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Faculdade de Ciências Humanas

Curso: Filosofia. Disciplina: Fenomenologia


2º Semestre de 2020
Professor: Marcos Aurélio Fernandes.
Aluno: Wallace Felipe Ferreira da Silva
Matrícula: 160148731

A FENOMENOLOFIA HUSSERLIANA ENQUANTO FUNDAMENTAÇÃO


SUFICIENTE DAS CIÊNCIAS
A volta às coisas mesmas, uma resposta à crise da ciência europeia

“O real não está nem no começo nem na chegada,


mas no meio da travessia”.
(Guimarães Rosa)

Resumo:
O presente artigo procura, primeiramente, apresentar a crítica que Husserl levanta contra a cientificidade
positiva, uma ciência/humanidade europeia em crise que não concerne mera região geográfica, mas
antes a crise de um projeto humanista pleno que remonta à filosofia antiga. Assim, depois de delinear a
crítica de Husserl acerca da crise deste projeto que culminou nas ciências de fatos, buscaremos, por
contraste, demonstrar a ideia de ciência universal proposta por Husserl, que fundamentaria todas as
demais ciências. Husserl constitui a fenomenologia como o método da filosofia, delegando-a uma
rigorosidade capaz de firma-la como fundamento das ciências. Para tal, a proposta husserliana é de
voltar às coisas mesmas, um novo meio de acesso aos objetos, assegurando o método que encontra
alternativa diversa do empirismo e racionalismo.

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A crise das ciências, o objetivismo enquanto descrença na razão.

No livro A crise da humanidade europeia e a Filosofia, título que se refere a uma


conferência ministrada por Edmund Husserl em 1935, em Viena, Husserl explica o que ele
denomina de “humanidade europeia”; para o filósofo não se trata de questão geográfica, mas
antes de um projeto que guiou o mundo ocidental desde a Grécia antiga. Husserl lembra que
este projeto tinha nos gregos outro sentido de ciência, o que consideravam como natureza, “o
que tinham presente como o mundo circundante da realidade natural” (Husserl, 2008, p.63).
Isto é, o mundo circundante grego não é o mundo objetivo trazido pela modernidade, mas a
representação subjetiva que os gregos faziam do mundo, com tudo o que habitava seu
imaginário, como os deuses, religiosidade, política, filosofia, etc.; portanto, é este projeto,
digamos subjetivo, que entrou em crise na passagem do século XIX para o XX.
Mas qual é o sentido dado por Husserl a esta crise da humanidade europeia e, ato contínuo,
das ciências que se firmavam tão pungentes e de grandes resultados? A referida crise tem seu
cerne na cultura europeia, pois passou a valorizar demasiadamente as ciências emergentes da
época de Husserl, ou seja, é sobretudo a crise cultural que dissolveu o que a ciência teria de
significado para a existência humana. Assim, diante a crise cultural e científica, Husserl
levantava motivos para submeter a cientificidade a uma séria e necessária crítica, contudo sem
colocar em xeque a epistemologia ou o método dessas ciências, não se trata de uma crítica
voltada aos resultados teóricos e práticos, visto que “o resultado do desenvolvimento das
ciências exatas tem sido uma verdadeira revolução na dominação técnica da natureza” (Husserl,
2008, p.62). Desse modo, a crítica de Husserl é voltada para o abalo realizado pela inversão do
modo de apreciar as ciências, haja vista que humanidade europeia delegou primazia às ciências
positivas e ao progresso trazido por elas. Logo, a prosperidade (prosperity) tomou conta da
razão, apartando as ciências especializadas da filosofia universal, projeto de filosofia então
fracassado, culminando nesta cisão entre homem e interesse pelas questões do sentido do ser,
da existência, do ente, da verdade, isto é, as questões de sentido.
Nessa perspectiva, é fulcral apresentar como se dá o processo dessa cisão, do
distanciamento entre o homem e as questões de sentido. Para tal, Husserl irá identificar no
objetivismo das ciências positivas (o que antes era objetividade da ciência se tornou
objetivismo) o grande problema da crise da razão, visto que esse objetivismo infla uma falsa
expectativa de a tudo poder revelar sobre a realidade do mundo, o que ela diz estaria vedado na
verdade do real, diz o que é, e sobre essa expectativa ingênua das ciências Husserl diz:

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Evidentemente esqueceu-se por completo que ciência da natureza (como toda a
ciência em geral) designa uma atividade humana, a saber, a dos cientistas que
cooperam entre si; sob este aspecto, pertence, como todos os processos espirituais, ao
círculo dos fatos que devem ser explicados pelas ciências do espírito. (Husserl, 2008,
p. 64)

