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AVALIAÇÃO DA

APRENDIZAGEM

Patrícia Cesar Gonçalves Pereira


M.s. Interdisciplinar em Ciências Humanas
A aprendizagem da avaliação

No Brasil, começamos a falar em avaliação da


aprendizagem no final dos anos de 1960 e início
dos anos 1970 do séc XX, portanto temos cerca de
40 anos tratando desse tema e dessa prática
escolar. A LDB de 1961 contém um capítulo sobre
os exames escolares e a Lei 5692/71 deixou de
utilizar a expressão “exames escolares” e passou a
usar a expressão “aferição do aproveitamento
escolar”. Somente a LDB/96 se serviu da expressão
“avaliação da aprendizagem” no corpo legislativo.
Avaliação da Aprendizagem Escolar

Necessitamos “aprender a avaliar”, pois ainda


estamos mais examinando do que avaliando.

O que significa “aprender a avaliar”? Significa aprender


os conceitos teóricos sobre avaliação, mas
concomitante a isso, aprender a praticar a
avaliação, traduzindo-a em atos do cotidiano.
Aprender conceitos é fácil, o difícil mesmo é passar
da compreensão para a prática.
AVALIAÇÃO E REGISTRO
QUAIS REGISTROS?
Quando percebi, tudo já havia acontecido. O radio ficou mudo e, apesar de
mais pessoas estarem por perto, lá estava eu, sozinho com os meus
pensamentos...
O frio que eu sentia era diferente. Entrava pela pele e doía nos ossos, fazendo
meu corpo todo tremer. Desapertei a gravata e tirei o paletó. Tentei manter a
calma e abri lentamente a janela. Com muito esforço saí, mas não conseguia
perceber exatamente onde eu estava. Meus
movimentos eram lentos e desajeitados...
Já não me importava com coisas materiais... meus documentos, dinheiro, meu
carro ou qualquer coisa assim. Consegui tirar os sapatos, que me
incomodavam muito, e tentei me dirigir para a única direção onde
provavelmente encontraria um poste. Foi quando vi a mulher tentando pegar o
cachorro: comecei a rir sem parar e apoiei meu corpo cansado em cima de um
muro. Passou por mim um garoto assustado puxado por seu pai, um guarda
com uma velhinha e um rapaz tranquilo que aparentemente me conhecia, pois
disse um "oi, tudo sob controle ai? e foi embora. Nesse momento comecei a
entender como o trágico mora perto do cômico!
Aos poucos consegui chegar a uma padaria que recebia quase todo mundo
que escapava. Tomei um conhaque e como bom brasileiro fiquei trocando
ideias e procurando soluções para os problemas do mundo com meus novos
amigos...
QUESTÕES

Por que o rádio ficou mudo?

Por que a personagem tirou o paletó, desapertou a


gravata e
abriu a janela se sentia frio?

Por que os sapatos o incomodavam?

Por que eles se dirigiu a um poste?

Por que ele apoiou em cima do muro e não no muro?


Do trânsito necessário dos exames escolares
para a avaliação da aprendizagem

Na escola, histórica e sociologicamente, estamos


prisioneiros do modelo dos exames escolares. Transitar
para a prática da avaliação da aprendizagem exige
compreensão teórica e investimento em novas práticas.
Avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos
sobre a pedagogia do exame
 O nosso exercício pedagógico escolar é
atravessado mais por uma pedagogia do
exame que por uma pedagogia do
ensino/aprendizagem.
 Atenção na promoção
 Atenção nas provas
 Os pais estão voltados para a promoção
 O estabelecimento de ensino está centrado
nos resultados das provas e exames
 O sistema social se contenta com as notas
obtidas nos exames
Verificação ou Avaliação: o que pratica a
escola?

 Na prática da aferição do aproveitamento escolar,


os professores realizam, basicamente, três
procedimentos sucessivos:
 Medida do aproveitamento escolar;
 Transformação da medida em nota ou conceito;
 Utilização dos resultados identificados
 A escola opera com verificação e não com avaliação
da aprendizagem
SE AVALIAR É PRECISO,
É PRECISO ASSEGURAR
A APRENDIZAGEM...

-
Era uma vez...
(Adaptado de PATTON, Michael Quinn. Utilization-Focused Evolution. Londres: sage Pub,1997, p. 45 – 46)

Uma rainha que vivia em um grande castelo.

Ela tinha uma varinha


mágica que fazia as
pessoas bonitas ou
feias, alegres ou tristes,
vitoriosas ou
fracassadas.
Como todas as rainhas,
ela também tinha um
espelho mágico.
Um dia, querendo avaliar sua beleza, também, ela perguntou ao
espelho:

Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?


O espelho olhou bem para ela e respondeu:

Minha rainha, os
tempos estão mudados.
Esta não é uma
resposta assim tão
simples. Hoje em dia,
para responder a sua
pergunta eu preciso de
alguns elementos mais
claros.
-- Veja bem! - respondeu o espelho - Em primeiro lugar, preciso
saber por que Vossa Majestade fez essa pergunta, ou seja, o que
pretende fazer com minha resposta. Pretende apenas levantar
dados sobre seu “ibope” no castelo?

