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© Editora UFJF, 2019

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Nicole Stopa de Mello - Bolsista TP

Revisão
Vera Fernandes - Bolsista TP

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UFJF

Salvio, Luciana Andrea


Guia prático de materiais dentários [recurso eletrônico] /
Luciana Andrea Salvio, Aline Spagnol Fedoce-Silva -- Juiz de Fora:
Editora UFJF, 2019.
Dados eletrônicos (1 arquivo: 4,4 mb)

ISBN 978-85-93128-55-4

1. Materiais para moldagem odontológica. 2. Amálgama dentário.


3. Gesso dentário. 4. Alginatos. 5. Técnica de fundição odontológica.
6. Porcelana dentária. I. Fedoce-Silva, Aline Spagnol. II. Título.

CDU 615.461

Este livro obedece às normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,


promulgado pelo Decreto n. 6.583 de 29 de setembro de 2008.

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Filiada à ABEU
Dedico este livro ao meu filho, Miguel,

que a cada novo dia me inspira a ser uma pessoa melhor.

LUCIANA ANDREA SALVIO


AGRADECIMENTOS

Aos amigos e colegas de profissão pelo apoio e pelos conhecimentos divididos ao longo
desta jornada.

Aos funcionários e técnicos que estão sempre dispostos a nos auxiliar.

Aos alunos e ex-alunos que proporcionaram nosso crescimento como professoras e nos
inspiraram a desenvolver metodologias cada vez mais claras para o entendimento da disciplina.

Ao Hugo Rezende que gentilmente executou os procedimentos de fundição e aplicação de


cerâmica para elaboração das fotos, em seu laboratório de prótese dentária IMPROLAB.

Luciana Andrea Salvio


Aline Spagnol Fedoce-Silva
Bons alunos escondem certas intenções, mas alunos fascinantes são transparentes. Pois
sabem que é melhor a verdade que dói do que a mentira que produz falso alívio.

AUGUSTO CURY
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1.1 - Amálgama em cápsulas 12


Figura 1.2 - Materiais utilizados no isolamento absoluto 13
Figura 1.3 - Materiais utilizados na confecção da restauração de amálgama 14
Figura 1.4 - Isolamento Absoluto 14
Figura 1.5 - Carregamento do porta-amálgama 15
Figura 1.6 - Inserção e condensação do amálgama 15
Figura 1.7 - Brunidura pré-escultura, escultura e brunidura pós-escultura da
restauração de amálgama 16
Figura 1.8 - Acabamento e polimento da restauração de amálgama 16
Figura 1.9 - Restauração de amálgama finalizada 17
Figura 2.1 - Godiva em bastão 19
Figura 2.2 - Materiais utilizados no manuseio da godiva 20
Figura 2.3 - Verificação da condutividade térmica e da plasticidade da godiva 21
Figura 2.4 - Sequência de passos para confecção do selamento periférico 22
Figura 2.5 - Aspecto final do selamento periférico 22
Figura 3.1 - Pasta de óxido de zinco e eugenol 24
Figura 3.2 - Materiais utilizados no manejo da pasta de óxido de zinco e eugenol 25
Figura 3.3 - Proporção da pasta de óxido de zinco e eugenol 26
Figura 3.4 - Espatulação da pasta de óxido de zinco e eugenol 26
Figura 3.5 - Verificação dos tempos de presa inicial e final da pasta de
óxido de zinco e eugenol com agulhas Gillmore 27
Figura 3.6 - Preparo para moldagem do modelo de gesso desdentado com
pasta de óxido de zinco e eugenol 28
Figura 3.7 - Moldagem do modelo de gesso desdentado com pasta de
óxido de zinco e eugenol 29
Figura 4.1 - Embalagem de alginato 31
Figura 4.2 - Materiais utilizados para moldagem com alginato 32
Figura 4.3 - Manuseio do alginato 33
Figura 4.4 - Sequência de manipulação do alginato 34
Figura 4.5 - Sequência de moldagem com alginato 35
Figura 4.6 - Molde de alginato 35
Figura 5.1 - Gesso Odontológico tipo III 37
Figura 5.2 - Materiais selecionados para o uso do gesso odontológico 38
Figura 5.3 - Manipulação do gesso odontológico 39
Figura 5.4 - Gesso recém espatulado 40
Figura 5.5 - Verificação dos tempos de presa inicial e final do gesso
com agulhas Gillmore 40
Figura 5.6 - Obtenção do modelo de gesso 41
Figura 6.1 - Elastômeros 44
Figura 6.2 - Materiais utilizados na manipulação do silicone polimerizado
por condensação 45
Figura 6.3 - Espatulação do silicone polimerizado por condensação 46
Figura 6.4 - Manipulação do silicone polimerizado por condensação de
consistência de pesada 47
Figura 6.5 - Moldagem do dente preparado com silicone polimerizado por
condensação de consistência de pesada 48
Figura 6.6 - Preenchimento da seringa com silicone polimerizado por
condensação de consistência de leve 48
Figura 6.7 - Moldagem final do dente preparado com silicone polimerizado por
condensação de consistência de leve 49
Figura 7.1 - Materiais utilizados na confecção do troquel 51
Figura 7.2 - Confecção do troquel 52
Figura 7.3 - Obtenção do troquel 53
Figura 8.1 - Cera tipo II 55
Figura 8.2 - Materiais utilizados na confecção do padrão de cera 56
Figura 8.3 - Individualização do troquel 56
Figura 8.4 - Confecção do padrão em cera pela técnica progressiva 57
Figura 9.1 - Fixação do padrão em cera no anel de fundição 60
Figura 9.2 - Inclusão do copping em cera em um revestimento a base de fosfato 61
Figura 9.3 - Fundição do bloco de revestimento com liga de níquel-cromo 62
Figura 9.4 - Desinclusão e acabamento do copping metálico 63
Figura 10.1 - Cerâmica Odontológica 65
Figura 10.2 - Forno para sinterização da cerâmica feldspática 66
Figura 10.3 - Aplicação da camada de cerâmica opaca 66
Figura 10.4 - Condensação e sinterização da cerâmica feldspática 67
Figura 1 (Apêndice B) - Agulhas Gillmore 71
Figura 2 (Apêndice B) - Vista frontal das agulhas Gillmore 72
Figura 1 (Apêndice C) - Placa de vidro sobre a folha de papel vegetal 73
Sumário
Apresentação ____________________________________________________________________  9

Introdução ______________________________________________________________________ 10

Capítulo 1: Amálgama Dental _________________________________________________ 11

Capítulo 2: Godiva _______________________________________________________________ 18

Capítulo 3: Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol _______________________________ 23

Capítulo 4: Alginato ____________________________________________________________ 30

Capítulo 5: Gesso Odontológico ______________________________________________ 36

Capítulo 6: Elastômeros _______________________________________________________ 42

Capítulo 7: Confecção de Troquel_____________________________________________ 50

Capítulo 8: Ceras para Fundição_______________________________________________ 54

Capítulo 9: Técnicas de Inclusão e Fundição_________________________________ 59

Capítulo 10: Cerâmicas Odontológicas ______________________________________ 64

Referências_______________________________________________________________________ 68

