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25/11/2021 01:05 O legado de Jung

O legado de Jung
Cinquenta anos depois da morte do psiquiatra suíço, a psicologia
analítica se desenvolve no Brasil e ganha novos adeptos. Sonhos,
pinturas e muito estudo promovem o autoconhecimento e a cura para
os mistérios da alma

postado em 02/06/2011 18:53

João Rafael Torres // Especial para o Correio


;Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou.; Com essas


palavras, usadas para iniciar a sua autobiografia, o psiquiatra suíço Carl
Gustav Jung tenta sintetizar a experiência de 85 anos e 10 meses de vida
a serviço da compreensão da mente humana. Você pode nunca ter ouvido
falar dele, mas certamente já ouviu os termos ;complexo;,
;sincronicidade; e ;inconsciente coletivo;. Se os tem incorporados em seu
léxico, você compartilha ideias junguianas mesmo sem se dar conta
disso.

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Jung foi contemporâneo de Freud e chegou a trocar com ele uma série de
experiências e conceitos sobre o inconsciente. Conta-se que o primeiro
encontro entre eles durou mais de 13 horas ininterruptas de conversa. As
divergências teóricas fizeram com que rompessem a parceria: Jung não
concordava com a redução dos males psíquicos à sexualidade, feita pelo
colega; Freud acreditava que o interesse do suíço pelas religiões e temas
místicos era um devaneio inútil, que nada podia contribuir para a
psicologia.

Filho de um pastor luterano e primo de uma médium, Jung percebeu uma


enorme influência da fé sobre a psique ; seja de uma forma saudável ou
doentia. Isso o despertou a estudar a filosofia oriental, oráculos,
mitologias e a alquimia. Some a esse conhecimento os grandes clássicos
da literatura internacional, biologia, física quântica... O resultado de tanta
erudição foi a Psicologia Analítica, que o sagrou como o segundo nome
mais citado no mundo quando o assunto é o entendimento do que se
passa com a mente humana. Amanhã, o mundo celebra o cinquentenário
da morte do autor. E, para homenageá-lo, a Revista apresenta uma
reportagem especial sobre o misterioso e encantador universo do
inconsciente, pela óptica junguiana.

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Esqueça o porquê. Pergunte-se para quê?


Para Flávia Lopes, a terapia baseada em Jung foi o melhor caminho em
direção ao autoconhecimento

Enquanto muitas abordagens psicoterápicas se focam no ;por que; (as


razões dos conflitos) ou no ;como; (estratégias comportamentais), a
análise junguiana objetiva o ;para que;. Ou seja, a função final, o sentido
intrínseco de cada experiência. Dessa forma, o futuro não se configura
como o resultado de circunstâncias, e sim no fruto de escolhas
responsáveis. Além disso, a compreensão sobre o inconsciente leva a um
entendimento e integração dos conteúdos desejáveis e indesejáveis, do
masculino e do feminino, e da interação do indivíduo com o mundo e do
mundo com o indivíduo.

A relação entre cliente e analista também se diferencia de outras


abordagens. O atendimento geralmente é feito face a face, e as sessões
são mais dialogadas ; não há o distanciamento e o excesso de formalidade
que muitas vezes marca a psicanálise freudiana. Sonhos, fantasias,
produções artísticas, eventos sincronísticos e sintomas são integrantes no
processo analítico: eles oferecem mensagens vindas do inconsciente.
;Mas convém lembrar que o sucesso de qualquer terapia se dá a partir da
empatia que surge entre cliente e terapeuta. Isso terá variações até mesmo
entre analistas junguianos;, ressalta Tito Cavalcanti, da SBPA.

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Depois de passar por outras duas abordagens psicoterápicas, a


administradora Flávia Lopes, 38, encontrou na Psicologia Analítica a sua
escolha para o autoconhecimento. A escolha não foi deliberada. ;Conheci
a terapia junguiana por acaso, num momento marcante de perdas. Hoje
posso dizer que sou seguidora convicta;, brinca. O diferencial que a
despertou a atenção foi o olhar global sobre o homem: as necessidades do
corpo, da mente e da alma recebem a mesma atenção dentro do
consultório. ;Isso dá uma noção mais viva das próprias emoções, ensina a
aproveitar o melhor momento em cada situação, leva a entender sobre
meu ritmo e o ritmo do mundo;, sintetiza.

