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Feminilidade e diferença sexual na situação de análise

Tarcila de Castro S. Machado

Para a psicanálise, a sexualidade é um conceito central cujo entendimento difere


daquele das ciências naturais, sociais ou do senso comum. Para a primeira, a sexualidade é o
conteúdo psíquico inconsciente definido pelo seu caráter traumático, conflitivo e fantasístico,
afastado do registro corporal, embora ancorado nele. Trata-se da dimensão pulsional e
fantasmática da sexualidade. Para os demais entendimentos, a sexualidade diz respeito às
atividades sexuais manifestas, ligadas aos prazeres do corpo real vinculados à dimensão
sensorial. No entanto, o construto freudiano da sexualidade dialoga necessariamente com este
último, abrindo o espaço de discussão entre o que seja o “sexual” e o “sexuado”. O sexual é
polimorfo quanto à fonte e ao objeto e está circunscrito à dimensão do psíquico. O sexuado
tem ligações estreitas com a dualidade dos sexos,com as duas anatomias.

Freud elabora sobre a diferença sexual nos Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade
(1905/1996). O objeto de sua teoria é a sexualidade infantil que se constituiria a partir do
auto-erotismo e do caráter perverso e polimorfo das zonas erógenas. A diferença entre os
sexos ainda não estaria definida. A sexualidade da menina teria um caráter masculino, ativo,
pois a libido seria, regularmente, de natureza masculina.

A diferenciação entre os sexos é um tema de relevo na teoria e na prática analítica. A


peculiaridade psicanalítica é a de que esta diferença entre dois é formulada em termos
libidinais. A diferença anatômica entre os sexos levaria cada um dos seus representantes,
homem e mulher, a diferentes organizações psíquicas por meio dos complexos de Édipo e de
castração.

Ocorre que a opção ética de Freud foi a de definir o desenvolvimento da sexualidade


masculina e feminina a partir de um monismo sexual. Embora tenha aberto mão da idéia de
que a libido seria essencialmente masculina ou fálica, afirmando não se poder atribuir nenhum
sexo à libido (Freud, 1933 [1932]/1996), os processos libidinais moldados para servir à função
masculina servirão de paradigma à sua teoria. Segundo a pregnância do modelo masculino e
da lógica fálica, os caminhos percorridos pela libido definirão a organização da sexualidade
masculina e feminina. A diferença entre os sexos é, portanto, formulada a partir da construção
fálico-edipiana, tomando como premissa a primariedade da masculinidade sobre a
feminilidade. No princípio, todos seriam meninos, uns dotados de pênis e outros de um pênis
diminuído, o clitóris, cujos processos de identificação seriam primariamente com o pai para,
em seguida, ou simultaneamente, darem lugar aos processos de investimento libidinal na mãe.

O complicador no caso das meninas é que teriam que, ao se descobrirem castradas,


abandonar o prazer clitoridiano e o investimento na mãe para conquistarem a feminilidade,
dando entrada ao desejo edipiano pelo pai. Embora o conceito de feminilidade tenha um
longo e controverso percurso na teoria freudiana, a feminilidade definiu-se como esta
conquista secundária a ser alcançada no final da organização da sexualidade das mulheres.

É na alusão freudiana ao feminino que encontramos de maneira mais acentuada a falta