Apêndice A – Análise do tempo durante o manuseio dos materiais _______ 70

Apêndice B – Agulhas Gillmore ________________________________________________ 71

Apêndice C – Embalagem da placa de vidro com papel vegetal ____________ 73

Sobre as autoras ________________________________________________________________ 74

Créditos das ilustrações _______________________________________________________ 75


Apresentação

Quando resolvemos escrever este “Guia Prático de Materiais Dentários”, buscamos algo
para facilitar o entendimento dos exercícios práticos da disciplina “Materiais Dentários II”. Por
meio de imagens ilustrativas do passo a passo das manipulações e espatulações, os alunos recém-
chegados ao curso de Odontologia, diante dos primeiros contatos com os materiais dentários,
poderão absorver rapidamente os objetivos propostos pelos exercícios. Entretanto, não é só: é
necessário e fundamental o conhecimento teórico dos Materiais Dentários. Afinal, o conhecimento
das propriedades mecânicas, físicas, químicas e biológicas deles é o que nos distingue como
profissionais aptos a exercer a Odontologia com conhecimento e técnica. Certa vez ouvi dizer que os
cirurgiões-dentistas reúnem as mais belas características de um profissional da saúde: mão, mente
e coração! Mesmo com todo o conhecimento adquirido por anos nos bancos da faculdade e com
mãos treinadas pelas mais diversas técnicas, mas sem o amor pela Odontologia não conseguiríamos
devolver, aos nossos pacientes, a saúde do sorriso. É isso que entendemos como Odontologia.
Esperamos que esse singelo guia o auxilie em sua formação, querido aluno!

Luciana Andrea Salvio


Aline Spagnol Fedoce-Silva

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva
Introdução

A disciplina “Materiais Dentários” tem como objetivo introduzir aos discentes o conhecimento
e a aplicabilidade dos diferentes materiais dentários com ênfase em suas propriedades mecânicas,
físicas, químicas e biológicas. A execução de exercícios práticos, fundamentada nos conhecimentos
adquiridos em aulas teóricas, visa ensinar bases para uso racional dos materiais odontológicos; da
mesma forma que visa à compreensão das implicações de uso deles; à aplicação desses materiais
em situações específicas e ao desenvolvimento de habilidades técnicas durante o manuseio.
O Guia Prático de Materiais Dentários Volume 1 é divido didaticamente em dez capítulos
com o seguinte conteúdo programático: amálgama dental, godiva, pasta de óxido de zinco e eugenol,
hidrocolóide irreversível (alginato), gesso odontológico, elastômeros, cera para fundição, técnica de
inclusão e fundição, revestimento e cerâmicas odontológicas.
Cada capítulo é composto por uma breve apresentação, composição e indicação de uso
dos materiais odontológicos. Por meio de exercícios práticos de manipulação, em laboratório, os
discentes poderão vivenciar diferentes situações clínicas que os levarão a discernir entre a melhor
maneira de manusear os materiais e controlar os tempos de trabalho e presa. Para tanto, este Guia
tem o objetivo de orientar o aluno de graduação em Odontologia, nas atividades práticas da disciplina
de Materiais Dentários, apresentando o passo a passo da sequência técnica de manipulação dos
materiais do conteúdo programático.

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva
Capítulo 1
Amálgama Dental
Capítulo 1
Amálgama Dental

O amálgama dental é um material restaurador produzido pela reação do mercúrio com


outros metais, como a prata, o estanho, além do cobre e do zinco, que constituem a liga para
amálgama. Esse material é indicado para restaurações diretas em dentes posteriores e núcleo de
preenchimento, reconstruções coronárias e obturação retrógrada.

Figura 1.1 Amálgama em cápsulas

1.1 Apresentação comercial

O amálgama dental pode ser comercializado em dois frascos - contendo a liga (pó) e o
mercúrio (líquido) que são triturados manualmente - ou em cápsulas - que apresentam a liga e o
mercúrio separados em seu interior e são triturados mecanicamente (Figura 1.1).

1.2 Objetivo da prática

Realizar restaurações de cavidades classe I e II com amálgama seguindo as etapas técnicas:


proporção, trituração, inserção, condensação, brunidura pré-escultura, escultura, brunidura
pós-escultura, acabamento e polimento. Observar a consistência do material e o tempo em que
permanece no seu estágio de trabalho.

1.3 Materiais utilizados (Figura 1.2)

• arco de Young
• borrachas abrasivas: marrom, verde e azul
• brocas multilaminadas para polimento

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 12
Capítulo 1
Amálgama Dental

• brunidores para amálgama nº 29 e nº 33


• condensador nº 6 de Hollenback
• condensadores para amálgama nº 1 e nº 2
• cunhas de madeira
• esculpidor de Hollenback nº 3S
• espátula nº 1
• espelho clínico plano
• fio dental
• grampos para molares e pré-molares
• lençol de borracha
• manequim com dentes (16, 25, 35, 46) com cavidades preparadas
• micromotor e contra-ângulo
• perfurador para dique de borracha
• pinça clínica
• pinça porta-grampo
• porta-amálgama
• pote Dappen
• porta-matriz (Tofflemire ou circular da Ivory)
• sonda exploradora nº 5
• taça de borracha
• tesoura
• tiras para matriz de 5 mm

1
8

2
9

6
4

10

3 5

Figura 1.2 - Materiais utilizados no isolamento absoluto. 1- arco de Young; 2- lençol de borracha; 3- cunhas de madeira;
4- fio dental; 5- grampos para molares e pré-molares; 6- perfurador de dique de borracha; 7- pinça porta-grampo; 8-
porta-matriz; 9- tira de matriz; 10- tesoura.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 13
Capítulo 1
Amálgama Dental

12 14

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

13 15

a b

Figura 1.3 - A- Materiais utilizados na confecção da restauração de amálgama. 1- brunidor nº 29; 2- brunidor nº 33; 3-
condensador nº 6; 4- condensador nº 1; 5- condensador nº 2; 6- esculpidor Hollenback nº 3S; 7- espátula nº 1; 8- espelho
clínico; 9- pinça clínica; 10- porta amálgama; 11- sonda exploradora. B- Materiais utilizados no acabamento e polimento
de restauração de amálgama. 12- brocas multilaminadas. 13- borrachas abrasivas; 14- pote Dappen; 15- taça de borracha.

1.4 Exercícios

Exercício 1 – Restaurar cavidades classe I nos dentes 25 e 16.

Exercício 2 – Restaurar cavidades classe II nos dentes 35 e 46.

As imagens as seguir demonstram a sequência de passos necessária para confecção de uma


restauração de amálgama classe II no dente 46 (Figuras de 1.4 a 1.9).

