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Aula 09

Direito Empresarial p/ OAB 1ª Fase XXIV Exame - Com videoaulas

Professor: Paulo Guimarães

13297049677 - Carine Vieira Marques


DIREITO EMPRESARIAL Ð PGE-SE
Teoria e Quest›es
Aula 09Ð Prof. Paulo Guimar‹es

AULA 09
PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Sum‡rio
Sum‡rio ................................................................................................. 1
1 Ð Considera•›es Iniciais......................................................................... 3
2 Ð Introdu•‹o. Direito de Propriedade Intelectual X Direito de Propriedade
Industrial ............................................................................................... 3
2.1. Introdu•‹o .................................................................................... 3
2.2. Aspectos hist—ricos ......................................................................... 4
3 Ð Disposi•›es constitucionais .................................................................. 4
4 Ð A Lei n. 9.279/1996 Ð Lei de Propriedade Industrial ................................ 5
5 Ð Instituto Nacional da Propriedade Intelectual Ð INPI................................ 7
6 Ð Patentes ........................................................................................... 8
6.1. Defini•›es b‡sicas .......................................................................... 8
6.2. Requisitos e patenteabilidade ........................................................... 9
6.3. Pedido de patente .........................................................................12
6.4. An‡lise dos requisitos ....................................................................15
6.5. Concess‹o da patente ....................................................................17
6.6. Vig•ncia da patente .......................................................................18
6.7. Prote•‹o conferida pela patente ......................................................18
6.8. Nulidade da patente ......................................................................20
6.9. Cess‹o de patente .........................................................................21
6.10. Licenciamento de patente .............................................................22
6.11. Patente de interesse da defesa nacional..........................................26
6.12. Retribui•‹o anual.........................................................................26
6.13. Extin•‹o da patente .....................................................................27
6.14. Adi•‹o de inven•‹o ......................................................................27
6.15. Patentes pipeline .........................................................................28
7 Ð Desenho Industrial ............................................................................29
7.1. Conceito de desenho industrial ........................................................29
7.2. Requisitos de registrabilidade..........................................................29
7.3. Procedimento de registro................................................................30

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7.4. Concess‹o do registro ....................................................................31


7.5. Vig•ncia do registro .......................................................................31
7.6. Nulidade do registro ......................................................................32
7.7. Retribui•‹o quinquenal ...................................................................33
7.8. Extin•‹o do registro .......................................................................33
8 Ð Marca ..............................................................................................34
8.1. Conceitos b‡sicos ..........................................................................34
8.2. Limita•›es de registro ....................................................................35
8.3. Nome de dom’nio ..........................................................................41
8.4. EspŽcies de marca .........................................................................42
8.5. Registro de marca .........................................................................44
8.6. Princ’pio da especialidade ou especificidade ......................................46
8.7. Marca de alto renome ....................................................................48
8.8. Uso indevido de marca registrada ....................................................49
8.9. Cess‹o e licenciamento do registro de marca ....................................50
8.10. Nulidade do registro de marca .......................................................50
8.11. Extin•‹o do registro de marca .......................................................51
9 Ð Indica•›es Geogr‡ficas ......................................................................54
10 Ð Trade Dress (conjunto-imagem) ........................................................56
11 Ð Quest›es........................................................................................57
11.1. Quest›es sem Coment‡rios ...........................................................57
11.2. Gabarito .....................................................................................67
11.3. Quest›es comentadas ..................................................................68
12 Ð Resumo da Aula ..............................................................................91
13 Ð Jurisprud•ncia Aplic‡vel ...................................................................95
14 Ð Considera•›es Finais...................................................................... 104

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1 Ð Considera•›es Iniciais
Ol‡, futuro advogado!
Hoje estudaremos a propriedade intelectual. ƒ um tema que n‹o aparece com
tanta frequ•ncia provas, mas tem sido cada vez mais cobrado nos œltimos anos.
N‹o s‹o termos complicados, mas voc• precisar‡ dar uma aten•‹o especial a este
assunto para compreender todas as nuances desse interessante ramo da ci•ncia
jur’dica. No final da aula, como de costume, teremos quest›es que o ajudar‹o a
solidificar os seus conhecimentos.
Bons estudos!

2 Ð Introdu•‹o. Direito de Propriedade Intelectual X


Direito de Propriedade Industrial
2.1. Introdu•‹o
O empres‡rio, seja ele empres‡rio individual ou sociedade empres‡ria, precisar‡
organizar um complexo de bens que servir‹o para o desempenho de sua
atividade. Esse complexo de bens, como voc• j‡ sabe, Ž chamado pelos
doutrinadores de estabelecimento comercial. Importante mencionar, contudo,
que o complexo de bens n‹o envolve apenas objetos corp—reos, mas tambŽm
bens e materiais, que muitas vezes s‹o atŽ mais importantes que os bens f’sicos.
Tamanha import‰ncia desses bens materiais que ordenamento jur’dico os confere
prote•‹o especial. Da’ surgiu o chamado direito de propriedade industrial, que se
presta a proteger bens materiais, a exemplo das marcas e desenhos industriais,
alŽm das inven•›es e modelos de utilidade.
Alguns autores gastam p‡ginas e p‡ginas de suas obras tentando classificar
tecnicamente o direito de propriedade industrial na qualidade de sub-ramo do
direito empresarial. Particularmente, n‹o considero esse esfor•o muito œtil. Na
minha modesta opini‹o, a œnica discuss‹o que realmente importa diz respeito ˆ
nomenclatura adotada por esse sub-ramo.
Podemos dizer que, segundo a maior parte da doutrina, o direito de
propriedade industrial espŽcie do direito de propriedade intelectual1,
g•nero que tambŽm incluiria o direito autoral, outros regimes de prote•‹o de
bens imateriais, e, segundo parte da doutrina, tambŽm o direito antitruste.
O regime jur’dico adotado depende da natureza do bem imaterial a ser protegido.
A propriedade industrial dever‡ abarcar as inven•›es e as marcas, por exemplo,
que certamente correspondem a obras do g•nio humano. Por outro lado, uma

1
Esse entendimento Ž adotado por diversos doutrinadores, entre eles AndrŽ Luiz Santa Cruz
Ramos e Edilson Enedino das Chagas.

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composi•‹o musical, um romance ou um programa de computador tambŽm s‹o


express›es da imagina•‹o e da criatividade, mas devem ser protegidas pelo
regime do direito autoral.
A diferencia•‹o entre esses regimes ser‡ estudada por n—s ao longo da aula de
hoje, mas desde j‡ voc• deve saber que o direito autoral protege a obra em
si, enquanto o direito de propriedade industrial protege na tŽcnica.

2.2. Aspectos hist—ricos


Aquela cidade humana obviamente sempre existiu, mas apontamos na Revolu•‹o
Industrial o marco hist—rico a partir do qual ficou clara a realidade de que a
cria•‹o Ž grande instrumento de poder e riqueza.
O primeiro caso conhecido de prote•‹o ao inventor, todavia, muito anterior a
isso. Em 1236, na cidade de Bordeaux, na Fran•a, foi concedido ˆ Bonafasus de
Sancta e Companhia o direito de explorar com exclusividade, pelo per’odo de 15
anos, o mŽtodo flamengo de tecer e tingir tecidos de l‹. Esse privilŽgio, porŽm,
tal como outros concedidos ainda na Idade MŽdia, n‹o passavam da aplica•‹o de
critŽrios pol’ticos de conveni•ncia e oportunidade. N‹o havia ainda um regime
jur’dico institu’do e aplic‡vel ˆ prote•‹o das inven•›es.
As mudan•as de cen‡rio come•am a surgir com as codifica•›es de patentes de
Veneza (1474) e da Inglaterra (o statute of monopolies, de 1623/1624), que
introduziram alguns princ’pios b‡sicos atŽ hoje observados no regime de
propriedade industrial.
O assunto, porŽm, somente ganhou corpo depois da Revolu•‹o Industrial. Em
1883 ocorreu a Conven•‹o de Paris, ocasi‹o em que diversas na•›es se reuniram
para analisar e uniformizar o sistema internacional de prote•‹o ˆ propriedade
industrial. O Brasil, diga-se de passagem, foi um dos pa’ses fundadores da
Conven•‹o de Paris, tendo sempre assumido posi•‹o de vanguarda no assunto.

3 Ð Disposi•›es constitucionais
Quase todas as concep•›es brasileiras, ao logo da hist—ria, concederam privilŽgio
ao inventor para explora•‹o de seus inventos. A Constitui•‹o Federal de 1988
trata da propriedade industrial na parte dos direitos e garantias individuais.

Art. 5¼ Todos s‹o iguais perante a lei, sem distin•‹o de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa’s a inviolabilidade do direito ˆ vida, ˆ
liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXIX - a lei assegurar‡ aos autores de inventos industriais privilŽgio tempor‡rio para sua
utiliza•‹o, bem como prote•‹o ˆs cria•›es industriais, ˆ propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnol—gico e econ™mico do Pa’s;

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Importante mencionar tambŽm que desde 1994 o Brasil Ž signat‡rio do acordo


conhecido como TRIPS, ou, em portugu•s, Acordo Relativo aos Aspectos do
Direito da Propriedade Intelectual Relacionados com ComŽrcio (ADPIC).
Aplica•‹o desse acordo j‡ gerou interessante pol•mica na jurisprud•ncia
nacional. Isso porque o texto do Acordo TRIPS prev• a posterga•‹o da sua
vig•ncia por cinco anos nos pa’ses em desenvolvimento, a exemplo do Brasil.
Os primeiros casos julgados a respeito do assunto, porŽm o Superior Tribunal de
Justi•a teve entendimento diferente. Segundo o Tribunal, a aplica•‹o do acordo
deveria ser imediata, j‡ que o Brasil n‹o havia manifestado expressamente a
ades‹o ˆ cl‡usula que previa A posterga•‹o da vig•ncia do acordo. Devemos
salientar, porŽm, que posteriormente o STJ alterou seu entendimento, adotando
posicionamento no sentido de que a posterga•‹o da vig•ncia do acordo seria
v‡lida para o Brasil independentemente de ades‹o expressa ˆ cl‡usula do TRIPS.

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. PRORROGA‚ÌO DO PRAZO DE


PATENTE CONCEDIDA NOS TERMOS DA LEI N. 5772/71 POR MAIS CINCO ANOS.
ACORDO TRIPS. VIGæNCIA NO BRASIL.
I - O Acordo Internacional TRIPS - inserido no ordenamento jur’dico brasileiro pelo Decreto
n. 1.355/94 -, na parte que prev• a prorroga•‹o do prazo de patente de 15 anos - nos
termos da Lei n. 5.772/71 - para 20 anos, n‹o tem aplica•‹o imediata, ficando submetida
a observ‰ncia de suas normas a pelo menos duas restri•›es, em se tratando de pa’ses em
desenvolvimento, como o caso do Brasil: a) prazo geral de um ano, a contar do in’cio da
vig•ncia do Acordo no pa’s (art. 65.1); b) prazo especial de mais quatro anos para os pa’ses
em desenvolvimento (art. 65.2), alŽm do prazo geral.
II - A aus•ncia de manifesta•‹o legislativa expressa, no sentido de postergar a vig•ncia do
Acordo no plano do direito interno por mais cinco anos (na modalidade 1 + 4), n‹o pode
ser interpretada como renœncia ˆ faculdade oferecida pelo art. 65 ˆs na•›es em
desenvolvimento, uma vez que n‹o havia nenhum dispositivo obrigando o pa’s a declarar
sua op•‹o pelo prazo de transi•‹o. Precedente: REsp 960.728/RJ, Rel». Min». NANCY
ANDRIGHI, DJ 17.3.09. Recurso Especial provido.
REsp 806.147/RJ, Rel. Min. Sidnei Benetti, 3a Turma, j. 15.12.2009, DJe 18.12.2009.

4 Ð A Lei n. 9.279/1996 Ð Lei de Propriedade


Industrial
Atualmente a Lei n. 9.279/1996 regula os direitos e obriga•›es relativos ˆ
propriedade industrial no Brasil. Se escopo Ž declarado logo nos primeiros
dispositivos.

Art. 2¼ A prote•‹o dos direitos relativos ˆ propriedade industrial, considerado o seu


interesse social e o desenvolvimento tecnol—gico e econ™mico do Pa’s, efetua-se mediante:
I - concess‹o de patentes de inven•‹o e de modelo de utilidade;
II - concess‹o de registro de desenho industrial;
III - concess‹o de registro de marca;

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IV - repress‹o ˆs falsas indica•›es geogr‡ficas; e


V - repress‹o ˆ concorr•ncia desleal.

Podemos dizer, portanto que s‹o quatro os bens protegidos pelo direito de
propriedade industrial: a inven•‹o e o modelo de utilidade (protegidos mediante
patente), e a marca e o desenho industrial (protegidos por meio de registro).
AlŽm disso, o direito de propriedade industrial tambŽm reprime as falsas
indica•›es geogr‡ficas e a concorr•ncia desleal.

De inven•‹o
Patente
De modelo de utilidade

Concess‹o de

De marca
Registro
De desenho industrial

PROTE‚ÌO Ë PROPRIEDADE
INDUSTRIAL Repress‹o ˆs falsas
indica•›es geogr‡ficas

Repress‹o ˆ concorr•ncia
desleal

Como o Brasil Ž signat‡rio tanto do TRIPS quanto da Conven•‹o da Uni‹o de


Paris, Ž comum dizer que somos um pa’s unionista no que se refere ao direito
de prote•‹o industrial. A Lei n. 9.279/1996 obedece justamente aos preceitos
desses dois acordos internacionais.

Art. 3¼ Aplica-se tambŽm o disposto nesta Lei:


I - ao pedido de patente ou de registro proveniente do exterior e depositado no Pa’s por
quem tenha prote•‹o assegurada por tratado ou conven•‹o em vigor no Brasil; e
II - aos nacionais ou pessoas domiciliadas em pa’s que assegure aos brasileiros ou pessoas
domiciliadas no Brasil a reciprocidade de direitos iguais ou equivalentes.

O art. 3o adota no ordenamento brasileiro ou os princ’pios da prioridade da


assimila•‹o.
AlŽm disso, a lei classifica os direitos de propriedade industrial como bens m—veis,
nos termos de seu art. 5o.

Art. 5¼ Consideram-se bens m—veis, para os efeitos legais, os direitos de propriedade


industrial.

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5 Ð Instituto Nacional da Propriedade Intelectual Ð


INPI
O INPI Ž uma autarquia federal, vinculada ao MinistŽrio da Indœstria, ComŽrcio
Exterior de Servi•os (MDIC), que tem por atribui•‹o a concess‹o de privilŽgios e
garantias aos inventores e criadores.
Como estamos falando de uma autarquia federal, as decis›es do INPI podem ser
revistas pelo Poder Judici‡rio. Nesse sentido, o STJ entende que as a•›es
ajuizadas contra o INPI devem correr perante a Justi•a Federal, no foro do Rio
de Janeiro, onde fica localizada a sede do Instituto. Por outro lado, o STJ tambŽm
entende que quando houver litiscons—rcio passivo (mais de um rŽu) a a•‹o pode
ser proposta no Rio de Janeiro ou no domic’lio do outro rŽu.

Processual civil. Recurso especial. A•‹o na qual o INPI figura como parte. Foro competente
para julgamento. O foro competente para julgamento de a•‹o em que o INPI figure como
parte Ž o de sua sede, a princ’pio. Contudo, o C—digo de Processo Civil faculta que o autor
ajuize a a•‹o no foro do domic’lio do outro demandado na hip—tese de pluralidade de rŽus,
se assim preferir. Intelig•ncia do art. 94, ¤ 4.¼, do CPC.
REsp 346.628/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 13.11.2001, DJ 04.02.2002, p.
355.

O INPI Ž uma autarquia federal, vinculada ao


MinistŽrio da Indœstria, ComŽrcio Exterior de
Servi•os (MDIC), que tem por atribui•‹o a
concess‹o de privilŽgios e garantias aos inventores e criadores. O STJ entende
que as a•›es ajuizadas contra o INPI devem correr perante a Justi•a Federal, no
foro do Rio de Janeiro, onde fica localizada a sede do Instituto. Por outro lado, o
STJ tambŽm entende que quando houver litiscons—rcio passivo (mais de um rŽu)
a a•‹o pode ser proposta no Rio de Janeiro ou no domic’lio do outro rŽu.

Esse entendimento acerca da compet•ncia da Justi•a Federal do Rio de Janeiro,


porŽm, n‹o se aplica aos lit’gios entre particulares em raz‹o de registro junto ao
INPI, j‡ que nestes casos a autarquia n‹o Ž parte, e por isso a compet•ncia Ž,
em regra, da Justi•a Comum Estadual.
Outro aspecto jurisprudencial que deve ser mencionado Ž a controvŽrsia, dentro
do pr—prio STJ, acerca da possibilidade de o ju’zo estadual declarar
incidentalmente a nulidade de patente ou registo de marca ou desenho industrial.
O entendimento da 4a Turma Ž no sentido de que isso seria poss’vel, mas h‡
julgados mais recentes da 3a Turma no sentido de que a parte interessada
precisaria propor a•‹o anulat—ria pr—pria perante a Justi•a Federal.

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6 Ð Patentes
A patente, instrumentalizada pela chamada carta-patente, Ž o instrumento
jur’dico de prote•‹o da inven•‹o e do modelo de utilidade.

6.1. Defini•›es b‡sicas


A inven•‹o Ž um ato original, fruto da criatividade humana. Segundo as regras
da Lei de Propriedade Industrial, a inven•‹o ser‡ patente‡vel desde que atenda
aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplica•‹o industrial.
O modelo de utilidade, por sua vez, tem defini•‹o legal, no art. 9o da lei.

Art. 9¼ ƒ patente‡vel como modelo de utilidade o objeto de uso pr‡tico, ou parte deste,
suscet’vel de aplica•‹o industrial, que apresente nova forma ou disposi•‹o, envolvendo ato
inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabrica•‹o.

Alguns autores dizem que o modelo de utilidade seria uma mini-inven•‹o ou


pequena-inven•‹o, enquanto Edilson Enedino das Chagas o chama de Òinven•‹o
melhoradaÓ, dando como exemplo as novas tecnologias e carros elŽtricos e
h’bridos, que melhoram os autom—veis, tradicionalmente movidos a combust‹o,
mas que n‹o representam exatamente um novo invento.
Utilizando exemplos patenteados, podemos citar a cadeira de rodas vertical,
utilizada para locomo•‹o de pessoas com defici•ncia que n‹o devam ficar
sentadas, bem como o lacre para conservantes, muito comum em recipientes
de tampa met‡lica, em que temos uma pe•a que Ž removida, geralmente no meio
da tampa, que alivia a press‹o interna e facilita a abertura da embalagem.

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Por outro lado, o art. 10 da Lei de Propriedade Industrial determina o que n‹o
pode ser considerado como modelo de utilidade.

Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:


I - descobertas, teorias cient’ficas e mŽtodos matem‡ticos;
II - concep•›es puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princ’pios ou mŽtodos comerciais, cont‡beis, financeiros,
educativos, publicit‡rios, de sorteio e de fiscaliza•‹o;
IV - as obras liter‡rias, arquitet™nicas, art’sticas e cient’ficas ou qualquer cria•‹o estŽtica;
V - programas de computador em si;
VI - apresenta•‹o de informa•›es;
VII - regras de jogo;
VIII - tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como mŽtodos terap•uticos ou de
diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biol—gicos encontrados na natureza,
ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural
e os processos biol—gicos naturais.

6.2. Requisitos e patenteabilidade


Para que o autor de uma inven•‹o ou modelo de utilidade possa obter prote•‹o
por meio da patente, Ž necess‡rio demonstrar o preenchimento dos requisitos de
patenteabilidade: novidade, atividade inventiva, aplica•‹o industrial (ou
industriabilidade) e licitude (ou desimpedimento).

Art. 11. A inven•‹o e o modelo de utilidade s‹o considerados novos quando n‹o
compreendidos no estado da tŽcnica.

O estado da tŽcnica Ž tudo que est‡ acess’vel ao pœblico antes da data de dep—sito
do pedido de patente, por descri•‹o escrita ou oral, por uso ou qualquer outro
meio, no Brasil ou no exterior. O requisito da novidade, portanto, ser‡
preenchido quando a inven•‹o ou modelo de utilidade for algo desconhecido atŽ
mesmo para a comunidade cient’fica especializada.
A atividade inventiva, aqui descrita como um outro requisito, ser‡ atendida
quando, para um tŽcnico no assunto, a inven•‹o n‹o decorrer da maneira —bvia
do estado da tŽcnica, e o modelo de utilidade n‹o decorrer de maneira evidente
ou vulgar do estado da tŽcnica. Em outras palavras, Ž preciso demonstrar que
inventor chegou a um resultado novo, como consequ•ncia de um ato de cria•‹o.
Nesse sentido, a inten•‹o deve ser diferenciada da mera descoberta. Os norte-
americanos chamam esses requisito de non-obviousness.
A aplica•‹o industrial, terceiro requisito de patenteabilidade, Ž preenchido
quando a inven•‹o ou o modelo de utilidade possam ser adotados por qualquer

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tipo de indœstria. O invento, portanto, precisa ser œtil e fact’vel. Se alguŽm queria
algo novo, mas que n‹o Ž poss’vel produzir industrialmente, n‹o poder‡ haver
patente.
O Outro requisito Ž a licitude ou desimpedimento, objeto do art. 18 da Lei de
Propriedade Industrial.

Art. 18. N‹o s‹o patente‡veis:


I - o que for contr‡rio ˆ moral, aos bons costumes e ˆ seguran•a, ˆ ordem e ˆ saœde
pœblicas;
II - as subst‰ncias, matŽrias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espŽcie, bem
como a modifica•‹o de suas propriedades f’sico-qu’micas e os respectivos processos de
obten•‹o ou modifica•‹o, quando resultantes de transforma•‹o do nœcleo at™mico; e
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transg•nicos que atendam
aos tr•s requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplica•‹o industrial
- previstos no art. 8¼ e que n‹o sejam mera descoberta.
Par‡grafo œnico. Para os fins desta Lei, microorganismos transg•nicos s‹o organismos,
exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante interven•‹o
humana direta em sua composi•‹o genŽtica, uma caracter’stica normalmente n‹o
alcan•‡vel pela espŽcie em condi•›es naturais.

Tome cuidado especialmente para n‹o confundir o conteœdo do art. 18 com o do


art. 10 da Lei de Propriedade Industrial. O art. 10 traz que a lei n‹o considera
como inven•‹o bom modelo utilidade, enquanto o art. 18 tratar casos que atŽ
poderiam ser considerados como inven•›es ou modelos de utilidade, mas que o
legislador preferiu n‹o proteger por outras raz›es.

Art. 229-C. A concess‹o de patentes para produtos e processos farmac•uticos


depender‡ da prŽvia anu•ncia da Ag•ncia Nacional de Vigil‰ncia Sanit‡ria - ANVISA.

No regime anterior, n‹o se previa a possibilidade de concess‹o de patente para


inventos na ‡rea farmac•utica, sob a justificativa de universalizar o acesso da
popula•‹o aos avan•os da ci•ncia mŽdica. A Lei de Propriedade Industrial, porŽm,
prev• essa prote•‹o, mas a concess‹o de patentes depender‡ de prŽvia anu•ncia
da Ag•ncia Nacional de Vigil‰ncia Sanit‡ria (Anvisa).
Na Žpoca da implementa•‹o da lei surgiu controvŽrsia acerca da natureza da
participa•‹o da Anvisa. A ag•ncia defendia que sua anu•ncia consistiria na
pr—pria an‡lise dos requisitos de patenteabilidade, enquanto o INPI argumentava
que tal entendimento representava invas‹o de suas atribui•›es institucionais.
O conflito de atribui•›es foi resolvido por meio do Parecer n. 210/PGF/AE/2009,
da Procuradoria-Geral Federal, ratificado pelo Advogado-Geral da Uni‹o. Segundo
o referido parecer, n‹o Ž atribui•‹o da Anvisa promover exames
(avalia•‹o/reavalia•‹o) dos critŽrios tŽcnicos pr—prios da patenteabilidade
(novidade, atividade inventiva e aplica•‹o industrial) quando da atua•‹o para
anu•ncia prŽvia (art. 229-C da Lei n. 9.279, de 1996), pois Ž uma atribui•‹o

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pr—pria do INPI, conforme estabelecido pela pr—pria lei (art. 2o da Lei n.


5.468/1970). Nesse sentido, a Anvisa deve atuar em conformidade com as suas
atribui•›es institucionais (art. 6o da Lei n. 9.782/1999): impedir por meio do
controle sanit‡rio a produ•‹o e a comercializa•‹o de produtos e servi•os
potencialmente nocivos ˆ saœde humana.

Merece men•‹o ainda o chamado Òsegundo usoÓ de subst‰ncias


farmacol—gicas, que se refere ˆ reivindica•‹o de patente de um f‡rmaco j‡
conhecido, mas para um novo uso terap•utico.
O Escrit—rio de Patentes Europeu sempre negava esse tipo de pedido em raz‹o
da proibi•‹o de patente de mŽtodo de tratamento (proibi•‹o essa que tambŽm
consta na Lei de Propriedade Industrial). Esse entendimento, porŽm, mudou com
o caso Pharmuka, por ocasi‹o do qual o Escrit—rio de Patentes Europeu passou a
entender que a quest‹o poderia ser resolvida pela forma de reivindica•‹o: em
vez de Òuso do composto A para tratar BÓ, o pedido deveria ser formulado como
Òuso do composto A para se obter um medicamento destinado ao tratamento de
BÓ.
Como essa solu•‹o surgiu inicialmente num caso tratado na Su’•a, ficou
conhecida como Òf—rmula su’•aÓ, e esse entendimento tambŽm vem sendo
adotado nos mesmos moldes pelo INPI. A Anvisa, por outro lado, tem
manifestado oposi•‹o ˆ patente do segundo uso, pois isso faz com que a
exclusividade sobre um f‡rmaco permane•a por mais tempo, prejudicando a
entrada de genŽricos no mercado e, em œltima an‡lise, restringindo o acesso da
popula•‹o ao medicamento. Esse entendimento levou ˆ apresenta•‹o de projeto
de lei proibindo completamente a patente do segundo uso, e que ainda est‡ em
tramita•‹o no Congresso Nacional.

Outra controvŽrsia que merece men•‹o espec’fica Ž a que diz respeito ˆ patente
de biotecnologia. A Conven•‹o sobre Diversidade Biol—gica da ONU define
biotecnologia como Òqualquer aplica•‹o tecnol—gica que utilize sistemas
biol—gicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar
produtos ou processos para utiliza•‹o espec’ficaÓ. Essas tŽcnicas t•m diversas
aplica•›es hoje, a exemplo da produ•‹o de medicamentos, lavouras e
combust’veis.
A controvŽrsia aqui gira em torno do atendimento, ou n‹o, do requisito da
inventividade. Muitos dizem, por exemplo, que n‹o se pode patentear uma
sequ•ncia ou segmentos de DNA, pois isso configuraria mera descoberta, e n‹o
invento. Nos Estados Unidos, porŽm, o Escrit—rio de Patentes e Marcas tem
concedido patentes de DNA.
O Acordo TRIPS prev• situa•›es em que os pa’ses-membros poder‹o negar a
patente nessa ‡rea:
a)! MŽtodos diagn—sticos, terap•uticos e cirœrgicos para o tratamento de seres
humanos ou de animais;

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b)! Plantas e animais, exceto micro-organismos e processos essencialmente


biol—gicos para a produ•‹o de plantar ou animais, excetuando-se os
processos n‹o biol—gicos e microbiol—gicos.
Podemos dizer que o Brasil adotou regras bastante restritivas no que se refere ˆ
patenteabilidade na ‡rea de biotecnologia. Releia os dispositivos a seguir.

Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:


[...]
VIII - tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como mŽtodos terap•uticos ou de
diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biol—gicos encontrados na natureza,
ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural
e os processos biol—gicos naturais.

Art. 18. N‹o s‹o patente‡veis:


[...]
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transg•nicos que atendam
aos tr•s requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplica•‹o industrial
- previstos no art. 8¼ e que n‹o sejam mera descoberta.

Devemos ainda lembrar que, no caso das patentes de material biotecnol—gico, h‡


uma exig•ncia adicional na Lei de Propriedade Industrial, que Ž o dep—sito do
material em institui•‹o autorizada pelo INPI ou indicada em acordo internacional.
Nesses casos, portanto, a mera descri•‹o n‹o Ž suficiente.
Quanto aos limites Žticos da manipula•‹o biotecnol—gica, lembre-se de que a Lei
de Propriedade Industrial prev• a negativa da patente nos casos contr‡rios ˆ
moral, aos bons costumes e ˆ seguran•a, ˆ ordem e ˆ saœde pœblica (art. 18, I).
Os autores geralmente mencionam como exemplo desse tipo de negativa a
clonagem humana.

6.3. Pedido de patente


O ato de concess‹o da patente Ž precedido de um processo administrativo
complexo e muitas vezes demorado.

Art. 6¼ Ao autor de inven•‹o ou modelo de utilidade ser‡ assegurado o direito de obter a


patente que lhe garanta a propriedade, nas condi•›es estabelecidas nesta Lei.
[...]
¤ 2¼ A patente poder‡ ser requerida em nome pr—prio, pelos herdeiros ou sucessores do
autor, pelo cession‡rio ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o
de servi•os determinar que perten•a a titularidade.

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¤ 3¼ Quando se tratar de inven•‹o ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por


duas ou mais pessoas, a patente poder‡ ser requerida por todas ou qualquer delas,
mediante nomea•‹o e qualifica•‹o das demais, para ressalva dos respectivos direitos.
¤ 4¼ O inventor ser‡ nomeado e qualificado, podendo requerer a n‹o divulga•‹o de sua
nomea•‹o.

O pedido de prote•‹o dever‡ ser feito ao INPI pelo pr—prio autor da inven•‹o ou
modelo de utilizado, ou ainda pelos herdeiros ou sucessores, pelo cession‡rio ou
por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o de servi•os
determinar que perten•a a titularidade.
Se houver mais de um inventor, o pedido poder‡ ser feito por todos em conjunto
ou por qualquer um deles isoladamente, desde que indique os nomes dos demais.

Art. 7¼ Se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma inven•‹o ou modelo de


utilidade, de forma independente, o direito de obter patente ser‡ assegurado ˆquele que
provar o dep—sito mais antigo, independentemente das datas de inven•‹o ou cria•‹o.

Caso dois ou mais inventores pretendam a mesma patente, o critŽrio utilizado


para concess‹o da prote•‹o ser‡ a data do dep—sito. Isso mesmo! N‹o importa
quando houve o esfor•o de cria•‹o propriamente dito. O que importa Ž quando o
inventor procurou o INPI.
Esta Ž apontada pelos doutrinadores como a principal diferen•a entre a
propriedade industrial e o direito autoral. Este Ž conferido desde o momento da
cria•‹o da obra, tendo o seu registro efeito meramente declarat—rio. A
propriedade industrial, por outro lado, toma por marco a data do dep—sito, tendo
a patente ou registro efeito constitutivo da prote•‹o jur’dica.

ÒMas professor, e se o invento ou modelo de utilidade for de autoria de


empregado de empres‡rio? Como fica a prote•‹o?Ó

Esta Ž uma excelente pergunta, respondida pela Lei de Propriedade Industrial em


seu art. 88.

Art. 88. A inven•‹o e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador


quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execu•‹o ocorra no Brasil e que tenha por
objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos servi•os para
os quais foi o empregado contratado.

Quando o empregado tiver a atividade criativa como sua atribui•‹o prevista no


contrato de trabalho, a inven•‹o ou modelo de utilidade pertencem ao
empregador. A n‹o ser que haja disposi•‹o em contr‡rio no contrato de trabalho,
a retribui•‹o pelo seu trabalho se resume ao sal‡rio.

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Conferindo prote•‹o ainda maior ao empregador nestes casos, a Lei de


Propriedade Industrial determina ainda que, salvo prova em contr‡rio,
consideram-se desenvolvidos na vig•ncia do contrato a inven•‹o ou o modelo de
utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado atŽ 1 ano ap—s a extin•‹o
do v’nculo empregat’cio.

A inven•‹o e o modelo de utilidade pertencem


exclusivamente ao empregador quando decorrerem de
contrato de trabalho cuja execu•‹o ocorra no Brasil e que
tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou
resulte esta da natureza dos servi•os para os quais foi o empregado contratado.
Salvo prova em contr‡rio, consideram-se desenvolvidos na vig•ncia do contrato
a inven•‹o ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado
atŽ 1 ano ap—s a extin•‹o do v’nculo empregat’cio.

ƒ pr‡tica comum nas empresas que se dedicam a pesquisa que haja acordos que
preveem participa•‹o percentual do empregado na explora•‹o da sua inven•‹o
ou modelo de utilidade, nas condi•›es que estamos estudando. A Lei de
Propriedade Industrial traz previs‹o espec’fica nesse sentido, determinando ainda
que essa participa•‹o n‹o se incorpora ao sal‡rio do empregado.
Por outro lado, o art. 90 prev• o caso em que o invento pertencer‡
exclusivamente ao empregador. Isso ocorrer‡ quando a inven•‹o ou o modelo de
utilidade n‹o tiver qualquer vincula•‹o com o contrato de trabalho e n‹o decorrer
da utiliza•‹o de recursos, meios, dados, materiais, instala•›es ou equipamentos
do empregador.

Art. 91. A propriedade de inven•‹o ou de modelo de utilidade ser‡ comum, em partes


iguais, quando resultar da contribui•‹o pessoal do empregado e de recursos, dados, meios,
materiais, instala•›es ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa disposi•‹o
contratual em contr‡rio.

Esta Ž uma situa•‹o intermedi‡ria, em que a propriedade do invento Ž comum.


Isso ocorrer‡ quando o empregado tiver concedido sua contribui•‹o pessoal, e o
empregador tiver provido recursos, dados, meios, materiais, instala•›es ou
equipamentos.
Por fim, devemos ainda mencionar o art. 93, segundo o qual as disposi•›es que
estamos estudando tambŽm se aplicam ˆs entidades da Administra•‹o Pœblica,
direta, indireta e fundacional, federal, estadual ou municipal.