de mediações e delimitações claras entre o sexo, o gênero e o sexual. Para Freud, a
feminilidade é um atributo psíquico que a mulher conquista na puberdade mediante a
repressão da masculinidade inicial (sexualidade clitoridiana), derivada da descoberta da
menina de que é castrada. A posição feminina corresponde à passividade pulsional, diferente
de uma passividade psicológica, comportamental, sendo necessária uma boa dose de atividade
para se alcançar um fim passivo. E o termo mulher diz respeito ao destino subjetivo dos
indivíduos marcados pela falta de pênis que, após um longo percurso, se darão com a
realidade anatômica e fisiológica da vagina, representada psiquicamente pela feminilidade
segundo a posição feminino-passiva. Mas, estes aspectos descritivos da feminilidade não são
continuamente sustentados e não são claros os seus aspectos dinâmicos – Freud fala que a
feminilidade seria dar preferência a fins passivos; confere à feminilidade medidas próprias de
uma teoria de gênero, advertindo sobre a influência dos costumes sociais que compelem as
mulheres à situação de passividade; afirma que a distinção anatômica irá se expressar em
conseqüências psíquicas embora haja traços de feminilidade nos homens; fala da relação
constante entre feminilidade e vida instintual, embora afirme também haver maior coerção da
libido quando ela serve à função feminina; as mulheres não teriam o mesmo grau de exigência
moral dos homens pelos prejuízos que estas sofrem na formação do superego; faz coincidir
feminilidade com supressão da agressividade, definindo o masoquismo como verdadeiramente
feminino e o feminino como definitivamente infantil; por fim, afirma que o consolo do analista
é levar o paciente a alterar sua atitude para com o repúdio da feminilidade.

Estas afirmações não concorrem em favor de um conceito claro sobre o tema. Há uma
alternância entre a feminilidade como experiência favorável, equiparada à resolução do
complexo de castração mesmo nos homens, como sugere o texto de 1937, o que traria uma
positivação do registro de feminilidade na vida psíquica e, de outro lado, a idéia de
feminilidade associada à mulher, entidade limitada quanto aos processos de elaboração da
sexualidade infantil e quanto à capacidade de simbolização. As perturbações no
desenvolvimento da feminilidade se deveriam “aos fenômenos residuais do período masculino
inicial” (Freud, ibid., p. 130). Neste sentido, a questão freudiana sobre a diferença sexual é
como uma menina se tornará mulher.

No caso dos meninos, sairiam do Édipo pela angústia de castração, livres do ônus de
abandonarem o valor narcísico do pênis, muito ao contrário, o mantendo como motor da
“dissolução” do desejo edipiano. Em razão do realce dado na teoria às conseqüências psíquicas
da crença infantil sobre a existência do pênis em ambos os sexos, diz-se da primazia do falo,
sendo este o operador psíquico de todas as formações do inconsciente.

Haveria, até aqui, apenas um registro da sexualidade, não existindo propriamente uma
diferença, mas pares de opostos em torno do falo. O repúdio da feminilidade estaria apoiado
em uma única referência, o falo, nos dois sexos.

O que perturba esta ordem é a teoria do recalque de 1915, quando Freud retoma a
metapsicologia dos afetos e das representações e, mais tarde, o aspecto econômico da nova
teoria das pulsões. Da Interpretação dos Sonhos até então, a ênfase se deu nas representações
para, mais tarde, dar lugar a questão das intensidades e da força das pulsões. Segundo Green
(1988), ainda que Freud tenha considerado a representação inconsciente investida de afeto
(afeto bloqueado na raiz da histeria), o método da cura pela fala sugeria que as
representações, mais íntimas à linguagem, solucionassem as vicissitudes dos afetos. O autor
fala de um tipo de afeto integrado que introduz-se nas formações inconscientes e um outro
tipo que, em razão de sua intensidade e significado, transborda da cadeia inconsciente, “como
um rio que deixa seu leito e desorganiza as comunicações, destruindo as estruturas
constituintes de sentido ou compreensão” (Green. 1988, p.209). Diz que se a representação
tem posição privilegiada no começo, talvez fosse pela possibilidade de ilustração e
demonstração que oferecia.

