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SOBRE O AUTOR
SUMÁRIO
Ponto 1 – Arts. 1º e 2º
Art. 1º Esta Lei disciplina o processo e o julgamento dos mandados de injunção
individual e coletivo, nos termos do inciso LXXI do art. 5º da Constituição Federal.
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as
normas editadas pelo órgão legislador competente.
1.1. Introdução
que o art. 5º, LXXI, da CF era uma norma autoaplicável, que não precisaria de
regulamentação (MI 107-QO, Rel. Min. Moreira Alves, j. 23-11-1989, DJ de 21-9-1990).
A Lei nº 13.300/2016 representou um grande avanço por trazer um
procedimento que está de acordo com a natureza específica do Mandado de Injunção.
Além disso, houve a consolidação de diversos entendimentos já adotados pelo Supremo
Tribunal Federal.
Por fim, é importante mencionar que, diferentemente do Mandado de Segurança,
o Mandado de Injunção não deve ser classificado em preventivo ou repressivo. Isso
porque, segundo o STF, o reconhecimento da falta de regulamentação de uma norma
constitucional resulta, invariavelmente, na inviabilização do exercício do direito do
impetrante (MI 5.432-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 17-10-2013, DJe de 18-11-2013).
de editar norma sobre a matéria. Portanto, conforme afirmado pelo STF, somente será
cabível o Mandado de Injunção se houver uma correlação entre a imposição
constitucional de legislar, de um lado, e a existência de um direito público subjetivo à
legislação, de outro (MI 5.470-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, j. 29-10-2014, DJe de 20-
11-2014).
A ausência da norma regulamentadora que permite a impetração do Mandado de
Injunção pode ser total ou parcial. A omissão parcial existirá sempre que exista alguma
regulamentação infraconstitucional, mas que seja insuficiente para viabilizar o direito
subjetivo que o impetrante pretende exercer, nos termos do art. 2º, parágrafo único, da
Lei nº 13.300/2016.
Ademais, para que o Mandado de Injunção seja cabível, é necessário que a
omissão esteja relacionada a alguma norma constitucional de eficácia limitada, as quais
dependem da atuação do legislador infraconstitucional para a produção de efeitos. Dessa
forma, não será cabível a ação para questionar a ausência de leis regulamentando
dispositivos constitucionais autoaplicáveis ou mesmo de eficácia contida.
IV- Quando houver um dever de legislar sobre a matéria, mas que decorra de uma
norma infraconstitucional;
V- Quando a ação objetivar apenas a declaração de inconstitucionalidade por
omissão, sem que haja um direito subjetivo do impetrante a ser resguardado;
VI- Quando o objetivo da ação for questionar a efetividade da norma
regulamentadora de um direito;
VII- Quando o objetivo da ação for exigir o cumprimento de lei regulamentadora
de dispostivo constitucional;
VIII- Quando o autor da ação pretender sanar a lacuna normativa do período
pretérito à edição da lei regulamentadora;
IX- Quando a ação decorrer de mera insatisfação do autor em relação à norma
regulamentadora;
X- Quando for necessário o exame do quadro fático para saber se a parte
impetrante preenche os requisitos necessários para o exercício de um direito;
XI- Quando a ação objetivar a impugnação de uma decisão judicial;
XII- Quando a ação envolver controvérsias advindas do exercício do direito
viabilizado por decisão de mandado de injunção;
XIII- Quando a ação tiver como objeto a realização da revisão geral anual
prevista no art. 37, X, da CF;
XIV- Quando o impetrante pretender o reconhecimento da periculosidade
inerente a determinada atividade para fins de viabilizar o exercício de direito à
aposentadoria especial;
* Observação: o STF já afirmou ser possível o reconhecimendo da mora
legislativa em relação à regulamentação da aposentadoria especial de servidores que
exercem atividade de risco nos casos em que a periculosidade seja inerente ao cargo.
XV- Quando o impetrante pretender o reconhecimento de omissão em relação à
criação de entidades de classe para a regulamentação de profissões, com base no art. 5º,
XIII, da CF, uma vez que não há qualquer direito subjetivo sendo inviabilizado;
Vale ressaltar que o recurso ordinário será cabível apenas contra a decisão do
Plenário do Tribunal Superior, não podendo ser interposto em face de decisões
monocráticas (MI 1.644-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 24-4-2013, DJe de 27-5-2013).
Ponto 2 – Art. 3º
O polo passivo do Mandado de Injunção deve ser ocupado pelo Poder, órgão ou
autoridade que tenha atribuição para elaborar a norma infraconstitucional que
regulamente dispositivo da Constituição, de acordo com o art. 3º da Lei nº 13.300/2016.
Caso a norma seja de iniciativa privativa do Presidente da República, terá ele
legitimidade passiva para a ação. É o caso, por exemplo, de Mandados de Injunção
envolvendo normas previdenciárias de servidores públicos. Apesar de haver
competência legislativa concorrente para a matéria, cabe à União legislar sobre as normas
gerais, mediante iniciativa do Presidente, de modo que a ele caberá figurar no polo
passivo da demanda, e não o Governador do Estado dos servidores impetrantes (ARE
685002-AgR-segundo, Rel. Min. Rosa Weber, j. 25-6-2014, DJe de 19-8-2014).
É importante ressaltar que a legitimidade passiva para o Mandado de Injunção
não é conferida às pessoas privadas, sejam elas naturais ou jurídicas. Isso porque o único
objetivo da ação é corrigir uma lacuna normativa decorrente de uma omissão estatal, de
modo que os particulares não podem agir nesse sentido. Logo, apenas a autoridade,
órgão ou entidade que tenha o dever de regulamentar a norma constitucional dispõe de
legitimidade passiva (MI 4.142-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 18-12-2013, DJe de 18-2-
2014).
