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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

ALEXANDRE SILES VARGAS

GUITARRA BAIANA - UMA PROPOSTA


METODOLÓGICA PARA O ENSINO INSTRUMENTAL

Salvador
2015
ALEXANDRE SILES VARGAS

GUITARRA BAIANA
UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO INSTRUMENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Música, subárea Educação
Musical, Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Educação Musical

Orientador – Prof. Dr. Jorge Luiz de Almeida Sacramento


Coorientador – Prof. Dr. Joel Luís da Silva Barbosa

Salvador
2015
FICHA CATALOGRÁFICA

V297 Vargas, Alexandre Siles


Guitarra Baiana: uma proposta metodológica para o ensino
instrumental/Alexandre Siles Vargas. _ Salvador, 2015.
331 f.: il.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Música da Escola de Música da Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Música.

Orientador: Prof. Jorge Luiz Sacramento de Almeida

1. Guitarra baiana. 2. Música – instrução e ensino. 3. Música - execução


I. Título
CDD 787.87
Dedico à Glaucia Maria da Paixão e Jaime Siles Vargas
por me darem à luz da vida. Ana Furze, Annete Vargas, Andréa
Valente, e Alice Vargas pelo suporte. Alexandre Vargas Junior e
Beatriz Vargas pela inspiração de ser pai.
AGRADECIMENTOS

À Deus que me proporcionou as condições essenciais para desenvolver esse


trabalho.
Ao meu orientador prof. Dr. Jorge Sacramento pela coragem, disposição e
sutileza nessa empreitada, desde o anteprojeto até a conclusão.
Ao prof. Dr. Joel Barbosa pelos ensinamentos metodológicos para a
construção da dissertação e do método.
Ao Aroldo Macedo e Armando Macedo pela colaboração com as inúmeras
informações.
À profa. Dra. Diana Santiago, Selma Magalhães e Maísa Santos pela
colaboração nas inúmeras demandas.
Aos profs. Drs. Conceição Perrone, Flávia Candusso, Helena Nunes, José
Maurício, Cristina Tourinho e Ricardo Bordini pelos ensinamentos durante e pós
curso do mestrado.
Meus agradecimentos aos professores e colegas do Curso, pela troca de
experiências. Em especial Vilma Fogaça, Ângela Luhning e Brasilena Trindade pelo
apoio e incentivo.
“Emocionalmente, o homem transcende
aos seus ancestrais animais pela sua capacidade
de apreciar o humor, a arte e a religião.
Socialmente o homem demonstra sua
superioridade fabricando aparatos, sendo um
comunicador, e um criador de instituições.”
(Livro de Urântia, 2009, p. 772)
VARGAS, Alexandre Siles. Guitarra Baiana: uma proposta metodológica para o
ensino instrumental. 331 p. il. 2015. Dissertação (Mestrado em Educação Musical) –
Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.

RESUMO

Esta dissertação é uma pesquisa sobre o instrumento Guitarra Baiana e o seu


processo de ensino e aprendizagem, que resultou na construção de um material
didático em forma de método instrumental. O trabalho se caracteriza como uma
pesquisa qualitativa, com finalidade exploratória que, por meio da pesquisa
bibliográfica e documental, responde à seguinte questão: Como construir uma
metodologia para o ensino da teoria, leitura e escrita musical com a Guitarra Baiana?
A pesquisa resultou na compilação de textos sobre: a história dos carnavais
soteropolitanos; o estilo trieletrizado de tocar Guitarra Baiana; um panorama da
história da banda “O Trio Elétrico” e sua cultura nos anos de 1950 até os anos 2000;
os motivos que levaram à utilização da Guitarra Baiana e ao desuso; e os fatores que
contribuem para que a maioria dos guitarristas não tenha habilidade para tocá-la. A
dissertação traz as características organológicas e a trajetória histórica do
instrumento, discutindo sobre quem foi o inventor da primeira guitarra elétrica de
corpo sólido com as características da Guitarra Baiana. Além disso, procura descrever
o seu desenvolvimento e a influência que o rock, a guitarra tradicional e a tecnologia
tiveram em sua prática. Também, foram realizadas as análises e comparação de
métodos instrumentais de bandolim e guitarra tradicional. No âmbito educacional, a
aprendizagem na visão cognitivista de Jean Piaget e Fritz Kubli, o modelo C(L)A(S)P
de Keith Swanwick, a aprendizagem informal na visão de Lucy Green, e a pedagogia
da Guitarra Baiana são abordados como fundamentação teórica. Ao final, é
apresentando o método instrumental de nome “A Arte de Tocar Guitarra Baiana”.

Palavras-chave: Guitarra Baiana. Ensino e aprendizagem musical. Tocar Guitarra


Baiana. Método de Guitarra Baiana. Carnaval da Bahia.
VARGAS, Alexandre Siles. Baiana Guitar: a methodology for instrumental
teaching. 331 p. il. 2015. Dissertation (Masters in Music Education) - School of Music,
Federal University of Bahia, Salvador, 2015.

ABSTRACT

This dissertation is research into the Baiana Guitar instrument and the process of
teaching and learning, which resulted in the construction of teaching material in the
form of instrumental method. The work is characterized as a qualitative research with
exploratory purpose that, through the bibliographical and documentary research,
answer the question: How to build a methodology for teaching theory, reading and
writing music with the Baiana Guitar? The research resulted in the compilation of
texts on: the history of carnivals originated in Salvador - Bahia - Brazil, the tri-
electrified style; an overview of the history of the band “The Electric Trio” and culture
of the 1950s to the 2000s, the reasons that led to the use of Baiana Guitar and disuse,
and the factors that contribute to most guitarists inability to play it. Yet, analysis and
comparison of instrumental mandolin and traditional guitar methods were also
carried out. This dissertation brings the characteristics of the Baiana Guitar and the
historical trajectory of the instrument, arguing over who was the inventor of the first
electric guitar solid body with the characteristics of the Baiana Guitar. In addition,
attempts to describe its development and the influence of the rock and roll, the
traditional guitar, and the technology have had on its practice. In education,
learning in cognitive vision of Jean Piaget and Fritz Kubli, the C(L)A(S)P model by
Keith Swanwick, informal learning in Lucy Green vision, and the pedagogy of Baiana
Guitar are approached as theoretical foundation. In the end, it is proposed the
instrumental method name "The Art of Baiana Play Guitar".

Keywords: Baiana Guitar. Bahian Guitar Method. Guitar from Bahia. Bahian Play
Guitar. Teaching and learning music. Bahia carnival.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Trio Elétrico da Saborosa. ........................................................................................ 41


Figura 2 - Réplica do Pau Elétrico por Elifas Santana ............................................................. 48
Figura 3 - Guitarra Baiana por Elifas Santana ......................................................................... 49
Figura 4 - Parte dianteira da GB6 ............................................................................................ 50
Figura 5 - Parte traseira da GB6 ............................................................................................... 51
Figura 6 - Gibson L5 ................................................................................................................. 53
Figura 7 - Violão Selmer-Maccaferri ........................................................................................ 53
Figura 8 - Fry Pan ..................................................................................................................... 54
Figura 9 - Electro Spanish Guitar............................................................................................. 54
Figura 10 - The Log................................................................................................................... 55
Figura 11 - Cavaco pau elétrico e violão pau elétrico ................................................................ 55
Figura 12 - Pau elétrico original ............................................................................................... 56
Figura 13 - Cavaco elétrico ....................................................................................................... 56
Figura 14 - Fender Telecaster ................................................................................................... 56
Figura 15 - Fender Stratocaster ................................................................................................ 57
Figura 16 - Gibson Les Paul ...................................................................................................... 57
Figura 17 - Mandocaster ........................................................................................................... 57
Figura 18 - Loja A Primavera, localizada na Praça da Sé em Salvador, BA..............................60
Figura 19 - Pedal Schaller de Armando Macedo ...................................................................... 64
Figura 20 - Procedimento pedagógico aprendizagem de notas, acordes, arpejos ................. 128
Figura 21 - Procedimento pedagógico para leitura ................................................................ 129
Figura 22 - Procedimento pedagógico para leitura de notas sem pentagrama...................... 130
Figura 23 - Procedimento pedagógico para leitura com pentagrama .................................... 130
Figura 24 - Procedimento pedagógico para escrita ................................................................. 131
Figura 25 - Procedimento pedagógico para ritmos brasileiros .............................................. 132
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Exemplo do quadro geral de conteúdos ................................................................. 83


Quadro 2 - Exemplo de quadro apresentação dos conteúdos por método .............................. 83
Quadro 3 - Quadro geral comparativo dos métodos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 .................................110
Quadro 4 - Conceitos de teoria musical dos métodos 1, 2, 3, 4 ............................................... 111
Quadro 5 - Figuras rítmicas dos métodos 1, 2, 3, 4 ................................................................. 111
Quadro 6 - Fórmulas de compasso dos métodos 1, 2, 3, 4 ...................................................... 112
Quadro 7 - Escalas dos métodos 1, 2, 3, 4 ............................................................................... 113
Quadro 8 - Intervalos dos métodos 1, 2, 3, 4 ........................................................................... 114
Quadro 9 - Conceitos de teoria musical dos métodos 5 e 6..................................................... 117
Quadro 10 - Figuras rítmicas dos métodos 5 e 6 ..................................................................... 117
Quadro 11 - Fórmulas de compasso dos métodos 5 e 6 ...........................................................118
Quadro 12 - Intervalos dos métodos 5 e 6 ...............................................................................118
Quadro 13 - Técnica guitarra dos métodos 5 e 6 ..................................................................... 119
Quadro 14 - Quadro geral comparativo dos métodos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e ATGB ................ 127

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de acordes dos métodos 1, 2, 3, 4 ....................................................... 115


Gráfico 2 - Quantidade de conteúdo de técnica dos métodos 1, 2, 3, 4 ................................... 116
Gráfico 3 - Quantidade de conteúdo de teoria musical dos métodos 7 e 8 ............................ 120
Gráfico 4 - Quantidade de acordes dos métodos 7 e 8 ........................................................... 120
Gráfico 5 - Quantidade de conteúdo de técnica dos métodos 7 e 8 ......................................... 121
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 14
2 O CARNAVAL DA BAHIA E A GUITARRA BAIANA ........................................ 20
2.1 UMA RESTROPECTIVA DO ENTRUDO AO SURGIMENTO DO TRIO ELÉTRICO
.................................................................................................................................................. 20
2.1.1 Proibição do entrudo, clubes carnavalescos, préstito e batucada ..... 21
2.1.2 Baixa dos Sapateiros e a Rua Chile ................................................................. 23
2.1.3 Pluralidade musical .............................................................................................. 24
2.1.4 Dodô & Osmar, o uso do Cavaco Elétrico, e a apresentação musical
na Fubica .............................................................................................................................. 25
2.2 O TRIO ELÉTRICO NOS ANOS 50, 60, 70, 80 .......................................................... 27
2.3 O ESTILO TRIELETRIZADO ........................................................................................ 32
2.4 TRADIÇÃO E DESUSO .................................................................................................. 35
2.4.1 A música carnavalesca: do frevo baiano trieletrizado ao axé music 36
2.4.2 Guitarra Baiana virtuosa, guitarra tradicional e o teclado
sintetizador ......................................................................................................................... 40
2.5. POR QUÊ A MAIORIA DOS GUITARRISTAS NÃO TOCAM GB? ......................... 42
2.5.1 A dificuldade de aquisição .................................................................................. 42
2.5.2 O que pensam três músicos que não tocam Guitarra Baiana (sobre
professor, mercado de trabalho, e solos) ............................................................... 44
3 A GUITARRA BAIANA ................................................................................................. 47
3.1 CARACTERÍSTICAS ORGANOLÓGICAS E TRAGETÓRIA HISTÓRICA .............. 47
3.2 DESCRIÇÃO DAS PARTES............................................................................................ 50
3.3 QUEM INVENTOU A GUITARRA BAIANA? ............................................................. 52
3.4 PROCESSO DE ELABORAÇÃO E APRIMORAMENTO DA GUITARRA BAIANA
.................................................................................................................................................. 58
3.4.1 Eliminação do bojo acústico e das cordas duplas do bandolim .......... 59
3.4.2 Construção do instrumento .............................................................................. 59
3.4.3 Início da lutheria ................................................................................................... 60
3.4.4 Cavaco Pau Elétrico, Guitarrinha, e Guitarra Baiana ............................ 61
3.5 INFLUÊNCIA DO ROCK, GUITARRA TRADICIONAL, E TECNOLOGIA ............ 63
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 66
4.1 APRENDIZAGEM COGNITIVA .................................................................................... 66
4.2 MODELO C(L)A(S)P....................................................................................................... 69
4.3 A PEDAGOGIA DA GUITARRA BAIANA ................................................................... 72
4.3.1 Um pouco da aprendizagem de Osmar, Armandinho, e Aroldo ......... 73
4.3.2 Considerações sobre a aprendizagem informal de Guitarra Baiana77
5 TRILHA METODOLÓGICA ........................................................................................ 78
5.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 78
5.1.1 Pesquisa qualitativa e exploratória ................................................................. 78
5.1.2 Vias de investigação .............................................................................................. 79
5.2 METODOLOGIA PARA A REVISÃO DOS MÉTODOS.............................................. 80
5.2.1 Etapas da revisão dos métodos......................................................................... 81
5.3 COMPOSIÇÃO DIDÁTICA E GERAÇÃO DE IMAGEM ............................................ 83
6 ANÁLISE DOS MÉTODOS DE BANDOLIM E GUITARRA ............................ 84
6.1 MÉTODOS DE BANDOLIM........................................................................................... 85
6.1.1 Método 1 - Methodo Elementar de Bandolim: teórico, prático e
progressivo .......................................................................................................................... 85
6.1.2 Método 2 - Methodo de Bandolim ................................................................... 87
6.1.3 Método 3 - Método per Mandolino ................................................................. 89
6.1.4 Método 4 - Método do Bandolim Brasileiro ................................................ 91
6.2 MÉTODOS DE GUITARRA TRADICIONAL .............................................................. 96
6.2.1 Método 5 - Leitura à primeira vista para guitarra e violão ................... 96
6.2.2 Método 6 - A Modern Method for Guitar ..................................................... 98
6.3 MÉTODOS INFORMATIVOS PARA BANDOLIM ................................................... 105
6.3.1 Método 7 - Metódo Prático do Bandolim .................................................... 105
6.3.2 Método 8 - Mandolin Chord Dictionary ..................................................... 107
6.4 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS ............................................................................... 109
6.4.1 Geral .......................................................................................................................... 109
6.4.2 Métodos de Bandolim ........................................................................................ 110
6.4.2.1 Conceitos de teoria musical .................................................................................. 110
6.4.2.2 Figuras rítmicas ..................................................................................................... 111
6.4.2.3 Fórmula de compasso............................................................................................ 112
6.4.2.4 Escalas ..................................................................................................................... 112
6.4.2.5 Intervalos................................................................................................................. 114
6.4.2.6 Acordes..................................................................................................................... 114
6.4.2.7 Técnica ..................................................................................................................... 115
6.4.3 Métodos de guitarra tradicional ................................................................... 116
6.4.3.1 Conceitos de teoria musical .................................................................................. 116
6.4.3.2 Figuras rítmicas ..................................................................................................... 117
6.4.3.3 Fórmulas de compasso .......................................................................................... 118
6.4.3.4 Intervalos ................................................................................................................ 118
6.4.3.5 Técnica ..................................................................................................................... 119
6.4.4 Métodos informativos para bandolim ........................................................ 119
6.4.4.1 Conceitos de teoria musical .................................................................................. 119
6.4.4.2 Acordes..................................................................................................................... 120
6.4.4.3 Técnica ..................................................................................................................... 120
6.5 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................ 121
7 A PROPOSTA METODOLÓGICA............................................................................ 122
7.1 APRENDIZAGEM INSTRUMENTAL ......................................................................... 122
7.1 CONTEÚDO .................................................................................................................... 124
7.2 PROCEDIMENTO PEDAGÓGICO.............................................................................. 128
7.2.1 Ensino de notas, acordes e arpejos ............................................................... 128
7.2.2 Ensino da leitura musical ................................................................................. 129
7.2.3 Ensino da escrita musical ................................................................................. 130
7.2.4 Ensino de ritmos brasileiros para acompanhamento .......................... 131
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 133
APÊNDICE ......................................................................................................................... 145
14

1 INTRODUÇÃO

Eu conheci a Guitarra Baiana quando vim de Ilhéus, morar em Salvador, em


1970. Aqui tive as primeiras aproximações com a música de carnaval e aos quatro
anos de idade, já ouvia o som eletrizado de Dodô & Osmar.

Minha família materna residia em Pernambuco, onde passávamos as férias de


fim de ano, inclusive o carnaval. As comemorações pernambucanas incluíam
orquestras de frevo, brincantes fantasiados, confetes, serpentina. Lembro-me do
cheiro do talco e do perfume lançados a esmo; além dos jatos de água que atirávamos
uns aos outros. Em Salvador, o resto do ano cabia aos estudos, brincadeiras e à
audição dos álbuns da discoteca da família. Eu costumava escutar os discos dos
Originais do Samba, Os Incríveis, O Charango Boliviano, Charles Aznavour, Paul
Mauriat, W. A. Mozart, L. van Beethoven, Maurice Ravel, Jean Luc Ponty, Pink Floyd,
Led Zeppelin, Secos & Molhados e o disco do Trio Elétrico Dodô & Osmar de nome
Jubileu de Prata (1974), que estampava a foto da “Fubica” com os músicos e seus
instrumentos, dentre eles: o Cavaquinho Elétrico – protótipo da Guitarra Baiana.

O costume de celebrar o carnaval ao som das bandinhas de música no clube


Associação Atlética da Bahia assemelhava-se ao costume dos festejos
pernambucanos. O clube inovou contratando uma banda maior que, além dos
instrumentistas de sopro e percussão, tinha um guitarrista a tocar a base rítmica. Nos
anos seguintes, conheci o carnaval de rua, quando levávamos as cadeiras para
assistirmos ao desfile dos trios na Avenida Sete de Setembro. Depois, começamos a
frequentar a arquibancada localizada na Praça Campo Grande, de onde era possível
ver de um plano mais alto as bandas que tocavam nos trios elétricos.

A música baiana carnavalesca estava assumindo novas características. As


bandas de trio não continuaram a tocar frevos instrumentais como antes. A Guitarra
Baiana estava deixando de ser usada pela maioria dos músicos de Salvador, devido à
mudança do gênero do frevo baiano trieletrizado para o axé music – um misto entre
música junina, afro-brasileira, caribenha, e do rock nacional dos anos 80.

Eu e meus amigos da escola tocávamos heavy metal, rock progressivo e música


instrumental, mas, durante o carnaval, íamos ao Corredor da Vitória assistir à
concentração de trios. Ali, as bandas testavam a sonorização, e eu podia ouvir o som
potente de uma guitarra amplificada. Para um adolescente de 15 anos, era quase
15

inevitável querer tocar em cima daquele palco ambulante.

Assim, com a vontade de reproduzir as músicas que escutava quando criança,


ensaiei a minha performance frente ao espelho, tocando com uma raquete de tênis, e
me imaginava na frente de um público de milhares de pessoas. Eu queria participar
do movimento musical que acontecia na Bahia dos anos de 1980 e 1990, em que a axé
music se consolidou. O mercado de trabalho se expandiu, atraindo músicos de outras
cidades e países, fato que diversificava e enriquecia a musicalidade baiana. Neste
contexto, comecei a tocar em palcos e em trios elétricos, além de produzir, gravar e
realizar shows pelo mundo1.

1 Espetáculos que incluem o Festival de Montreaux (1994), Gurtenfestival, Maiz Stage e Festival Jazz Lugano
(Suíça); London Jazz Festival, The British Red Cross London Ball e Royal Festival Hall (Inglaterra); Istambul
Jazz Festival (Turquia), Jazztel Music, Festival Fiesta e Umbria Jazz (Itália); Festival Couleur Café (Bélgica),
Amsterdam Roots Festival (Holanda); Hollywood Bowl (EUA), Tanzbrunnen Jazz Festival e Tübingen Festival
(na Alemanha); Imatra Big Band Festival (Finlândia); Festival Baía das Gatas (Cabo Verde - África); Rock in Rio
2001 (Brasil); Rock in Rio 2004 (Portugal), além de um vasto hall de apresentações no circuito nacional e
internacional, incluindo as cidades de Nova York, Los Angeles, Boston, Dallas, Chicago e Miami (EUA); Lyon,
Marseille e Paris (França); Milão, Roma, Palermo, Bologna e Perugia (Itália); Barcelona, Vigo, Santiago de
Compostela e Madrid (Espanha); Lisboa, Ilha da Madeira, Coimbra e Porto (Portugal); Cidade do México,
dentre outras cidades. Já toquei com os cantores Riachão, Sarajane, Simone Moreno, Gerônimo, Paulinho
Boca (Novos Baianos), Lui Muritiba, Guida Moira, Monclar, Bruno Nunes, Clube do Choro da Bahia, e vários
grupos de rock baiano dos anos 1980 e 1990 como: Sinal de Alerta, Cabo de Guerra, Scarlet, Banda Neura,
Quiron, Andrômeda, dentre outras. Participei de apresentações especiais ao lado de grandes nomes da música
nacional e internacional como: Maria Bethânia, Ana Carolina, Lenine, Escola de Samba Portela, Bateria da
Unido da Tijuca, Chico César, Vânia Abreu, Elba Ramalho, Tom Zé, Caetano Veloso, Luciana Melo, Fernanda
Porto, Jorge Vercilo, Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), Gabriel O Pensador, Fernanda Abreu, Armandinho
Macedo, Gilberto Gil, Tony Garrido, Beth Carvalho e Wagner Tiso, além do pianista erudito Ricardo Castro, da
cantora de fado portuguesa Dulce Pontes, da espanhola Rosário Flores e do rapper italiano Jovanotti. Fiz
apresentações acompanhando as orquestras Jazz Sinfônica (SP) e Petrobrás (RJ). Fui concertista tocando
bandolim na peça de Radamés Gnattali - Suite Retratos, acompanhado da Orquestra sinfônica da Universidade
Federal da Bahia. Os discos que participei inclui a gravação dos seguintes álbuns: Rock Conexão Bahia
(Continental - 1989) com a banda Quiron (inclusive uma das duas faixas, a de nome Marginal Indefeso é
composição de minha autoria com parceria de Álvaro Lemos), Mulheres do Mundo (Warner Music Brasil, 1994)
da cantora Simone Moreno, Som Brasil Axé (Som Livre - 1997), É de Apaixonar (Warner Music Brasil, 1996) do
cantor Pierre Onasis, Feijão com Arroz e Elétrica (Sony Music, 1996), coletânea Agita Brasil (Sony Music, 1997-
98; CD Balé Mulato e DVD Balé Mulato, gravado ao vivo no farol da Barra, em Salvador (EMI Music Brasil,
2006), Eletrodoméstico (DVD - MTV ao vivo), Baile Barroco (DVD ao vivo no carnaval da Bahia, 2006), Sol da
Liberdade e Sou de Qualquer Lugar (BMG), Canibália (SONYBMG, 2009) e Canibália: Ritmos do Brasil (DVD,
2011) da cantora Daniela Mercury; Festa (Universal Music) da cantora Ivete Sangalo; Jammil e Uma Noites
(Abril Music, 1999), Soberano (Sony Music, 2000), Jammil e Uma Noites de Verão (Abril Music, 2002) da
banda Jammil; Sinal Verde (Universal Music) da banda Terra Samba. Também fiz arranjos e participação
especial no show ao vivo em DVD de nome Elas Cantam Roberto (SONYBMG, 2009), Cheiro de Amor Acústico
(2008), Um barzinho, um violão (Universal Music, 2005) em homenagem à Jovem Guarda (Multishow ao vivo),
e o DVD do Show Viva Brasil gravado em Paris, em julho de 2005, com direção de Andrucha Waddington, onde
também se apresentaram Gal Costa, Lenine, Jorge Benjor, Ilê Aiyê, Jorge Mautner, Gilberto Gil, entre outros.
Como produtor musical, produzi artistas independentes, jingles, trilhas e vinhetas - em estúdio próprio. Em
parceria com o DJ Nortcele, produzi a trilha sonora do desfile da estilista Luciana Galeão (Rosas são vermelhas,
violetas são azuis) para o Barra Fashion 2003 (Shopping Barra, Salvador - Bahia). Em 2008 produzi meu álbum
intitulado Cicoguita totalmente autoral; as faixas do CD Balé Mulato de Daniela Mercury: “Essa Ternura”
(versão de A Certain Softness de Paul McCartney), “Meu Pai Oxalá” e “Olha o Gandhy Aí”, esta última foi eleita
como música campeã do carnaval pela Rede Bandeirantes de Televisão em 2005. Também produzi três faixas:
“Dança Maria”, “Alumeia” e “Cavaleiro do Coração” de autoria de Daniela Mercury, e integrantes da trilha
sonora do filme Canta Maria, do cineasta Francisco Ramalho Junior. Também, fui diretor musical da banda da
Daniela Mercury no ano de 2005 (inclusive na turnê europeia e americana) e no carnaval do ano de 2006,
durante as gravações do DVD Baile Barroco (2006), executado ao vivo em cima do trio elétrico no Farol da Barra
em Salvador.
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O TEMA

A escolha por pesquisar sobre a Guitarra Baiana (GB) nasceu da minha


afinidade com a música de carnaval e, principalmente, com o trabalho do grupo “O
Trio Elétrico” de Dodô & Osmar. Neste contexto, durante o curso de Licenciatura em
Música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), percebi a inexistência de
material pedagógico relacionado ao ensino, e a ausência de pesquisas sobre sua
trajetória histórica. Assim, propus ao Programa de Pós-Graduação em Educação
Musical da UFBA, investigar sobre o tema com o intuito de compor os subsídios
necessários para a elaboração de uma proposta metodológica destinada ao ensino.

O estado da Bahia é reconhecido pela sua riqueza e diversidade cultural.


