Este documento analisa os impactos da exploração florestal nas comunidades locais na província de Nampula, Moçambique. Estuda casos em distritos como Lalaua, Malema, Mongincual e Memba e descobre que os benefícios das taxas de exploração florestal nem sempre foram aplicados como previsto ou tiveram impacto duradouro devido à falta de manutenção. Também encontra impactos ambientais como o empobrecimento das florestas devido ao corte ilegal de árvores.
Este documento analisa os impactos da exploração florestal nas comunidades locais na província de Nampula, Moçambique. Estuda casos em distritos como Lalaua, Malema, Mongincual e Memba e descobre que os benefícios das taxas de exploração florestal nem sempre foram aplicados como previsto ou tiveram impacto duradouro devido à falta de manutenção. Também encontra impactos ambientais como o empobrecimento das florestas devido ao corte ilegal de árvores.
Este documento analisa os impactos da exploração florestal nas comunidades locais na província de Nampula, Moçambique. Estuda casos em distritos como Lalaua, Malema, Mongincual e Memba e descobre que os benefícios das taxas de exploração florestal nem sempre foram aplicados como previsto ou tiveram impacto duradouro devido à falta de manutenção. Também encontra impactos ambientais como o empobrecimento das florestas devido ao corte ilegal de árvores.
de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula O Impacto da Exploração Florestal no Desenvolvimento das Comunidades Locais nas Áreas de Exploração dos Recursos Faunísticos na Província de Nampula
Carlos Manuel Serra (coordenador)
António Cuna Assane Amade Félix Goia Introdução • Papel dos recursos naturais no desenvolvimento local • Advento de quadro legal de florestas e benefícios para as comunidades • Processo de descentralização em curso • Falta de estudos que se debrucem sobre os impactos reais na vida das comunidades locais Objectivo geral • Analisar os impactos das actividades de exploração florestas no meio rural na província de Nampula, especialmente no seio das comunidades em cujas áreas tenham decorrido exploração florestal, com alocação dos benefícios decorrentes dos 20% das taxas de exploração florestal prevista na legislação florestal. Objectivos específicos: 1. Identificar e analisar os impactos económicos, sociais e ambientais das actividades de exploração florestal no meio rural, especialmente no seio das comunidades beneficiárias dos 20% das taxas de exploração florestal; 2. Estudar os processos de governação participativa, incluindo o modelo e mecanismos de deliberação sobre a afectação de recursos para desenvolvimento comunitário. 3. Identificar outras modalidades de beneficiação das comunidades, especialmente no decurso das consultas comunitárias e negociações com os operadores florestais; 4. Verificar o grau de aplicação da legislação florestal e a capacidade de fiscalização do cumprimento desta mesma; 5. Estudar as dinâmicas sociais e de poder relacionados com a afectação de recursos nas comunidades, incluindo o papel das administrações distritais, postos administrativos e de localidade, bem como as lideranças comunitárias e Comités de Gestão dos Recursos Naturais (CGRN); Hipótese principal: • As comunidades locais têm-se beneficiado do estipulado no quadro jurídico-legal sobre os benefícios reservados às comunidades em resultado da exploração de recursos florestais nas áreas ocupadas pelas comunidades. Técnicas e métodos de investigação • Recolha e análise documental • Estudo de caso • Entrevistas semiestruturadas • Reuniões participativas • Observação no terreno Província de Nampula • Superfície de 78.197 km² • População projetada para 2014 -- 4 887 839 de pessoas • 2 771.4 milhões de hectares • 35% do território da província • 8.° lugar em termos de cobertura florestal • Potencial de florestas produtivas 2.316.8 milhões ha • 454.6 milhões de hectares de florestas não produtivas Distritos estudados Lalaua (interior) Mongincual (litoral)