Antes mesmo da passagem do século XIX para o XX observemos que a crise da qual nos
fala Husserl, veio acontecendo paulatinamente, basta notarmos a mudança da metafísica da
antiguidade para a idade moderna, por isso é fundamental o entendimento da passagem da idade
antiga para a moderna. Na modernidade a alma se retira do mundo das coisas e recolhe-se no
mundo dos homens. Com a nova proposta de astronomia de Copérnico e a física de Galileu
surge um novo padrão de racionalidade centrado nas matemáticas. Esse novo paradigma levou
o abandono das causas finais como partida de explicação dos fenômenos da natureza, legando
a esta autonomia; um imenso mecanismo sem alma, sem finalidade. A nova episteme tem como
projeto central uma mathesis universalis, uma ciência universal da ordem e da medida, visando
estender o mecanismo matemático às demais áreas do conhecimento, seja ela moral, social ou
político.
Toda esta mudança de paradigma ocorreu solidariamente a processos históricos eruptivos
de cunho econômico, cultural e político. A reforma protestante no século XVI que divide ao
meio a unidade da fé cristã; a descoberta das Américas que leva a expansão do capital comercial,
de modo que culmina numa sociedade de mercado cindida de qualquer forma social
hierarquizada; a revolução industrial na Inglaterra leva a uma divisão de trabalho com base na
associação do homem com a máquina; a revolução francesa desencadeia perspectivas
inovadoras de lidar com a política. Nada é como na antiguidade depois de Copérnico com seu
modelo heliocêntrico, em detrimento do Ptolomaico; e com Descartes advém a separação do
homem e da natureza. Desse modo, a modernidade se delineia à parte de qualquer explicação
mítica porque destituiu todas estas vias de pensamento transcendente ao divino, haja vista que
agora a cristandade está cindida; a sociedade é progenitora de intelectuais laicos, ateus e toda
sorte de descrentes.
É neste contexto de crise de valores no qual surge as ciências humanas, que
primeiramente se servem de matemática no século XVII, sendo o único padrão de racionalidade
intocado pelas crises da modernidade, mas Husserl mostrará que a matemática não carrega a
consciência de seu fundamento, embora a matemática visasse nova explicação aos novos
fenômenos emergentes. Daí adveio obras primas do pensamento puro-axiomático: O Leviatã
de Hobbes e a Ética de Espinosa. No entanto, num segundo momento, no século XVIII, as
ciências humanas encontram na física (modelo experimental de Newton) o pilar para sustentar-
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se. Dissociada da metafísica e diferente da matemática, apresenta-se empiricamente e por isso,
diverso de Descartes, dá prioridade as notas de observação e da experiência, ao invés do
pensamento puro. Assim, no âmbito da física social os fatos humanos e sociais eram tidos como
uma espécie de coisa que para conhecê-la era necessário suspender juízos de valores para ela
melhor nos mostrar o seu em-si (DOMINGUES, 1991, p 15-51).
Desse modo, foi eliminado da metafísica a ordem das essências juntamente com as
substâncias pregadas por aristotélicos e cartesianos. Newton, Hume, Locke, Berkeley e Kant
construíram uma crítica ferrenha à categoria de substância, desligada de um princípio inerente
e de subsistência, mas uma simples categoria de pensamento. Na ausência do véu dos valores e
sem a camada de essências para se refugiar o ser se apresenta no rosto do fenômeno, o puro
fenômeno em sua empiricidade, tido agora como o ser e não como deficiência do ser. O mesmo
ocorre nas ciências humanas, porém, sem nenhuma unidade substancial, a alma não se oferece
à inspeção interna, mas à percepção externa, a morada do seu ser não é o Eu, mas o mundo e o
espetáculo de sua manifestação: o fenômeno. Fala-se da natureza humana, mas o homem em
sua unidade está irremediavelmente perdido, junto com a alma que é o seu princípio unificador.
Nessa perspectiva, a antropologia do homem-máquina mostrou seus limites ao privilegiar
os mecanismos invariáveis que regulam as leis, solidária de uma visão demasiadamente estática,
do homem e da sociedade, o que legava ao devir um sem-número de fatos e acontecimentos
atribuídos ao mero acaso. Além disso, o tempo era variável espacialmente antes de ser temporal,
onde ocorria as coisas ao invés do índice ou o modo de ser das coisas. Necessário era incorporar
o tempo para se ter aquilo que dá ao homem o seu éthos: a história. A meta era situar a natureza
no homem e assim procurar em seu interior os mecanismos que regulam seu ser (natureza
humana). Precisaria reverter o homem à história e buscar no tempo as leis do seu ser e o
princípio do seu devir. No século XIX foi constituída a antropologia do homem histórico,
quando a ideia de natureza humana co-natural ao homem (surgem concomitantemente),
indiferente às suas determinações temporais, tinha perdido a razão de existir e desaparece por
completo. (idem)