Pretende examinar seu nível de


beleza, comparando-o com o de
outras pessoas, ou sua avaliação
visa ao desenvolvimento de sua
própria beleza, sem nenhum
critério externo? É uma
avaliação considerando a norma
ou critérios predeterminados?
De toda forma, é preciso, ainda,
que Vossa Majestade me diga
se pretende fazer uma
classificação dos resultados.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe
ocorreu perguntar:

- Como assim?
E continuou o espelho:

-Além disso, eu preciso que Vossa


Majestade me defina com que
bases devo fazer essa avaliação.
Devo considerar o peso, a altura, a
cor dos olhos, o conjunto? Quem
devo consultar para fazer essa
análise? Por exemplo: se consultar
somente os moradores do castelo,
vou ter uma resposta; por outro
lado, se utilizar parâmetros
nacionais, poderei ter outra resposta. Entre a turma da
copa ou mesmo entre os anões, a Branca de Neve ganha
estourado. Mas, se perguntar aos seus Conselheiros, acho
que minha rainha terá o primeiro lugar.
Depois, ainda tem o seguinte –
continuou o espelho:

Como vou fazer essa


avaliação? Devo utilizar
análises continuadas?
Posso utilizar alguma
prova para verificar o
grau dessa beleza?
Utilizo a observação?
Finalmente, concluiu o espelho:

Será que estou sendo justo?


Tantos são os pontos a considerar....
Vamos refletir?
Ao avaliar, o professor deverá:
 Coletar, analisar e sintetizar mais objetiva possível, as
manifestações das condutas cognitivas, afetivas, psicomotoras dos
educandos, produzindo uma configuração do efetivamente
aprendido;
 Atribuir uma qualidade à configuração da aprendizagem, a partir de
um padrão (expectativa) preestabelecido e validado pela
comunidade de educadores;
 Tomar uma decisão sobre as condutas docentes e discentes a
serem seguidas:
 - reorientar imediatamente a aprendizagem ( se de qualidade
insatisfatória)
 - encaminhar para passos subsequentes da aprendizagem ( se de
nível satisfatório)
Avaliação da aprendizagem... mais uma vez

 O ato de examinar está voltado para o passado, pois


deseja saber do educando somente o que ele já
aprendeu; o que não aprendeu não traz nenhum
interesse. Investe no produto.
 O ato de avaliar investiga a qualidade do desempenho
dos estudantes, tendo em vista proceder a uma
intervenção para melhoria dos resultados. A avaliação é
diagnóstica: é importante o que o aluno aprendeu e o
que não aprendeu, indicando intervenções de
reorientação até que aprenda. Investe no processo,
pois o que se busca é o melhor produto.
É possível existir ensino sem aprendizagem ?
Recuperação não é aplicar prova:
é ensinar mais de outras maneiras, em outros
espaços, talvez com outros recursos.
Então o que dizer os objetivos de avaliar?

A avaliação serve para orientar o trabalho do


professor e não para classificar os alunos. Artigo 24
da LDB.
Lembrar sempre que os alunos aprendem
e manifestam a aprendizagem de formas
diferenciadas.

Essa constatação por meio da avaliação possibilitará ao


professor repensar seu trabalho, se for o caso, Encaminhar
alunos ao serviço que se apresente como
necessário.
Lembrar sempre que, em se tratando de avaliação, o conselho
de Jussara Hoffmann é importante: “Respeitar primeiro, avaliar
depois”.
Avaliação Diagnóstica
 Diagnóstico das necessidades especiais e específicas do
aluno;
 Conhecer melhor esse aluno;
 Quais os conteúdos são necessários para alcançar as
competências e habilidades previstas para determinada
sala de aula, em determinada semana , mês e bimestre?
 Quais conhecimentos o aluno já possui nesta disciplina?
 Quais conhecimentos o aluno está em vias de
desenvolver nesta disciplina?
Avaliação Contínua
sem fragmentação
A avaliação deve ser adaptada , com a
finalidade de demonstrar resultados
fidedignos ao desenvolvimento do aluno,
sempre com base o desenvolvimento das
competências e habilidades propostas no
momento da adaptação dos conteúdos,
tendo em vista a avaliação como um
processo.
 Avaliação sempre inclusiva, adaptada e
Avaliação Institucional
É uma construção coletiva de
questionamentos, é uma resposta ao desejo
de ruptura das inércias, é um pôr em
movimento um conjunto articulado de
estudos, análises, reflexões e juízos de
valor que tenham alguma força de
transformação qualitativa da instituição e do
seu contexto, através da melhora dos seus
processos e das relações psicossociais. (DIAS
SOBRINHO, J. Avaliação da educação superior. Petrópolis: Vozes,
Avaliação Externa
Avaliação em que o sujeito que avalia é
externo ao local onde o objeto avaliado é
desenvolvido, o qual consiste naquilo que o
aluno deveria saber naquela etapa ou ano de
escolaridade, previsto por órgãos normativos.
Ela é elaborada a partir de uma Matriz de
Referência, que fornece transparência e
legitimidade ao processo de avaliação, e
consiste em um recorte do currículo, daquilo
que tem relevância e pode ser aferido.
LDB, artigo 3º, princípio IX
Estabelece os princípios básicos com que o
ensino deverá ser ministrado, dentre os quais
se destaca a garantia do padrão de
qualidade. Os princípios estão intimamente
ligados às formas de amparar a organização
dos sistemas educacionais, por meio da
articulação da avaliação formativa do aluno, da
avaliação externa das redes de ensino e da
avaliação institucional.
DINÂMICA DA
COMUNICAÇÃO
Proposta de Atividade

 Vídeo: Objetivo e Planejamento

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