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6.4. An‡lise dos requisitos

Art. 19. O pedido de patente, nas condi•›es estabelecidas pelo INPI, conter‡:
I - requerimento;
II - relat—rio descritivo;
III - reivindica•›es;
IV - desenhos, se for o caso;
V - resumo; e
VI - comprovante do pagamento da retribui•‹o relativa ao dep—sito.

O procedimento de an‡lise dos requisitos da patente se inicia com o dep—sito


do pedido. Uma vez apresentado com todos os elementos previstos no art. 19,
o pedido ser‡ submetido a an‡lise formal preliminar e em seguida protocolizado.
A data do dep—sito, que Ž œtil por v‡rias raz›es, ser‡ a data em que o pedido foi
apresentado.
Por outro lado, o INPI poder‡ identificar problemas do ponto vista formal, caso
em que conferir‡ o prazo de 30 dias para que seja satisfeita a exig•ncia, desde
que estejam presentes os alimentos m’nimos necess‡rios para o pedido.
Cumpridas as exig•ncias formais, Ž poss’vel passar ˆ fase de an‡lise das
condi•›es do pedido.

Art. 22. O pedido de patente de inven•‹o ter‡ de se referir a uma œnica inven•‹o ou a um
grupo de inven•›es inter-relacionadas de maneira a compreenderem um œnico conceito
inventivo.
Art. 23. O pedido de patente de modelo de utilidade ter‡ de se referir a um œnico modelo
principal, que poder‡ incluir uma pluralidade de elementos distintos, adicionais ou variantes
construtivas ou configurativas, desde que mantida a unidade tŽcnico-funcional e corporal
do objeto.

Cada pedido deve corresponder a uma inven•‹o ou a um modelo de utilidade,


mas Ž poss’vel que haja perigo conjunto quando as inven•›es ou modelos de
utilidade forem partes de um todo.
A Lei de Propriedade Industrial se preocupa ainda em estabelecer as condi•›es
para que os tŽcnicos do INPI sejam capazes de avaliar a industriabilidade do
invento, como podemos ver pela leitura do art. 24.

Art. 24. O relat—rio dever‡ descrever clara e suficientemente o objeto, de modo a


possibilitar sua realiza•‹o por tŽcnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor
forma de execu•‹o.

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Por fim, o autor do pedido deve tambŽm apresentar no relat—rio descritivo suas
reivindica•›es e fundament‡-las detalhadamente, definindo de modo claro o
objeto de prote•‹o.

Art. 29. O pedido de patente retirado ou abandonado ser‡ obrigatoriamente publicado.


¤ 1¼ O pedido de retirada dever‡ ser apresentado em atŽ 16 (dezesseis) meses, contados
da data do dep—sito ou da prioridade mais antiga.
¤ 2¼ A retirada de um dep—sito anterior sem produ•‹o de qualquer efeito dar‡ prioridade
ao dep—sito imediatamente posterior.

Essa regra tem por finalidade evitar que o depositante do pedido o retire durante
e seu per’odo de sigilo e logo depois o deposite novamente, prolongando, dessa
forma, o per’odo de prote•‹o. Como o pedido retirado ou abandonado Ž
necessariamente publicado, passa automaticamente a integrar o Òestado da
tŽcnicaÓ, e um novo dep—sito ent‹o padeceria do requisito da novidade.

Art. 30. O pedido de patente ser‡ mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados
da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga, quando houver, ap—s o que ser‡
publicado, ˆ exce•‹o do caso previsto no art. 75.

Vencida a fase de analise das condi•›es do pedido, passa-se ent‹o ao


processamento e exame. Uma vez feito e admitido o pedido, caber‡ ao INPI
manter seu sigilo durante o per’odo de 18 meses, promovendo, ao fim desse
prazo, a publica•‹o na Revista da Propriedade Industrial, exceto quando se
tratar de patente de interesse da defesa nacional, conforme arts. 30 e 75 da Lei
de Propriedade Industrial. Se houver material biol—gico, este tambŽm se tornar‡
acess’vel ao pœblico por ocasi‹o da publica•‹o.
Essa publica•‹o tambŽm poder‡ ser antecipada a pedido do depositante. Como
o per’odo de sigilo Ž um benef’cio concedido ao inventor, para que ele possa
organizar melhor sua cria•‹o, nada mais justo do que possibilitar que ele abra
m‹o desse per’odo, acelerando o restante do processo.
Dever‹o constar na publica•‹o os dados identificadores do pedido de patente,
ficando c—pia do relat—rio descritivo, das reivindica•›es, do resumo e dos
desenhos ˆ disposi•‹o do pœblico no INPI.
A publica•‹o Ž importante porque, a partir dela, outros empres‡rios e o pœblico
poder‹o tomar conhecimento das reivindica•›es do autor do pedido, e
eventualmente opor alguma resist•ncia. Por outro lado, a publica•‹o faz com que
qualquer pessoa tenha acesso aos detalhes do invento, e por isso pode surgir
dœvida para o empres‡rio entre requerer a prote•‹o ao invento ou explor‡-lo no
regime de segredo de empresa.
Se optar pelo segredo de empresa, o empres‡rio assume o risco de outra pessoa
requerer a prote•‹o legal ao invento, mas se optar pela prote•‹o, caber‡ apenas
a ele fiscalizar o uso indevido de sua propriedade industrial.

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Art. 31. Publicado o pedido de patente e atŽ o final do exame, ser‡ facultada a
apresenta•‹o, pelos interessados, de documentos e informa•›es para subsidiarem o exame.
Par‡grafo œnico. O exame n‹o ser‡ iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da
publica•‹o do pedido.
[...]
Art. 33. O exame do pedido de patente dever‡ ser requerido pelo depositante ou por
qualquer interessado, no prazo de 36 (trinta e seis) meses contados da data do dep—sito,
sob pena do arquivamento do pedido.
Par‡grafo œnico. O pedido de patente poder‡ ser desarquivado, se o depositante assim o
requerer, dentro de 60 (sessenta) dias contados do arquivamento, mediante pagamento de
uma retribui•‹o espec’fica, sob pena de arquivamento definitivo.

Feita a publica•‹o, caber‡ ao depositante ou a qualquer interessado requerer o


exame ao INPI. Esse requerimento dever‡ ser feito em 36 meses contados da
data do dep—sito.
Voc• deve estar se perguntando por que raz‹o a lei exige que, ap—s o dep—sito e
a publica•‹o, seja requerido o exame do invento. Na realidade isso ocorre para
evitar o desperd’cio de energia por parte do INPI. O desenvolvimento tecnol—gico
hoje Ž t‹o r‡pido, que depois do per’odo de sigilo e da publica•‹o, o invento pode
n‹o ser mais comercialmente interessante.
O interessado pode n‹o ser apenas o autor do invento, mas, por exemplo, alguŽm
que tenha interesse em explor‡-lo por meio do licenciamento da patente. Durante
o per’odo de exame, qualquer interessado tambŽm pode apresentar ao INPI
documentos e informa•›es capazes de auxiliar na an‡lise do pedido.
Se o prazo for ultrapassado sem que haja o requerimento de exame, o pedido
ser‡ arquivado. ƒ poss’vel que seja pedido o desarquivamento, mas isso precisa
ocorrer no prazo de 60 dias. Caso contr‡rio, o arquivamento se tornar‡ definitivo.
Caso seja feito o requerimento de exame, o INPI analisar‡ o pedido do autor,
ocasi‹o na qual ser‡ elaborado um parecer quanto ˆ patenteabilidade, adapta•‹o
do pedido ˆ natureza reivindicada, reformula•‹o do pedido ou divis‹o, ou, ainda,
exig•ncias tŽcnicas, nos termos do art. 35 da Lei de Propriedade Industrial.
Se o parecer for pela n‹o patenteabilidade, pelo n‹o enquadramento do pedido
na natureza reivindicada ou pela formula•‹o de exig•ncia, o depositante ser‡
intimado para manifestar-se no prazo de 90 dias. N‹o respondida a exig•ncia, o
pedido ser‡ arquivado.

6.5. Concess‹o da patente

Art. 37. Conclu’do o exame, ser‡ proferida decis‹o, deferindo ou indeferindo o pedido de
patente.

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Da decis‹o pelo deferimento ou indeferimento da patente n‹o caber‡ recurso


administrativo. ƒ poss’vel, contudo, que o terceiro interessado requeira a
nulidade administrativa da patente, nos termos do art. 51 da Lei de Propriedade
Industrial.
Uma vez deferido o pedido e paga a retribui•‹o correspondente, a patente ser‡
concedida, expedindo-se a carta-patente, na qual dever‹o constar o nœmero, o
t’tulo e a natureza respectivos, o nome do inventor, a qualifica•‹o e o domic’lio
do titular, o prazo de vig•ncia, o relat—rio descritivo, as reivindica•›es e os
desenhos, bem como os dados relativos ˆ prioridade, nos termos do art. 39.

6.6. Vig•ncia da patente

Art. 40. A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de
utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de dep—sito.
Par‡grafo œnico. O prazo de vig•ncia n‹o ser‡ inferior a 10 (dez) anos para a patente de
inven•‹o e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar da data de
concess‹o, ressalvada a hip—tese de o INPI estar impedido de proceder ao exame de mŽrito
do pedido, por pend•ncia judicial comprovada ou por motivo de for•a maior.

Normalmente a patente de inven•‹o dura 20 anos, e a de modelo de utilidade


dura 15 anos, sempre contados da data do dep—sito. O legislador, porŽm, buscou
garantir um per’odo m’nimo de vig•ncia a partir da concess‹o, especialmente
para os casos em que h‡ uma demora excessiva na an‡lise do pedido sem que
haja culpa do autor, determinando que esse prazo de vig•ncia n‹o ser‡ inferior
a 10 anos para a inven•‹o e 7 anos para o modelo de utilidade, contados da data
de concess‹o.
Interessante mencionar aqui que est‡ em tramita•‹o junto ao Supremo Tribunal
Federal uma A•‹o Direta de Inconstitucionalidade contra o par‡grafo œnico do
art. 40, que inclusive conta com parecer do Procurador-Geral da Repœblica pela
proced•ncia do pedido. A a•‹o, contudo, ainda n‹o foi julgada.

A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 20 anos e


a de modelo de utilidade pelo prazo 15 anos contados da
data de dep—sito

6.7. Prote•‹o conferida pela patente

Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu
consentimento, de produzir, usar, colocar ˆ venda, vender ou importar com estes
prop—sitos:
I - produto objeto de patente;

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II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.


¤ 1¼ Ao titular da patente Ž assegurado ainda o direito de impedir que terceiros contribuam
para que outros pratiquem os atos referidos neste artigo.
¤ 2¼ Ocorrer‡ viola•‹o de direito da patente de processo, a que se refere o inciso II, quando
o possuidor ou propriet‡rio n‹o comprovar, mediante determina•‹o judicial espec’fica, que
o seu produto foi obtido por processo de fabrica•‹o diverso daquele protegido pela patente.

Uma vez concedida a patente, seu detentor ter‡ direito de explora•‹o econ™mica
exclusiva, e diante de explora•‹o indevida por terceiros, poder‡ ingressar com
a•‹o judicial para obter indeniza•‹o.
Essa prote•‹o, porŽm, n‹o Ž absoluta. H‡ casos espec’ficos em que a explora•‹o
da o invento ou modelo de utilidade Ž permitida, a exemplo da finalidade
acad•mica ou meramente experimental, bem como da explora•‹o n‹o comercial,
conforme previs‹o do art. 43. d

Art. 43. O disposto no artigo anterior n‹o se aplica:


I - aos atos praticados por terceiros n‹o autorizados, em car‡ter privado e sem finalidade
comercial, desde que n‹o acarretem preju’zo ao interesse econ™mico do titular da patente;
II - aos atos praticados por terceiros n‹o autorizados, com finalidade experimental,
relacionados a estudos ou pesquisas cient’ficas ou tecnol—gicas;
III - ˆ prepara•‹o de medicamento de acordo com prescri•‹o mŽdica para casos individuais,
executada por profissional habilitado, bem como ao medicamento assim preparado;
IV - a produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido
colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento;
V - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matŽria viva, utilizem, sem
finalidade econ™mica, o produto patenteado como fonte inicial de varia•‹o ou propaga•‹o
para obter outros produtos; e
VI - a terceiros que, no caso de patentes relacionadas com matŽria viva, utilizem, ponham
em circula•‹o ou comercializem um produto patenteado que haja sido introduzido
licitamente no comŽrcio pelo detentor da patente ou por detentor de licen•a, desde que o
produto patenteado n‹o seja utilizado para multiplica•‹o ou propaga•‹o comercial da
matŽria viva em causa.
VII - aos atos praticados por terceiros n‹o autorizados, relacionados ˆ inven•‹o protegida
por patente, destinados exclusivamente ˆ produ•‹o de informa•›es, dados e resultados de
testes, visando ˆ obten•‹o do registro de comercializa•‹o, no Brasil ou em outro pa’s, para
a explora•‹o e comercializa•‹o do produto objeto da patente, ap—s a expira•‹o dos prazos
estipulados no art. 40.

Outra exce•‹o Ž a explora•‹o de boa-fŽ por conta de terceiro que a iniciou antes
do dep—sito do pedido de patente. Nesse caso a Lei de Propriedade Industrial
assegura o direito de continuar a explora•‹o, nos termos do art. 45.

Art. 45. Ë pessoa de boa fŽ que, antes da data de dep—sito ou de prioridade de pedido de
patente, explorava seu objeto no Pa’s, ser‡ assegurado o direito de continuar a explora•‹o,
sem ™nus, na forma e condi•‹o anteriores.

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¤ 1¼ O direito conferido na forma deste artigo s— poder‡ ser cedido juntamente com o
neg—cio ou empresa, ou parte desta que tenha direta rela•‹o com a explora•‹o do objeto
da patente, por aliena•‹o ou arrendamento.
¤ 2¼ O direito de que trata este artigo n‹o ser‡ assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto da patente atravŽs de divulga•‹o na forma do art. 12, desde que
o pedido tenha sido depositado no prazo de 1 (um) ano, contado da divulga•‹o.

6.8. Nulidade da patente


Apesar de n‹o haver previs‹o legal de recurso administrativo contra a concess‹o
de patente, Ž poss’vel requerer sua nulidade total ou parcial, a depender de seu
escopo: se a nulidade incidir sobre todas as reivindica•›es, ser‡ total; se incidir
apenas sobre algumas, ser‡ parcial.
O reconhecimento administrativo da nulidade da patente gera efeitos ex tunc.
1
Em outras palavras, os efeitos da nulidade retroagem atŽ a data do dep—sito do
pedido.
Uma peculiaridade Ž a possibilidade de adjudica•‹o da patente, que ocorrer‡
quando for o caso de nulidade por ofensa ao art. 6o da Lei de Propriedade
Industrial. Neste caso o argumento para a nulidade Ž o de que o benefici‡rio da
patente n‹o Ž seu leg’timo titular. Diante desta situa•‹o ser‡ poss’vel ingressar
com a•‹o judicial pedindo que a titularidade da patente seja modificada.

O reconhecimento administrativo da nulidade da patente


gera efeitos ex tunc. Em outras palavras, os efeitos da
nulidade retroagem atŽ a data do dep—sito do pedido.

Art. 50. A nulidade da patente ser‡ declarada administrativamente quando:


I - n‹o tiver sido atendido qualquer dos requisitos legais;
II - o relat—rio e as reivindica•›es n‹o atenderem ao disposto nos arts. 24 e 25,
respectivamente;
III - o objeto da patente se estenda alŽm do conteœdo do pedido originalmente depositado;
ou
IV - no seu processamento, tiver sido omitida qualquer das formalidades essenciais,
indispens‡veis ˆ concess‹o.
Par‡grafo œnico. O processo de nulidade prosseguir‡ ainda que extinta a patente.

Perceba que o art. 50 n‹o determina que o INPI necessite de provoca•‹o para
declarar a nulidade de patente quando estiverem presentes os requisitos
necess‡rios. Na realidade, o processo de nulidade poder‡ ser instaurado de of’cio
ou mediante requerimento de qualquer pessoa com leg’timo interesse, desde que
seja observado o prazo de 6 meses contados da concess‹o da patente.
O par‡grafo œnico do art. 50 determina ainda que o processo de nulidade
prosseguir‡ ainda que extinta a patente. Isso ocorre porque, mesmo que j‡ tenha

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sido extinta, a patente certamente produziu efeitos, e, se for o caso de nulidade


da patente, esses efeitos tambŽm dever‹o ser anulados.
Uma vez instaurado o processo administrativo, o titular da patente dever‡ ter a
possibilidade de defender-se (contradit—rio). O procedimento est‡ descrito nos
arts. 52 a 54 da Lei de Propriedade Industrial.

Art. 52. O titular ser‡ intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.
Art. 53. Havendo ou n‹o manifesta•‹o, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI
emitir‡ parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum
de 60 (sessenta) dias.
Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que n‹o apresentadas as
manifesta•›es, o processo ser‡ decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a inst‰ncia
administrativa.

f
Quanto ˆ possibilidade de ajuizamento da a•‹o de nulidade, esta poder‡ ser
proposta a qualquer tempo da vig•ncia da patente, pelo INPI ou por qualquer
pessoa com leg’timo interesse. ƒ poss’vel tambŽm a declara•‹o incidental da
nulidade quando esta for tomada como matŽria de defesa em outra a•‹o judicial,
ou, ainda, a suspens‹o cautelar dos efeitos da patente, atendidos os requisitos
processuais pr—prios.
Quando o INPI n‹o for autor da a•‹o de nulidade, dever‡ obrigatoriamente
intervir no feito. Por isso a a•‹o de nulidade deve ser proposta perante a Justi•a
Federal, como j‡ mencionamos anteriormente. Lembre-se ainda de que, em
regra, a compet•ncia Ž da se•‹o judici‡ria do Rio de Janeiro, a n‹o ser que haja
outro rŽu, caso em que a a•‹o tambŽm poder‡ ser proposta no domic’lio deste.

Art. 57. A a•‹o de nulidade de patente ser‡ ajuizada no foro da Justi•a Federal e o INPI,
quando n‹o for autor, intervir‡ no feito.
¤ 1¼ O prazo para resposta do rŽu titular da patente ser‡ de 60 (sessenta) dias.
¤ 2¼ Transitada em julgado a decis‹o da a•‹o de nulidade, o INPI publicar‡ anota•‹o, para
ci•ncia de terceiros.

Aqui cabe observa•‹o acerca do prazo para resposta do rŽu, que Ž


especificamente previsto pela Lei de Propriedade Industrial, maior do que o prazo
previsto pelo C—digo de Processo Civil.

6.9. Cess‹o de patente

Art. 58. O pedido de patente ou a patente, ambos de conteœdo indivis’vel, poder‹o ser
cedidos, total ou parcialmente.

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Art. 59. O INPI far‡ as seguintes anota•›es:


I - da cess‹o, fazendo constar a qualifica•‹o completa do cession‡rio;
II - de qualquer limita•‹o ou ™nus que recaia sobre o pedido ou a patente; e
III - das altera•›es de nome, sede ou endere•o do depositante ou titular.
Art. 60. As anota•›es produzir‹o efeito em rela•‹o a terceiros a partir da data de sua
publica•‹o.

Como a patente, assim como os demais direitos de propriedade industrial, Ž


considerada um bem m—vel, Ž perfeitamente poss’vel que seu titular dela
disponha da maneira que bem entender. ƒ poss’vel, portanto, a cess‹o da
patente, ou mesmo do pedido de patente.
Os atos de disposi•‹o da patente, porŽm, dever‹o ser objeto de anota•‹o pelo
INPI.
d

6.10. Licenciamento de patente


A licen•a para explora•‹o da patente pode ser volunt‡ria ou compuls—ria, a
depender da forma como se d‡.

Art. 61. O titular de patente ou o depositante poder‡ celebrar contrato de licen•a para
explora•‹o.
Par‡grafo œnico. O licenciado poder‡ ser investido pelo titular de todos os poderes para
agir em defesa da patente.

O art. 61 prev• a o licenciamento volunt‡rio, que deve dar-se mediante contrato


de licen•a para explora•‹o, que dever‡ ser averbado junto ao INPI para que
produza efeitos em rela•‹o a terceiros.
A contrapresta•‹o pela explora•‹o da patente licenciada Ž o que normalmente
chamamos de royalty. Interessante mencionar que, apesar de o licenciamento
do pedido de patente ser admitido, o INPI n‹o vem admitindo a previs‹o
contratual de pagamento de royalties neste caso.

Art. 63. O aperfei•oamento introduzido em patente licenciada pertence a quem o fizer,


sendo assegurado ˆ outra parte contratante o direito de prefer•ncia para seu licenciamento.

Segundo a regra do art. 63, se uma determinada patente foi licenciada e,


posteriormente, o antigo titular aperfei•oou o invento, o licenciado ter‡
prefer•ncia para obter o licenciamento relacionado ao aperfei•oamento realizado.

Art. 64. O titular da patente poder‡ solicitar ao INPI que a coloque em oferta para fins de
explora•‹o.

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¤ 1¼ O INPI promover‡ a publica•‹o da oferta.


¤ 2¼ Nenhum contrato de licen•a volunt‡ria de car‡ter exclusivo ser‡ averbado no INPI sem
que o titular tenha desistido da oferta.
¤ 3¼ A patente sob licen•a volunt‡ria, com car‡ter de exclusividade, n‹o poder‡ ser objeto
de oferta.
¤ 4¼ O titular poder‡, a qualquer momento, antes da expressa aceita•‹o de seus termos
pelo interessado, desistir da oferta, n‹o se aplicando o disposto no art. 66.

Este Ž o caso em que o titular da patente n‹o deseja negociar diretamente o seu
licenciamento, delegando ao INPI a compet•ncia para promover uma oferta
pœblica de licenciamento. Essa publica•‹o da oferta ser‡ feita por meio da Revista
da Propriedade Intelectual.
Na falta de acordo entre o titular e o licenciado, as partes poder‹o requerer ao
INPI o arbitramento da remunera•‹o, cque poder‡ ser revista decorrido 1 ano da
sua fixa•‹o.
Por fim, o titular da patente poder‡ requerer o cancelamento da licen•a se o
licenciado n‹o der in’cio ˆ explora•‹o efetiva dentro de 1 ano da concess‹o,
interromper a explora•‹o por prazo superior a 1 ano, ou, ainda, se n‹o forem
obedecidas as condi•›es para a explora•‹o.

Art. 68. O titular ficar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econ™mico, comprovado nos termos da lei, por decis‹o administrativa ou judicial.
¤ 1¼ Ensejam, igualmente, licen•a compuls—ria:
I - a n‹o explora•‹o do objeto da patente no territ—rio brasileiro por falta de fabrica•‹o ou
fabrica•‹o incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado,
ressalvados os casos de inviabilidade econ™mica, quando ser‡ admitida a importa•‹o; ou
II - a comercializa•‹o que n‹o satisfizer ˆs necessidades do mercado.
¤ 2¼ A licen•a s— poder‡ ser requerida por pessoa com leg’timo interesse e que tenha
capacidade tŽcnica e econ™mica para realizar a explora•‹o eficiente do objeto da patente,
que dever‡ destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse
caso a excepcionalidade prevista no inciso I do par‡grafo anterior.
¤ 3¼ No caso de a licen•a compuls—ria ser concedida em raz‹o de abuso de poder
econ™mico, ao licenciado, que prop›e fabrica•‹o local, ser‡ garantido um prazo, limitado ao
estabelecido no art. 74, para proceder ˆ importa•‹o do objeto da licen•a, desde que tenha
sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
¤ 4¼ No caso de importa•‹o para explora•‹o de patente e no caso da importa•‹o prevista
no par‡grafo anterior, ser‡ igualmente admitida a importa•‹o por terceiros de produto
fabricado de acordo com patente de processo ou de produto, desde que tenha sido colocado
no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
¤ 5¼ A licen•a compuls—ria de que trata o ¤ 1¼ somente ser‡ requerida ap—s decorridos 3
(tr•s) anos da concess‹o da patente.

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Agora estamos falando do licenciamento compuls—rio, que ser‡ uma espŽcie de


san•‹o, aplicada inicialmente ao titular da patente que abusa do privilŽgio geral
de explora•‹o a ele concedido.
O processo de concess‹o da licen•a compuls—ria come•a com o requerimento de
um interessado, mas deve-se sempre dar oportunidade ao titular da patente para
que se defenda de maneira adequada. Esta Ž a previs‹o do art. 69.

Art. 69. A licen•a compuls—ria n‹o ser‡ concedida se, ˆ data do requerimento, o titular:
I - justificar o desuso por raz›es leg’timas;
II - comprovar a realiza•‹o de sŽrios e efetivos preparativos para a explora•‹o; ou
III - justificar a falta de fabrica•‹o ou comercializa•‹o por obst‡culo de ordem legal.

H‡ ainda uma outra hip—tese de licenciamento compuls—rio, prevista no art. 70


da Lei de Propriedade Industrial.

Art. 70. A licen•a compuls—ria ser‡ ainda concedida quando, cumulativamente, se


verificarem as seguintes hip—teses:
I - ficar caracterizada situa•‹o de depend•ncia de uma patente em rela•‹o a outra;
II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso tŽcnico em rela•‹o ˆ
patente anterior; e
III - o titular n‹o realizar acordo com o titular da patente dependente para explora•‹o da
patente anterior.
¤ 1¼ Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja explora•‹o
depende obrigatoriamente da utiliza•‹o do objeto de patente anterior.
¤ 2¼ Para efeito deste artigo, uma patente de processo poder‡ ser considerada dependente
de patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto poder‡ ser
dependente de patente de processo.
¤ 3¼ O titular da patente licenciada na forma deste artigo ter‡ direito a licen•a compuls—ria
cruzada da patente dependente.

Neste caso as tr•s condi•›es devem ser observadas cumulativamente para que
a licen•a compuls—ria seja concedida. Essa modalidade Ž chamada por alguns
doutrinadores de licen•a de depend•ncia.

Art. 71. Nos casos de emerg•ncia nacional ou interesse pœblico, declarados em ato do Poder
Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado n‹o atenda a essa
necessidade, poder‡ ser concedida, de of’cio, licen•a compuls—ria, tempor‡ria e n‹o
exclusiva, para a explora•‹o da patente, sem preju’zo dos direitos do respectivo titular.
Par‡grafo œnico. O ato de concess‹o da licen•a estabelecer‡ seu prazo de vig•ncia e a
possibilidade de prorroga•‹o.

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Esta Ž a chamada licen•a por interesse pœblico, que ocorre diante de situa•›es
de emerg•ncia ou interesse pœblico. Esta modalidade de licen•a ganhou
notoriedade em um caso no qual se discutia o licenciamento compuls—rio para
uso do medicamento Efavirenz, empregado no tratamento dos portadores do
v’rus HIV.
A Òquebra da patenteÓ foi determinada pelo Decreto n. 6.108/2007, que garantiu
o licenciamento compuls—rio para uso pœblico n‹o comercial do medicamento,
prevendo inclusive o pagamento de royalties ao laborat—rio titular da patente.
Por outro lado, a medida sofreu cr’ticas de institui•›es ligadas ˆ pesquisa, sob o
argumento de que afugentaria empresas que investem em pesquisa tecnol—gica
de ponta.

O procedimento para concess‹o de licenciamento compuls—rio consta nos arts.


73 a 74 da Lei de Propriedade Industrial.

Art. 73. O pedido de licen•a compuls—ria dever‡ ser formulado mediante indica•‹o das
condi•›es oferecidas ao titular da patente.
¤ 1¼ Apresentado o pedido de licen•a, o titular ser‡ intimado para manifestar-se no prazo
de 60 (sessenta) dias, findo o qual, sem manifesta•‹o do titular, ser‡ considerada aceita a
proposta nas condi•›es oferecidas.
¤ 2¼ O requerente de licen•a que invocar abuso de direitos patent‡rios ou abuso de poder
econ™mico dever‡ juntar documenta•‹o que o comprove.
¤ 3¼ No caso de a licen•a compuls—ria ser requerida com fundamento na falta de explora•‹o,
caber‡ ao titular da patente comprovar a explora•‹o.
¤ 4¼ Havendo contesta•‹o, o INPI poder‡ realizar as necess‡rias dilig•ncias, bem como
designar comiss‹o, que poder‡ incluir especialistas n‹o integrantes dos quadros da
autarquia, visando arbitrar a remunera•‹o que ser‡ paga ao titular.
¤ 5¼ Os —rg‹os e entidades da administra•‹o pœblica direta ou indireta, federal, estadual e
municipal, prestar‹o ao INPI as informa•›es solicitadas com o objetivo de subsidiar o
arbitramento da remunera•‹o.
¤ 6¼ No arbitramento da remunera•‹o, ser‹o consideradas as circunst‰ncias de cada caso,
levando-se em conta, obrigatoriamente, o valor econ™mico da licen•a concedida.
¤ 7¼ Instru’do o processo, o INPI decidir‡ sobre a concess‹o e condi•›es da licen•a
compuls—ria no prazo de 60 (sessenta) dias.
¤ 8¼ O recurso da decis‹o que conceder a licen•a compuls—ria n‹o ter‡ efeito suspensivo.
Art. 74. Salvo raz›es leg’timas, o licenciado dever‡ iniciar a explora•‹o do objeto da
patente no prazo de 1 (um) ano da concess‹o da licen•a, admitida a interrup•‹o por igual
prazo.
¤ 1¼ O titular poder‡ requerer a cassa•‹o da licen•a quando n‹o cumprido o disposto neste
artigo.
¤ 2¼ O licenciado ficar‡ investido de todos os poderes para agir em defesa da patente.
¤ 3¼ Ap—s a concess‹o da licen•a compuls—ria, somente ser‡ admitida a sua cess‹o quando
realizada conjuntamente com a cess‹o, aliena•‹o ou arrendamento da parte do
empreendimento que a explore.

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6.11. Patente de interesse da defesa nacional

Art. 75. O pedido de patente origin‡rio do Brasil cujo objeto interesse ˆ defesa nacional
ser‡ processado em car‡ter sigiloso e n‹o estar‡ sujeito ˆs publica•›es previstas nesta Lei.
¤ 1¼ O INPI encaminhar‡ o pedido, de imediato, ao —rg‹o competente do Poder Executivo
para, no prazo de 60 (sessenta) dias, manifestar-se sobre o car‡ter sigiloso. Decorrido o
prazo sem a manifesta•‹o do —rg‹o competente, o pedido ser‡ processado normalmente.
¤ 2¼ ƒ vedado o dep—sito no exterior de pedido de patente cujo objeto tenha sido
considerado de interesse da defesa nacional, bem como qualquer divulga•‹o do mesmo,
salvo expressa autoriza•‹o do —rg‹o competente.
¤ 3¼ A explora•‹o e a cess‹o do pedido ou da patente de interesse da defesa nacional est‹o
condicionadas ˆ prŽvia autoriza•‹o do —rg‹o competente, assegurada indeniza•‹o sempre
que houver restri•‹o dos direitos do depositante ou do titular.

A Lei de Propriedade Industrial n‹o d‡ maiores explica•›es acerca do que seria a


patente de interesse da defesa nacional, mas podemos imaginar que se trata de
um invento ou modelo de utilidade considerado importante para as For•as
Armadas, guarda de fronteiras ou outras atividades que envolvam a seguran•a
nacional.

6.12. Retribui•‹o anual

Art. 84. O depositante do pedido e o titular da patente est‹o sujeitos ao pagamento de


retribui•‹o anual, a partir do in’cio do terceiro ano da data do dep—sito.
¤ 1¼ O pagamento antecipado da retribui•‹o anual ser‡ regulado pelo INPI.
¤ 2¼ O pagamento dever‡ ser efetuado dentro dos primeiros 3 (tr•s) meses de cada per’odo
anual, podendo, ainda, ser feito, independente de notifica•‹o, dentro dos 6 (seis) meses
subsequentes, mediante pagamento de retribui•‹o adicional.
Art. 85. O disposto no artigo anterior aplica-se aos pedidos internacionais depositados em
virtude de tratado em vigor no Brasil, devendo o pagamento das retribui•›es anuais
vencidas antes da data da entrada no processamento nacional ser efetuado no prazo de 3
(tr•s) meses dessa data.
Art. 86. A falta de pagamento da retribui•‹o anual, nos termos dos arts. 84 e 85, acarretar‡
o arquivamento do pedido ou a extin•‹o da patente.

O art. 84 prev• a obriga•‹o do titular da patente ou depositante do pedido de


pagar um valor a t’tulo de retribui•‹o anual, a partir do terceiro ano contado do
dep—sito. Trata-se de uma espŽcie de taxa cobrada pelo INPI para custear suas
atividades.

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6.13. Extin•‹o da patente

Art. 78. A patente extingue-se:


I - pela expira•‹o do prazo de vig•ncia;
II - pela renœncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;
III - pela caducidade;
IV - pela falta de pagamento da retribui•‹o anual, nos prazos previstos no ¤ 2¼ do art. 84
e no art. 87; e
V - pela inobserv‰ncia do disposto no art. 217.
Par‡grafo œnico. Extinta a patente, o seu objeto cai em dom’nio pœblico.

Quanto ˆ extin•‹o pela expira•‹o do prazo de vig•ncia, voc• j‡ sabe que a


vig•ncia da patente Ž improrrog‡vel. Quanto ˆ renœncia, a pr—pria Lei de
Propriedade Industrial determina que ela s— ser‡ admitida se n‹o prejudicar
direito de terceiros (art. 79).
Quanto ˆ caducidade, esta atingir‡ a patente, de of’cio ou a requerimento de
qualquer pessoa com leg’timo interesse, se, decorridos 2 anos da concess‹o da
primeira licen•a compuls—ria, esse prazo n‹o tiver sido suficiente para prevenir
ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justific‡veis (art. 80). Trata-se de
mais uma hip—tese de instaura•‹o de processo administrativo junto ao INPI, com
previs‹o de ampla defesa e contradit—rio para o titular da patente.