Contudo, Husserl mostra que todas essas estratégias da filosofia se verteram errôneas, a
crise somente se consolidou mais e mais, desembocando na total crise da humanidade europeia,
a moral dos homens tinha caído, e as guerras deram mostra disso logo no início do século.
Husserl, porém, acredita numa renovação mediante uma filosofia séria, rigorosa e metódica,
que viabiliza a reflexão universal:

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Somente pela liberdade própria pode um homem chegar a dar forma racional tanto ao
seu mundo circundante quanto a si próprio; só assim pode encontrar a sua maior
“felicidade” possível, única que pode ser racionalmente desejada. Cada um deve em
si e por si, uma vez na vida, realizar esta autorreflexão universal e tomar essa decisão
– determinante para a sua vida inteira e pela qual se torna um homem eticamente
emancipado – de fundar originariamente a sua vida como uma vida ética. Por meio
desta livre instituição ou produção originária, que encena o autodesenvolvimento
metódico frente à ideia ética absoluta, destina-se o homem (ou seja, ele torna-se) a ser
um novo e autêntico homem, que rejeita o velho homem e prefigura a forma de sua
nova humanidade. Na medida em que a vida ética é, segundo sua essência, um
combate contra as “tendências rebaixantes”, pode também ser descrita como uma
renovação continuada. O homem decaído na “servidão ética” renova-se, em um
sentido particular, por meio da reflexão universal e pelo reforço dessa vontade
originária de vida ética que se tornara impotente, isto é, por meio de uma nova
consumação da instituição originária que, entretanto, perdera validade (HUSSERL,
2014, p 51)

O objetivismo da ciência elabora o discurso, mas quem discursa é o próprio ser, isto é, o
método científico é tomado como a verdade real do ser-em-si. Em outras palavras, os métodos
dos cientistas é o meio pelo qual a verdade absoluta da natureza surge, como o ser é, como a
natureza é. Este processo de objetivização das ciências, segundo Husserl, culminou numa razão
estritamente científica, tecnológica, e é a esse racionalismo moderno, enquanto objetivista e
fisicalista, que Husserl negará a nacionalidade de ideal da razão, pois a própria modernidade
rechaçou o ideal da razão, fomentou a descrença na razão e, por consequência, a não capacidade
de o homem prover a sua existência humana individual e geral no sentido racional.

A crise que Husserl nos fala não se perde num mero contexto científico, muito pelo
contrário, pois esta crise se vislumbra nas duas grandes guerras mundiais, em uma das quais
Husserl perdeu seu filho e um grande aluno, fatalidades que certamente buiu o pensamento do
filósofo. Desse modo, Husserl não direciona suas críticas à cientificidade, suas técnicas ou
métodos, mas questiona o seu desenvolvimento e as opções tomadas no seu âmbito que
desembocou nas atrocidades da guerra, a exemplo do Nazismo. O projeto da cultura fundada
na racionalidade que nos traz a filosofia clássica, constituindo a cultura europeia, buscava
sempre o sentido da vida humana, por isso, com a entrada deste projeto numa crise profunda,
coube a Husserl identificar que a filosofia também encontrou sua crise, na medida em que se
distanciou das demais ciências fracassou com o projeto teleológico enquanto a busca pelo
sentido, delegando certa responsabilidade aos filósofos. Portanto, frisa novamente, que a crise
aludida por Husserl não gira entorno da cientificidade da ciência, esta vai muito bem e traz
enormes benefícios, mas a crise diz respeito sobre o significado da ciência para a humanidade,
isto é, para a existência dos homens como seres racionais. Em outras palavras, o que de essencial
as novas ciências e seu progresso teriam a dizer sobre a ética dos homens que entraram em
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carnificinas, demonstrando a falta de fé na razão e na cultura? Nesse intuito Fabri afirma o papel
da ética suscitado no pensamento de Husserl:

A guerra revelou a miséria moral e religiosa da humanidade. Ela revelou igualmente,


nossa miséria filosófica. A insensatez da cultura é um ‘fato’ que deve determinar a
nossa conduta prática. Ela nos faz refletir sobre questões de princípio, concernentes à
vida prática (indivíduo, comunidade e vida racional de modo geral). A ética é uma
ciência de princípios porque o indivíduo humano pode acreditar na possibilidade de
renovação (justificação racional), mas deve, para tanto, indicar o caminho (método)
para que isso se realize (FABRI, 2006, p.73).