Dentre as suas tradições, está o costume de celebrar o carnaval. A indústria
carnavalesca da música de trio (representada pelo axé music) foi uma consequência
do surgimento, em 1950, do grupo musical O Trio Elétrico com a Fubica e o Cavaco
Elétrico – também conhecido como Pau Elétrico, Cavaco de Trio, Cavaquinho
Elétrico, Guitarrinha, Baiana Guitar, Bahian Guitar, Bahian Electric Guitar e
Electric Mandolin. Desde então, seu uso se expandiu pelo Brasil, sendo associado à
música instrumental de carnaval e ao fenômeno do trio elétrico. Os guitarristas da
Guitarra Baiana exerciam a função de solista principal, sendo um instrumento
indispensável na formação das bandas que se apresentavam em cima de um trio
elétrico durante as décadas de 50, 60, 70, e 80.

Este instrumento, aliado ao virtuosismo de Osmar Macedo, tornou-se o


símbolo do carnaval baiano, porém a popularização do gênero cantado promoveu seu
desuso. A prefeitura de Salvador, no ano de 2013, homenageou a Guitarra Baiana,
elegendo-a como tema do carnaval. Mas, apesar das honras, não é recorrente seu
ensino nas instituições formais, criando assim uma lacuna cultural na formação dos
estudantes baianos. Após a conclusão desta pesquisa, que teve como um dos
resultados o Método A Arte de Tocar Guitarra Baiana - ATGB, foi possível iniciar a
primeira turma de Guitarra Baiana no Curso de Extensão da UFBA a usar o Método
instrumental ATGB, no entanto a maioria das escolas de música de Salvador
(incluindo a graduação da UFBA) não disponibiliza cursos, seja de curta, média ou
17

longa duração, exceto os projetos dirigidos pelo guitarrista Aroldo Macedo2.

As composições e a performance de Osmar Macedo estão relacionadas à


inclusão do guitarrista como solista principal, e ao desenvolvimento do estilo musical
trieletrizado em Salvador. A relevância que este instrumento tem para a cultura
baiana não condiz com a atual situação de desuso, por parte dos músicos brasileiros.

Os saberes originados pelo senso comum, e que envolvem a prática da Guitarra


Baiana, estão voltados para a tradição do ensino oral e da aprendizagem aural – sem
o uso da notação musicológica em partitura. Esse aspecto foi importante para o
desenvolvimento de uma linguagem peculiar e para a sua preservação, mas manteve
os estudantes de GB afastados da aprendizagem teórica musical3.

Neste sentido, a presente dissertação vem propor uma pedagogia específica,


por meio da criação de uma metodologia para o processo de ensino. No entanto, não
encerra o assunto, mas busca refocilar o uso deste instrumento, que é usado há 65
anos no Brasil. Enquanto isso, o livro A Modern Method of Guitar (1966), elaborado
para o ensino da guitarra tradicional, vem sendo usado na Berklee College of Music,
situada na cidade de Boston, nos Estados Unidos. Este método foi traduzido para o
português, sendo utilizado em larga escala por professores brasileiros.

No exercício da profissão de educador, tenho percebido o interesse dos alunos


em dissipar do ensino-aprendizagem do instrumento, pela ausência de professores e
de uma metodologia específica. Destarte, o método “A Arte de Tocar Guitarra Baiana”
certamente preencherá essa lacuna, servindo como material de apoio para o
educando e o educador.

Esta investigação é pioneira no que pretende realizar e vem fortalecer a


identidade cultural baiana ao trazer contribuições significativas na área do
conhecimento histórico e pedagógico-didático-musical. O resultado dessa ação
poderá proporcionar o aumento do interesse das pessoas em aprender a tocar o
instrumento, contribuindo para sua divulgação, valorização, e possível inclusão no
sistema educacional brasileiro.

2 Os projetos são: Escola de Música Osmar Macedo, Oficina de Música Instrumental Osmar Macedo,
Oficina de Música Instrumental, e, atualmente, Escola Irmãos Macedo.
3 Teoria musical ou teoria da música é o nome dado a qualquer sistema ou conjunto de sistemas
destinado a analisar, classificar, compor, dentre outras funções a ela atribuídas; no entanto, para
esta pesquisa, será entendida sob o ponto de vista da ciência musical desenvolvida desde a Idade
Média, e que é a base para o desenvolvimento do sistema musical tonal.
18

O PROBLEMA DE PESQUISA

A investigação teve caráter qualitativo, com finalidade exploratória e buscou,


por meio da pesquisa bibliográfica e documental, responder à seguinte questão:
Como construir uma metodologia para ensino da teoria, leitura e escrita musical com
a Guitarra Baiana?

Acredito que a construção de uma metodologia para o ensino da teoria, leitura


e escrita musical com Guitarra Baiana deve ser fundamentada nos métodos de
bandolim e de guitarra tradicional, em diálogo com os saberes provenientes da
oralidade. Isto ocorre devido ao fato do instrumento possuir característica híbrida4 e
por seu processo de ensino e aprendizagem ter acontecido de maneira empírica.
Todavia, a metodologia deve ser testada para a efetivação do seu valor pedagógico.

OBJETIVO

Neste sentido, o objetivo geral da pesquisa foi construir uma metodologia


instrumental para a Guitarra Baiana na perspectiva do ensino de música.

Quanto aos seus objetivos específicos, foram:

• Descrever a retrospectiva histórica da Guitarra Baiana;


• Refletir sobre os métodos de bandolim e de guitarra tradicional;
• Definir as competências, objetivos, conteúdos, procedimento
pedagógico e recursos para a proposta metodológica;
• Compor exercícios e músicas didáticas.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Para melhor compreensão desta pesquisa, dividi o trabalho em 8 capítulos


que, fora 1 - Introdução e 8 - considerações gerais, foram assim nomeados: 2 - O
Carnaval da Bahia, 3 - A Guitarra Baiana, 4 - Fundamentação Teórica, 5 - Trilha
Metodológica, 6 - Análise dos Métodos, 7 - A Proposta Metodológica.

4
Afinação é análoga à do bandolim, e a técnica instrumental perpassa pela técnica do bandolim e da
guitarra tradicional.
19

O Carnaval da Bahia traz a retrospectiva histórica do Carnaval soteropolitano,


o estilo trieletrizado, um panorama sobre a cultura do trio elétrico no período de 1950
até os anos 2000, a investigação sobre os motivos que levaram a Guitarra Baiana ao
desuso, e os fatores que contribuem para que a maioria dos guitarristas não saiba
tocar o instrumento.

A Guitarra Baiana revela as características organológicas, o processo de


desenvolvimento, a discussão sobre quem foi o inventor da Guitarra Baiana e da
guitarra elétrica de corpo sólido, a influência do rock, da guitarra tradicional, e da
tecnologia.

Na Fundamentação Teórica busquei alicerce na aprendizagem cognitiva de


Jean Piaget, no modelo C(L)A(S)P de Keith Swanwick , na pedagogia da Guitarra
Baiana (e sua relação com a aprendizagem informal de Lucy Green), contando com a
descrição da aprendizagem de Osmar, Armando, e Aroldo Macedo.

A Trilha Metodológica enfoca a metodologia utilizada na pesquisa, para, em


seguida, concentrar-me na Análise dos Métodos – a revisão dos métodos de bandolim
e de guitarra e, por fim, trazer à luz, no capítulo 7, a Proposta Metodológica, com o
conteúdo programático e o procedimento pedagógico do Método “A Arte de Tocar
Guitarra Baiana”.
20

2 O CARNAVAL DA BAHIA E A GUITARRA BAIANA

Hoje, o carnaval da Bahia está bastante diferente do da época de suas origens.


Necessária se faz uma revisão histórica deste carnaval focada entre o entrudo e o
aparecimento do grupo musical Trio Elétrico Dodô & Osmar com o Cavaco Elétrico,
protótipo da Guitarra Baiana. Esta revisão tem importância na elucidação dos
acontecimentos que influenciaram o surgimento do Trio Elétrico Dodô & Osmar e da
Guitarra Baiana no carnaval da Bahia, que parecem ser: o advento do entrudo, a
partir do século XVII, seguidos dos clubes carnavalescos no século XIX, o costume de
desfile em carro alegórico, à genialidade de Dodô e ao virtuosismo instrumental de
Osmar Macedo.

Os locais percorridos pelos desfiles como a Baixa dos Sapateiros, Rua Chile,
Praça Castro Alves, Campo Grande nunca desaparecerão da memória de quem fazia
da pluralidade musical, da invenção, da originalidade criativa a alegria de muitos
foliões. Com o advento da Fubica, os foliões não se cansavam de dançar atrás do Trio
Elétrico Dodô & Osmar, e de outros trios que seguiram seu modelo. Da Fubica ao
caminhão ficam as emoções de uma música trieletrizante que tem como um dos seus
protagonistas o Cavaco Elétrico, que originou a Guitarra Baiana, a qual se tornara
símbolo do carnaval de Salvador.

2.1 UMA RESTROPECTIVA DO ENTRUDO AO SURGIMENTO DO TRIO ELÉTRICO

A origem do Carnaval parece estar nas práticas antigas de pintura corporal


com o uso de máscaras e penas durante rituais nas primeiras civilizações da região do
mediterrâneo. Alguns pesquisadores afirmam que a origem do carnaval remonta às
festas religiosas e pararreligiosas do Egito, Grécia e Roma Antiga, quando os
celebrantes buscavam o prazer adornados pelo vinho e pela disrupção, transversão,
inversão e subversão da ordem (FULCHIGNONI apud CERQUEIRA, 2002, p. 19).
Outros pesquisadores apontam que a origem do carnaval foi a festa judaica de
“Purim”, ocasião em que ocorria a distribuição de alimentos e dinheiro aos
necessitados, além de entrega de presentes, consumo de vinho na ceia, uso de
máscaras e fantasias.

No século XVI, os portugueses – muitos deles eram judeus ou cristãos novos –


21

introduziram a gaita de fole e o tamboril para seu divertimento, disponibilizando as


ferramentas para o desenvolvimento musical que, no futuro, iria compor as
tradicionais festas carnavalescas baianas. “Nesse dia enquanto ali andavam [os
índios], dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso,
como se fosse mais amigos nossos do que nós seus.”5. Tinhorão afirma que as
atividades dos padres jesuítas ligados à catequese dos indígenas na Bahia, em 1549,
incluía danças e cantos coletivos populares para o folgar, além dos hinos e cantos
eruditos da Igreja Católica (à base de cantochão e órgão) para os atos solenes rituais,
ou para estimular a devoção. (TINHORÃO, 2010, p. 37-38).

Segundo Tinhorão (2013, p. 129-130), entrudo foi o nome dado ao carnaval


durante os primeiros séculos da colonização portuguesa. Nesta ocasião, se permitia
aos escravos o uso de máscaras e de fantasias, além de comer e beber
desbragadamente. No Brasil, o entrudo limitou-se, até meados do século XIX, a uma
festa em que os escravos da Colônia e do Império saíam correndo pelas ruas, sujando-
se uns aos outros com farinha de trigo e polvilho. As famílias brancas, refugiadas em
suas casas, divertiam-se derramando pelas janelas tinas de água suja sobre as pessoas
que passavam, enquanto comiam e bebiam em um clima de quebra consentida da
extrema rigidez patriarcal. Estas comemorações incluíam desfiles com fantasiados,
carros alegóricos e música de fanfarra.

Talvez a mais antiga descrição do carnaval baiano, seja feita por


Ferdinando Denis6. Nele o autor afirma que, na época do carnaval, em
1816, na Bahia, fora levado por um amigo a fazer uma visita e que
desde as primeiras saudações foram acolhidos por uma chuva de ovos
de cera, cheios d’água, amarelos e verdes, que todas as jovens e belas
moças da família lhe jogaram impiedosamente no rosto. (OLIVEIRA,
2002, p. 177).

2.1.1 Proibição do entrudo, clubes carnavalescos, préstito e batucada

O entrudo permitia que os foliões de raças e classes sociais diferentes se


expressassem e interagissem livremente, porém foi proibido em 1853.

A partir dessa época, dois tipos de manifestação carnavalesca se


desenvolveram – o dos salões e o das ruas; o primeiro frequentado
pelos brancos e mulatos da boa sociedade, e o segundo pelas camadas

5 Carta de Pero Vaz de Caminha a El-Rei D. Manuel


6 DENIS, Ferdinando; TAUNAY, Hippolyte. Le Brésil ou histoire, moeurs, usages et coutumes des
habitants de ce royaume. Paris, 1822.
22

populares das cidades, composta em maioria por negros e mulatos


escuros. (VERGER apud OLIVEIRA, 2002, p. 182).

Brasil (1969, p. 82) relata que, em 1878, o Barão Homem de Melo, dirigente do
Estado da Bahia, estabeleceu o Carnaval, determinando ao chefe de polícia que
emprestasse adereços e fantasias para serem usados nos festejos. Os clubes
carnavalescos de Salvador apareceram como opção de divertimento privado para as
famílias mais ricas. Era nesse local que se continuava a festa depois do desfile nas
ruas. Dentre os principais clubes, figuravam: Cruz Vermelha (fundado em 1883, com
o primeiro desfile em 1884), Fantoches da Euterpe (1884) e Inocentes em Progresso
(1889/90); além de clubes menores como o Saca Rolhas, Cavalheiros de Malta, Clube
dos Cacetes, Grupo dos Nenês. Esses clubes participavam dos desfiles em corso pelas
ruas, que eram conhecidos como préstitos; cada clube tinha seu carro alegórico
movido por tração animal.

O préstito ou corso era o desfile de carros alegóricos, concebido por Paraiso


(2002, p. 81) como a “manifestação do poder econômico e social das classes mais
ricas da cidade. O luxo das roupas e fantasias, o brilho, os efeitos cromáticos, a forma
das alegorias e dos carros, formava um universo de formas e cores.”.

Godi (2002) afirma que o carnaval europeizado começa a ter a participação


afro-brasileira em 1895 com o desfile do Clube Embaixada Africana e com a
participação do Clube Pândegos da África em 1896, os quais transitavam na região da
Baixa dos Sapateiros, Taboão, Barroquinha, e Pelourinho – região central de
Salvador. Estes clubes traziam as temáticas africanas, disseminando seus valores,
processando sua autoestima, aceitação social e legitimidade, apesar das
discriminações e perseguições do dia a dia. “O Fato é que a proliferação da presença
afro-carnavalesca provocou um pânico desmedido na elite carnavalesca, a ponto de
ocasionar uma medida jurídica que colocaria essa presença no lugar da ilegalidade e
da criminalidade.”. (GODI, 2002, p. 98).

A ordem de ilegalidade publicada em 1905 reprimiu qualquer alusão às origens


africanas, dando origem ao aparecimento das batucadas. As batucadas eram as
manifestações da população afrodescendente, em que os brincantes saiam pelas ruas
a tocar instrumentos de percussão, disfarçados em fantasias, cujas temáticas
remetiam o observador a qualquer outra cultura que não era a africana.
23

2.1.2 Baixa dos Sapateiros e a Rua Chile

A Baixa dos Sapateiros, região do entorno da Rua J.J. Seabra, foi um local de
intenso agito cultural no passado. Neste sítio, em 1910, havia o cinema Jandaia, que
apresentava seções de cinema mudo com acompanhamento de orquestra, além de
apresentações de artistas consagrados como Carmem Miranda.

O intenso comércio local contava com a animação de “bandas militares


tocando nos coretos, alguns caminhões ornamentados e o concurso promovido pelos
lojistas.”. Durante o carnaval, as ruas eram preenchidas pelos cordões, os caretas,
blocos, afoxés e as mudanças7, apesar da recessão econômica que a Primeira Guerra
Mundial ocasionou. Já em 1921, a Baixa dos Sapateiros abrigava a vertente mais
popular da festa, concentrando os afoxés, os caretas e os blocos mais pobres, afirma
Teixeira (2002, p. 46).

Por volta de 1926, a Rua Chile começou a despontar com a iniciativa dos
comerciantes em instalar suas lojas, fato que tornou este local o centro comercial e
cultural da cidade.

A Rua Chile servia como palco de inúmeras e variadas manifestações


da vida urbana de Salvador. Namorar no ponto da Sloper, bater papo
no Café das Meninas ou visitar a escada rolante da loja Duas
Américas, inaugurada em 1958 e única da cidade, faziam parte dos
programas de lazer da época. (RUBIM; COUTINHO; ALCÂNTARA,
1990, p. 31).

Durante o carnaval, a Rua Chile era o local por onde passavam os brincantes, e
o corso. Os bondes eram enfeitados e circulavam pela cidade, sendo chamados de
prancha. Os foliões cantavam e dançavam as marchas e marchinhas, que
constituíram grande parte da música de carnaval do Brasil, “prestando-se como
nenhum outro gênero às evoluções coreográficas dos cortejos e da gente que se agita
nas ruas...”. (ALVARENGA, 1960, p. 299).

A rota de desfile foi se estendendo até alcançar a Praça Campo Grande,


passando pela Avenida Sete de Setembro. Ao longo desse circuito, as pessoas
acompanhavam o préstito, enquanto outros assistiam das varandas de suas casas, ou
sentados em cadeiras pelas calçadas. A concentração ficava em torno da Praça Campo

7 Carroça cheia de utensílios que simulavam uma mudança de residência trivial, porém os objetos
eram despejados nas ruas. Posteriormente, as mudanças foram proibidas devido ao acúmulo de lixo
que ocasionava.
24

Grande, adentrando a Avenida Sete de Setembro (chamado de Corredor da Vitória).

2.1.3 Pluralidade musical

Brasil (1969) relata que a música da Bahia recebeu grande influência dos povos
europeus e africanos. As manifestações populares e gêneros musicais como: a
modinha, que veio de Portugal no século XVIII; o lundu (dança rural cantada de
origem africana); a tirana (dança sapateada e cantada de origem espanhola); as
cantigas de mendigo; a capoeira (jogo dançado, cantado e tocado ao som de
berimbau, chocalho e pandeiro); festas e cantos religiosos (Festa do Nosso Senhor do
Bonfim e Festa do Divino Espirito Santo); danças regionais (minueto, quadrilha
sifilítica, batuque de boi, candomblé, samba de partido alto, samba de roda, chula,
corta jaca, cheganças, festa dos mouros e bailes pastoris); terno e rancho de reis;
congo; os caboclos de Itaparica; os pregões (música cantada pelos vendedores de
rua); a presença das percussões africanas nas festas populares; as apresentações das
bandas de barbeiro (originadas pelas charangas na primeira metade do século XIX);
as bandas militares; e as filarmônicas. Todas essas manifestações teriam contribuído
para a formação da identidade musical baiana.

A autora acrescenta que, ao final do século XIX, foi construído o Conservatório


de Música em Salvador, o qual excluía o ensino de instrumentos utilizados na música
popular de rua, como: violão, cavaco, bandolim e percussão. Os músicos que tocavam
samba de roda utilizavam violões, cavaquinhos, flautas, pandeiros, pratos de mesa e
faca. Os bailes pastoris eram realizados ao som do violão, bandolim, cavaquinho e
pandeiro. Os ranchos eram apresentados com o violão, viola, cavaquinho, ganzá,
prato e flauta. No entanto, é em meados do século XX que o carnaval baiano começa a
ser modelado conforme o conhecemos atualmente.

Nos anos quarenta, os afoxés persistem. Filhos d’Oxum, Lordes


Africanos, Filhas d’Oxum, Filhos de Obá. Mas é em 1949 que vamos
assistir ao nascimento de dois marcos fundamentais do carnaval
baiano – polos que irão dar o tom e a fisionomia da festa, tal como o
conhecemos ainda hoje, apesar do caráter de transição do momento
presente. De uma parte, brota o Afoxé Filhos de Gandhi. De outra,
Dodô e Osmar criam o trio elétrico, desfilando pela cidade em cima de
uma “Fubica”. A mão do preto no couro e a estridência do trio:
carnaval negroelétrico da Bahia. (RISÉRIO, 2004, p. 564).
25

2.1.4 Dodô & Osmar, o uso do Cavaco Elétrico, e a apresentação musical


na Fubica

Em meio às manifestações musicais de Salvador, atuou o violonista e técnico


em eletrônica: Adolpho Antônio do Nascimento, o Dodô. Este personagem da música
baiana possuía a competência de construir equipamentos eletrônicos, e trabalhava
como eletrotécnico, prestando serviços de conserto e assistência técnica.

Dodô transitava pelas rádios, consertando os equipamentos, quando conheceu


Dorival Caymmi. Dorival era integrante do conjunto musical Três e Meio, porém
quando decidiu ir morar no Rio de Janeiro, deixou o grupo desfalcado. Dodô
costumava tocar violão com amigos, em festas familiares, onde conheceu Osmar
Macedo. Neste ínterim, na tentativa de recompor a banda “Três e Meio”,
arregimentou novos músicos, incluindo Osmar Macedo como bandolinista.

A partir da participação de Osmar no grupo, o estilo seresteiro e


cantado da antiga formação do grupo Três e Meio, passou a ter maior
identidade instrumental trazida pelo jovem Osmar, que era
influenciado pelo frevo e pela música erudita, a qual aprendia de
ouvido. (MACEDO, 2015).

Osmar Alvares Macedo veio de uma família que trabalhava com maquinários,
fato que lhe proveu conhecimento e experiência neste ramo. Aquela era uma época
em que a Cidade Baixa crescia juntamente com a expansão e o desenvolvimento
econômico soteropolitano. A região da Cidade Baixa foi sendo valorizada com a
instalação de indústrias de refrigerante, chocolate, dentre outros comércios.

Era possível conseguir praticamente de tudo ali. Meu pai teve uma
primeira oficina que ficava à Rua Barão de Cotegipe na Calçada, onde
ele conheceu Dodô. Dodô morava em uma vila ali perto, e consertava,
em um quartinho de sua casa, os equipamentos eletrônicos.
(MACEDO, 2015).

A dupla de amigos, Dodô e Osmar tinha gostos semelhantes, sendo Dodô bem-
querido no ambiente familiar de Osmar e vice-versa. O potencial de inventividade
destes músicos amadores foi aguçado quando ocorreu a apresentação do Clube
Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife8, em Salvador. O depoimento de Osmar

8
Alguns historiadores, incluindo o próprio Osmar Macedo, afirmam que a apresentação do Clube
Carnavalesco Vassourinhas ocorreu em 1950, porém Aroldo Macedo afirma que há indícios (em
jornais da época) de que o ano desta apresentação foi o de 1951, e que esta seria uma possível
correção a ser feita na história de Dodô & Osmar até hoje contada. Aroldo afirma que a data teria
sido trocada para antecipar a comemoração do Jubileu de Prata - 25 anos de existência da banda no
26

(apud AYÊSKA, 2005, p. 3) descreveu o fato ocorrido:

Passou aqui num navio, numa quarta-feira, no navio Pedro II, um


navio do Loyd Brasileiro... O governador Otávio Mangabeira fez um
pedido para o Vassourinhas fazer uma exibição pública na Av. Sete. E
isso foi feito, anunciado. A Bahia quase inteira foi pra Av. Sete ver o
desfile dos Vassourinhas. Eu estava lá com Dodô... Foi ai que eu dei a
ideia pra Dodô: “Dodô, vamos sair tocando essa música!”. Que eu já
sabia algumas das músicas. Música de Nelson Ferreira, de Capiba...
Frevo Rasgado, aquele frevo... Aí nós preparamos a Fubica... um Ford
29.

Os desfiles em carros abertos eram acompanhados de música ao vivo. Os


instrumentos musicais, a depender de sua estrutura acústica, radiavam mais ou
menos volume sonoro. Os instrumentos como violão, cavaco e bandolim ficavam
praticamente inaudíveis perto de um grupo de sopro e percussão. O uso da captação
elétrica possibilitou a amplificação dos instrumentos de corda, permitindo que o
Cavaco Elétrico pudesse ser utilizado como um instrumento solista no Carnaval de
rua.

Desta forma, Dodô e Osmar transferiram seus equipamentos para um


automóvel decorado com temas carnavalescos (a Fubica), e seguiram em direção ao
centro da cidade, subindo a Ladeira da Montanha. No final da tarde, alcançaram a
Rua Chile, e permaneceram a dar voltas por esta rua tocando choros, passo doble,
marchinhas e frevos.

A participação do grupo “A Dupla Elétrica” foi o motivo que levou os foliões


das classes mais baixas para a Rua Chile, Praça Castro Alves e Avenida Sete de
Setembro, diminuindo as festas que aconteciam nas pequenas praças dos bairros de
Salvador. Um momento de reencontro da elite com o “povão”. Nesta primeira
aparição, eles foram de encontro com o desfile do clube carnavalesco Fantoches da
Euterpe, assustando os cavalos, e sendo hostilizados pela polícia. Devido a este
ocorrido, eles decidiram participar do carnaval no horário próximo ao “anoitecer,
quando os desfiles das agremiações já haviam sido encerrados, e a festa da elite
continuava nos clubes.”. (MACEDO, 2015).

No carnaval de 1950, dois músicos chamados de Dodô e Osmar


apareceram nas ruas de Salvador... Eles tocavam com um violão
eletrificado, cavaquinho eletrificado e amplificadores portáteis. O
estilo deles era frevo, uma marcha rápida e sincopada... (MCGOWAN;

carnaval de 1975. Nesta perspectiva, a primeira apresentação do grupo “A Dupla Elétrica” na Rua
Chile teria sido em 1951, mas, nesta pesquisa, será considerado o ano de 1950.
27

PESSANHA, 2009, p. 132, trad. nossa)9.


A respeito da participação do terceiro integrante no grupo “A Dupla Elétrica”,
Osmar Macedo divulgou a história que vem sendo cultivada, e foi descrita por Ayêska
(2005, p. 3). A autora firma que Dodô e Osmar convidaram outro instrumentista –
Temístocles Aragão –, passando a constituir um trio de instrumentistas de cordas
eletrificadas, que foi chamado de “O Trio Elétrico”. A autora ressalta que, em 1954,
Termístocles teria saído do grupo, o qual continuara com o mesmo nome.

Em contrapartida, Aroldo Macedo (2015) afirma que o músico Termístocles


Aragão não participou das apresentações do grupo O Trio Elétrico. Aroldo infere que
seu pai e Dodô passaram o resto do ano de 1950 tocando frevos, valsas, sambas,
polca, e choro nas festas organizadas entre amigos, como de costume. Um de seus
amigos era o violonista Reginaldo Silva, o qual passou a ser o terceiro integrante
originando o nome O Trio Elétrico, porém pelo fato de Reginaldo tocar o mesmo
instrumento que Dodô (e ocasionar confusão de frequências sonoras), não
permaneceu no grupo. Em seguida, convidaram o Termístocles Aragão, que tocava o
violão tenor (instrumento que tem a frequência sonora situada na região
intermediária entre o Cavaco Elétrico e o Violão Elétrico), completando assim a
família dos instrumentos eletroacústicos do grupo. No ano de 1951, na eminência do
carnaval, eles perceberam que seus aparatos eletrônicos não davam condições para
ligar os três instrumentos elétricos de uma só vez. Por esse motivo, decidiram que
não seria possível tocar três instrumentistas naquele ano, e o terceiro integrante não
se apresentou no carnaval. Apesar disso, a banda continuou com Dodô e Osmar,
igualmente ao ano anterior, porém com o nome de “O Trio Elétrico”.