O encontro com o inconsciente, a partir da análise dos sonhos,


aprofundou o encontro consigo mesma. ;Percebi, em primeiro lugar, que
os sonhos não nos deixam mentir. Eles denunciam nossa verdadeira
essência diante dos conflitos, mesmo quando queremos ignorá-la;,
explica. A familiaridade com a linguagem simbólica promoveu em Flávia
uma maior integração com os valores do masculino e do feminino.
;Aprendi inclusive a dar expressão ao meu lado ;mulherzinha;, sem
perder a determinação e a força para vencer os desafios da vida;, avalia.

Decifrando o enigma

Cleudir Santos, um curioso sobre as questões de Jung: o


autoconhecimento liberta, mas exige responsabilidade
A reedição da obra junguiana no Brasil é apontada como a mais
importante das ações de homenagem aos cinquentenário da morte do
psiquiatra. Pela primeira vez, os livros são traduzidos diretamente do
alemão para o português em um trabalho de anos. O grande desafio está
no alto nível de erudição de Jung: enquanto a leitura de Freud é de
compreensão simples e direta, os escritos do suíço são rebuscados e não
lineares. Um grande desafio para quem se propõe a estudá-lo. No entanto,
o interesse pela obra se mostra crescente: seja pela procura de cursos de
formação ou de literatura especializada.

O administrador Cleudir Santos, 51, sempre teve um interesse aguçado


pelas questões religiosas, especialmente pelo catolicismo. Tanto que
decidiu fazer uma formação paralela em teologia, onde teve os primeiros
contatos com os conceitos de Psicologia Analítica. Na teoria, encontrou
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respostas para validar a própria fé. ;Jung foi um grande teólogo, na


medida em que estudou a fundo as ações da fé sobre a vida das pessoas a
partir de diferentes religiões;, considera. A curiosidade e a identificação
que sentiu o levaram a uma especialização na área.

Para Cleudir, Jung conseguiu sintetizar e explicar as experiências dos


grandes místicos e santos a partir dos movimentos psíquicos. ;Ele
entendeu que todos eles (os místicos) viveram experiências intensas, que
apontam para a presença de Deus dentro de nós, e não num mundo
exterior;, entende. Essa consciência, ainda criticada por muitas
instituições religiosas, aponta principalmente para a ligação individual
que se estabelece entre o homem e a espiritualidade. ;Descobrimos que o
autoconhecimento é a função maior para o encontro com a divindade.
Isso é capaz de nos libertar, mas também nos confere mais
responsabilidade sobre o próprio caminho.;

O interesse de pessoas como Cleudir tem impulsionado o estudo da obra


junguiana no país. No Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa (IJEP),
por exemplo, a cada semestre, cerca de 30 brasilienses ingressam no
curso de especialização em Psicologia Analítica. Desse total, 40% não
têm formação em psicologia, nem demonstram interesse em se tornarem
analistas. Waldemar Magaldi Filho, fundador do IJEP, atribui essa
procura à temática abordada por Jung, que se mantém atual. ;Ele foi
visionário, ao entender o homem e o planeta em um contexto maior e
mais complexo, defendendo uma visão mais integral e autossustentável;,
explica.
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Para começar

Jung ; O mapa da Alma, de Murray Stein (Ed. Cultrix): apresenta os


conceitos junguianos de forma concisa e clara, essencial para quem quer
se familiarizar com a teoria.

O homem e seus símbolos, de C.G. Jung (org.) (Ed. Nova Fronteira): um


compilado de textos do suíço e seus principais colaboradores, com
linguagem acessível.

Guia para a Obra Completa de C.G. Jung, de Robert H. Hopcke (Ed.


Vozes): apresenta um resumo conceitual, com referências diretas para os
textos originais.

O livro dos mistérios


Jung decidiu que O Livro Vermelho, considerado o cerne da Psicologia


Analítica, só seria publicado após sua morte: sonhos, visões e
premonições do psiquiatra
A maior preciosidade da teoria junguiana só veio a público há três anos,
com a publicação de O Livro Vermelho ; Liber Novus: um compêndio de
ilustrações e textos elaborados em manuscrito caligráfico, no estilo dos
pergaminhos medievais. O livro foi escrito entre 1914 e 1930, e retrata
fortes experiências psíquicas vividas por Jung durante três anos: sonhos,
visões e premonições, que o incomodaram tanto a ponto de decidir
suspender as conferências e compromissos médicos. O primeiro, que
motivou o registro, é excessivamente perturbador: em 1913, ele viu toda
a Europa coberta por sangue e cadáveres.

