
sas do professor Carlos Vainer. •
14 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 15

Anos 80 da reparação. Não eram reconhe-


cidas as pessoas, mas, sim, as pro-
ção foi o estopim para o avanço
da luta na região.
Outro exemplo é o impactante
lema “Águas para vida, não para
priedades. Os atingidos tiveram Da época datam algumas morte”, utilizado pela primeira vez

Terra sim, que lutar pelo reconhecimento en-


quanto sujeitos de direitos.
das palavras de ordem mais mar- em fevereiro de 1983, como tema
cantes da história do movimen- da Romaria da Terra no município
barragem No final dos anos 70 e início to, como a “Terra sim, barragem de Carlos Gomes, no Rio Grande

não! dos 80, três grandes movimentos


começaram a se organizar, cada
não”, maior síntese das lutas da do Sul, que reuniu mais de 20 mil
década, que declarava o enfren- pessoas. Anos depois, essa frase
um a sua maneira, para resistir e tamento aberto à construção se transformaria em um dos gri-
Ecoam os gritos das travar lutas com dois objetivos de barragens e a reivindicação tos de ordem do Movimento de
lutas regionais
centrais que aquele momento exi- por terras para viver e trabalhar. Atingidos por Barragens. •
gia: reconhecimento e terra.
Na região Sul do Brasil, na
Os grandes projetos hidrelétricos bacia do Rio Uruguai, surge uma Foto: Douglas Mansur

no Brasil surgiram como resulta- das principais organizações de


do do modelo de desenvolvimen- luta que, anos depois, resultou
to da Ditadura Militar (1964-1985). na construção do MAB: a Co-
As barragens eram usadas como missão Regional dos Atingidos
símbolo da potência do país e do por Barragens (CRAB). Fundada
regime, essas grandes obras ex- em abril de 1979, foi a primeira
pulsaram dezenas de milhares de experiência de organização e
pessoas de seus territórios. mobilização anterior à constru-
A visão dominante à época não ção de uma barragem. A Eletro-
contemplava a ideia do concei- brás projetava construir 22 hi-
to de “atingido”, apenas quem era drelétricas na bacia do Uruguai,
proprietário de terra é que possuía que poderiam expulsar cerca de
alguma margem para a conquista 200 mil pessoas, e essa proje-
16 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 17

Foi uma época de “ação dire- frente à empresa, e chegaram a Pela primeira vez, na compra de terras e na adminis-
ta”, e a radicalização do movimen- viajar até Brasília para reivindica- uma empresa tração do reassentamento.
to criou importantes obstáculos rem seus direitos, conquistando Chegando ao final da década,
políticos para a execução dos reassentamentos e indenizações.
reconheceu uma com a ajuda de setores da Igre-
projetos. Isso acabou obrigando Na região Nordeste, a popu- organização de ja Católica e do movimento sindi-
a Eletrosul a firmar um acordo lação do Vale do São Francisco
atingidos como cal, a CRAB tomou a iniciativa de
em 1987 em relação às barragens sofreu com os graves impactos organizar, em abril de 1989, em
de Itá e Machadinho. Foi um fa- da construção da barragem de interlocutor válido, Goiânia, o I Encontro Nacional de
to histórico, já que foi a primeira Sobradinho, inaugurada em 1982. barrando assim Trabalhadores Atingidos por Bar-
vez que os atingidos conseguiram Invocando a trágica situação dos
as negociações ragens. A ditadura militar já tinha
que uma empresa reconhecesse atingidos pela barragem, uma ar- acabado, uma nova constituição
a organização como interlocutor ticulação intersindical começou a individuais e estava em vigor, mas o modelo
válido, barrando assim as nego- se organizar com reivindicações conquistando energético implantado pela dita-
ciações individuais e conquistan- sobre: terra por terra na margem dura militar permanecia.
reassentamentos
do reassentamentos coletivos. do lago, abastecimento de água Após o evento, foi realizado
Na Região Norte, as comuni- nas casas e nos lotes, indeniza- coletivos. um intenso trabalho em várias re-
dades atingidas pela hidrelétrica ções justas das benfeitorias fren- giões do país para incentivar a or-
de Tucuruí, construída no Rio To- te à negativa da empresa. Cer- ganização de comissões regionais
cantins e que deslocou mais de ca de 6 mil pessoas ocuparam o de atingidos. Assim, surgiram: no
25 mil pessoas, se organizaram canteiro de obras em 1985, e no- Pará, a Comissão Regional dos
no Movimento dos Expropriados vamente em dezembro de 1986, o Atingidos pelo Complexo Hidrelé-
pela Barragem de Tucuruí, fun- que gerou impacto nacional. As trico do Xingu (CRACOHX) e a Co-
dado em 1981, que lutou para exi- obras foram paralisadas até as- ordenação dos Atingidos por Bar-
gir da Eletronorte indenizações sinatura de um acordo que ga- ragem do Trombetas (CABT); em
justas, terra e reassentamento. E rantiu terra por terra, 2,5 salários Rondônia, o Movimento dos Atin-
conseguiu. As famílias organiza- mínimos até o início da produção gidos por Barragens de Rondônia
ram massivos acampamentos em e participação dos trabalhadores (MABRO); em São Paulo, o Movi-
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mento dos Ameaçados por Barra- rísticas e formas de organização