Figura 1.4 – Isolamento absoluto do dente 46 com preparo para restauração de amálgama classe II. Realização do
isolamento absoluto e adaptação de matriz metálica com auxílio de porta-matriz e cunhas de madeira.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 14
Capítulo 1
Amálgama Dental

a b

Figura 1.5 - Carregamento do porta-amálgama com amálgama triturado (A). Detalhe da consistência do amálgama
triturado e do carregamento do porta-amálgama (B).

a d g

b e h

c f i

Figura 1.6 - Inserção e condensação do amálgama. Inserção do amálgama nas caixas proximais distal (A), mesial (D) e oclu-
sal (G) com auxílio do porta-amálgama. Condensação do amálgama nas caixas proximais distal (B), mesial (E) e oclusal (H)
com calcador. Aspecto do amálgama condensado nas caixas proximais distal (C), mesial (F) e oclusal (I).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 15
Capítulo 1
Amálgama Dental

a b c

d e f

Figura 1.7 - Brunidura pré-escultura, escultura e brunidura pós-escultura da restauração de amálgama. Brunidura pré-
escultura com brunidores nº 29 (A) e nº 33 (B). Escultura com esculpidor de Hollenback (C) e sonda exploradora (D).
Brunidura pós-escultura com condensador nº 6 (E). Aspecto da restauração de amálgama após escultura (F).

a b c

d e f

Figura 1.8 - Acabamento e polimento da restauração de amálgama. Acabamento com brocas multilaminadas de
formato esférico (A) e chama (B), em micromotor com contra-ângulo. Polimento com borrachas abrasivas de diferentes
granulações em ordem decrescente de abrasividade, marrom (C), verde (D) e azul (E) e com pó de óxido de zinco com
álcool aplicada com taça de borracha (F).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 16
Capítulo 1
Amálgama Dental

Figura 1.9 - Restauração de amálgama finalizada.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 17
Capítulo 2
Godiva
Capítulo 2
Godiva

A godiva é um material de moldagem termoplástico anelástico que contém ceras, resinas,


plastificadores (guta-percha e ácido esteárico), partículas inorgânicas (carbonato de cálcio e pedra-
pomes) e corantes em sua composição. Apresenta tipo I (baixa fusão) e tipo II (alta fusão), sendo
a primeira indicada para moldagem da cavidade oral (principalmente em ajustes da borda de uma
moldeira individual em resina acrílica ativada quimicamente) e a tipo II usada para confecção de
moldeira individual.

2.1 Apresentação comercial

A godiva tipo I é comercializada em formato de bastões (Figura 2.1) ou lâminas e a tipo II


em formato de placas. O material deve ser aquecido sobre a chama da lamparina (bastões) ou em
banho quente para que seja plastificada antes de ser utilizada.

Figura 2.1 - Godiva em bastão.

2.2 Objetivo da prática

Observar as propriedades físicas de condutividade térmica e plasticidade. Realizar


selamento periférico nas bordas da moldeira individual de resina acrílica ativada quimicamente do
modelo desdentado superior.

2.3 Materiais utilizados (Figura 2.2)

• Hollemback
• Lamparina
• Modelo desdentado em gesso fornecido pela disciplina
• Moldeira individual fornecida pela disciplina

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 19
Capítulo 2
Godiva

• Pincel
• Placa de vidro limpa

1 3
4

Figura 2.2 - Materiais utilizados no manuseio da godiva. 1- vaselina sólida; 2- lamparina; 3- moldeira individual;
4- modelo desdentado de gesso; 5- esculpidor Hollenback nº 3S; 6- placa de vidro; 7- pincel.

2.4 Exercícios

Exercício 1

- Aquecer lentamente um bastão de godiva sobre a chama da lamparina até que ele
apresente superfície lisa e brilhante e esteja plastificado (Figura 2.3).
- Deixar esfriar até que possa ser tocado com os dedos.
- Manipular o bastão e observar sua plasticidade.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 20
Capítulo 2
Godiva

a b

c d

Figura 2.3 - Verificação da condutividade térmica e da plasticidade da godiva. Bastão de godiva sendo aquecido sobre
a chama da lamparina (A). Observação do brilho superficial da godiva aquecida (B). O bastão é lentamente aquecido,
plastificado (C) e sofre deformação (D).

Exercício 2 – Selamento Periférico

- Aplicar vaselina sobre o modelo de gesso, na região em que será realizado o selamento
periférico.
- Aquecer lentamente o bastão de godiva sobre a chama da lamparina até que ele se
apresente plastificado.
- Colocar a godiva plastificada sobre parte da borda marginal da moldeira de resina acrílica.
- Pressionar a moldeira com godiva sobre o modelo de gesso.
- Verificar o selamento periférico (simulado) que deve apresentar superfície regular, lisa e
sem deformações.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 21
Capítulo 2
Godiva

As Figuras 2.4 e 2.5 apresentam o passo a passo da realização do selamento periférico.

a b c

d e f

G H I

Figura 2.4 - Sequência de passos para confecção do selamento periférico. Aplicação de vaselina sobre o modelo de gesso
na região correspondente ao fundo de vestíbulo (A). A godiva plastificada é aplicada na borda da moldeira individual,
em seguimentos, até que esteja toda contornada (BDFH). Após cada seguimento de godiva ser aplicado, a moldeira é
pressionada sobre o modelo de gesso até seu completo resfriamento, para que o fundo de vestíbulo seja copiado (CEGI).

b c

Figura 2.5 - Aspecto final do selamento periférico, realizado com godiva, adaptado ao modelo de gesso (A) e após ser
removido (BC).

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 22
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

A pasta de óxido de zinco e eugenol é um material de moldagem anelástico indicado para


moldar arcadas desdentadas com auxílio de uma moldeira individual. A pasta base é constituída
por óxido de zinco, óleo mineral ou vegetal. A pasta catalisadora contém o eugenol, colofônia poli-
merizada ou goma, partículas inorgânicas (sílica), lanolina, bálsamo resinoso, solução aceleradora,
corante e água.

Figura 3.1 - Pasta de óxido de zinco e eugenol.

3.1 Apresentação comercial

A pasta de óxido de zinco e eugenol é comercializada em duas bisnagas, que correspondem


à pasta base e pasta catalisadora (Figura 3.1). As pastas são proporcionadas em comprimentos iguais
e misturadas antes de serem utilizadas.

3.2 Objetivo da prática

Manipular o material e observar a variação do tempo de presa pela influência dos fatores:
tempo de espatulação e adição de uma gota d’água. Moldar o modelo desdentado superior.

3.3 Materiais utilizados (Figura 3.2)

• Modelo de gesso
• Moldeira individual com selamento periférico previamente realizado
• Espátula nº 36
• Pincel
• Placa de vidro limpa e envelopada com papel vegetal (Apêndice C)

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 24
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

Figura 3.2 - Materiais utilizados no manejo da pasta de óxido de zinco e eugenol. 1- modelo de gesso desdentado;
2- moldeira individual com selamento periférico previamente realizado; 3- placa de vidro envelopada com papel
vegetal (Apêndice C); 4- espátula nº 36; 5- pincel.

3.4 Exercícios

Exercício 1 – Colocar sobre a placa de vidro 1 cm de pasta base e 1 cm de pasta catalisadora.


Espatular por 60 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

Exercício 2 – Repetir o exercício 1, usando 1 cm de pasta base e 1 cm de pasta catalisadora.


Espatular por 120 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

Observação: _______________________________________________________________

Exercício 3 – Repetir o exercício 1, adicionando uma gota d’água na pasta reagente e


espatular por 60 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

Observação: _______________________________________________________________

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 25
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

As figuras 3.3, 3.4 e 3.5 ilustram a execução dos exercícios 1, 2 e 3.