2.2 O TRIO ELÉTRICO NOS ANOS 50, 60, 70, 80

A bordo do Ford 1929 pintado com motivos carnavalescos, equipado com uma
bateria de caminhão, um alto-falante na frente e outro atrás, seis percussionistas, e
interpretando frevos, a dupla arrastou simpatizantes pelo centro de Salvador em
1950. No ano seguinte, em 1951, a uma pick-up Chrysler modelo Fargo, eles

9 In the carnival of 1950, two musicians by the name of Dodô and Osmar appeared in the streets of
Salvador in an old Ford pickup truck. Standing in the bad of the truck, they performed with an
electrified guitar, electrified cavaquinho, and portables amps. Their stile of music was frevo, a
highly syncopated, fast-tempo marcha that originated earlier in the century in Recife, a large
coastal city to the north in Pernambuco state.
28

adicionaram oito alto-falantes e um motor gerador de energia para a iluminação. Em


1952, passaram a se apresentar em um caminhão com o patrocínio da Fratelli Vita,
que perdurou até o ano de 1957. Em 1958, o Trio Elétrico de Dodô & Osmar foi
patrocinado pela Prefeitura Municipal de Salvador, e, em 1959, tocou em Recife com
patrocínio da Coca-Cola.

A banda A Dupla Elétrica participou do carnaval de 1950, com o nome de O


Trio Elétrico participou dos carnavais de 1951 até 1960, quando pararam devido ao
falecimento do sogro de Osmar, e entusiasta carnavalesco – Armando Costa. Em
1961, acontece a última apresentação com o patrocínio da Petrobras, na cidade de
Mataripe na Bahia. Este show aconteceu em cima de uma carreta, em qual foi
montado um carro alegórico que imitava a refinaria de petróleo do município.

Desde o ano de 1953, além da banda “O Trio Elétrico”, outras bandas haviam
surgido na tentativa de imitar o estilo trieletrizado de Dodô e Osmar, cada qual com
seu trio, por exemplo: o trio Ypiranga, Cinco Irmãos, Conjunto Atlas, Jacaré, Paturi,
Marajós, Saborosa. Porém, foi em 1956, que surgiu o “Trio Elétrico Tapajós”,
principal representante do carnaval baiano, depois que a banda O Trio Elétrico de
Dodô e Osmar pararam de se apresentar.

O empresário Orlando Campos de Souza – o Orlando Tapajós, juntamente com


outros trios menores que já vinham em atividade desde a década de 50, continuaram
a tradição do estilo frevo baiano trieletrizado. Orlando Tapajós comprou uma
carroceria de trio elétrico de segunda mão (de propriedade de Osmar), e reuniu uma
banda aos moldes do grupo O Trio Elétrico, com o Cavaco Elétrico sendo tocado por
músicos como Moacir Soares, Almério Machado, e Rui Correia. (NETO, 2011).

Em 1964 e 1965, Osmar montou o Trio Mirim para os seus filhos e os filhos de
Dodô, com os dizeres: “Osmar apresenta seu filho Armando” – os músicos foram
Armandinho no cavaquinho elétrico, Joaquim no violão elétrico, Betinho, Dadá,
Dodozinho, Jorge, dentre outros músicos, na percussão. Em 1966, Armandinho
formou a banda de rock Hell Angels, na qual Betinho começou a tocar baixo.

De 1966 a 1968, Armandinho não participou do carnaval baiano. Entre 1968 e


1969, ele participou das etapas do concurso A Grande Chance apresentado por Flavio
Cavalcanti. Já, de 1969 a 1971, ele foi contratado pelo trio elétrico da Saborosa.

Em 1972, os irmãos Macedo convenceram o pai a voltar a tocar: “pedimos ao


29

meu pai para botar um trio pra a gente.”. (MACEDO, 2015). Em 1973, Osmar montou
a carroceria, mas não conseguiu que Dodô fizesse os amplificadores e equipamentos
elétricos a tempo para sair às ruas. Em 1974, eles conseguiram se apresentar, sendo
que os filhos de Osmar, além de tocar o estilo trieletrizado tradicional, também
demonstraram novas concepções de arranjos e de identidade musical, apoiados na
virtuose de Armando.

O cantor Moraes Moreira (MORAES, 2010, p. 29) incentivou o conjunto a


gravar seu primeiro álbum. Aproveitando sua boa relação com Alberto Bigthon,
(proprietário e presidente da gravadora Continental), propôs a gravação do primeiro
disco “Trio Elétrico Dodô & Osmar - Jubileu de Prata” (1974), que pretendia
comemorar os 25 anos da criação da banda O Trio Elétrico. Aroldo Macedo (2015)
afirma que o LP “Jubileu de Prata” foi baseado no antigo repertório de Dodô &
Osmar, e gravado no final de 1974 com a intensão de compor o carnaval de 1975. Para
a realização deste projeto, Aroldo afirma que foram necessários quatro dias de
estúdio, com o período de 12 horas por dia.

O carnaval de 1975 foi a comemoração do Jubileu, sendo tocado o repertório


antigo e, também, incluindo músicas novas e popularmente conhecidas (como
composições de Caetano, Gil, dentre outros artistas de sucesso da época). Neste ano,
foi introduzido o instrumento contrabaixo, tocado por Betinho; para isso, eles
trouxeram caixas amplificadas da Giannini para projetar a frequência grave, que as
tradicionais cornetas não eram capazes de emitir.

A nova proposta e conceito do grupo trouxe uma estética diferenciada do estilo


trieletrizado desenvolvido por Dodô e Osmar nos anos 50. Os músicos de trio que
tocavam no carnaval baiano dos anos 70 praticavam o mesmo estilo trieletrizado
desenvolvido pelo O Trio Elétrico nos anos de 1950, e que já não correspondiam aos
novos costumes e à cultura de libertação comportamental pregada nos anos de 1970.
A nova formação do grupo com os filhos de Osmar trouxe a influencia do
Tropicalismo, Jimi Hendrix, Beatles e Rolling Stones, demonstrando um novo
comportamento e modificando a maneira de se tocar o antigo estilo trieletrizado,
originando oque chamamos de novo estilo trieletrizado.

Após o carnaval de 1975, o grupo definiu que mudaria a instrumentação da


banda, incluindo por definitivo a bateria, além de tocarem mais composições
autorais, e cantadas. No carnaval de 1976, “subimos a Ladeira da Montanha tocando
30

uma música de Gilberto Gil - ‘Satisfação’, um rock que tinha o rife de guitarra
idêntico ao da música “Satisfaction” do Rolling Stones. Nessa época, não existia essa
sonoridade e estética musical no carnaval da Bahia.”, afirma Aroldo (MACEDO,
2015). Neste ano, o nome do grupo é cambiado para “Trio Elétrico Armandinho,
Dodô & Osmar”.

Em 1976, Aroldo Macedo fez contato com Valdemar Sandes para realizar uma
parceria, e colocar uma carroceria de trio à disposição do grupo Novos Baianos,
porém Valdemar não tinha equipamento de som como cornetas e amplificadores
valvulados para compor o trio. Desta forma, foi utilizado o equipamento de
sonorização que a banda Novos Baianos utilizava para tocar em palco, porém
adaptado à estrutura do trio. Desta forma, as caixas de som foram amarradas à
carroceria do caminhão e à ferragem da carcaça do trio. O fato deles usarem caixas
acústicas robustas, possibilitou a melhor audição das frequências graves (geradas
pelo baixo e bumbo), tornando o som desse trio diferente dos demais, os quais eram
providos de cornetas, que tinham a característica de reforçar as frequências médias e
agudas.

A banda Novos Baianos tocou em formato de charanga10 com o trio enfeitado


com folhas de bananeiras, na tentativa de cobrir as cordas que amarravam as caixas
de som à carcaça do trio. Os músicos que tocaram neste dia foram: Pepeu Gomes e
Jorginho Gomes no Cavaco Elétrico, Didi Gomes no baixo elétrico, Baby Consuelo no
surdo, Paulinho Boca, e mais 12 percussionistas de charanga contratados em
Salvador – sendo seis percussionistas posicionados de cada lado do trio. Neste ano,
foi dado início ao encontro de trios em que Baby Consuelo cantou Brasileirinho,
sendo considerada a primeira mulher a ter a voz amplificada em um trio elétrico,
afirma Aroldo (MACEDO, 2015).

No ano de 1976, a banda “Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar”, com a
formação de baixo, bateria, duas Guitarrinhas e percussões gravou um disco que
definiu o novo estilo trieletrizado, incluindo fusões rítmicas do frevo com o rock e
com o dobrado11.

10 Formato de charanga refere-se ao estilo em que os percussionistas tocam uma célula ritma que se
repete, enquanto os instrumentistas solam melodias (similar ao antigo estilo trieletrizado dos anos
50).
11 Dobrado é o gênero musical tocado pelas bandas militares e filarmônicas.
31

No carnaval de 1977, a banda incluiu o ritmo ijexá, utilizando os seguintes


instrumentos: uma bateria, dois surdos, um tarol, um bombo (zabumba) e um prato
de mão. Nesta ocasião, diferentemente dos anos anteriores, os instrumentos foram
microfonados individualmente, fato que melhorou a qualidade da amplificação dos
instrumentos acústicos em trios elétricos. Ao final do ano, o grupo gravou o disco
“Pombo Correio” para o carnaval de 1978, incluindo, também, os ritmos: reggae, ska e
ijexá. Após a morte de Dodô em 1978, a banda continuou, e, durante os anos de 1978
a 1980, o grupo se manteve fiel ao novo estilo trieletrizado.

Osmar mantinha em um galpão ao fundo de sua casa, a Metalúrgica Serrador.


Lá, ele desenvolvia suas ideias para serem aplicadas no desfile, como, por exemplo: a
pomba que foi instalada na dianteira do trio, em referência ao êxito da música
“Pombo Correio”, cuja melodia era de autoria de Osmar Macedo, e a letra de Moraes
Moreira.

Era ali que o nosso engenheiro fazia seus mirabolantes projetos utilizados na
construção civil. Era ali também que estava sendo feito um novo caminhão,
um novo Trio, especialmente para o carnaval que já se aproximava. Dodô,
expert em eletrônica, com enorme competência, fabricava os instrumentos e
os maravilhosos aparelhos valvulados que ficavam acondicionados na parte
de baixo do Trio, ao lado do gerador. (MORAES, 2010, p. 34).

Em 1983, Osmar Macedo (que era consultor de trios elétricos) construiu um


trio em Roma, na Itália, destinado ao festival intitulado de “Bahia de Todos os
Sambas”, no qual o “Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar” tocou na Piazza
Navona. Em 1988, Osmar levou às ruas o Trio Espacial e veio a falecer em 1997. A
família Macedo continuou a tradição de tocar na época e fora da época de carnaval,
lançando no carnaval do ano de 2000 o Fubicão, um moderno trio elétrico que tinha
a aparência de um automóvel antigo, similar à velha Fubica construída em 1950.
(AYESKA, 2005, p. 4).

Nos anos 80, a tecnologia usada nos trios elétricos foi evoluindo. A formação
instrumental do “Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar” – com duas guitarras
baianas, bateria, baixo e percussão – permanecia, porém, aos poucos, o frevo foi
ficando obsoleto, e a Guitarra Baiana se tornou anacrônica no processo de mudança
do gênero carnavalesco – do frevo baiano trieletrizado para o axé music. O axé music
“hoje é uma indústria. Uma grande fábrica de artistas. Fábrica de músicos. Eu me
sinto muito orgulhoso em ter contribuído para isso.”, afirma Osmar Macedo
(MACEDO, 2010).
32

2.3 O ESTILO TRIELETRIZADO

A palavra trieletrizado tem origem no verbo eletrizar, e é uma corruptela entre


trio + eletrizado. “Osmar criou o verbo trieletrizar para definir o estilo musical do
Trio que, com absoluta naturalidade, quebrava a fronteira que sempre existiu entre o
erudito e o popular...”. (MORAES, 2010, p. 31). O estilo trieletrizado está relacionado
à inclusão do Violão Elétrico e do Cavaco Elétrico às apresentações musicais que
Dodô e Osmar realizavam.

A divisão rítmico-melódica que caracteriza a linguagem do estilo trieletrizado


foi desenvolvida na tentativa de reproduzir ritmos como frevo, baião, arrasta pé,
galope, bolero, e passo doble nos anos de 1950. A linguagem trieletrizada de tocar
Elétrico juntamente ao ritmo do frevo pernambucano, deu origem ao gênero
chamado de frevo baiano trieletrizado. Esse gênero musical era tocado geralmente
por três músicos que usavam instrumentos eletroacústicos amplificados (Cavaco
Elétrico, Violão Tenor Elétrico, e Violão12), e que eram acompanhados por um grupo
de percussionistas, tendo como solista principal o músico que tocava o Cavaco
Elétrico. O frevo baiano trieletrizado foi um gênero popular na Bahia até meados dos
anos 80. Armando Macedo afirma que:

O “Trio Elétrico Dodô e Osmar” não tocava apenas o frevo. Os gêneros


musicais choro e bolero, além de pérolas da música popular brasileira
como Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), Luar do sertão
(Vicente Celestino) e até o Hino do Bahia (Adroaldo Ribeiro Costa)
eram executados e emocionavam os foliões da mesma forma. Os
clássicos eruditos como Czardas, Marcha Turca, Aída, e Rapsódia
Húngara, músicas com compasso binário, que, assim como o frevo e o
passo doble, são alegres e hipnotizam o público ouvinte. As músicas
eram tocadas com a velocidade e ritmo do som trieletrizado e, assim,
foi gerado, na década de 1950, um novo estilo musical no principal
circuito do carnaval de Salvador – do Campo Grande à Praça Castro
Alves. (FARIAS, 2012, p. 67).

O estilo trieletrizado foi influenciado pelo jeito abrasileirado de tocar o choro,


em uma época na qual a influência da cultura americana com o jazz contagiava o país.
A partir da interpretação de melodias, suingadas, sincopadas – com acentuações
deslocadas em emíola, ora imitando o ritmo do instrumento caixa que, por sua vez,
dialogava com o Cavaco Elétrico, e com as divisões rítmicas do surdo e prato – foi

12
Posteriormente, o Violão Tenor Elétrico (Triolim) foi substituído com a inclusão da segunda
Guitarra Baiana.
33

desenvolvido um novo idioma musical, que provocava uma interação com o público
de forma diferenciada das tradicionais bandas militares e filarmônicas, ou até mesmo
orquestra de jazz que se apresentavam no préstito. A popularização do estilo
trieletrizado atingiu as práticas musicais das bandas baianas ao ponto delas imitarem
a maneira da banda O Trio Elétrico tocar, neste momento o carnaval se reinventou.
“Dodô e Osmar eletrificaram o frevo pernambucano, para criar o frevo baiano.
Colocaram um trio básico em lugar da orquestra – e instrumentos de cordas em vez
de naipes de metais.”. (RISÉRIO, 2004, p. 556).

Aroldo afirma que “A música instrumental era o único gênero viável para se
tocar pelas ruas, pois não havia condição técnica para a microfonação da voz.”.
(MACEDO, 2012). Assim, repetindo o feito das bandas de barbeiros, bandas
militares, filarmônicas; a banda O Trio Elétrico executava música instrumental,
trechos das óperas, e das músicas de sucesso da época, acrescentando composições
autorais.

A linguagem trieletrizada resultante das combinações entre ritmos, notas


musicais, dinâmicas, e acentuações influenciou grande parte dos guitarristas baianos.
O carnaval propiciou o desenvolvimento da habilidade de improvisação e a
performance de solos extensos. Desta forma, o Trio Elétrico se tornou uma “escola”
para muitos aprendizes.

Nos anos de 1960 e 1970, o frevo foi desenvolvido como um


importante veículo de desenvolvimento da prática de improvisação
instrumental. Na Bahia, ele foi, inexoravelmente, fusionado ao trio
elétrico, que veio a se expressar através de solos frenéticos ao
cavaquinho, frutos de uma absorção de vários idiomas musicais. Os
músicos de trio elétrico tocam de tudo, desde rock ao Vôo do Besouro
de Rimsky Korsakov... Muitos músicos notáveis iniciaram suas
carreiras tocando em trio elétrico. (MACGOWAN; PESSANHA, 2009,
p. 133, trad. nossa)13 .

Uma das principais bandas do carnaval da Bahia foi o Trio Elétrico Tapajós. A
vasta discografia dessa banda comprova a boa aceitação do gênero frevo baiano
trieletrizado. Vale ressaltar que o Trio Elétrico Tapajós foi pioneiro no registro sonoro
desse gênero baiano, quando lançou o primeiro disco de uma banda de trio elétrico

13 In the 1960s and 1970s frevo developed into an importante vehicle for instrumental improvisation.
In Bahia it became inextricably mixed with trio elétrico sound, which has come to mean frenetic
guitar an cavaquinho soloing coupled with a voracious absorption of musical idioms, trio elétrico
musicians play everythings from rock to Rimsky-Korsakov’s “Flight of Bumblebee”. Anything that
makes the listener jump and dance is incorporated, and this has helped create new musical styles.
In addition, many notable Bahia musicians have gotten their start playing with the trios.
34

gravado ao vivo, em 1969. As gravações foram realizadas com o músicos tocando em


cima do trio, e a captação feita por microfones posicionados ao redor do trio, que
capturavam o som ambiente das cornetas. Posteriormente, foram realizadas seções
de gravação no Teatro Castro Alves, quando os equipamentos de amplificação e alto-
falantes eram organizados no palco de maneira que o som da banda era captado por
microfones de ambiência e enviado para o gravador magnético. Posteriormente, o
grupo passou a gravar em estúdio com a microfonação individualizada para cada
instrumento. A seguir, a discografia do grupo:

• Trio Elétrico Tapajós (1969);


• Trio Elétrico Tapajós: Muito Ligado (1970);
• Trio Elétrico Tapajós no Rio de Janeiro: Caetanave (1972)
• Trio Elétrico Tapajós: Caetanave 2 (1974);
• Trio Elétrico Tapajós: O som da Bahia (1975);
• Trio Elétrico Tapajós (1979);
• Trio Elétrico Tapajós: Ave Caetano (1980);
• Trio Elétrico Tapajós: Jubileu de Prata (1981);
• Trio Elétrico Tapajós: Cristal Liso (1982);
• Trio Elétrico Tapajós: Grito de Amor (1985);
• Trio Elétrico Tapajós: Cantar no Trio (1991).

O grupo musical O Trio Elétrico, formado principalmente por Dodô e Osmar,


encerrou suas atividades em 1961. Em 1974, o grupo volta a tocar e grava o primeiro
álbum fonográfico no final deste mesmo ano. No carnaval de 1975, comemoram o
Jubileu de Prata, e no final do ano gravam o disco “É a Massa”, quando mudam o
nome para Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. A discografia, a seguir,
confirma o sucesso do novo estilo trieletrizado, e demonstra a versatilidade
interpretativa e composicional do grupo:

• Jubileu de Prata (1974);


• É a Massa (1975);
• Bahia, Bahia, Bahia (1976);
• Pombo Correio (1977);
• Ligação (1978);
• Viva Dodô & Osmar (1979);
• Vassourinha Elétrica (1980);
35

• Incendiou o Brasil (1981);


• Folia Elétrica (1982);
• A Banda da Carmem (1983);
• Chame Gente (1985);
• Dá Um Break (1985);
• Aí Eu Liguei o Radio (1987);
• Trio Espacial (1988);
• Estado de Graça (1991);
• Filhos da Alegria (1996);
• Jubileu de Ouro (2000).

O guitarrista Pepeu Gomes, ao ver Armandinho tocar o bandolim, se


interessou e começou a praticar também, porém com a afinação da guitarra
tradicional (da primeira para a quarta corda: Mi, Si, Sol, Ré). No entanto, em um dos
encontros entre os dois amigos, Armando identificou que Pepeu não usava a afinação
de bandolim e chamou a sua atenção, o qual imediatamente pediu para que fosse
afinada corretamente por Armandinho: em quintas (da primeira para a quarta corda:
Mi, Lá, Ré, Sol, afirma Aroldo). (MACEDO, 2015).

Em 1976, Pepeu Gomes, Gilberto Gil, Gal Costa e Caetano Veloso desfilaram
como espectadores no trio elétrico em que a banda “Trio Elétrico Armandinho, Dodô
& Osmar” tocou. Nesta época, Pepeu estava aprendendo a tocar Cavaco Elétrico e fez
uma pequena participação. Posteriormente, ele mandou fabricar o guitaban, um
instrumento com dois braços: um de guitarra e outro de bandolim.

2.4 TRADIÇÃO E DESUSO

Após três décadas de sucesso da música de carnaval baseada no modelo do trio


elétrico, ocorreu o desuso da Guitarra Baiana. As bandas foram, aos poucos,
eliminando as partes extensas soladas pela Guitarrinha e em seu lugar foi introduzido
o teclado e a voz que, nos anos de 1980, já podia ser amplificada com qualidade e
possibilitava um grande potencial comunicativo. Outros ritmos, instrumentos
musicais, instrumentistas, cantores, produtores musicais, e gravadoras passaram a
integrar o cotidiano da música baiana, que rumou para novos horizontes musicais
36

baseado no canto com letra, e distante do propósito instrumental original.

2.4.1 A música carnavalesca: do frevo baiano trieletrizado ao axé music

Os filhos de Osmar, Armandinho Macedo e Aroldo Macedo, deram


continuidade ao estilo trieletrizado14. Armandinho inseriu a sua influência roqueira
em suas composições e performances, tornou-se o “Rei da Guitarra Baiana”, e com
seu virtuosismo notável inseriu-se na música instrumental baseada no choro. Aroldo,
por sua vez, compôs músicas inspirado nos dobrados e nos frevos, como por exemplo:
“Rock do Caicó”15 – um dos últimos frevos instrumentais que obteve sucesso nos
carnavais dos anos 80.

O frevo baiano trieletrizado era tocado pela maioria das bandas de trio, porém
“tocar frevos e marchinhas durante anos e anos fazia crescer a vontade de modificar,
e criar uma marca... Chegava a ser enfadonho pra mim; eu sentia a necessidade de
variar ritmicamente.”, afirma o instrumentista, cantor e compositor Luiz Caldas. Ele
pediu para que os músicos tocassem o ritmo rock; para isso solfejou a célula rítmica
do bumbo – o músico que tocava surdo o imitou; depois, o mesmo procedimento foi
feito com o ritmista que tocava caixa e, por último, com o que tocava prato. “A partir
daí, a batida do rock estava completa, e eu iniciava a música.”. Esta ação, apesar de já
ter sido realizada pela família Macedo, demonstra uma tentativa de desvincular o
carnaval do frevo baiano trieletrizado. (CALDAS, 2011).

Almeida (2005, p. 8) afirma a existência de blocos de índio em Salvador na


década de 60 (como Os Apaches do Tororó, Cacique do Garcia, Tupi e Comanches); e
que estas entidades teriam se transformado em blocos afro no final da década de 70.
Os blocos afro, por sua vez, mantiveram a tradição de instrumentação percussiva com
os toques peculiares ao candomblé e ao samba, originando novas fusões rítmicas
como: o ijexá (que foi modificado pelo Filhos de Gandhy), samba do Ilê Aiyê, samba-
reggae e merengue do Olodum.

As manifestações representativas da cultura afrodescendente com a


indumentária e o toque do candomblé eram rechaçados pela elite social

14 Sincopado, melodioso, ritmado e suingado de tocar Cavaco Elétrico, que mesclado ao frevo
pernambucano deu origem ao frevo baiano trieletrizado.
15 Do disco Trio elétrico Armandinho Dodô & Osmar. 1983. A Banda da Carmem Miranda. Som Livre.
37

soteropolitana. A população, livre da escravidão, era reprimida pela polícia, e


proibida de se expressar livremente. Mas, passada a fase de repressão intensa, a
mencionada população voltou a se manifestar livremente. O bloco afro Filhos de
Gandhi, fundado na década de 40, driblou a repressão ao adotar um tema neutro,
sendo responsável pelo desenvolvimento do ritmo ijexá de origem no candomblé, e
que foi adaptado aos festejos carnavalescos. Este ritmo, por sua vez, foi misturado
com o samba pelos percussionistas do Ilê Aiyê, dando origem ao samba do Ilê. A
estrutura do carnaval estava em vias de mudanças, quando, “em 1975, o primeiro
cortejo do Ilê Aiyê, manifestou, diante de um público entre maravilhado e chocado, a
força e magnitude do que viria a ser chamado de cultura afro.”. (MOURA, 2002, p.
128).

O movimento ascendente da liberdade de expressão negra em Salvador fez


com que surgissem outros blocos como o Muzenza, Badauê, Araketu e o Olodum.

O bloco Badauê (fundado em 1978) usava o ritmo ijexá que havia sido
adaptado e desenvolvido pelo Filhos de Gandhy a partir do ritmo do candomblé. O
Badauê chamou a atenção e influenciou na construção dos arranjos das músicas que
eram destinadas a compor o repertório das bandas que tocavam em trio elétrico.
Aroldo Macedo (2011) afirma: “tínhamos conhecimento desse ritmo por
frequentarmos os guetos antes mesmo de se tornarem populares.”.

Igualmente a Aroldo, o cantor e compositor Moraes Moreira, também


demonstrou interesse pelo bloco afro. Moraes afirma:

O nosso dia era cheio. Na parte da manhã, a praia; a tarde era


dedicada à música e à noite íamos todos para os ensaios dos blocos. O
Badauê, um dos blocos preferidos, se consagrava como a grande
sensação do momento. Era maravilhoso constatar como aquelas
entidades já iam tomando seus lugares, exibindo com força e beleza a
sua cultura, a sua música, a sua dança, enfim, reafirmando as suas
verdadeiras raízes ancestrais. Todo aquele movimento nos deixava
entusiasmados e bastante influenciados. (MOREIRA, 2010, p. 57).