gens do Vale do Ribeira (MOAB); e e ações diferentes, as comuni-
Anos 90 tra as Barragens, sendo celebra-
do desde então em todo o país.
no Paraná, a Comissão Regional dades atingidas lutavam contra Nascido o movimento, era
dos Atingidos por Barragens do
Rio Iguaçu (CRABI).
o mesmo inimigo. Era necessário
elaborar uma nova política para o
Águas para preciso unificá-lo e fortalecê-lo e,
além disso, colocar com força na
A rica troca de experiências setor elétrico com a participação a vida, não ordem do dia a profunda neces-
entre os atingidos vindos das di- da classe trabalhadora. Era ne-
versas regiões do país demons- cessário, portanto, construir um para morte! sidade de construção e implanta-
ção de um novo modelo energéti-
trava que, mesmo com caracte- movimento de caráter nacional. • co a serviço do povo e da nação,
Nasce o movimento e não mais nas mãos do grande
nacional
capital nacional e internacional.
Foto: Douglas Mansur A crise econômica prolongada
havia tornado impossível a reali-
O primeiro Encontro Nacional zação dos planos de expansão do
de Atingidos foi o pontapé pa- setor elétrico. Isso trouxe aspec-
ra a organização do I Congres- tos positivos, como a não cons-
so Nacional dos Atingidos por trução de barragens, mas, tam-
Barragens, realizado em março bém, em alguns casos, negativos,
de 1991 em Brasília. Nascia as- como a desmobilização do povo,
sim, formalmente, o Movimen- que acreditava que as barragens
to dos Atingidos por Barragens deixariam de ser construídas,
(MAB), tal como o conhecemos além do atraso na viabilização
hoje: nacional, popular e autô- dos reassentamentos e indeniza-
nomo. Para marcar a data, o dia ções, que as empresas justifica-
da plenária final do Congresso, ram pela falta de recursos, cau-
14 de março, foi consagrado co- sando grandes prejuízos e sofri-
mo o Dia Nacional de Luta Con- mentos aos atingidos.
20 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 21