No que tange à formação de litisconsórcio passivo no Mandado de Injunção, o
STF entende que não é necessária a citação de outras pessoas, ao lado da autoridade
competente para a elaboração da norma regulamentadora, sejam elas naturais ou
jurídicas, particulares ou públicas (MI 345-AgR, Rel. Min. Octavio Galotti, j. 6-11-1991,
DJ de 13-12-1991).
Art. 4º A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual
e indicará, além do órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que
está vinculado.
§ 1º Quando não for transmitida por meio eletrônico, a petição inicial e os documentos
que a instruem serão acompanhados de tantas vias quantos forem os impetrados.
§ 2º Quando o documento necessário à prova do alegado encontrar-se em repartição ou
estabelecimento público, em poder de autoridade ou de terceiro, havendo recusa em
fornecê-lo por certidão, no original, ou em cópia autêntica, será ordenada, a pedido do
impetrante, a exibição do documento no prazo de 10 (dez) dias, devendo, nesse caso,
ser juntada cópia à segunda via da petição.
§ 3º Se a recusa em fornecer o documento for do impetrado, a ordem será feita no
próprio instrumento da notificação.
Art. 6º A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for
manifestamente incabível ou manifestamente improcedente.
Parágrafo único. Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em
Art. 7º Findo o prazo para apresentação das informações, será ouvido o Ministério
Público, que opinará em 10 (dez) dias, após o que, com ou sem parecer, os autos serão
conclusos para decisão.
Amorim Assumpção Neves (2017, p. 141), o manifesto não cabimento da ação resultará
na extinção sem resolução de mérito, no entanto, a manifesta improcedência configura
uma decisão liminar de mérito, semelhante àquela prevista no art. 332 do CPC.
O art. 6º, parágrafo único, da Lei nº 13.300/2016 prevê o cabimento da
interposição de agravo em face da decisão do relator que indeferir a petição inicial do
Mandado de Injunção. O dispositivo prevê o prazo de 5 dias para a interposição desse
recursos.
Apesar de o art. 1.070 do CPC determinar que o prazo para a interposição de
qualquer agravo seja de 15 dias, esse prazo não é aplicável ao procedimento do Mandado
de Injunção. Isso porque, conforme afirmado pelo STF, a Lei nº 13.300/2016 é especial
e posterior ao CPC/2015. Portanto, o prazo de 5 dias para a interposição do agravo
contra a decisão de indeferimento da petição inicial prevalece no âmbito do Mandado de
Injunção (MI 6730-AgR, Rel. Min. Alexandre de Moraes, j. 16-3-2018, DJe de 27-3-
2018).
Ministério Público no Mandado de Injunção não seria causa de nulidade (MI 1.339-AgR,
Rel. Min. Celso de Mello, j. 13-6-2012, DJe 1º-10-2012).
Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, caberá agravo, em 5 dias, para
o órgão colegiado competente para o julgamento da impetração.
Uma vez recebida a petição inicial do Mandado de Injunção, o impetrado será
notificado para apresentar informações, no prazo de 10 dias. Além disso, será
dada ciência do ajuizamento da ação ao órgão de representação judicial da pessoa
jurídica interessada, que poderá manifestar-se no feito. Vencido o prazo das
informações, o Ministério Público terá a oportunidade de apresentar
manifestação, no prazo de 10 dias, na condição de fiscal do ordenamento jurídico.
Caso a manifestação não seja apresentada no prazo, os autos serão conclusos para
decisão.
Ponto 4 – Art. 8º
Ponto 5 – Art. 9º
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o
advento da norma regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for
inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto
da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos
análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da
impetração fundada em outros elementos probatórios.
Ponto 6 – Art. 10
Art. 10. Sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a pedido de
qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das circunstâncias de
fato ou de direito.
Parágrafo único. A ação de revisão observará, no que couber, o procedimento
estabelecido nesta Lei.
Ponto 7 – Art. 11
mérito por perda superveniente do objeto, conforme já entendia o STF (MI 6.858-AgR,
Rel. Min. Edson Fachin, j. 15-6-2018, DJe de 1º-8-2018). Conforme já mencionado, o
Mandado de Injunção não é cabível se o objetivo for sanar lacuna normativa relativa ao
período pretérito à edição da lei regulamentadora (MI 3.709-AgR, Rel. Min. Roberto
Barroso, 11-12-2014).
Ponto 8 – Art. 12
Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente
às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos
pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º do art. 9º.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação
aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não
requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da
ciência comprovada da impetração coletiva.
de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a
parte contrária por uma relação jurídica base.
Não há previsão de cabimento de Mandado de Injunção Coletivo para a defesa de
Direitos Individuais Homogêneos.
O mandado de injunção coletivo pode ser promovido: I - pelo Ministério Público,
quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais
indisponíveis; II - por partido político com representação no Congresso Nacional,
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária; III - por organização
sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou
associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades,
dispensada, para tanto, autorização especial; e IV - pela Defensoria Pública,
quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados,
na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às
pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria
substituídos pelo impetrante. Entretanto, pode ser conferida eficácia ultra partes
ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício
do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
Uma vez julgado o Mandado de Injunção Coletivo, será possível a extensão dos
efeitos da decisão aos Mandados de Injunção análogos, por decisão monocrática
do relator.
Bibliografia:
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Ações constitucionais: volume único – 3. ed. rev.,
atual. e ampl. - Salvador: Ed. Juspodivm, 2017.
NOVELINO, Marcelo. Curso de direito constitucional – 12. ed. rev., ampl. e atual. -
Salvador: Ed.