;Jung julgou estar psiquicamente perturbado. Quando, no ano seguinte,


estourou a primeira grande guerra, com seu incontável número de mortos
e sofrimento para milhões, percebeu o caráter antecipatório de sua visão;,
explica Walter Boechat, revisor da tradução do livro para o português,
membro-fundador e ex-presidente da Associação Junguiana Brasileira
(AJB). O psiquiatra encontrou no relato minucioso e nas pinturas a
melhor forma de amenizar tais imagens, além de atribuir-lhes um sentido.

O conteúdo controverso o levou a decidir por uma publicação póstuma do


livro ; desejo que foi mantido pela família até o ano de 2000. Em sua
autobiografia, ele aponta o Livro Vermelho como o cerne para toda a
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Psicologia Analítica. No Brasil, o livro foi publicado pela Editora Vozes,


seguindo as mesmas dimensões e a qualidade de impressão anglo-
americana.

De polêmica e controvérsia

Curiosidade, coragem e humildade. Tais atributos são primordiais para


definir a postura de Jung diante de temas polêmicos, até então não
contemplados pela academia. Entre eles, a necessidade de nutrir valores
espirituais para a realização do indivíduo ; talvez o maior ponto de
divergência entre ele e Freud, o grande motivo do rompimento entre eles.
Jung defendia que a espécie do homem contemporâneo pode ser definida
como Homo religiosus ; traz a necessidade da crença em um princípio
unificador e totalizante, como um traço genético da fé. A maior prova
disso seria a manifestação religiosa como um bem inerente a todas as
culturas, independentemente do local ou do tempo. Esse conceito o levou
a ser interpretado erroneamente como um místico.

Joyce Werres, diretora de ensino do Instituto Junguiano do Rio Grande do


Sul (IJRS), avalia que um dos grandes méritos do psiquiatra foi buscar
informações em fontes não óbvias na época. Entre elas, as filosofias
orientais, mitologias, religiões e a alquimia medieval. Estudou a fundo
oráculos como o I Ching, o tarô e a astrologia. Era amigo de físicos como
Albert Einstein e com eles percebeu uma grande similaridade entre as leis
físicas e o dinamismo psíquico. ;Jung explorou todos os caminhos
capazes de atribuir sentido ao homem, pois esse é o diferencial de sua

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psicologia. Com sua grande erudição, agregou informações importantes


para explicar o funcionamento da psique, sem os reducionismos que
dominavam a ciência da época;, explica.

Esse aspecto faz com que a conceituação dos principais termos


junguianos seja tão complicada. O próprio Jung dizia que muitos de seus
conceitos não estavam concluídos. É o caso da sincronicidade: ele só se
decidiu a publicar suas ideias aos 75 anos, quase 30 anos depois de usar o
termo pela primeira vez em um discurso. Tais controvérsias são o tema
do congresso ;O lado mal dito de Jung;, a ser realizado em setembro pelo
IJRS. Os avanços científicos também ofereceram uma compreensão
maior de teorias estruturadas naquela época, e contestadas pela academia
ortodoxa. Hoje, a sincronicidade é apontada como uma possibilidade
plausível graças aos avanços na física quântica, que comprovam a
relatividade do tempo.

No entanto, os junguianos estão atentos ao mau uso das terminologias


criadas pelo psiquiatra suíço. Principalmente para evitar que a teoria se
transforme em alguma espécie de dogma. ;Ler sobre astrologia, I Ching e
alquimia na obra de Jung pode levar à falsa crença de que ele defendia o
misticismo, e não a psicologia. Esse é um erro de quem olha a produção
com superficialidade;, defende Tito Cavalcanti, membro-analista e ex-
presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica.

O que ele quis dizer


Sincronicidade

O termo foi criado por Jung para definir as ditas coincidências


significativas: eventos que aparentemente não correlacionados pelas leis
de causa-efeito, mas que, ao se realizarem, denunciam uma intensa
ligação entre si. Oferecem um novo sentido a pelo menos um dos
envolvidos. Os eventos sincronísticos são interpretados por Jung como
uma manifestação direta da sabedoria inata do inconsciente.

Arquétipos

São ideias conceituais ou padrões de percepção e compreensão psíquica


de determinado tema, formados pelo resultado de toda a experiência
humana sobre aquele mesmo tema. Por exemplo: o arquétipo da mãe
contém todos os atributos comuns à maternidade (o cuidado, a mama, a
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proteção etc. ; traços semelhantes em todas as mães, independentemente


da cultura ou do período histórico em que estejam inseridas). Os
arquétipos são herdados por todos os humanos. Não tem forma e só pode
ser percebido a partir das imagens arquetípicas, que se formam a partir
das experiências vividas por cada indivíduo. Não são negativos ou
positivos. Dão origem às mitologias.