B C D

Figura 3.3 - Proporção da pasta de óxido de zinco e eugenol. Pastas proporcionadas com 1 cm de comprimento (A).
Adição e espatulação inicial de uma gota d’água na pasta catalisadora (BCD).

A B

C D

Figura 3.4 - Espatulação da pasta de óxido de zinco e eugenol. A pasta base é posicionada sobre a catalisadora (A) e a
mistura se inicia com a espátula em posição oblíqua (B). Uma espatulação mais vigorosa é requerida e realizada com a
espátula em posição horizontal (C), pelo tempo recomendado, até que a mistura esteja totalmente homogeneizada, o
que pode ser verificado quando a pasta misturada apresentar uma única cor, rosada (D).

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 26
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

A B

C D

E F

Figura 3.5 - Verificação dos tempos de presa inicial e final da pasta de óxido de zinco e eugenol com agulhas Gillmore.
Agulhas menor (A) e maior (B) posicionadas perpendicularmente sobre uma porção de pasta depositada na placa de
vidro. A agulha menor é solta sobre o material e promove marcação em formato circular (C) até o momento em que
o tempo de presa inicial é estabelecido e a marcação se torna superficial (D). Utiliza-se então a agulha maior para que
as marcações sejam realizadas (E) até o momento em que o tempo de presa final seja estabelecido com a marcação
superficial (F).

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 27
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

Exercício 4 – Vaselinar o modelo de gesso. Realizar a moldagem funcional com a pasta de


óxido de zinco e eugenol usando 4 cm de pasta base e 4 cm de pasta catalisadora (Figuras 3.6 e 3.7).
A manipulação deve ser realizada tomando se por base os exercícios anteriores.

A B

C D

Figura 3.6 - Preparo para moldagem do modelo de gesso desdentado com pasta de óxido de zinco e eugenol. Aplicação
de vaselina sobre a região de palato, rebordo alveolar e fundo de vestíbulo do modelo de gesso desdentado (A). Pastas
de óxido de zinco e eugenol proporcionadas com 4 cm de comprimento (B). Misturas das pastas com a espátula em
posição oblíqua (C). Espatulação das pastas com a espátula posicionada horizontalmente (D). Aspecto final e consistência
da pasta totalmente homogeneizada e pronta para a realização da moldagem (E).

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 28
Capítulo 3
Pasta de Óxido de Zinco e Eugenol

A B

C D

E F

Figura 3.7 - Moldagem do modelo de gesso desdentado com pasta de óxido de zinco e eugenol. Carregamento da
moldeira individual com a pasta, evitando incorporar bolhas (AB). Posicionamento da moldeira sobre o modelo (C). A
moldeira deve permanecer pressionada sobre o modelo de gesso até completar o tempo de presa final do material (D).
Remoção da moldeira (E) e aspecto final do molde, onde é possível observar os detalhes das regiões de palato, rebordo
alveolar e fundo de vestíbulo (F).

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 29
Capítulo 4
Alginato
Capítulo 4
Alginato

O alginato é um material de moldagem elástico indicado para obtenção de modelos de


estudo, confecção de próteses provisórias e próteses parciais removíveis. Seus componentes
incluem alginato de potássio, sulfato de cálcio di-hidratado, fluoretotitanato de potássio, partículas
inorgânicas (terra diatomácea e óxido de zinco) e fosfato trissódico.

4.1 Apresentação comercial

O alginato é geralmente comercializado em formato de pó (Figura 4.1), que ao ser misturado


com a água inicia o processo de geleificação. O material manipulado é levado à boca do paciente
com auxílio de uma moldeira de estoque metálica para a realização da moldagem.

Figura 4.1 - Embalagem de alginato.

4.2 Objetivo da prática

Manipular e verificar os tempos de trabalho e de presa do alginato, bem como a influência


da proporção e temperatura da água. Realizar moldagem da arcada superior do manequim.

4.3 Materiais utilizados (Figura 4.2)

• Dosador de alginato
• Espátula plástica
• Gral de borracha
• Jogo de moldeiras metálicas

Guia Prático de Luciana Andrea Salvio


Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 31
Capítulo 4
Alginato

• Lecron
• Manequim odontológico
• Placa de vidro limpa

1 4 7

6
3

Figura 4.2 - Materiais utilizados para moldagem com alginato. 1- gral de borracha; 2- espátula plástica; 3- medidor de
água e pó; 4- moldeiras metálicas; 5- lecron; 6- placa de vidro; 7- manequim odontológico.

4.4 Exercícios

Exercício 1 – 1 medida de pó X 1 medida de água (Figura 4.3.D).


Espatular por 30 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa

Exercício 2 – 1 medida de pó X 1 medida de água gelada (Figura 4.3.E).


Espatular por 30 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa

Observação: _______________________________________________________________

Exercício 3 – 1 medida de pó X 2 medidas de água (Figura 4.3.F)


Espatular por 30 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa

Observação: _______________________________________________________________

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 32
Capítulo 4
Alginato

A C

D E F

Figura 4.3 – Manuseio do alginato. Antes de proporcionar o alginato, a embalagem deve ser agitada para que as
partículas de pó sejam descompactadas (A). O alginato é colhido em excesso com o medidor de pó (B) e com o auxílio
da espátula plástica, o excesso é removido sem compactar o material (C). Para a realização dos exercícios a proporção
água/pó deverá ser de 1:1 (D), 2:1 (E) e 1:1 com água gelada (F).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 33
Capítulo 4
Alginato

A figura 4.4 apresenta os passos para a correta manipulação do alginato.

B E

Figura 4.4 - Sequência de manipulação do alginato: adição da água no gral de borracha (A); adição do pó sobre a água
(B); mistura do pó com o líquido (C); espatulação vigorosa do material contra as paredes do gral de borracha (D); aspecto
final do alginato manipulado, com coloração homogênea indicando a total aglutinação do pó ao líquido.

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Capítulo 4
Alginato

Exercício 4 – Moldar a arcada superior do manequim odontológico (Figuras 4.5 e 4.6).

A B C

D F

Figura 4.5 - Sequência de moldagem com alginato. A moldeira deverá ser carregada gradativamente, evitando o
aprisionamento de bolhas (ABC). Para moldagem da arcada superior a moldeira deve ser primeiramente posicionada
na região dos dentes posteriores e, em seguida, nos dentes anteriores (D). Durante o procedimento de moldagem, a
moldeira deve ser sustentada pelas mãos do operador, para que não se movimente até a presa final do alginato (E). A
remoção deve ser realizada em movimento único.

B C

Figura 4.6 - Molde de alginato após ser removido da boca (A). Remoção de excessos do molde (B). Aspecto final do
molde de alginato (C).

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Capítulo 5
Gesso Odontológico
Capítulo 5
Gesso Odontológico

O gesso odontológico é produzido através da calcinação do sulfato de cálcio di-hidratado


(gipsita). É composto pelo sulfato de cálcio hemi-hidratado [(CASO4).H2O]. Suas indicações incluem
a obtenção de modelos de estudo e de trabalho nas diversas áreas da odontologia.