6.14. Adi•‹o de inven•‹o

Art. 76. O depositante do pedido ou titular de patente de inven•‹o poder‡ requerer,


mediante pagamento de retribui•‹o espec’fica, certificado de adi•‹o para proteger
aperfei•oamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da inven•‹o, mesmo que
destitu’do de atividade inventiva, desde que a matŽria se inclua no mesmo conceito
inventivo.
¤ 1¼ Quando tiver ocorrido a publica•‹o do pedido principal, o pedido de certificado de
adi•‹o ser‡ imediatamente publicado.
¤ 2¼ O exame do pedido de certificado de adi•‹o obedecer‡ ao disposto nos arts. 30 a 37,
ressalvado o disposto no par‡grafo anterior.
¤ 3¼ O pedido de certificado de adi•‹o ser‡ indeferido se o seu objeto n‹o apresentar o
mesmo conceito inventivo.
¤ 4¼ O depositante poder‡, no prazo do recurso, requerer a transforma•‹o do pedido de
certificado de adi•‹o em pedido de patente, beneficiando-se da data de dep—sito do pedido
de certificado, mediante pagamento das retribui•›es cab’veis.
Art. 77. O certificado de adi•‹o Ž acess—rio da patente, tem a data final de vig•ncia desta
e acompanha-a para todos os efeitos legais.

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Par‡grafo œnico. No processo de nulidade, o titular poder‡ requerer que a matŽria contida
no certificado de adi•‹o seja analisada para se verificar a possibilidade de sua subsist•ncia,
sem preju’zo do prazo de vig•ncia da patente.

A adi•‹o de inven•‹o serve para proteger o conceito inventivo do inventor, ou


seja, sua cria•‹o em si. Diante de um aperfei•oamento ou desenvolvimento
introduzido no invento, este poder‡ ser protegido por meio do procedimento de
adi•‹o.

6.15. Patentes pipeline

Art. 230. Poder‡ ser depositado pedido de patente relativo ˆs subst‰ncias, matŽrias ou
produtos obtidos por meios ou processos qu’micos e as subst‰ncias, matŽrias, misturas ou
produtos aliment’cios, qu’mico-farmac•uticos e medicamentos de qualquer espŽcie, bem
como os respectivos processos de obten•‹o ou modifica•‹o, por quem tenha prote•‹o
garantida em tratado ou conven•‹o em vigor no Brasil, ficando assegurada a data do
primeiro dep—sito no exterior, desde que seu objeto n‹o tenha sido colocado em qualquer
mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro com seu consentimento, nem tenham
sido realizados, por terceiros, no Pa’s, sŽrios e efetivos preparativos para a explora•‹o do
objeto do pedido ou da patente.
[...]
Art. 231. Poder‡ ser depositado pedido de patente relativo ˆs matŽrias de que trata o artigo
anterior, por nacional ou pessoa domiciliada no Pa’s, ficando assegurada a data de
divulga•‹o do invento, desde que seu objeto n‹o tenha sido colocado em qualquer mercado,
por iniciativa direta do titular ou por terceiro com seu consentimento, nem tenham sido
realizados, por terceiros, no Pa’s, sŽrios e efetivos preparativos para a explora•‹o do objeto
do pedido.

No regime de propriedade industrial anterior n‹o era permitida a patente de


produtos farmac•uticos ou aliment’cios, mas a atual Lei de Propriedade Industrial
os permite. Diante dessa situa•‹o, ap—s a entrada em vigor da nova lei, os
inventores que haviam requerido essas patentes no exterior poderiam requerer
as chamadas patentes pipeline.
Os arts. 230 e 231 preveem essa possibilidade, mas h‡ muita controvŽrsia,
incluindo a’ o ajuizamento de uma A•‹o Direta de Inconstitucionalidade ainda n‹o
julgada pelo STF.
Na pr‡tica, muitos titulares de patentes pipeline (em sua maioria laborat—rios)
tentam estender o prazo de vig•ncia da patente brasileira quando tais prazos, no
pa’s de origem, s‹o mais longos ou s‹o prorrogados por algum motivo. O
entendimento do STJ, porŽm, Ž no sentido de que as patentes pipelines
revalidadas no Brasil vigoram pelo prazo remanescente no pa’s de origem, mas
limitado ao prazo m‡ximo previsto em nossa legisla•‹o, que atualmente Ž de 20
anos para patentes de inven•‹o e de 15 anos para patentes de modelo de
utilidade.

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7 Ð Desenho Industrial
Enquanto a prote•‹o do invento e do modelo de utilidade se d‡ mediante
concess‹o de patente, a prote•‹o do desenho industrial se d‡ mediante registro,
da mesma forma que ocorre com as marcas.

7.1. Conceito de desenho industrial

Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma pl‡stica ornamental de um objeto ou o


conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando
resultado visual novo e original na sua configura•‹o externa e que possa servir de tipo de
fabrica•‹o industrial.

O primeiro ponto aqui Ž saber diferenciar o desenho industrial da obra de arte, e


j‡ quero deixar claro que isso Ž importante porque essas obras est‹o, como voc•
j‡ sabe, protegidas por diferentes regimes jur’dicos.
A grande diferen•a est‡ na chamada fun•‹o utilit‡ria do desenho industrial, que
nada mais Ž do que a sua aplica•‹o mercadol—gica. A obra de arte, por outro
lado, Ž uma figura meramente estŽtica ou decorativa.
ƒ importante ainda salientar que, diferentemente do modelo de utilidade, o
desenho industrial n‹o guarda nenhuma rela•‹o com a funcionalidade do
produto, j‡ que Ž uma cria•‹o estŽtica.

7.2. Requisitos de registrabilidade


Os requisitos necess‡rios para o registro do desenho industrial s‹o:
a)! novidade;
b)! originalidade;
c)! aplica•‹o industrial; e
d)! licitude (ou desimpedimento).
A novidade Ž o requisito atendido quando o desenho industrial n‹o est‡
compreendido no estado da tŽcnica. J‡ tratamos do tema quando estudamos os
inventos e os modelos de utilidade, ent‹o n‹o precisamos mais nos aprofundar e
explicar o que isso significa, n‹o Ž mesmo!?
O requisito da originalidade, por sua vez, ser‡ cumprido quando do desenho
industrial resultar uma Òconfigura•‹o visual distintiva, em rela•‹o a outros
objetos anterioresÓ (art. 97). ƒ importante salientar ainda que esse resultado
original poder‡ ser decorrente da combina•‹o de elementos conhecidos. Em
palavras mais simples, o desenho industrial precisa ser significativamente
diferente dos outros existentes no mercado.

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A aplica•‹o industrial Ž justamente o que diferencia o desenho industrial das


obras de arte. O desenho industrial Ž aplic‡vel a um produto, e, apesar de
tambŽm ter car‡ter estŽtico, tem finalidades que v‹o alŽm do puro deleite.
Quanto ˆ licitude, a pr—pria Lei de Propriedade Industrial estabelece em seu art.
100 hip—teses de desenho industrial n‹o registr‡veis.

Art. 100. N‹o Ž registr‡vel como desenho industrial:


I - o que for contr‡rio ˆ moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas, ou atente contra liberdade de consci•ncia, cren•a, culto religioso ou ideia e
sentimentos dignos de respeito e venera•‹o;
II - a forma necess‡ria comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada
essencialmente por considera•›es tŽcnicas ou funcionais.

7.3. Procedimento de registro


O procedimento Ž muito parecido com o que estudamos quando falamos das
patentes, mas com algumas pequenas adapta•›es.
Como voc• j‡ sabe, considera-se o requerente legitimado para obter o registro.
Este poder‡ ser requerido em nome pr—prio, pelos herdeiros ou sucessores do
autor, pelo cession‡rio ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou
de presta•‹o de servi•os determinar que perten•a a titularidade.
AlŽm disso, quando estivermos falando de desenho industrial realizado
conjuntamente por duas ou mais pessoas, o registro poder‡ ser requerido por
todas ou qualquer delas, mediante nomea•‹o e qualifica•‹o das demais, para
ressalva dos respectivos direitos.
Se dois ou mais autores tiverem realizado o mesmo desenho industrial de forma
independente, o direito de obter o registro ser‡ assegurado ˆquele que provar o
dep—sito mais antigo, independentemente da data de cria•‹o.
S‹o tambŽm aplic‡veis ao desenho industrial as disposi•›es que estudamos
acerca de inventos realizados por funcion‡rios do empres‡rio (art. 88 a 93).

Art. 101. O pedido de registro, nas condi•›es estabelecidas pelo INPI, conter‡:
I - requerimento;
II - relat—rio descritivo, se for o caso;
III - reivindica•›es, se for o caso;
IV - desenhos ou fotografias;
V - campo de aplica•‹o do objeto; e
VI - comprovante do pagamento da retribui•‹o relativa ao dep—sito.
Par‡grafo œnico. Os documentos que integram o pedido de registro dever‹o ser
apresentados em l’ngua portuguesa.

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Como voc• j‡ deve ter percebido, os requisitos para o pedido de registro s‹o os
mesmos exigidos para a patente. Da mesma forma, o pedido de registro do
desenho industrial deve ser, em seguida, submetido a exame formal preliminar,
conforme art. 102 da Lei de Propriedade Industrial. O INPI, por sua vez, poder‡
receber o pedido mesmo que contenha pequenas irregularidades, determinando,
neste caso, que as exig•ncias formais sejam cumpridas no prazo de 5 dias, nos
termos do art. 103.
De forma semelhante ao que j‡ estudamos, o desenho industrial deve
representar clara e suficientemente objeto e suas varia•›es, se houver, de modo
a possibilitar sua reprodu•‹o por tŽcnico no assunto (art. 104, par‡grafo œnico).

7.4. Concess‹o do registro

Art. 106. Depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos
arts. 100, 101 e 104, ser‡ automaticamente publicado e simultaneamente concedido o
registro, expedindo-se o respectivo certificado.

Aqui o procedimento de registro do desenho industrial assume algumas


peculiaridades, pois a publica•‹o e a concess‹o neste caso s‹o autom‡ticas, e o
registro Ž despedido imediatamente.
TambŽm Ž importante notar que n‹o h‡ previs‹o do per’odo de sigilo de 18
meses. Por outro lado, a concess‹o do sigilo Ž poss’vel mediante requerimento
do autor, pelo prazo de 180 dias.
Como publica•‹o do pedido de registro e a concess‹o do certificado s‹o
autom‡ticas, O exame do mŽrito do pedido somente ocorrer‡ mediante
requerimento do titular ou de terceiros interessados. Por essa raz‹o dizemos que,
no registro do desenho industrial, o exame de mŽrito do pedido Ž eventual e
diferido.

7.5. Vig•ncia do registro

Art. 108. O registro vigorar‡ pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do dep—sito,
prorrog‡vel por 3 (tr•s) per’odos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.

O prazo de vig•ncia do registro de desenho industrial Ž de 10 anos, contados da


data do dep—sito. Esse prazo, porŽm, poder‡ ser prorrogado por tr•s per’odos
sucessivos, de 5 anos cada. O requerimento de prorroga•‹o deve ser feito no
œltimo ano da vig•ncia do registro, e depende do pagamento da respectiva
retribui•‹o. Se o pedido n‹o for feito no prazo previsto, o titular poder‡ faz•-lo
nos 180 dias subsequentes, mediante o pagamento de retribui•‹o adicional.

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O titular do registro, ent‹o, ter‡ o direito de explora•‹o econ™mica exclusiva do


seu objeto, assim como ocorre na patente de inven•‹o e de modelo de utilidade.
A Lei de Propriedade Industrial aqui tambŽm protege o terceiro de boa-fŽ que j‡
explorava o objeto antes da data do dep—sito, conforme art. 110.

Art. 110. Ë pessoa que, de boa fŽ, antes da data do dep—sito ou da prioridade do pedido
de registro explorava seu objeto no Pa’s, ser‡ assegurado o direito de continuar a
explora•‹o, sem ™nus, na forma e condi•‹o anteriores.
¤ 1¼ O direito conferido na forma deste artigo s— poder‡ ser cedido juntamente com o
neg—cio ou empresa, ou parte deste, que tenha direta rela•‹o com a explora•‹o do objeto
do registro, por aliena•‹o ou arrendamento.
¤ 2¼ O direito de que trata este artigo n‹o ser‡ assegurado a pessoa que tenha tido
conhecimento do objeto do registro atravŽs de divulga•‹o nos termos do ¤ 3¼ do art. 96,
desde que o pedido tenha sido depositado no prazo de 6 (seis) meses contados da
divulga•‹o.

7.6. Nulidade do registro


Assim como ocorre com as patentes, tambŽm Ž poss’vel a decreta•‹o de
nulidade do registro de desenho industrial nos casos de desobedi•ncia ˆ Lei de
Propriedade Industrial.
Caso a nulidade decorra de ofensa ˆ regra do art. 94, que tata dos leg’timos
titulares do registro, o interessado poder‡ optar por ingressar em ju’zo para
requerer a adjudica•‹o do registro.
Quando a nulidade for decorrente de ofensa a outros dispositivos da lei, a
novidade dever‡ ser requerida ao INPI, que dever‡ instaurar processo
administrativo pr—prio, medida que tambŽm poder‡ ser tomada de of’cio, no
prazo de 5 anos contados da concess‹o do registro.
A declara•‹o de nulidade produz efeitos ex tunc, e por isso Ž poss’vel que o
processo administrativo prossiga, ainda que o registro j‡ tenha sido extinto.
Parte fundamental do processo administrativo diz respeito ao contradit—rio, em
raz‹o do qual o titular do registro poder‡ exercer seu direito de defesa,
produzidas provas necess‡rias para influenciar a seu favor a decis‹o final. O
procedimento est‡ descrito nos arts. 114 a 116 da Lei de Propriedade Industrial,
seguindo a mesma l—gica do procedimento para declara•‹o de nulidade de
patente.

Art. 114. O titular ser‡ intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias
contados da data da publica•‹o.
Art. 115. Havendo ou n‹o manifesta•‹o, decorrido o prazo fixado no artigo anterior, o INPI
emitir‡ parecer, intimando o titular e o requerente para se manifestarem no prazo comum
de 60 (sessenta) dias.

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Art. 116. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que n‹o apresentadas as
manifesta•›es, o processo ser‡ decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a inst‰ncia
administrativa.
Art. 117. O processo de nulidade prosseguir‡, ainda que extinto o registro.
Art. 118. Aplicam-se ˆ a•‹o de nulidade de registro de desenho industrial, no que couber,
as disposi•›es dos arts. 56 e 57.

7.7. Retribui•‹o quinquenal

Art. 120. O titular do registro est‡ sujeito ao pagamento de retribui•‹o quinquenal, a partir
do segundo quinqu•nio da data do dep—sito.

Da mesma forma que o titular da patente, o titular do registro do desenho


industrial tambŽm deve pagar ao INPI determinados valores. Entretanto, aqui h‡
uma diferen•a interessante: enquanto a retribui•‹o referente a patente anual, o
titular do registro de desenho Industrial obrigado pagamento de retribui•‹o
quinquenal.

7.8. Extin•‹o do registro


As hip—teses de extin•‹o do registo do desenho industrial encontram previs‹o no
art. 119 da Lei de Propriedade Industrial.

Art. 119. O registro extingue-se:


I - pela expira•‹o do prazo de vig•ncia;
II - pela renœncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;
III - pela falta de pagamento da retribui•‹o prevista nos arts. 108 e 120; ou
IV - pela inobserv‰ncia do disposto no art. 217.

O art. 217 se refere ˆ obriga•‹o imposta ˆ pessoa domiciliada no exterior, de


constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no Pa’s,
com poderes para represent‡-la administrativa e judicialmente, inclusive para
receber cita•›es.

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8 Ð Marca
8.1. Conceitos b‡sicos
A marca tambŽm um bem protegido pelo regime jur’dico da propriedade
industrial. A defini•‹o est‡ no art. 122 da Lei de Propriedade Industrial.

Art. 122. S‹o suscet’veis de registro como marca os sinais distintivos visualmente
percept’veis, n‹o compreendidos nas proibi•›es legais.

Perceba, portanto, que a principal finalidade da marca Ž diferenciar o produto de


outros semelhantes. Sobre esses elementos diferenciadores, vale mencionar dois
interessantes julgados do STJ: em um a Corte entende que um condom’nio
fechado que usa marca semelhante ˆ de um produto n‹o ofende a prote•‹o ˆ
marca, pois n‹o se refere a atos da vida comercial. Em outra ocasi‹o, o Tribunal
entendeu que, mesmo com um nome diferente, determinado produto violava a
prote•‹o ˆ marca porque tentava se posicionar no mesmo mercado do detentor
do registro.

CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. DIREITO DE MARCAS. NOME DE CONDOMêNIO


FECHADO (ACQUAMARINA SERNAMBETIBA 3.360). EXISTæNCIA DE REGISTRO DE
MARCA (ACQUAMARINE) NA CLASSE DE SERVI‚OS DE ADMINISTRA‚AO, LOCA‚AO
E AUXILIARES AO COMƒRCIO DE BENS IMîVEIS. AUSæNCIA DE COLIDæNCIA.
PRINCêPIO DA ESPECIALIDADE. DISTIN‚AO ENTRE ATO CIVIL E ATO COMERCIAL.
COMPOSI‚AO DOS SIGNOS. MERCADO CONSUMIDOR. INOCORRæNCIA DE
CONFUSAO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SòMULA 07/STJ. RECURSO
DESPROVIDO.
1. A marca Ž um sinal distintivo, visualmente percept’vel, que visa a identificar um produto
ou servi•o no mercado consumidor. Para se obter o registro da marca e, consequentemente,
sua propriedade, Ž necess‡ria a observ‰ncia de certos requisitos como a novidade relativa,
distinguibilidade, veracidade e licitude, de molde a evitar que o consumidor seja induzido a
engano, ante a exist•ncia de repeti•›es ou imita•›es de signos protegidos.
2. Produtos ou servi•os diferentes podem apresentar marcas semelhantes, dado que incide,
no direito marc‡rio, em regra, o princ’pio da especialidade; ou seja, a prote•‹o da marca
apenas Ž assegurada no ‰mbito das atividades do registro, ressalvada a hip—tese de marca
not—ria.
3. O nome de um condom’nio fechado, a semelhan•a de nome de edif’cio, n‹o viola
os direitos de propriedade industrial inerentes a uma marca registrada e
protegida, ainda que seja no ramo de servi•os de administra•‹o, loca•‹o e
auxiliares ao comŽrcio de bens im—veis.
4. Os nomes de edif’cios ou de condom’nios fechados n‹o s‹o marcas nem s‹o atos
da vida comercial, mas, ao revŽs, s‹o atos da vida civil, pois promovem a
individualiza•‹o da coisa, n‹o podendo ser enquadrados como servi•os ou, ainda,
produtos, mesmo porque, para estes œltimos, a marca serve para distinguir sŽries
(de mercadorias) - e n‹o objetos singulares.
5. O fato de uma empresa construir um edif’cio ou um condom’nio fechado, ao
particularizar o empreendimento colocando-lhe um nome (que se mantŽm,
havendo comercializa•‹o ou n‹o de unidades habitacionais), n‹o torna o ato civil

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em comercial, tampouco coloca em risco, por confus‹o, os efeitos jur’dicos de


marca registrada no ramo de servi•os, pois o signo protegido Ž restrito ˆ atividade,
n‹o repercutindo na nomea•‹o de coisas. Incid•ncia do princ’pio da especialidade.
6. Faz-se necess‡rio, para o exame do fen™meno da colis‹o de marcas, n‹o somente a
aferi•‹o do ramo de atividade comercial das empresas combatentes, mas deve-se apreciar
tambŽm a composi•‹o marc‡ria como um todo. ƒ que a prote•‹o da marca Ž limitada ˆ sua
forma de composi•‹o, porquanto as partes e/ou afixos de dado signo - ainda mais quando
essencialmente nominativo - podem ser destacados e combinados com outros sinais,
resultando em um outro conjunto simb—lico essencialmente distinto. ƒ o fen™meno da
justaposi•‹o ou aglutina•‹o de afixos em nomes, que podem constituir outras marcas
v‡lidas, no mesmo ramo de atividade econ™mica ( v.g. : Coca-Cola e Pepsi Cola).
7. Se o Tribunal estadual, examinando os elementos de fato e de prova dos autos, concluiu
pela aus•ncia de risco de erro, engano ou confus‹o entre as marcas pelo consumidor, n‹o
havendo tambŽm qualquer ato de concorr•ncia desleal praticado pela demandada, sendo
inexistente a m‡-fŽ, chegar a conclus‹o diversa encontra —bice na Sœmula 07 do STJ.
8. Recurso especial a que se nega provimento.
REsp 862.067/RJ, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), 3a
Turma, j. 26.04.2011, DJe 10.05.2011.

DIREITO COMERCIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. USO DE MARCA COM


ELEMENTOS SEMELHANTES. NOMES QUE, EMBORA COMUNS, DISTINGUEM MARCA
DE PRODUTO ESPECêFICO CONSAGRADO NO MERCADO. EXCLUSIVIDADE DE USO.
PROVIMENTO.
I - A exclusividade da marca "Leite de Rosas" Ž violada pelo uso da express‹o "Desodorante
Creme de Rosas", mormente em embalagem semelhante
II - Embora composta por palavras comuns, a marca deve ter distin•‹o suficiente no
mercado de modo a nomear um produto espec’fico. Marcas semelhantes em produtos da
mesma classe induzem o consumidor a erro e violam direito do titular da marca original.
III - Recurso Especial provido.
REsp 929.604/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3a Turma, j. 22.03.2011, DJe 06.05.2011.

8.2. Limita•›es de registro


Assim como os outros bens protegidos pela propriedade industrial, a marca
tambŽm encontra limita•›es nas possibilidades de registro, conforme art. 124 da
Lei de Propriedade Industrial.

Art. 124. N‹o s‹o registr‡veis como marca:


I - bras‹o, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, pœblicos,
nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designa•‹o, figura ou
imita•‹o;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma
distintiva;
III - express‹o, figura, desenho ou qualquer outro sinal contr‡rio ˆ moral e aos bons
costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de
consci•ncia, cren•a, culto religioso ou idŽia e sentimento dignos de respeito e venera•‹o;

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IV - designa•‹o ou sigla de entidade ou —rg‹o pœblico, quando n‹o requerido o registro pela
pr—pria entidade ou —rg‹o pœblico;
V - reprodu•‹o ou imita•‹o de elemento caracter’stico ou diferenciador de t’tulo de
estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscet’vel de causar confus‹o ou
associa•‹o com estes sinais distintivos;
VI - sinal de car‡ter genŽrico, necess‡rio, comum, vulgar ou simplesmente descritivo,
quando tiver rela•‹o com o produto ou servi•o a distinguir, ou aquele empregado
comumente para designar uma caracter’stica do produto ou servi•o, quanto ˆ natureza,
nacionalidade, peso, valor, qualidade e Žpoca de produ•‹o ou de presta•‹o do servi•o, salvo
quando revestidos de suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou express‹o empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denomina•›es, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e
distintivo;
IX - indica•‹o geogr‡fica, sua imita•‹o suscet’vel de causar confus‹o ou sinal que possa
falsamente induzir indica•‹o geogr‡fica;
X - sinal que induza a falsa indica•‹o quanto ˆ origem, proced•ncia, natureza, qualidade ou
utilidade do produto ou servi•o a que a marca se destina;
XI - reprodu•‹o ou imita•‹o de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padr‹o
de qualquer g•nero ou natureza;
XII - reprodu•‹o ou imita•‹o de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de
certifica•‹o por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, pr•mio ou s’mbolo de evento esportivo, art’stico, cultural, social, pol’tico,
econ™mico ou tŽcnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imita•‹o suscet’vel
de criar confus‹o, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade
promotora do evento;
XIV - reprodu•‹o ou imita•‹o de t’tulo, ap—lice, moeda e cŽdula da Uni‹o, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territ—rios, dos Munic’pios, ou de pa’s;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de fam’lia ou patron’mico e imagem de terceiros,
salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseud™nimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome art’stico singular ou coletivo,
salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra liter‡ria, art’stica ou cient’fica, assim como os t’tulos que estejam protegidos
pelo direito autoral e sejam suscet’veis de causar confus‹o ou associa•‹o, salvo com
consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo tŽcnico usado na indœstria, na ci•ncia e na arte, que tenha rela•‹o com o
produto ou servi•o a distinguir;
XIX - reprodu•‹o ou imita•‹o, no todo ou em parte, ainda que com acrŽscimo, de marca
alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou servi•o id•ntico, semelhante ou
afim, suscet’vel de causar confus‹o ou associa•‹o com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um s— titular para o mesmo produto ou servi•o, salvo quando,
no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;
XXI - a forma necess‡ria, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda,
aquela que n‹o possa ser dissociada de efeito tŽcnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente
evidentemente n‹o poderia desconhecer em raz‹o de sua atividade, cujo titular seja sediado
ou domiciliado em territ—rio nacional ou em pa’s com o qual o Brasil mantenha acordo ou
que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou

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servi•o id•ntico, semelhante ou afim, suscet’vel de causar confus‹o ou associa•‹o com


aquela marca alheia.

A marca deve individualizar o produto ou servi•o, diferenciando-o de outros. Por


isso n‹o se admite o registro de marca que contenha express‹o comum ou
genŽrica (art. 124, VI). Nesse sentido, o STJ j‡ entendeu que o termo ÒBrasilÓ se
enquadra nessa proibi•‹o de registro quando for o principal elemento de nome
empresarial.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. CONFLITO ENTRE NOME


FANTASIA E NOME EMPRESARIAL. REGISTRO DE MARCA SUPERVENIENTE.
VOCçBULO DE USO COMUM.
[...]
4. Em princ’pio, os elementos que formam o nome da empresa, devidamente arquivado na
Junta Comercial, n‹o podem ser registrados ˆ t’tulo de marca, salvo pelo titular da
denomina•‹o ou terceiros autorizados.
5. O termo "Brasil", principal elemento do nome empresarial, Ž, contudo, voc‡bulo
de uso comum, podendo, em fun•‹o de seu car‡ter genŽrico, ser objeto de registro
de marca atŽ mesmo por empresas que atuem no mesmo ramo comercial, pois
carece da prote•‹o firmada nos termos do art. 124, V, da Lei Lei 9.279/96.
6. Recurso especial conhecido em parte e, na extens‹o, provido, para julgar improcedentes
os pedidos iniciais, invertendo os ™nus sucumbenciais.
REsp 1.082.734/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 03.09.2009, DJe
28.09.2009.

Em outra ocasi‹o, o STJ decidiu que express›es de pouca originalidade ou fraco


potencial criativo (marcas evocativas), bem como express›es que designem o
componente principal do produto, n‹o merecem prote•‹o como marca.

COMERCIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA EVOCATIVA. REGISTRO NO


INPI. EXCLUSIVIDADE. MITIGA‚ÌO. POSSIBILIDADE.
1. Marcas fracas ou evocativas, que constituem express‹o de uso comum, de pouca
originalidade, atraem a mitiga•‹o da regra de exclusividade decorrente do registro,
admitindo-se a sua utiliza•‹o por terceiros de boa-fŽ.
2. O monop—lio de um nome ou sinal genŽrico em benef’cio de um comerciante implicaria
uma exclusividade inadmiss’vel, a favorecer a deten•‹o e o exerc’cio do comŽrcio de forma
œnica, com preju’zo n‹o apenas ˆ concorr•ncia empresarial - impedindo os demais
industriais do ramo de divulgarem a fabrica•‹o de produtos semelhantes atravŽs de
express›es de conhecimento comum, obrigando-os ˆ busca de nomes alternativos
estranhos ao dom’nio pœblico - mas sobretudo ao mercado em geral, que teria dificuldades
para identificar produtos similares aos do detentor da marca.
3. A linha que divide as marcas genŽricas - n‹o sujeitas a registro - das evocativas Ž
extremamente t•nue, por vezes impercept’vel, fruto da pr—pria evolu•‹o ou
desenvolvimento do produto ou servi•o no mercado. H‡ express›es que, n‹o obstante
estejam diretamente associadas a um produto ou servi•o, de in’cio n‹o estabelecem com
este uma rela•‹o de identidade t‹o pr—xima ao ponto de serem empregadas pelo mercado

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consumidor como sin™nimas. Com o transcorrer do tempo, porŽm, ˆ medida em que se


difunde no mercado, o produto ou servi•o pode vir a estabelecer forte rela•‹o com a
express‹o, que passa a ser de uso comum, ocasionando sens’vel redu•‹o do seu car‡ter
distintivo. Nesses casos, express›es que, a rigor, n‹o deveriam ser admitidas como marca
por for•a do —bice contido no art. 124, VI, da LPI, acabam sendo registradas pelo INPI,
ficando sujeitas a terem sua exclusividade mitigada.
4. Recurso especial a que se nega provimento.
REsp 1.315.621/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 04.06.2013, DJe 13.06.2013.

Nesse sentido, tambŽm n‹o Ž poss’vel a concess‹o de registro para prote•‹o de


cores e suas denomina•›es. O STJ j‡ reconheceu que a express‹o ÒamarelasÓ,
que por muito tempo foi conhecida por indicar os registros comerciais das listas
telef™nicas, n‹o poderia ser apropriada por uma empresa na qualidade de marca.
O resumo do julgado Ž um pouco longo, mas a leitura vale a pena.

RECURSO ESPECIAL - PROPRIEDADE INTELECTUAL - A‚ÌO ORDINçRIA DE


ANULA‚ÌO DE ATO ADMINISTRATIVO EMANADO DO INPI - PEDIDO JULGADO
IMPROCEDENTE, MANTENDO O INDEFERIMENTO E ARQUIVAMENTO DO
REQUERIMENTO DE REGISTRO DE MARCA - SENTEN‚A REFORMADA PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, A FIM DE RESTABELECER O CURSO REGULAR DO
PROCEDIMENTO DE REGISTRO DO SINAL DISTINTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE
APROPRIA‚ÌO DE ELEMENTO COMUM - PROTE‚ÌO Ë LIVRE INICIATIVA E
COMBATE Ë CONCORRæNCIA DESLEAL - MARCA FRACA, SEM ORIGINALIDADE
MARCANTE OU CRIATIVIDADE EXUBERANTE - IMPOSI‚ÌO DE CONVIVæNCIA COM
OUTRAS SEMELHANTES - PRECEDENTES - RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. A•‹o
ordin‡ria de anula•‹o de ato administrativo proferido pelo INPI que indeferiu e arquivou o
requerimento de registro de sinal distintivo: "CLASSIFICADAS AMARELAS". Pedido julgado
improcedente, a fim de manter a exclus‹o registral determinada pelo —rg‹o administrativo.
Senten•a reformada pelo Tribunal de origem, determinando o restabelecimento do curso
regular do procedimento instaurado perante o INPI para o registro da marca -
"CLASSIFICADAS AMARELAS" -, ao fundamento de ser signo distintivo formado por
elemento comum inapropri‡vel.
1. Conflito entre marcas: "PçGINAS AMARELAS" e "LISTAS AMARELAS" versus
"CLASSIFICADAS AMARELAS". Os sinais distintivos em an‡lise s‹o constitu’dos por
elemento comum inapropri‡vel que expressa caracter’stica essencial do objeto
comercializado, raz‹o pela qual dar exclusividade ao seu uso a bem da recorrente atenta
contra a livre iniciativa, tendo em vista a inexor‡vel dificuldade de inser•‹o de novos bens
de consumo cong•neres no mercado, mormente, pela impossibilidade de denomina-los por
aquilo que eles realmente s‹o em sua ess•ncia. 1.1 Registre-se que o uso de elemento
comum descritivo do servi•o prestado - "AMARELAS" - traz ˆ mente do consumidor a
imediata associa•‹o de caracter’stica do objeto comercializado. Contudo a vantagem
comercial advinda deste expediente atrai, em contra partida, o ™nus de se criar um sinal
distintivo fraco, sem originalidade marcante ou criatividade exuberante, o que, em œltima
an‡lise, imp›e a sua conviv•ncia com outros s’mbolos comerciais formados pela express‹o
comum - "AMARELAS".
2. Importa assinalar ser poss’vel o registro perante o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial - INPI de marca formada pela combina•‹o de dois ou mais termos genŽricos,
desde que esta jun•‹o se revista de car‡ter original e distintivo. Embora este tipo de signo
comercial seja pass’vel de prote•‹o jur’dica, a tutela destinada a ele tem abrang•ncia
menor, por ter a nova marca em sua g•nese elementos comuns inapropri‡veis. Isto Ž,
mesmo sendo defeso a reprodu•‹o e a utiliza•‹o integral de marca composta por elementos

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comuns, este sinal comercial ter‡ que conviver no mercado com outros signos comerciais
semelhantes a ele, pois a vantagem de incorporar ˆ marca caracter’stica descritiva do objeto
comercializado atrai, em contra partida, o ™nus de se criar um sinal distintivo fraco, sem
originalidade marcante ou criatividade exuberante.
3. ƒ not—rio que o contraste estabelecido pela superposi•‹o da cor preta sobre a amarela
tem o efeito de destacar as informa•›es inseridas em texto assim formatado. N‹o Ž de hoje
que esta tŽcnica Ž usada por revistas, jornais e demais peri—dicos, sobretudo quando se
destina a anœncios comerciais, pois d‡ maior legibilidade ˆ publica•‹o, favorecendo a
concentra•‹o do leitor. 3.1. Embora a recorrente alegue ser pioneira na utiliza•‹o deste tipo
de recurso gr‡fico para vincula•‹o de not’cias, n‹o Ž poss’vel obstar a cria•‹o e o registro
de outras marcas semelhantes, pois os signos marc‡rios em an‡lise s‹o compostos por
elementos comuns, cujo uso Ž imposs’vel vedar ou dar exclusividade, da’ que n‹o h‡ como
conceder tutela ˆ pretens‹o que objetiva a apropria•‹o de coisa inexoravelmente comum.
4. Proibir o registro e a utiliza•‹o da marca "CLASSIFICADAS AMARELAS", segundo a
pretens‹o da recorrente, prejudicaria a livre concorr•ncia, pois a recorrida e, de maneira
reflexa, todos os demais empres‡rios que comercializam anœncios em folhas de cor amarela
teriam grandes dificuldades para inserirem seus produtos no mercado, uma vez que a
express‹o "AMARELAS" designa caracter’stica essencial do objeto comercializado 5. Aponte-
se, ainda, a sufici•ncia da distintividade das marcas em an‡lise. Os elementos "PçGINAS"
e "LISTAS" possuem conteœdo fonŽtico e gr‡fico aptos a se distinguir da express‹o
"CLASSIFICADAS", raz‹o pela qual os sinais distintivos "PçGINAS AMARELAS" e "LISTAS
AMARELAS" podem conviver com a marca "CLASSIFICADAS AMARELAS". 6. Ademais, n‹o
se vislumbra confus‹o apta a conduzir o consumidor a erro, pois os s’mbolos marc‡rios em
quest‹o t•m distinguibilidade pr—pria, uma vez que a utiliza•‹o das express›es "PçGINAS",
"LISTAS" e "CLASSIFICADAS" mostra-se satisfat—ria para discriminar os empres‡rios
fornecedores de servi•os cong•neres, bem como possuem habilidade suficiente a
particularizar cada produto posto no mercado. 7. Recurso especial desprovido.
REsp 1.107.588/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, 4a Turma, j. 01.10.2013, DJe 06.11.2013.