Inconsciente coletivo

É o nível mais profundo do inconsciente formado pelos arquétipos e


pelos instintos, é o resultado de toda a experiência humana,
compartilhado por todos que pertencem à raça humana. O acesso ao seu
conteúdo, no entanto, é mais limitado: geralmente é percebido nas cisões
psicóticas, em experiências de êxtase, oráculos e em alguns sonhos.

Complexos

É formado por uma ideia arquetípica, em torno da qual se concentram


imagens resultantes de experiências ligadas a este tema. Essas imagens
são amalgamadas por afetos, as emoções ativadas. Cresce como uma bola
de neve. Na medida em que se desenvolve, o complexo ganha força e
autonomia, interferindo diretamente na consciência.

Self ou Si-mesmo

É o princípio unificador, regulador e organizador, e, ao mesmo tempo, a


representação da psique. É a sabedoria inata, a expressão da
individualidade. Jung o chamou de ;o deus em nós;. O Self não é Deus
em si (um conceito religioso), e sim a imagem divina que carregamos e
moldamos durante o nosso desenvolvimento. É o que nos norteia para o
caminho de realização de nossa existência ; a chamada individuação.

Da loucura à arteterapia

A psiquiatra Nise da Silveira foi a primeira a aplicar a Psicologia


Analítica no Brasil, base para a arteterapia
A ideia parece inconcebível: um paciente psicótico em surto,
completamente alheio da realidade e do autocontrole, toma nas mãos tinta
e pincéis e, com eles, produz imagens de grande força e expressividade.
Verdadeiras obras de arte. Na medida em que avança com o trabalho, o
comportamento se apazigua e surge a possibilidade de uma reinserção
social nos parâmetros ditos normais. Essa história foi vivida por centenas
de pacientes do Hospital Psiquiátrico D. Pedro II, do Rio de Janeiro.

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Tudo por iniciativa da médica alagoana Nise da Silveira, a grande


responsável pela inserção da psicologia junguiana no Brasil e também
por impulsionar a reforma manicomial no país.

Nise sempre foi vista como uma pessoa revolucionária ; não é à toa que
ficou dois anos presa no período da ditadura militar. Essa experiência foi
decisiva para que ela desenvolvesse um novo olhar sobre a loucura:
negava-se à aplicação de eletrochoques ou a reclusão individual dos
doentes, por exemplo. Em substituição, oferecia-lhes instrumentos para
que pudessem expressar a criatividade. ;Ela via que a expressão artística
despotencializava as emoções que tanto aflingiam os doentes. Eles
conseguiam dar forma e cores ao que sentiam;, explica Gladys
Schincariol, que foi estagiária de Nise em 1974 e hoje é a atual
coordenadora do Museu de Imagens do Inconsciente. O acervo, que passa
de 350 mil obras, é formado pela produção dos pacientes.

A amizade de Nise e Jung se iniciou em 1954, quando ela soube do


interesse do suíço pela simbologia das mandalas. Escreveu ao colega,
dizendo que vários de seus pacientes produziam, espontaneamente,
imagens circulares como os desenhos orientais estudados por ele. Jung a
chamou a expor os estudos que desenvolvia no Segundo Congresso
Internacional de Psiquiatria e, desde então, ficaram amigos e parceiros de
trabalho.

Nas diretrizes da Psicologia Analítica, o inconsciente registra todas as


impressões que tem do mundo a partir de imagens. Até mesmo quem
nunca enxergou carrega em si a capacidade de abstração imagética. Parte
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desse conteúdo nos é revelado diariamente, a partir dos sonhos. Juntos,


Nise e Jung perceberam que a expressão artística espontânea favorece a
organização dos elementos psíquicos, promovendo a cura ; bases para a
arteterapia. ;O alívio não surge somente nos psicóticos, mas também
naqueles indivíduos que têm dificuldades para enfrentar seus dramas e
conflitos pessoais;, completa Gladys.

Corpo e mente: separados, mas juntos


A visão integral de Jung para o homem correlaciona diretamente a psique


e o corpo, e não como entes separados que coexistem. Ele entendeu os
distúrbios físicos e psíquicos como formas de expressão de uma dinâmica
distorcida da psique. Percebeu também um intenso paralelo entre esses
dinamismos e as grandes questões da alma humana, manifestas nas
diferentes mitologias. Contestou assim a ideia de Nietsche: os deuses não
estão mortos, eles se transformaram em sintomas. Essa é a base da
psicossomática, que investiga a íntima relação entre mente e corpo.

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