Husserl diz: “Meras ciências de fatos fazem meros homens de fatos” (Husserl, 2012,
p.03), isto quer dizer que os homens se constituem a si mesmos de acordo com a concepção que
eles têm do saber. Assim, como meros homens de fatos, a humanidade vai calando as
perquirições sobre os sentidos, sobre os sentidos do ser, o sentido, ou sua falta, da existência
humana, aí reside a crise da humanidade europeia. No entanto, como tido logo no início, a
humanidade europeia é um projeto que guiou o mundo ocidental, na verdade trata de um multi-
projeto, visto ser também, desde os gregos, um projeto de liberdade, de autonomia através da
razão, contudo, é da filosofia onde todos esses demais projetos desdobram como decorrentes
do ideal da razão, uma filosofia por hora fracassada porquê não conseguiu dar continuidade ao
projeto inicial. Portanto, é nesse sentido que Husserl buscará uma nova filosofia, uma filosofia
fenomenológica que sanará as doenças da humanidade, pois a fenomenologia é o método da
ciência do ser, é a ciência universal no qual os fundamentos do saber humano dão lastro para a
existência humana, nesse sentido o comentador Zilles nos diz na introdução da obra A crise da
humanidade europeia e a Filosofia:

Para Husserl, a superação da crise acontecerá quando a filosofia se interessar de novo


pelo homem e suas criações culturais, pela sociedade e seus sistemas de valores. Será
preciso que a filosofia se distancie do formalismo científico e se aproxime do mundo
da vida, ou seja, dos problemas concernentes à existência humana […] Husserl quer
recuperar a instância transcendental para superar a crise das ciências e da civilização
moderna. Para tanto é preciso desenvolver um saber que interprete a realidade como
autoexegese do eu a partir das vivências originárias do sujeito […] Só reconhecendo
a razão e a liberdade como atributos da subjetividade poderá libertar-se o homem de
processos objetivantes que esquecem o mundo da vida concreta. (ZILLES, 2008, p
52)

Para a melhor compreensão da crise da ciência trazida por Husserl e delineada acima, é
de extrema relevância trazer o que Husserl compreende exatamente como “ciência”, ou seja,
como é a ciência ideal pra Husserl, ou a “ciência rigorosa” da qual fala no seu texto “A filosofia
como ciência rigorosa”, visto não ser suficiente apresentar as críticas formuladas à ciência e
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não explicar o papel da ciência verdadeira para Husserl. Diante isso, Husserl resgatará no
projeto cultural da antiguidade a ideia de ciência perquirindo sua viabilidade, para tal é
importante apresentar a estratégia essencialista da filosofia grega antiga, haja vista que a
fenomenologia husserliana se proporá como a ciência primeira de fundamentação suficiente de
todas as ciências, resgatando a essência do mundo da vida, no qual o universo grego é o maior
expoente que vislumbrou tal entendimento.
Assim, nos diz Ivan Domingues, em sua obra “O grau zero do conhecimento” que a essência
para os gregos carrega o propósito de “definir o ser e as diferentes regiões do ser”, uma
dificuldade ontológica, visto que o ser se manifesta mediante a aparência, em virtude disso “é
preciso pois salvar a aparência, vale dizer, o que há de verdadeiro nas aparências, para o que o
espírito deve amparar-se no manifesto e pôr a descoberto a essência que se lhe oferece através
dele”, no entanto, há a inconveniência de “o ser das coisas não se dá na imediatidade do que
aparece” (1991, p. 365), razão pela qual o espírito deve buscar refúgio para além do manifesto,
ou seja, buscar a essência das coisas, é por isso que as aparências surgem numa ambiguidade,
ao mesmo tempo que serve para encontrar o ser, obsta esse encontrar, dando prova de que o
mais óbvio não raro é o mais difícil de enxergar, levando em conta que estamos imersos no ser,
ou melhor, no “mundo da vida”. Disso resulta a importante contribuição de Domingues ao
entendimento da busca pela essência na filosofia grega, em suas palavras:

Tais são em poucas palavras as ideias-força do programa de fundamentação do


conhecimento da via da redução às essências, cuja estratégia vai consistir em
reconduzir (reduzir) o fenômeno - o que aparece e não existe em si e por si, mas num
outro - à sua essência - o que vale em si e por si e não tem necessidade de nenhum
outro para existir […] e o fato de a operação de fundamentação do conhecimento como
tal propor-se como ontologia, vale dizer, a ideia de buscar nesta instância última em
que refugia o ser o fundamento do próprio conhecimento, o qual Aristóteles vai
chamar de arché, aquele fundamento que é o princípio frontal do ser e da sua
inteligibilidade (1991, p. 366).