Em outra ocasi‹o, o STJ decidiu que a cervejaria Itaipava poderia comercializar


suas bebidas em latas vermelhas, ainda que a Brahma argumentasse que isso
poderia confundir o consumidor e minimizar os efeitos de sua campanha
publicit‡ria.

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA.


COMERCIALIZA‚ÌO DE CERVEJA. LATA COM COR VERMELHA. ART. 124, VIII, DA
LEI N. 9.279/1996 (LPI). SINAIS NÌO REGISTRçVEIS COMO MARCA. PRçTICA DE
ATOS TIPIFICADOS NO ART. 195, III E IV, DA LPI. CONCORRæNCIA DESLEAL.
DESCARACTERIZA‚ÌO. OFENSA AO DIREITO DE MARCA. NÌO OCORRæNCIA.
CONDENA‚ÌO INDENIZATîRIA. AFASTAMENTO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. Por for•a do art. 124, VIII, da Lei n. 9.279/1996 (LPI), a identidade de cores de
embalagens, principalmente com varia•‹o de tons, de um produto em rela•‹o a outro, sem
constituir o conjunto da imagem ou trade dress da marca do concorrente - isto Ž, cores
"dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo" -, n‹o Ž hip—tese legalmente
capitulada como concorr•ncia desleal ou parasit‡ria.
2. A simples cor da lata de cerveja n‹o permite nenhuma rela•‹o com a distin•‹o do produto
nem designa isoladamente suas caracter’sticas - natureza, Žpoca de produ•‹o, sabor, etc.
-, de modo que n‹o enseja a confus‹o entre as marcas, sobretudo quando suficiente o seu
principal e not—rio elemento distintivo, a denomina•‹o.

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3. Para que se materialize a concorr•ncia desleal, alŽm de visar ˆ capta•‹o da clientela de


concorrente, causando-lhe danos e preju’zos ao seu neg—cio, Ž preciso que essa conduta se
traduza em manifesto emprego de meio fraudulento, voltado tanto para confundir o
consumidor quanto para obter vantagem ou proveito econ™mico.
4. O prop—sito ou tentativa de vincular produtos ˆ marca de terceiros, que se convencionou
denominar de associa•‹o parasit‡ria, n‹o se configura quando inexiste ato que denote o
uso por uma empresa da notoriedade e prest’gio mercadol—gico alheios para se destacar no
‰mbito de sua atua•‹o concorrencial.
5. A norma prescrita no inciso VIII do art. 124 da LPI - Se•‹o II, "Dos Sinais N‹o Registr‡veis
como Marca" - Ž bastante, por si s—, para elidir a pr‡tica de atos de concorr•ncia desleal
tipificados no art. 195, III e IV, do mesmo diploma, cujo alcance se arrefece ainda mais em
face da inexist•ncia de elementos f‡tico-jur’dicos caracterizadores de proveito parasit‡rio
que evidenciem que a empresa, por meio fraudulento, tenha criado confus‹o entre produtos
no mercado com o objetivo de desviar a clientela de outrem em proveito pr—prio.
6. Descaracterizada a concorr•ncia desleal, n‹o h‡ falar em ofensa ao direito de marca,
impondo-se o afastamento da condena•‹o indenizat—ria por falta de um dos elementos
essenciais ˆ constitui•‹o da responsabilidade civil - o dano. 7. Recurso especial conhecido
e provido.
REsp 1.376.264/RJ, Rel. Min. Jo‹o Ot‡vio de Noronha, 3a Turma, j. 09.12.2014, DJe
04.02.2015.

No art. 124 h‡ ainda a veda•‹o ao registro de marca que colida com nome
empresarial. Por outro lado, temos precedentes do STJ no sentido de que isso Ž
permitido quando estivermos diante de ramos de atividade distintos.

DIREITO COMERCIAL. MARCA E NOME COMERCIAL. COLIDæNCIA DE MARCA


"ETEP" (REGISTRADA NO INPI) COM NOME COMERCIAL (ARQUIVAMENTO DOS
ATOS CONSTITUTIVOS DA SOCIEDADE NA JUNTA COMERCIAL). CLASSE DE
ATIVIDADE. PRINCêPIO DA ESPECIFICIDADE. INTERPRETA‚ÌO LîGICO-
SISTEMçTICA. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.
I - N‹o h‡ confundir-se marca e nome comercial. A primeira, cujo registro Ž feito junto ao
INPI, destina-se a identificar produtos, mercadorias e servi•os. O nome comercial, por seu
turno, identifica a pr—pria empresa, sendo bastante para legitim‡-lo e proteg•-lo, em ‰mbito
nacional e internacional, o arquivamento dos atos constitutivos no Registro do ComŽrcio.
II - Sobre eventual conflito entre uma e outro, tem incid•ncia, por racioc’nio integrativo, o
princ’pio da especificidade, corol‡rio do nosso direito marc‡rio. Fundamental, assim, a
determina•‹o dos ramos de atividade das empresas litigantes. Se distintos, de molde a n‹o
importar confus‹o, nada obsta possam conviver concomitantemente no universo mercantil.
III - No sistema jur’dico nacional, tanto a marca, pelo C—digo de Propriedade Industrial,
quanto o nome comercial, pela Conven•‹o de Paris, ratificada pelo Brasil por meio do
Decreto 75.572/75, s‹o protegidos juridicamente, conferindo ao titular respectivo o direito
de sua utiliza•‹o.
IV - Havendo colid•ncia entre marca e parte do nome comercial, sendo distintas as
atividades das duas empresas, a fim de garantir a prote•‹o jur’dica tanto a uma quanto a
outro, determina-se ao propriet‡rio do nome que se abstenha de utilizar isoladamente a
express‹o que constitui a marca registrada pelo outro, terceiro, de propriedade desse, sem
preju’zo da utiliza•‹o do seu nome comercial por inteiro.
REsp 119.998/SP, Rel. Min. S‡lvio de Figueiredo Teixeira, 4a Turma, j. 09.03.1999, DJ
10.05.1999, p. 177.

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Segundo a jurisprud•ncia do STJ, devem ser observadas as seguintes condi•›es


para que seja impedido o registro de marca que conflite com nome empresarial:
a)! Que a prote•‹o ao nome empresarial n‹o goze somente de tutela restrita
a alguns Estados, mas detenha a exclusividade sobre o uso do nome em
todo o territ—rio nacional;
b)! Que a reprodu•‹o ou imita•‹o seja Òsuscet’vel de causar confus‹o ou
associa•‹o com estes sinais distintivosÓ.
Se essas condi•›es n‹o estiverem presentes, o STJ entende que n‹o dever‡ ser
aplicada a proibi•‹o de registro da marca.

Entre as proibi•›es h‡ ainda a proibi•‹o da imita•‹o de parte da marca. Um caso


concreto a respeito dessa possibilidade ganhou certa notoriedade na imprensa h‡
alguns anos. Na ocasi‹o, o INPI negou o registro da marca de sorvetes Eski
Quello, a pedido do titular da marca Eski-bon, tambŽm associada a sorvetes. Essa
decis‹o administrativa foi confirmada por julgado do Tribunal Regional Federal
da 2a Regi‹o.

8.3. Nome de dom’nio


O nome de dom’nio, como voc• j‡ saber, nada mais Ž do que o popular endere•o
eletr™nico, por meio do qual a p‡gina do empreendimento na internet Ž
identificada.
O crescimento massivo dos neg—cios na internet nos œltimos anos levou a
diversas pr‡ticas relacionadas ˆ atribui•‹o desses nomes. Isso porque,
diferentemente das marcas, o registro do nome de dom’nio se d‡ de uma s— vez
no mundo todo, e, consequentemente, os procedimentos e regras precisam ser
mais simples, adotando-se o princ’pio First Come, First Served. Em outras
palavras, o dom’nio Ž registrado a quem primeiro o requerer.
A quest‹o que surge, ent‹o, diz respeito ˆ rela•‹o entre o registro da marca e o
nome de dom’nio. Segundo a jurisprud•ncia do STJ, o fato de o empres‡rio ou
sociedade empres‡ria ter registro um nome empresarial ou marca que contenha
uma determinada express‹o n‹o significa que ele tenha automaticamente o
direito exclusivo de usar essa express‹o como nome de dom’nio. Caso o nome
de dom’nio j‡ tenha sido registro, o empres‡rio somente poder‡ invalidar esse
registro se conseguir comprovar a m‡-fŽ do titular do dom’nio.

RECURSO ESPECIAL. A‚ÌO DE ABSTEN‚ÌO DE USO. NOME EMPRESARIAL. NOME


DE DOMêNIO NA INTERNET. REGISTRO. LEGITIMIDADE. CONTESTA‚ÌO.
AUSæNCIA DE Mç-Fƒ. DIVERGæNCIA JURISPRUDENCIAL NÌO DEMONSTRADA.
AUSæNCIA DE SIMILITUDE FçTICA.
1. A anterioridade do registro no nome empresarial no —rg‹o competente n‹o assegura, por
si s—, ao seu titular o direito de exigir a absten•‹o de uso do nome de dom’nio na rede
mundial de computadores (internet) registrado por estabelecimento empresarial que
tambŽm ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo.

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2. No Brasil, o registro de nomes de dom’nio na internet Ž regido pelo princ’pio "First Come,
First Served", segundo o qual Ž concedido o dom’nio ao primeiro requerente que satisfizer
as exig•ncias para o registro.
3. A legitimidade do registro do nome do dom’nio obtido pelo primeiro requerente pode ser
contestada pelo titular de signo distintivo similar ou id•ntico anteriormente registrado - seja
nome empresarial, seja marca.
4. Tal pleito, contudo, n‹o pode prescindir da demonstra•‹o de m‡-fŽ, a ser aferida caso a
caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o cancelamento ou a transfer•ncia do
dom’nio e a responsabilidade por eventuais preju’zos.
5. No caso dos autos, n‹o Ž poss’vel identificar nenhuma circunst‰ncia que constitua sequer
ind’cio de m‡-fŽ na utiliza•‹o do nome pelo primeiro requerente do dom’nio.
6. A demonstra•‹o do diss’dio jurisprudencial pressup›e a ocorr•ncia de similitude f‡tica
entre o ac—rd‹o atacado e os paradigmas.
7. Recurso especial n‹o provido.
REsp 594.404, Rel. Min. Ricardo Villas B™as Cueva, 3a Turma, j. 05.09.2013, DJe
11.09.2013.

8.4. EspŽcies de marca

Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se:


I - marca de produto ou servi•o: aquela usada para distinguir produto ou servi•o de
outro id•ntico, semelhante ou afim, de origem diversa;
II - marca de certifica•‹o: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou
servi•o com determinadas normas ou especifica•›es tŽcnicas, notadamente quanto ˆ
qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e
III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou servi•os provindos de
membros de uma determinada entidade.

A marca de produto ou servi•o Ž a ideia geral de marca que as pessoas


normalmente t•m, que s‹o usadas pelos empres‡rios para identificar produtos
ou servi•os. Esta marca Ž registrada pelo pr—prio empres‡rio que ir‡ utiliz‡-la.
A marca de certifica•‹o serve para atestar a qualidade de determinado produto
ou servi•o conforme normas tŽcnicas estabelecidas por institutos especializados.
Esta marca Ž registrada pela institui•‹o certificadora.
A marca coletiva, por sua vez, serve para atestar a proveni•ncia de
determinado produto ou servi•o. Esse tipo de marca pode indicar, por exemplo,
que os empres‡rios que a utilizam s‹o membros de determinada associa•‹o, e
que seus produtos ou servi•os est‹o em conformidade com as regulamenta•›es
tŽcnicas dessa entidade. Esta marca ser‡ registrada pela entidade que congrega
os membros que ir‹o utiliz‡-la.
A marca de certifica•‹o e a marca coletiva s‹o chamadas pelos doutrinadores de
marcas de identifica•‹o indireta, em raz‹o de normalmente n‹o serem utilizadas
pelo titular do registro.

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Marca de produto ou
servi•o

Classifica•‹o das
Marca de certifica•‹o
marcas, segundo a lei

Marca coletiva

Devemos ainda mencionar a classifica•‹o das marcas segundo a sua forma de


apresenta•‹o. Nesse sentido, temos:
a)! Marcas nominativas. Criadas a partir de palavras e/ou nœmeros, que
podem ser express›es j‡ existentes ou cria•›es originais;
b)! Marcas figurativas. S‹o constitu’das por desenhos, s’mbolos ou figuras
que apresentam configura•‹o gr‡fica decorativa incomum;
c)! Marcas mistas. S‹o constitu’das pela combina•‹o das duas espŽcies
anteriores;
d)! Marcas tridimensionais. S‹o constitu’das pela forma pl‡stica do produto,
ou seja, sua configura•‹o f’sica, com capacidade distintiva e dissociada de
efeitos tŽcnicos (por exemplo, um vidro de perfume).

Marcas nominativas

Marcas figurativas
Classifica•‹o das
marcas, segundo a
form,a de apresenta•‹o
Marcas mistas

Marcas tridimensionais

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8.5. Registro de marca

Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme
as disposi•›es desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o territ—rio
nacional, observado quanto ˆs marcas coletivas e de certifica•‹o o disposto nos arts. 147 e
148.

Qualquer pessoa f’sica ou jur’dica, de direito pœblico ou privado, poder‡ requerer


o registo de marca. No caso da pessoa de direito privado, porŽm, h‡ uma
limita•‹o: estas s— podem requerer registro de marca relativo ˆ atividade que
exer•am efetiva e licitamente, de modo direto ou atravŽs de empresas que
controlem direta ou indiretamente. N‹o se permite o registro de marca estranha
ˆs atividades desenvolvidas pela pessoa jur’dica.

Podem requerer registro de marca as pessoas f’sicas ou


jur’dicas de direito pœblico ou de direito privado. As
pessoas de direito privado, porŽm, s— podem requerer
registro de marca relativo ˆ atividade que exer•am efetiva e licitamente, de modo
direto ou atravŽs de empresas que controlem direta ou indiretamente.

O registro de marca coletiva s— poder‡ ser requerido por pessoa jur’dica


representativa de coletividade, a qual poder‡ exercer atividade distinta da de
seus membros. O registro da marca de certifica•‹o s— poder‡ ser requerido
por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou servi•o
atestado.

Art. 129, ¤ 1¼ Toda pessoa que, de boa fŽ, na data da prioridade ou dep—sito, usava no
Pa’s, h‡ pelo menos 6 (seis) meses, marca id•ntica ou semelhante, para distinguir ou
certificar produto ou servi•o id•ntico, semelhante ou afim, ter‡ direito de preced•ncia ao
registro.

O ¤1o do art. 129 da Lei de Propriedade Industrial trata do chamado direito de


preced•ncia, que ocorre quando alguŽm cria uma marca e come•a a utiliz‡-la
sem requerer seu registro ao INPI.
ƒ importante salientar, porŽm, que, segundo o entendimento de alguns Tribunais
Regionais Federais, o direito de preced•ncia deve ser exercido antes da
concess‹o do registro da marca ao seu requerente. Ap—s o registro da marca n‹o
h‡ mais que se falar em direito de preced•ncia.

Art. 155. O pedido dever‡ referir-se a um œnico sinal distintivo e, nas condi•›es
estabelecidas pelo INPI, conter‡:
I - requerimento;

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II - etiquetas, quando for o caso; e


III - comprovante do pagamento da retribui•‹o relativa ao dep—sito.

AlŽm dos elementos previstos no art. 155, quando se tratar de registro de marca
coletiva Ž preciso ainda que sejam apresentadas as seguintes informa•›es:
a)! as caracter’sticas do produto ou servi•o objeto de certifica•‹o; e
b)! as medidas de controle que ser‹o adotadas pelo titular.
Apresentado o pedido, este ser‡ submetido a exame formal preliminar e, se
devidamente instru’do, ser‡ protocolizado, considerada a data de dep—sito a da
sua apresenta•‹o. Aqui h‡ tambŽm a possibilidade j‡ mencionada de o INPI
estabelecer exig•ncias formais, que dever‹o ser cumpridas no prazo de 5 dias.
Recebido o pedido, passa-se ao seu exame, que se inicia com a sua publica•‹o.
Esta possibilita que os interessados, se houver, possam apresentar oposi•‹o no
prazo de 60 dias.
Encerrado este prazo, ser‡ feito o exame, durante o qual poder‹o ser formuladas
exig•ncias, que dever‹o ser respondidas no prazo de 60 dias. Ap—s o exame do
pedido, o INPI dever‡ ent‹o indeferir ou deferir o registro, conferindo o certificado
ao titular do registro da marca.
Do certificado dever‹o constar a marca, o nœmero e data do registro, nome,
nacionalidade e domic’lio do titular, os produtos ou servi•os, as caracter’sticas do
registro e a prioridade estrangeira.

Art. 133. O registro da marca vigorar‡ pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da
concess‹o do registro, prorrog‡vel por per’odos iguais e sucessivos.

O prazo de vig•ncia do registo da marca Ž de 10 anos, contado da data de


concess‹o, podendo ser prorrogado por per’odos iguais e sucessivos. Perceba que
aqui o prazo se inicia da concess‹o, e n‹o do dep—sito. Uma peculiaridade do
registro de marca Ž a possibilidade ilimitada de prorroga•‹o, diferentemente do
que acontece com o desenho industrial.
O pedido de prorroga•‹o dever‡ ser formulado durante o œltimo ano de vig•ncia
do registro, instru’do com o comprovante do pagamento da respectiva
retribui•‹o. Se o pedido de prorroga•‹o n‹o tiver sido efetuado atŽ o termo final
da vig•ncia do registro, o titular poder‡ faz•-lo nos 6 meses subsequentes,
mediante o pagamento de retribui•‹o adicional.
O registro confere ao titular da marca o seu uso exclusivo em todo o territ—rio
nacional, sendo poss’vel a cess‹o do registro ou pedido de registro, bem como o
licenciamento de uso. Essa prote•‹o abrange o uso da marca em papŽis,
impressos, propaganda e documentos relativos ˆ atividade do titular, mas
tambŽm encontra limita•›es, como vemos nas situa•›es previstas no art. 132.

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Art. 132. O titular da marca n‹o poder‡:


I - impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes s‹o
pr—prios, juntamente com a marca do produto, na sua promo•‹o e comercializa•‹o;
II - impedir que fabricantes de acess—rios utilizem a marca para indicar a destina•‹o do
produto, desde que obedecidas as pr‡ticas leais de concorr•ncia;
III - impedir a livre circula•‹o de produto colocado no mercado interno, por si ou por outrem
com seu consentimento, ressalvado o disposto nos ¤¤ 3¼ e 4¼ do art. 68; e
IV - impedir a cita•‹o da marca em discurso, obra cient’fica ou liter‡ria ou qualquer outra
publica•‹o, desde que sem conota•‹o comercial e sem preju’zo para seu car‡ter distintivo.

8.6. Princ’pio da especialidade ou especificidade


A prote•‹o conferida ˆ marca Ž ampla do ponto de vista territorial, abrangendo
todo o territ—rio nacional, mas Ž materialmente limitada. Por isso dizemos que a
prote•‹o ˆ marca registrada se submete ao princ’pio da especialidade ou
especificidade, sendo restrita ao ramo de atividade em que o seu titular atua.
Esse entendimento Ž chancelado pela jurisprud•ncia do STJ.

Segundo a jurisprud•ncia do STJ, a prote•‹o


conferida ˆ marca Ž ampla do ponto de vista
territorial, abrangendo todo o territ—rio nacional,
mas Ž materialmente limitada, sendo restrita ao ramo de atividade em que o seu
titular atua.

Precisamos trabalhar um pouco melhor a no•‹o de especialidade aqui


mencionada. A restri•‹o ˆ prote•‹o significa, por —bvio, que produtos
semelhantes n‹o possam ser identificados pela mesma marca. O entendimento
do STJ, porŽm, vai um pouco mais alŽm, compreendendo tambŽm na prote•‹o
os produtos afins.
Um caso espec’fico que foi julgado pelo Tribunal diz respeito ao uso da marca TIC
TAC, que era pretendido pela empresa Cory, fabricante de biscoitos recheados.
O registro, porŽm, foi negado em raz‹o de a marca ser utilizada pela Ferrero para
identificar uma linha de balas refrescantes.
Voc• sabe que Ž imposs’vel confundir biscoitos recheados com balas refrescantes,
n‹o Ž mesmo!? Por outro lado, o STJ considerou que esses produtos s‹o afins,
pois referem-se a um mesmo nicho comercial.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL.


DIREITO MARCçRIO. VIOLA‚ÌO DO ART. 535 DO CPC. NÌO OCORRæNCIA. ART.
124, XIX, DA LEI N. 9.279/96. IMPOSSIBILIDADE DE REGISTRO DE MARCA
IDæNTICA Ë OUTRA Jç REGISTRADA PARA PRODUTO AFIM. TIC TAC (BOLACHA
RECHEADA) CONSTITUI REPRODU‚ÌO DA MARCA TIC TAC (BALA). PRODUTOS
QUE GUARDAM RELA‚ÌO DE AFINIDADE. INDEFERIMENTO DO REGISTRO QUE
DEVE SER MANTIDO.

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1. Pretens‹o da autora de anular o ato do INPI que indeferiu o registro da marca TIC TAC
para a distin•‹o de biscoitos recheados.
2. Marca nominativa que configura reprodu•‹o de marca j‡ registrada, TIC TAC, distintiva
de bala.
3. Produtos que guardam rela•‹o de afinidade, pois se inserem no mesmo nicho comercial,
visando a um pœblico consumidor semelhante e utilizando os mesmo canais de
comercializa•‹o.
4. Aplica•‹o do princ’pio da especialidade que n‹o deve se ater de forma mec‰nica ˆ
Classifica•‹o Internacional de Produtos e Servi•os, podendo extrapolar os limites de uma
classe sempre que, pela rela•‹o de afinidade dos produtos, houver possibilidade de se gerar
dœvida no consumidor.
5. Caso concreto em que a concess‹o do registro pleiteado pela autora ensejaria, no
consumidor, uma prov‡vel e inver’dica associa•‹o dos biscoitos recheados com as pastilhas
TIC TAC comercializadas pelas rŽs.
6. Indeferimento do registro que deve ser mantido, ˆ luz do art. 124, XIX, da Lei n.
9.279/96.
7. RECURSOS ESPECIAIS PROVIDOS.
REsp 1.340.933/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3a Turma, j. 10.03.2015, DJe
17.03.2015.

Em outro caso interessante, o STJ n‹o considerou afins dois produtos


aliment’cios. O conflito aqui foi entre a marca Chester, da BRF, utilizada para
designar aves especiais, e a marca Chester Cheetah, da Pepsico. Neste caso o
Tribunal entendeu que, apesar de haver algum grau de afinidade, a coexist•ncia
das marcas n‹o era poss’vel gerar confus‹o e/ou preju’zos.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. ART.


124, XIX, DA LEI N¼ 9.279/96. COLISÌO DE MARCAS. MARCA NOMINATIVA
CHESTER E MARCA MISTA CHESTER CHEETAH. REGISTRO CONCEDIDO SEM
EXCLUSIVIDADE DO USO DA PALAVRA "CHESTER". POSSIBILIDADE DE
CONVIVæNCIA DAS MARCAS. INEXISTæNCIA DE CONFUSÌO ENTRE
CONSUMIDORES. REVISÌO DE MATƒRIA FçTICO-PROBATîRIA.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDæNCIA DA SòMULA N¼ 07/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
NÌO PROVIDO.
1. Para a caracteriza•‹o da infring•ncia de marca, n‹o Ž suficiente que se demonstrem a
semelhan•a dos sinais e a sobreposi•‹o ou afinidade das atividades. ƒ necess‡rio que a
coexist•ncia das marcas seja apta a causar confus‹o no consumidor ou preju’zo ao titular
da marca anterior, configurando concorr•ncia desleal. Precedentes.
2. A doutrina criou par‰metros para a aplica•‹o do 124, XIX, da Lei n¼ 9.279/96 ao caso
concreto, listando critŽrios para a avalia•‹o da possibilidade de confus‹o de marcas: a) grau
de distintividade intr’nseca das marcas; b) grau de semelhan•a das marcas; c) legitimidade
e fama do suposto infrator; d) tempo de conviv•ncia das marcas no mercado; e) espŽcie
dos produtos em cotejo; f) especializa•‹o do pœblico-alvo; e) dilui•‹o.
3. Com base nos elementos f‡tico-probat—rios dos autos, o Tribunal de origem concluiu pela
possibilidade de coexist•ncia no mercado da marca nominativa CHESTER e da marca mista
CHESTER CHEETAH.
4. A primeira Ž um produto derivado de uma ave para festas; a outra, um produto do ramo
de salgadinhos.

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5. A revis‹o do entendimento firmado na inst‰ncia ordin‡ria atrai a incid•ncia da Sœmula


n¼ 7 do STJ.
6. Agravo regimental n‹o provido.

8.7. Marca de alto renome

Art. 125. Ë marca registrada no Brasil considerada de alto renome ser‡ assegurada
prote•‹o especial, em todos os ramos de atividade.
Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art.
6¼ bis (I), da Conven•‹o da Uni‹o de Paris para Prote•‹o da Propriedade Industrial, goza
de prote•‹o especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada
no Brasil.
¤ 1¼ A prote•‹o de que trata este artigo aplica-se tambŽm ˆs marcas de servi•o.
¤ 2¼ O INPI poder‡ indeferir de of’cio pedido de registro de marca que reproduza ou imite,
no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.

A marca de alto renome Ž aquela que goza de prote•‹o em qualquer ramo de


atividade, n‹o se submetendo ao princ’pio da especialidade. Na jurisprud•ncia
temos entendimentos interessante sobre o tema, como, por exemplo, o
reconhecimento pelo STJ do renome da marca Ford, enquanto a Corte negou a
prote•‹o ˆ marca Yahoo!.
Vale ressaltar ainda um importante entendimento do TRF da 2a Regi‹o (que Ž
especializado na matŽria de Propriedade Industrial, pois sua jurisdi•‹o abrange o
Rio de Janeiro, onde Ž sediado o INPI). Segundo tal entendimento, n‹o cabe ao
Poder Judici‡rio definir o que Ž renome da marca e em que casos esse elemento
estaria presente. Tal prerrogativa cabe apenas ao INPI. H‡ tambŽm precedentes
do STJ no mesmo sentido.
Outro conceito importante, que devemos conhecer, Ž de marca notoriamente
conhecida. Esta goza de prote•‹o especial no ramo de atividade do seu titular,
independentemente de estar registrada no Brasil. Nesses casos o INPI poder‡
inclusive negar o registro.

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Precisa estar registrada no


Brasil.

Goza de prote•‹o em
qualquer ramo de atividade,
Marca de alto renome n‹o se submetendo ao
princ’pio da especialidade.

Apenas o INPI pode definir o


que Ž alto renome e como
Regimes especiais de este pode ser identificado.
prote•‹o de marcas

Goza de prote•‹o apenas no


ramo de atividade, ainda que
n‹o registrada no Brasil.
Marca notoriamente
conhecida
Pode justificar a negativa de
registro pelo INPI.

8.8. Uso indevido de marca registrada


Caso alguŽm infrinja a prote•‹o conferida ˆ marca por meio do registro junto ao
INPI, estar‡ sujeita ao pagamento de perdas e danos. Nesse sentido devemos
mencionar o Enunciado 143 da Sœmula do STJ, segundo o qual a a•‹o de perdas
e danos pelo uso da marca comercial prescreve em 5 anos.

Sœmula 143 do STJ


Propriedade comercial. Prazo prescricional. Prescri•‹o. Perdas e danos. Responsabilidade
civil. Lei 5.772/71, art. 59. CCB, art. 178, ¤ 10, IX.
Prescreve em cinco anos a a•‹o de perdas e danos pelo uso de marca comercial.

O STJ entende tambŽm que o uso indevido da marca pode resultar na condena•‹o
por danos morais, quando houver prova de vulgariza•‹o da marca registrada
que est‡ sendo indevidamente utilizada por terceiro.
Por fim, Ž importante mencionar outro entendimento do STJ, segundo o qual a
simples contrafa•‹o (simula•‹o) da marca j‡ Ž suficiente para gerar o direito ˆ
indeniza•‹o por danos materiais, ainda que o produto ÒfalsificadoÓ n‹o seja
vendido.

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8.9. Cess‹o e licenciamento do registro de marca


Voc• j‡ sabe que o registro em si, assim como o pedido de registro, poder‡ ser
cedido a terceiros. Entretanto, Ž importante salientar que o cession‡rio, que
passar‡ a deter os direitos sobre a marca, dever‡ preencher os requisitos do art.
128, ou seja, se for pessoa de direito privado dever‡ submeter-se ao princ’pio da
especialidade, alŽm dos requisitos espec’ficos para registro de marca coletiva e
de marca de certifica•‹o.

Art. 135. A cess‹o dever‡ compreender todos os registros ou pedidos, em nome do


cedente, de marcas iguais ou semelhantes, relativas a produto ou servi•o id•ntico,
semelhante ou afim, sob pena de cancelamento dos registros ou arquivamento dos pedidos
n‹o cedidos.

Se houver mais de um pedido de marcas iguais ou semelhantes, a cess‹o deve


compreender todos os pedidos ou registros, conforme regra do art. 135. Isso
para evitar que o titular ceda uma marca, mas permane•a com os direitos sobre
outra marca semelhante.

Art. 139. O titular de registro ou o depositante de pedido de registro poder‡ celebrar


contrato de licen•a para uso da marca, sem preju’zo de seu direito de exercer controle
efetivo sobre as especifica•›es, natureza e qualidade dos respectivos produtos ou servi•os.

Neste caso o titular licencia o uso da marca, mas mantŽm certo controle sobre a
forma como essa marca ser‡ utilizada. O licenciado poder‡ ser investido pelo
titular de todos os poderes para agir em defesa da marca, sem preju’zo dos seus
pr—prios direitos.
Por fim, para que seja eficaz, o contrato de licen•a dever‡ obrigatoriamente
averbado no INPI. Essa averba•‹o, alŽm de fazer o licenciamento produzir efeitos
erga omnes, permite a remessa de royalties para o exterior e autoriza dedu•‹o
fiscal dos valores pagos pelo licenciado.

8.10. Nulidade do registro de marca


Assim como ocorre com as patentes e o desenho industrial, a nulidade da marca
produz efeitos ex tunc, retroagindo ˆ data do dep—sito do pedido. Caso a nulidade
seja decorrente do fato de ela j‡ ser registrada em outro pa’s signat‡rio da
Conven•‹o da Uni‹o de Paris, o interessado pode ingressar em ju’zo e requerer
a adjudica•‹o do registro, obtendo assim a transfer•ncia da titularidade da
marca.
As demais regras acerca da nulidade s‹o muito semelhantes ao que j‡ estudamos
em rela•‹o ˆs patentes e ao desenho industrial.

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Art. 168. A nulidade do registro ser‡ declarada administrativamente quando tiver sido
concedida com infring•ncia do disposto nesta Lei.
Art. 169. O processo de nulidade poder‡ ser instaurado de of’cio ou mediante requerimento
de qualquer pessoa com leg’timo interesse, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados
da data da expedi•‹o do certificado de registro.
Art. 170. O titular ser‡ intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias.
Art. 171. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que n‹o apresentada a
manifesta•‹o, o processo ser‡ decidido pelo Presidente do INPI, encerrando-se a inst‰ncia
administrativa.
Art. 172. O processo de nulidade prosseguir‡ ainda que extinto o registro.
Art. 173. A a•‹o de nulidade poder‡ ser proposta pelo INPI ou por qualquer pessoa com
leg’timo interesse.
Par‡grafo œnico. O juiz poder‡, nos autos da a•‹o de nulidade, determinar liminarmente
a suspens‹o dos efeitos do registro e do uso da marca, atendidos os requisitos processuais
pr—prios.
Art. 174. Prescreve em 5 (cinco) anos a a•‹o para declarar a nulidade do registro, contados
da data da sua concess‹o.
Art. 175. A a•‹o de nulidade do registro ser‡ ajuizada no foro da justi•a federal e o INPI,
quando n‹o for autor, intervir‡ no feito.
¤ 1¼ O prazo para resposta do rŽu titular do registro ser‡ de 60 (sessenta) dias.
¤ 2¼ Transitada em julgado a decis‹o da a•‹o de nulidade, o INPI publicar‡ anota•‹o, para
ci•ncia de terceiros.

8.11. Extin•‹o do registro de marca

Art. 142. O registro da marca extingue-se:


I - pela expira•‹o do prazo de vig•ncia;
II - pela renœncia, que poder‡ ser total ou parcial em rela•‹o aos produtos ou servi•os
assinalados pela marca;
III - pela caducidade; ou
IV - pela inobserv‰ncia do disposto no art. 217.

O inciso IV menciona o art. 217, que se refere ˆ exig•ncia da pessoa domiciliada


no exterior constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado
no Pa’s, com poderes para represent‡-la administrativa e judicialmente, inclusive
para receber cita•›es.
AlŽm das causas de extin•‹o previstas no art. 142, temos ainda outras previstas
no art. 151.

Art. 151. AlŽm das causas de extin•‹o estabelecidas no art. 142, o registro da marca
coletiva e de certifica•‹o extingue-se quando:
I - a entidade deixar de existir; ou

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II - a marca for utilizada em condi•›es outras que n‹o aquelas previstas no regulamento
de utiliza•‹o.

Perceba que o desrespeito ˆs condi•›es de utiliza•‹o da marca, notadamente


ligadas ao princ’pio da especialidade, tambŽm justifica a extin•‹o do registro.
Quando estivermos falando de uma marca coletiva, a renœncia obviamente cabe
ˆ entidade, e n‹o aos seus membros. Pois bem, segundo o art. 152 da Lei de
Propriedade Industrial, a entidade s— pode renunciar ao registro da marca coletiva
quando o fizer Ònos termos do contrato social ou estatuto da pr—pria entidade,
ou, ainda, conforme o regulamento de utiliza•‹oÓ.