A luta da época tinha como Na década de 90, atuação até os dias de hoje. Em Em 1997, foi realizado em Curiti-
grande objetivo, então, forçar as além do primeiro dezembro de 1996, foi realiza- ba o I Encontro Internacional de
empresas a cumprirem o acorda- do em São Paulo o III Congresso Povos Atingidos por Barragens,
do; ocupações, marchas e acam-
em Brasília, Nacional, que reforçou o posicio- que contou com a participa-
pamentos foram necessários. ocorreram outros namento do MAB frente ao setor ção de delegações de 20 países,
O país vivia um forte avanço do
três congressos elétrico e o Estado brasileiro, exi- que aprovaram a “Declaração de
processo neoliberal privatista, gindo a participação da popula- Curitiba”, plataforma internacio-
ao qual o setor elétrico não es- nacionais de ção no planejamento, decisão e nal de lutas dos atingidos, e que
capava. Aquele foi um momen- atingidos. execução da política energética. definiu o 14 de Março, agora, co-
to muito duro, faltava dinheiro e mo o Dia Internacional de Luta
a organização nacional impunha Foto: Douglas Mansur contra as Barragens.
enormes desafios ao movimento. O IV Congresso, realizado em
Mas, ao mesmo tempo, a legitimi- novembro de 1999 em Belo Ho-
dade do MAB crescia e a organi- rizonte, confirmou as diretrizes
zação se fortalecia. anteriores e definiu uma linha
Na década de 90 ocorre- de combate contra as políticas
ram, além do primeiro em Brasí- neoliberais e o processo de pri-
lia, mais três congressos nacio- vatização do setor elétrico. No
nais de atingidos. Em dezembro encontro, o movimento avançou
de 1993, realizou-se o II Congres- na elaboração das linhas gerais
so Nacional, que teve como uma sobre o que poderia vir a ser um
das suas principais deliberações Novo Projeto Energético Popular
a necessidade de organizar um para o Brasil, que atualmente é
Encontro Internacional de Atin- uma das principais bandeiras de
gidos. Essa opção internaciona- luta do MAB. •
lista marcou para sempre a his-
tória da organização e guia sua
22 M A B 30 anos de lutas

Anos 2000 O início da década trouxe ventos


de esperança. A vitória de Lula
na eleição presidencial de 2002,

Água e resultado de um amplo proces-


so de luta popular, abriu um ci-
energia clo altamente significativo de

não são transformação da realidade do


país e das condições de vida do

mercado- povo brasileiro, após vários anos

rias!
de exploração neoliberal. Em ju-
nho de 2003, a capital federal
sediou o V Encontro Nacional
Fortalecer a luta e do MAB, cuja carta final reafir-
ampliar o debate mou a importância do MAB e a Leandro Silva

luta popular organizada como o


único instrumento capaz de ob-
ter conquistas concretas. Ainda ram de Goiânia à Brasília para A principal palavra de ordem da-
nesse mesmo ano, em dezem- exigir do governo federal o cum- quela época passou a ser “Água
bro, foi realizado o II Encontro primento dos direitos dos atingi- e energia não são mercadorias”,
Internacional de Atingidos por dos. A manifestação questionou consolidada após a realização do
Barragens, na Tailândia. a política energética do governo 6º Encontro Nacional dos Atin-
Um ano depois, em maio de brasileiro e apresentou alternati- gidos por Barragens realizado
2004, o movimento realizou uma vas para o setor. Esses anos fo- com a presença de 1.200 atingi-
marcha histórica e inesquecível: ram determinantes para a cons- dos e atingidas de todo o Brasil
a “Marcha Nacional Águas pe- trução do Projeto Energético Po- em março de 2006 em Curitiba.
la Vida”. Mais de 600 militantes pular, dentro da consolidação A frase condensa a noção fun-
de 15 estados do país caminha- do Projeto Popular para o Brasil. damental de que água e energia
24 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 25