“A partir de 1978, com o disco ‘Ligação’ e, sobretudo, a partir de 1980, com o


disco ‘Trio Elétrico Dodô e Osmar’ (sic!)16, o trio elétrico tomou emprestado o apelo
do bloco afro e levou o ritmo ijexá para cima do caminhão.”. (MOURA, 2002, p. 129).
Esse fato fomentou que os músicos adaptassem as divisões rítmicas do ijexá às suas
performances, originando o “ijexá trieletrizado”. Moraes Moreira (cantor e violonista)

16
O disco a que o autor se refere deve ser o Vassourinha Elétrica gravado em 1980.
38

transportou esse ritmo para o violão, dando início a uma nova maneira de tocar o
acompanhamento. Esta adaptação realizada por Moraes foi desenvolvida pelos
guitarristas baianos (de guitarra tradicional) na perspectiva de dialogar com as claves
percussivas, e que, até hoje, é uma maneira de integrar instrumentos de cordas com
instrumentos de percussão.

Além da assimilação de elementos da cultura afro, a música de carnaval foi


influenciada pela cultura caribenha. Os instrumentistas, cantores, compositores,
arranjadores e produtores baianos, imersos neste ambiente de diversidade cultural,
reproduziram os elementos rítmicos, melódicos, temáticos e históricos dessas
culturas em suas composições e produções musicais. Por exemplo:

• O ritmo ijexá foi base para o êxito das músicas “Beleza Pura” (Caetano
Veloso) e “Axé pra Lua”17 (Toninho Bep Bop e Luiz Caldas)18;
• O ritmo merengue caribenho para a música “Aí Eu Liguei o Rádio” (Walter
Queiroz)19;
• O ritmo samba-reggae e merengue do Olodum deu suporte ao trabalho
artístico de Daniela Mercury, como na música “Suingue da Cor” (Luciano
Alves)20.

A inserção de ritmos afro-caribenhos nos arranjos e composições baianas


coincidiu com o avanço da tecnologia para a amplificação da voz. O Trio Elétrico
Armandinho, Dodô & Osmar já havia incluído o cantor e letrista Moraes Moreira em
sua formação nos anos 70, mas, apesar da melhoria nas condições técnicas para a
microfonação e a amplificação da voz, Moraes cantava apenas uma música. Osmar foi
relutante em aceitar a novidade: “mesmo assim meu pai se queixava da microfonia
inevitável. O carnaval, até aí, era só instrumental.”, afirma Macedo (2012).

Apesar de a voz ser rejeitada, Moraes Moreira cantou no primeiro álbum do


grupo gravado no Rio de Janeiro21. Posteriormente, ele escreveria letras para os
frevos instrumentais da década de 50 e 60, de autoria de Dodô e Osmar.

17 Armandinho e o Trio Elétrico Dodô & Osmar. 1979. Viva Dodô & Osmar. Continental.
18 Trio Elétrico Tapajós. 1981. Jubileu de Prata. Baccarola/Ariola
19 Armandinho e Trio Elétrico Dodô & Osmar. 1987. Aí Eu Liguei o Rádio. RCA
20 Daniela Mercury. 1991. Suingue da Cor. Eldorado.
21 Trio Elétrico Dodô & Osmar. 1974. Jubileu de Prata. Continental. Moraes foi fundamental para a
gravação deste álbum, pelo fato de morar no Rio de Janeiro e conhecer os membros desta gravadora.
39

Com tantas inovações, surgiram também novas composições para o


frevo baiano, que até 1974, eram apenas instrumentais. A partir desse
ano, algumas músicas do repertório ganharam letras e passaram a ser
cantadas por um músico e pelo público, que inclusive não parava de
dançar com o Frevo do Trio elétrico (Dodô e Osmar), Frevo Doido
(Osmar) e Doble Morse (Dodô e Osmar). Esta última, em 1976, levou
letra de Moraes Moreira, tornando-se Pombo Correio, grande sucesso
nos carnavais da Bahia. Nesse ano o nome da banda foi modificado,
passando a se chamar “Armandinho, Dodô e Osmar”, incorporando o
nome do músico mais expressivo da família, virtuose na Guitarra
Baiana. (FARIAS, 2012, p. 66).

Armando Macedo despontou como cantor, e se dividiu entre o instrumento e o


microfone. Como cantor, obteve diversos êxitos. Um deles foi o frevo “Vida Boa”
(Fausto Nilo e Armandinho)22.

Os artistas Gilberto Gil e Caetano Veloso, segundo Moura (2002, p. 128),


ampliaram e diversificaram o repertório de carnaval ao trazerem suas influências
tropicalistas, emprestando o universo antropofágico da tropicália ao universo do trio
elétrico. O frevo baiano trieletrizado entusiasmou Caetano, que compôs a música
“Atrás do Trio Elétrico”23; e Gil se afeiçoou ao ijexá, compondo a música “Filhos
Gandhi”24.

O Trio Elétrico Tapajós gravou, aproximadamente, dez álbuns a partir do ano


de 196925. Dentre estes álbuns, três deles tiveram a participação do músico Luiz
Caldas, a saber: 1) Ave Caetano26, 2) Jubileu de Prata 27, e 3) Cristal Liso 28. Luiz
Caldas (2011) afirma que o carnaval, antes era mais instrumental, porém passou a ser
mais cantado: “dentro do total de faixas do disco Ave Caetano, foi gravado, mais ou
menos, 40% de música instrumental. No Jubileu de Prata, houve uma redução para
30%. No Cristal Liso esse número foi reduzido para 10%.”.

O gênero “axé music” surgiu no ápice da agitação musical promovida pelos


blocos afros e pelas bandas de trio remanescentes da década de 7029. No entanto, a

22 Armandinho e o Trio Elétrico Dodô & Osmar. 1982. Folia Elétrica. Som Livre
23 Caetano Veloso. 1969. Caetano Veloso. Poligram.
24 Gilberto Gil. 1976. O Vira Mundo. Universal.
25 O primeiro foi: Trio Elétrico Tapajós. 1969. Trio Elétrico Tapajós. Philips.
26 Trio Elétrico Tapajós. 1980. Ave Caetano. Music Master.
27 Trio Elétrico Tapajós. 1981. Jubileu de Prata. Baccarola/Ariola
28 Trio Elétrico Tapajós. 1982. Cristal Liso. Baccarola
29 Por exemplo: as diversas formações da banda do Trio Elétrico Tapajós; a banda Scorpions do bloco
carnavalesco Traz os Montes com o ex-cantor do Chiclete com Banana - Bell Marques; os cantores:
Jota Morbeck, Sarajane, Gerônimo, as bandas Salamandra, Novos Baianos, dentre outras.
40

música “Fricote” (Luiz Caldas e Paulinho Camafeu)30 de 1985, é considerada o seu


marco inicial. “O frevo baiano entrou em colapso, e foi substituído pelo axé music, a
decadência começou quando Moraes Moreira cantou a música Pombo Correio.”,
afirma Alfredo Moura (2014).

O axé music ou simplesmente axé obteve boa aceitação por parte dos
brincantes, em detrimento do frevo baiano trieletrizado e instrumental. Nesta nova
fase da música de carnaval da Bahia, a maioria dos arranjos de base harmônica e os
solos melódicos davam para serem tocados com a guitarra tradicional. Luiz Caldas
tocava Guitarra Baiana e guitarra tradicional; porém, aos poucos, afastou a Guitarra
Baiana de seus shows. “Eu uso a Guitarra Baiana nos shows a depender do repertório
a ser tocado. Vejo a Guitarra Baiana como um instrumento da família das guitarras,
não sendo obrigatório seu uso, a não ser que eu deseje aquele timbre que só ela
possui.” (CALDAS, 2011).

2.4.2 Guitarra Baiana virtuosa, guitarra tradicional e o teclado


sintetizador

O virtuosismo de Osmar Macedo se expressava por meio de melodias


facilmente cantadas, e que caracterizava o antigo estilo trieletrizado desenvolvido a
partir de 1950. Um músico aprendiz, ao nível de iniciante, conseguiria tocar as
músicas “Asa Branca” e “Luar do sertão”. Ao nível intermediário, tocaria “Czardas” e
“Marcha Turca”. O problema começou quando foi exigido que os músicos possuíssem
habilidade técnica avançada para poder reproduzir a desenvoltura virtuosa
característica do novo estilo trieletrizado desenvolvido nos anos 70, que tinha
Armando Macedo como principal expoente.

O repertório para a Guitarra Baiana, no carnaval da década de 50 e 60, era


composto, em sua maioria, de músicas conhecidas e cantadas popularmente. Estas
possuíam melodias simples e de fácil assimilação; porém, com o retorno do Trio
Elétrico Dodô & Osmar em 1974, e, posteriormente, com a nova formação
instrumental com o nome de Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar, houve um
incremento no repertório, que passou a ser tocado com andamentos mais acelerados,
solos mais velozes e virtuosos, os quais eram dobrados por uma segunda voz. A partir

30 Luiz Caldas. 1985. Magia. Nova República/Poligram.


41

deste “cenário musical”, os guitarristas que queriam tocar em trio elétrico, tiveram
que aprender a executar os solos de Armandinho31 para serem bem-conceituados;
desta forma, o nível musical dos guitarristas baianos foi elevado. Durante os anos
setenta e oitenta, “todos trios tocavam frevos com estilo próprio, porém as músicas
do repertório de ‘Armandinho, Dodô & Osmar’ eram tocadas pela maioria das
bandas.”. (CALDAS, 2011).

A execução da antológica composição “É a Massa”32 (Armando Macedo),


tornou-se “um grande desafio pra testar o nível técnico dos músicos. Quem não
conseguisse executá-la direitinho ainda não poderia certamente ser considerado um
bom instrumentista.”. (MOREIRA, 2010, p. 37). A necessidade de ser virtuoso na GB
afastou muitos candidatos a cargo de guitarrista.

O instrumento usado por Dodô, para o acompanhamento harmônico e rítmico,


era o violão acústico33; depois, foi o violão eletroacústico (pau elétrico) e, em seguida,
a guitarra tradicional, a qual ele tocava dedilhando com a técnica tradicional de
violão. Anos depois, ele foi fotografado no trio da Saborosa, tocando guitarra
tradicional ao lado de Armandinho e Osmar. Este fato indica que a guitarra
tradicional, apesar de seu uso ter sido intensificado com o axé music, não foi motivo
importante para o acontecimento do desuso da Guitarra Baiana. A
complementaridade entre estes instrumentos parece vir da função harmônica e
contrapontística exercida por Dodô ao Violão Pau Elétrico baseado nas “baixarias”
típicas do choro.

Figura 1 - Trio Elétrico da Saborosa

31 Apesar da existência de outros grupos como o de Orlando Tapajós, o grupo Trio Elétrico
Armandinho, Dodô & Osmar compunha a maioria das músicas que se destacaram no carnaval,
depois do seu retorno em 1974.
32 Trio Elétrico Dodô & Osmar. 1981. Incendiou o Brasil. EMI/Odeon.
33 Afinação regular igual à da guitarra elétrica tradicional (Mi1, Lá1, Ré2, Sol2, Si2, Mi3). Sabe-se que
Dodô afinava um tom abaixo da afinação tradicional (Ré1, Sol1, Dó2, Fá2, Lá2, Ré3).
42

A pesquisa dos músicos baianos por sonoridades diferentes promoveu o


teclado sintetizador ao estágio de instrumento indispensável às bandas das décadas
de 80 e 90. O tecladista Alfredo Moura participou desta fase musical baiana. O
músico afirma que tocou na banda Salamandra, a qual tinha um teclado sintetizador
monofônico Minimoog. Moura (2014) afirma que era necessário que o tecladista
aprendesse a tocar a segunda voz executada pela segunda Guitarrinha. Para Moura,
essa era uma tarefa árdua, uma vez que a segunda voz dava muitos saltos o que
dificultava a memorização das frases.

Atualmente, os mais novos sintetizadores oferecem sons de guitarras quase


perfeitos, mas que não conseguem superar a maneira que um músico toca. Em pleno
século XXI, durante o carnaval de Salvador de 2015, foi veiculada uma propaganda
televisiva em que o arranjo continha solos de Guitarra Baiana ao estilo trieletrizado
sob uma base rítmica do frevo, porém, para um ouvinte atento, estava claro que
aquele timbre de guitarra era proveniente de um teclado sintetizador.

2.5. POR QUÊ A MAIORIA DOS GUITARRISTAS NÃO TOCAM GB?

O fato de hoje em dia, as produções musicais não envolverem a GB é uma


evidência da carência de músicos profissionais com a competência (conhecimento,
habilidade, e atitude) para tocá-la, e da falta de interesse em preservar as raízes
culturais baianas. Algumas pessoas, ao ouvirem falar de Guitarra Baiana, sentem
saudades das músicas dos antigos carnavais, acham que poderiam ter aprendido a
tocar, ou que o instrumento tem sido pouco valorizado. A partir dessa constatação,
procurei saber quais os motivos que estariam atrapalhando as pessoas a aprender a
tocar ou que esteja dificultando o acesso ao referido instrumento.

2.5.1 A dificuldade de aquisição

A dificuldade de adquirir e o custo de um exemplar de Guitarra Baiana é um


problema atual, pois a situação era diferente no auge de seu uso. Nos primórdios do
uso do instrumento (ainda como Cavaco de Trio), o luthier baiano Dodô era
responsável pela construção da maioria dos instrumentos utilizados na Bahia. Depois
dele, as fábricas da Del Vecchio, e Jog passaram a produzir exemplares em série,
43

podendo serem compradas em lojas especializadas.

Atualmente, as lojas especializadas não vendem GB. A primeira loja


pesquisada foi a “FoxTrot” 34. Nesta loja, dentre outros instrumentos, foram
encontrados variados modelos de guitarra tradicional de seis cordas (nacional e
importada), pedais, pedaleiras, amplificadores, porém não foi encontrada a Guitarra
Baiana. A segunda foi a “Populi Instrumentos Musicais” 35, sendo encontrados muitos
instrumentos nacionais e poucos importados, e que não vendia GB. A terceira loja
consultada foi a “Nova Miron” 36, a qual informou que se houvesse alguém com
interesse em comprar uma Guitarra Baiana, teria que ligar antes e esperar dois dias
para ter contato com o instrumento. A quarta loja, a “LB Áudio” 37 , não possuía GB. A
quinta e última loja foi a “Musicom Instrumentos Musicais” 38 , que também não
tinha GB.

Existem diferenças entre o instrumento fabricado em série por uma indústria,


e o construído por um luthier especializado. O músico que busca um especialista que
fabrica instrumento custom quer um exemplar diferenciado, que satisfaça suas
necessidades. Para Batanj (2015), “o luthier entra com o conhecimento técnico, além
da experiência com a utilização e combinação de madeiras...”.

A primeira Guitarra Baiana de quatro cordas que eu adquiri foi da marca Del
Vechio. A segunda foi uma modelo Caicó fabricada por “Elifas Santana”. A primeira,
talvez por ser muito antiga, desafinava muito; já a segunda era mais precisa em sua
afinação. Após essas duas guitarras baianas, ganhei uma “MLaghus” elaborada pelo
luthier baiano Jacimário Laghus. Nesta oportunidade, propus a construção de um
exemplar com seis cordas, que me foi entregue depois de seis meses.

Atualmente estou aguardando a construção de uma nova Guitarra Baiana que


será feita pelo luthier Batanj. Ele afirma que o tempo de entrega é relativo em função
do projeto, variando em cada caso: “já entreguei uma GB em 45 dias, e já passei,
também, três anos construindo outra.”. (BATANJ, 2015).

O luhtier Yuri Barreto (BARRETO, 2015) afirma que, em um período de 30

34 Rua Direita da Piedade, nº. 55. Bairro da Piedade, Salvador - BA.


35 Rua Clóvis Spínola, nº. 133. Largo Dois de Julho, Salvador - BA.
36 Rua Barão de Cotegipe, nº. 12. Bairro da Liberdade, Salvador - BA
37 Rua Radial C, nº. 14. Centro, Camaçari - BA.
38 Travessa Bom Gosto da Calçada - Calcada, Salvador - BA
44

dias, já fabricou duas guitarras baianas; porém outras foram construídas em um ano
e quatro meses; e a sua própria guitarra demorou três anos para ser finalizada. A
entrega de um exemplar feito por um luthier varia, a depender do caso, e o músico
interessado por um exemplar tem que esperar no mínimo um mês para ter seu
instrumento em mãos.

2.5.2 O que pensam três músicos que não tocam Guitarra Baiana (sobre
professor, mercado de trabalho, e solos)

A escolha por entrevistar três músicos que não tocam Guitarra Baiana foi
importante para que eu entendesse quais eram os fatores que influenciavam a não
aprendizagem do instrumento. Os entrevistados foram: Enrique Franco (colombiano,
40 anos); Sergio Pita (brasileiro, 51 anos); e Pedro Rego (brasileiro, 62 anos). Todos
eles estudantes de guitarra tradicional do Centro de Formações em Arte da Fundação
Cultural do Estado da Bahia.

Sérgio Pita afirmou que teve problemas com a adaptação ao instrumento,


ressaltando que a necessidade de muita dedicação o distanciou da aprendizagem.

No início da minha carreira musical, eu cheguei a dedilhar algumas


coisas na Guitarra Baiana. Parei por ser um instrumento muito
pequeno anatomicamente falando e você tinha que se condicionar à
questão da estrutura do instrumento. Acho que não me adaptei muito
pela própria dificuldade. Você exerce muita... É muito esforço,
determinação. Você tem que se dedicar, uma vez que a Guitarra
Baiana necessita de muita velocidade. Você tem que estar com o
tempo muito maior de que seu próprio instrumento convencional que
é a guitarra [tradicional], meu instrumento principal. (PITA, 2013).

A inadaptabilidade ao formato do instrumento pode gerar a falta de


desenvolvimento da habilidade motora por parte do estudante. Isto requer o
acompanhamento de um professor capaz de oferecer subsídios relacionados à
ergonomia da GB, identificando as falhas de postura do corpo, dedos, e braços a
serem corrigidas para que o estudante tenha prazer na prática do instrumento.
Logicamente, o desenvolvimento de competência depende do nível de envolvimento
da pessoa, que ditará o ritmo e profundidade do estudo. Sérgio Pita afirma que para
tocar Guitarra Baiana é necessário “muita velocidade”, porém sabe-se que frases
simples e melodiosas também podem ser tocadas na GB; e está de acordo com a
linguagem do antigo estilo trieletrizado.

Enrique Franco nunca teve contato físico com a GB. Ele demonstrou estar
45

interessado na guitarra tradicional, e acredita que uma alternativa para aprender a


tocar Guitarra Baiana seria com a ajuda de um professor. “Alguém daqui que já tem a
experiência, que saiba; ter um método para se guiar. Tudo isso, acho que seria legal.”.
(FRANCO, 2013).

Pedro Rego já tocou Guitarra Baiana, mas não deu continuidade. Ele acha que
saber tocar GB seria benéfico no seu fazer musical profissional, porque assim teria
uma nova opção de instrumento, “a Guitarra Baiana tem, não só lá fora, como em
qualquer lugar; ela tem uma aceitação incrível.”. (REGO, 2013). A GB pode ser
utilizada de forma mais abrangente: “passou-se o tempo que era só solar, hoje em dia
pode acompanhar; tem toda outra utilidade na música.”, afirma Pita (2013).

Ao indagar Sérgio Pita sobre a possibilidade dele conhecer alguém que toque
GB e que lhe seja próximo, ouvi a sua resposta: “conheço assim: Armandinho
[Macedo], por nome; Luiz Caldas; Júlio Caldas, né!”. Todos os nomes citados por
Sérgio são de músicos que não fazem parte do seu círculo de amizade; eles estão
distantes da possibilidade de convívio, da troca de experiências, ou de qualquer
relação de ensino e aprendizagem com Pita.

Desde a década de 1980, quando o uso da GB começou a diminuir, foi comum


a adaptação das melodias dos frevos trieletrizados para a guitarra tradicional. Nesta
década, a composição “Rock do Caicó” do guitarrista Aroldo Macedo foi amplamente
tocada pelas rádios baianas e pelos guitarristas das bandas de trio39.

Toquei “Rock do Caicó” que é de Aroldo, mas não é a mesma coisa. É


outra viagem. Primeiro porque a música foi feita em cima de Guitarra
Baiana mesmo. Soa diferente. As pessoas não estão usando a Guitarra
Baiana. Só quem usa a Guitarra Baiana nas músicas é Armando
[Macedo] mesmo. Não vejo assim mais. As pessoas não estão
chegando. (REGO, 2013).

O fato da maioria dos guitarristas baianos não saberem tocar Guitarra Baiana
reflete a carência de incentivos, no que diz respeito à valorização deste instrumento
histórico. Isto se materializa na falta de espaço para apresentação: como trios, palcos,
ou projetos que tornem viáveis sua prática. Os entrevistados foram taxativos quanto à
falta do cultivo à tradição do instrumento.

Acho que é um instrumento que tem que ser respeitado. Você fala de

39 Vale a pena ressaltar que os guitarristas que tocavam Guitarra Baiana tiveram que adaptar suas
técnicas à guitarra tradicional, a qual tinha características diferentes como, por exemplo, tamanho e
afinação.
46

Bahia e lembra da Guitarra Baiana, porque tudo começou com ela.


Armandinho, né! Tenho visto, bem pouco, essa intenção. (PITA,
2013).

Não devia ser só no carnaval. Devia ser direto. É um instrumento que


deve ser usado no dia a dia. (REGO, 2013).

Eu estive no carnaval passado que era dedicado à Guitarra Baiana.


Não tinha tanto show. Tinha Armandinho e um pouco mais. Na
verdade, acho que poderia ser mais, né! Poderia ser mais. (FRANCO,
2013).

Afinal, por que a maioria os guitarristas baianos não tocam Guitarra Baiana?

Eu acho que é pelo próprio desinteresse mesmo. Acho que ficou


rotulado a esperar Armando [Macedo]. Por exemplo: se for gravar um
disco, já pensa em Armando. Não precisa ir tocar. Pensa sempre em
Armando, mas porque não pensa em você [o próprio músico]? Fica a
incógnita aí. (PITA, 2013).

Ai é boa pergunta! Eu digo por mim, assim... Eu não sei o porquê de


eu não tocar Guitarra Baiana. Eu me perdi na Guitarra Baiana com o
tempo. Deixei de tocar. Hoje eu poderia estar dominando dois
instrumentos. Seria bom também dominar dois instrumentos. Acho
que por causa da musicalidade [baiana] ter mudado muito, né! E aí as
pessoas começaram a ver a música com guitarra de seis [guitarra
tradicional]. Mais afoxé, mais aquelas coisas. Acharam que a
adaptação ia ser melhor. Porque a Guitarra Baiana veio mais com o
frevo mesmo. Aquelas coisas de Armandinho; aqueles temas
instrumentais lindos por sinal, que eram tocados em cima do frevo. Ai
as pessoas começaram a abandonar o frevo. Sair pra outras coisas.
(REGO, 2013).

Após esta explanação, entende-se que existe uma falta de interesse em tocar
GB. Por isso, é necessário incentivar as pessoas a aprenderem, facilitando o acesso e
baixando o custo do instrumento para torná-lo mais requisitado e apreciado. É
notória a facilidade em comprar qualquer outro instrumento musical que não seja a
GB, por exemplo: a maioria das lojas entrevistadas possuía violão, cavaquinho,
percussão para vender. Isso deixa claro que, uma vez que haja o aumento da procura
por GB a oferta também poderá ser maior. No entanto, a procura por GB só será
maior se existirem pessoas interessadas em comprá-la. Uma das formas de motivar
as pessoas a aprenderem a tocar GB pode ser aumentando a oferta de cursos de curta,
média, ou longa duração.
47

3 A GUITARRA BAIANA

Neste capítulo serão abordados aspectos referentes à Guitarra Baiana, com a


descrição detalhada de suas partes, o processo de elaboração, influência do rock e
associação a outros termos instrumentais como Pau Elétrico, Cavaquinho de Trio,
Cavaco de Trio, Cavaco Elétrico, Guitarrinha e Guitarra Baiana.

3.1 CARACTERÍSTICAS ORGANOLÓGICAS E TRAGETÓRIA HISTÓRICA

A Guitarra Baiana é um instrumento musical cordofônico de 4, 5, ou 6 cordas


simples, cujo princípio acústico (o elemento vibratório) que produz o som é uma
corda tensa. A GB é um instrumento eletromecânico40, pois o tipo de energia
envolvida na produção sonora é mecânica, e a amplificação do som é eletrônica. O
sistema excitador consiste primordialmente na interação entre palheta e cordas41, o
ato de palhetar faz a corda vibrar. Essa vibração gera o som que é captado pelo
transdutor eletromagnético42, o qual transforma a frequência deste som em impulsos
elétricos, este sinal elétrico alimenta um amplificador que multiplica a quantidade
desses impulsos, e os envia para um autofalante que irradia energia sonora.

A GB possui um braço de madeira43 de aproximadamente 26 centímetros,


onde são fixados os trastes de metal. Este braço se estende até o corpo de madeira
sólida44 onde é fixado o captador eletromagnético. As cordas são presas em suas
extremidades – na ponte e nas tarraxas –, sendo sua afinação composta por quintas
justas. A Guitarra Baiana de quatro cordas (GB4) tem a afinação Sol2, Ré3, Lá3, Mi4. A

40
Também pode ser designado como eletroacústico, que seria o sinônimo de eletromecânico.
41
No entanto, é possível produzir som de uma GB de várias maneiras: digitando as casas com os dedos
sem palhetar, percutindo uma baqueta nas cordas, friccionando as cordas com um arco de violino,
utilizando o aparato eletrônico Ebow, dedilhando (beliscando) as cordas, batendo na madeira do
corpo da GB, dentre outras maneiras,
42
Todos os captadores passivos e/ou ativos tem o mesmo princípio de funcionamento: captam a
alteração do campo magnético causado pela modificação física das cordas (vibração) em Guitarras
Baianas, devem ser utilizados preferencialmente captadores que possam destacar as frequências sem
deixar os agudos "ardidos", o que favorece a "estridência", então existe uma infinidade de modelos
de captadores de guitarrão que podem ser utilizados, porém devem ser evitados os cerâmicos com
magnetos de ferrite pois estes causam a má captação da primeira corda (Mi) funcionam muito bem
pra Guitarra Baiana os mini-humbuckers de alnico e os humbuckers em forma de single coil "double
bladed”. (BATANJ, 2014).
43
Pau Marfim, Maple (USA), Cetim Amarelo, Mogno, dentre outras madeiras.
44
Cedro, Louro Canela, Louro Vermelho, Mogno, dentre outras madeiras.
48

Guitarra Baiana de cinco cordas (GB5) - Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4. Já a Guitarra Baiana
de seis cordas45 (GB6) tem a 6ª corda mais grave afinada em relação de quarta justa
com a 5ª corda, oque resulta na seguinte afinação: Sol1, Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4.