5.1 Apresentação comercial

O gesso odontológico é comercializado em pó (Figura 5.1) que deve ser misturado à água
para ser utilizado no vazamento de um modelo. O pó do gesso odontológico pode ser encontrado
com diferentes colorações dependendo do tipo de gesso.

Figura 5.1 - gesso odontológico tipo III

5.2 Objetivo da aula prática

O objetivo da aula prática é manipular os diferentes tipos de gesso odontológico e verificar


os tempos de trabalho, presa inicial e final do gesso.

5.3 Materiais utilizados (Figura 5.2)

• Espátula nº 70
• Espátula metálica para gesso
• Faca para gesso
• Gral de borracha
• Jogo de moldeiras metálicas
• Lecron
• Manequim odontológico
• Placa de vidro limpa

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 37
Capítulo 5
Gesso Odontológico

6 8 10

1 2 3 4 9

Figura 5.2 - Materiais selecionados para o uso do gesso odontológico: 1- faca para gesso, 2- espátula metálica; 3- lecron;
4- espátula nº 70; 5- balança; 6- grau de borracha; 7- placa de vidro; 8- manequim odontológico; 9- moldeiras metálicas;
10- proveta.

5.4 Exercícios

Exercício 1 – Gesso comum


Proporcionar 50 g de pó e 25 mL de água. Espatular por 60 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

Exercício 2 – Gesso comum


Proporcionar 50 g de pó e 25 mL de água. Espatular por 120 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

Observação: _______________________________________________________________

Exercício 3 – Gesso pedra


Proporcionar 50 g de pó e 15 mL de água. Espatular por 60 segundos. Anotar:
Tempo de trabalho Tempo de presa inicial Tempo de presa final

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Capítulo 5
Gesso Odontológico

A sequência abaixo (Figura 5.3) ilustra a manipulação do gesso odontológico. Ela deve
ser seguida para a realização dos exercícios respeitando as variáveis apresentadas em cada um. As
figuras 5.4 e 5.5 demonstram como determinar os tempos de trabalho, presa inicial e final.

A b

c d

e f

Figura 5.3 - Manipulação do gesso odontológico. Pesagem do gesso em gramas e medida do volume da água em mL
(A). Inicialmente, despeja-se a água no gral de borracha (B) e, em seguida, despeja-se o pó (C). A água é misturada ao
pó (D) e inicia-se a espatulação do gesso contra as paredes do gral (E). Finalizada a espatulação, uma porção de gesso é
dispensada sobre a placa de vidro limpa e seca.

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Capítulo 5
Gesso Odontológico

As figuras 5.4 e 5.5 demonstram como determinar os tempos de trabalho, presa inicial e final.

A b

Figura 5.4 - Gesso recém espatulado. Observa-se o brilho superficial característico do gesso indicando que pode ser
utilizado (A), pois apresenta-se dentro do tempo de trabalho. A perda do brilho superficial indica o término do tempo de
trabalho e início do tempo de presa inicial (B).

A b

Figura 5.5 - Verificação dos tempos de presa inicial e final do gesso com agulhas Gillmore. Marcação com as agulhas
menor (A) e maior (B) para determinação do tempo de presa inicial e final.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 40
Capítulo 5
Gesso Odontológico

Exercício 4 – Moldar o manequim com alginato e vazar o modelo com gesso pedra na
proporção de 100 g de pó para 30 mL de água (Figura 5.6).

A d

e f g

h i

Figura 5.6 - Obtenção do modelo de gesso. Manipulação do gesso pedra (A) e deposição gradativa do gesso sobre
o molde de alginato, evitando a incorporação de bolhas. Após inserção de uma porção de gesso (B), o molde deve
ser levado ao vibrador para que o gesso se espalhe uniformemente na região que corresponde aos dentes (C). Após
preencher toda a região de dentes (D), insere-se o restante do gesso com a finalidade de se formar a base do modelo (E).
O molde preenchido é colocado sobre a placa de vidro (F) e aguarda-se o tempo de presa final para remoção do molde
do modelo (GH). Aspecto final do modelo de gesso obtido (I).

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Capítulo 6
Elastômeros
Capítulo 6
Elastômeros

Os elastômeros compõem um grupo de materiais de moldagem poliméricos sintéticos


que após a presa podem ser esticados e, depois que a força é retirada rapidamente, recuperam
suas dimensões originais. Eles se assemelham à borracha natural vulcanizada e são indicados para
moldagens finais de próteses unitárias e parciais removíveis. Podem ser divididos quimicamente em
três tipos:

Polissulfeto

O Polissulfeto apresenta pasta base e pasta catalisadora. A pasta base é composta


por mercaptana multifuncional (-SH), dióxido de titânio (partículas inorgânicas), dibutil ftalato
(plastificante) e enxofre (acelerador). A pasta catalisadora contém dióxido de chumbo, ácido oleico
ou esteárico (retardador), dióxido de titânio (partículas inorgânicas) e dibutil ftalato (plastificante).
A reação de polimerização produz água como subproduto e a perda dessa molécula tem efeito
significativo na estabilidade dimensional do molde.

Silicones

Os silicones são divididos em dois tipos:

- Polimerizados por condensação: são apresentados como materiais de


baixa viscosidade (pasta base e pasta catalisadora) e alta viscosidade (massa base). A pasta base é
constituída pelo poli (dimetilsiloxano), silicatos de alquila tri e treta funcionais (reagentes) e sílica
coloidal (partículas inorgânicas). A pasta catalisadora contém octoato de estanho (catalisador),
éster orgânico metálico, óleos diluentes e agentes espessantes. Após a reação de polimerização por
condensação, o álcool etílico é formado e sua posterior evaporação é responsável pela grande parte
da contração que ocorre no molde.
- Polimerizados por Adição: são frequentemente chamados de poli (vinilsiloxano)
e, assim como os polimerizados por condensação, apresentam as consistências de alta e baixa
viscosidade. A pasta base contém polimetil-hidrosiloxano (polímeros), divinilpolisiloxano (pré-
polímeros) e sílica coloidal (partículas inorgânicas). A pasta catalisadora contém sal de platina
(catalisador), divinilpolisiloxano (pré-polímeros) e sílica coloidal (partículas inorgânicas). Não formam
subprodutos na reação de polimerização por adição.

Poliéter

O Poliéter apresenta pasta base e pasta catalisadora. A pasta base contém o polímero do
poliéter, sílica coloidal (partículas inorgânicas) e dibutilftalato (plastificante). Na pasta catalisadora,

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Capítulo 6
Elastômeros

sulfonato de éster aromático (ativador), sílica coloidal (partículas inorgânicas) e plastificantes:


glicoléter ou dibutilftalato. Após a reação de polimerização por adição, não há formação de
subprodutos.

6.1 Apresentação comercial

O polissulfeto e o poliéter são comercializados em duas pastas: base e catalisadora.


Os silicones de condensação e de adição, além das pastas base e catalisadora, apresentam a
consistência de massa que são utilizadas em conjunto pela técnica de dupla-moldagem. O silicone
de adição geralmente apresenta as pastas base e catalisadora em um dispositivo de auto mistura
(Figura 6.1).

A b c

Figura 6.1 – Elastômeros: silicone polimerizado por condensação (A), silicone polimerizado por adição (B) e poliéter (C).