Malema (interior) Memba (litoral)
Dificuldades • Acesso à informação (dados governamentais) • Estado das vias • Chuvas intensas (Fevereiro) • Comunicações na comunidade Estrutura • Capítulo I - Caracterização geral da província de Nampula e distritos de Lalaua, Malema, Mongincual e Memba; • Capítulo II - Exploração florestal na província de Nampula e os benefícios para as comunidades locais – estudos de caso; • Capítulo III - Análise de impactos e das discrepâncias das actividades de exploração florestal no meio rural, em especial nas comunidades locais; • Capítulo IV - Licenciamento das actividades de exploração florestal e a fiscalização das operações florestais; e, finalmente, • Capítulo V - Conclusões e recomendações. A exploração florestal e os benefícios para as comunidades locais • DOIS CANAIS/CAMINHOS ESTUDADOS: 1. Por via dos 20% das taxas de exploração florestal e faunística 2. Por via das negociações entre operadores, comunidades e Estado A exploração florestal e os 20% para as comunidades locais • Lei de Florestas e Fauna Bravia - LFFB (Lei n.º 10/99, de 7 de Julho) • Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia (aprovado pelo Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho) • Diploma Ministerial n.º 93/05, de 4 de Maio (Define os mecanismos de canalização e utilização dos 20% do valor das taxas consignadas a favor das comunidades locais, cobradas ao abrigo da legislação de florestas e fauna) Artigo 102 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia • “Vinte por cento de qualquer taxa de exploração florestal ou faunística destina-se ao benefício das comunidades locais da área onde foram extraídos os recursos, nos termos do n º 5 do artigo 35 da Lei n.º 10/99, de 7 de Julho”. 2012 - 20% das taxas de exploração florestal e faunística Província Comunidades Comunidades Valor Valor beneficiarias beneficiarias entregue em entregue 2005 – 2012 em 2012 2012 entre 2005 – 2012
Maputo 41 28 1,074,120.70 2,148,241.70
Gaza 125 0 --- 159,000.00
Inhambane 55 --- 1,689,352.80 6,344,879.80
Sofala 45 39 8,812,380.22 29,542,042.22
Manica 75 17 1,020,267.80 8,309,953.80
Tete 69 23 2,314,066.05 18,191,181.05
Zambézia 127 57 8,764,538.00 36,852,590.00
Nampula 321 11 1,476,494.88 9,446,685.88
C. Delgado 72 19 2,030,830.00 19,349,975.00
Niassa 24 10 540,503.00 1,286,368.00
TOTAL 954 204 27,722,553.45 131,630,917.45
Artigo 35 do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia 1. A auscultação das comunidades locais será feita na presença do próprio requerente ou seu representante, pelos órgãos da Administração local do Estado, e por via das diligências a serem efectuadas pelos Serviços de Florestas e Fauna Bravia, suportando o requerente os encargos inerentes ao processo. 2. Quando a área objecto do pedido de concessão florestal ou de licença simples, estiver total ou parcialmente numa zona onde as respectivas comunidades locais tenham direito de uso e aproveitamento da terra, far-se-á a respectiva negociação dos termos e condições de exploração entre as comunidades locais, o requerente e o Estado, através da respectiva Direcção Provincial de Agricultura e Desenvolvimento Rural. Impactos económicos e sociais da exploração nas comunidades ESTUDOS DE CASO Estudos de caso Comunidade e Valor alocado Aplicação Estado actual distrito (20 %) Mopa, Lalaua 14.505,00 500 para gastos Posto de socorro diversos em avançado 1.500 para logística estado de visita Administrador degradação 3.000 para posto socorro Nauauane, Lalaua 13.523,00 Pretender aplicar na escola, mas o valor é insuficiente Namitoco, Malema 9.100,00 Iniciada construção Escola incompleta e de 2 salas material sem mobiliário local (tijolo) Tui, Malema 1 vez – valor não 200 chapas para divulgado melhorar 2 escolas 2 vez - 114 000,00 15.000 para abrir 6 fontenários Estudos de caso Comunidade e Valor alocado Aplicação