Sobre o nome Guitarra Baiana, pode-se dizer que é uma alusão ao estado
brasileiro em que o instrumento foi criado, podendo ser compreendido como guitarra
da Bahia, ou guitarra elétrica da Bahia. No entanto, a palavra guitarra (em inglês
guitar)46 está diretamente associada ao violão, que deu origem à guitarra tradicional.
A Guitarra Baiana está relacionada ao Cavaco Pau Elétrico, que foi inventado por
Dodô e Osmar em Salvador no ano de 1942. A GB possui dimensões com menor
largura e comprimento que a guitarra tradicional, e maior extensão para as nota
agudas. A notação para GB4 na partitura é escrita na clave de Sol, e soa na altura real.
Já para a GB5 e GB6 é possível usar as claves de Sol de Fá unidas em um sistema
(similar ao usado na escrita para piano) que também soa na altura real.

Inicialmente, o instrumento recebeu o nome Pau Elétrico por se utilizar de um


corpo sólido de madeira de Jacarandá com captação elétrica. Depois, ficou conhecido
como Cavaquinho de Trio, Cavaco de Trio, e Cavaco Elétrico pelo fato de ter sido
concebido com um braço de cavaquinho.

Figura 2 – Réplica do Pau Elétrico por Elifas Santana

A partir do Cavaco Elétrico, o instrumento foi adquirindo características

45
Vídeo com a GB6 no link: https://www.youtube.com/watch?v=v3VuuBTycIM
46 A tradução do termo guitar é: kithara em grego; guitare em Francês; guitarre em Alemão; chitarra
em italiano; guitarra em espanhol. Em escavações realizadas no Egito foi achado o instrumento com
o corpo curvo, braço longo com trastes e sinais que indicavam a presença de três ou quatro cordas,
que sinalizam suas origens em um período entre o século IV e VIII antes de cristo. Nossa guitarra
pode ser considerada uma descendente da guitarra latina do século XIII. A Espanha a conheceu
como guittern, no período de início de sua existência. A guitarra foi sendo transformada em sua
forma e encordatura: o instrumento moderno de tamanho tradicional tem seis cordas, sendo que
pode ser de nylon (as três de baixo), e de seda encapado com metal (as três de cima); ou todas de
metal. O instrumento tem trastes fixos e um braço de aproximadamente noventa centímetros que vai
em direção à “boca” do instrumento. A transposição é possível com capotraste, e sua notação na
partitura é uma oitava acima do som real. A moderna guitarra espanhola é construída para constituir
toda uma família: guitarra tenor, guitarra requinto, guitarró e guitarillo (tiple). (MARCUSE, 1964, p.
218, tradução nossa). De acordo com Mário de Andrade (1989, p. 250), guitarra é um “instrumento
de cordas dedilhadas ou tangidas, de origem espanhola, tendo coexistido com o alaúde e a vihuela
durante o Renascimento (...). Em Portugal, ela é o tradicional acompanhador dos fados, e no Brasil
deu origem ao violão.”. A afinação tradicional da guitarra ou violão é Mi1, Lá1, Ré2, Sol2, Si2, Mi3. O
violão de sete cordas acrescenta uma corda mais grave (a sétima) afinada em Dó1.
49

estéticas semelhantes às da guitarra moderna do final do século XX, vulgarmente


chamada como guitarrão em Salvador. Nesta época, o Cavaco Elétrico passou a ser
conhecido como Guitarrinha, tendo sido fabricada em série pelas marcas Del Vecchio
e Jog47.

Em sua trajetória histórica, a Guitarra Baiana se constituiu como um


instrumento híbrido entre cavaco, bandolim, e a guitarra tradicional. O cavaco
contribuiu com as cordas simples; o bandolim influenciou com a afinação e com os
princípios teórico-técnico-instrumentais; a guitarra tradicional contribuiu com a
estética, o corpo sólido, a captação eletromagnética, o uso da ponte flutuante com
alavanca, e técnicas instrumentais como por exemplo: palhetada, digitação com duas
mãos, bends48, ligadura - pull off, hammer on, dentre outras. A Guitarra Baiana
também herdou da guitarra tradicional o uso de aparatos eletrônicos analógicos e
digitais como amplificadores, pedaleiras multiefeitos, pedais de distorção, pedais de
flanger, chorus, phaser, trêmolo, wha-wha, dentre outros tipos.

Figura 3 - Guitarra Baiana por Elifas Santana

Em relação à família dos instrumentos usados pelas bandas de trio dos anos de
1950 e 1960, em tese, a primeira formação era composta por: Cavaco Elétrico, o
Violão Tenor Elétrico (Triolim), e o Violão Elétrico. O Triolim entrou em desuso e foi
substituído pelo Cavaco Elétrico. Desta forma a família ficou sendo: Cavaco Elétrico 1,
Cavaco elétrico 2, e o Violão Elétrico. Posteriormente, o Cavaco Elétrico e o Violão
Elétrico adquiriram a estética de uma guitarra, e a família se tornou: Guitarrinha 1,
Guitarrinha 2, e guitarra tradicional.

Nos anos 70, o contrabaixo elétrico foi introduzido49. Nos anos 80, a Guitarra
Baiana de cinco cordas (GB5)50. Nos anos 2000, a Guitarra Baiana de seis cordas

47 Ver no Capítulo 3, subcapítulo 3.4.4 o processo de elaboração e aprimoramento da Guitarra Baiana.


48 Técnica de esticar as cordas para cima e para baixo – em inglês, bend.
49
Vale ressaltar que a inclusão do baixo elétrico limitou a guitarra tradicional à base harmônica e
rítmica, deixando de lado as suas origens baseadas no antigo estilo trieletrizado de tocar Violão
Elétrico (com as baixarias típicas do choro).
50

(GB6). Desta forma, no século XXI é possível constatar a seguinte formação na


família da Guitarra Baiana:

• Guitarra Baiana de quatro cordas (Sol2, Ré3, Lá3, Mi4);


• Guitarra Baiana de cinco cordas (Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4);
• Guitarra Baiana de seis cordas (Sol1, Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4);
• Guitarra tradicional (Mi1, Lá1, Ré2, Sol2, Si2, Mi3);
• Contrabaixo elétrico (Mi-1, Lá-1, Ré1, Sol1).

3.2 DESCRIÇÃO DAS PARTES

As partes constituintes da Guitarra Baiana são: tarraxas, pestana, trastes,


casas, captador, potenciômetro de volume, potenciômetro de tonalidade, jack de
saída, pinos, corpo, ponte, microafinação, trava, mão, tirante, braço, molas, e a parte
elétrica (interna).

Figura 4 - Parte dianteira da GB6

50
Que com a inclusão da 5ª corda mais grave alcançou a extensão do Triolim (instrumento que possuía
a afinação: Dó2, Sol2, Ré3, Lá3).
51

Figura 5 - Parte traseira da GB6

1. Tarraxas: componentes da ferragem que serve para prender uma das


extremidades da corda, e para afinar.
2. Pestana ou nut: serve para direcionar as cordas, sendo que algumas guitarras
têm o nut com trava parafusada.
3. Traste: tiras de metal fixadas ao longo do braço, e que formam as casas.
4. Casas: espaços entre os trastes, cada casa corresponde a meio tom musical.
5. Captador: componente da parte elétrica que capta a vibração das cordas
juntamente com a madeira.
6. Potenciômetro de volume: componente da parte elétrica que controla o nível
de volume enviado para o jack de saída.
7. Potenciômetro de tonalidade grave/agudo: componente da parte elétrica que
controla a sonoridade grave e aguda, proporcionando diferentes timbragens
que variam entre o som brilhante (estridente) ao opaco (obscuro).
8. Jack: componente da parte elétrica que serve como ponto de saída do sinal
elétrico gerado pelo captador, nivelado pelo potenciômetro de volume, e
timbrado pelo potenciômetro de tonalidade.
9. Pinos: peças em que são presas as extremidades da alça.
52

10. Corpo: parte física que são fixados o captador, jack, potenciômetros, e a ponte.
O tipo de madeira utilizada influencia na timbragem do instrumento.
11. Ponte: componente da ferragem onde é fixada uma das extremidades das
cordas; funciona para regular a ação (distância das cordas) em relação ao
braço do instrumento, regular as oitavas com os saddles. Caso possua molas, a
ponte pode ser movida ascendentemente e descendentemente, com o
manuseio de uma alavanca.
12. Microafinação: componente da ferragem que serve para ajustar a afinação.
13. Trava: componente da ferragem que serve para travar as cordas.
14. Mão: parte feita de madeira, extensão do braço onde são fixadas as tarraxas.
15. Tirante: tira interna que evita o empeno do braço, pode ser de madeira, fibra
de carbono, ou ferro.
16. Braço: parte feita de madeira onde são fixados os trastes e a pestana.
17. Molas: componente da ferragem integrante do sistema da ponte flutuante.
18. Caixa de acesso à parte elétrica: local que armazena o circuito elétrico e
contém terminais, parte interna do potenciômetro, parte interna do jack de
saída, e pilha - para o sistema ativo em que os captadores necessitam de fonte
energética para funcionar.

3.3 QUEM INVENTOU A GUITARRA BAIANA?

Uma das questões discutidas na história da música é a autoria do primeiro


instrumento com as características da Guitarra Baiana (com cordas simples, afinação
de bandolim, corpo sólido, e captação eletromagnética). Algumas pessoas afirmam
que quem primeiro inventou foi Dodô e Osmar, enquanto outras dizem que foi Léo
Fender. No entanto, antes de ter sido inventada a GB, aconteceram diversas
tentativas de eletrificar e amplificar o som dos instrumentos de cordas pinçadas.

Allan Russ foi o primeiro músico que teve o som de seu instrumento
amplificado por via do uso de um aparelho chamado de resonator; uma espécie de
megafone que se colocava perto, quase em contato com as cordas, afirma Eddie
Durham (apud GRECI; CARFAGNA, 2000, p. 233). Entretanto, a invenção do
captador eletromagnético tornou o resonator obsoleto.
53

Após o advento do captador, iniciou-se a busca por eliminar a microfonia


proveniente da ressonância entre a caixa amplificadora, o captador, e a caixa acústica
do instrumento (bojo). Essa busca culminou com a total eliminação do bojo,
tornando o corpo da guitarra sólido ao invés de oco. Dentre os nomes que
participaram deste processo estão: Loyd Loar, Gibson, Adolf Rickenbacker, Mário
Maccaferri, Henri Selmer, Dodô, Osmar, e Léo Fender.

Em 1924, a marca de guitarra Gibson lançou ao mercado a guitarra L-5 (figura


6), criada por Lloyd Loar, que substituiu a roseta convencional pela estética “efe” do
violino, e incluiu uma placa flutuante para apoiar os dedos. (ROSALES, 2002, p. 34).
Nesta época, os instrumentistas de cordas utilizavam um captador de contato fixado
na superfície do bojo do violão.

Figura 6 - Gibson L5

Em 1932, foi elaborado um violão a meio caminho entre corpo arqueado (arch-
top) e plano (flat-top). A famosa Selmer-Maccaferri (figura 7), desenhado por Mario
Maccaferri e comercializada por Henri Selmer. Essa guitarra foi popularizada pelo
guitarrista Jango Reinhard (ROSALES, 2002, p. 35). O resultado foi um violão mais
fino em sua largura, portanto com a caixa acústica menor, e com o som amplificado
por via do captador de contato fixado ao bojo.

Figura 7 - Violão Selmer-Maccaferri


54

Adolph Rickenbacker trabalhava fazendo componentes para a National


Resonator Guitar, afirma Jenkins (2009). Depois, juntamente com Jorge Beauchamp
e Paul Barth, formou a Electric String Company. No ano de 1930, começou a
construir guitarras no estilo havaiano (lap-stell, slide guitar), usando seu recém-
criado sistema de captação eletromagnética. Chapman (2003, p. 14) afirma que
Rickenbacker foi o pioneiro no uso desses captadores com a sua guitarra havaiana de
nome Frying Pan (figura 8). Esse nome era devido ao instrumento se assemelhar a
uma panela de fritar.

Figura 8 - Fry Pan

Em 1932, Rickenbacker lançou uma das primeiras guitarras elétricas


manufaturadas comercialmente: uma semiacústica com um captador
eletromagnético, intitulada de Electro Spanish (figura 9), e que serviu como
inspiração para os luthiers da época.

Figura 9 - Electro Spanish Guitar

A primeira guitarra de corpo sólido foi a The Log (figura 10), ou “o tronco” em
português. Ela foi fabricada por Les Paul no ano de 1941, afirma Rosales (2002, p.
37). Esse instrumento foi construído a partir da junção do braço de uma guitarra
55

semiacústica Gibson a uma madeira maciça de Pinheiro, onde foram fixados os


captadores, a ponte, e o cavalete. Para complementar o formato tradicional, foram
colocadas as duas bandas externas de um corpo de uma guitarra semiacústica com os
detalhes em “efe” (vedados). A peça maciça de madeira possibilitou a eliminação da
microfonia, e produziu o som característico das guitarras de corpo sólido.

Figura 10 - The Log

Em 1942, Antônio Adolfo do Nascimento – eletrotécnico e musicista amador


desenvolveu o Violão Pau Elétrico e o Cavaco Pau Elétrico (figura 11) em parceria com
Osmar Macedo. Eles utilizaram um braço de cavaco, e um pedaço de madeira maciça
de jacarandá, “sem ter conhecimento da guitarra elétrica – já existente nos EUA, mas
inexistente no Brasil –, eles como que inventaram pela segunda vez o instrumento,
aqui batizado de Pau Elétrico”. (RISÉRIO, 2004, p. 556). O Cavaco Pau Elétrico tinha
cordas simples, afinação de bandolim, corpo sólido, e captação eletromagnética,
caracterizando oque seria o protótipo da Guitarra Baiana. Macedo (2015) afirma que,
por volta de 1945, em meio às festas que A Dupla Elétrica se apresentava, Dodô teria
conhecido um marinheiro americano, que comprou um exemplar do Pau Elétrico e,
possivelmente, o levou para fora do Brasil.

Figura 11 - Cavaco Pau Elétrico e Violão Pau Elétrico


56

Figura 12 – Cavaco Pau Elétrico

Figura 13 - Cavaco de Trio

Em 1950, Léo Fender lançou a guitarra elétrica de corpo sólido Fender


Broadcaster, que foi renomeada como Telecaster (figura 14). O designe desse
instrumento foi revolucionário para a época. Posteriormente, Fender lançou o
modelo Stratocaster (figura 15) entre 1953 e 1954. (CHAPMAN, 2003; JENKINS,
2009).

Figura 14 - Telecaster
57

Figura 15 - Stratocaster

A grande popularidade das guitarras Fender fez com que Gibson buscasse um
novo modelo de guitarra com corpo sólido. Segundo Rosales (2002, p. 34), a resposta
de Gibson foi procurar os serviços do guitarrista de jazz e inventor Les Paul para
produzir a Gibson Les Paul (figura 16) em 1952.

Figura 16 - Gibson Les Paul

Em 1958, Fender fabricou o instrumento que mais se assemelhou à Guitarra


Baiana, o Mandocaster. Este instrumento tinha cordas simples, afinação de
bandolim, corpo sólido, e captação eletromagnética igualmente ao Pau Elétrico
fabricado por Dodô e Osmar, em 1942, porém com a estética parecida coma da
guitarra Stratocaster.

Figura 17 - Mandocaster

Com base nesse percurso histórico sobre o desenvolvimento da guitarra, é


possível inferir que os primeiros inventores do instrumento com as características do
Pau Elétrico (cordas simples, afinação de bandolim, corpo sólido, e captação
58

eletromagnética) foram Dodô e Osmar em 1942. Leo Fender só foi fabricar o


Mandocaster em 1958. No entanto, a primeira guitarra de corpo sólido - a The Log -
foi construída pelo americano Les Paul, em 1941.

A seguir, a ordem cronológica do processo de desenvolvimento dos


instrumentos elétricos de corpo sólido:

• 1931 – Frying Pan: Adolph Rickenbacker;


• 1932 – Rickenbacker Electro Spanish: Selmer-Maccaferri;
• 1941 – The Log: Les Paul;
• 1942 – Violão Pau Elétrico e Cavaco Pau Elétrico: Dodô e Osmar;
• 1950 – Telecaster: Fender;
• 1952 – Gibson Les Paul: Les Paul;
• 1953/54 – Stratocaster: Fender;
• 1958 – Mandocaster: Fender.

3.4 PROCESSO DE ELABORAÇÃO E APRIMORAMENTO DA GUITARRA BAIANA

A elaboração da Guitarra Baiana foi precedida por algumas tentativas


frustradas de amplificar o som do violão. Stela Caymmi (2001, p. 90) afirma que
Dodô chegou a sugerir que Dorival Caymmi fizesse um furo em seu violão, e pusesse
um alto-falante dentro do seu bojo. Aroldo Macedo (2015) contradiz essa proposição,
afirmando que, possivelmente, o furo seria para poder ser atravessado um fio
conectado a um captador de contato fixado no interior do bojo.

A ideia de eletrificar e amplificar os instrumentos acústicos ganhou força


quando Dodô e Osmar se juntaram para resolver o problema do efeito de microfonia,
após conhecerem o captador elétrico no ano de 1941. De acordo com Osmar Macedo
(apud AYÊSKA, 2005, p. 2):

Ele ia trazer pra Bahia o famoso violão elétrico que ninguém conhecia – eu
mesmo pensava que tocasse sozinho, por ser elétrico... O Benedito Chaves
então trouxe o violão elétrico e nós fomos todos assistir ao show dele no
Teatro Guarani, foi uma apoteose, foi uma beleza! Mas dava aquele
fenômeno de microfonia, apitava (pii, piii...). Incomodava. Ele parava,
mudava a posição do amplificador, diminuía o volume pra corrigir esse
defeito. Quando acabou a apresentação, nós fomos ao camarim, eu e Dodô.
59

3.4.1 Eliminação do bojo acústico e das cordas duplas do bandolim

Depois de conhecer o captador que Benedito Chaves utilizava, Dodô passou a


construir seus próprios captadores e usá-los no bandolim e no violão. Durante os
shows, perceberam que não conseguiam obter um volume sonoro elevado e evitar o
efeito de microfonia ao mesmo tempo. Até que Osmar abraçou o bandolim, e
conseguiu diminuir a microfonia, mas não conseguiu eliminá-la totalmente. A
associação entre Dodô e Osmar foi importante para o processo de definição do Pau
Elétrico; neste sentido, Aroldo Macedo (2014) afirma que Osmar passou a indagar
Dodô que a caixa acústica era responsável pelo ruído indesejável. Dodô, por sua vez,
começou a trabalhar na diminuição do bojo até tirá-lo por completo.

As tentativas de resolver o problema continuaram até quando foi realizado um


experimento inusitado, em que Dodô esticou a corda de violão e fixou as suas
extremidades em cima de um balcão. Em seguida, colocou o captador por baixo e
próximo à corda, aumentou o som da caixa amplificada ao máximo, e fez a corda
vibrar. Assim, o som foi produzido em elevado volume e totalmente livre do efeito de
microfonia. Estava resolvido o problema.

Osmar se queixava de que com o bandolim ficava difícil esticar as cordas (tocar
bends), devido à alta tensão gerada pelas quatro cordas duplas – ao total de oito
cordas – fato que atrapalhava seu desempenho. Esse problema poderia ser
minimizado com o uso do cavaco, pelo fato deste instrumento ser constituído de
quatro cordas simples, o que facilitaria sua performance musical. Neste viés, sugeriu
a Dodô que utilizasse o braço de um cavaco na fabricação do novo instrumento,
porém com a afinação em quintas como no bandolim.

3.4.2 Construção do instrumento

A invenção do Pau Elétrico aconteceu em 1942, quando Dodô e Osmar foram à


loja de instrumentos musicais “A Primavera”, pediram um violão e um cavaco, e
arrancaram os braços dos instrumentos ali mesmo – para o espanto do Sr. Pepi,
proprietário e vendedor da loja. (MACEDO, 2015).
60

Figura 18 - Loja A Primavera, localizada na Praça da Sé em Salvador, BA.

Já em sua residência, Dodô colou o braço do cavaco a um corpo de madeira de


Jacarandá, onde foram fixados: o captador, a ponte, e as tarraxas. As cordas foram
presas nas duas extremidades: na extremidade do braço foram presas em cabeças de
parafusos, e na extremidade do corpo foram enroscadas nas tarraxas ali fixadas.
Também, havia uma placa flutuante para apoiar o dedo mínimo da mão direita; além
de um acessório inusitado que permitia que Osmar fixasse o instrumento ao cinto de
sua calça, e ficasse com as mãos livres sem a necessidade de usar uma alça.

3.4.3 Início da lutheria

Dodô foi o primeiro luthier a fabricar o Pau Elétrico, um instrumento


anacrônico, que se tornaria popular nos anos de 1950. Ele era “(...) expert em
eletrônica, com enorme competência, fabricava os instrumentos e aparelhos
valvulados.”. (MOREIRA, 2010, p. 34). No processo de elaboração da GB, a
participação de Osmar foi a de informar a Dodô sobre suas necessidades como
músico, dando dicas para o aperfeiçoamento do instrumento.

Os instrumentos que Dodô fabricava iam sendo aprimorados, quando José de


Macedo (Zezito - irmão de Osmar), trouxe uma guitarra havaiana dos Estados
Unidos. (MACEDO, 2014). Este instrumento portava um captador eletromagnético
mais potente do que os usados no primeiro Pau Elétrico construído em 1942. Dodô
estudou esse novo captador e aprendeu a fabricá-lo, utilizando-o nos instrumentos
com os quais se apresentaram na Rua Chile em 1950. Já em 1952, “começam a
aparecer os [trios elétricos] seguidores: Atlas, Ipiranga, Cinco Irmãos, Jacaré, todos
com instrumentos criados por Dodô.”. (AYÊSKA, 2005, p. 3).
61

O Cavaco Pau Elétrico teve bom resultado sonoro com a tecnologia de


amplificação da época, mas o Violão Pau Elétrico teve o uso limitado devido ao fato
do som do instrumento soar estridente. A amplificação sonora na Fubica contava com
a tradicional corneta, que não reproduzia as baixas frequências, e, por isso, não era
capaz fazer soar os bordões com o timbre grave. A fim de resolver esse problema de
timbragem e sonorização, a Dupla Elétrica acostumou-se a levar seus aparelhos
amplificadores individuais para os shows, sendo que Dodô usava uma caixa
amplificada específica para reproduzir baixas frequências, que foi fabricada por ele
mesmo. Ele também afinou seu Violão Elétrico um tom abaixo do convencional.

3.4.4 Cavaco Pau Elétrico, Guitarrinha, e Guitarra Baiana

Aroldo Macedo (2014) afirma que Armandinho buscava melhorar a qualidade


do Cavaquinho Elétrico e, no ano de 1976, procurou o luthier da fábrica da Del
Vecchio afim de que produzisse um instrumento que ele próprio desenhara51. A nova
versão do Cavaquinho Elétrico ficou conhecida como Guitarrinha, porém não possuía
boa afinação ao longo do diapasão do instrumento. “Antigamente as Guitarras
Baianas não afinavam porque não possuíam saddles de regulagem individual para
cada corda, e eram construídas industrialmente, sem cuidado”. (BATANJ, 2014).
Além da empresa Del Vecchio, a fabricação de Guitarrinhas, também, foi realizada
pela empresa Jog. Aroldo Macedo relata que “as Guitarrinhas da Jog não afinavam
direito e tinham péssima qualidade.”. (MACEDO, 2015).

O processo de aperfeiçoamento do Pau Elétrico fez com que o instrumento


adquirisse características estéticas de uma guitarra tradicional. Macedo (2011) e
Moreira (2010, p. 46) afirmam que a vontade de que o nome do instrumento
referenciasse o estado de origem, fez com que eles criassem o seguinte dizer: “tem a
guitarra portuguesa, a guitarra americana, a guitarra havaiana, porque não, também,
a Guitarra Baiana!”.

A inclusão da quinta corda mais grave na constituição da GB parece ter sido


decorrente da popularização do violão tenor em meados do século XX; este

51 A fábrica Del Vecchio, a princípio, não se interessou, porém, devido ao sucesso que Armando fez ao
aparecer no programa “Fantástico” da Rede Globo de Televisão, tocando o cavaco elétrico
acompanhado da banda “A Cor do Som”, mudou de ideia e resolveu fabricar o instrumento em
quantidade, afirma Aroldo Macedo (2015).
62

instrumento possuía afinação em quintas (Dó2, Sol2, Ré3, Lá3). Armandinho Macedo
(2011) afirma que, entre 1982 e 1983, conheceu o luthier Vitório Quintino52 e lhe
propôs a construção de um novo modelo de Guitarrinha em forma de raio que ele
próprio havia desenhado. A partir da associação entre Armandinho e Vitório foi
concebida a primeira Guitarra Baiana de cinco cordas, que incluiu uma corda mais
grave afinada em Dó, ficando com a seguinte afinação: Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4. Este
modelo foi aperfeiçoado pelo luthier Elifaz Santana que, baseado nas informações e
necessidades de Armandinho, aumentou a espessura da madeira53 do corpo, e o
campo harmônico54. Essas modificações teriam sido feitas com o objetivo de gerar
uma timbragem mais grave e sem estridência.

Em 2005, o luthier Mlaghus - na cidade de Lauro de Freitas, região


metropolitana de Salvador - construiu a meu pedido a Guitarra Baiana de seis cordas.
Neste modelo foi incluída a sexta corda mais grave afinada com a nota Sol1, ficando
com a seguinte afinação: Sol1, Dó2, Sol2, Ré3, Lá3, Mi4. Assim, a extensão do
instrumento foi expandida; sendo que a afinação da sexta corda (Sol1) foi disposta em
intervalo de quarta justa com a quinta corda (Dó2), quebrando a relação de quintas, e
permitindo novas possibilidades rítmico-melódico-harmônicas.