6.2 Objetivo da prática

Observar a influência da variação de alguns fatores sobre o tempo de presa dos elastômeros.

6.3 Materiais utilizados (Figura 6.2)

• espátula nº 24 ou 36
• esculpidor de Hollemback ou cabo para bisturi nº 3 com a lâmina de bisturi nº 15
• lecron
• manequim odontológico com dente preparado para restauração metálica fundida
• moldeira parcial
• placa de vidro
• seringa para moldagem

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 44
Capítulo 6
Elastômeros

1 2 3 4 5 6 7

Figura 6.2 - Materiais utilizados na manipulação do silicone polimerizado por condensação: 1- lecron;
2- espátula nº 36; 3- cabo de bisturi com lâmina nº 15; 4- placa de vidro; 5- moldeira parcial; 6- seringa de moldagem;
7- manequim odontológico.

6.4 Exercícios

Exercício 1 - Silicone de condensação


Colocar sobre a placa de vidro 1 cm de pasta base e 1 cm de pasta catalisadora. Anotar:

Tempo de trabalho Tempo de presa

Exercício 2 - Silicone de condensação


Colocar sobre a placa de vidro 1 cm de pasta base e 2 cm de pasta catalisadora. Anotar:

Tempo de trabalho Tempo de presa

Observação: _______________________________________________________________

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Capítulo 6
Elastômeros

A sequência abaixo (Figura 6.3) ilustra a manipulação do silicone polimerizado por


condensação na consistência leve. Para a realização dos exercícios 1 e 2, seguir as ilustrações abaixo:

A b c

d e

Figura 6.3 - Espatulação do silicone polimerizado por condensação. Porções de comprimentos iguais das pastas base (A)
e catalisadora (B) são colocadas sobre a placa de vidro (C). Com o auxílio da espátula nº 36, a pasta catalisadora é vertida
sobre a pasta base (D). Início da espatulação do material com a espátula na horizontal (E). Ao final da espatulação,
observa-se coloração uniforme e fluidez da mistura (F), o que indica a permanência no tempo de trabalho.

Exercício 3 – Realizar a moldagem do dente preparado para restauração metálica fundida


por meio da técnica de dupla moldagem.

As imagens abaixo (Figuras 6.4 a 6.7) ilustram o passo a passo para a realização da moldagem
com silicone polimerizado por condensação: manipular o silicone de consistência pesada e moldar
o dente preparado; remover o material e realizar alívio na região interna do molde (referente ao

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Capítulo 6
Elastômeros

dente preparado) com auxílio de lecron, lâmina de bisturi ou esculpidor Hollemback; em seguida,
manipular o silicone de consistência leve, carregar a seringa, preencher a região a ser moldada no
manequim e preencher a parte interna do molde obtido com o material pesado; realizar a moldagem
com o material leve.

A b c

d e f

g h i

j k l

m n o

Figura 6.4 - Manipulação do silicone polimerizado por condensação de consistência de pesada. Colher uma porção do
material com a concha dosadora (A) e remover o excesso (B) para que a concha fique completamente preenchida e no
limite (C). Espalhar a massa sobre a palma da mão (D) e marcar o diâmetro da concha dosadora sobre a massa (DEF).
Dosar a pasta catalisadora com comprimento correspondente ao diâmetro da marcação (GH). Dobrar as laterais da
massa sobre a pasta catalisadora (IJ) e manipular o material com as pontas dos dedos (KL) até obter uma massa de cor
uniforme (M). Inserir a mistura na moldeira parcial para realização da moldagem (NO).

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Capítulo 6
Elastômeros

A D

Figura 6.5 - Moldagem do dente preparado com silicone polimerizado por condensação de consistência pesada. Moldeira
posicionada sobre a região a ser moldada (A). Após a presa do silicone, retira-se o molde e observa-se se o preparo foi
devidamente copiado (B). Na região interna do molde referente ao dente preparado, faz-se um alívio removendo os
detalhes com auxílio de lecron, lamina de bisturi ou esculpidor Hollenback (C). Aspecto do molde após alívio (D).

A b

c d

Figura 6.6 - Preenchimento da seringa com silicone polimerizado por condensação de consistência de leve. Após a
espatulação das pastas base e catalisadora, carregar a mistura pela parte traseira da seringa (A) com um movimento na
vertical (B). O embolo curto é posicionado de maneira a empurrar o material para o interior da seringa (C) e, em seguida,
posiciona-se o êmbolo longo para extrusão do silicone pela ponta da seringa (D).

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Capítulo 6
Elastômeros

A b

c d

Figura 6.7 - Moldagem final do dente preparado com silicone polimerizado por condensação de consistência de
leve. Preenchimento do preparo (A) e do molde inicial (B) com o silicone de consistência leve por meio da seringa.
Posicionamento da moldeira exatamente na mesma posição registrada na moldagem inicial (C). Observar o silicone
de consistência leve escoando (seta). Após a presa do silicone, remove-se o molde e observa-se a região do dente
preparado devidamente moldada (D).

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Capítulo 7
Confecção de Troquel
Capítulo 7
Confecção de Troquel

7.1 Objetivo da aula prática

Confeccionar o troquel a partir do molde de elastômero de um dente preparado para


restauração metálica fundida.

7.2 Materiais utilizados (Figura 7.1)

• 2 alfinetes de costura de 3cm


• espátula metálica para gesso
• gral de borracha
• pincel
• pino para troquel
• placa de vidro

1 4

2 3

Figura 7.1 - Materiais utilizados na confecção do troquel: 1- espátula para gesso; 2- pino para troquel; 3- alfinetes;
4- gral de borracha; 5- pincel; 6- placa de vidro.

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51
Capítulo 7
Confecção de Troquel

7.3 Exercício

Confeccionar o troquel a partir de um molde de elastômero de um dente preparado para


restauração metálica fundida, seguindo a sequência de imagens apresentada abaixo (Figuras 7.2 e 7.3):

a b

C D

E F

g h

Figura 7.2 - Confecção do troquel. Posicionamento dos alfinetes no centro e acima do preparo (AB). O pino para troquel é
adaptado entre os alfinetes (C) e uma pequena porção de cera utilidade é colocada na ponta do pino (D). O gesso especial
é manipulado e vertido aos poucos sobre o molde com auxílio pincel ou lecron (E). Com movimentos vibratórios (F), toda
a região dos dentes deve ser preenchida com o gesso (G) e, em seguida todo o molde de silicone (H), com elevação em
gesso especial (setas) necessária para a retenção mecânica com o gesso comum que será colocado por cima deste.

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52
Capítulo 7
Confecção de Troquel

a b

c d

Figura 7.3 - Confecção do troquel. Após a presa inicial do gesso especial, isolar a região delimitada entre os traços com
vaselina sólida (A), observar brilho na região onde a vaselina foi aplicada (B). Uma porção de gesso comum é colocada
sobre o gesso especial envolvendo o pino para troquel (C) e deixando visível a ponta do pino com cera (D).

Após a presa final do gesso comum, o modelo deve ser removido do molde. A obtenção do
troquel será demonstrada no próximo capítulo.