são bens essenciais para a vida Hoje, o MAB de maneira recorrente, graves
e, portanto, devemos ter acesso entende que violações de direitos humanos,
a eles com qualidade e a preço cujas consequências acabam
justo. Essa noção contradiz a vi-
toda a sociedade por acentuar as já graves desi-
são dominante até os dias de ho- é atingida pelo gualdades sociais, traduzindo-
je no setor elétrico brasileiro, on-
modelo energético -se em situações de miséria e
de nossos recursos são bens do- desestruturação social, familiar
minados por multinacionais que lação internacional dos atingidos e refém do e individual”. O fato significou
visam unicamente o lucro. por barragens foi dado no Méxi- pagamento dos um grande incentivo para nos-
Nesse período, nasceu e se co: o III Encontro Internacional
altos preços sa luta, pois confirmava o que
fortaleceu a campanha “O pre- dos Atingidos por Barragens. O o MAB vivenciou e denunciou
ço da luz é um roubo”, que o MAB encontro reuniu mais de 300 de- das tarifas e desde sempre. O relatório tam-
mantém até os dias de hoje. Em legados de 60 países. Ali come- da privatização bém fortaleceu um conceito
2009, um fato importante: pela çaram as primeiras articulações mais amplo do ser “atingido”,
dos serviços.
primeira vez, fomos reconheci- latinoamericanas rumo à cons- em sintonia com as formula-
dos enquanto atingidos por um trução de um movimento conti- ções do MAB, que já entendia
presidente da República. Lula re- nental de atingidos e atingidas. que são atingidos todos aque-
conheceu que o Estado brasileiro Pouco tempo depois, no dia de barragens no Brasil. Divulga- les que sofrem modificações
tem uma dívida histórica com os 22 de novembro de 2010, a legiti- do após denúncias realizadas pe- nas condições de vida como
atingidos por barragens, e afir- midade da nossa luta atingiu um lo MAB, o documento foi fruto de consequência da implantação
mou que não terminaria seu man- novo patamar. O Conselho de De- quatro anos de estudo da comis- de usinas, sejam direta ou indi-
dato sem resolver o problema. O fesa dos Direitos da Pessoa Hu- são, e listou 16 direitos humanos retamente. Hoje, o MAB enten-
mandato acabou e nossos proble- mana (CDDPH), órgão do governo sistematicamente violados na im- de que toda a sociedade é atin-
mas permanecem, por isso, se- federal brasileiro, aprovou um re- plementação de barragens. gida pelo modelo energético e
guimos lutando. latório que identificou um padrão Segundo o CDDPH, “o pa- refém do pagamento dos altos
Em outubro de 2010, um novo de violações de direitos huma- drão vigente de implantação preços das tarifas e da privati-
passo importante rumo à articu- nos no processo de implantação de barragens tem propiciado, zação dos serviços. •
26 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 27

Anos 2010 Historicamente ligado ao setor


elétrico, a partir de 2010 o Movi-
de grandes barragens na Ama- destruindo mais de 600 quilôme-
zônia, e portanto, dar destaque tros da bacia do Rio Doce até o
mento dos Atingidos por Barra- a um debate que é fundamen- litoral do Espírito Santo.

Água e gens não fugiu à responsabilida-


de histórica e ampliou seu cam-
tal para o movimento até os dias Em 2019, enquanto a popula-
de hoje: a preservação da Ama- ção da bacia lutava (luta até hoje)
energia com po de atuação e debate. A cons- zônia como instrumento de de- para garantir uma reparação jus-

Soberania, trução de um projeto energético


popular colocou, desde sua con-
fesa da vida. No bojo dessa lu- ta, um novo crime abalou o Bra-
ta, perdemos duas companhei- sil e o mundo. Em janeiro de 2019,

Distribuição cepção, importantes desafios ras do MAB, mulheres que fo- outra barragem da Vale rompeu

da Riqueza
de articulação. ram assassinadas por estarem de forma criminosa, novamente,
Em 2010, essas articulações na linha de frente da defesa dos dessa vez em Brumadinho, tiran-

e Controle se consolidaram na Plataforma atingidos e atingidas no territó- do a vida de 272 pessoas e des-

Popular!
Operária e Camponesa da Água rio amazônico: Nicinha, em Ron- truindo a bacia do Rio Paraope-
e da Energia (POCAE), que reúne dônia, atingida pela hidrelétrica ba. Em meio à dor e a revolta, o
movimentos populares e estu- de Jirau, e Dilma Ferreira, atingi- MAB esteve desde o minuto ze-
Os crimes das dantis, de trabalhadores eletrici- da por Tucuruí. ro fortalecendo sua atuação em
mineradoras tários, petroleiros, engenheiros, “A vida acima do lucro” se ambas as bacias, prestando so-
e a luta em defesa atingidos por barragens e agri- consolidou como uma palavra de lidariedade irrestrita às vítimas e
da Amazônia cultores para dialogar e articular ordem vital para entender o pa- organizando a luta das comuni-
lutas rumo à construção de um pel do MAB, após os terríveis cri- dades por direitos.
Projeto Energético Popular para mes cometidos em Minas Gerais Ao mesmo tempo, o movi-
o Brasil. pela mineradora Vale: os casos mento liderou a denúncia nacio-
Em 2013, o 7° Encontro Na- de Mariana e Brumadinho. Em nal e internacional sobre o papel
cional do MAB, realizado em novembro de 2015, a ruptura da da empresa criminosa, e conti-
São Paulo, teve como resolução barragem de Fundão, em Maria- nua lutando pela reparação justa,
priorizar a luta dos atingidos e na, matou 19 pessoas, soterran- reassentamentos e a reparação
atingidas contra a construção do comunidades e histórias, e das condições de vida dos atingi-
28 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 29