52 Que havia trabalhado na fábrica de instrumentos da Giannini.


53
Quanto à sonoridade, como o instrumento é mais tenso e estridente, busca-se na construção deixar a
tonalidade mais sensível no favorecimento às frequências médias e graves, porém sem perder o
brilho do agudo. A equação ideal é aquela que equilibra as madeiras de braço x corpo x escala
(freatboard) sem deixar o som "ardido" como as rudimentares e antigas Del Vecchio (por exemplo).
Para isso, eu aumento a espessura do corpo para ter um maior volume de madeira, procuro sempre
que possível fixar os pickups na madeira, e o corte da madeira do braço tem que ser no sentido radial
para que o sentido das fibras favoreça a transmissão das frequências. As antigas GBs eram mais
finas tinham entre 3 e 3,5cm de espessura no corpo, as atuais tem entre 4 e 4,5cm e este aumento
volumétrico contribui no favorecimento do sustain e das frequências "ideais". Lembrando que a
funcionalidade das madeiras que formam o instrumento é de "filtrar" frequências, isso de uma
forma geral, ou seja, vale pra todos os instrumentos de cordas maciços, guitarrão, baixo, etc. Por este
motivo, instrumento com escalas claras soam mais "brilhantes" e com escalas escuras soam mais
"encorpados" pois madeiras claras possuem menos "resinosidade" e filtram as frequências mais
graves ao contrário das madeiras escuras que são mais porosas e mais resinosas, filtrando as
frequências agudas e deixando audíveis as frequências mais graves. O fato das escalas claras terem
que ser envernizadas também contribui neste diferencial (salvas as devidas proporções). (BATANJ,
2014).
54 Que incide no aumento da distância entre os trastes, e, consequentemente, no aumento do
comprimento do instrumento. Elifaz construiu essa GB5 em Aracajú, cidade de Sergipe, localização
de sua fábrica de instrumentos musicais.
63

3.5 INFLUÊNCIA DO ROCK, GUITARRA TRADICIONAL, E TECNOLOGIA

Dodô prezava pela clareza e limpeza da sonoridade do Pau Elétrico, labutando


pela melhoria da qualidade do som produzido e amplificado por seus equipamentos
valvulados. A sua determinação fez com que os seus instrumentos musicais e
equipamentos de áudio fossem aperfeiçoados continuadamente.

Após a 2ª Guerra Mundial, o ritmo do rock and roll tornou-se popular. Nos
anos 60, os Beatles e Rolling Stones passaram a ser mundialmente conhecidos e a
influenciar os jovens brasileiros. Farias (2010, p. 96-97) afirma que Armandinho
Macedo tocava guitarra tradicional na banda Hell Angels, cujo repertório era
formado por músicas do grupo The Beatles, Renato e seus Blue Caps, e Rolling
Stones.

Nos anos 70, o músico britânico Jimi Hendrix inovou com sua performance
arrojada, despertando os músicos para novas perspectivas e maneiras de tocar
guitarra. A influência do rock e do estilo de Hendrix tocar foi traduzida para a
Guitarra Baiana com a intensificação do uso do efeito de distorção, cuja sonoridade
divergia da concepção musical de Dodô.

Armandinho não usava pedal de distorção, com astúcia, deu lá uma


solução: no seu pequeno gravador cassete, ligava a guitarra no in, saía
no auxiliar, botava o volume no máximo e dava play/rec. Segundo ele
me disse, aquele era o som característico do trio elétrico. (MORAES,
2010, p. 30).

Em 1975, Armandinho e Aroldo adquiriram aparelhos específicos para gerar


distorção: o pedal Schaller que o Dadi – baixista da banda “A Cor do Som” – lhes
trouxera da Alemanha. (MOREIRA, 2010, p. 37). Dodô era avesso a ruídos estranhos
ao som cristalino do tradicional Cavaco Pau Elétrico, ficando intrigado quando
Armandinho apareceu com o pedal de distorção. Nesta ocasião, Dodô disse:
“Armandinho, eu trabalho tanto para conseguir um som limpo e você vem botando
areia no som.”. (MOREIRA, 2011, p. 31).
64

Figura 19 – Pedal Schaller de Armando Macedo

Nos anos 80, o rock progressivo e o heavy metal estavam com alta
popularidade, assim os guitar heroes55, pós Jimi Hendrix, Jimmy Page, Carlos
Santana, como por exemplo: Steve Vai, Ynguie Malmsteen, Jason Becker, Marty
Friedman, dentre outros, passaram a influenciar os músicos brasileiros. Os
guitarristas roqueiros baianos começaram a se deixar influenciar por essa nova
estética sonora do final do século XX. Dentre eles, o guitarrista Armandinho Macedo
passou a utilizar as técnicas comuns aos guitar heroes, a exemplo da técnica de tocar
“harmônicos” descendentes e ascendente com a alavanca (long dive bomb), ligaduras,
bends, tappings, além do uso do pedal whammy, e os tradicionais pedais phaser,
flanger, chorus, wha-wha, delay, dentre outros.

Segundo Caetano Veloso, Armandinho foi o principal responsável


pela inovação do repertório do carnaval elétrico de Dodô e Osmar,
devido às suas influências do rock progressivo e do heavy metal de
Jimi Hendrix, Carlos Santana e do baiano Pepeu Gomes. (FARIAS,
2010, p. 106).

Atualmente, parecem existir três vertentes de utilização da Guitarra Baiana


como expressão e linguagem musical, que podem se fundir e se separar em uma
mesma performance. A primeira vertente está voltada para a tradição do Carnaval
baiano e do choro, correspondendo ao estilo trieletrizado da década de 1950;
geralmente, o timbre de guitarra usado tem pouca ou nenhuma distorção, com ou
sem reverber. A segunda vertente conta com influências do blues e do rock dos anos
60 e 70 misturado com o frevo, além de outros ritmos como ijexá, reggae e ska, que
resultou no novo estilo trieletrizado da década de 1970; neste caso, o timbre utilizado
tem mais som distorcido, podendo ser acrescido de efeitos como: phaser, flanger,
chorus, delay, dentre outros. A terceira vertente engloba a linguagem dos guitar

55 Heróis da guitarra, traduzindo para o português.


65

heroes dos anos 90, dos jazzistas, bluesman, além e da inserção da GB em outros
contextos musicais extra carnaval.
66

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Em uma breve pesquisa de Estado da Arte sobre o tema, observei que os


trabalhos acadêmicos pesquisados não tratavam do aspecto pedagógico ou
metodológico do ensino e aprendizagem da Guitarra Baiana. A dissertação “A
guitarra cigana de Pepeu Gomes: um estudo estilístico” de Affonso Celso de Miranda
Neto (2006) retratou a trajetória do músico Pepeu Gomes e suas influências
musicais, e buscou nas composições e gravações de Pepeu trechos musicais que
caracterizassem seu estilo de tocar.
A dissertação de Jorge Moutinho (1999) de nome “Trio Elétrico ontem e hoje:
Por onde anda o som da velha Guitarra Baiana?” investigou a situação da Guitarra
Baiana e da banda Trio Elétrico de Dodô e Osmar em uma visão etnomusical. O artigo
de Ayêska (2005) tratou de resgatar a parte da história do trio elétrico apresentando-
o como uma nova mídia sonora, uma invenção para uso específico de música de
carnaval.
O livro “A Voz de Armandinho Macedo” de Simone Farias (2012) descreveu
detalhes da vida pessoal e musical de Osmar, Armandinho e Aroldo Macedo. A autora
fez a descrição das ações de Osmar para estimular e ensinar Armandinho desde seu
processo de aproximação com o bandolim. Neste livro estão descritos aspectos
pedagógicos da aprendizagem de Armando, a sua influência roqueira e trajetória
musical (quando saiu de Salvador, para morar na cidade do Rio de Janeiro). O livro
“Sonhos Elétricos” de Moraes Moreira (2010) retrata a visão do autor sobre o
Carnaval da Bahia, relatando fatos do cotidiano do grupo, e suas influências musicais.
Diante de tal situação, entendi que seria necessário me aprofundar nos
modelos de aprendizagem para poder dar conta do problema proposto neste trabalho
– Como construir uma metodologia para ensino da teoria, leitura e escrita musical
com a Guitarra Baiana.

4.1 APRENDIZAGEM COGNITIVA

A Teoria Cognitiva foi desenvolvida pelo biólogo, psicólogo, e educador suíço


Jean Piaget, um estudioso do processo de aquisição do conhecimento, cujas
concepções sobre aprendizagem e desenvolvimento cognitivo exerceram grande
influência sob a pedagogia moderna. Piaget baseou-se no conceito de adaptação
67

biológica voltado para o desenvolvimento da inteligência, desde a infância até a fase


adulta. Em sua teoria, a atividade intelectual está associada ao desenvolvimento
integral do organismo; ele acredita que os fenômenos humanos têm raízes biológicas,
finalidade social, e são mediados pela mente.

Piaget classificou o desenvolvimento em quatro etapas, as quais seriam


previsíveis e ordenadas, porém com variações individualizadas. “A ordem de sucessão
[dos estágios] é constante, embora as idades médias que as caracterizam possam
variar de um indivíduo para outro, conforme o grau de inteligência, ou de um meio
social a outro.”. (PIAGET; INHELDER, 1978, p. 131).

Em sua teoria, ele divide o processo cognitivo inteligente em: aprendizagem e


desenvolvimento.

A aprendizagem estaria relacionada a uma resposta adquirida por meio da


experiência, a qual pode ser obtida de maneira ordenada ou não. Já o
desenvolvimento estaria relacionado à formação do conhecimento, sendo dividido em
quatro estágios: sensorial-motor (0 a 2 anos), pré-operações (2 a 7 anos), operações
concretas (7 a 11 anos), operações formais (11 a 15 anos).

A aprendizagem cognitiva costuma ser separada da aprendizagem afetiva e


psicomotora. A afetiva é aquela que envolve experiências como prazer e dor,
satisfação ou descontentamento, alegria ou ansiedade; a psicomotora é aquela que
engloba respostas musculares adquiridas por meio de exercício e prática. Algumas
experiências afetivas são acompanhadas da aprendizagem cognitiva, e estas,
geralmente, incorrerem na aquisição de habilidade motora. Aquilo que se aprende
fundamenta a resolução de problemas, construção de novos significados, e revisão de
modelos mentais. Estas “definições”, segundo Moreira (2011), caracterizam a
aprendizagem resultante do armazenamento organizado de informações na memória
do indivíduo que aprende, formando novas estruturas cognitivas.

A filosofia cognitivista focaliza o ato de conhecer, ou seja, como o indivíduo


conhece o mundo. Esse enfoque engloba as variáveis intervenientes entre estímulo e
resposta nos processos mentais superiores como a percepção, resolução de
problemas, tomada de decisões, processamento de informação, e compreensão. A
partir daí, chega-se ao construtivismo, que compreende o conhecimento como algo
sempre em construção, e exprime a ideia de que “o ser humano tem a capacidade
68

criativa de interpretar e representar o mundo, não somente de responder a ele.”.


(MOREIRA, 2011, p. 15).

Jean Piaget conceituou a aprendizagem gradativa de novos conhecimentos


como equilibração majorante. Para isso, baseou-se na concepção desenvolvimentista
do processo cognitivo inteligente, e da concepção de adaptabilidade humana.

A adaptação, entendida como processo, é um ponto de equilíbrio


entre dois mecanismos indissociáveis: a assimilação e a acomodação.
A assimilação diz respeito ao processo pelo qual os elementos do meio
exterior são internalizados à estrutura, enquanto que a acomodação
se refere ao processo de mudanças da estrutura, em função dessa
realização, quando há a diferenciação e integração dos esquemas de
assimilação. Assim, pode-se dizer que o pensamento é adaptado a
uma realidade, quando ele consegue, ao mesmo tempo, assimilar às
suas estruturas os elementos dessa realidade, acomodando essas
estruturas aos novos elementos que se apresentam. (PIAGET, 1982, p.
157).

O conceito de equilibração majorante divide em três etapas a aprendizagem


humana. Estas etapas são denominadas de: assimilação, acomodação e equilibração.
Na interpretação de Moreira (2011, p. 100-102), a equilibração majorante acontece da
seguinte maneira:

O indivíduo constrói esquemas de assimilação mentais para abordar a


realidade. Todo esquema de assimilação é construído e toda
abordagem à realidade supõe um esquema de assimilação. Muitas
vezes, os esquemas de ação da criança (ou mesmo de um adulto) não
conseguem assimilar determinada situação. Neste caso, o organismo
(a mente) desiste ou se modifica. No caso de modificação, ocorre o
que Piaget chama de acomodação. É por meio das acomodações que
se dá o desenvolvimento cognitivo. Se o meio não apresenta
problemas, dificuldades, a atividade da mente é, apenas, de
assimilação; porém diante deles ela se reestrutura (acomodação) e se
desenvolve. Não há acomodação sem assimilação. O equilíbrio entre
assimilação e acomodação é a adaptação à situação.

O ensino e aprendizagem, em termos de assimilação, envolvem três aspectos:


os esquemas de assimilação do aluno, os esquemas que se quer ensinar, e os
esquemas do professor. Essa implicação da psicologia cognitiva de Piaget é
sintetizada no conceito de ensino reversível pelo educador Fritz Kubli (1979 apud
MOREIRA, 2011, p. 103-104):

Em um diálogo reversível, a distribuição dos esquemas de assimilação


deve ser tão equilibrada quanto possível. Em um sentido ideal, mas
não exequível, o ensino passaria por uma sucessão de estados de
equilíbrio de comunicação, tal como em um processo termodinâmico
69

reversível56. Isto significa que o professor deveria relacionar, através


de argumentação apropriada, os esquemas de assimilação
espontâneos do aluno com os esquemas de assimilação que ele quer
ensinar, com o mínimo de desequilíbrio. Quanto mais a
argumentação do professor se relacionar com os esquemas de
assimilação do aluno, mais reversível se torna o diálogo e mais
eficiente será o ensino.

Na concepção de Kubli (1982, p. 4), o professor deve ser tão ativo quanto o
aluno, e a sua didática deve ser acompanhado de ações e demonstrações.

Ações e argumentação o que isso tudo significa para ensino de


ciências? É imediatamente claro que nós temos de realizar atividades
e demonstrações em nossas aulas e que devemos dar aos nossos
alunos a oportunidade de desenvolver, eles mesmos, ações (atividades
práticas) sempre que isso for tecnicamente possível. Entretanto, tais
atividades devem ser integradas à argumentação do professor para
serem frutíferas. Atividades e demonstrações isoladas podem mesmo
vir a ter um efeito destrutivo em nosso trabalho como professor. A
menos que usemos os experimentos para demonstrar um fenômeno
ou ajudarmos a definir ou ilustrar algo que tentamos expor
verbalmente, o empenho do trabalho prático não será justificado.
Seria uma ilusão acreditar que atividades ou demonstrações, mesmo
se realizadas pelos estudantes, tem em si próprias, o poder de
produzir conhecimento: elas podem apenas gerá-lo na medida em que
estiverem integrados na argumentação do professor.

Desta forma, deve ser dada ao aluno oportunidade de agir e praticar, tornando
real o que era conceitual, possibilitando que o estudante dê significado ao conteúdo
aprendido, e facilitando o aprendizado. As atividades realizadas pelos estudantes têm
poder de produzir conhecimento se estiverem relacionadas à argumentação do
educador.

4.2 MODELO C(L)A(S)P

O modelo C(L)A(S)P é um conceito criado pelo educador musical Keith


Swanwick. Ele partiu do princípio de que o aprendizado musical significativo ocorre
com o envolvimento do estudante em atividades diretas com a música. "O
envolvimento direto pode ser alcançado por via de três atividades centrais:
composição [C], apreciação [A] e performance [P].". (SWANWICK, 1979, p. 43, trad.

56 Em física, uma transformação termodinâmica reversível é um processo ideal, no qual um sistema


passa de um estado inicial a outro estado de equilíbrio final por meio de uma sucessão de estados
de equilíbrio.
70

nossa)57. Estas atividades centrais (C, A, P) são complementadas com duas atividades
periféricas que são: a aquisição de habilidades - skill acquisition [S], e o estudo sobre
a literatura musical - literature studies [L]. As atividades periféricas têm a função de
fundamentar, e proporcionar a habilidade necessária para a realização das atividades
centrais. (SWANWICK, 1979, p. 45). Para Swanwick, as três atividades centrais juntas
às duas periféricas formam os cinco parâmetros da experiência musical que compõem
o modelo C(L)A(S)P – Composition, Literature studies, Apreciaton, Skill acquisition,
Performance.

A atividade central de composição inclui o ato de inventar, não apenas


escrever uma música em qualquer forma de notação musical. Swanwick (1979, p. 43)
afirma que a improvisação também é uma forma de compor e, na educação musical, a
composição não é necessariamente realizada para formar compositores, mas sim para
provocar uma relação direta do estudante com a música, com o objetivo de ele
conseguir articular e comunicar seu pensamento em forma de música, organizando
padrões, e gerando novas estruturas dentro de um período de tempo. A atividade
criativa possibilita que o aluno produza algo novo, e dê um sentido musical
particularizado pela ideia autoral, e pela sua interpretação. De acordo com Swanwick
(2003, p. 68), a composição é uma necessidade educacional, não é uma atividade
opcional para ser desenvolvida quando o tempo permite.

A atividade central de apreciação, para Swanwick, não significa apenas ouvir


uma gravação ou assistir a um concerto. O ato de tocar uma escala, escolher um
timbre, ensaiar, praticar uma peça, improvisar, afinar um instrumento abrange “o
ouvir”. Esta ação de ouvir, por sua vez, já envolve toda experiência musical em ação,
sendo fundamental para o desenvolvimento musical do estudante. A apreciação vai
além do ato de ouvir, é uma atividade que envolve a experiência estética
transformadora, reafirmando o valor intrínseco da ação de se ouvir música enquanto
apreciação musical.

O status da apreciação enquanto “atividade” pode ser questionado:


como ela não implica necessariamente um comportamento
externalizável, é frequentemente considerada a mais passiva das
atividades musicais. No entanto, a aparência de uma atitude receptiva
não deve mascarar o ativo processo perceptivo que acontece, uma vez
que a mente e o espírito do ouvinte são mobilizados. (FRANÇA,

57 Direct involvement can be seen under three headings. They are composition, audition, and
performance; CAP for short.
71

SWANWICK, 2002, p. 12).

No modelo C(L)A(S)P, a atividade de apreciação deve fazer parte do processo


educativo juntamente com a composição e a performance musical. Neste sentido,
Swanwick (2003, p. 68) afirma que existe a necessidade de haver o diálogo com o
pensamento musical de outras épocas e lugares, mesmo que seja por meio de uma
gravação ou uma performance ao vivo. “Compor, tocar e apreciar: cada atividade tem
sua parte a desempenhar.”. A ação de ouvir diversificados tipos de música tende a ser,
não só apenas, uma atividade enriquecedora culturalmente, mas, também, uma
atividade que tem o poder de transformar a vida do estudante, a partir do momento
que pode influenciar em suas atitudes58.

A atividade central de performance “abrange todo e qualquer


comportamento musical observável, desde o acompanhar de uma canção com palmas
à apresentação formal de uma obra musical para uma plateia”, afirma Swanwick
(1994 apud FRANÇA; SWANWICK, 2002, p. 14). Nesta ocasião, o estudante
desenvolve sua presença musical, se arrisca e se expõe, sendo responsável
plenamente pela realização da música em tempo real.

Certamente o repertório deve oferecer desafios para que os


alunos se desenvolvam tecnicamente. Mas é preciso que,
paralelamente, haja oportunidades para tocarem peças mais
acessíveis e que possam controlar confortavelmente, para que
seja possível realizá-las com expressão, toques imaginativos e
estilo... Seja qual for o nível de complexidade, é preciso procurar
a melhor qualidade artística possível para que ela resulte
significativa, expressiva e relevante. (FRANÇA; SWANWICK,
2002, p. 14).
A atividade periférica de estudos sobre a literatura compreende os
conhecimentos teóricos e notacionais, informações sobre música e músicos, estudos
contemporâneos e históricos da literatura musical através de partituras e
performances, mas também, a crítica musical, a literatura histórica, e a musicológica.

A atividade periférica de aquisição de habilidades envolve o


desenvolvimento da destreza técnica, seja com um instrumento musical, com a voz,
ou com a manipulação de aparatos eletrônicos. Para França e Swanwick (2002, p. 14),

58Neste viés, Swanwick aproxima-se da doutrina do ethos. Esta doutrina, segundo Salazar (1954),
prega que a música tem poder de agir e modificar o indivíduo, fortalecendo ou enfraquecendo o seu
equilíbrio mental. A música pode gerar um estado de inconsciência em que os indivíduos perdem sua
força de vontade. Ela tem poder de interferir no caráter humano, sendo três os seus efeitos: a) ação,
b) força e ânimo, e c) fraqueza moral. (LOUREIRO, 2001).
72

pouco ou quase nada pode ser feito se não for dada à criança a chance de desenvolver
habilidades motoras, perceptivas e notacionais, ainda que básicas. A técnica deve ser
encarada como um recurso para que o estudante possa se expressar musicalmente.
Desde os estágios iniciais, essas habilidades devem ser abordadas gradativamente e à
medida que se fizerem necessárias.

4.3 A PEDAGOGIA DA GUITARRA BAIANA

O termo pedagogia tem raiz etimológica na Grécia Antiga; vem das palavras
paidos - criança, e agogé - condução. O pedagogo era o escravo que conduzia a
criança para a escola, mas que dispunha de alguma autoridade sobre ela,
desenvolvendo habilidades no trato com os infantes, em prol da sua educação.
Atualmente, a pedagogia visa melhorar o processo de ensino e aprendizagem por
meio de reflexões, pesquisas e sistematizações.

A pedagogia da Guitarra Baiana pode ser entendida como os diferentes


métodos empíricos utilizados para a aquisição de conhecimentos e para o
desenvolvimento da habilidade técnica instrumental, na perspectiva de entendimento
e do melhoramento dos procedimentos de ensino.

A pedagogia da música trata da relação entre pessoa(s) e música(s) e o


processo de apropriação e transmissão da música. Ao seu campo de
trabalho pertence toda prática músico-educacional que é realizada em
aulas escolares e não escolares, assim como toda cultura musical em
processo de formação. (KRAEMER, 2000, p. 51).

O processo pedagógico comum à arte de tocar Guitarra Baiana está


relacionado ao ensino oral e aprendizagem aural (de ouvido). A “oralidade e a
auralidade” permitem que um músico sem formação específica ou acadêmica possa
compreender os elementos musicais através da prática e da convivência, buscando a
internalização do conteúdo através da audição e da repetição. Essa maneira informal
de aprendizagem foi estudada pela educadora musical Lucy Green que, na tentativa
de modificar a prática pedagógico-musical vigente na Inglaterra, procurou entender
como os “músicos populares” aprendiam, a fim de utilizar os seus processos de
aprendizagem no ensino formal de música realizado pelas escolas inglesas. Os
aspectos que Lucy Green encontrou foram por ela conceituados como “aprendizagem
informal” (informal learning).
73

Os aspectos inerentes à aprendizagem informal dos músicos populares ingleses


são análogos aos aspectos encontrados na aprendizagem da Guitarra Baiana em
Salvador. Lucy Green (2002, 2008) afirma que a aprendizagem informal perpassa
por cinco características básicas:

• A aprendizagem informal começa com a livre escolha do repertório


pelos estudantes (em oposição ao ensino formal, em que o material
estudado é selecionado pelos professores);
• O método de aprender músicas (formação de repertório) e aquisição de
habilidade instrumental envolve a imitação de gravações através do
aprendizado de ouvido;
• O estudo solitário e deliberado constitui uma importante parte do
processo de aprendizagem informal;
• As habilidades e conhecimentos musicais são susceptíveis de serem
assimiladas de formas idiossincráticas e holísticas;
• A aprendizagem informal envolve, tipicamente a integração da audição,
performance, improvisação e composição (em oposição ao ensino
formal de instrumento que tem a tendência a focar em apenas uma
destas atividades por vez).
Estas características supracitadas foram encontradas nos processos de
aprendizagem informal que ocorreram com os guitarristas baianos Osmar,
Armandinho e Aroldo Macedo.

4.3.1 Um pouco da aprendizagem de Osmar, Armandinho, e Aroldo

Osmar Álvares Macedo, nascido em Salvador em 22 de março de 1923,


aprendeu a tocar bandolim com sete anos de idade, com a ajuda de sua mãe Lídia
Macedo e da tia Iaci Álvares, que contribuíram para propiciar um ambiente familiar
em que o fazer musical era constante. Em seguida, aprendeu cavaquinho (com a
afinação de bandolim), violão tenor, e guitarra havaiana.

José de Macedo (Zezito), o irmão de Osmar, havia se formado no curso de


violino em um conservatório de Salvador na década de 1920. Ele costumava tocar o
seu repertório erudito, ao tempo que Osmar ficava apreciando. Depois de um tempo,
o iniciante Osmar passou a transpor essas melodias para o bandolim, fato que causou
74

desconforto a Zezito. Aroldo Macedo (2015) relata que Zezito costumava dizer:
“Mamãe, mamãe... eu não vou tocar mais. Osmar toca tudo de ouvido. Como ele
consegue fazer isso e eu não?”.

Osmar aprendeu de maneira autorreflexiva, contando com a ajuda de amigos.


Um desses amigos foi o bandolinista Solon Melo, com quem costumava tocar passo
doble, e dobrados. Osmar foi influenciado pelo ritmo passo doble, desde a época em
que assistia às apresentações de guitarra espanhola na colônia dos imigrantes
espanhóis em Salvador. (MACEDO, 2015).

Osmar e seu amigo escolhiam as músicas que queriam tocar, tinham


preferências musicais semelhantes, tocavam de ouvido, e aprendiam sem a presença
de um professor de música. Osmar aprendeu a tocar escalas, acordes e arpejos
utilizando os fundamentos técnicos do bandolim de maneira empírica. E, ao transpor
a afinação do bandolim para o cavaco, desenvolveu uma técnica nova, que se tornaria
a base para tocar o Cavaco Elétrico.