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53
Capítulo 8
Ceras para Fundição
Capítulo 8
Ceras para Fundição

As ceras odontológicas têm como componentes ceras sintéticas, hidrocarbonetos da


parafina, cera de carnaúba (diminui o escoamento na temperatura bucal e aumenta o brilho
superficial), cera de candelila, resina dammar ou goma (melhora a lisura superficial e aumenta a
resistência à descamação, tornando-a menos friável) e corantes.

8.1 Apresentação comercial

As ceras do tipo II são indicadas para confecção de padrões em cera que são utilizados na
técnica da cera perdida, empregada na construção de restaurações metálicas e infraestruturas de
próteses parciais removíveis (Figura 8.1).

Figura 8.1 - Cera tipo II

8.2 Objetivo da prática

Confeccionar padrões em cera para fundições, empregando as técnicas regressiva e


progressiva.

8.3 Materiais utilizados (Figura 8.2)

• arco pequeno para serra com a serra


• escova de dente
• esculpidor Hollemback
• lecron

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Capítulo 8
Ceras para Fundição

• espátula nº 7
• gotejador
• lamparina a álcool
• modelo com troquel obtido no capítulo anterior
• pincel
• sonda exploradora nº 5

1 2 3 4 5 6 7 8

10

Figura 8.2 - Materiais utilizados na confecção do padrão de cera: 1- pincel; 2- escova de denta; 3- gotejador; 4- lecron;
5- sonda exploradora; 6- espátula nº 7; 7- esculpidor Hollenback; 8- arco para serra; 9- lamparina; 10- vaselina sólida.

Antes da manipulação e confecção dos padrões em cera, deve-se recortar a região do


preparo de acordo com a sequência mostrada abaixo (Figura 8.3):

a b c

Figura 8.3 - Individualização do troquel. Inicialmente faz-se o recorte pela ameia mesial do dente preparado (A). Após
atingir o gesso comum, posiciona-se a serra na ameia distal e realiza-se o recorte até novamente atingir o gesso comum
(B). Vista frontal do troquel individualizado (C).

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Capítulo 8
Ceras para Fundição

8.4 Exercícios

Exercício 1 – Confeccionar um padrão em cera através da técnica progressiva seguindo a


sequência abaixo descrita e ilustrada (Figura 8.4):

A B C

D E F

H K

Figura 8.4 - Confecção do padrão em cera pela técnica progressiva. Isolamento do troquel com vaselina, evitando aplicar
em excesso para que haja uma adaptação íntima entre a cera e o troquel (A). Carregamento da cera plastificada com
auxílio do gotejador (B) e adição desta em camadas no interior do preparo (C), até as margens do preparo com um
ligeiro excesso (D). Escultura da cera para obtenção de contorno e forma anatômica adequada (E). Remoção das lascas
de cera com auxílio da escova de dente (F). Vista lateral (G) e oclusal (H) do padrão devidamente esculpido posicionado
no troquel (I). Vista oclusal (J) e lateral (K) do padrão em cera esculpido.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 57
Capítulo 8
Ceras para Fundição

Exercício 2 – Confeccionar um padrão em cera através da técnica regressiva:


- Girar o bastão sobre a chama da lamparina até apresentar um aspecto brilhante e, então,
remover da chama. Este processo é repetido até que a cera, na sua totalidade, esteja uniformemente
aquecida.
- Em seguida, comprimir a cera na cavidade preparada.
- Durante a moldagem com a cera, deve-se exercer uma pressão até que ela esfrie
uniformemente.
- Esculpir até obter um contorno e uma forma anatômica adequada.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 58
Capítulo 9
Técnicas de Inclusão e Fundição
Capítulo 9
Técnicas de Inclusão e Fundição

O padrão em cera devidamente confeccionado deve ser incluído o mais rápido possível em
revestimento odontológico compatível com a liga a ser fundida. Seguem abaixo as fotos ilustrativas
da sequência de inclusão de um copping de cera em revestimento à base de fosfato (Figuras 9.1 e
9.2). E, logo em seguida, a fundição de uma liga à base de níquel-cromo em cadinho, com o uso da
chama de maçarico e injeção no molde por força centrífuga (Figuras 9.3 e 9.4).

a b

c d

e f

Figura 9.1 - Fixação do padrão em cera no anel de fundição. Copping em cera posicionado no modelo (A); Conduto de
alimentação posicionado a 45° e abaixo da crista marginal (B). Fixação do copping (C) e de outros padrões em cera (D)
na base formadora do cadinho. Vista frontal (E) e oclusal (F) do padrão em cera fixado no interior do anel de fundição.

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 60
Capítulo 9
Técnicas de Inclusão e Fundição

D f

g h

Figura 9.2 - Inclusão do copping de cera em revestimento à base de fosfato. Aparelhos de espatulação à vácuo e vibrador
de gesso (A). Pó e líquido do revestimento à base de fosfato (B) são proporcionados e espatulados mecanicamente à
vácuo. O revestimento espatulado é despejado aos poucos no interior do anel de fundição (C), sobre vibração mecânica
(DE), para que as bolhas de ar possam ser eliminadas e o anel de fundição seja completamente preenchido (F). Após a
presa final, o bloco de revestimento com o copping em cera incluído (G) é levado ao forno elétrico, na temperatura de
900°C, para que a cera seja carbonizada (H).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 61
Capítulo 9
Técnicas de Inclusão e Fundição

a b

c d

e f

g h

Figura 9.3 - Fundição do bloco de revestimento com liga de níquel-cromo. Blocos de níquel-cromo em temperatura
ambiente (A). Máquina centrífuga de fundição com cadinho (seta) posicionado (B). Liga em estado sólido em temperatura
ambiente no interior do cadinho (C). Bloco de revestimento inserido na extremidade do cadinho, após ser removido do
forno e início do processo de fundição com a chama do maçarico (observar zona redutora) posicionada em cima da
liga (D). Liga em temperatura elevada parcialmente fundida nos estados sólido e líquido (E) e totalmente fundida em
estado líquido (F). A mola propulsora é solta e a máquina gira no sentido anti-horário em alta velocidade (G). Após
cessar o movimento da máquina, o bloco de revestimento é retirado e é possível observar o botão de liga fundida pela
extremidade inferior do bloco (H).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 62
Capítulo 9
Técnicas de Inclusão e Fundição

A B

C D

Figura 9.4 - Desinclusão e acabamento do copping metálico. Após o resfriamento do bloco de revestimento fundido,
a desinclusão dos padrões metálicos é realizada pela quebra do revestimento (A). Os padrões metálicos cobertos com
óxidos (B) são jateados com alumina fina (C). Aspecto final do copping metálico pronto e adaptado ao troquel (D).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 63
Capítulo 10
Cerâmicas Odontológicas
Capítulo 10
Cerâmicas Odontológicas

As cerâmicas são indicadas onde a estética é necessária e quando o tamanho do preparo


excede o limite para uso de resinas compostas diretas. Suas propriedades tais como a cor, translucidez
e vitalidade ainda não foram igualadas por nenhum material, com exceção de outras cerâmicas. São
estruturas não metálicas, inorgânicas, contendo primariamente compostos de oxigênio com um ou
mais elementos metálicos ou semi-metálicos (alumínio, boro, cálcio, cério, lítio, magnésio, fósforo,
potássio, silício, sódio, titânio e zircônio). Várias cerâmicas contêm uma fase cristalina e uma matriz
de vidro de silicato. A porcelana odontológica convencional é uma cerâmica vítrea baseada em uma
rede de sílica (SiO2) e feldspato potássico (K2O.Al2O3.6 SiO2), feldspato sódico (Na2O. Al2O3.6 SiO2) ou
ambos. Modificadores de vidro, pigmentos e opacificadores também fazem parte da sua composição.
Suas indicações incluem restaurações metalocerâmicas, inlays, onlays, facetas e coroas; dentes para
próteses totais e próteses parciais; implantes e conectores de implantes e braquetes ortodônticos
(Figura 10.1 a 10.4).