dos e atingidas, coisas que até os 3.500 atingidos e organizações


dias de hoje nem os governos, a de 19 países. O evento definiu
empresa e nem a justiça garanti- os rumos e desafios na constru-
ram. Os crimes de Mariana e Bru- ção do Projeto Energético Po-
madinho colocaram no centro do pular. Um projeto que deve ga-
debate nacional e internacional rantir “Água e energia com so-
pautas historicamente reivindi- berania, Distribuição da Riqueza
cadas pelo MAB como os direitos e Controle Popular”. Foi assim
sociais e ambientais dos atingi- que chegamos aos primeiros 30
dos e a segurança das barragens. anos de vida do movimento, no
Em paralelo, a articulação in- ano de 2021. Enquanto isso, ain-
ternacional dos atingidos se for- da sofremos as graves consequ-
taleceu muito ao longo da déca- ências sanitárias, econômicas e Foto: Leandro Silva

da. Em 2016 foi constituído o Mo- sociais da pandemia de Covid-19,


vimiento de Afectados por Re- amplificadas radical e proposi-
presas en América Latina (MAR), talmente pela irresponsabilida-
constituído por organizações de de do governo de Jair Bolsonaro,
12 países. o pior presidente da história do
Em outubro de 2017, acon- Brasil. Derrotar o pesadelo bol-
teceu o maior encontro nacio- sonarista, tirar o nosso povo da
nal da nossa história. No Rio de miséria e da fome e reconstruir
Janeiro, durante as comemora- o Brasil com soberania, distri-
ções do centenário da Revolu- buição da riqueza e controle po-
ção Russa, o 8° Encontro Na- pular são os desafios imediatos
cional do MAB reuniu mais de e do futuro. •

Foto: Carol Ferraz/ Amigos da Terra Brasil


A força dos atingidos e atingidas 31

Foto: Marcelo Aguilar

A realidade histórica e diversos particularmente grave e encon-


Coletivo estudos provam que as mulheres tram maiores obstáculos para a

Nacional de são as grandes vítimas do mo- recomposição de seus meios e


delo capitalista, patriarcal e ma- modos de vida (...) elas, não têm,

Mulheres chista de sociedade. A situação via de regra, sido consideradas


das mulheres atingidas tem ain- em suas especificidades e difi-
da um agravante: além de sofre- culdades particulares”.

Mulheres rem as desigualdades de classe


e de gênero, precisam enfrentar
No MAB, desde sempre, as
mulheres tiveram um papel ativo

atingidas em as violações de direitos decor- e muito importante na constru-

defesa da vida!
rentes das construções ou ruptu- ção da vida da organização em
ras de barragens. No relatório do todas as regiões do Brasil. Lide-
CDDPH (2010), é possível ler: “as rando lutas, organizando as co-
mulheres são atingidas de forma munidades ou garantindo a orga-
32 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 33

