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Conheça o significado de

"Carmina Burana", no Caderno


de Música
O Caderno de Música explica qual a relação entre a cantata Carmina
Burana, de Carl Orff, e as obras de mesmo nome do período
medieval.

Caderno de Música
No AR em 13/01/2018 - 11:45

O Caderno de Música deste sábado (13) responde à pergunta do


ouvinte Francisco, morador da Barra da Tijuca, do Rio de Janeiro,
que quer saber qual a relação entre a cantata Carmina Burana, de
Carl Off, e o conjunto de obras de mesmo nome do período
medieval.
O nome “Carmina Burana”, vem do latim e quer dizer “Canções de
Benediktbeuern”. Em 1847, nesta cidade alemã, o estudioso de
dialetos Johann Andreas Schmeller encontrou e publicou este
manuscrito composto por 254 poemas e textos dos séculos XI, XII e
XIII. Foi o próprio Schmeller quem deu o nome de “Carmina
Burana”.

Estes textos que compõem o manuscrito “Carmina Burana"


tratavam-se de poesias de caráter profano escritas por diferentes
poetas, com culturas e ideologias diversas e, por isso, os seus
estilos são bastante diversificados. Encontramos textos picantes,
satíricos, irreverentes, e podem falar sobre diversos temas da vida,
como amor, sexo, bebidas, prazeres, críticas ao clero, entre outros.
Essas peças eram escritas em latim medieval, alternados com
trechos em francês provençal, médio–alto-alemão e até
macarrônicas, numa mistura de latim vernáculo com alemão ou
francês. 

Em 1936, o compositor alemão Carl Orff pegou cerca de 20 dos


254 poemas de Carmina Burana e os musicou de forma totalmente
nova, embora imitasse algumas características musicais típicas do
período medieval.

O Fortuna / És como a Lua / Mutável, Sempre aumentas / Ou diminuis; A


detestável vida / Ora oprime E ora cura / Para brincar com a mente; Miséria,
Poder, Ela os funde como gelo”

– O Fortuna Imperatrix Mundi


Essas são as palavras que iniciam a famosa composição de Carl Orff escrita
no séc. XX, Carmina Burana.

Esse começo arrebatador, tão utilizado em trilhas sonoras para causar uma
imponência ou até mesmo terror discute a inconstância da roda da
fortuna, ou seja, do destino, da sorte, da ventura ou do acaso: estamos
todos sujeitos ao imprevisível.

A Roda da Fortuna

Mas o que significa Carmina Burana e da onde veio o texto dessa obra?
O nome Camina Burana significa Canções de Benediktbeuren. Que nome
esquisito, não é mesmo? Benediktbeuren foi a abadia, na Alemanha, onde
essas canções, ou melhor, o Códex Buranus foi encontrado no séc. XIX.
O que é o códex Buranus?
Um códex é um conjunto de textos. Nesse caso, ele foi escrito em 1230 e
contém 254 poemas que falam sobre zombaria, juventude, amor e vícios
como a bebida. Esses poemas estão escritos em latim e alemão
medievais. Além disso, alguns desses textos têm indicações musicais
daquele período, que são bem diferentes da notação de música atual.

Página do Códex Buranus

E quem escreveu esses textos?


Pois bem, foram os Goliardos. Eles eram monges, estudantes e
frades que frequentavam as tabernas, onde eles compunham
vários desses versos, desiludidos com o clero. Praticamente os
textos satirizam a igreja, são carregados de erotismo e enaltecem a
juventude, em especial o vinho.

O tema dos goliardos era muito semelhante à ideia do Carpe Diem


(aproveite o momento):

“Edamus, bibamus, gaudeamus!”

(Comamos, bebamos, folguemos!)


A música de Carl Orff
Carl Orff, então, musicou 24 desses versos do códex e criou esta
famosa cantata profana. Carmina Burana de Orff é emoldurada
por este símbolo da Roda da Fortuna: uma roda que gira
permanentemente e pode trazer sorte ou azar.
O Fortuna Imperatrix Mundi, que se direciona à Deusa da Fortuna,
abre e encerra esta peça.

“A roda da Fortuna gira; eu desço, diminuído; outro é levado ao


alto; lá no topo senta-se o rei no ápice? Que ele tema a ruína! Pois
sob o eixo lemos o nome da Rainha Hécuba”.

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