Figura 10.1 - Frascos contendo pós de diferentes cores de cerâmica feldspática (A). Pós de cerâmica de diversas cores
misturadas com água sobre a placa de vidro (B).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 65
Capítulo 10
Cerâmicas Odontológicas

Figura 10.2 - Forno para sinterização da cerâmica feldspática (A). Forno pré-aquecido e peça cerâmica adaptada em
dispositivo para ser levada ao forno (B). Peça cerâmica no interior do forno com temperatura de sinterização (C) e sendo
removida do forno em processo de resfriamento (D).

A C

D E F

Figura 10.3 - Aplicação da camada de cerâmica opaca. Copping metálico adaptado ao modelo de gesso (A) e ao dispositivo
de inserção do forno (B). Camada de cerâmica opaca aplicada sobre o copping (C) e levada ao forno para sinterização (D
e E). Aspecto do copping recoberto pela camada de cerâmica opaca.

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Capítulo 10
Cerâmicas Odontológicas

A D

B E

C F

Figura 10.4 - Condensação e sinterização da cerâmica feldspática. Após a cocção da camada de cerâmica opaca, porções
de massa de cerâmica são condensadas sobre o copping de modo a estabelecer o contorno e a anatomia do dente
(AB). Após a aplicação de cada camada de cerâmica, a restauração é levada ao forno para cocção (C). Após estabelecer
contorno e anatomia da restauração, o glaze é aplicado (D) para tornar sua superfície lisa e brilhante após ser levada ao
forno. Vista frontal e oclusal da restauração metalocerâmica finalizada (E e F).

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Materiais Dentários Aline Spagnol Fedoce-Silva 67
Referências

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Apêndice A – Análise do tempo
durante o manuseio dos
materiais.

Tempo de espatulação
É o tempo decorrido desde o início da mistura entre os componentes de um material,
ou do material com água, até o momento em que a mistura deve ser completada. Este tempo é
estabelecido pelo fabricante e pode ser diferente entre as diversas marcas de um mesmo material.

Tempo de trabalho
É o tempo disponível para que o material possa ser trabalhado. Esse tempo é medido do
início da espatulação até o momento em que o material adquire a consistência que o impede de ser
utilizado para o propósito ao qual foi manipulado.

Tempo de presa
É o tempo transcorrido do início da espatulação até que a reação entre os componentes
manipulados seja completada e o material endureça.

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Apêndice B - Agulhas Gillmore

Os testes de penetração, utilizando dispositivos denominados agulhas Gillmore menor e


maior (Figura 1), são frequentemente utilizados para análise dos tempos de presa inicial e final dos
cimentos odontológicos (Ex.: pasta de óxido de zinco e eugenol) e dos produtos à base de gipsita
(Ex.: gesso odontológico). Neste teste, as agulhas Gillmore são soltas sobre uma porção do material,
dispensada em placa de vidro, e a penetração da ponta ativa é observada para determinar os tempos
de presa.
As agulhas Gillmore se diferenciam por apresentar as seguintes características:

Agulha Gillmore menor - haste cilíndrica circular com 113 g e ponta ativa com 2
mm de diâmetro. Esta agulha registra o tempo de presa INICIAL, registrado quando a agulha
não marcar mais o material ou deixar marca ligeiramente perceptível em sua superfície
durante o teste.

Agulha Gillmore maior - haste cilíndrica circular com 454 g e ponta ativa com 1
mm de diâmetro. O tempo de presa FINAL será registrado quando a agulha não marcar
mais o material ou deixar marcas ligeiramente perceptíveis na superfície do material.

Figura 1 - Agulhas Gillmore menor (1) e maior (2).

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Apêndice B - Agulhas Gillmore

1 2

Figura 2 - Vista frontal das agulhas Gillmore menor (1) e maior (2).

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Apêndice C – Embalagem da placa
de vidro com papel vegetal

Na realização de alguns exercícios, embalar a placa de vidro com papel vegetal facilitará a
limpeza do material após sua presa. Assim, segue abaixo a sequência para embalar a placa de vidro

A B

C D

Figura 1 - Placa de vidro sobre a folha de papel vegetal (A). As pontas da folha são dobradas uma sobre a outra (B) de
forma que fique bem esticada (C) e as extremidades coladas com fita adesiva.

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Sobre as autoras

Luciana Andrea Salvio é graduada em Odontologia, Mestre e Doutora em Materiais


Dentários pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Desde 2006, é professora da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF), lecionando as disciplinas de Materiais Dentários e Dentística. Na UFJF, orienta
os alunos em Projetos de Pesquisas de Iniciação Científica e desenvolve atividades em Projetos de
Extensão Reabilitar, ambos relacionados na área de Materiais Dentários.

Aline Spagnol Fedoce-Silva é graduada em Odontologia, Especialista em Dentística e Mestre


em Clínica Odontológica pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF). Especialista em Acupuntura pelo Instituto Mineiro de Acupuntura e Massagens (IMAM/JF)
e Doutora em Materiais Dentários pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP).

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Créditos das ilustrações

ILUSTRAÇÕES FONTE

Capa

Capítulo 1
Figuras: capa, 1.1, 1.2, 1.3, 1.4, 1.5, 1.6, 1.7, 1.8, 1.9

Capítulo 2
Elaborado pelas autoras
Figuras: capa, 2.1, 2.2, 2.3, 2.4, 2.5

Capítulo 3
Figuras: capa, 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, 3.5, 3.6, 3.7,
Capítulo 4
Figuras: capa, 4.2, 4.3, 4.4, 4.5, 4.6
Figura: 4.1 Gentilmente cedido pelo fabricante
Capítulo 5
Figuras: capa, 5.1, 5.2, 5.3, 5.4, 5.5, 5.6

Capítulo 6
Figuras: capa, 6.1, 6.2, 6.3, 6.4, 6.5, 6.6, 6.7
Elaborado pelas autoras
Capítulo 7
Figuras: capa, 7.1, 7.2, 7.3

Capítulo 8
Figuras: capa, 8.1, 8.2, 8.3, 8.4
Capítulo 9
Figuras: capa, 9.1, 9.2, 9.3, 9.4 Elaborado pelas autoras no
Capítulo 10 laboratório de Prótese Improlab
Figuras: capa, 10.1, 10.2, 10.3, 10.4

Apêndice B
Figuras: 1 e 2
Elaborado pelas autoras
Capítulo C
Figura: 1

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