Pensando o repúdio da feminilidade entre os construtos da pulsão, do afeto e da


representação: para Freud (1915b/1996), só é possível saber da pulsão se ela adere a uma
representação ou se manifesta como estado afetivo. A pulsão se exprimiria em dois registros:
do afeto e da representação. Em O Recalque (1915a/1996) ele afirma que o movimento
pulsional compreende quantitade de energia libidinal e representação, em outras palavras,
haveria libido por um objeto. O movimento pulsional, quando recalcado, o recalque seria da
representação. Quanto ao afeto, expressão qualitativa de energia pulsional, ele seria
parcialmente retido; o que passa, passaria transformado. Doravante, afeto e representação
seguiriam caminhos distintos. O afeto desligado de sua representação original se transformaria
em angústia, desqualificando a libido em angústia. Quando o movimento pulsional tenta
irromper novamente, o afeto de angústia se ligaria a representações substitutivas, impedindo
a pulsão de retornar, tentando dominar, ligar a anergia livre do afeto. A representação
substitutiva do objeto de angústia se daria sobre os objetos passíveis de serem encadeados em
uma lógica secundária. Este processo levaria a um projeção no real do perigo pulsional – como
se a angústia não viesse pelo movimento pulsional, mas de um perigo real do qual o Eu se
protege através dos processos secundários. Entendemos que quando o Eu adere ao valor do
pênis, o afeto de angústia, livre, se liga à representação masculina, substitutiva do
representata da passividade, original do afeto livre. Seria deste momento em diante que a
angústia seria de castração. Os afetos adeririam a representações que pudessem fazer frente à
pressão pulsional, que possibilitassem escoamento fracionado mediante catexia libidinal em
idéias encobridoras dos representantes primários. O perigo primordial, então, não seria o da
castração. A castração é que derivaria do perigo que a pulsão e o afeto livre representam para
o Eu. O repúdio à atitude passiva, egossintônico, diria respeito ao reforço do recalcamento
secundário ao recalcamento dos prmeiros representantes pulsionais vinculados às
experiências precoces pautadas pela passividade radical. Mas, os afetos, mesmo ligados a
representações substitutivas fálicas, requisitariam do Eu permanente atenção de manter
isolados os representantes originais da pulsão, intoleráveis ao Eu.

Quando o analista se defronta com a inveja do pênis e a luta contra a passividade, o


possível de aceder à consciência é que ele esteja diante da criança fálica. Mas, pelo que Freud
nos ensina sobre afetos e representações, podemos inferir que a castração é uma tradução
representacional que está no lugar de uma outra representação, não fálica, cujo afeto
correspondente não pode emergir sob pena de o sujeito entrar no domínio de angústias muito
primitivas, vinculadas ao estado de desamparo originário, de passividade radical em relação à
violência pulsional. Quando o analista se defronta com o repúdio da feminilidade, não estaria
apenas diante da criança fálica, mas do infantil passivo e recalcado pelo recalcante fálico.

Em um modelo que não seja fundado sobre um único refernte, o que estaria em jogo
no repúdio da feminilidade não seria apenas a negação da castração. Mais abaixo, seria
negação a um conjunto de referências que submeteriam o indivíduo à orfandade de um centro
significante estruturante; o deixaria submetido à oposição de dois referentes fundamentais,
onde a passividade originária remeteria ao desamparo, ao descentramento, à feminilidade e
esta seria a sua realidade última, por ser a primeira, originária. A falicidade seria uma defsa
necessária, mas não poderia presumir a sua natureza psíquica. A recusa da castração seria uma
saída, uma espécie de falso dilema para a angústia do desamparo. Melhor ser ameaçado pela
lei do pai, lei que se pode recusar, que por uma lei que está acima do pai que também o
submete, a lei da vulnerabilidade frente o mundo interno das pulsões e externo, o sexual
infantil do outro, vulnerabilidade inscrita como feminilidade primitiva no inconsciente.

Para além da organização fálica da subjetividade e da sexualidade masculina e


feminina, haveria um outro registro do sexual, do erógeno: o da feminilidade-passividade,
vinculada ao inconsciente primordial.

Destaco, nesse trabalho, a importância que o tema da diferença sexual e da


feminilidade acarretam para a prática analítica. Freud definiu como sendo o maior obstáculo à
intervenção do analista, em ambos os sexos, o repúdio da feminilidade. Os termos em que ele
coloca a questão em 1937 deixam entreabertas novas possibilidades de compreensão da
feminilidade e das raízes do seu repúdio. Se até então somos levados a pensar que o repúdio
da feminilidade seria simplesmente a fixação na masculinidade inicial, neste texto ele fala da
luta empreendida por ambos os sexos entre o esforço por ser masculino e a atitude passiva.