É Renovando esta estratégia que Husserl enfrentará o problema do ser, construindo a


ciência verdadeira, filosófica e transcendental, uma vez que é a própria filosofia a verdadeira
ciência, mas uma filosofia sob a égide do método fenomenológico. Essa filosofia se instituirá
como o fundamento de todas as demais ciências, visto que até as ciências aparentemente
autossuficiente como a matemática e a física carecem de real fundamento, devendo a
fenomenologia supri-lo. Desse modo, a pedra de toque vige no problema da transcendência,
ponto ignorado pelas filosofias antecedentes (meditações de Descartes), pois o “mundo da vida”
foi soterrado, restando um mundo apátrida, órfão, que deu lugar a um racionalismo tecnicista

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que ignora a investigação da essência, diante disso Husserl propôs à fenomenologia, através da
atitude filosófica e transcendental, uma análise intencional capaz de desvelar o “mundo da
vida”, assim, este conceito determinante para a fenomenologia deve ser pormenorizadamente
apreciado, sendo ele a chave de acesso à fenomenologia transcendental. Portanto, o mundo da
vida desdobrado pelo pensamento de Husserl se apresenta, por assim dizer, como o alicerce do
todas as ciências, sem sabê-las, antes ignorando-o. O mundo da vida (lebenswelt) é o local de
origem das ciências, um mundo pré-científico, pré-categorial, um a priori, haja vista que para
Husserl a ciência advém desse mundo anterior a ela, o mundo que delega sentido a toda sorte
de conceito da ciência, e a partir do momento em que a ciência não reverencia o mundo da vida
perde-se dos sentidos, caindo na crise de sentido para a vida humana.

O mundo da vida, um acesso à fenomenologia transcendental.

Notemos que o mundo da vida ao tempo que é a chave para a fenomenologia


transcendental é ela mesma construída pela subjetividade transcendental, nesse sentido Zilles
comenta que a fenomenologia exerce tanto a função de fundamento em relação às ciências,
quanto a função de reconduzir a fenomenologia à subjetividade constitutiva do mundo (p. 44).
Na obra Meditações cartesianas e conferências de Paris, a consciência recebe o mundo como
fenômeno, não como simples objeto posto, como as ciências de atitude natural operam, é nesse
sentido que o fenômeno se dá pela mediação da consciência intencional, local subjetivo onde
ocorre a relação entre o real e sua significação. Na mesma obra há a famosa citação “deve-se
primeiro perder o mundo pela epoché para ganha-lo de novo numa autorreflexão universal”
(HUSSERL, 2013, p. 38), onde epoché significa colocar o mundo entre parênteses, um
reconduzir as ciências ao mundo da vida, perdendo a atitude natural de interpretar o mundo, a
atitude infundada das ciências em geral, para conquistar a atitude filosófica, transcendental, e
essa redução é operada pelo único método capaz de guiar a filosofia como fundamentação
ultima, o método que é a fenomenologia, com o qual a consciência intencional efetua três
reduções, colocando o mundo entre parênteses, sair desse horizonte de visão natural para se
ocupar estritamente com o mundo da vida, o horizonte universal onde os objetos reais
perfazem-se, mas vai além disso, uma vez que a atitude fenomenológica preocupa não somente
com o ser do mundo, sobretudo preocupa-se com o sentido do ser no mundo, e, além de tudo,
sob o prisma da subjetividade, universo no qual nos desvela a real existência do mundo. Acerca
do exposto é salutar a elucidação de Zilles:

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A ciência do mundo da vida é a ciência da subjetividade, a ciência do universal como
preexistência (Vorgegebenheit) do mundo como fundamento de toda e qualquer
objetividade. Contemplar o mundo a partir da nossa atitude fenomenológica significa
vê-lo pura e exclusivamente do modo como adquire sentido e validade existencial em
nossa vida de consciência e em configuração sempre novas. A ciência do mundo da
vida tem, pois, por objeto o estudo da vida transcendental e de sua atividade
constituinte (2008, p.44-45).