nicidade das atividades, sempre Comprometido na constru-


estiveram presentes, e, com ba- ção de um feminismo popular,
se nisso, a organização foi ama- o coletivo busca contribuir na
durecendo a necessidade da luta de classes e na emancipa-
participação das mulheres tam- ção feminina. As mulheres do
bém nos espaços de decisão. As- MAB aprenderam a técnica do
sim, entre 2007 e 2010, foram bordado de Arpilleras, surgida
realizados diversos encontros como resistência à ditadura de
em diferentes regiões para fo- Pinochet no Chile (1973-1990),
mentar a participação das mu- e a ressignificaram como uma
lheres atingidas e construir en- ferramenta e metodologia po-
tendimentos e condições para pular para facilitar a auto-orga-
acelerar o protagonismo femini- nização e contribuir no fortale-
no dentro da organização. cimento do movimento. Com o
Neste caminho, um momento bordad, de forma lúdica, as mu-
muito importante foi a realização, Foto: Marcelo Aguilar lheres contam suas histórias, vi-
em abril de 2011 em Brasília, do sibilizam e denunciam as viola-
1º Encontro das Mulheres Atingi-
Comprometido ções sofridas e os desafios da
das por Barragens. O evento con- na construção e a posição do MAB contrária à luta. Hoje, muitas mulheres li-
tou com a presença de 500 mu- de um feminismo construção da barragem de Belo deram o movimento e conduzem
lheres que debateram a situação Monte que iniciava naquele perío- a luta nas diferentes regiões do
de violência e as lutas que travam
popular, o coletivo do. A partir desse encontro, ficou país. Porém, os desafios conti-
em seus territórios. Neste encon- busca contribuir evidente que era necessária a nuam enormes rumo à liberta-
tro, as mulheres do MAB foram na luta de classes construção de um Coletivo Nacio- ção feminina. As mulheres do
recebidas pela então presidenta nal de Mulheres para fortalecer a MAB seguem firmes na luta e
Dilma Rousseff, e apresentaram
e na emancipação auto-organização das mulheres reafirmam que: Mulheres, água
a ela uma pauta de reivindicações feminina dentro do movimento. e energia não são mercadorias! •
34 M A B 30 anos de lutas 35

Ciranda
do MAB
A energia do
movimento Foto: Arquivo MAB Foto: Marcelo Aguilar

A ciranda infantil é um dos es- te preocupação com as crianças possibilitar a participação ativa
paços educativos do Movimen- atingidas, evidenciada desde os das mulheres na organização.
to dos Atingidos por Barragens. anos 2000 nos documentos his- No decorrer do tempo, foi se
Surgiu para acolher as crianças tóricos, que revelam o esforço e constituindo um grupo de educa-
atingidas por barragens enquan- reflexão sobre como inseri-las dores e educadoras dedicados a
to seus pais e mães participa- nas atividades da organização. formar novos educadores e de-
vam dos afazeres políticos e or- Desde 2006, o MAB promove senvolver um trabalho pedagó-
ganizativos que fazem parte da sua ciranda nos Encontros Nacio- gico. Um processo de formação
vida do movimento. A Ciranda nais, que reúnem atingidos e atin- iniciado em 2016 resultou na for-
é viva e pulsa em cada ativida- gidas de todo o Brasil. Inicialmen- mação de 52 educadores com a
de, seja em reuniões, encontros, te, as primeiras cirandas infantis participação ativa de 100 crian-
atos, marchas ou seminários. Ao eram entendidas como um espa- ças de diferentes estados.
olhar a história das populações ço prioritariamente de cuidado, e Com isso, a Ciranda se con-
atingidas organizadas no MAB, é com essa função inicial tiveram solidou como um importan-
possível visualizar a permanen- um papel muito importante para te espaço educativo dentro do
36 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 37

movimento, não apenas como


um lugar para “deixar as crian-
Coletivo Atingid@s, O Movimento dos Atingidos por
Barragens trabalha na constru-
ças”, dando a elas alguma ocu-
LGBT diversos, e ção de uma nova sociedade alter-
pação enquanto o tempo das
atividades dos adultos ocorre.
em luta por nativa ao capitalismo. Essa socie-
dade deve considerar, respeitar e
É um espaço com uma propos- direitos e valorizar todas as pessoas e su-