Art. 143 - Caducar‡ o registro, a requerimento de qualquer pessoa com leg’timo interesse
se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concess‹o, na data do requerimento:
I - o uso da marca n‹o tiver sido iniciado no Brasil; ou
II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se,
no mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modifica•‹o que implique altera•‹o de seu
car‡ter distintivo original, tal como constante do certificado de registro.

O art. 143 prev• a caducidade do registro, que basicamente ocorre quando a


marca n‹o Ž utilizada. Isso acontecer‡ se o titular do registro n‹o come•ar a
utiliz‡-la em 5 anos a partir da concess‹o (e n‹o a partir do dep—sito!), ou se seu
uso tiver sido interrompido por 5 anos.
Quanto ˆ marca coletiva, a caducidade ser‡ declarada se esta n‹o for usada por
mais de uma pessoa autorizada. Essa regra se justifica porque a marca Ž coletiva,
e por isso n‹o faz sentido seu uso por apenas uma pessoa.
Importante salientar que a caducidade Ž declarada pelo INPI, mediante processo
administrativo pr—prio, devendo ser o titular intimado para se manifestar no prazo
de 60 dias, cabendo-lhe o ™nus de provar o uso da marca ou justificar seu desuso
por raz›es leg’timas.
ƒ poss’vel ainda a caducidade parcial, nos termos do art. 144. Isso ocorrer‡
quando a marca n‹o for utilizada em todos os produtos ou servi•os constantes
no registro.

Art. 144. O uso da marca dever‡ compreender produtos ou servi•os constantes do


certificado, sob pena de caducar parcialmente o registro em rela•‹o aos n‹o semelhantes
ou afins daqueles para os quais a marca foi comprovadamente usada.

Da decis‹o que declarar a caducidade caber‡ recurso, mas a Lei de Propriedade


Industrial n‹o indica quem Ž a autoridade competente para recebe-lo.
ƒ interessante ainda mencionar que o STJ entende que o reconhecimento da
caducidade da marca, ao contr‡rio da declara•‹o de sua nulidade, produz efeitos
ex nunc, n‹o retroagindo.

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PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGæNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


DESER‚ÌO E AUSæNCIA DE REPRESENTA‚ÌO PROCESSUAL INOCORRENTES.
CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA. CADUCIDADE. EFEITOS
PROSPECTIVOS (EX NUNC). FINALIDADE DA LEI.
[...]
4. A nulidade do registro de marca industrial ocorre quando se reconhece a exist•ncia de
determinado v’cio apto a macular a concess‹o do registro desde seu in’cio. Quando for
imposs’vel manter a validade de algo nulo ab ovo, operam-se efeitos retroativos (ex tunc).
5. J‡ a caducidade do registro implica a declara•‹o de determinada circunst‰ncia f‡tica, que
pode ser verificada pela inexist•ncia de uso da marca desde seu registro ou pela interrup•‹o
do uso por prazo alŽm do limite legal. Quando a condi•‹o para manuten•‹o do registro
deixa de existir, operam-se efeitos prospectivos (ex nunc).
6. A prospectividade dos efeitos da caducidade Ž a mais adequada ˆ finalidade do registro
industrial, pois confere maior seguran•a jur’dica aos agentes econ™micos e desestimula a
contrafa•‹o.
7. Embargos de diverg•ncia acolhidos para prevalecer a orienta•‹o do REsp 330.175/PR,
que reconhece efeitos prospectivos (ex nunc) da declara•‹o de caducidade da marca
industrial.
EREsp 964.780/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 2a Se•‹o, j. 10.08.2011, DJe 29.08.2011.

Outro julgado interessante do STJ sobre o assunto Ž o que diz respeito ˆ produ•‹o
de bens voltados ˆ exporta•‹o. Segundo o entendimento do Tribunal, simples
fato de o produto elaborado e fabricado no Brasil ser destinado ao mercado
externo n‹o demonstra a caducidade do registro de marca por desuso.

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. A‚ÌO DE ANULA‚ÌO DE


REGISTRO DE MARCA. PRESCRI‚ÌO QUINQUENAL. OCORRæNCIA. CADUCIDADE
DO REGISTRO (LEI 9.279/96, ART. 143). EXPORTA‚ÌO DO PRODUTO.
COMPROVA‚ÌO DO USO NO BRASIL. EFETIVA COMERCIALIZA‚ÌO EM TERRITîRIO
NACIONAL. ARGUMENTO DIVERSO LEVANTADO EM CONTRARRAZÍES. AUSæNCIA
DE USO EFETIVO DA MARCA. MANUTEN‚ÌO DA CADUCIDADE RECONHECIDA.
RECURSO DESPROVIDO.
I - O aresto recorrido, ainda que admitindo a ocorr•ncia da prescri•‹o quinquenal da
pretens‹o de anula•‹o do registro, analisou o pedido inicial de declara•‹o de caducidade da
marca Colorado, por desuso.
II - De acordo com a Lei de Propriedade Industrial, uma vez passados cinco anos da
concess‹o do registro, se requerida a sua caducidade, deve o titular da marca demonstrar
que, na data do requerimento, j‡ iniciou seu uso no Brasil, ou que, ainda que interrompido
o seu uso, a interrup•‹o n‹o ultrapassou mais de cinco anos consecutivos, ou que n‹o
tenha, nesse prazo, feito uso com modifica•‹o que implique altera•‹o de seu car‡ter
distintivo original, sem que apresentadas raz›es leg’timas.
III - Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em
territ—rio nacional claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda prote•‹o
legal, pois aqui empreende, gerando produ•‹o, empregos e riqueza, sendo indiferente que
a mercadoria aqui produzida seja destinada ao mercado interno ou exclusivamente ao
externo. Produzir no Pa’s o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente ao
requisito legal de "uso da marca iniciado no Brasil".

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IV - Ocorre que a recorrida, em suas contrarraz›es, aduz outro argumento capaz de superar
a viola•‹o de lei invocada pela recorrente, o de que n‹o houve comprova•‹o do uso efetivo
da marca. V - In casu, o volume de vendas do produto da marca em discuss‹o, nas
exporta•›es comprovadas, Ž inexpressivo dentro da magnitude das opera•›es bilion‡rias
realizadas pela recorrente, insuficiente, portanto, para configurar e comprovar o uso efetivo
da marca apto a afastar a caducidade por desuso. VI - Recurso especial desprovido.
REsp 1.236.218/RJ, Rel. Min. Raul Araœjo, 4a Turma, j. 05.02.2015, DJe 11.06.2015.

9 Ð Indica•›es Geogr‡ficas

Art. 176. Constitui indica•‹o geogr‡fica a indica•‹o de proced•ncia ou a denomina•‹o de


origem.

A Lei de Propriedade Industrial protege as indica•›es geogr‡ficas porque a


repress‹o ˆ falsidade dessas informa•›es Ž muito importante. A indica•‹o
incorreta do local de origem ou proced•ncia de um produto pode facilmente levar
o consumidor a erro.
Um ponto importante aqui Ž saber diferenciar a indica•‹o de proced•ncia da
denomina•‹o de origem. As duas informa•›es s‹o definidas pela pr—pria Lei de
Propriedade Industrial.

Nome geográfico de país, cidade, região ou


localidade de seu território, que se tenha
Indica•‹o de tornado conhecido como centro de
Proced•ncia extração, produção ou fabricação de
determinado produto ou de prestação de
determinado serviço.
INDICA‚ÍES
GEOGRçFICAS
Nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que designe
Denomina•‹o de produto ou serviço cujas qualidades ou
origem características se devam exclusiva ou
essencialmente ao meio geográfico,
incluídos fatores naturais e humanos.

A denomina•‹o de origem Ž adotada quando o produto Ž espec’fico daquela


localidade devido ˆs suas caracter’sticas. ƒ o caso da regi‹o de Champagne, na
Fran•a, que Ž uma denomina•‹o de origem porque se refere a produto espec’fico
cujas caracter’sticas se devem ˆquele local. Uma curiosidade interessante Ž a
express‹o Òcacha•a do BrasilÓ, que Ž considerada denomina•‹o de origem for
for•a do Decreto n. 4.062/2001.

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A prote•‹o conferida pela Lei de Propriedade Industrial se estender ˆ


representa•‹o gr‡fica ou figurativa da indica•‹o geogr‡fica, bem como ˆ
representa•‹o geogr‡fica de pa’s, cidade, regi‹o ou localidade de seu territ—rio
cujo nome seja indica•‹o geogr‡fica.
O art. 180, porŽm, faz uma ressalva ˆ prote•‹o legal, determinando que, quando
o nome geogr‡fico se houver tornado de uso comum, designando produto ou
servi•o, n‹o ser‡ considerado indica•‹o geogr‡fica. Afora essa limita•‹o, o uso
da indica•‹o geogr‡fica Ž restrito aos produtores e prestadores de servi•o
estabelecidos no local, exigindo-se, ainda, em rela•‹o ˆs denomina•›es de
origem, o atendimento de requisitos de qualidade.
H‡ decis‹o do STJ no sentido de que o nome de um local considerado indica•‹o
geogr‡fica n‹o pode ser registrado como marca.

Direito Civil. Direito Empresarial. Recurso especial. Nome empresarial. Lei 8.934/94.
Prote•‹o. Nome previamente registrado. Termo que remete a localiza•‹o geogr‡fica.
Aus•ncia de direito de uso exclusivo. Marca. Lei 9.279/96. LPI. CDC. CF. CC/02. Nome
geogr‡fico. Possibilidade de registro como sinal evocativo. Impossibilidade de causar
confus‹o ou levar o pœblico consumidor a erro. Aus•ncia de viola•‹o ao direito de uso
exclusivo da marca. Diss’dio jurisprudencial. Cotejo anal’tico. Aus•ncia.
- O registro de termo que remete a determinada localiza•‹o geogr‡fica no nome
empresarial, por se referir a lugar, n‹o confere o direito de uso exclusivo desse termo.
- ƒ permitido o registro de marca que utiliza nome geogr‡fico, desde que esse nome seja
utilizado como sinal evocativo e que n‹o constitua indica•‹o de proced•ncia ou denomina•‹o
de origem.
- A prote•‹o da marca tem um duplo objetivo. Por um lado, garante o interesse de seu
titular. Por outro, protege o consumidor, que n‹o pode ser enganado quanto ao produto
que compra ou ao servi•o que lhe Ž prestado.
- Para que haja viola•‹o ao art. 129 da LPI e seja configurada a reprodu•‹o ou imita•‹o de
marca prŽ-registrada, Ž necess‡rio que exista efetivamente risco de ocorr•ncia de dœvida,
erro ou confus‹o no mercado, entre os produtos ou servi•os dos empres‡rios que atuam no
mesmo ramo.
- O diss’dio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo anal’tico entre ac—rd‹os
que versem sobre situa•›es f‡ticas id•nticas. Recurso especial n‹o provido.
REsp 989.105/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 08.09.2009, DJe 28.09.2009.

Como a indica•‹o geogr‡fica se refere a uma regi‹o, geralmente o pedido de


reconhecimento ao INPI Ž feito por uma entidade que congrega os interesses dos
produtores ou prestadores de servi•o da localidade. A partir da’, apenas os
produtores que cumprirem os requisitos determinados pela entidade poder‹o
identificar seus produtos com a indica•‹o geogr‡fica correspondente.

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10 Ð Trade Dress (conjunto-imagem)


O trade dress Ž um assunto ainda pouco falado no Brasil, mas j‡ conta com
normas pr—prias em outros pa’ses, e tem cada vez mais chamado a aten•‹o da
doutrina especializada. A viola•‹o desse elemento ocorre quando um concorrente
n‹o copia exatamente a marca ou o desenho industrial de outrem, mas imita
sutilmente caracter’sticas do produto ou atŽ mesmo o modus operandi da
presta•‹o de um servi•o.
Temos um julgado interessante do STJ sobre o assunto. Na ocasi‹o foi julgado
conflito envolvendo os sabonetes Protex e Francis Protection, este acusado de
imitar o trade dress daquele.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONCORRæNCIA DESLEAL.


CONCESSÌO DE LIMINAR PARA DETERMINAR A SUBSTITUI‚ÌO, EM PRAZO
RAZOçVEL, DAS EMBALAGENS DE PRODUTOS POSSêVEIS DE SEREM
CONFUNDIDAS COM AS UTILIZADAS POR MARCA CONCORRENTE.
POSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL.
INVIABILIDADE.
1. A antecipa•‹o de tutela, nos moldes do disposto no artigo 273 do C—digo de Processo
Civil, constitui relevante instrument‡rio de que disp›e o magistrado para que, existindo
prova inequ’voca e verossimilhan•a das alega•›es, dentro de seu prudente arb’trio, preste
tutela jurisdicional oportuna e adequada que, efetivamente, confira prote•‹o ao bem jur’dico
tutelado, abreviando, ainda que em car‡ter provis—rio, os efeitos pr‡ticos do provimento
definitivo.
[...]
3. Dessarte, como o artigo 209, ¤ 1¼, da Lei 9.279/96 expressamente prev• a possibilidade
de o juiz, em casos de viola•‹o de direitos de propriedade industrial ou pr‡tica de atos de
concorr•ncia desleal, "nos autos da pr—pria a•‹o, para evitar dano irrepar‡vel ou de dif’cil
repara•‹o, determinar liminarmente a susta•‹o da viola•‹o ou de ato que a enseje", a
revis‹o da decis‹o recorrida encontra —bice intranspon’vel na Sœmula 7/STJ.
[...]
REsp 1.306.690/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 10.04.2012, DJe
23.04.2012.

Houve ainda outros casos semelhantes, que envolveram disputas entre as


empresas Mr. Cat e Mr. Foot, tendo sido esta acusada de imitar as embalagens e
o layout das lojas, bem como entre as empresas Spoleto e Gepeto, tendo sido
esta œltima obrigada a modificar o layout de suas lojas.

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11 Ð Quest›es
11.1. Quest›es sem Coment‡rios
1. OAB Ð XVI Exame de Ordem Unificado Ð 2015 Ð FGV.
A respeito dos legitimados, assinale a op•‹o que indica aspessoas que podem
requerer patente de inven•‹o ou modelo de utilidade, de acordo com a Lei
n¼ 9.279/96.
a) O pr—prio autor, se maior de 18 anos, os herdeiros ou sucessores do autor,
o cession‡rio ou o empregador ou tomador de servi•os, no caso de patente
desenvolvida por empregado ou prestador de servi•o.
b) O pr—prio autor, os herdeiros ou sucessores do autor, o cession‡rio ou
aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o de servi•os
determinar que perten•a a titularidade da patente ou do modelo de utilidade.
c) O pr—prio autor, pessoa natural ou sociedade empres‡ria, o cession‡rio
da patente ou aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o
de servi•os determinar que perten•a a titularidade da patente ou do modelo
de utilidade.
d) O pr—prio autor, os herdeiros ou sucessores do autor atŽ 5 (cinco) anos
da data do —bito, o cession‡rio ou o empregador ou tomador de servi•os, no
caso de patente desenvolvida por empregado ou prestador de servi•o.

2. OAB Ð XIII Exame de Ordem Unificado Ð 2014 Ð FGV.


Sobre o desenho industrial e seu registro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), assinale a afirmativa correta.
a) ƒ registr‡vel como desenho industrial qualquer obra ornamental de
car‡ter puramente art’stico, ou o conjunto ornamental de linhas e cores que
pode ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e
original na sua configura•‹o externa.
b) O registro de desenho industrial vigorar‡ pelo prazo de 20 (vinte) anos
contados da data do dep—sito, prorrog‡vel por atŽ 2 (dois) per’odos
sucessivos de 10 (anos) anos cada, desde que seja requerida a prorroga•‹o
durante o œltimo ano de vig•ncia do registro.
c) A a•‹o de nulidade de registro de desenho industrial ser‡ ajuizada no foro
da Justi•a Estadual do domic’lio do titular do registro, devendo o INPI ser
notificado da propositura da a•‹o para avaliar se tem interesse ou n‹o em
intervir no feito, quando n‹o for autor.
d) O pedido de registro que n‹o atender ˆs condi•›es estabelecidas pelo
INPI, mas contiver dados suficientes relativos ao depositante, ao desenho
industrial e ao autor, poder‡ ser recebido, desde que sejam cumpridas, em
5 (cinco) dias, as exig•ncias do INPI.

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3. OAB Ð XII Exame de Ordem Unificado Ð 2013 Ð FGV.


Sobre a licen•a compuls—ria, assinale a afirmativa correta.
a) ƒ a hip—tese em que o Estado outorga o direito de patente ao autor da
inven•‹o sem a sua iniciativa.
b) ƒ cab’vel sua concess‹o se a comercializa•‹o n‹o satisfizer ˆs
necessidades do mercado.
c) Pode ser concedida com exclusividade, a critŽrio do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial .
d) ƒ admitido o sublicenciamento, com a concord‰ncia prŽvia do licenciante.

4. OAB Ð VII Exame de Ordem Unificado Ð 2012 Ð FGV.


Sobre as marcas, Ž correto afirmar que
a) a marca de alto renome Ž sin™nimo de marca notoriamente conhecida.
b) a vig•ncia do registro da marca Ž de 5 (cinco) anos, sendo prorrog‡vel
por per’odos iguais e sucessivos.
c) Ž permitida a cess‹o do pedido de registro de marca, caso o cession‡rio
atenda aos requisitos legais.
d) a marca de produto ou servi•o Ž aquela usada para identificar produtos
ou servi•os provindos de membros de uma determinada entidade.

5. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Ð 2016 Ð FCC.


Quanto ˆ patenteabilidade, considera-se inven•‹o:
a) ato decorrente de atividade inventiva e desde que com aplica•‹o
industrial.
b) objeto que apresente nova forma ou disposi•‹o, envolvendo ato inventivo,
que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabrica•‹o.
c) plano publicit‡rio.
d) programa de computador em si.
e) mŽtodo de diagn—stico para aplica•‹o no corpo humano.

6. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


Caso dois autores tenham realizado a mesma inven•‹o de forma
independente,
a) qualquer um deles poder‡ requerer a patente, mediante nomea•‹o e
qualifica•‹o do outro.
b) aquele que comprovar a data de inven•‹o mais antiga ter‡ direito ao
privilŽgio tempor‡rio para a utiliza•‹o.
c) aquele que primeiro obtiver o registro usufruir‡ do privilŽgio tempor‡rio
para a utiliza•‹o da inven•‹o.

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d) aquele que provar o dep—sito mais antigo ter‡ direito a obter a patente.

7. TJ-RJ Ð Juiz de Direito Ð 2016 Ð VUNESP.


No tocante ˆs marcas, conforme disciplina em lei espec’fica, Ž correto
afirmar que
a) o registro da marca vigorar‡ pelo prazo de 15 anos, contados da data da
concess‹o, prorrog‡vel por dois per’odos iguais e sucessivos.
b) ao seu titular ou depositante Ž assegurado, dentre outros, o direito de
impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhe
s‹o pr—prios, juntamente com a marca do produto, na sua promo•‹o e
comercializa•‹o.
c) se considera marca de produto ou servi•o aquela usada para atestar a
conformidade de um produto ou servi•o com determinadas normas ou
especifica•›es tŽcnicas, notadamente quanto ˆ qualidade, natureza,
material utilizado e metodologia empregada.
d) ao seu titular ou depositante Ž assegurado, dentre outros, o direito de
ceder seu registro ou pedido de registro.
e) caducar‡ o registro da marca, salvo justificado o desuso por seu titular, a
requerimento de qualquer pessoa com leg’timo interesse se, decorridos 10
anos de sua concess‹o, o uso da marca tiver sido interrompido por mais de
5 anos consecutivos.

8. TELEBRçS Ð Advogado Ð 2015 Ð Cespe.


Passados cinco anos da concess‹o do registro de marca, determinada
pessoa, com leg’timo interesse, solicitou ao INPI que fosse declarada a
caducidade do registro das marcas de duas sociedades empres‡rias, com
base nos seguintes fatos: o produto elaborado e fabricado no Brasil pela
primeira sociedade era destinado exclusivamente ao mercado externo; a
marca da segunda sociedade era de uso espor‡dico, com escassas
negocia•›es no mercado e rentabilidade ’nfima nos cinco anos anteriores.
Com rela•‹o a essa situa•‹o hipotŽtica, julgue o item subsecutivo acerca do
registro das marcas, nos termos da jurisprud•ncia do STJ.
O INPI dever‡ denegar o pedido de caducidade do registro de marca da
primeira sociedade empres‡ria, pois o simples fato de o produto elaborado
e fabricado no Brasil ser destinado ao mercado externo n‹o demonstra a
caducidade do registro de marca por desuso.

9. TJ ÐPB Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð Cespe.


No que se refere a nome empresarial, marca e propriedade industrial,
assinale a op•‹o correta com base na jurisprud•ncia do STJ.
a) De acordo com o princ’pio first come, first served, com base no qual se
concede o dom’nio eletr™nico ao primeiro requerente que satisfizer as
exig•ncias para o registro de nomes comerciais na rede mundial de

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computadores, Ž incab’vel contesta•‹o do titular de signo distintivo similar


ou id•ntico que anteriormente tenha registrado o nome ou a marca na junta
comercial e no INPI.
b) Para que a reprodu•‹o ou imita•‹o de elemento caracter’stico ou
diferenciado de nome empresarial de terceiros constitua —bice ao registro de
marca Ñ que possui prote•‹o nacional Ñ, Ž necess‡rio que a reprodu•‹o ou
imita•‹o seja suscet’vel de causar confus‹o ou associa•‹o com esses sinais
distintivos e que a prote•‹o ao nome empresarial n‹o goze somente de tutela
restrita a alguns estados, mas detenha a exclusividade sobre o uso do nome
em todo o territ—rio nacional.
c) As formas de prote•‹o ao uso das marcas e do nome de empresa t•m
como œnico prop—sito resguardar a marca ou o nome da empresa contra
usurpa•‹o.
d) No caso de colid•ncia entre denomina•›es e marcas de sociedades
empres‡rias diversas, o conflito deve ser dirimido com base no princ’pio da
anterioridade, que prepondera em princ’pio da especificidade.
e) O pedido de arquivamento dos atos constitutivos da empresa nas juntas
comerciais das demais unidades da Federa•‹o, de forma complementar ao
registro inicialmente realizado, n‹o induz ˆ possibilidade de prote•‹o
nacional ao seu nome comercial.

10. TJDFT Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð Cespe.


Com refer•ncia ˆ propriedade industrial da marca, assinale a op•‹o correta.
a) A prote•‹o especial prevista para marca de notoriedade reconhecida em
seu respectivo ramo de atividade depende de registro ou dep—sito dessa
marca no INPI.
b) Embora o reconhecimento de marca como de alto renome se d• por
declara•‹o do INPI, uma senten•a judicial dada em a•‹o movida pelo
interessado nesse reconhecimento poder‡ substituir essa declara•‹o e
desencadear por si s— a prote•‹o legal devida a essa espŽcie de marca.
c) Ao ceder o uso de marca mediante contrato que n‹o estabele•a condi•›es
nem efeitos limitadores, o titular do registro renuncia ao controle sobre essa
marca, inclusive no que se refere ˆ natureza e ˆ qualidade dos servi•os e
produtos a ela vinculados.
d) De acordo com a jurisprud•ncia do STJ e com a doutrina nacional
majorit‡ria, apesar de ser pr‡tica comum no exterior, a veicula•‹o de
propaganda em que sejam comparados produtos ou servi•os concorrentes Ž
conden‡vel por ser considerada viola•‹o dos direitos de prote•‹o ˆs marcas
envolvidas.
e) Caso uma marca registrada constitua express‹o que passe a ser de uso
comum no segmento mercadol—gico do produto, a regra da exclusividade
decorrente do registro poder‡ ser mitigada, como forma de proteger a
concorr•ncia e o mercado em geral.

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Teoria e Quest›es
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11. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Substituto Ð 2015 Ð


FCC
Segundo o disposto no art. 2o da Lei no 9.279/1996, a prote•‹o dos direitos
relativos ˆ propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o
desenvolvimento tecnol—gico e econ™mico do Pa’s, pode efetuar-se mediante
a) concess‹o de registro de inven•‹o.
b) repress‹o ˆs falsas indica•›es geogr‡ficas.
c) concess‹o de patente de desenho industrial.
d) concess‹o de patente de marca.
e) concess‹o de registro de modelo de utilidade.

12. DPE-PE Ð Defensor PœblicoÐ 2015 Ð CESPE


Julgue o item a seguir, a respeito de empresa de pequeno porte e de
propriedade industrial.
Ao requerente de licen•a compuls—ria que invoque abuso de direitos
patent‡rios ou abuso de poder econ™mico ser‡ concedida, pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial, licen•a com iguais privilŽgios concedidos
ao inventor, como, por exemplo, a exclusividade para a explora•‹o da
licen•a.

13. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Oscar, angiologista renomado, ap—s ter desenvolvido trabalhos de pesquisa
em v‡rios centros mŽdicos de pa’ses da Europa, desenvolveu um mŽtodo
cirœrgico inŽdito de uso do laser no tratamento de pacientes com varizes.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, caso venha a requerer ao INPI seu pedido de
patente de inven•‹o, esse instituto poder‡ conceder a respectiva carta-
patente se o invento n‹o estiver compreendido no estado da tŽcnica.

14. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Cl‡udio realizou uma inven•‹o em 20/10/2012 e depositou o pedido de
patente no INPI em 10/5/2014. Fabiano, de forma independente, realizou a
mesma inven•‹o em 3/2/2013 e depositou seu pedido de patente no INPI
em 10/12/2013. Nessa situa•‹o hipotŽtica, o INPI deve conceder a

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titularidade da patente de inven•‹o a Cl‡udio, por ter ele realizado a


inven•‹o antes de Fabiano.

15. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Patr’cia, que Ž cidad‹ nacional do Brasil, reside atualmente em outro pa’s,
onde realizou uma inven•‹o.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, Ž poss’vel que Patr’cia apresente requerimento de
patente em organiza•‹o internacional, com efeito de dep—sito nacional,
sendo-lhe assegurado, inclusive, direito de prioridade.

16. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Os pedidos de patentes de inven•‹o e de modelo de utilidade que forem
aceitos pelo INPI vigorar‹o pelo mesmo prazo, contado da data de dep—sito
de cada um deles.

17. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Caso uma empresa pretenda patentear certo microrganismo transg•nico, ela
dever‡ comprovar a novidade, a atividade inventiva e a aplica•‹o industrial
desse microrganismo e, adicionalmente, ter‡ de provar que n‹o se trata de
mera descoberta.

18. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Tiago, que Ž titular de patente de modelo de utilidade, exerceu de forma
abusiva os direitos decorrentes dessa titularidade. Nessa situa•‹o, Tiago
estar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente, por decis‹o tanto
administrativa quanto judicial.

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19. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Adalgisa requereu ao INPI pedido de patente de inven•‹o em 14/6/2013,
tendo a patente sido concedida em 3/1/2014. No m•s de outubro de 2013,
ou seja, no curso do processo de concess‹o da patente, ocorreu explora•‹o
indevida da referida inven•‹o. Nessa situa•‹o, a despeito de a explora•‹o
indevida ter ocorrido em data anterior ˆ da concess‹o da patente, Ž poss’vel
que Adalgisa obtenha indeniza•‹o pela referida explora•‹o indevida.

20. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Beatriz, que Ž empregada de determinada sociedade empres‡ria,
desenvolveu certo modelo de utilidade. Nessa situa•‹o, para que o modelo
perten•a exclusivamente a Beatriz, ser‡ necess‡rio que ele esteja
desvinculado do contrato de trabalho e que n‹o tenha decorrido da utiliza•‹o
de recursos, meios, dados, materiais, instala•›es ou equipamentos do
empregador.

21. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item seguinte, acerca da propriedade industrial e do direito autoral.
Os programas de computador n‹o s‹o protegidos pelo direito de propriedade
industrial, mas pelo direito autoral.

22. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Ð 2014 Ð FCC.


O mŽdico Dr. Pit‡goras cria um mŽtodo novo para operar verrugas,
retirando-as de modo r‡pido e indolor. Baseia-se em um corte piramidal,
energŽtico, com origem em teorias eg’pcias. Verificando o sucesso dessa sua
tŽcnica, resolve patente‡-la. A resposta ser‡
a) negativa, pois n‹o se consideram inven•‹o nem modelo de utilidade
patente‡veis as tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como
mŽtodos terap•uticos ou de diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou
animal.

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b) negativa, pois embora se trate de modelo de utilidade, suscet’vel de


aplica•‹o industrial, trata-se tambŽm de mŽtodo cirœrgico baseado em
teorias antigas, que n‹o apresentam nova forma ou disposi•‹o.
c) positiva, pois se trata de modelo de utilidade, suscet’vel de aplica•‹o
industrial e que apresenta nova forma ou disposi•‹o envolvendo ato
inventivo, que, por sua vez, resultar‡ em melhoria funcional no seu uso ou
em sua implementa•‹o.
d) positiva, pois se trata de inven•‹o que atende aos requisitos de novidade,
havendo ainda atividade inventiva e aplica•‹o industrial.
e) negativa, pois embora se trate de inven•‹o, com aplica•‹o industrial,
remete-se a teorias antigas e n‹o atende aos requisitos de novidade e de
atividade inventiva.

23. IPT-SP Ð Advogado Ð 2014 Ð VUNESP.


Ap—s o protocolo de um pedido de patente de inven•‹o, o per’odo de sigilo
determinado pela Lei n.¼ 9.279/96 Ž de
a) doze meses, contados da data de inven•‹o, como determinado pela
Conven•‹o da Uni‹o de Paris.
b) seis meses, contados da data de inven•‹o, quando se tratar de um pedido
de modelo de utilidade.
c) doze meses, contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga.
d) dezoito meses, contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga.
e) cento e oitenta dias, contados da data de dep—sito.

24. IPT-SP Ð ADVOGADO Ð 2014 Ð VUNESP.


No curso de doutorado de uma faculdade estadual de Medicina, um
pesquisador desenvolveu um novo mŽtodo cirœrgico para corrigir casos de
hŽrnia inguinal. De acordo com a Lei da Propriedade Industrial, esse novo
mŽtodo
a) n‹o Ž uma inven•‹o nem modelo de utilidade.
b) n‹o Ž patente‡vel, por ter sido criado na faculdade de medicina.
c) n‹o Ž patente‡vel, por ser contr‡rio ˆ saœde pœblica.
d) deve ser identificado pelo nome da universidade, porque Ž uma faculdade
estatal.
e) pode ser patente‡vel quando distinguido por uma marca registrada que
identifique e individualize corretamente o mŽtodo.

25. IPT-SP Ð Advogado Ð 2014 Ð VUNESP.


Se um novo pedido de patente reivindica exatamente a inven•‹o j‡
reivindicada por um pedido anterior de outro titular que est‡ em sigilo, ap—s
a publica•‹o do pedido anterior:

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a) o protocolo do pedido posterior ser‡ automaticamente considerado uma


infra•‹o ao pedido anterior.
b) a inven•‹o do pedido posterior estar‡ no estado da tŽcnica e o pedido n‹o
ser‡ considerado novo.
c) o inventor do pedido anterior dever‡ provar que criou a inven•‹o antes
do inventor do pedido posterior.
d) o INPI publicar‡ uma exig•ncia para que os titulares comprovem as datas
de inven•‹o e os motivos do protocolo posterior pelo segundo inventor.
e) o pedido posterior demonstra que houve uma falha de sigilo no INPI e a
empresa que protocolou o segundo pedido responder‡ por perdas e danos.

26. MPE-PE Ð Promotor de Justi•a Ð 2014 Ð FCC.


Considerando a disciplina legal da propriedade industrial, Ž correto afirmar:
a) A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 20 (vinte) anos contados
da data do dep—sito. Todavia, o prazo de vig•ncia da patente n‹o poder‡ ser
inferior a 10 (dez) anos contados da data da sua concess‹o, ressalvada a
hip—tese de o INPI ter ficado impedido de proceder ao exame de mŽrito do
pedido, por pend•ncia judicial comprovada ou por motivo de for•a maior.
b) ƒ patente‡vel a inven•‹o que atender aos requisitos de novidade e
atividade inventiva, ainda que n‹o possua aplica•‹o industrial.
c) Os sucessores do coautor da inven•‹o t•m legitimidade para requerer a
patente, mas desde que obtenham anu•ncia prŽvia dos demais coautores,
j‡ que a patente das inven•›es feitas conjuntamente por duas ou mais
pessoas deve ser requerida por todos os autores da inven•‹o.
d) Se mais de uma pessoa realizar a mesma inven•‹o de forma
independente, o direito de obter a patente ser‡ assegurado ˆquele que
comprovar que sua inven•‹o Ž mais antiga, sendo irrelevante para esse fim
a data do dep—sito da inven•‹o no INPI.
e) Para ser considerada dotada de atividade inventiva, basta que a inven•‹o
n‹o esteja compreendida no estado da tŽcnica, ainda que dela decorra de
forma evidente.

27. TJ-SE Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros - 2014


Ð Cespe.
Com base no disposto na Lei n.¼ 9279/1996, assinale a op•‹o correta acerca
da propriedade industrial e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).
a) A marca de certifica•‹o Ž usada para identificar os produtos ou servi•os
provenientes de membros de determinada entidade, como a marca de
certifica•‹o de origem controlada.

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b) Todos os direitos de propriedade industrial s‹o considerados bens m—veis,


sendo cab’vel a•‹o judicial para repara•‹o de dano causado a tais direitos,
com prazo prescricional de cinco anos.
c) A lei impede que o INPI indefira de of’cio pedido de registro de marca que
reproduza ou imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.
d) O registro da propriedade industrial n‹o se extingue pela falta de
pagamento da retribui•‹o quinquenal.
e) Os programas de computador s‹o protegidos pela referida lei.