Assim, essa redução que evidencia o mundo da vida é o que Husserl elege de modo
precípuo como a “volta as coisas mesmas” que nos traz o segundo volume das “Investigações
Lógicas”, sendo a proposta que exprime melhor a fenomenologia, mas o que é significa as
“coisas mesmas” e o seu retorno? Ora, estas coisas não significam mera coisa ou objeto, ou
mesmo um ente, visto que não se trata de nada passível de ser representado. O que Husserl se
refere como “coisa mesma” denota sentido de “o que está em causa”, sendo às coisas mesmas
o princípio que dirime a praxis do pensamento e a investigação ontológica. Portanto, o mundo
da vida não é o conjunto de objetos, como coisas postas de forma natural em passividade que
permite a experiência objetivista supor conhecimentos, não se trata disso, pois é antes o mundo
da subjetividade que avaliza toda atividade humana, toda a tradição e cultura humana, haja vista
que os fatos culturais emergem dos homens, e dentre estes fatos culturais estão todas as ciências
e suas técnicas e tecnologias, uma vez que que integram e dialogam com a totalidade,
compartilhando ser e sentidos com todos os demais. Portanto, a legitimidade de todas as
ciências está no mundo da vida, ainda há que firmar-se que as ciências são partes constituintes
do mundo da vida, embora apresente firme o seu próprio mundo, ainda que objetivista e
incompleto.
Não há como cindir o mundo da vida da consciência transcendental, pois fenomenologia
é a ciência universal do ser, e ciência transcendental da subjetividade, a qual alicerça o mundo
da vida, devemos lembrar que as ontologias particulares ou regionais pressupõem uma
ontologia universal, e projetos semelhantes surgiram afim de mostrar-se a fundamentação
última de todo o conhecimento humano, a exemplo da mathesis universales da qual fala
Descartes. Então a fenomenologia também se propõe a isso, a ser a fundamentação última da
ciência, mas sem cair em erro como todas as demais tentativas frustradas, uma vez que estas
tentativas não levaram em conta o mundo da vida como o pressuposto último. Assim, devemos
nos ater que o voltar às coisas mesmas, o mundo da vida, a consciência intencional e a
transcendência da subjetividade, dentre outros fulcrais conceitos, exprimem o que é a
fenomenologia e seu papel fundante.

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A consciência, portanto, é a doadora de sentido e constitui a realidade como um sistema
de significações ou de sentidos, ou seja, a consciência produz o mundo, o qual depende da
estrutura dessa consciência intencional e transcendental, desse modo, ela não faz referência a
existências dos seres, mas às essências, as significações, visto serem verdadeiras, universais e
necessárias, haja vista serem constituídas a priori pela consciência transcendental enquanto
conteúdos que a consciência oferece a si mesma afim de doar sentido, que por fim é sua única
realidade existente. Desse modo, é fundamental apresentar como a epoché fenomenológica se
dá, visto ser esse “colocar entre parêntese” a nossa aparência de realidade a viabilidade que
permitir a consciência trabalhar como força que elabora toda a real existência aprioristicamente.
Husserl nos fala de tríplice redução que a intencionalidade conduz, e a redução aqui é o
mesmo que epoché, ou colocar entre parênteses, tendo como problemática maior conseguir o
significado do mundo. Então, nesse método que é a fenomenologia a consciência intencional
realiza essa redução, sendo essa redução o meio de voltar às coisas mesmas do mundo da vida.
Quais são elas: redução fenomenológica, eidética e transcendental. Trataremos brevemente uma
a uma. A primeira é chamada fenomenológica pois trata do processo de como se dá o fenômeno
para a consciência, enquanto algo que aparece, pois Husserl não visa por meio da redução
perder o mundo, mas ganhá-lo como correlato da intencionalidade humana, assim, com a
redução fenomenológica, da apresentação do fenômeno enquanto fenômeno à consciência, que
é sempre consciência de algo, Husserl pretende descobrir a consciência mesma. Sobre esta
redução Levinas diz: “A redução fenomenológica é uma violência que se faz ao homem – ser
entre outros seres – para se encontrar como pensamento puro” (1998, p.36). Assim, todos os
objetos do conhecimento são tidos fenômenos, buscando-se através da intuição, enquanto
apreensão imediata do objeto, resgatar o ente que se doa à consciência, porém, antes capta-se o
fenômeno em sua essência, no que tem de estruturante, deixando de lado tudo o que for
epifênico. Disso decorre a experiência para Husserl, visto desbastar o fenômeno até encontrar
o ser em sua essência, fixando-se de tal modo que sua identidade não varia em função de
diferentes manifestações.
O segundo tipo de redução é a eidética, a qual perquire a estrutura estruturante do
fenômeno, ou sua forma formadora, ou seja, é como o objeto se mostra do jeito é. Observando
a etimologia da palavra eidos, que vem do grego, significa forma, ou seja, quando conseguimos
captar o eidos do fenômeno nos deparamos com sua essência, sua forma estruturante verdadeira.
Husserl tece observação sobre o eidos (essência) e a intuição:

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A essência (eidos) é uma nova espécie de objeto (Gegenstand). Assim como o que é
dado na intuição individual ou empírica é um objeto individual, assim também o que
é dado na intuição de essência é uma essência pura [...]. A visão de essência é,
portanto, intuição, se é visão no sentido forte, e não uma mera e talvez vaga
presentificação, ela é uma intuição doadora originária, que apreende a essência em
sua ipseidade de “carne e osso” (HUSSERL, 2006, p. 36).