uma nova
ta político-pedagógica elabo- as expressões de diversidades,
rada, organizada e executada crenças e liberdades, assim como
por diversos educadores infan-
tis populares. Mas, é importan-
sociedade a diversidade sexual. A luta con-
tra todas as formas de explora-
te dizer que não se trata ape- ção (econômica, ideológica e so-
nas de um espaço preenchido cial) e opressões (de gênero, de
por conteúdo. É também um es- raça e étnicas/regionais) encar-
paço onde as crianças são pro- nam essa transformação social.
tagonistas. Um espaço gosto- O Brasil é o país que mais dis-
so, lúdico, alegre e descontraí- crimina e mata pessoas LGBT no
do, no qual as crianças brincam, mundo. Acreditamos que a luta
aprendem, propõem, conver- pelos direitos da população LGBT
sam, se organizam, participam pela extinção dos preconceitos e
e interpretam suas realidades. as discriminações deve estar liga-
A Ciranda do MAB é a energia do da à luta da classe trabalhadora
movimento! • contra os capitalistas, que são
sustentados por uma estrutura
patriarcal e racista. O debate e a
luta são urgentes.
No MAB, as primeiras con-
Foto: Marcelo Aguilar versas que abriram a discussão
38 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 39

sobre as expressões LGBT den- coronavírus as coordenações se


tro do movimento começaram reuniram de forma virtual.
em 2016, e de lá para cá, abriram O coletivo tem construído um
espaço à criação de um coleti- amplo plano de formação e con-
vo LGBT dentro do movimento. A solidação para o próximo período
primeira plenária ampliada acon- com o objetivo de incorporar nos
teceu no 8º Encontro Nacional do debates do movimento as iden-
MAB, em 2017, e no ano seguinte tidades de gênero e diversidade
foi realizada a Primeira Reunião sexual. Alguns dos principais de-
Nacional do Coletivo LGBT, em safios são: o aprofundamento no
Belo Horizonte. Depois desta data, tema da diversidade sexual sob
ocorreram diversas reuniões em a ótica da classe trabalhadora e
Foto: Marcelo Aguilar diferentes estados, e a partir de do marxismo, buscar um salto de
2020, por conta da pandemia de qualidade na organicidade do co-
letivo para abarcar a diversidade
das pessoas, discutir esse tema
com toda a organização e contri-
buir com mais qualidade na im-
plementação da estratégia do
MAB, fortalecendo diálogos e la-
ços que possibilitem avançar nes-
tas questões de forma conjunta e
orgânica. Somos atingid@s, so-
mos diversidade, na luta por justi-
ça e por uma nova sociedade! •

Foto: Vanessa Pasos


40 M A B 30 anos de lutas A força dos atingidos e atingidas 41

¡Que se que as ações do capital frente ao


tema da água e a energia no con-

levante tinente obedecem a uma política

el pueblo
planejada de apropriação e con-
trole dos recursos naturais es-

latinoame-
tratégicos, como forma de acu-
mulação e concentração das ri-

ricano! quezas. Pessoas de realidades e


países diferentes enfrentam ata-
ques e estratégias similares por
parte das empresas. Para resistir,
então, é preciso se organizar e
Foto: Viviana Rojas As iniciativas de luta e organiza- articular essas diferentes experi-
ção das populações afetadas pela ências de luta. Assim, a primeira
construção de barragens em todo declaração de intenções para a
o continente americano trouxe a construção do que hoje é o Movi-

Movimiento necessidade de criar espaços de miento de Afectados por Repre-


articulação e intercâmbio de expe- sas en América Latina (MAR) é

de Afectados riências. Mesmo com articulações


internacionais prévias, que datam
de 2011 e o definia o movimento
a ser construído como “um for-
por Represas do início da década de 2000, os di- te movimento popular de mas-
álogos que deram início à constru- sas, latino-americano, com rea-
en América ção de um movimento latinoameri- lidades e rostos regionais, que