Estado actual distrito (20 %) Namarepo, (2 vezes) Valor não Posto de socorro em Sinais de degradação Mongincual divulgado material precário Mesa e cadeiras de plástico para CGRN Namitanaire, 8 500,00 Sede do CGRN Mongincual 7 cadeiras plástico Entrada para fontenário Nacapaia, Mongincual 11 886,00 Posto de socorro em Degradação material local acentuada antes de ser usado Morola, Memba Não revelado Casa do Regulo em material local Fontenário Muazulia, Memba 4.800.00 Posto de socorro em Degradação material local acentuada antes de ser usado Distrito de Lalaua Distrito de Malema Distrito de Malema Distrito de Mongincual Distrito de Mongincual Distrito de Mongincual Distrito de Memba Distrito de Memba Impactos ambientais da exploração florestal Dados colhidos nos estudos de caso e em pesquisas Impactos ambientais do corte ilegal • Empobrecimento da floresta • Desequilíbrio ecológico • Fuga ou redução de espécies de fauna • Erosão e assoreamento dos cursos de água • Aumento da susceptibilidade às queimadas • Alteração dos padrões de pluviosidade Madeira ilegalmente cortada Repovoamento • Inexistente nos termos do disposto na legislação de florestas e fauna bravia (sobretaxa dos 15%) • Confinado à iniciativa presidencial: “Um Líder. Uma Floresta”, no meio de enormes dificuldade dos Governos distritais Analise das discrepâncias entre o valor do recurso, das taxas de licenciamento e do montante alocado às comunidades Taxas de licenciamento Diploma Ministerial n.º Diploma Ministerial n.º 57/2003, de 28 de Maio 293/2012, de 7 de Novembro Classe Taxas aprovadas Taxas aprovadas (MT/M3) (MT/M3) Preciosas 1 000, 00 MT 3 000, 00 MT
1.ª Classe 250, 00 MT 1 000, 00 MT
2.ª Classe 150,00 MT 1 000,00 MT
3.ª Classe 100, 00 MT 500, 00 MT
4.ª Classe 50, 00 MT 300, 00 MT
Licenciamento e fiscalização Duas faces que não da mesma moeda Licenciamento e fiscalização • Licenciamento desfasado da capacidade de controlo do uso dos recursos • Província de Nampula com apenas 58 fiscais do Estado contra os 200 do cenário ideal para a DPA (ver trabalho do Professor Adolfo Bila) • 154 multas aplicadas em 2012 (7 782 553,00 MT) • A comparticipação dos fiscais (50%) não esta a ocorrer • Falta de aplicação de parte significativa das receitas das taxas de licenciamento na fiscalização Conclusões Conclusões • Poucos ou nulos impactos na melhoria da vida das comunidades • Desfasamento entre o valor da madeira no mercado e os benefícios para as comunidades • Aplicação dos valores em domínios da responsabilidade do Estado • Incumprimento das promessas nas consultas negociações • Fraqueza ou inexistência dos CGRN Conclusões – Cont. • Desconhecimento do valor do recurso por parte das comunidades • Benefícios ínfimos conduzem membros conduzem membros das comunidades a cortar e negociar com os furtivos • Fortes evidencias de corte ilegal em larga escala • Empobrecimento da floresta • Desfasamento entre o licenciamento e a fiscalização Recomendações Recomendações 1. Rever a legislação sobre os 20% de benefícios para as comunidades decorrentes das taxas de exploração florestal e faunística, retirando a indexação desta percentagem relativamente às taxas de licenciamento, substituindo por um mecanismo que a aproxime do valor da madeira no mercado; 2. Condicionar as actividades dos operadores florestais à celebração de acordos redigidos por escrito; 3. Repensar e reforçar substancialmente os meios e métodos de fiscalização das actividades florestais e reduzir/eliminar o corte e comercialização ilegal de madeira; 4. Introduzir uma medida que determine a aplicação da madeira apreendida no melhoramento das infraestruturas sociais das comunidades, com especial enfoque nas escolas e unidades de saúde; 5. Criar e/ou revitalizar os Comités de Gestão dos Recursos Naturais, de modo a reforçar a sua actuação e intervenção na protecção e conservação dos recursos naturais, incluindo a gestão dos 20%. OBRIGADO!