Segundo o autor, seria uma exigência imposta ao Eu o recalcamento da atitude


passiva, podendo levar ao outro extremo, as super compensações fálicas. Haveria uma sintonia
entre o Eu e o esforço por ser masculino. O texto de Freud é ambíguo nesta passagem,
conforme indica Ribeiro (1997): para que o repúdio da feminilidade fosse egosintônico,
embora Freud negue os fundamentos biológicos da repressão enérgica que o homem põe em
marcha contra a atitude passiva, seriam os fundamentos biológicos que garantiriam ao Eu a
sintonia com o sexo anatômico.

Mas, penso que toda esta luta do Eu por ser masculino não poderia ser imputada à
presença no inconsciente de uma tendência dos primeiros impulsos libidinais ao complexo de
masculinidade, como afirmara Freud em 1931. Pois, se assim fosse, não se justificaria a
barreira de oposição entre o Eu e o núcleo do inconsciente e nem tamanho esforço. Deveria,
então, haver no núcleo do inconsciente um fator de pressão intensa e oposição radical àquele
esforço. Pela lógica do recalque, se o Eu se ancora no desejo de masculinidade, rechaçando
energicamente a atitude passiva através do recalcamento secundário, o conteúdo do
recalcado originário que lhe faria pressão e que poderia acolher por afinidade a atitude passiva
indesejável ao Eu teria ligações diretas com a passividade. Por isso, o Eu destinaria ao
recalcado originário a atitude passiva. Esse recalcado, por ser opositivo e requisitar do Eu um
mecanismo de defesa tão radical como o da recusa, certamente seria destituído das
representações com as quais o Eu mantém sintonia. Poderíamos supor, então, que o recalcado
originário fosse marcado pela passividade, associada posteriormente à feminilidade via
recalcamento secundário. A passividade-feminilidade seria um referente primário. Para
Ribeiro (1997), a idéia de repúdio da feminilidade e sua implicação enquanto mecanismo
defensivo do recalcamento, bastaria para situar a feminilidade do lado recalcado. Freud se
recusaria a ver o repúdio da feminilidade como uma força recalcante, acabando por tomá-lo
como um dado biológico associado ao grande enigma do sexo.

Antes das conseqüências psíquicas da diferença anatômica dos sexos e da


consolidação da lógica fálica que conduz à diferença sexual, haveria, por este caminho, um
percurso de oposição entre, de um lado, uma passividade originária que permite o excesso
pulsional traumático ter lugar na formação do inconsciente e, de outro lado, a formação do Eu
com seus efeitos recalcantes.

Passo, então a considerar que o modelo do funcionamento psíquico ancorado


exclusivamente no significante falo não seria o bastante para explicar o repúdio da
feminilidade. Outro registro psíquico opositivo existiria e representaria para o Eu, do ponto de
vista econômico, uma grande ameaça, pois estaria vinculado à força e à intensidade das
pulsões não ligadas a representações de sexo ou de diferença sexual no inconsciente. Afinal,
pela via do pulsional, o inconsciente não conhece exclusão de um sexo por outro. A
passividade só se definiria como feminilidade num segundo tempo, quando a fase fálica se
encontra no limite do seu apogeu e de seu declínio, às vésperas da assunção da diferença
sexual. Esta feminilidade, já associada à castração no interior do Eu, será recalcada por duas
forças: a de atração que o recalcado originário passivo exerce sobre ela por afinidade, e a de
repulsa do Eu a tudo que diz respeito à feminilidade-passividade das origens. Esta ação
psíquica de repúdio da feminilidade atende não só às referências fálicas, mas também à força
de outro registro, que só pode ser pensado como alteridade em relação ao Eu. Este registro é o
de feminilidade.