Latina (MAR) cano começam em 2010. responda às necessidades con-


A análise das realidades e ex- cretas e específicas dos grupos
periências nos diferentes países atingidos, direta ou indiretamen-
da América Latina permitiram ver te, pelo modelo energético”.
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Após diversos espaços de


construção coletiva, e processos
países, com representantes tam-
bém da África e da Europa, foi a
Plataforma Operária
de formação, o MAR foi lançado incorporação de organizações
ao público em setembro de 2016, dos Estados Unidos e do Cana-
e Camponesa da
em Chapecó (SC) como um movi- dá ao MAR. Hoje, o movimento
mento constituído por organiza- reúne 19 países das Américas. E
Água e da Energia
ções de 12 países. Na declaração continua sendo um movimento
de constituição, o MAR se com- em construção, que avança e se
promete com a construção de um constitui respeitando as diversas
Por um projeto
Projeto Energético Popular, que formas organizativas e as ricas Energético Popular
para o Brasil!
tenha como eixo central o povo. histórias de luta e resistência ao
Esse projeto tem como priorida- longo de todo o continente. •
de colocar a energia a serviço das
necessidades reais dos países e
das comunidades e não das em- A produção da energia que mo- uma articulação nacional, a plata-
presas do grande capital, e busca ve um país envolve diversos se- forma é composta por organiza-
acabar com a violação de direitos tores da classe trabalhadora. ções que representam trabalha-
das comunidades e o empobreci- Para construir um rojeto Ener- dores e trabalhadoras das áreas
mento da população por meio das gético Popular que acompanhe de energia e petróleo, envolvendo
tarifas de energia. a construção do Projeto Popular categorias como a petroleira, ele-
O acúmulo histórico da orga- para o Brasil era preciso reunir e tricitária, e reunindo engenheiros,
nização teve um momento histó- organizar esses diferentes seto- operários das obras, atingidos por
rico no Primeiro Encontro Con- res, e foi com esse objetivo que barragens, camponeses envolvi-
tinental, organizado no Pana- nasceu em 2010 a Plataforma dos com o tema da energia, traba-
má em setembro de 2019. Uma Operária e Camponesa da Água lhadores e trabalhadoras da edu-
das decisões históricas daquele e da Energia (POCAE). cação e organizações de juventu-
evento, no qual participaram 21 Nascida e desenvolvida como de e estudantes.
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O objetivo é construir um Capitalismo Contemporâneo”, A Plataforma integra a Fren- dade, como distribuição e venda
campo político de alianças que o curso já formou mais de 200 te Brasil Popular (FBP), e como tal, a preço justo de gás de cozinha e
pense estrategicamente a ques- especialistas, pertencentes a desde o início da pandemia, apre- distribuição de alimentos. A Plata-
tão da energia no Brasil, de for- organizações sociais brasilei- sentou uma série de propostas forma continua na luta por um no-
ma articulada com os temas da ras e internacionais parceiras. na área da energia, petróleo e ali- vo modelo energético, construído
educação, saúde e os direitos do Com esse conhecimento da re- mentos que poderiam amenizar a pelo povo e a serviço do povo. •
povo brasileiro. Estudando e co- alidade concreta, por meio da situação do povo ao longo da gra-
nhecendo a realidade energéti- experiência histórica dos dife- ve crise social e econômica. Suas
ca, a plataforma constrói de for- rentes atores do setor e os sé- organizações também articularam
ma conjunta e coletiva lutas com rios e aprofundados estudos, a diversas iniciativas de solidarie-
pontos de unidade que permi- articulação constrói as bases
tam melhorar a política energé- do Projeto Energético Popular. Foto: Viviana Rojas

tica nacional e discutir propos- Essa articulação é um projeto


tas para a construção da transi- de desenvolvimento e soberania
ção energética, rumo ao projeto nacional, com justa distribuição
energético popular. da riqueza e controle popular
Nesse sentido, a plataforma da energia. Portanto, as lutas
tem estimulado processos de que a plataforma tem travado
formação política unitária com nos últimos anos estão focadas
todas as categorias que a com- no combate incansável contra
põem, e fortalecendo um es- as privatizações que estão em
paço que o MAB já organizava pauta no último período, como a
desde 2008 em parceria com a da Eletrobrás e Petrobrás; e na
Universidade Federal do Rio de luta contra os preços abusivos
Janeiro (UFRJ), o curso de es- das tarifas (água e luz) e servi-
pecialização em energia. Intitu- ços elementares como gás de
lado “Energia e Sociedade no cozinha e combustíveis.
Foto: Joka Madruga

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