Em 1946, quando ele foi para São Paulo fazer um curso no SENAI59, começou a
frequentar a loja de instrumentos musicais Del Vecchio, um ponto de encontro dos
músicos paulistas, afirma Moraes Moreira (2010, p. 87). Osmar se inspirava no
músico Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto - multi-instrumentista virtuoso, a quem
conheceu pessoalmente, e por quem foi elogiado pela sua desenvoltura técnica,
tornando-se seu amigo pessoal. Além de Garoto, ele manteve relações de amizade e
foi influenciado por outros músicos, por exemplo: Waldir Azevedo (cavaquinista),
Radamés Gnatalli (maestro e pianista), Avena de Castro (citarista), e Jacob do
Bandolim (bandolinista), afirma Aroldo Macedo (2015).

Osmar expandiu a prática do Cavaco Elétrico, instrumento que viria a ser a


atual Guitarra Baiana, tendo contribuído na aprendizagem dos músicos que lhe eram
contemporâneos, e que se propunham a tocar em trio elétrico nas décadas de 50 e 60.
No entanto, seus filhos Armando e Aroldo Macedo foram os seus discípulos mais
próximos. O convívio despretensioso nos ensaios e apresentações propiciou que seus
filhos adquirissem o gosto pela música: “eles iam se interessando pelos instrumentos
musicais e pediam ao pai que lhes ensinassem a tocá-los.”. (FARIAS, 2012, p. 84).

59
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial.
75

Armando Costa Macedo nasceu em Salvador em 22 de maio de 1953. Ele


foi o discípulo orientado para ser um virtuoso. Desde pequeno, seu ritmo de estudo
envolvia: o aprendizado técnico, desenvolvimento criativo, e montagem de repertório.
A presença constante do pai foi importante para o seu aprimoramento musical desde
oito anos de idade, quando aprendeu a tocar o frevo “Vassourinha” de Levino Ferreira
em um único dia de aula. Em uma semana, ele já sabia tocar sete músicas no
bandolim, dentre composições de Jacob do Bandolim, Ernesto Nazareth, Garoto e
Waldir Azevedo; aos 9 anos de idade, Armando já tocava em dueto com Osmar.

Armandinho, como é conhecido, foi beneficiado pela tutoria de Osmar,


diferenciando-se, assim, da maioria dos guitarristas baianos que aprendiam a tocar
GB sem tutor. A presença constante do seu pai foi marcante para o desenvolvimento
do seu nível técnico instrumental, demonstrando precocemente interesse em tocar
bandolim e cavaco (com afinação de bandolim igual ao que seu pai usava). Osmar
“aproveitou a atenção do filho e foi ensiná-lo como segurar o bandolim de forma mais
correta, mostrando a melhor posição do braço e do corpo do instrumento; as casas
das notas e a inclinação correta dos braços...”. (FARIAS, 2012, p. 76). “Aos doze anos,
ele já era um virtuose do bandolim e da Guitarra Baiana. Seu pai, frequentemente,
testava os seus limites, apresentando-lhe músicas de execução complicada.”.
(MORAES, 2010, p. 102).

Durante o carnaval de 1964, com dez anos de idade, tocou frevos e marchinhas
no Trio Elétrico Mirim; e com quatorze anos, executava músicas de difícil execução
como, por exemplo, as composições de Luperce Miranda. No entanto, o seu grande
desafio foi aprender “Moto Perpétuo” (composição do violinista Niccolo Paganini).
“Foi meu grande treino na música! Senti-me como um atleta em uma maratona,
tendo de exercitar diariamente; eram 1.000 palhetadas por minuto. Aprendi tudo de
ouvido”, afirma Armandinho (apud FARIAS, 2012, p. 85-87). O modelo de
Armandinho consistia: 1) na prática constante, 2) na montagem de repertório
memorizado, 3) no desenvolvimento da criatividade por meio da improvisação, e da
composição. Aroldo (MACEDO, 2015) acrescenta que Armandinho costumava
estudar mentalmente também, sem instrumentos em mãos.

Com 18 anos de idade, ele decidiu estudar música na Universidade Federal da


Bahia, sendo reprovado por não saber ler partitura. Neste mesmo vestibular, ele foi
76

aprovado para o curso de Artes Plásticas, mas, devido ao deslanche de sua carreira
como instrumentista, não participou das aulas, abandonando o curso.

Acerca dos detalhes sobre o seu método de aprender o repertório e memorizá-


lo, Armandinho relatou: “Primeiramente, toco a música bem lenta para fixar e,
somente depois de decorar as frases e os movimentos dos dedos, passo a tocar
rápido.”. Ele acrescenta que sua performance de improvisação muda a cada
apresentação, pois, como as músicas fazem parte do seu repertório, possui certa
intimidade com elas: “tenho várias linhas de fraseados e posso optar por usar quando
preciso.”. (MACEDO, 2005).

Osmar iniciou a tradição de tocar e compor para a GB, sendo seguido pela
maioria dos guitarristas baianos, principalmente seu filho Armandinho. O terceiro
músico relacionado à Pedagogia da Guitarra Baiana é Aroldo Macedo, que, iniciou a
carreira musical como percussionista, tocando o instrumento caixa.

Aroldo Costa Macedo nasceu na cidade Salvador, em 23 de fevereiro de


1958. Com dois anos de idade, já ouvia Armandinho tocando frevos e chorinhos; aos
nove anos, começou a tomar aula de piano por partitura, ao tempo que aprendia a
tocar de ouvido: o violão, bandolim, e o cavaco (este com afinação de bandolim,
seguindo a tradição de Osmar, que Armandinho deu continuidade). Ele já participava
das apresentações em trio elétrico como percussionista, quando em virtude da
gravação do primeiro disco Jubileu de Prata realizado em 1974, fez os arranjos
rítmicos e gravou caixa em todas as faixas do disco.

Em sua prática musical, Aroldo associava as divisões rítmicas que tocava na


caixa com as frases melódicas tocadas por Armandinho na Guitarrinha. Ele criou uma
maneira singular de tocar, que se caracterizava pela sincronia da célula rítmica que
tocava na caixa com o suingue das palhetadas que Armandinho tocava as melodias.
Desta forma, ele obteve conhecimento das divisões rítmicas tocadas por Armandinho
na GB, porém não sabia a localização das notas musicais no braço do instrumento.

O primeiro disco Trio Elétrico Dodô & Osmar - Jubileu de Prata (1974) foi
concebido com a sonoridade de duas Guitarrinhas a abrir vozes em dueto, ambas
gravadas por Armandinho. Entretanto, no momento de reproduzir os duetos nos
shows, não havia outro músico capaz de tocar a segunda voz. Desta forma, Aroldo se
motivou para aprender as notas das melodias da segunda voz. O seu processo de
aprendizagem foi facilitado pelo conhecimento prévio acerca das divisões rítmicas
77

das melodias (da primeira voz) gravadas por Armandinho, a qual costumava
sincronizar seu instrumento caixa.

Aroldo Macedo (2014) descreve o seu processo de aprendizagem ao tirar as


músicas de ouvido: “Então me enclausurei alguns meses para aprender a tocar as
notas na Guitarrinha, mas como eu já sabia o ritmo das palhetadas, o trabalho ficou
apenas em localizar as notas no braço.”.

Além da prática instrumental, Aroldo também costuma compor. Em 1974,


ainda tocando bateria, Aroldo refere: “eu fiz um choro, o ‘Coração de Menino’ que não
foi gravado, e o primeiro ‘Frevo Dobrado’ [da sua série de composições com o mesmo
título], que foi gravado no segundo LP - É a Massa.”. (MACEDO, 2015). Aroldo
compôs os frevos dobrados inspirado nas bandas filarmônicas, e também mesclou o
frevo com o rock, como, por exemplo: na composição “Rock do Caicó” 60.

4.3.2 Considerações sobre a aprendizagem informal de Guitarra Baiana

Osmar, Armando e Aroldo tiveram processos de aprendizagem distintos em


relação à GB. O primeiro aprendeu com a mãe, a tia e amigos, o segundo com o pai, e
o terceiro basicamente sozinho, porém os três músicos integraram a mesma família e
a mesma banda. Eles se ajudavam e compartilhavam informações e vivências. Osmar
se inspirava em Garoto, Armandinho se inspirava em Osmar, e Aroldo se inspirava
em Armandinho. Outros tantos guitarristas baianos se inspiraram na música da
família Macedo, seja ouvindo suas composições que eram executadas nas rádios,
assistindo à performance da banda Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar, ou
ouvindo as gravações dos seus discos.

A necessidade de realizar performance, ou seja, a necessidade de usar a GB


como instrumento de expressão musical, principalmente no carnaval, foi a
propulsora da arte de tocar Guitarra Baiana. A composição de músicas instrumentais
autorais foi de grande relevância para se alcançar novas formas de expressão
artística; e o desenvolvimento da habilidade de aprender músicas de ouvido
possibilitou a assimilação dos elementos de diferentes gêneros musicais
(afrobrasileiro, europeu, e americano) sem a necessidade de saber ler partitura.

60 Do disco Trio elétrico Armandinho Dodô & Osmar. 1983. A Banda da Carmem Miranda. Som Livre.
78

Vale a pena ressaltar que o processo de aprendizagem de Aroldo acrescentou a


possibilidade de se aprender, primeiramente, a divisão rítmica, para depois acoplar
essa divisão rítmica às notas musicais.

O processo de aprendizagem de Osmar, Armandinho, e Aroldo se enquadram


na perspectiva de aprendizagem informal de Lucy Green. Os músicos populares de
Salvador, guitarristas de trio elétrico, não tinham outra opção a não ser aprender de
ouvido com o auxílio das rádios, dos discos, e de fitas. Tirar músicas de ouvido, e
fazer shows eram as formas de se aprender a tocar. Os músicos tinham que se
arriscar, tinha que mergulhar na pretensão de tocar GB com o mesmo nível ou
próximo ao nível de habilidade técnica de Osmar, Armando e Aroldo.

5 TRILHA METODOLÓGICA

A metodologia é o caminho do pensamento a ser seguido, um conjunto de


técnicas a serem adotadas para se elaborar uma realidade. Ela “inclui as concepções
teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da
realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador.”. (MINAYO, 2003, p.
16).

5.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

5.1.1 Pesquisa qualitativa e exploratória

Ao se levar em conta que investigar sobre a Guitarra Baiana não envolve


apenas conhecer escalas, arpejos, acordes e a técnica, mas, também, ter acesso a
informações sobre a estrutura sociocultural que acolheu o seu fazer musical,
decidimos por classificar a pesquisa como qualitativa.

Características fundamentais do paradigma qualitativo têm a ver com


um modo holístico de abordar a realidade que é vista sempre
vinculada ao tempo e ao contexto, ao invés de governada por um
conjunto de regras gerais. Nós usamos pesquisa qualitativa como um
termo geral que se refere a várias estratégias de pesquisa que
compartilham certas características: 1) descrição detalhada do
contexto de pessoas e eventos; 2) observação em ambientes naturais
que, comparada com abordagens tradicionais experimentais,
apresenta pouca intervenção; 3) ênfase na interpretação gerada por
79

perspectivas múltiplas que apresentam questões relacionadas aos


participantes e questões relacionadas ao pesquisador; e 4) validação
da informação através de processos de triangulação. (BRESLER,
2007, p. 8).
Liebsher (1998) acredita que os métodos qualitativos são apropriados quando
o objeto de estudo é complexo, abrange o entendimento do contexto social e cultural,
e não tem tendência à quantificação. Bresler (2007, p. 15) afirma que a metodologia
qualitativa possibilita a exploração de novas direções, como, por exemplo: estudo
etnográfico, estudos fenomenológicos de ouvintes, compositores e intérpretes, além
de estudos sobre o uso de materiais curriculares e inovações tecnológicas em música.

A falta de pesquisas sobre Guitarra Baiana ocasionou a escassez de material


bibliográfico (como método instrumental, livros, relatos ou documentos) relacionado
ao ensino e aprendizagem. Assim, por envolver uma área de estudo da educação
musical, com pouco conhecimento acumulado e sistematizado, a pesquisa teve a
finalidade exploratória.

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade


desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista
a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis
para estudos posteriores. Habitualmente envolvem levantamento
bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de
caso. Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de
proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de
determinado fato. O produto final deste processo passa a ser um
problema mais esclarecido, passível de investigação mediante
procedimentos mais sistematizados. (GIL, 1999, p. 27).

5.1.2 Vias de investigação

Os meios de investigação foram: a pesquisa bibliográfica e a pesquisa


documental, relacionadas às áreas de história, educação em geral, ensino formal de
bandolim e guitarra tradicional, e a aprendizagem informal de Guitarra Baiana. A
pesquisa bibliográfica teve como fonte: publicações em livros, dissertações, teses,
artigos, revistas, e redes eletrônicas. A pesquisa documental incluiu a observação de
filmes, fotografias, material audiovisual, e gravações fonográficas. Ambas as vias de
investigação envolveram a identificação e seleção do material bibliográfico
pertinente, leitura e catalogação digital das partes importantes, e análise do conteúdo
do material levantado.
80

A descrição do contexto social e cultural dos carnavais antes e depois da


Guitarra Baiana vai de encontro ao conceito de método histórico (BRASILEIRO,
2013, p. 43). A autora afirma que esse método é:

O estudo de fatos e fenômenos que aconteceram no passado,


influências e relações com a sociedade atual. Buscam-se as origens
das relações e dos fatos sociais atuais, a essência dos fatos e da forma
como a sociedade em si se apresenta.

A história do Carnaval, da Guitarra Baiana, e da aprendizagem da Guitarra


Baiana foi descrita com informações provenientes da pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental, entrevistas semiestruturadas e informais, sendo os dados organizados
cronologicamente. Desta forma, procurei obter informações que elucidassem: a)
como surgiu o carnaval de Salvador; b) os motivos que contribuíram para que Dodô e
Osmar se manifestassem através de sua música eletrificada; c) o processo de
construção e desenvolvimento da Guitarra Baiana; d) a discussão sobre quem
inventou a Guitarra Baiana; e) os motivos que levaram o instrumento ao desuso; f) os
motivos que contribuem para que a maioria dos guitarristas não queiram tocá-la; e g)
o processo da aprendizagem informal da Guitarra Baiana.

5.2 METODOLOGIA PARA A REVISÃO DOS MÉTODOS

A revisão incluiu oito métodos instrumentais, sendo seis métodos de


bandolim, e dois de guitarra tradicional, todos escolhidos na etapa da pesquisa
bibliográfica. Em seguida, esses métodos foram submetidos ao processo de 1) pré-
análise e 2) análise de seu conteúdo. Severino (2007, p. 82-83) afirma que a análise é
um processo de decomposição do objeto de estudo em suas partes constitutivas,
tornando simples o que era complexo; trata-se de dividir, isolar e discriminar. A
análise é pré-requisito para a classificação baseada em caracteres que, por sua vez,
definem critérios para a organização das partes. A análise dos métodos instrumentais
realizados nesta pesquisa objetivou a listagem dos conteúdos e a sua disposição no
decorrer do livro, além do esclarecimento sobre o procedimento e recursos utilizados
no ensino.

Os resultados das análises foram organizados em textos, quadros e gráficos,


com a finalidade de serem comparados entre si e oferecer subsídios para a síntese da
proposta metodológica para a aprendizagem de GB. Segundo Severino (2007, p. 83),
81

a síntese é um processo lógico de recomposição do objeto decomposto pela análise; é


a unificação das partes constituintes que formam um todo com sentido uno e global.

5.2.1 Etapas da revisão dos métodos

Primeiramente, foi realizada a pré-análise para definir oque seria procurado


em relação aos conteúdos, procedimento pedagógico, atividades, recursos didáticos,
dentre outros aspectos. Em seguida, foi definida a ferramenta61 que seria utilizada no
processo de análise. Após definida a ferramenta, foi realizada a descrição de cada
método, a fim de obter a visão mais ampla do que cada um trazia de conhecimento.

Os métodos foram categorizados em: métodos de bandolim, métodos de


guitarra tradicional, métodos informativos para bandolim. Após a análise, os
conteúdos foram organizados em um quadro individualizado. Por fim, os quadros
com os conteúdos de cada método foram comparados de acordo com as categorias, e
os aspectos encontrados foram disponibilizados em gráficos, quadros e em um
quadro geral. As etapas foram:

• Pré-análise,
• Definição da ferramenta,
• Análise,
• Organização dos conteúdos de cada método em um quadro
individualizado,
• Comparação dos conteúdos dos métodos,
• Comparação dos aspectos gerais dos métodos.

Assim, foi possível verificar o caminho pedagógico realizado por cada método,
bem como os conteúdos e sua hierarquização. Uma parte do procedimento
pedagógico da nossa proposta metodológica foi justificada com os procedimentos
pedagógicos encontrados nos métodos analisados; e, a outra parte, a qual não foi
encontrada nos métodos analisados, foi justificada no texto. Para a análise, os
métodos foram referenciados com uma numeração de 1 a 8 (método 1, método 2,
etc.).

61 Ver, no Apêndice B, o modelo de texto para a análise dos métodos instrumentais.


82

Na etapa de análise, buscou-se identificar qual o público alvo – iniciante,


intermediário ou avançado. Além disso, procurou-se entender qual a concepção de
educação musical que o método trazia consigo, na perspectiva de identificar: a) se era
voltado para a formação musical relacionada ao conhecimento da história da música;
b) se era voltado para a educação musical em geral; c) se era voltado para dar uma
formação técnica no instrumento; e d) se era voltado para proporcionar uma
formação técnica de leitura de partitura. O resultado da análise foi dividido em dois
quadros: análise geral e análise específica. A análise geral proporcionou um
panorama dos métodos, e a específica permitiu que o conteúdo de cada método fosse
disposto conforme a ordem de ensino.

A análise geral dos métodos foi baseada nos parâmetros do modelo C(L)A(S)P
de Swanwick, porém, com algumas adaptações relacionadas às atividades de
composição e apreciação. O parâmetro composição foi substituído por criatividade,
por se entender que esse termo se refere à inventividade, ao processo cognitivo de
desenvolvimento da inteligência para criar e inovar, seja através de uma composição
ou improvisação; registradas com a notação musicológica ou decorada. A segunda
alteração diz respeito ao parâmetro apreciação, o qual foi substituído por percepção,
por entendermos que este termo pode representar a faculdade humana de apreender
por meio dos sentidos ou da mente. Assim, foi definido que os aspectos a serem
observados nos métodos deviam estar relacionados com: a) criatividade, b)
percepção, c) performance, d) estudo da literatura musical, e) aquisição de técnica.

• Criatividade: estímulo à composição de melodia e de acompanhamento


harmônico, bem como à prática da improvisação melódica e rítmica;
• Literatura: história da música (compositores, gêneros musicais,
repertório), partes do instrumento, teoria e harmonia musical;
• Percepção: ação de ouvir a si mesmo e ao colega, e memorização.
• Técnica: exercícios para desenvolvimento da habilidade de leitura,
escrita, e técnica instrumental;
• Performance: estudos, e repertório em geral.
83

Quadro 1 - Exemplo do quadro geral de conteúdos

MÉTODO CRIATIVIDADE LITERATURA PERCEPÇÃO TÉCNICA PERFORMANCE


(identificação) (criação musical: (história da música, (ação de ouvir a (exercícios para (estudos, e
composição, partes do si e ao colega, aquisição de repertório em
improvisação) instrumento, memorização) habilidade de leitura, geral)
teoria, harmonia) escrita, e técnica
instrumental)

A análise específica objetivou a identificação dos conteúdos encontrados em


ordem de aparição, sendo divididos em teoria elementar, harmonia e técnica:
• Teoria elementar incluiu os conceitos teóricos em geral, as figuras
rítmicas, fórmulas de compasso e escalas;
• Harmonia envolveu a ordem de aparição de intervalos62 e acordes;
• Técnica incluiu o conteúdo referente à aquisição da habilidade técnica
instrumental e de leitura de partitura.

Quadro 2 - Exemplo de quadro apresentação dos conteúdos por método


Método 1 (apresentação dos conteúdos)
Teoria Elementar Harmonia Técnica
Conceitos Fig. Rítmica Fórmula de compasso Escala Intervalo Acordes

5.3 COMPOSIÇÃO DIDÁTICA E GERAÇÃO DE IMAGEM

As composições didáticas utilizadas para performance foram compostas


conforme as seguintes etapas:
• Definição do nível,
• Definição do conteúdo,
• Definição das notas musicais (escala e acordes),
• Definição do gênero musical e da clave rítmica.
A edição da partitura foi realizada no programa de notação musical Sibelius 7
(com o tamanho da fonte igual a 10,00 mm), procurando-se, sempre que possível,
limitar a uma média de 4 compassos por linha da partitura. As margens da partitura
foram minimizadas no Sibelius 7, devido ao fato de o arquivo da seção do programa
de editoração de texto Word já se encontrar com as margens programadas.

62 Sem a necessidade de classificá-los como maior, menor, diminuto, aumentado ou justo.


84

A geração de imagens (como partituras, diagramas de acordes, e sinais da


grafia musical) foi possível com a utilização de diferentes softwares, pois a
exportação diretamente do programa Sibelius 7 para o Word resultava em distorções
nas imagens.

O percurso para a geração das imagens utilizadas no método de Guitarra


Baiana foi o seguinte:
• Edição da partitura no Sibelius 7;
• Exportação do Sibelius 7 através da opção “imprimir” direcionada
para o programa PDF 24;
• No PDF 24, transformação do arquivo para o formato Portable
Network Graphics (PNG) com a resolução de 300 Dots Per Inch
(DPI);
• Visualização do arquivo PNG no programa Paint para eventual
edição (pintura e/ou corte);
• Inserção do arquivo PNG na seção do programa Word.

6 ANÁLISE DOS MÉTODOS DE BANDOLIM E GUITARRA

Neste capítulo, será apresentada a análise dos métodos de bandolim e guitarra,


classificados em três categorias: 1) métodos para bandolim, 2) métodos para guitarra,
e 3) métodos informativos para bandolim.

Os métodos de bandolim revisados foram: 1) Methodo Elementar de


Bandolim: teórico, pratico e progressivo; 2) Methodo de Bandolim; 3) Metodo per
Mandolino; e 4) Método do Bandolim Brasileiro. Os métodos de guitarra
tradicional foram: 5) Leitura à primeira vista para guitarra e violão; e 6) A Modern
Method for Guitar63 . Os métodos informativos para bandolim foram: 7)
Metódo prático do bandolim; e 8) Mandolin Chord Dictionary.64

63
Um Método Moderno para Guitarra
64 Os método 1, 2, e 3 foram copiados da Biblioteca Nacional de Lisboa, porém não têm indicação do
ano de impressão. Pelo conteúdo, repertório, e qualidade das imagens, supõe-se que seja da primeira
metade do século XX. Vale ressaltar que, nesta época, o desenvolvimento da técnica intrumental era
mais intensificado, em detrimento do desenvolvimento da criatividade.
85

6.1 MÉTODOS DE BANDOLIM

6.1.1 Método 1 - Methodo Elementar de Bandolim: teórico, prático e


progressivo

O Methodo Elementar de Bandolim: teórico, pratico e progressivo é de


origem portuguesa (s.d.), com autoria de Antônio Eduardo da Costa Ferreira. Este
método é direcionado para estudantes iniciantes, e tem como objetivo ensinar teoria
elementar através da leitura musical com o instrumento. Ele oferece os princípios
elementares de música, exercícios para estudo de escalas, além de 17 lições
recreativas para um e dois bandolins.

O método está impresso em preto e branco e tem desenhos como ilustração,


estando dividido em duas partes: 1) Princípios de música e 2) Do bandolim.

A primeira parte do método, denominada de Princípios de música, inicia


conceituando a pauta musical, depois a numeração das linhas e espaços, nome das
notas, clave de Sol, Dó e Fá, nome das figuras e suas pausas (com o quadro
comparativo de seus valores), ponto de aumento, quiálteras, compasso, barra de
compasso, compasso quaternário, ternário e binário, acidentes, intervalos, escala
diatônica, escala cromática, andamentos, dinâmica, sinais e abreviaturas, barra
dupla, barra dupla de repetição, figuras da palheta, figura demonstrando a postura de
tocar em pé e sentado, extensão e partes do bandolim. Ao final da primeira parte, o
autor ilustra a maneira de segurar o bandolim, mostra a palheta, e o posicionamento
da mão direita para segurar a palheta (para sons suaves e fortes).

A segunda parte chamada de Do bandolim, começa acrescentando: a maneira


de segurar o bandolim, e posicionar os dedos. Além disso, mostra a afinação do
bandolim, regras para afinar, extensão do bandolim, a técnica do trêmolo, exercícios
(de trêmolo e intervalos), escala diatônica, escala cromática, escala (de Sol maior, Dó
maior, Lá menor, Mi menor, Ré maior, Lá maior, Fá#menor, Fá maior, Si bemol
maior, Sol menor), ligadura, exercícios de leitura (com dinâmica), exercício de
técnica, e o repertório. Ao final, ensina: o emprego do quarto dedo, a técnica de
síncopa, glissando, ornamentos (apojatura, grupeto, mordente, trinado), e cordas
dobradas (doble stop). À medida que o conteúdo vai sendo ensinado, eles são
incluídos nos exercícios.
86

A sequência de ensino de figuras rítmicas e suas pausas é: semibreve, mínima,


semínima, colcheia, semicolcheia, fusa, semifusa, e quiálteras. A sequência de ensino
de fórmula de compasso é: 4/4, 3/4, 6/8, 2/4. A ordem do ensino dos intervalos é 2ª,
3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, e 8ª. A ordem em que aparecem os acordes é: G, Am, D, Dm, C, Bº,
Am, E, Em, B, A, Gm, F, Eº, Bb, G#º, e Aº. A leitura musical inicia por graus
conjuntos.

A técnica instrumental, ao início, é desenvolvida com alguns exercícios em


cordas individualizadas. Estes exercícios visam: o ajustamento do posicionamento
dos quatro dedos da mão esquerda, o treino de palhetada alternada (com diferentes
combinações). Ao final do compêndio, aparecem exercícios para serem realizados
diariamente, e sete estudos.