Penso que quando o analista reproduz em análise as funções do Eu do paciente,


concebendo o sujeito psíquico pelo exclusivo referente fálico, dividido entre ter ou não pênis,
ser fálico ou castrado, masculino ou feminino, pautado pela inveja do pênis ou horror da
castração, e se esta falicidade é concebida como núcleo do inconsciente, não cabe, na teoria e
prática, nenhuma outra saída para a superação deste impasse, restando, como nas palavras de
Freud (1937/1996), o consolo do analista de levar a pessoa analisada a reexaminar e alterar
sua atitude para com o repúdio da feminilidade.
Não caberia neste trabalho a exposição dos referenciais teóricos que me permitem
vislumbrar as origens não-fálicas da sexualidade e, ainda, a feminilidade como um registro
diferenciado do fálico e não derivado originariamente dele. Apenas gostaria de colocar em
questão o significado da intransponibilidade do repúdio da feminilidade anunciada por Freud.
Claro que é fundamental à estruturação da subjetividade o papel das referências fálicas, o seu
apoio ao esforço de coesão do Eu, o seu papel de fazer oposição à passividade radical das
origens, de conduzir o sujeito a uma identidade de sexo fixa e à consolidação das
idiossincrasias que definem as suas peculiaridades, seus modos de manejo dos conflitos
psíquicos. A partir do Édipo e da castração, o Eu se fará representar por um sexo, buscando
não só a garantia da coesão, síntese e totalidade de sua imagem, mas afirmando-se como
identidade sexuada. O Édipo/castração tem o papel normativo de lei cuja função é a de
organizar a sexualidade infantil e dirimir os conflitos internos ao Eu entre as identificações
masculinas e femininas. Mas, por outro lado, é o recalcado feminino que teria uma ligação
primordial com o atributo de plasticidade psíquica, favorecendo a expansão dos recursos
psíquicos e possíveis alterações nas formações sintomáticas derivadas do Eu que acarretam
sofrimento psíquico. Como aponta Laplanche (1992), a morte do psiquismo se dá não só pela
ausência da inscrição do Édipo/castração, mas também pela rigidificação e síntese excessiva,
morte do psiquismo pelo Eu.

A feminilidade-passividade seria aquilo que faria oposição ao Eu. Quando a


passividade-feminilidade é recalcada, haveria um desmembramento dos seus elementos
representacionais que a aproximariam da condição de fragmentação característica do
pulsional puro. Seria deste caráter de fragmentação do recalcado que se poderia vislumbrar a
dissolução das formações cristalizadas do Eu vinculadas aos sofrimentos psíquicos, podendo
dar lugar ao processo de construção em análise. Cada avanço do processo analítico diria
respeito a uma pequena morte do Eu mediante a sua rendição à atitude passiva alimentada
pela força pulsional do recalcado feminino.

Laplanche(1993) afirma, em outro texto, que a clivagem interna que diz respeito ao
outro em si mesmo, que representa a alteridade interna, é o que está na raiz da angústia face
à alteridade externa. Para ele, esta angústia é que se deve procurar reduzir a qualquer preço
em análise.

Penso que a expressão mais visível desta angústia é a recusa da feminilidade, posto
que o outro clivado, segundo a presente argumentação, é a passividade-feminilidade. Para que
a análise se ancore na associação livre, a fala do analisando não poderia encontrar no analista
os limites de uma concepção de Eu coeso e identificado às representações fálico-sexuadas,
pois a recusa da feminilidade se confirmaria como finitude do processo analítico. Mesmo a
atenção flutuante, condição psíquica necessária ao analista, seria inviabilizada na ausência de
uma passividade-feminilidade ao que vem do outro. Por esse caminho, o maior obstáculo à
análise seria o repúdio da feminilidade no analista, fechando portas para o acontecimento da
alteridade.

Bibliografia

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______ (1915a). O recalque. In Escritos sobre a psicologia do inconsciente, vol.1, Rio de

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______ (1933 [1932]). Novas Conferências introdutórias sobre a psicanálise. In ESB, vol. XXII,

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_______ (1937). Análise Terminável e Interminável. In ESB, vol. XXIII, Rio de Janeiro:

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Laplanche, J. (1992). Novos fundamentos para a psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

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