28. TJ-SE Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2014


Ð Cespe.
Com base nas disposi•›es da Lei n.¼ 9.279/1996, assinale a op•‹o correta
acerca de propriedade industrial.
a) A cria•‹o de marcas comerciais olfativo-arom‡ticas Ž amparada pela lei
brasileira, o que viabiliza o registro de fragr‰ncias que identifiquem
estabelecimentos comerciais.
b) O prazo de vig•ncia de um registro de marca Ž de dez anos, contados da
data da concess‹o do registro e, a partir de ent‹o, prorrog‡vel por
quinqu•nios sucessivos.
c) Constituem espŽcies de indica•‹o de proced•ncia a indica•‹o geogr‡fica
e a denomina•‹o de origem.
d) Ao registro de desenho industrial n‹o cabe o direito de prioridade, pois o
requerimento no exterior n‹o produz efeitos de dep—sito nacional.
e) O titular da patente tem direito de pleitear indeniza•‹o contra quem
explorar indevidamente o objeto patenteado, inclusive em rela•‹o a per’odo
anterior ˆ pr—pria concess‹o da patente.

29. TJ-PA Ð Juiz de Direito Substituto Ð 2014 Ð VUNESP.


No que se refere a patentes, assinale a alternativa correta.
a) Reputa-se concedida a patente na data de deferimento do pedido,
devendo conter da carta-patente o nœmero, o t’tulo e a natureza respectivos,
o nome do inventor, a qualifica•‹o e o domic’lio do titular, o prazo de
vig•ncia, o relat—rio descritivo, as reivindica•›es e os desenhos, bem como
os dados relativos ˆ prioridade.
b) O pedido de patente ser‡ mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses
contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga, quando houver,
ap—s o que ser‡ publicado, ˆ exce•‹o daquele origin‡rio do Brasil, cujo objeto
interesse ˆ defesa nacional, sendo processado em car‡ter sigiloso.
c) A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 15 (quinze) anos e a de
modelo de utilidade pelo prazo 20 (vinte) anos contados da data de dep—sito.

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d) O prazo de vig•ncia n‹o ser‡ inferior a 5 (cinco) anos para a patente de


inven•‹o e a 10 (dez) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar
da data de concess‹o.
e) A patente ser‡ concedida depois de deferido o pedido e comprovado o
pagamento da retribui•‹o correspondente no prazo de 120 (cento e vinte)
dias contados do deferimento, expedindo-se a respectiva carta-patente.

11.2. Gabarito

1. B 16. ERRADA

2. D 17. CERTA

3. B 18. CERTA

4. C 19. CERTA

5. A 20. CERTA

6. D 21. CERTA

7. D 22. A

8. CERTA 23. D

9. B 24. A

10. E 25. B

11. B 26. A

12. ERRADA 27. B

13. ERRADA 28. E

14. ERRADA 29. B

15. CERTA

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11.3. Quest›es comentadas


1. OAB Ð XVI Exame de Ordem Unificado Ð 2015 Ð FGV.
A respeito dos legitimados, assinale a op•‹o que indica aspessoas que podem
requerer patente de inven•‹o ou modelo de utilidade, de acordo com a Lei
n¼ 9.279/96.
a) O pr—prio autor, se maior de 18 anos, os herdeiros ou sucessores do autor,
o cession‡rio ou o empregador ou tomador de servi•os, no caso de patente
desenvolvida por empregado ou prestador de servi•o.
b) O pr—prio autor, os herdeiros ou sucessores do autor, o cession‡rio ou
aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o de servi•os
determinar que perten•a a titularidade da patente ou do modelo de utilidade.
c) O pr—prio autor, pessoa natural ou sociedade empres‡ria, o cession‡rio
da patente ou aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o
de servi•os determinar que perten•a a titularidade da patente ou do modelo
de utilidade.
d) O pr—prio autor, os herdeiros ou sucessores do autor atŽ 5 (cinco) anos
da data do —bito, o cession‡rio ou o empregador ou tomador de servi•os, no
caso de patente desenvolvida por empregado ou prestador de servi•o.

Coment‡rios:
O pedido de prote•‹o dever‡ ser feito ao INPI pelo pr—prio autor da inven•‹o ou
modelo de utilizado, ou ainda pelos herdeiros ou sucessores, pelo cession‡rio ou
por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o de servi•os
determinar que perten•a a titularidade, nos termos do art. 6o, ¤2o da Lei de
Propriedade Industrial.
GABARITO: B

2. OAB Ð XIII Exame de Ordem Unificado Ð 2014 Ð FGV.


Sobre o desenho industrial e seu registro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial (INPI), assinale a afirmativa correta.
a) ƒ registr‡vel como desenho industrial qualquer obra ornamental de
car‡ter puramente art’stico, ou o conjunto ornamental de linhas e cores que
pode ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e
original na sua configura•‹o externa.
b) O registro de desenho industrial vigorar‡ pelo prazo de 20 (vinte) anos
contados da data do dep—sito, prorrog‡vel por atŽ 2 (dois) per’odos
sucessivos de 10 (anos) anos cada, desde que seja requerida a prorroga•‹o
durante o œltimo ano de vig•ncia do registro.
c) A a•‹o de nulidade de registro de desenho industrial ser‡ ajuizada no foro
da Justi•a Estadual do domic’lio do titular do registro, devendo o INPI ser
notificado da propositura da a•‹o para avaliar se tem interesse ou n‹o em
intervir no feito, quando n‹o for autor.

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d) O pedido de registro que n‹o atender ˆs condi•›es estabelecidas pelo


INPI, mas contiver dados suficientes relativos ao depositante, ao desenho
industrial e ao autor, poder‡ ser recebido, desde que sejam cumpridas, em
5 (cinco) dias, as exig•ncias do INPI.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. De acordo com o art. 98 da Lei de Propriedade
Industrial, n‹o se considera desenho industrial qualquer obra de car‡ter
puramente art’stico. As obras puramente art’sticas s‹o protegidas pelo direito
autoral, e n‹o pelo regime de propriedade industrial.
A alternativa B est‡ incorreta. Nos termos do art. 108, o registro vigorar‡ pelo
prazo de 10 anos contados da data do dep—sito, prorrog‡vel por 3 per’odos
sucessivos de 5 anos cada.
A alternativa C est‡ incorreta. De acordo com o art. 57, a a•‹o de nulidade de
patente ser‡ ajuizada no foro da Justi•a Federal e o INPI, quando n‹o for autor,
intervir‡ no feito.
A alternativa D est‡ correta. Nos termos do art. 103, o pedido que n‹o atender
formalmente ao disposto no art. 101, mas que contiver dados suficientes relativos
ao depositante, ao desenho industrial e ao autor, poder‡ ser entregue, mediante
recibo datado, ao INPI, que estabelecer‡ as exig•ncias a serem cumpridas, em 5
dias, sob pena de ser considerado inexistente.
GABARITO: D

3. OAB Ð XII Exame de Ordem Unificado Ð 2013 Ð FGV.


Sobre a licen•a compuls—ria, assinale a afirmativa correta.
a) ƒ a hip—tese em que o Estado outorga o direito de patente ao autor da
inven•‹o sem a sua iniciativa.
b) ƒ cab’vel sua concess‹o se a comercializa•‹o n‹o satisfizer ˆs
necessidades do mercado.
c) Pode ser concedida com exclusividade, a critŽrio do Instituto Nacional da
Propriedade Industrial .
d) ƒ admitido o sublicenciamento, com a concord‰ncia prŽvia do licenciante.

Coment‡rios:
Art. 68. O titular ficar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econ™mico, comprovado nos termos da lei, por decis‹o administrativa ou judicial.
¤ 1¼ Ensejam, igualmente, licen•a compuls—ria:
I - a n‹o explora•‹o do objeto da patente no territ—rio brasileiro por falta de fabrica•‹o ou
fabrica•‹o incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado,
ressalvados os casos de inviabilidade econ™mica, quando ser‡ admitida a importa•‹o; ou
II - a comercializa•‹o que n‹o satisfizer ˆs necessidades do mercado.

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Estamos falando do licenciamento compuls—rio, que ser‡ uma espŽcie de san•‹o,


aplicada inicialmente ao titular da patente que abusa do privilŽgio geral de
explora•‹o a ele concedido. Uma das hip—teses de concess‹o do licenciamento
compuls—rio, portanto, Ž o da comercializa•‹o que n‹o satisfizer ˆs necessidades
do mercado.
GABARITO: B

4. OAB Ð VII Exame de Ordem Unificado Ð 2012 Ð FGV.


Sobre as marcas, Ž correto afirmar que
a) a marca de alto renome Ž sin™nimo de marca notoriamente conhecida.
b) a vig•ncia do registro da marca Ž de 5 (cinco) anos, sendo prorrog‡vel
por per’odos iguais e sucessivos.
c) Ž permitida a cess‹o do pedido de registro de marca, caso o cession‡rio
atenda aos requisitos legais.
d) a marca de produto ou servi•o Ž aquela usada para identificar produtos
ou servi•os provindos de membros de uma determinada entidade.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. A marca de alto renome Ž aquela que goza de
prote•‹o em qualquer ramo de atividade, n‹o se submetendo ao princ’pio da
especialidade. Na jurisprud•ncia temos entendimentos interessante sobre o
tema, como, por exemplo, o reconhecimento pelo STJ do renome da marca Ford,
enquanto a Corte negou a prote•‹o ˆ marca Yahoo!.
Outro conceito importante, que devemos conhecer, Ž de marca notoriamente
conhecida. Esta goza de prote•‹o especial no ramo de atividade do seu titular,
independentemente de estar registrada no Brasil. Nesses casos o INPI poder‡
inclusive negar o registro.
A alternativa B est‡ incorreta. Nos termos do art. 133, o registro da marca
vigorar‡ pelo prazo de 10 anos, contados da data da concess‹o do registro,
prorrog‡vel por per’odos iguais e sucessivos.
A alternativa C est‡ correta. O pedido de registro e o registro poder‹o ser cedidos,
desde que o cession‡rio atenda aos requisitos legais para requerer tal registro,
nos termos do art. 134.
A alternativa D est‡ incorreta. O conceito trazido pela alternativa Ž o de marca
coletiva.
A marca de produto ou servi•o Ž a ideia geral de marca que as pessoas
normalmente t•m, que s‹o usadas pelos empres‡rios para identificar produtos
ou servi•os. Esta marca Ž registrada pelo pr—prio empres‡rio que ir‡ utiliz‡-la.
A marca de certifica•‹o serve para atestar a qualidade de determinado produto
ou servi•o conforme normas tŽcnicas estabelecidas por institutos especializados.
Esta marca Ž registrada pela institui•‹o certificadora.

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A marca coletiva, por sua vez, serve para atestar a proveni•ncia de


determinado produto ou servi•o. Esse tipo de marca pode indicar, por exemplo,
que os empres‡rios que a utilizam s‹o membros de determinada associa•‹o, e
que seus produtos ou servi•os est‹o em conformidade com as regulamenta•›es
tŽcnicas dessa entidade. Esta marca ser‡ registrada pela entidade que congrega
os membros que ir‹o utiliz‡-la.
GABARITO: C

5. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Ð 2016 Ð FCC.


Quanto ˆ patenteabilidade, considera-se inven•‹o:
a) ato decorrente de atividade inventiva e desde que com aplica•‹o
industrial.
b) objeto que apresente nova forma ou disposi•‹o, envolvendo ato inventivo,
que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabrica•‹o.
c) plano publicit‡rio.
d) programa de computador em si.
e) mŽtodo de diagn—stico para aplica•‹o no corpo humano.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ correta e Ž a nossa resposta, nos termos do art. 8¼ da Lei de
Propriedade Industrial.
Art. 8¼ ƒ patente‡vel a inven•‹o que atenda aos requisitos de novidade, atividade
inventiva e aplica•‹o industrial.
A alternativa B est‡ incorreta. A defini•‹o trazida aqui Ž a de modelo de utilidade,
que tambŽm Ž patente‡vel.
Art. 9¼ ƒ patente‡vel como modelo de utilidade o objeto de uso pr‡tico, ou parte
deste, suscet’vel de aplica•‹o industrial, que apresente nova forma ou disposi•‹o,
envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em
sua fabrica•‹o.
As alternativas C, D e E est‹o incorretas. O art. 10 da Lei de Propriedade
Industrial traz as limita•›es de patenteabilidade, que voc• deve conhecer para
acertar as quest›es da sua prova.
Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias cient’ficas e mŽtodos matem‡ticos;
II - concep•›es puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princ’pios ou mŽtodos comerciais, cont‡beis, financeiros,
educativos, publicit‡rios, de sorteio e de fiscaliza•‹o;
IV - as obras liter‡rias, arquitet™nicas, art’sticas e cient’ficas ou qualquer cria•‹o estŽtica;
V - programas de computador em si;
VI - apresenta•‹o de informa•›es;
VII - regras de jogo;

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VIII - tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como mŽtodos terap•uticos ou de


diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biol—gicos encontrados na natureza,
ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural
e os processos biol—gicos naturais.

GABARITO: A

6. TJ-PR Ð Juiz de Direito Ð 2017 Ð Cespe.


Caso dois autores tenham realizado a mesma inven•‹o de forma
independente,
a) qualquer um deles poder‡ requerer a patente, mediante nomea•‹o e
qualifica•‹o do outro.
b) aquele que comprovar a data de inven•‹o mais antiga ter‡ direito ao
privilŽgio tempor‡rio para a utiliza•‹o.
c) aquele que primeiro obtiver o registro usufruir‡ do privilŽgio tempor‡rio
para a utiliza•‹o da inven•‹o.
d) aquele que provar o dep—sito mais antigo ter‡ direito a obter a patente.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. Essa possibilidade se refere ˆ patente de inven•‹o
da qual participar‹o duas ou mais pessoas, mas a quest‹o se refere ˆ situa•‹o
em que duas pessoas chegaram ˆ mesma inven•‹o independentemente uma da
outra.
A alternativa B est‡ incorretas. Caso dois ou mais inventores pretendam a mesma
patente, o critŽrio utilizado para concess‹o da prote•‹o ser‡ a data do dep—sito.
Isso mesmo! N‹o importa quando houve o esfor•o de cria•‹o propriamente dito.
O que importa Ž quando o inventor procurou o INPI.
A alternativa C est‡ incorreta. A alternativa menciona o registro, que n‹o Ž
aplic‡vel ˆ inven•‹o.
Letra D - Lei 9.279/96- Art. 7¼ Se dois ou mais autores tiverem realizado a
mesma inven•‹o ou modelo de utilidade, de forma independente, o direito de
obter patente ser‡ assegurado ˆquele que provar o dep—sito mais antigo,
independentemente das datas de inven•‹o ou cria•‹o.
GABARITO: D

7. TJ-RJ Ð Juiz de Direito Ð 2016 Ð VUNESP.


No tocante ˆs marcas, conforme disciplina em lei espec’fica, Ž correto
afirmar que
a) o registro da marca vigorar‡ pelo prazo de 15 anos, contados da data da
concess‹o, prorrog‡vel por dois per’odos iguais e sucessivos.
b) ao seu titular ou depositante Ž assegurado, dentre outros, o direito de
impedir que comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhe

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s‹o pr—prios, juntamente com a marca do produto, na sua promo•‹o e


comercializa•‹o.
c) se considera marca de produto ou servi•o aquela usada para atestar a
conformidade de um produto ou servi•o com determinadas normas ou
especifica•›es tŽcnicas, notadamente quanto ˆ qualidade, natureza,
material utilizado e metodologia empregada.
d) ao seu titular ou depositante Ž assegurado, dentre outros, o direito de
ceder seu registro ou pedido de registro.
e) caducar‡ o registro da marca, salvo justificado o desuso por seu titular, a
requerimento de qualquer pessoa com leg’timo interesse se, decorridos 10
anos de sua concess‹o, o uso da marca tiver sido interrompido por mais de
5 anos consecutivos.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. Nos termos do art. 133 da Lei de Propriedade
Industrial, o registro da marca vigorar‡ pelo prazo de 10 anos, contados da data
da concess‹o do registro, prorrog‡vel por per’odos iguais e sucessivos.
A alternativa B est‡ incorreta. O art. 132 da Lei de Propriedade Industrial traz
algumas proibi•›es impostas ao titular da marca, dentre elas a de impedir que
comerciantes ou distribuidores utilizem sinais distintivos que lhes s‹o pr—prios,
juntamente com a marca do produto, na sua promo•‹o e comercializa•‹o.
A alternativa C est‡ incorreta. A defini•‹o trazida pela alternativa Ž a de marca
de certifica•‹o.
A alternativa D est‡ correta e Ž a nossa resposta. Entre os direitos assegurados
ao titular da marca pelo art. 130 da Lei de Propriedade Industrial conta o de ceder
seu registro ou pedido de registro.
A alternativa E est‡ incorreta. As hip—teses de caducidade se encontram previstas
no art. 143 da Lei de Propriedade Industrial.
Art. 143 - Caducar‡ o registro, a requerimento de qualquer pessoa com leg’timo interesse
se, decorridos 5 (cinco) anos da sua concess‹o, na data do requerimento:
I - o uso da marca n‹o tiver sido iniciado no Brasil; ou
II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se,
no mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modifica•‹o que implique altera•‹o de seu
car‡ter distintivo original, tal como constante do certificado de registro.
¤ 1¼ N‹o ocorrer‡ caducidade se o titular justificar o desuso da marca por raz›es leg’timas.
¤ 2¼ O titular ser‡ intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo-
lhe o ™nus de provar o uso da marca ou justificar seu desuso por raz›es leg’timas.

GABARITO: D

8. TELEBRçS Ð Advogado Ð 2015 Ð Cespe.


Passados cinco anos da concess‹o do registro de marca, determinada
pessoa, com leg’timo interesse, solicitou ao INPI que fosse declarada a
caducidade do registro das marcas de duas sociedades empres‡rias, com

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base nos seguintes fatos: o produto elaborado e fabricado no Brasil pela


primeira sociedade era destinado exclusivamente ao mercado externo; a
marca da segunda sociedade era de uso espor‡dico, com escassas
negocia•›es no mercado e rentabilidade ’nfima nos cinco anos anteriores.
Com rela•‹o a essa situa•‹o hipotŽtica, julgue o item subsecutivo acerca do
registro das marcas, nos termos da jurisprud•ncia do STJ.
O INPI dever‡ denegar o pedido de caducidade do registro de marca da
primeira sociedade empres‡ria, pois o simples fato de o produto elaborado
e fabricado no Brasil ser destinado ao mercado externo n‹o demonstra a
caducidade do registro de marca por desuso.

Coment‡rios:
Segundo entendimento corrente do STJ, o simples fato de a mercadoria ser
produzida para exporta•‹o n‹o justifica a caducidade da marca. Se o titular da
marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em territ—rio
nacional claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda prote•‹o
legal, pois aqui empreende, gerando produ•‹o, empregos e riqueza, sendo
indiferente que a mercadoria aqui produzida seja destinada ao mercado interno
ou exclusivamente ao externo.
GABARITO: CERTA

9. TJ ÐPB Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð Cespe.


No que se refere a nome empresarial, marca e propriedade industrial,
assinale a op•‹o correta com base na jurisprud•ncia do STJ.
a) De acordo com o princ’pio first come, first served, com base no qual se
concede o dom’nio eletr™nico ao primeiro requerente que satisfizer as
exig•ncias para o registro de nomes comerciais na rede mundial de
computadores, Ž incab’vel contesta•‹o do titular de signo distintivo similar
ou id•ntico que anteriormente tenha registrado o nome ou a marca na junta
comercial e no INPI.
b) Para que a reprodu•‹o ou imita•‹o de elemento caracter’stico ou
diferenciado de nome empresarial de terceiros constitua —bice ao registro de
marca Ñ que possui prote•‹o nacional Ñ, Ž necess‡rio que a reprodu•‹o ou
imita•‹o seja suscet’vel de causar confus‹o ou associa•‹o com esses sinais
distintivos e que a prote•‹o ao nome empresarial n‹o goze somente de tutela
restrita a alguns estados, mas detenha a exclusividade sobre o uso do nome
em todo o territ—rio nacional.
c) As formas de prote•‹o ao uso das marcas e do nome de empresa t•m
como œnico prop—sito resguardar a marca ou o nome da empresa contra
usurpa•‹o.
d) No caso de colid•ncia entre denomina•›es e marcas de sociedades
empres‡rias diversas, o conflito deve ser dirimido com base no princ’pio da
anterioridade, que prepondera em princ’pio da especificidade.

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e) O pedido de arquivamento dos atos constitutivos da empresa nas juntas


comerciais das demais unidades da Federa•‹o, de forma complementar ao
registro inicialmente realizado, n‹o induz ˆ possibilidade de prote•‹o
nacional ao seu nome comercial.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. No Brasil, o registro de nomes de dom’nio na
internet Ž regido pelo princ’pio ÒFirst Come, First ServedÓ, segundo o qual Ž
concedido o dom’nio ao primeiro requerente que satisfizer as exig•ncias para o
registro. De acordo com a jurisprud•ncia do STJ, a legitimidade do registro do
nome do dom’nio obtido pelo primeiro requerente pode ser contestada pelo titular
de signo distintivo similar ou id•ntico anteriormente registrado Ð seja nome
empresarial, seja marca. Tal pleito, contudo, depende da demonstra•‹o de m‡-
fŽ, a ser aferida caso a caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o
cancelamento ou a transfer•ncia do dom’nio e a responsabilidade por eventuais
preju’zos.
A alternativa B est‡ correta. A marca deve individualizar o produto ou servi•o,
diferenciando-o de outros. Por isso n‹o se admite o registro de marca que
contenha express‹o comum ou genŽrica (art. 124, VI). Nesse sentido, o STJ j‡
entendeu que o termo ÒBrasilÓ se enquadra nessa proibi•‹o de registro quando
for o principal elemento de nome empresarial.

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. CONFLITO ENTRE NOME


FANTASIA E NOME EMPRESARIAL. REGISTRO DE MARCA SUPERVENIENTE.
VOCçBULO DE USO COMUM.
[...]
4. Em princ’pio, os elementos que formam o nome da empresa, devidamente arquivado na
Junta Comercial, n‹o podem ser registrados ˆ t’tulo de marca, salvo pelo titular da
denomina•‹o ou terceiros autorizados.
5. O termo "Brasil", principal elemento do nome empresarial, Ž, contudo, voc‡bulo
de uso comum, podendo, em fun•‹o de seu car‡ter genŽrico, ser objeto de registro
de marca atŽ mesmo por empresas que atuem no mesmo ramo comercial, pois
carece da prote•‹o firmada nos termos do art. 124, V, da Lei Lei 9.279/96.
6. Recurso especial conhecido em parte e, na extens‹o, provido, para julgar improcedentes
os pedidos iniciais, invertendo os ™nus sucumbenciais.
REsp 1.082.734/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 03.09.2009, DJe
28.09.2009.

A alternativa C est‡ incorreta. Na realidade, um dos principais prop—sitos da


prote•‹o conferida ˆs marcas Ž a defesa do consumidor, que n‹o pode ser
enganado, achando que est‡ adquirindo um produto ou servi•o de um empres‡rio
quando na realidade a marca est‡ sendo utilizada por outra pessoa.
A alternativa D est‡ incorreta. Num eventual conflito, deve ser aplicado
inicialmente o princ’pio da especialidade. Se os titulares forem de ramos de

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atua•‹o diferentes, sem a possibildade de causar confus‹o ao consumidor, n‹o


h‡ que se falar em conflito.
A alternativa E est‡ incorreta. A prote•‹o ao nome empresarial segue sistem‡tica
pr—pria, mas h‡ a possibilidade de conferir-se ao nome prote•‹o em ‰mbito
nacional.
GABARITO: B

10. TJDFT Ð Juiz de Direito Ð 2015 Ð Cespe.


Com refer•ncia ˆ propriedade industrial da marca, assinale a op•‹o correta.
a) A prote•‹o especial prevista para marca de notoriedade reconhecida em
seu respectivo ramo de atividade depende de registro ou dep—sito dessa
marca no INPI.
b) Embora o reconhecimento de marca como de alto renome se d• por
declara•‹o do INPI, uma senten•a judicial dada em a•‹o movida pelo
interessado nesse reconhecimento poder‡ substituir essa declara•‹o e
desencadear por si s— a prote•‹o legal devida a essa espŽcie de marca.
c) Ao ceder o uso de marca mediante contrato que n‹o estabele•a condi•›es
nem efeitos limitadores, o titular do registro renuncia ao controle sobre essa
marca, inclusive no que se refere ˆ natureza e ˆ qualidade dos servi•os e
produtos a ela vinculados.
d) De acordo com a jurisprud•ncia do STJ e com a doutrina nacional
majorit‡ria, apesar de ser pr‡tica comum no exterior, a veicula•‹o de
propaganda em que sejam comparados produtos ou servi•os concorrentes Ž
conden‡vel por ser considerada viola•‹o dos direitos de prote•‹o ˆs marcas
envolvidas.
e) Caso uma marca registrada constitua express‹o que passe a ser de uso
comum no segmento mercadol—gico do produto, a regra da exclusividade
decorrente do registro poder‡ ser mitigada, como forma de proteger a
concorr•ncia e o mercado em geral.

Coment‡rio:
A alternativa A est‡ incorreta. Um conceito importante, que devemos conhecer,
Ž de marca notoriamente conhecida. Esta goza de prote•‹o especial no ramo de
atividade do seu titular, independentemente de estar registrada no Brasil. Nesses
casos o INPI poder‡ inclusive negar o registro.
A alternativa B est‡ incorreta. Aqui vale ressaltar ainda um importante
entendimento do TRF da 2a Regi‹o (que Ž especializado na matŽria de
Propriedade Industrial, pois sua jurisdi•‹o abrange o Rio de Janeiro, onde Ž
sediado o INPI). Segundo tal entendimento, n‹o cabe ao Poder Judici‡rio definir
o que Ž renome da marca e em que casos esse elemento estaria presente. Tal
prerrogativa cabe apenas ao INPI. H‡ tambŽm precedentes do STJ no mesmo
sentido.

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A alternativa C est‡ incorreta. Nos termos do art. 139 da Lei de Propriedade


Industrial, o titular de registro ou o depositante de pedido de registro poder‡
celebrar contrato de licen•a para uso da marca, sem preju’zo de seu direito de
exercer controle efetivo sobre as especifica•›es, natureza e qualidade dos
respectivos produtos ou servi•os.
A alternativa D est‡ incorreta. Segundo o posicionamento adotado pelo STJ, Ž
l’cita a propaganda comparativa entre produtos aliment’cios de marcas distintas
e de pre•os pr—ximos no caso em que:
a) a compara•‹o tenha por objetivo principal o esclarecimento do consumidor;
b) as informa•›es vinculadas sejam verdadeiras, objetivas, n‹o induzam o
consumidor a erro, n‹o depreciem o produto ou a marca, tampouco sejam
abusivas (art. 37, ¤ 2o, do CDC); e
c) os produtos e marcas comparados n‹o sejam pass’veis de confus‹o.
Para que a propaganda comparativa viole o direito de propriedade industrial do
concorrente, as marcas devem ser pass’veis de confus‹o ou a men•‹o ˆ marca
do concorrente deve ser feita de forma depreciativa, acarretando a degrada•‹o
(desgaste do outro produto) e o consequente desvio de clientela.
A alternativa E est‡ correta. O STJ j‡ decidiu que marcas fracas ou evocativas,
que constituem express‹o de uso comum, de pouca originalidade, atraem a
mitiga•‹o da regra de exclusividade decorrente do registro, admitindo-se a sua
utiliza•‹o por terceiros de boa-fŽ. Com o transcorrer do tempo, porŽm, ˆ medida
em que se difunde no mercado, o produto ou servi•o pode vir a estabelecer forte
rela•‹o com a express‹o, que passa a ser de uso comum, ocasionando sens’vel
redu•‹o do seu car‡ter distintivo. Nesses casos, express›es que, a rigor, n‹o
deveriam ser admitidas como marca por for•a do —bice contido no art. 124, VI,
da LPI, acabam sendo registradas pelo INPI, ficando sujeitas a terem sua
exclusividade mitigada.
GABARITO: E

11. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Substituto Ð 2015 Ð


FCC
Segundo o disposto no art. 2o da Lei no 9.279/1996, a prote•‹o dos direitos
relativos ˆ propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o
desenvolvimento tecnol—gico e econ™mico do Pa’s, pode efetuar-se mediante
a) concess‹o de registro de inven•‹o.
b) repress‹o ˆs falsas indica•›es geogr‡ficas.
c) concess‹o de patente de desenho industrial.
d) concess‹o de patente de marca.
e) concess‹o de registro de modelo de utilidade.

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Coment‡rios:
Essa foi f‡cil, n‹o Ž!? Depois da aula de hoje voc• j‡ est‡ cansado de saber que
a inven•‹o e o modelo de utilidade s‹o protegidos por meio de patente, enquanto
o desenho industrial e a marca se submetem a registro.
GABARITO: B

12. DPE-PE Ð Defensor PœblicoÐ 2015 Ð CESPE


Julgue o item a seguir, a respeito de empresa de pequeno porte e de
propriedade industrial.
Ao requerente de licen•a compuls—ria que invoque abuso de direitos
patent‡rios ou abuso de poder econ™mico ser‡ concedida, pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial, licen•a com iguais privilŽgios concedidos
ao inventor, como, por exemplo, a exclusividade para a explora•‹o da
licen•a.

Coment‡rios:
Art. 68. O titular ficar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econ™mico, comprovado nos termos da lei, por decis‹o administrativa ou judicial.
¤ 1¼ Ensejam, igualmente, licen•a compuls—ria:
I - a n‹o explora•‹o do objeto da patente no territ—rio brasileiro por falta de fabrica•‹o ou
fabrica•‹o incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso integral do processo patenteado,
ressalvados os casos de inviabilidade econ™mica, quando ser‡ admitida a importa•‹o; ou
II - a comercializa•‹o que n‹o satisfizer ˆs necessidades do mercado.
¤ 2¼ A licen•a s— poder‡ ser requerida por pessoa com leg’timo interesse e que tenha
capacidade tŽcnica e econ™mica para realizar a explora•‹o eficiente do objeto da patente,
que dever‡ destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse
caso a excepcionalidade prevista no inciso I do par‡grafo anterior.
¤ 3¼ No caso de a licen•a compuls—ria ser concedida em raz‹o de abuso de poder
econ™mico, ao licenciado, que prop›e fabrica•‹o local, ser‡ garantido um prazo, limitado ao
estabelecido no art. 74, para proceder ˆ importa•‹o do objeto da licen•a, desde que tenha
sido colocado no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
¤ 4¼ No caso de importa•‹o para explora•‹o de patente e no caso da importa•‹o prevista
no par‡grafo anterior, ser‡ igualmente admitida a importa•‹o por terceiros de produto
fabricado de acordo com patente de processo ou de produto, desde que tenha sido colocado
no mercado diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
¤ 5¼ A licen•a compuls—ria de que trata o ¤ 1¼ somente ser‡ requerida ap—s decorridos 3
(tr•s) anos da concess‹o da patente.

Agora estamos falando do licenciamento compuls—rio, que ser‡ uma espŽcie de


san•‹o, aplicada inicialmente ao titular da patente que abusa do privilŽgio geral
de explora•‹o a ele concedido.
O processo de concess‹o da licen•a compuls—ria come•a com o requerimento de
um interessado, mas deve-se sempre dar oportunidade ao titular da patente para
que se defenda de maneira adequada. Esta Ž a previs‹o do art. 69.

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Art. 69. A licen•a compuls—ria n‹o ser‡ concedida se, ˆ data do requerimento, o titular:
I - justificar o desuso por raz›es leg’timas;
II - comprovar a realiza•‹o de sŽrios e efetivos preparativos para a explora•‹o; ou
III - justificar a falta de fabrica•‹o ou comercializa•‹o por obst‡culo de ordem legal.

H‡ ainda uma outra hip—tese de licenciamento compuls—rio, prevista no art. 70


da Lei de Propriedade Industrial.
Art. 70. A licen•a compuls—ria ser‡ ainda concedida quando, cumulativamente, se
verificarem as seguintes hip—teses:
I - ficar caracterizada situa•‹o de depend•ncia de uma patente em rela•‹o a outra;
II - o objeto da patente dependente constituir substancial progresso tŽcnico em rela•‹o ˆ
patente anterior; e
III - o titular n‹o realizar acordo com o titular da patente dependente para explora•‹o da
patente anterior. ==d1fdc==

¤ 1¼ Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja explora•‹o
depende obrigatoriamente da utiliza•‹o do objeto de patente anterior.
¤ 2¼ Para efeito deste artigo, uma patente de processo poder‡ ser considerada dependente
de patente do produto respectivo, bem como uma patente de produto poder‡ ser
dependente de patente de processo.
¤ 3¼ O titular da patente licenciada na forma deste artigo ter‡ direito a licen•a compuls—ria
cruzada da patente dependente.

Neste caso as tr•s condi•›es devem ser observadas cumulativamente para que
a licen•a compuls—ria seja concedida. Essa modalidade Ž chamada por alguns
doutrinadores de licen•a de depend•ncia.
GABARITO: ERRADA

13. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Oscar, angiologista renomado, ap—s ter desenvolvido trabalhos de pesquisa
em v‡rios centros mŽdicos de pa’ses da Europa, desenvolveu um mŽtodo
cirœrgico inŽdito de uso do laser no tratamento de pacientes com varizes.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, caso venha a requerer ao INPI seu pedido de
patente de inven•‹o, esse instituto poder‡ conceder a respectiva carta-
patente se o invento n‹o estiver compreendido no estado da tŽcnica.

Coment‡rios:
Neste caso a patente n‹o poder‡ ser concedida, pois n‹o se trata propriamente
de um invento, mas sim de um mŽtodo cirœrgico, tŽcnica que n‹o pode ser
considerada inven•‹o e nem modelo de utilidade, por for•a do art. 10 da Lei de
Propriedade Industrial.
Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:

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diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal.

GABARITO: ERRADA

14. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Cl‡udio realizou uma inven•‹o em 20/10/2012 e depositou o pedido de
patente no INPI em 10/5/2014. Fabiano, de forma independente, realizou a
mesma inven•‹o em 3/2/2013 e depositou seu pedido de patente no INPI
em 10/12/2013. Nessa situa•‹o hipotŽtica, o INPI deve conceder a
titularidade da patente de inven•‹o a Cl‡udio, por ter ele realizado a
inven•‹o antes de Fabiano.