Por último, mas talvez a mais importante, a redução transcendental, que já foi acima
rapidamente referida, nos diz que o “solo ontológico do sentido e da validade do ser do real”
vem a ser a consciência, assim, a consciência é o plano onde ocorre a totalidade do ser, em todo
o seu sentido e validade. Em outras palavras pode-se afirmar que a consciência constitui as
coisas no mundo legando-lhes sentido, e somente mediante o conhecimento desse sentido tal
como prioristicamente foi estruturado pela consciência, isto é, a significação é a essência da
coisa significada na medida em que oferece o sentido universal do ser, a parte disso nos diz
Husserl:
A doutrina das categorias tem de partir obrigatoriamente desta que é a mais radical de
todas as diferenciações ontológicas — o ser como consciência e o ser como ser
‘transcendente’ que se ‘anuncia’ na consciência — e que, como se vê com clareza, só
pode ser obtida e apreciada em sua pureza pelo método da redução transcendental
(HUSSERL, 2006, p. 166).

Depreende-se do exposto que a fenomenologia deve guiar toda a investigação, por ser ela
o método, sendo ela o modo de exprimir o desvelamento do ser. Em virtude desse poderoso
método contrasta aquela filosofia que fracassou no seu propósito da vida plena fundada na
razão, é por isso que Husserl trará uma parcela de culpa para os filósofos que ignoraram o
mundo da vida, culminando na crise da humanidade europeia. Nos diz Marcos Aurélio sobre a
impossibilidade atual de uma filosofia não fenomenológica: “a fenomenologia emerge não
como sistema desse ou daquele filósofo, com doutrinas, teorias, teses, mas como
direcionamento de pesquisa e de método de investigação do todo” (p. 3), portanto, a filosofia
ao se separar/apartar, ou diferenciar, das ciências, abriu também a separação entre ciência e
razão, a ciência se tornou pura técnica, objetivista, Moura comenta que as ciências

são vistas por Husserl como disciplinas que não tem nada a nos dizer sobre a razão e
a não razão, sobre nós homens como sujeitos da liberdade […] as ciências, assim
como a cultura modelada pelas ciências, não podem ser mais vistas com a auto-
objetivação da razão humana. E é por isso que, a fartiori, nosso mundo e nossa vida
parecem sem sentido (MOURA, 2001, p. 188).

Nassa toada, Husserl vislumbrou qua as ciências transmitiam uma falsa racionalidade,
visto ter prevalência pelo pensamento matematizado, em detrimento da intuição, encontrando,
dessa maneira o fim da razão universal instituído pelos gregos antigos, as ciências não

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constituem o conhecimento autêntico; Husserl vai caracterizar as ciências positivas e sua razão
em função da prosperidade como a perda da é “na razão que dá sentido ao mundo, no sentido
da humanidade, em sua liberdade, na capacidade e possibilidade do homem conferir um sentido
racional a sua existência individual e coletiva” (HUSSERL, 1984, p.18).

Conclusão

Diante dessa crise que Husserl alavancará toda a força da fenomenologia como o método
da filosofia, pois o filósofo, deve nutrir a crença na capacidade do homem em superar essa crise,
essa crise que fomentou e fomenta a indústria da morte, a exemplo da bélica, farmacêutica e
tantas outras, ainda nos nossos dias, dessa forma, urge a importância da fenomenologia para
desvelar o mundo da vida, abrir nossos olhos perante as essências, a verdade de tudo, pois a
fenomenologia não se furta da metafísica que corresponde aos acontecimentos corriqueiros da
nossa vida, novamente, a fenomenologia não pretende soterrar nosso mundo ou nossas
metafisica, pretende sim oferecer a interpretação verdadeira do nosso mundo e metafísicas, em
sua inteireza porquê não nega o mundo da vida e a consciência transcendental que a tudo
constrói de acordo com sua estrutura.
Em suma, é para esse propósito de edificar os fundamentos das ciências que retomem
seus interesses para as coisas do mundo que é direcionada a fenomenologia husserliana. Husserl
caracteriza a fenomenologia como a ciência do universo, do ente como um todo, sendo o
universo no sentido não apenas físico, mas da totalidade do real vertida na unidade. Foi esse
ideal que deu origem à filosofia moderna e, por conseguinte, às ciências positivas que se
desenvolveram na modernidade até sucumbir à tecnização, numa união com a tecnicidade,
desse modo, “o mundo da vida” acaba substruído por idealidades, na medida da tecnização das
ciências; sendo a técnica, a tecnologia, a objetivismo, o fisicalismo e a matematização são tidas
como o fundamento de tudo em idealizações, são formas que inibem o ideal da razão.
É nesse sentido que a fenomenologia age como uma renovação, assim, não se trata de
uma filosofia que institui seus propósitos do zero, antes, a fenomenologia buscará na
antiguidade clássica o ideal da razão humana. Husserl irá dialogar com o ser e o ente pensado,
de certa maneira, já na filosofia grega antiga nas figuras de Heráclito, Parmênides e Aristóteles;
daí Husserl desenvolve o crivo da fenomenologia na crítica, numa crítica da razão, e por ser
crítica, estabelece os limites da a razão, ou seja, qual a capacidade da razão para sair da crise?