Coment‡rios:
Caso dois ou mais inventores pretendam a mesma patente, o critŽrio utilizado
para concess‹o da prote•‹o ser‡ a data do dep—sito. Isso mesmo! N‹o importa
quando houve o esfor•o de cria•‹o propriamente dito. O que importa Ž quando o
inventor procurou o INPI.
Esta Ž apontada pelos doutrinadores como a principal diferen•a entre a
propriedade industrial e o direito autoral. Este Ž conferido desde o momento da
cria•‹o da obra, tendo o seu registro efeito meramente declarat—rio. A
propriedade industrial, por outro lado, toma por marco a data do dep—sito, tendo
a patente ou registro efeito constitutivo da prote•‹o jur’dica.
GABARITO: ERRADA

15. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Patr’cia, que Ž cidad‹ nacional do Brasil, reside atualmente em outro pa’s,
onde realizou uma inven•‹o.
Nessa situa•‹o hipotŽtica, Ž poss’vel que Patr’cia apresente requerimento de
patente em organiza•‹o internacional, com efeito de dep—sito nacional,
sendo-lhe assegurado, inclusive, direito de prioridade.

Coment‡rios:
A Lei de Propriedade Industrial prev• expressamente essa possibilidade em seu
art. 16.

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Art. 16. Ao pedido de patente depositado em pa’s que mantenha acordo com o Brasil, ou
em organiza•‹o internacional, que produza efeito de dep—sito nacional, ser‡ assegurado
direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, n‹o sendo o dep—sito invalidado
nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.
¤ 1¼ A reivindica•‹o de prioridade ser‡ feita no ato de dep—sito, podendo ser suplementada
dentro de 60 (sessenta) dias por outras prioridades anteriores ˆ data do dep—sito no Brasil.
¤ 2¼ A reivindica•‹o de prioridade ser‡ comprovada por documento h‡bil da origem,
contendo nœmero, data, t’tulo, relat—rio descritivo e, se for o caso, reivindica•›es e
desenhos, acompanhado de tradu•‹o simples da certid‹o de dep—sito ou documento
equivalente, contendo dados identificadores do pedido, cujo teor ser‡ de inteira
responsabilidade do depositante.

GABARITO: CERTA

16. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Os pedidos de patentes de inven•‹o e de modelo de utilidade que forem
aceitos pelo INPI vigorar‹o pelo mesmo prazo, contado da data de dep—sito
de cada um deles.

Coment‡rios:
Nos termos do art. 40 da Lei de Propriedade Industrial, a patente de inven•‹o
vigorar‡ pelo prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 anos
contados da data de dep—sito.
GABARITO: ERRADA

17. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item, relativo a titularidade das patentes, inven•›es patente‡veis,
patenteabilidade e vig•ncia de patentes.
Caso uma empresa pretenda patentear certo microrganismo transg•nico, ela
dever‡ comprovar a novidade, a atividade inventiva e a aplica•‹o industrial
desse microrganismo e, adicionalmente, ter‡ de provar que n‹o se trata de
mera descoberta.

Coment‡rio:
O art. 18 da Lei de Propriedade Industrial estabelece algumas restri•›es ˆ
patenteabilidade, entre eles o todo ou parte dos seres vivos, exceto os
microorganismos transg•nicos que atendam aos tr•s requisitos de
patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplica•‹o industrial - previstos
no art. 8¼ e que n‹o sejam mera descoberta.
GABARITO: CERTA

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Teoria e Quest›es
Aula 09Ð Prof. Paulo Guimar‹es

18. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Tiago, que Ž titular de patente de modelo de utilidade, exerceu de forma
abusiva os direitos decorrentes dessa titularidade. Nessa situa•‹o, Tiago
estar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente, por decis‹o tanto
administrativa quanto judicial.

Coment‡rios:
A resposta nos Ž dada pelo art. 68 da Lei de Propriedade Industrial.
Art. 68. O titular ficar‡ sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os
direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder
econ™mico, comprovado nos termos da lei, por decis‹o administrativa ou judicial.

GABARITO: CERTA

19. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Adalgisa requereu ao INPI pedido de patente de inven•‹o em 14/6/2013,
tendo a patente sido concedida em 3/1/2014. No m•s de outubro de 2013,
ou seja, no curso do processo de concess‹o da patente, ocorreu explora•‹o
indevida da referida inven•‹o. Nessa situa•‹o, a despeito de a explora•‹o
indevida ter ocorrido em data anterior ˆ da concess‹o da patente, Ž poss’vel
que Adalgisa obtenha indeniza•‹o pela referida explora•‹o indevida.

Coment‡rios:
Para responder corretamente ˆ quest‹o voc• precisa conhecer a regra do art. 44
da Lei de Propriedade Industrial
Art. 44. Ao titular da patente Ž assegurado o direito de obter indeniza•‹o pela explora•‹o
indevida de seu objeto, inclusive em rela•‹o ˆ explora•‹o ocorrida entre a data da
publica•‹o do pedido e a da concess‹o da patente.
[...]
¤ 3¼ O direito de obter indeniza•‹o por explora•‹o indevida, inclusive com rela•‹o ao
per’odo anterior ˆ concess‹o da patente, est‡ limitado ao conteœdo do seu objeto, na forma
do art. 41.

GABARITO: CERTA

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Teoria e Quest›es
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20. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Com refer•ncia ˆ prote•‹o conferida ˆs patentes, ˆs respectivas licen•as e
aos modelos de utilidade realizados por empregado, cada um dos pr—ximos
itens apresenta uma situa•‹o hipotŽtica, seguida de uma assertiva a ser
julgada.
Beatriz, que Ž empregada de determinada sociedade empres‡ria,
desenvolveu certo modelo de utilidade. Nessa situa•‹o, para que o modelo
perten•a exclusivamente a Beatriz, ser‡ necess‡rio que ele esteja
desvinculado do contrato de trabalho e que n‹o tenha decorrido da utiliza•‹o
de recursos, meios, dados, materiais, instala•›es ou equipamentos do
empregador.

Coment‡rios:
De acordo com o art. 90 da Lei de Propriedade Industrial, pertencer‡
exclusivamente ao empregado a inven•‹o ou o modelo de utilidade por ele
desenvolvido, desde que desvinculado do contrato de trabalho e n‹o decorrente
da utiliza•‹o de recursos, meios, dados, materiais, instala•›es ou equipamentos
do empregador.
GABARITO: CERTA

21. INPI Ð Pesquisador em Propriedade Industrial Ð 2014 Ð


Cespe.
Julgue o item seguinte, acerca da propriedade industrial e do direito autoral.
Os programas de computador n‹o s‹o protegidos pelo direito de propriedade
industrial, mas pelo direito autoral.

Coment‡rios:
O art. 7o da Lei n. 9.610/1998 determina o que deve ser protegido por direitos
autorais.
Art. 7¼ S‹o obras intelectuais protegidas as cria•›es do esp’rito, expressas por qualquer
meio ou fixadas em qualquer suporte, tang’vel ou intang’vel, conhecido ou que se invente
no futuro, tais como:
I - os textos de obras liter‡rias, art’sticas ou cient’ficas;
II - as confer•ncias, alocu•›es, serm›es e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dram‡ticas e dram‡tico-musicais;
IV - as obras coreogr‡ficas e pantom’micas, cuja execu•‹o c•nica se fixe por escrito ou por
outra qualquer forma;
V - as composi•›es musicais, tenham ou n‹o letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou n‹o, inclusive as cinematogr‡ficas;
VII - as obras fotogr‡ficas e as produzidas por qualquer processo an‡logo ao da fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinŽtica;

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Teoria e Quest›es
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IX - as ilustra•›es, cartas geogr‡ficas e outras obras da mesma natureza;


X - os projetos, esbo•os e obras pl‡sticas concernentes ˆ geografia, engenharia, topografia,
arquitetura, paisagismo, cenografia e ci•ncia;
XI - as adapta•›es, tradu•›es e outras transforma•›es de obras originais, apresentadas
como cria•‹o intelectual nova;
XII - os programas de computador;
XIII - as colet‰neas ou compila•›es, antologias, enciclopŽdias, dicion‡rios, bases de dados
e outras obras, que, por sua sele•‹o, organiza•‹o ou disposi•‹o de seu conteœdo,
constituam uma cria•‹o intelectual.

GABARITO: CERTA

22. TRT 1» Regi‹o (RJ) Ð Juiz do Trabalho Ð 2014 Ð FCC.


O mŽdico Dr. Pit‡goras cria um mŽtodo novo para operar verrugas,
retirando-as de modo r‡pido e indolor. Baseia-se em um corte piramidal,
energŽtico, com origem em teorias eg’pcias. Verificando o sucesso dessa sua
tŽcnica, resolve patente‡-la. A resposta ser‡
a) negativa, pois n‹o se consideram inven•‹o nem modelo de utilidade
patente‡veis as tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como
mŽtodos terap•uticos ou de diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou
animal.
b) negativa, pois embora se trate de modelo de utilidade, suscet’vel de
aplica•‹o industrial, trata-se tambŽm de mŽtodo cirœrgico baseado em
teorias antigas, que n‹o apresentam nova forma ou disposi•‹o.
c) positiva, pois se trata de modelo de utilidade, suscet’vel de aplica•‹o
industrial e que apresenta nova forma ou disposi•‹o envolvendo ato
inventivo, que, por sua vez, resultar‡ em melhoria funcional no seu uso ou
em sua implementa•‹o.
d) positiva, pois se trata de inven•‹o que atende aos requisitos de novidade,
havendo ainda atividade inventiva e aplica•‹o industrial.
e) negativa, pois embora se trate de inven•‹o, com aplica•‹o industrial,
remete-se a teorias antigas e n‹o atende aos requisitos de novidade e de
atividade inventiva.

Coment‡rios:
Neste caso a patente n‹o poder‡ ser concedida, pois n‹o se trata propriamente
de um invento, mas sim de um mŽtodo cirœrgico, tŽcnica que n‹o pode ser
considerada inven•‹o e nem modelo de utilidade, por for•a do art. 10 da Lei de
Propriedade Industrial.
Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:
VIII - tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como mŽtodos terap•uticos ou de
diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal.

GABARITO: A

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23. IPT-SP Ð Advogado Ð 2014 Ð VUNESP.


Ap—s o protocolo de um pedido de patente de inven•‹o, o per’odo de sigilo
determinado pela Lei n.¼ 9.279/96 Ž de
a) doze meses, contados da data de inven•‹o, como determinado pela
Conven•‹o da Uni‹o de Paris.
b) seis meses, contados da data de inven•‹o, quando se tratar de um pedido
de modelo de utilidade.
c) doze meses, contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga.
d) dezoito meses, contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga.
e) cento e oitenta dias, contados da data de dep—sito.

Coment‡rios:
Nossa resposta Ž dada pelo art. 30 da Lei de Propriedade Industrial.
Art. 30. O pedido de patente ser‡ mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados
da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga, quando houver, ap—s o que ser‡
publicado, ˆ exce•‹o do caso previsto no art. 75.

Vencida a fase de analise das condi•›es do pedido, passa-se ent‹o ao


processamento e exame. Uma vez feito e admitido o pedido, caber‡ ao INPI
manter seu sigilo durante o per’odo de 18 meses, promovendo, ao fim desse
prazo, a publica•‹o na Revista da Propriedade Industrial, exceto quando se
tratar de patente de interesse da defesa nacional, conforme arts. 30 e 75 da Lei
de Propriedade Industrial. Se houver material biol—gico, este tambŽm se tornar‡
acess’vel ao pœblico por ocasi‹o da publica•‹o.
Essa publica•‹o tambŽm poder‡ ser antecipada a pedido do depositante. Como
o per’odo de sigilo Ž um benef’cio concedido ao inventor, para que ele possa
organizar melhor sua cria•‹o, nada mais justo do que possibilitar que ele abra
m‹o desse per’odo, acelerando o restante do processo.
GABARITO: D

24. IPT-SP Ð ADVOGADO Ð 2014 Ð VUNESP.


No curso de doutorado de uma faculdade estadual de Medicina, um
pesquisador desenvolveu um novo mŽtodo cirœrgico para corrigir casos de
hŽrnia inguinal. De acordo com a Lei da Propriedade Industrial, esse novo
mŽtodo
a) n‹o Ž uma inven•‹o nem modelo de utilidade.
b) n‹o Ž patente‡vel, por ter sido criado na faculdade de medicina.
c) n‹o Ž patente‡vel, por ser contr‡rio ˆ saœde pœblica.
d) deve ser identificado pelo nome da universidade, porque Ž uma faculdade
estatal.
e) pode ser patente‡vel quando distinguido por uma marca registrada que
identifique e individualize corretamente o mŽtodo.

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Coment‡rios:
Mais uma vez temos uma quest‹o que invoca o art. 10 da Lei de Propriedade
Industrial, que traz uma lista de itens que n‹o s‹o considerados inven•›es e nem
modelos de utilidade, entre eles mŽtodos cirœrgicos.
Art. 10. N‹o se considera inven•‹o nem modelo de utilidade:
I - descobertas, teorias cient’ficas e mŽtodos matem‡ticos;
II - concep•›es puramente abstratas;
III - esquemas, planos, princ’pios ou mŽtodos comerciais, cont‡beis, financeiros,
educativos, publicit‡rios, de sorteio e de fiscaliza•‹o;
IV - as obras liter‡rias, arquitet™nicas, art’sticas e cient’ficas ou qualquer cria•‹o estŽtica;
V - programas de computador em si;
VI - apresenta•‹o de informa•›es;
VII - regras de jogo;
VIII - tŽcnicas e mŽtodos operat—rios ou cirœrgicos, bem como mŽtodos terap•uticos ou de
diagn—stico, para aplica•‹o no corpo humano ou animal; e
IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biol—gicos encontrados na natureza,
ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural
e os processos biol—gicos naturais.

GABARITO: A

25. IPT-SP Ð Advogado Ð 2014 Ð VUNESP.


Se um novo pedido de patente reivindica exatamente a inven•‹o j‡
reivindicada por um pedido anterior de outro titular que est‡ em sigilo, ap—s
a publica•‹o do pedido anterior:
a) o protocolo do pedido posterior ser‡ automaticamente considerado uma
infra•‹o ao pedido anterior.
b) a inven•‹o do pedido posterior estar‡ no estado da tŽcnica e o pedido n‹o
ser‡ considerado novo.
c) o inventor do pedido anterior dever‡ provar que criou a inven•‹o antes
do inventor do pedido posterior.
d) o INPI publicar‡ uma exig•ncia para que os titulares comprovem as datas
de inven•‹o e os motivos do protocolo posterior pelo segundo inventor.
e) o pedido posterior demonstra que houve uma falha de sigilo no INPI e a
empresa que protocolou o segundo pedido responder‡ por perdas e danos.

Coment‡rios:
Nos termos do art. 11, ¤ 2¼ da Lei de Propriedade Industrial, para fins de aferi•‹o
da novidade, o conteœdo completo de pedido depositado no Brasil, e ainda n‹o
publicado, ser‡ considerado estado da tŽcnica a partir da data de dep—sito, ou da
prioridade reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que
subsequentemente.

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GABARITO: B

26. MPE-PE Ð Promotor de Justi•a Ð 2014 Ð FCC.


Considerando a disciplina legal da propriedade industrial, Ž correto afirmar:
a) A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 20 (vinte) anos contados
da data do dep—sito. Todavia, o prazo de vig•ncia da patente n‹o poder‡ ser
inferior a 10 (dez) anos contados da data da sua concess‹o, ressalvada a
hip—tese de o INPI ter ficado impedido de proceder ao exame de mŽrito do
pedido, por pend•ncia judicial comprovada ou por motivo de for•a maior.
b) ƒ patente‡vel a inven•‹o que atender aos requisitos de novidade e
atividade inventiva, ainda que n‹o possua aplica•‹o industrial.
c) Os sucessores do coautor da inven•‹o t•m legitimidade para requerer a
patente, mas desde que obtenham anu•ncia prŽvia dos demais coautores,
j‡ que a patente das inven•›es feitas conjuntamente por duas ou mais
pessoas deve ser requerida por todos os autores da inven•‹o.
d) Se mais de uma pessoa realizar a mesma inven•‹o de forma
independente, o direito de obter a patente ser‡ assegurado ˆquele que
comprovar que sua inven•‹o Ž mais antiga, sendo irrelevante para esse fim
a data do dep—sito da inven•‹o no INPI.
e) Para ser considerada dotada de atividade inventiva, basta que a inven•‹o
n‹o esteja compreendida no estado da tŽcnica, ainda que dela decorra de
forma evidente.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ correta. Normalmente a patente de inven•‹o dura 20 anos,
e a de modelo de utilidade dura 15 anos, sempre contados da data do dep—sito.
O legislador, porŽm, buscou garantir um per’odo m’nimo de vig•ncia a partir da
concess‹o, especialmente para os casos em que h‡ uma demora excessiva na
an‡lise do pedido sem que haja culpa do autor, determinando que esse prazo de
vig•ncia n‹o ser‡ inferior a 10 anos para a inven•‹o e 7 anos para o modelo de
utilidade, contados da data de concess‹o.
A alternativa B est‡ incorreta. De acordo com o art. 8o da Lei de Propriedade
Industrial, Ž patente‡vel a inven•‹o que atenda aos requisitos de novidade,
atividade inventiva e aplica•‹o industrial.
A alternativa C est‡ incorreta. Nos termos do art. 6o, ¤2o, a patente poder‡ ser
requerida em nome pr—prio, pelos herdeiros ou sucessores do autor, pelo
cession‡rio ou por aquele a quem a lei ou o contrato de trabalho ou de presta•‹o
de servi•os determinar que perten•a a titularidade. De acordo com o ¤ 3¼, quando
se tratar de inven•‹o ou de modelo de utilidade realizado conjuntamente por
duas ou mais pessoas, a patente poder‡ ser requerida por todas ou qualquer
delas, mediante nomea•‹o e qualifica•‹o das demais, para ressalva dos
respectivos direitos.

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DIREITO EMPRESARIAL Ð PGE-SE
Teoria e Quest›es
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A alternativa D est‡ incorreta. Nos termos do art. 7o da Lei de Propriedade


Industrial, se dois ou mais autores tiverem realizado a mesma inven•‹o ou
modelo de utilidade, de forma independente, o direito de obter patente ser‡
assegurado ˆquele que provar o dep—sito mais antigo, independentemente das
datas de inven•‹o ou cria•‹o.
A alternativa E est‡ incorreta. De acordo com o art. 13, a inven•‹o Ž dotada de
atividade inventiva sempre que, para um tŽcnico no assunto, n‹o decorra de
maneira evidente ou —bvia do estado da tŽcnica.
GABARITO: A

27. TJ-SE Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros - 2014


Ð Cespe.
Com base no disposto na Lei n.¼ 9279/1996, assinale a op•‹o correta acerca
da propriedade industrial e do Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI).
a) A marca de certifica•‹o Ž usada para identificar os produtos ou servi•os
provenientes de membros de determinada entidade, como a marca de
certifica•‹o de origem controlada.
b) Todos os direitos de propriedade industrial s‹o considerados bens m—veis,
sendo cab’vel a•‹o judicial para repara•‹o de dano causado a tais direitos,
com prazo prescricional de cinco anos.
c) A lei impede que o INPI indefira de of’cio pedido de registro de marca que
reproduza ou imite, no todo ou em parte, marca notoriamente conhecida.
d) O registro da propriedade industrial n‹o se extingue pela falta de
pagamento da retribui•‹o quinquenal.
e) Os programas de computador s‹o protegidos pela referida lei.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. De acordo com o art. 123, marca de certifica•‹o Ž
aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou servi•o com
determinadas normas ou especifica•›es tŽcnicas, notadamente quanto ˆ
qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada.
A alternativa B est‡ correta. Nos termos do art. 5o, os direitos de propriedade
industrial s‹o considerados bens m—veis, e, de acordo com o art. 225 da Lei de
Propriedade Industrial, prescreve em 5 anos a a•‹o para repara•‹o de dano
causado ao direito de propriedade industrial.
A alternativa C est‡ incorreta. A marca notoriamente conhecida, como voc• j‡
sabe, fgoza de prote•‹o especial, independentemente de estar previamente
depositada ou registrada no Brasil. Nesse sentido, o INPI poder‡ indeferir de
of’cio pedido de registro de marca que reproduza ou imite, no todo ou em parte,
marca notoriamente conhecida.

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A alternativa D est‡ incorreta. Uma das hip—teses de extin•‹o do registro Ž


justamente a falta de pagamento da retribui•‹o, nos termos do art. 119.
A alternativa E est‡ incorreta. O programa de computador n‹o Ž considerado
inven•‹o e nem modelo de utilidade, mas Ž protegido pelo direito autoral.
GABARITO: B

28. TJ-SE Ð Titular de Servi•os de Notas e de Registros Ð 2014


Ð Cespe.
Com base nas disposi•›es da Lei n.¼ 9.279/1996, assinale a op•‹o correta
acerca de propriedade industrial.
a) A cria•‹o de marcas comerciais olfativo-arom‡ticas Ž amparada pela lei
brasileira, o que viabiliza o registro de fragr‰ncias que identifiquem
estabelecimentos comerciais.
b) O prazo de vig•ncia de um registro de marca Ž de dez anos, contados da
data da concess‹o do registro e, a partir de ent‹o, prorrog‡vel por
quinqu•nios sucessivos.
c) Constituem espŽcies de indica•‹o de proced•ncia a indica•‹o geogr‡fica
e a denomina•‹o de origem.
d) Ao registro de desenho industrial n‹o cabe o direito de prioridade, pois o
requerimento no exterior n‹o produz efeitos de dep—sito nacional.
e) O titular da patente tem direito de pleitear indeniza•‹o contra quem
explorar indevidamente o objeto patenteado, inclusive em rela•‹o a per’odo
anterior ˆ pr—pria concess‹o da patente.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. Nos termos do art. 122 da Lei de Propriedade
Industrial, s‹o suscet’veis de registro como marca os sinais distintivos
visualmente percept’veis, n‹o compreendidos nas proibi•›es legais. N‹o se fala
nada sobre marcas olfativas.
A alternativa B est‡ incorreta. De acordo com o art. 133, o registro da marca
vigorar‡ pelo prazo de 10 anos, contados da data da concess‹o do registro,
prorrog‡vel por per’odos iguais e sucessivos.
A alternativa C est‡ incorreta. Nos termos do art. 176, constitui indica•‹o
geogr‡fica a indica•‹o de proced•ncia ou a denomina•‹o de origem.
A alternativa D est‡ incorreta. De acordo com o art. 99, aplicam-se ao pedido de
registro, no que couber, as disposi•›es do art. 16, exceto o prazo previsto no seu
¤ 3¼, que ser‡ de 90 dias. O art. 16, por sua vez, trata justamente o pedido de
prioridade.
Art. 16. Ao pedido de patente depositado em pa’s que mantenha acordo com o Brasil, ou
em organiza•‹o internacional, que produza efeito de dep—sito nacional, ser‡ assegurado
direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, n‹o sendo o dep—sito invalidado
nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.

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¤ 1¼ A reivindica•‹o de prioridade ser‡ feita no ato de dep—sito, podendo ser suplementada


dentro de 60 (sessenta) dias por outras prioridades anteriores ˆ data do dep—sito no Brasil.
¤ 2¼ A reivindica•‹o de prioridade ser‡ comprovada por documento h‡bil da origem,
contendo nœmero, data, t’tulo, relat—rio descritivo e, se for o caso, reivindica•›es e
desenhos, acompanhado de tradu•‹o simples da certid‹o de dep—sito ou documento
equivalente, contendo dados identificadores do pedido, cujo teor ser‡ de inteira
responsabilidade do depositante.
¤ 3¼ Se n‹o efetuada por ocasi‹o do dep—sito, a comprova•‹o dever‡ ocorrer em atŽ 180
(cento e oitenta) dias contados do dep—sito.
¤ 4¼ Para os pedidos internacionais depositados em virtude de tratado em vigor no Brasil,
a tradu•‹o prevista no ¤ 2¼ dever‡ ser apresentada no prazo de 60 (sessenta) dias contados
da data da entrada no processamento nacional.
¤ 5¼ No caso de o pedido depositado no Brasil estar fielmente contido no documento da
origem, ser‡ suficiente uma declara•‹o do depositante a este respeito para substituir a
tradu•‹o simples.
¤ 6¼ Tratando-se de prioridade obtida por cess‹o, o documento correspondente dever‡ ser
apresentado dentro de 180 (cento e oitenta) dias contados do dep—sito, ou, se for o caso,
em atŽ 60 (sessenta) dias da data da entrada no processamento nacional, dispensada a
legaliza•‹o consular no pa’s de origem.
¤ 7¼ A falta de comprova•‹o nos prazos estabelecidos neste artigo acarretar‡ a perda da
prioridade.
¤ 8¼ Em caso de pedido depositado com reivindica•‹o de prioridade, o requerimento para
antecipa•‹o de publica•‹o dever‡ ser instru’do com a comprova•‹o da prioridade.

A alternativa E est‡ correta. De acordo com o art. 44, ao titular da patente Ž


assegurado o direito de obter indeniza•‹o pela explora•‹o indevida de seu objeto,
inclusive em rela•‹o ˆ explora•‹o ocorrida entre a data da publica•‹o do pedido
e a da concess‹o da patente.
GABARITO: E

29. TJ-PA Ð Juiz de Direito Substituto Ð 2014 Ð VUNESP.


No que se refere a patentes, assinale a alternativa correta.
a) Reputa-se concedida a patente na data de deferimento do pedido,
devendo conter da carta-patente o nœmero, o t’tulo e a natureza respectivos,
o nome do inventor, a qualifica•‹o e o domic’lio do titular, o prazo de
vig•ncia, o relat—rio descritivo, as reivindica•›es e os desenhos, bem como
os dados relativos ˆ prioridade.
b) O pedido de patente ser‡ mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses
contados da data de dep—sito ou da prioridade mais antiga, quando houver,
ap—s o que ser‡ publicado, ˆ exce•‹o daquele origin‡rio do Brasil, cujo objeto
interesse ˆ defesa nacional, sendo processado em car‡ter sigiloso.
c) A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 15 (quinze) anos e a de
modelo de utilidade pelo prazo 20 (vinte) anos contados da data de dep—sito.
d) O prazo de vig•ncia n‹o ser‡ inferior a 5 (cinco) anos para a patente de
inven•‹o e a 10 (dez) anos para a patente de modelo de utilidade, a contar
da data de concess‹o.

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e) A patente ser‡ concedida depois de deferido o pedido e comprovado o


pagamento da retribui•‹o correspondente no prazo de 120 (cento e vinte)
dias contados do deferimento, expedindo-se a respectiva carta-patente.

Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta. A patente Ž concedida no dia da publica•‹o do
respectivo ato, nos termos do art. 38, ¤3o da Lei de Propriedade Industrial.
A alternativa B est‡ correta. Vencida a fase de analise das condi•›es do pedido,
passa-se ent‹o ao processamento e exame. Uma vez feito e admitido o pedido,
caber‡ ao INPI manter seu sigilo durante o per’odo de 18 meses,
promovendo, ao fim desse prazo, a publica•‹o na Revista da Propriedade
Industrial, exceto quando se tratar de patente de interesse da defesa nacional,
conforme arts. 30 e 75 da Lei de Propriedade Industrial.
A alternativa C est‡ incorreta. De acordo com o art. 40, a patente de inven•‹o
vigorar‡ pelo prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 anos
contados da data de dep—sito.
D. Art. 40, Par‡grafo œnico. O prazo de vig•ncia n‹o ser‡ inferior a 10 (dez) anos
para a patente de inven•‹o e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de
utilidade, a contar da data de concess‹o, ressalvada a hip—tese de o INPI estar
impedido de proceder ao exame de mŽrito do pedido, por pend•ncia judicial
comprovada ou por motivo de for•a maior.
A alternativa E est‡ incorreta Nos termos do art. 38, a patente ser‡ concedida
depois de deferido o pedido, e comprovado o pagamento da retribui•‹o
correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente. De acordo com o ¤1¼,
o pagamento da retribui•‹o e respectiva comprova•‹o dever‹o ser efetuados no
prazo de 60 dias contados do deferimento.
GABARITO: B

12 Ð Resumo da Aula

Para finalizar o estudo da matŽria, trazemos um resumo dos


principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugest‹o Ž a
de que esse resumo seja utilizado nos dias que antecederem a prova
para ÒrefrescarÓ os principais pontos do conteœdo te—rico.

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DIREITO EMPRESARIAL Ð PGE-SE
Teoria e Quest›es
Aula 09Ð Prof. Paulo Guimar‹es

Dura•‹o de 20 anos

N‹o admite prorroga•‹o

Inven•‹o
Cabe licen•a compuls—ria

Requisitos:
- Novidade
- Atividade inventiva
- Aplica•‹o industrial
- Licitude
Patente
Dura•‹o de 15 anos

N‹o admite prorroga•‹o

Modelo de Utilidade
Cabe licen•a compuls—ria

Requisitos:
- Novidade
- Atividade inventiva
PROPRIEDADE - Aplica•‹o industrial
INDUSTRIAL - Licitude

Dura•‹o de 10 anos

Prorrog‡vel por atŽ 3


Desenho Industrial per’odos de 5 anos cada

Requisitos:
- Novidade
- Originalidade
- Licitude

Registro
Dura•‹o de 10 anos

Prorrog‡vel indefinidamente
(precisa ser requerida 1 ano
antes do tŽrmino)

Marca
N‹o admite licen•a
compuls—ria

Requisitos:
- Novidade relativa
- N‹o colid•ncia
- Licitude

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De inven•‹o
Patente
De modelo de utilidade

Concess‹o de

De marca
Registro
De desenho industrial

PROTE‚ÌO Ë PROPRIEDADE
INDUSTRIAL Repress‹o ˆs falsas
indica•›es geogr‡ficas

Repress‹o ˆ concorr•ncia
desleal

O INPI Ž uma autarquia federal, vinculada ao MinistŽrio da Indœstria, ComŽrcio


Exterior de Servi•os (MDIC), que tem por atribui•‹o a concess‹o de privilŽgios e
garantias aos inventores e criadores. O STJ entende que as a•›es ajuizadas
contra o INPI devem correr perante a Justi•a Federal, no foro do Rio de Janeiro,
onde fica localizada a sede do Instituto. Por outro lado, o STJ tambŽm entende
que quando houver litiscons—rcio passivo (mais de um rŽu) a a•‹o pode ser
proposta no Rio de Janeiro ou no domic’lio do outro rŽu.

A inven•‹o e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao


empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execu•‹o ocorra
no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte
esta da natureza dos servi•os para os quais foi o empregado contratado. Salvo
prova em contr‡rio, consideram-se desenvolvidos na vig•ncia do contrato a
inven•‹o ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado
atŽ 1 ano ap—s a extin•‹o do v’nculo empregat’cio.

A patente de inven•‹o vigorar‡ pelo prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade


pelo prazo 15 anos contados da data de dep—sito

O reconhecimento administrativo da nulidade da patente gera efeitos ex tunc.


Em outras palavras, os efeitos da nulidade retroagem atŽ a data do dep—sito do
pedido.

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Marca de produto ou
servi•o

Classifica•‹o das
Marca de certifica•‹o
marcas, segundo a lei

Marca coletiva

Marcas nominativas

Marcas figurativas
Classifica•‹o das
marcas, segundo a
form,a de apresenta•‹o
Marcas mistas

Marcas
tridimensionais

Podem requerer registro de marca as pessoas f’sicas ou jur’dicas de direito


pœblico ou de direito privado. As pessoas de direito privado, porŽm, s— podem
requerer registro de marca relativo ˆ atividade que exer•am efetiva e licitamente,
de modo direto ou atravŽs de empresas que controlem direta ou indiretamente.

Nome geográfico de país, cidade, região ou


localidade de seu território, que se tenha
Indica•‹o de tornado conhecido como centro de
Proced•ncia extração, produção ou fabricação de
determinado produto ou de prestação de
determinado serviço.
INDICA‚ÍES
GEOGRçFICAS
Nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que designe
Denomina•‹o produto ou serviço cujas qualidades ou
de origem características se devam exclusiva ou
essencialmente ao meio geográfico,
incluídos fatores naturais e humanos.

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13 Ð Jurisprud•ncia Aplic‡vel
RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. PRORROGA‚ÌO DO PRAZO DE
PATENTE CONCEDIDA NOS TERMOS DA LEI N. 5772/71 POR MAIS CINCO ANOS.
ACORDO TRIPS. VIGæNCIA NO BRASIL.
I - O Acordo Internacional TRIPS - inserido no ordenamento jur’dico brasileiro pelo Decreto
n. 1.355/94 -, na parte que prev• a prorroga•‹o do prazo de patente de 15 anos - nos
termos da Lei n. 5.772/71 - para 20 anos, n‹o tem aplica•‹o imediata, ficando submetida
a observ‰ncia de suas normas a pelo menos duas restri•›es, em se tratando de pa’ses em
desenvolvimento, como o caso do Brasil: a) prazo geral de um ano, a contar do in’cio da
vig•ncia do Acordo no pa’s (art. 65.1); b) prazo especial de mais quatro anos para os pa’ses
em desenvolvimento (art. 65.2), alŽm do prazo geral.
II - A aus•ncia de manifesta•‹o legislativa expressa, no sentido de postergar a vig•ncia do
Acordo no plano do direito interno por mais cinco anos (na modalidade 1 + 4), n‹o pode
ser interpretada como renœncia ˆ faculdade oferecida pelo art. 65 ˆs na•›es em
desenvolvimento, uma vez que n‹o havia nenhum dispositivo obrigando o pa’s a declarar
sua op•‹o pelo prazo de transi•‹o. Precedente: REsp 960.728/RJ, Rel». Min». NANCY
ANDRIGHI, DJ 17.3.09. Recurso Especial provido.
REsp 806.147/RJ, Rel. Min. Sidnei Benetti, 3a Turma, j. 15.12.2009, DJe 18.12.2009.

Processual civil. Recurso especial. A•‹o na qual o INPI figura como parte. Foro competente
para julgamento. O foro competente para julgamento de a•‹o em que o INPI figure como
parte Ž o de sua sede, a princ’pio. Contudo, o C—digo de Processo Civil faculta que o autor
ajuize a a•‹o no foro do domic’lio do outro demandado na hip—tese de pluralidade de rŽus,
se assim preferir. Intelig•ncia do art. 94, ¤ 4.¼, do CPC.
REsp 346.628/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 13.11.2001, DJ 04.02.2002, p.
355.

CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. DIREITO DE MARCAS. NOME DE CONDOMêNIO


FECHADO (ACQUAMARINA SERNAMBETIBA 3.360). EXISTæNCIA DE REGISTRO DE
MARCA (ACQUAMARINE) NA CLASSE DE SERVI‚OS DE ADMINISTRA‚AO, LOCA‚AO
E AUXILIARES AO COMƒRCIO DE BENS IMîVEIS. AUSæNCIA DE COLIDæNCIA.
PRINCêPIO DA ESPECIALIDADE. DISTIN‚AO ENTRE ATO CIVIL E ATO COMERCIAL.
COMPOSI‚AO DOS SIGNOS. MERCADO CONSUMIDOR. INOCORRæNCIA DE
CONFUSAO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SòMULA 07/STJ. RECURSO
DESPROVIDO.
1. A marca Ž um sinal distintivo, visualmente percept’vel, que visa a identificar um produto
ou servi•o no mercado consumidor. Para se obter o registro da marca e, consequentemente,
sua propriedade, Ž necess‡ria a observ‰ncia de certos requisitos como a novidade relativa,
distinguibilidade, veracidade e licitude, de molde a evitar que o consumidor seja induzido a
engano, ante a exist•ncia de repeti•›es ou imita•›es de signos protegidos.
2. Produtos ou servi•os diferentes podem apresentar marcas semelhantes, dado que incide,
no direito marc‡rio, em regra, o princ’pio da especialidade; ou seja, a prote•‹o da marca
apenas Ž assegurada no ‰mbito das atividades do registro, ressalvada a hip—tese de marca
not—ria.
3. O nome de um condom’nio fechado, a semelhan•a de nome de edif’cio, n‹o viola
os direitos de propriedade industrial inerentes a uma marca registrada e
protegida, ainda que seja no ramo de servi•os de administra•‹o, loca•‹o e
auxiliares ao comŽrcio de bens im—veis.

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4. Os nomes de edif’cios ou de condom’nios fechados n‹o s‹o marcas nem s‹o atos
da vida comercial, mas, ao revŽs, s‹o atos da vida civil, pois promovem a
individualiza•‹o da coisa, n‹o podendo ser enquadrados como servi•os ou, ainda,
produtos, mesmo porque, para estes œltimos, a marca serve para distinguir sŽries
(de mercadorias) - e n‹o objetos singulares.
5. O fato de uma empresa construir um edif’cio ou um condom’nio fechado, ao
particularizar o empreendimento colocando-lhe um nome (que se mantŽm,
havendo comercializa•‹o ou n‹o de unidades habitacionais), n‹o torna o ato civil
em comercial, tampouco coloca em risco, por confus‹o, os efeitos jur’dicos de
marca registrada no ramo de servi•os, pois o signo protegido Ž restrito ˆ atividade,
n‹o repercutindo na nomea•‹o de coisas. Incid•ncia do princ’pio da especialidade.
6. Faz-se necess‡rio, para o exame do fen™meno da colis‹o de marcas, n‹o somente a
aferi•‹o do ramo de atividade comercial das empresas combatentes, mas deve-se apreciar
tambŽm a composi•‹o marc‡ria como um todo. ƒ que a prote•‹o da marca Ž limitada ˆ sua
forma de composi•‹o, porquanto as partes e/ou afixos de dado signo - ainda mais quando
essencialmente nominativo - podem ser destacados e combinados com outros sinais,
resultando em um outro conjunto simb—lico essencialmente distinto. ƒ o fen™meno da
justaposi•‹o ou aglutina•‹o de afixos em nomes, que podem constituir outras marcas
v‡lidas, no mesmo ramo de atividade econ™mica ( v.g. : Coca-Cola e Pepsi Cola).
7. Se o Tribunal estadual, examinando os elementos de fato e de prova dos autos, concluiu
pela aus•ncia de risco de erro, engano ou confus‹o entre as marcas pelo consumidor, n‹o
havendo tambŽm qualquer ato de concorr•ncia desleal praticado pela demandada, sendo
inexistente a m‡-fŽ, chegar a conclus‹o diversa encontra —bice na Sœmula 07 do STJ.
8. Recurso especial a que se nega provimento.
REsp 862.067/RJ, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), 3a
Turma, j. 26.04.2011, DJe 10.05.2011.

DIREITO COMERCIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. USO DE MARCA COM


ELEMENTOS SEMELHANTES. NOMES QUE, EMBORA COMUNS, DISTINGUEM MARCA
DE PRODUTO ESPECêFICO CONSAGRADO NO MERCADO. EXCLUSIVIDADE DE USO.
PROVIMENTO.
I - A exclusividade da marca "Leite de Rosas" Ž violada pelo uso da express‹o "Desodorante
Creme de Rosas", mormente em embalagem semelhante
II - Embora composta por palavras comuns, a marca deve ter distin•‹o suficiente no
mercado de modo a nomear um produto espec’fico. Marcas semelhantes em produtos da
mesma classe induzem o consumidor a erro e violam direito do titular da marca original.
III - Recurso Especial provido.
REsp 929.604/SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3a Turma, j. 22.03.2011, DJe 06.05.2011.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. CONFLITO ENTRE NOME
FANTASIA E NOME EMPRESARIAL. REGISTRO DE MARCA SUPERVENIENTE.
VOCçBULO DE USO COMUM.
[...]
4. Em princ’pio, os elementos que formam o nome da empresa, devidamente arquivado na
Junta Comercial, n‹o podem ser registrados ˆ t’tulo de marca, salvo pelo titular da
denomina•‹o ou terceiros autorizados.
5. O termo "Brasil", principal elemento do nome empresarial, Ž, contudo, voc‡bulo
de uso comum, podendo, em fun•‹o de seu car‡ter genŽrico, ser objeto de registro
de marca atŽ mesmo por empresas que atuem no mesmo ramo comercial, pois
carece da prote•‹o firmada nos termos do art. 124, V, da Lei Lei 9.279/96.

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6. Recurso especial conhecido em parte e, na extens‹o, provido, para julgar improcedentes


os pedidos iniciais, invertendo os ™nus sucumbenciais.
REsp 1.082.734/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 03.09.2009, DJe
28.09.2009.

COMERCIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA EVOCATIVA. REGISTRO NO


INPI. EXCLUSIVIDADE. MITIGA‚ÌO. POSSIBILIDADE.
1. Marcas fracas ou evocativas, que constituem express‹o de uso comum, de pouca
originalidade, atraem a mitiga•‹o da regra de exclusividade decorrente do registro,
admitindo-se a sua utiliza•‹o por terceiros de boa-fŽ.
2. O monop—lio de um nome ou sinal genŽrico em benef’cio de um comerciante implicaria
uma exclusividade inadmiss’vel, a favorecer a deten•‹o e o exerc’cio do comŽrcio de forma
œnica, com preju’zo n‹o apenas ˆ concorr•ncia empresarial - impedindo os demais
industriais do ramo de divulgarem a fabrica•‹o de produtos semelhantes atravŽs de
express›es de conhecimento comum, obrigando-os ˆ busca de nomes alternativos
estranhos ao dom’nio pœblico - mas sobretudo ao mercado em geral, que teria dificuldades
para identificar produtos similares aos do detentor da marca.
3. A linha que divide as marcas genŽricas - n‹o sujeitas a registro - das evocativas Ž
extremamente t•nue, por vezes impercept’vel, fruto da pr—pria evolu•‹o ou
desenvolvimento do produto ou servi•o no mercado. H‡ express›es que, n‹o obstante
estejam diretamente associadas a um produto ou servi•o, de in’cio n‹o estabelecem com
este uma rela•‹o de identidade t‹o pr—xima ao ponto de serem empregadas pelo mercado
consumidor como sin™nimas. Com o transcorrer do tempo, porŽm, ˆ medida em que se
difunde no mercado, o produto ou servi•o pode vir a estabelecer forte rela•‹o com a
express‹o, que passa a ser de uso comum, ocasionando sens’vel redu•‹o do seu car‡ter
distintivo. Nesses casos, express›es que, a rigor, n‹o deveriam ser admitidas como marca
por for•a do —bice contido no art. 124, VI, da LPI, acabam sendo registradas pelo INPI,
ficando sujeitas a terem sua exclusividade mitigada.
4. Recurso especial a que se nega provimento.
REsp 1.315.621/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 04.06.2013, DJe 13.06.2013.

RECURSO ESPECIAL - PROPRIEDADE INTELECTUAL - A‚ÌO ORDINçRIA DE


ANULA‚ÌO DE ATO ADMINISTRATIVO EMANADO DO INPI - PEDIDO JULGADO
IMPROCEDENTE, MANTENDO O INDEFERIMENTO E ARQUIVAMENTO DO
REQUERIMENTO DE REGISTRO DE MARCA - SENTEN‚A REFORMADA PELO
TRIBUNAL DE ORIGEM, A FIM DE RESTABELECER O CURSO REGULAR DO
PROCEDIMENTO DE REGISTRO DO SINAL DISTINTIVO - IMPOSSIBILIDADE DE
APROPRIA‚ÌO DE ELEMENTO COMUM - PROTE‚ÌO Ë LIVRE INICIATIVA E
COMBATE Ë CONCORRæNCIA DESLEAL - MARCA FRACA, SEM ORIGINALIDADE
MARCANTE OU CRIATIVIDADE EXUBERANTE - IMPOSI‚ÌO DE CONVIVæNCIA COM
OUTRAS SEMELHANTES - PRECEDENTES - RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. A•‹o
ordin‡ria de anula•‹o de ato administrativo proferido pelo INPI que indeferiu e arquivou o
requerimento de registro de sinal distintivo: "CLASSIFICADAS AMARELAS". Pedido julgado
improcedente, a fim de manter a exclus‹o registral determinada pelo —rg‹o administrativo.
Senten•a reformada pelo Tribunal de origem, determinando o restabelecimento do curso
regular do procedimento instaurado perante o INPI para o registro da marca -
"CLASSIFICADAS AMARELAS" -, ao fundamento de ser signo distintivo formado por
elemento comum inapropri‡vel.
1. Conflito entre marcas: "PçGINAS AMARELAS" e "LISTAS AMARELAS" versus
"CLASSIFICADAS AMARELAS". Os sinais distintivos em an‡lise s‹o constitu’dos por

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elemento comum inapropri‡vel que expressa caracter’stica essencial do objeto


comercializado, raz‹o pela qual dar exclusividade ao seu uso a bem da recorrente atenta
contra a livre iniciativa, tendo em vista a inexor‡vel dificuldade de inser•‹o de novos bens
de consumo cong•neres no mercado, mormente, pela impossibilidade de denomina-los por
aquilo que eles realmente s‹o em sua ess•ncia. 1.1 Registre-se que o uso de elemento
comum descritivo do servi•o prestado - "AMARELAS" - traz ˆ mente do consumidor a
imediata associa•‹o de caracter’stica do objeto comercializado. Contudo a vantagem
comercial advinda deste expediente atrai, em contra partida, o ™nus de se criar um sinal
distintivo fraco, sem originalidade marcante ou criatividade exuberante, o que, em œltima
an‡lise, imp›e a sua conviv•ncia com outros s’mbolos comerciais formados pela express‹o
comum - "AMARELAS".
2. Importa assinalar ser poss’vel o registro perante o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial - INPI de marca formada pela combina•‹o de dois ou mais termos genŽricos,
desde que esta jun•‹o se revista de car‡ter original e distintivo. Embora este tipo de signo
comercial seja pass’vel de prote•‹o jur’dica, a tutela destinada a ele tem abrang•ncia
menor, por ter a nova marca em sua g•nese elementos comuns inapropri‡veis. Isto Ž,
mesmo sendo defeso a reprodu•‹o e a utiliza•‹o integral de marca composta por elementos
comuns, este sinal comercial ter‡ que conviver no mercado com outros signos comerciais
semelhantes a ele, pois a vantagem de incorporar ˆ marca caracter’stica descritiva do objeto
comercializado atrai, em contra partida, o ™nus de se criar um sinal distintivo fraco, sem
originalidade marcante ou criatividade exuberante.
3. ƒ not—rio que o contraste estabelecido pela superposi•‹o da cor preta sobre a amarela
tem o efeito de destacar as informa•›es inseridas em texto assim formatado. N‹o Ž de hoje
que esta tŽcnica Ž usada por revistas, jornais e demais peri—dicos, sobretudo quando se
destina a anœncios comerciais, pois d‡ maior legibilidade ˆ publica•‹o, favorecendo a
concentra•‹o do leitor. 3.1. Embora a recorrente alegue ser pioneira na utiliza•‹o deste tipo
de recurso gr‡fico para vincula•‹o de not’cias, n‹o Ž poss’vel obstar a cria•‹o e o registro
de outras marcas semelhantes, pois os signos marc‡rios em an‡lise s‹o compostos por
elementos comuns, cujo uso Ž imposs’vel vedar ou dar exclusividade, da’ que n‹o h‡ como
conceder tutela ˆ pretens‹o que objetiva a apropria•‹o de coisa inexoravelmente comum.
4. Proibir o registro e a utiliza•‹o da marca "CLASSIFICADAS AMARELAS", segundo a
pretens‹o da recorrente, prejudicaria a livre concorr•ncia, pois a recorrida e, de maneira
reflexa, todos os demais empres‡rios que comercializam anœncios em folhas de cor amarela
teriam grandes dificuldades para inserirem seus produtos no mercado, uma vez que a
express‹o "AMARELAS" designa caracter’stica essencial do objeto comercializado 5. Aponte-
se, ainda, a sufici•ncia da distintividade das marcas em an‡lise. Os elementos "PçGINAS"
e "LISTAS" possuem conteœdo fonŽtico e gr‡fico aptos a se distinguir da express‹o
"CLASSIFICADAS", raz‹o pela qual os sinais distintivos "PçGINAS AMARELAS" e "LISTAS
AMARELAS" podem conviver com a marca "CLASSIFICADAS AMARELAS". 6. Ademais, n‹o
se vislumbra confus‹o apta a conduzir o consumidor a erro, pois os s’mbolos marc‡rios em
quest‹o t•m distinguibilidade pr—pria, uma vez que a utiliza•‹o das express›es "PçGINAS",
"LISTAS" e "CLASSIFICADAS" mostra-se satisfat—ria para discriminar os empres‡rios
fornecedores de servi•os cong•neres, bem como possuem habilidade suficiente a
particularizar cada produto posto no mercado. 7. Recurso especial desprovido.
REsp 1.107.588/RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, 4a Turma, j. 01.10.2013, DJe 06.11.2013.

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA.


COMERCIALIZA‚ÌO DE CERVEJA. LATA COM COR VERMELHA. ART. 124, VIII, DA
LEI N. 9.279/1996 (LPI). SINAIS NÌO REGISTRçVEIS COMO MARCA. PRçTICA DE
ATOS TIPIFICADOS NO ART. 195, III E IV, DA LPI. CONCORRæNCIA DESLEAL.
DESCARACTERIZA‚ÌO. OFENSA AO DIREITO DE MARCA. NÌO OCORRæNCIA.
CONDENA‚ÌO INDENIZATîRIA. AFASTAMENTO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

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1. Por for•a do art. 124, VIII, da Lei n. 9.279/1996 (LPI), a identidade de cores de
embalagens, principalmente com varia•‹o de tons, de um produto em rela•‹o a outro, sem
constituir o conjunto da imagem ou trade dress da marca do concorrente - isto Ž, cores
"dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo" -, n‹o Ž hip—tese legalmente
capitulada como concorr•ncia desleal ou parasit‡ria.
2. A simples cor da lata de cerveja n‹o permite nenhuma rela•‹o com a distin•‹o do produto
nem designa isoladamente suas caracter’sticas - natureza, Žpoca de produ•‹o, sabor, etc.
-, de modo que n‹o enseja a confus‹o entre as marcas, sobretudo quando suficiente o seu
principal e not—rio elemento distintivo, a denomina•‹o.
3. Para que se materialize a concorr•ncia desleal, alŽm de visar ˆ capta•‹o da clientela de
concorrente, causando-lhe danos e preju’zos ao seu neg—cio, Ž preciso que essa conduta se
traduza em manifesto emprego de meio fraudulento, voltado tanto para confundir o
consumidor quanto para obter vantagem ou proveito econ™mico.
4. O prop—sito ou tentativa de vincular produtos ˆ marca de terceiros, que se convencionou
denominar de associa•‹o parasit‡ria, n‹o se configura quando inexiste ato que denote o
uso por uma empresa da notoriedade e prest’gio mercadol—gico alheios para se destacar no
‰mbito de sua atua•‹o concorrencial.
5. A norma prescrita no inciso VIII do art. 124 da LPI - Se•‹o II, "Dos Sinais N‹o Registr‡veis
como Marca" - Ž bastante, por si s—, para elidir a pr‡tica de atos de concorr•ncia desleal
tipificados no art. 195, III e IV, do mesmo diploma, cujo alcance se arrefece ainda mais em
face da inexist•ncia de elementos f‡tico-jur’dicos caracterizadores de proveito parasit‡rio
que evidenciem que a empresa, por meio fraudulento, tenha criado confus‹o entre produtos
no mercado com o objetivo de desviar a clientela de outrem em proveito pr—prio.
6. Descaracterizada a concorr•ncia desleal, n‹o h‡ falar em ofensa ao direito de marca,
impondo-se o afastamento da condena•‹o indenizat—ria por falta de um dos elementos
essenciais ˆ constitui•‹o da responsabilidade civil - o dano. 7. Recurso especial conhecido
e provido.
REsp 1.376.264/RJ, Rel. Min. Jo‹o Ot‡vio de Noronha, 3a Turma, j. 09.12.2014, DJe
04.02.2015.

DIREITO COMERCIAL. MARCA E NOME COMERCIAL. COLIDæNCIA DE MARCA


"ETEP" (REGISTRADA NO INPI) COM NOME COMERCIAL (ARQUIVAMENTO DOS
ATOS CONSTITUTIVOS DA SOCIEDADE NA JUNTA COMERCIAL). CLASSE DE
ATIVIDADE. PRINCêPIO DA ESPECIFICIDADE. INTERPRETA‚ÌO LîGICO-
SISTEMçTICA. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.
I - N‹o h‡ confundir-se marca e nome comercial. A primeira, cujo registro Ž feito junto ao
INPI, destina-se a identificar produtos, mercadorias e servi•os. O nome comercial, por seu
turno, identifica a pr—pria empresa, sendo bastante para legitim‡-lo e proteg•-lo, em ‰mbito
nacional e internacional, o arquivamento dos atos constitutivos no Registro do ComŽrcio.
II - Sobre eventual conflito entre uma e outro, tem incid•ncia, por racioc’nio integrativo, o
princ’pio da especificidade, corol‡rio do nosso direito marc‡rio. Fundamental, assim, a
determina•‹o dos ramos de atividade das empresas litigantes. Se distintos, de molde a n‹o
importar confus‹o, nada obsta possam conviver concomitantemente no universo mercantil.
III - No sistema jur’dico nacional, tanto a marca, pelo C—digo de Propriedade Industrial,
quanto o nome comercial, pela Conven•‹o de Paris, ratificada pelo Brasil por meio do
Decreto 75.572/75, s‹o protegidos juridicamente, conferindo ao titular respectivo o direito
de sua utiliza•‹o.
IV - Havendo colid•ncia entre marca e parte do nome comercial, sendo distintas as
atividades das duas empresas, a fim de garantir a prote•‹o jur’dica tanto a uma quanto a
outro, determina-se ao propriet‡rio do nome que se abstenha de utilizar isoladamente a

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express‹o que constitui a marca registrada pelo outro, terceiro, de propriedade desse, sem
preju’zo da utiliza•‹o do seu nome comercial por inteiro.
REsp 119.998/SP, Rel. Min. S‡lvio de Figueiredo Teixeira, 4a Turma, j. 09.03.1999, DJ
10.05.1999, p. 177.

RECURSO ESPECIAL. A‚ÌO DE ABSTEN‚ÌO DE USO. NOME EMPRESARIAL. NOME


DE DOMêNIO NA INTERNET. REGISTRO. LEGITIMIDADE. CONTESTA‚ÌO.
AUSæNCIA DE Mç-Fƒ. DIVERGæNCIA JURISPRUDENCIAL NÌO DEMONSTRADA.
AUSæNCIA DE SIMILITUDE FçTICA.
1. A anterioridade do registro no nome empresarial no —rg‹o competente n‹o assegura, por
si s—, ao seu titular o direito de exigir a absten•‹o de uso do nome de dom’nio na rede
mundial de computadores (internet) registrado por estabelecimento empresarial que
tambŽm ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo.
2. No Brasil, o registro de nomes de dom’nio na internet Ž regido pelo princ’pio "First Come,
First Served", segundo o qual Ž concedido o dom’nio ao primeiro requerente que satisfizer
as exig•ncias para o registro.
3. A legitimidade do registro do nome do dom’nio obtido pelo primeiro requerente pode ser
contestada pelo titular de signo distintivo similar ou id•ntico anteriormente registrado - seja
nome empresarial, seja marca.
4. Tal pleito, contudo, n‹o pode prescindir da demonstra•‹o de m‡-fŽ, a ser aferida caso a
caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o cancelamento ou a transfer•ncia do
dom’nio e a responsabilidade por eventuais preju’zos.
5. No caso dos autos, n‹o Ž poss’vel identificar nenhuma circunst‰ncia que constitua sequer
ind’cio de m‡-fŽ na utiliza•‹o do nome pelo primeiro requerente do dom’nio.
6. A demonstra•‹o do diss’dio jurisprudencial pressup›e a ocorr•ncia de similitude f‡tica
entre o ac—rd‹o atacado e os paradigmas.
7. Recurso especial n‹o provido.
REsp 594.404, Rel. Min. Ricardo Villas B™as Cueva, 3a Turma, j. 05.09.2013, DJe
11.09.2013.

Segundo a jurisprud•ncia do STJ, a prote•‹o conferida ˆ marca Ž ampla do ponto


de vista territorial, abrangendo todo o territ—rio nacional, mas Ž materialmente
limitada, sendo restrita ao ramo de atividade em que o seu titular atua.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO EMPRESARIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL.


DIREITO MARCçRIO. VIOLA‚ÌO DO ART. 535 DO CPC. NÌO OCORRæNCIA. ART.
124, XIX, DA LEI N. 9.279/96. IMPOSSIBILIDADE DE REGISTRO DE MARCA
IDæNTICA Ë OUTRA Jç REGISTRADA PARA PRODUTO AFIM. TIC TAC (BOLACHA
RECHEADA) CONSTITUI REPRODU‚ÌO DA MARCA TIC TAC (BALA). PRODUTOS
QUE GUARDAM RELA‚ÌO DE AFINIDADE. INDEFERIMENTO DO REGISTRO QUE
DEVE SER MANTIDO.
1. Pretens‹o da autora de anular o ato do INPI que indeferiu o registro da marca TIC TAC
para a distin•‹o de biscoitos recheados.
2. Marca nominativa que configura reprodu•‹o de marca j‡ registrada, TIC TAC, distintiva
de bala.

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3. Produtos que guardam rela•‹o de afinidade, pois se inserem no mesmo nicho comercial,
visando a um pœblico consumidor semelhante e utilizando os mesmo canais de
comercializa•‹o.
4. Aplica•‹o do princ’pio da especialidade que n‹o deve se ater de forma mec‰nica ˆ
Classifica•‹o Internacional de Produtos e Servi•os, podendo extrapolar os limites de uma
classe sempre que, pela rela•‹o de afinidade dos produtos, houver possibilidade de se gerar
dœvida no consumidor.
5. Caso concreto em que a concess‹o do registro pleiteado pela autora ensejaria, no
consumidor, uma prov‡vel e inver’dica associa•‹o dos biscoitos recheados com as pastilhas
TIC TAC comercializadas pelas rŽs.
6. Indeferimento do registro que deve ser mantido, ˆ luz do art. 124, XIX, da Lei n.
9.279/96.
7. RECURSOS ESPECIAIS PROVIDOS.
REsp 1.340.933/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3a Turma, j. 10.03.2015, DJe
17.03.2015.

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. ART.


124, XIX, DA LEI N¼ 9.279/96. COLISÌO DE MARCAS. MARCA NOMINATIVA
CHESTER E MARCA MISTA CHESTER CHEETAH. REGISTRO CONCEDIDO SEM
EXCLUSIVIDADE DO USO DA PALAVRA "CHESTER". POSSIBILIDADE DE
CONVIVæNCIA DAS MARCAS. INEXISTæNCIA DE CONFUSÌO ENTRE
CONSUMIDORES. REVISÌO DE MATƒRIA FçTICO-PROBATîRIA.
IMPOSSIBILIDADE. INCIDæNCIA DA SòMULA N¼ 07/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
NÌO PROVIDO.
1. Para a caracteriza•‹o da infring•ncia de marca, n‹o Ž suficiente que se demonstrem a
semelhan•a dos sinais e a sobreposi•‹o ou afinidade das atividades. ƒ necess‡rio que a
coexist•ncia das marcas seja apta a causar confus‹o no consumidor ou preju’zo ao titular
da marca anterior, configurando concorr•ncia desleal. Precedentes.
2. A doutrina criou par‰metros para a aplica•‹o do 124, XIX, da Lei n¼ 9.279/96 ao caso
concreto, listando critŽrios para a avalia•‹o da possibilidade de confus‹o de marcas: a) grau
de distintividade intr’nseca das marcas; b) grau de semelhan•a das marcas; c) legitimidade
e fama do suposto infrator; d) tempo de conviv•ncia das marcas no mercado; e) espŽcie
dos produtos em cotejo; f) especializa•‹o do pœblico-alvo; e) dilui•‹o.
3. Com base nos elementos f‡tico-probat—rios dos autos, o Tribunal de origem concluiu pela
possibilidade de coexist•ncia no mercado da marca nominativa CHESTER e da marca mista
CHESTER CHEETAH.
4. A primeira Ž um produto derivado de uma ave para festas; a outra, um produto do ramo
de salgadinhos.
5. A revis‹o do entendimento firmado na inst‰ncia ordin‡ria atrai a incid•ncia da Sœmula
n¼ 7 do STJ.
6. Agravo regimental n‹o provido.

Sœmula 143 do STJ


Propriedade comercial. Prazo prescricional. Prescri•‹o. Perdas e danos. Responsabilidade
civil. Lei 5.772/71, art. 59. CCB, art. 178, ¤ 10, IX.
Prescreve em cinco anos a a•‹o de perdas e danos pelo uso de marca comercial.

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PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGæNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


DESER‚ÌO E AUSæNCIA DE REPRESENTA‚ÌO PROCESSUAL INOCORRENTES.
CIVIL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA. CADUCIDADE. EFEITOS
PROSPECTIVOS (EX NUNC). FINALIDADE DA LEI.
[...]
4. A nulidade do registro de marca industrial ocorre quando se reconhece a exist•ncia de
determinado v’cio apto a macular a concess‹o do registro desde seu in’cio. Quando for
imposs’vel manter a validade de algo nulo ab ovo, operam-se efeitos retroativos (ex tunc).
5. J‡ a caducidade do registro implica a declara•‹o de determinada circunst‰ncia f‡tica, que
pode ser verificada pela inexist•ncia de uso da marca desde seu registro ou pela interrup•‹o
do uso por prazo alŽm do limite legal. Quando a condi•‹o para manuten•‹o do registro
deixa de existir, operam-se efeitos prospectivos (ex nunc).
6. A prospectividade dos efeitos da caducidade Ž a mais adequada ˆ finalidade do registro
industrial, pois confere maior seguran•a jur’dica aos agentes econ™micos e desestimula a
contrafa•‹o.
7. Embargos de diverg•ncia acolhidos para prevalecer a orienta•‹o do REsp 330.175/PR,
que reconhece efeitos prospectivos (ex nunc) da declara•‹o de caducidade da marca
industrial.
EREsp 964.780/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 2a Se•‹o, j. 10.08.2011, DJe 29.08.2011.

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. A‚ÌO DE ANULA‚ÌO DE


REGISTRO DE MARCA. PRESCRI‚ÌO QUINQUENAL. OCORRæNCIA. CADUCIDADE
DO REGISTRO (LEI 9.279/96, ART. 143). EXPORTA‚ÌO DO PRODUTO.
COMPROVA‚ÌO DO USO NO BRASIL. EFETIVA COMERCIALIZA‚ÌO EM TERRITîRIO
NACIONAL. ARGUMENTO DIVERSO LEVANTADO EM CONTRARRAZÍES. AUSæNCIA
DE USO EFETIVO DA MARCA. MANUTEN‚ÌO DA CADUCIDADE RECONHECIDA.
RECURSO DESPROVIDO.
I - O aresto recorrido, ainda que admitindo a ocorr•ncia da prescri•‹o quinquenal da
pretens‹o de anula•‹o do registro, analisou o pedido inicial de declara•‹o de caducidade da
marca Colorado, por desuso.
II - De acordo com a Lei de Propriedade Industrial, uma vez passados cinco anos da
concess‹o do registro, se requerida a sua caducidade, deve o titular da marca demonstrar
que, na data do requerimento, j‡ iniciou seu uso no Brasil, ou que, ainda que interrompido
o seu uso, a interrup•‹o n‹o ultrapassou mais de cinco anos consecutivos, ou que n‹o
tenha, nesse prazo, feito uso com modifica•‹o que implique altera•‹o de seu car‡ter
distintivo original, sem que apresentadas raz›es leg’timas.
III - Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em
territ—rio nacional claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda prote•‹o
legal, pois aqui empreende, gerando produ•‹o, empregos e riqueza, sendo indiferente que
a mercadoria aqui produzida seja destinada ao mercado interno ou exclusivamente ao
externo. Produzir no Pa’s o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente ao
requisito legal de "uso da marca iniciado no Brasil".
IV - Ocorre que a recorrida, em suas contrarraz›es, aduz outro argumento capaz de superar
a viola•‹o de lei invocada pela recorrente, o de que n‹o houve comprova•‹o do uso efetivo
da marca. V - In casu, o volume de vendas do produto da marca em discuss‹o, nas
exporta•›es comprovadas, Ž inexpressivo dentro da magnitude das opera•›es bilion‡rias
realizadas pela recorrente, insuficiente, portanto, para configurar e comprovar o uso efetivo
da marca apto a afastar a caducidade por desuso. VI - Recurso especial desprovido.
REsp 1.236.218/RJ, Rel. Min. Raul Araœjo, 4a Turma, j. 05.02.2015, DJe 11.06.2015.

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Direito Civil. Direito Empresarial. Recurso especial. Nome empresarial. Lei 8.934/94.
Prote•‹o. Nome previamente registrado. Termo que remete a localiza•‹o geogr‡fica.
Aus•ncia de direito de uso exclusivo. Marca. Lei 9.279/96. LPI. CDC. CF. CC/02. Nome
geogr‡fico. Possibilidade de registro como sinal evocativo. Impossibilidade de causar
confus‹o ou levar o pœblico consumidor a erro. Aus•ncia de viola•‹o ao direito de uso
exclusivo da marca. Diss’dio jurisprudencial. Cotejo anal’tico. Aus•ncia.
- O registro de termo que remete a determinada localiza•‹o geogr‡fica no nome
empresarial, por se referir a lugar, n‹o confere o direito de uso exclusivo desse termo.
- ƒ permitido o registro de marca que utiliza nome geogr‡fico, desde que esse nome seja
utilizado como sinal evocativo e que n‹o constitua indica•‹o de proced•ncia ou denomina•‹o
de origem.
- A prote•‹o da marca tem um duplo objetivo. Por um lado, garante o interesse de seu
titular. Por outro, protege o consumidor, que n‹o pode ser enganado quanto ao produto
que compra ou ao servi•o que lhe Ž prestado.
- Para que haja viola•‹o ao art. 129 da LPI e seja configurada a reprodu•‹o ou imita•‹o de
marca prŽ-registrada, Ž necess‡rio que exista efetivamente risco de ocorr•ncia de dœvida,
erro ou confus‹o no mercado, entre os produtos ou servi•os dos empres‡rios que atuam no
mesmo ramo.
- O diss’dio jurisprudencial deve ser comprovado mediante o cotejo anal’tico entre ac—rd‹os
que versem sobre situa•›es f‡ticas id•nticas. Recurso especial n‹o provido.
REsp 989.105/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3a Turma, j. 08.09.2009, DJe 28.09.2009.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONCORRæNCIA DESLEAL.


CONCESSÌO DE LIMINAR PARA DETERMINAR A SUBSTITUI‚ÌO, EM PRAZO
RAZOçVEL, DAS EMBALAGENS DE PRODUTOS POSSêVEIS DE SEREM
CONFUNDIDAS COM AS UTILIZADAS POR MARCA CONCORRENTE.
POSSIBILIDADE. REEXAME DE PROVAS, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL.
INVIABILIDADE.
1. A antecipa•‹o de tutela, nos moldes do disposto no artigo 273 do C—digo de Processo
Civil, constitui relevante instrument‡rio de que disp›e o magistrado para que, existindo
prova inequ’voca e verossimilhan•a das alega•›es, dentro de seu prudente arb’trio, preste
tutela jurisdicional oportuna e adequada que, efetivamente, confira prote•‹o ao bem jur’dico
tutelado, abreviando, ainda que em car‡ter provis—rio, os efeitos pr‡ticos do provimento
definitivo.
[...]
3. Dessarte, como o artigo 209, ¤ 1¼, da Lei 9.279/96 expressamente prev• a possibilidade
de o juiz, em casos de viola•‹o de direitos de propriedade industrial ou pr‡tica de atos de
concorr•ncia desleal, "nos autos da pr—pria a•‹o, para evitar dano irrepar‡vel ou de dif’cil
repara•‹o, determinar liminarmente a susta•‹o da viola•‹o ou de ato que a enseje", a
revis‹o da decis‹o recorrida encontra —bice intranspon’vel na Sœmula 7/STJ.
[...]
REsp 1.306.690/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salom‹o, 4a Turma, j. 10.04.2012, DJe
23.04.2012.

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14 Ð Considera•›es Finais
Chegamos ao final da nossa aula de hoje! Se tiver alguma dœvida estou dispon’vel
no nosso f—rum...! J

Grande abra•o e boa prova!

Paulo Guimar‹es

professorpauloguimaraes@gmail.com

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