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Husserl pretende a constituição de uma filosofia crítica, universal, ciência do ser. Segue dizendo
para melhor compreensão:

o mais essencial da atitude teórica do homem que filosofa é a peculiar universalidade


da postura crítica, decidida a não admitir, sem questionar, nenhuma opinião aceita,
nenhuma tradição, mas questionar todo o universo tradicional pré dado por sua
verdade em si, por sua idealidade. (Husserl, 2008, p.73)

À primeira vista poderá dizer que a fenomenologia é ingênua por preconiza um retorno
às coisas mesmas, ao mundo da vida, no entanto, por trás dessa aparente ingenuidade existe
uma posição crítica fundamental, a do descobrimento do mundo da vida, descobrir no sentido
de desvelar, surgindo como o correto retorno à simplicidade da vida, onde estão escondidos
diversos tesouros para o pensamento, constituindo-se essencialmente crítica, haja vista que todo
estudo a partir dos fundamentos é naturalmente crítico, pois

O conhecimento filosófico do mundo origina não só esses resultados especiais, mas


um comportamento que repercute de imediato em todo o resto da vida prática, com
todos os seus fins e sua atividade, ou seja, os fins da tradição histórica, na qual somos
engendrados e daí adquirem seu valor (Husserl, 2008, p. 78).

Destarte, Husserl elabora as críticas às ciências, mas ao mesmo tempo apresenta o seu
entendimento de ciência e crê que esta ciência universal renovará o mundo da vida, deixando a
crise. Como dito, esta ciência é a fenomenologia, que opera o “voltar as coisas mesmas”, através
das reduções, ganhando o mundo da vida enquanto uma função fundante que reabilitará as
ciências, pois diante da fenomenologia todo o conhecimento é derivado da subjetividade. Em
outras palavras, a fenomenologia é a filosofia primeira que tematiza a subjetividade
transcendental, sendo o fenômeno tudo o que se manifesta para a consciência, sendo a própria
consciência o fenômeno. Assim, a fenomenologia objetiva chegar à intuição das essências, ou
seja, ao conteúdo inteligível dos fenômenos, por fim, podemos nos indagar como que sairemos
dessa crise se o desvelamento do mundo da vida é através da intencionalidade subjetiva da
consciência de cada indivíduo. Mas vejamos bem, esse ser que acontece na intencionalidade de
cada um de nós é um modo da percepção de conhecer o mundo, ou seja, é um modo, não é o
único. Existe a intersubjetividade transcendental, uma experiência mediata, por meio do corpo
do outro, que evidentemente não pode ser da minha intencionalidade, pois o outro indivíduo é
outra subjetividade não redutível à minha. A intersubjetividade é o ponto nevrálgico do
idealismo transcendental. Segundo Zilles “a síntese da coexistência monadológica de todos os
eu em recíproca autopercepção é, por sua vez, uma síntese que constitui a natureza (o mundo)
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comum para todos” (2008, p 35), com isso podemos entender que o meu “eu” enquanto corpo
animado carrega consigo a experiência do outro, as alteridades, isto é, outros egos, de modo
que esta mediação do outro nos lega uma segunda vida transcendental que não a nossa, de certo
modo a atitude fenomenológica não age sozinha, lembrando de Heidegger que o pensamento
age enquanto pensa.
Em conclusão, pode ser observado do pensamento husserliano, que vai além de todas as
complexificações conceituais que parece apartar-nos da realidade vivida, a fenomenologia nos
apresenta em última um humanismo, o resgate de uma humanidade que se colocou perdida, e
que precisa do método fenomenológico para se reencontrar. Para Husserl a humanidade tem a
opção de renovação, sendo uma vida ativa em ações coletivas capaz de transformar a vida de
crises em vida ética em toda a sua plenitude. O humanismo urge na fenomenologia, a qual abre
mil oportunidade para o pensar humano, suas variantes aptas de encontrar saídas da crise que a
nossa falta do olhar para o mundo da vida nos culminou na carência ética.

Referências

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