O método traz composições de gêneros tradicionais da cultura europeia como


por exemplo: a valsa, mazurka, polca, serenata, marcha, romance. Também, traz
músicas didáticas chamadas de lições recreativas, e exercícios (também chamado de
lições), mas que têm como objetivo treinar a técnica e leitura das figuras rítmicas
ensinadas. As 17 lições são:

• 1ª Lição recreativa (Valsa),


• 2ª Lição recreativa (Canção),
• 3ª Lição recreativa (Intermezzo),
• 4ª Lição recreativa (Mazurka),
• 5ª Lição recreativa (Polca),
• 6ª Lição recreativa (Valsa),
• 9ª Lição recreativa (Marcha),
• 10ª Lição recreativa (sem nome)
• 11ª Lição recreativa (Mazurca),
• 12ª Lição recreativa (Serenata),
• 13ª Lição recreativa (Romance),
• 14 Lição recreativa (Valsa),
• 15ª Lição recreativa (Gavote),
• 16ª Lição recretiva (Prelúdio),
• 17ª Lição recreativa (Intermezzo).
87

O método tem exercícios para o desenvolvimento da técnica instrumental; traz


lições recreativas para serem tocados individualmente e em dueto. No entanto, não
indica os dedos para a digitação, não usa diagramas para acordes e escalas. Também,
não apresenta: exercícios suplementares de ritmo, exercícios para desenvolver a
criatividade e o canto, questionários, e aspectos da história da música.

6.1.2 Método 2 - Methodo de Bandolim

O Methodo de Bandolim (s.d.) é de origem portuguesa, escrito por José Maria


de Seabra. Está impresso em preto e branco, e com as ilustrações desenhadas à mão.
O método é indicado para o estudante iniciante aprender a teoria elementar e técnica
instrumental através da leitura música; estando dividido em duas partes – a primeira
teórica e a segunda prática.

A primeira parte denominada de compêndio musical ensina o nome das


notas, pauta (linhas e espaço: naturais e suplementares - superior e inferior), figuras
rítmicas e suas pausas, as claves (Dó, Sol e Fá), compasso simples e composto
(quaternário, ternário e binário), nome das notas em todas as claves, barra de
compasso, ponto de aumento simples e duplo, acidentes (sustenido, bemol, dobrado
sustenido, dobrado bemol e bequadro), ornamentos (apojatura, mordente, grupeto),
sinais (del signo, fermata, estacato, ligadura, trinado, barra dupla de final),
quiálteras, síncope, andamento, intervalo, tonalidade, escala. Ensina ainda as tríades
do primeiro grau (tônica em posição fechada) de todas tonalidades maiores e suas
respectivas tonalidades relativas menores; inclui o ensino de termos referente à
expressão, às abreviaturas de figura rítmica, um quadro geral do braço do bandolim
com localização das suas notas na partitura, ilustrações de como segurar o braço do
instrumento e a palheta.

Na segunda parte apresenta: as partes do bandolim (traste, pestana, cavalete),


nome das quatro cordas, ensina como segurar a palheta, regras para afinar (por
quintas, uníssonos e oitava), número dos dedos da mão esquerda, sinal de palhetada
(para baixo, para cima, para baixo/cima [sic], trêmolo), exercício para trêmolo,
extensão das notas na primeira posição (de Sol2 a Si4), exercício de intervalos, escala
cromática (com sustenido e bemol). Além disso, ensina ornamentos (apojatura,
grupeto, trinado), técnica de cordas duplas e traz repertório para a performance.
88

A sequência das escalas ensinadas na primeira posição é:

• Dó maior, Lá menor, Sol maior, Mi menor, Ré maior, Si menor, Lá


maior,
• Dó# menor, Fá# menor, Mi maior, Si maior, Sol# menor, Fá# maior,
Ré# menor, Dó# maior, Lá# menor,
• Fá maior, Ré menor, Si bemol maior, Sol menor, Mi bemol maior, Dó
menor, Lá bemol maior, Fá menor, Ré bemol maior, Si bemol menor,
Sol bemol maior, Mi bemol menor, Dó bemol menor, Lá bemol menor.

O método abrange o estudo da escala de Dó maior na segunda posição, escala


de Ré maior na terceira posição, escala de Mi maior na quarta posição e escala de Fá
maior na quinta posição com exercícios que misturam as cinco posições. As escalas
são ensinadas mediante a indicação numérica das cordas, dos dedos e das casas na
partitura.

A sequência de ensino de figuras rítmicas e suas pausas é: semibreve, mínima,


semínima, colcheia, semicolcheia e fusa. A figura de semifusa é usada para
demonstrar o trêmolo ou trinado. A sequência de ensino de fórmula de compasso é
4/4, 3/4, 2/4, 3/8, 9/8, e 6/8.

O compêndio inicia a leitura musical por graus conjuntos. A ordem de ensino


de intervalo é 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª. A ordem de apresentação dos acorde é: C, F,
G, Am, D, E, B, Bm, F#, C#m, D#, C#, F#m, G#, G#m, A#, A#m, D#m, E#, Bb, C7, A,
Eb, F7, Ab, B7, Fm, Db, Eb7, Fm, Bbm, Gb, Ebm, Cb, Db7, Abm.

O método oferece sugestões de interpretação, utilizando sinais de dinâmica, e


acentuação. Ao final, traz cinco composições para bandolim e violão com os gêneros
provenientees da cultura europeia: valsa, polca e schootish. As composições buscam
exercitar o conteúdo teorico nas tonalidades de Sol, Fá, Lá menor, Dó maior. As
músicas são:

• Tulipa (Valsa),
• Rosinha (Polca),
• Adelaide (Valsa),
• Theodolinda (Polka),
• Clotilde (Schootish).
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O método tem exemplos musicais para desenvolver o ritmo e técnica; oferece


dicas de como estudar os exercícios, as escalas, os ornamentos, a interpretação.
Também, tem um quadro de referência com o braço do bandolim a localização das
notas na partitura. À medida que as escalas são ensinadas, elas vão sendo incluídas
nos exercícios. O método não tem exercícios para desenvolver a criatividade. Ele traz
muito conteúdo sem aprofundá-los e não utilizá-os no repertório. Também, não
ensina a tocar com dinâmica, e não usa diagramas.

6.1.3 Método 3 - Método per Mandolino

O Metodo per Mandolino é de origem italiana, o autor é Carmine Laurentii


(s.d.). O livro é direcionado para estudantes em nível intermediário, ilustrado com
desenhos e impresso em preto e branco, estando dividido em duas partes.

A primeira parte contém: uma ligeira descrição do instrumento (em


comparação ao violino), indicações de como segurar a palheta, as posições no braço
do instrumento, ilustração do bandolim (relacionando as notas do braço do
instrumento com a partitura), escalas, exercícios abrangendo da primeira à quinta
posição, e ornamentos.

Inicialmente, o livro descreve a similaridade do bandolim com o violino,


demonstra a afinação (iniciando com a quarta corda), descreve a técnica da mão
direita (para segurar a palheta) e da esquerda (para segurar o braço do instrumento),
apresenta o quadro com a representação do braço do instrumento (com as notas e
suas localizações na pauta), escala de Sol maior na primeira posição, indicação de
palhetada (para cima - g, baixo - s), exercício em cada corda (começando com a
quarta e indo até a primeira), trêmolo (com colcheia, semicolcheia, fusa), dinâmica
(que só é ensinada na explicação sobre o uso do trêmolo). Em seguida, ensina a
fermata, a síncopa, aborda a escala de Dó maior na segunda posição, o uso de
quiáltera, a escala de Ré maior na terceira posição, escala de Mi maior na quarta
posição, e escala de Fá maior na quinta posição. Os ornamento ensinados são:
apojatura, grupeto, ligadura, trinado e cordas duplas. À medida que o autor apresenta
uma escala, vai oferecendo exercícios.

A segunda parte apresenta as escalas e cadências em todos os tons, oferece


exercícios para palhetada, e uma composição denominada de Sei Capricci (seis
90

caprichos). Ela inicia apresentando dois quadros de referência com escalas e


cadências, além de 32 exercícios para o desenvolvimento da técnica de palhetada. As
escalas são ensinadas em duas categorias – maior e menor melódica65. Elas são:

• Dó maior, Lá menor melódica;


• Sol maior, Mi menor melódica;
• Ré maior, Si menor melódica;
• Lá maior, Fá# menor melódica;
• Mi maior, Dó# menor melódica;
• Si maior, Sol# menor melódica;
• Fá# maior, Ré# menor melódica;
• Ré bemol maior, Si bemol menor melódica;
• Lá bemol maior, Fá menor melódica;
• Mi bemol maior, Dó menor melódica;
• Si bemol maior, Sol menor melódica;
• Fá maior, Ré menor melódica.
As cadências ensinadas obedecem ao movimento harmônico “tônica,
subdominante, dominante, tônica (I – IV – V)”. As tonalidades das cadências
ensinadas são: Dó maior, Lá menor; Sol maior, Mi menor; Ré maior, Si menor; Lá
maior, Fá# menor; Mi maior, Dó# menor, Si maior, Sol# menor; Fá# maior, Ré#
menor; Ré bemol maior, Si bemol menor, Lá bemol maior, Fá menor, Mi bemol
maior, Dó menor; Si bemol, Sol menor, Fá maior, Ré menor. Depois das cadências,
são apresentos 32 exercícios para palhetada e, ao final, apresenta a música solo Sei
Capricci.

A sequência de apresentação das figuras rítmicas e suas pausas é: semínima,


colcheia, semicolcheia, semibreve, fusa, quiáltera, mínima. A fórmula de compasso
aparecem na seguinte ordem: 4/4, 3/4, 3/8, 6/8. A sequência de apresentação de
acordes é: C, F, G, Am, Dm, E, D, Em, B, A, F#m, Bm, C#, G#, G#m, C#m, D#, F#,
D#m, A#, Db, Gb, Ab7, Bbm, Ebm, Ab, Eb, Fm, Bb7, Cm, F7, e C7. A sequência de
intervalos é: 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 8ª, 5ª, 10ª, 7ª.

65 A estrutura da escala melódica, neste método, é apresentada de forma que: o movimento ascendente
conserva as características da escala melódica e o movimento descendente apresenta características
da escala natural.
91

O método desenvolve a técnica instrumental com exercícios de arpejos e


escalas. O trabalho peformático fica a cargo da única composição de nome Sei
Capricci, que é formada por seis peças, a saber:

• Andante em Ré menor (6/8),


• Andante em Sol menor (3/8)
• Largueto em Dó maior (3/4),
• Moderato em Ré maior (4/4),
• Allegro em Ré menor (4/4),
• Moderato em Ré maior (4/4).
O método deixa a desejar na prática: de ornamentos, ligadura, síncopa, ou
alternância de acentuação. Do mesmo modo, passa muito rápido no ensino das
figuras rítmicas e suas pausas, não incluindo a semibreve. O método não traz
diagramas (de acordes ou escala), questionários, e não trabalha a criatividade. Há
poucas dicas de como realizar os exercícios, para interpretar as lições e as músicas do
repertório, além de não incluir dinâmica e expressão como conteúdo.

6.1.4 Método 4 - Método do Bandolim Brasileiro

O Método do Bandolim Brasileiro é de autoria de Afonso Machado (2004),


direcionado para o estudante a nível intermediário. O livro objetiva o ensino de
técnica instrumental, conhecimentos sobre escalas e acordes, e a formação de
repertório. Ele tem capa colorida, e está ilustrado (em preto e branco) com fotos,
desenhos, diagramas, partituras – escritas em computador e escrita à mão na pauta.

A sequência de ensino das figuras rítmicas é: semibreve, semínima, colcheia,


semicolcheia, fusa, quiáltera. A ordem da formula de compasso é: 4/4, 3/4, 2/4, 2/2.
O método inicia com exemplos escritos em graus conjuntos, sendo que a sequência de
intervalos apresentados é: 2ª, 5ª, 3ª, 4ª, 6ª, 7ª, 8ª, 13ª, 9ª, 10ª, 12ª.

Os acordes aparecem na seguinte sequência: C, G, D, A, E, B, F#, Db, Ab, Eb,


Bb, F, Am, Em, Bm, F#m, C#m, G#m, D#m, Bbm, Fm, Cm, Gm, Dm, C7, G7, A7, E7,
G7, D7, E7, B7, F#7, C#7, G#7, D#7, A#7, Db, Db7, Gb, Ab7, Bbm, Bb7, Ebm, F7, Eb7,
G#°, B°, D°, F°, Aº, Cº, Ebº, F#°, Bb°, Db°, E°, G°, G7M, Am7, Bm7(5b).
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O método inicia apresentando a história do bandolim. Em seguida, é dividido


em três partes.

A primeira parte apresenta o desenho do bandolim, descrevendo as partes


constituintes do instrumento, e relacionando a localização das notas no braço do
instrumento com as notas musicais na partitura. O método traz atividades para o
desenvolvimento de técnica e exercícios com diferentes combinações de figuras
ritmicas, exercícios para fortalecimento e a elasticidade dos dedos (com dicas de
execução), exercício de trêmolo (com dicas para aumentar a velocidade
gradativamente); exercício para a mão direira com mistura de figuras rítmicas com
diferentes combinações de palhetadas (usando cordas soltas, e com dicas de
execução); exercício para a mão esquerda (com combinações de dois, três, e quatro
dedos); exercícios sugeridos pelo maestro Guerra-Peixe para o violino, seguidos de
dicas para que o estudante adapte o exercício ao ritmo que quiser, crie combinações
de palhetada, estimulando-o a experimentar e inovar. Também ensina as escalas e
arpejos com a ajuda da indicação numérica dos dedos, dá dicas de execução de como
dedilhar a escala cromática, e de como tocar intervalos de quinta justas.

A primeira escala abordada é a cromática, em seguida a escala de Sol maior na


primeira posição, acompanhada de exercícios técnicos em graus conjuntos e
disjuntos (respectivamente em 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª, 8ª); exercícios de palhetada (em
grupos de duas, três e quatro notas); exercício de palhetada para intervalos e para
exercitar a passagem de acordes. Depois, são ensinas escalas na primeira posição em
grupos66; para isso, os grupos são formados por escalas que contêm o mesmo formato
de digitação. As escalas são acompanhadas do ensino do arpejo e do acorde da sua
tônica. Desta forma, as escalas e arpejos aparecem agrupados na seguinte sequência
de tonalidades:

• Dó maior - Sol maior;


• Sol maior - Ré maior - Lá maior;
• Lá maior - Mi maior - Si maior;
• Si maior - Fá# maior;
• Ré bemol maior - Lá bemol maior;
• Lá bemol maior - Mi bemol maior-Si bemol maior;

66 As escalas menores são ensinadas na qualidade de menor harmônica.


93

• Si bemol maior - Fá maior;


• Lá menor harmônica - Mi menor harmônica - Si menor harmônica;
• Si menor harmônica - Fá# menor harmônica;
• Dó# menor harmônica - Sol# menor harmônica;
• Sol# menor harmônica - Ré# menor harmônica - Si bemol menor
harmônica;
• Si bemol menor harmônica - Fá menor harmônica;
• Dó menor harmônica - Sol menor harmônica;
• Sol menor harmônica - Ré menor harmônica - Lá menor harmônica.

Ao final da primeira parte, o método apresenta um resumo das escalas e


arpejos (maiores e menores) ensinados. Traz ainda o conceito de ornamentos e
efeitos como: apojatura, mordente (superior, inferior), apojatura dupla, grupeto,
glissando, harmônicos, pizzicato, estacato, vibrato, trinado, efeito de intervalo de 2ª
menor (sic), e efeito da corda solta (sic).

Na segunda parte, o método aborda as sete posições no bandolim, utilizando


um diagrama do braço do instrumento para demonstrar as delimitações dessas
posições. As escalas são escritas na partitura com a indicação numérica dos dedos
(algarismo arábico) e das casas (algarismo romano).

• Na segunda posição, é ensinada a escala de Si bemol maior (com


exercícos de mudança de posição e dicas técnicas para a mão esquerda);
• Na terceira posição: as escalas de Dó maior, Ré bemol maior, e Ré
maior;
• Na quarta posição: Ré maior, Mi bemol maior, e Mi maior;
• Na quinta posição: Mi maior, Fá maior, Fá# maior;
• Na sexta posição: Fá maior, Sol maior;
• Na sétima posição: Lá maior.

Em seguida, o autor faz observações sobre o uso dessas sete posições,


utilizando o diagrama do braço do instrumento para exemplificar as digitações –
padrões, moldes – e dá dicas para a mudança de posição (com o uso de cordas soltas).

O método traz escalas em duas oitavas – em todos os tons e em várias posições


–, além dos arpejo da tríade da tônica. As escalas vão sendo apresentadas aos pares
(tonalidade maior e sua relativa menor harmônica), a saber:
94

• Dó maior - Lá menor harmônica;


• Sol maior - Mi menor harmônica;
• Ré maior - Si menor harmônica;
• Lá maior - Fá# menor harmônica;
• E maior - Dó# menor harmônica;
• Si maior - Sol# menor harmônica;
• Fá# maior - D# menor harmônica;
• Ré bemol maior - Si bemol menor harmônica;
• Lá bemol maior - Fá menor harmônica;
• Mi bemol maior - Dó menor harmônica;
• Si bemol maior - Sol menor Harmônica;
• Fá maior - Ré menor harmônica;
• Escala cromática (na quarta e sétima posição).

A segunda parte do método aborda, ligeiramente, intervalos (de sétima maior,


quinta aumentada, quinta justa, quinta diminuta) e a formação da tétrade.
Complementa com exemplos de arpejo da tetrade com sétima da dominante e sua
resolução na tônica, em 12 tonalidades.

O método encerra a segunda parte com um dicionário de cifras67,


representadas em diagramas do braço do instrumento e em partitura.

67 Que acrescentam os seguintes acordes: C6, C6/9, C5+, C(add9), C7M(#11), C4, Cm7, Cm6, Cm7(b5),
Cm7(9), Cm6(9), Cm7M, Cm(add9), Cm7(11), C7(9) C7(b9), C7(#9), C7(13), C7(b13), C7(#11),
C7(4), Db, Db6, Db7M, Db6(9), Db(#5), Db(add9), Db7M(#11), Db4, C#m, C#m7, C#m6,
C#m7(b5), C#m7(9), C#m6(9), C#(7M), C#m(add9), C#m7(11), Db7(9), Db7(b9), Db7(#9),
Db7(13), Db7(b13), Db7(#11), Db7(4), D6,D6(9), D(#5), D(add9), D7M(#11), D4, Dm7, Dm6,
Dm7(b5), Dm7(9), Dm6(9), Dm(7M), Dm(add9), Dm7(11), D7(9), D7(b9), D7(#9), D7(13), D7(b13),
D7(#11), D7(4), Eb6, Eb7M, Eb6(9), Eb(#5), Eb(add9), Eb7M(#11), Eb4, D#m, D#m7, D#m6,
D#m7(b5), D#m7(9), D#m6(9), D#m(7M), D#m(add9), D#m7(11), Eb7(9), Eb7(#9), Eb7(13),
Eb7(b13), Eb7(#11), Eb7(4), E6, E7M, E6(9), E(#5), E(add9), E7M(#11), E4, F6, F7M, F6(9), F(#5),
F(add9), F7M(#11), F4, Fm7, Fm6, Fm7(b5), Fm7(9), Fm6(9), Fm(7M), Fm(add9), Fm7(11), F7(9),
F7(b9), F7(#9), F7(13), F7(b13), F7(#11), F7(4), Gb6Gb7M, G6(9), Gb(#5), Gb(add9), Gb7M(#11),
Gb4, F#m7, F#m6, F#m7(b5), F#m7(9), F#m(7M), F#m(add9), F#m7(11), F#7(9), F#7(b9),
F#7(#9), F#7(13), F#7(b13), F#7(#11), F#7(4), G6, G7M, G6(9), G(#5), G(add9), G7M(#11), G4,
Gm7, Gm6, Gm7(b5), Gm7(9), Gm6(9), Gm(7M), Gm(add9), Gm7(11), G7(9), G7(b9), G7(#9),
G7(13), G7(b13), G7(#11), G7(4), Ab6, Ab7M, Ab6(9), Ab(#5), Ab(add9), Ab7M(#11), Ab4, G#m7,
G#m6, G#m7(b5), G#m7(9), G#m6(9), G#m(7M), G#m(add9), G#m7(11), Ab7(9), Ab7(b9),
Ab7(#9), Ab7(13), Ab7(b13), Ab7(#11), Ab7(4), A6, A7M, A6(9), A(#5), A(add9), A7M(#11), A4,
Am7, Am6, Am7(b5), Am7(9), Am6(9), Am(7M), Am(add9), Am7(11), A7(9), A7(b9), A7(#9),
A7(13), A7(b13), A7(#11), A7(4), Bb, Bb6, Bb7M, Bb6(9), Bb(#5), Bb(add9), Bb7M(#11), Bb4,
Bbm7, Bbm6, Bbm7(b5), Bbm7(9), Bbm6(9), Bbm(7M), Bbm(add9), Bbm7(11), Bb7, Bb7(9),
Bb7(b9), Bb7(#9), Bb7(13), Bb7(b13), Bb7(#11), Bb7(4), B6, B7M, B6(9), B(#5), B(add9),
95

A terceira parte é destinada à performance, apresentando o seguinte


repertório:

• Implorando (Anacleto Medeiros),


• Medrosa (Anacleto Medeiros),
• Lembranças de Recife (Rossini Ferreira),
• Flor Amorosa (Joaquim Antônio Callado),
• Ritinha (Rossini Ferreira),
• Choro Ligado (Raul Machado),
• Então Chora, Bandolim (Luiz Otávio Braga),
• A Lua e o Conhaque (Afonso Machado, Luiz Moura, Delcio Carvalho),
• Belém do Pará (A. Machado, L. Moura),
• Deixa Falar (A. Machado, L. Moura),
• Choro do Bip (A. Machado, L. Moura),
• Claudionor (A. Machado),
• Depois dos Arcos (A. Machado, L. Moura, Paulo Cesar Pinheiro),
• Boêmio, Depois dos Arcos II (A. Machado, L. Moura, P. C. Pinheiro),
• Pela Noite, Depois dos Arcos III (A. Machado, L. Moura, P. C. Pinheiro),
• Folha Rasgada, Depois dos Arcos IV (A. Machado, L. Moura, P. C.
Pinheiro),
• Sombra de Mim – Depois dos Arcos V (A. Machado, L. Moura, P. C.
Pinheiro),
• Depois dos Arcos VI (A. Machado, L. Moura),
• Galo Preto (Luiz Moura),
• João Teimoso (A. Machado, L. Moura),
• PT Saudações (A. Machado, P. C. Pinheiro),
• Pinho e Faia (A. Machado, L. Moura),
• Urian (Afonso Machado),
• Valsa para Luciana (A. Machado, L. Moura),
• Vermelhinho (Elton Medeiros, A. Machado).

B7M(#11), B4, Bm7, Bm6, Bm7(b5), Bm7(9), Bm6(9), Bm(7M), Bm(add9), Bm7(11), B7(9), B7(b9),
B7(#9), B7(13), B7(b13), B7(#11), B7(4).
96

O método oferece uma breve história sobre a origem do bandolim brasileiro e


do europeu, apresenta exercícios para aquisição de técnica instrumental, estimula o
estudante a ouvir a si mesmo, e a memorizar padrões de escalas. Oferece um
repertório, que traz elementos da cultura brasileira (como frevo, rancheira, samba,
choro, samba-choro, choro-canção e polca-choro) e europeia (como schottisch, polca
e valsa). O método não aborda conceitos da teoria elementar da música, tampouco
propõe questionário de exercícios teóricos. Ele não traz exercícios ou estudos para
desenvolver a leitura e improvisação e, também, não explicita que as escalas menores
apresentadas na primeira e segunda partes são da categoria menor harmônica.
Igualmente, não exercita a habilidade de tocar acompanhamento com ritmos ou
gêneros diversificados, nem estimula o aluno a pesquisar e ouvir os gêneros
propostos no repertório. O álbum não traz composições didáticas ou estudos,
imediatamente após a apresentação de um conteúdo novo.

6.2 MÉTODOS DE GUITARRA TRADICIONAL

6.2.1 Método 5 - Leitura à primeira vista para guitarra e violão

O método Leitura à primeira vista para guitarra e violão é de autoria de


Felipe Guerzoni (2008), direcionado ao estudante de nível intermediário. O livro
objetiva o desenvolvimento da habilidade técnica de leitura de partitura, através do
uso de posições. O método está dividido em quatro capítulos, cada qual abordando
uma posição, totalizando quatro posições.

O método inicia tratando sobre os critérios para a definição das posições no


braço do instrumento, tendo como base a localização do dedo 1. Ele usa a tônica da
escala como ponto de referência e desenvolve gradativamente a leitura através da
delimitação de notas a serem lidas em cada etapa da aprendizagem. O autor
disponibiliza um diagrama com a localização das notas naturais, destacando as
tônicas. O método propõe exercícios para ampliar a capacidade da visão periférica do
estudante, para que desenvolva a habilidade de ler compassos antecipadamente.

O procedimento para o ensino da leitura utiliza como recurso a apresentação


de apenas uma parte da escala de Dó maior na partitura, acompanhado de sua
representação no diagrama fragmentado do braço (este procedimento somente é
97

utilizado nesta tonalidade; as demais tonalidades não usufruem desta didática). A


cada capítulo, a mesma sequência de ensino das figuras rítmicas se repete e o nível de
dificuldade aumenta com o acréscimo de novos conteúdos e novas tonalidades. A
tonalidade estudada nos capítulos I e IV é a de Dó maior e nos capítulos II e III são:
Dó maior, Sol maior, Mi menor, Fá maior, Ré menor, Ré maior, Si menor, Si bemol
maior, Sol menor, Lá maior, Fá# menor, Mi bemol maior, Dó menor.

O capítulo I aborda a leitura das notas naturais, e notas alteradas na segunda


posição68 com exercícios para serem realizados individualmente (sem acordes para
acompanhamento), e em dueto (com acordes para acompanhamento ou com duas
linhas melódicas). O capítulo II, aborda o conteúdo similar ao anterior, porém na
quinta posição69. O capítulo III, traz o mesmo conteúdo do capítulo I, porém aplicado
à oitava posição70. O capítulo IV está dividido em dois subcapítulos IV.a e IV.b: o
subcapítulo IV.a exercita a décima segunda posição71; o IV.b traz dicas para
desenvolver a leitura, além de exercícios inusitados que propõem ao estudante que
ele leia a partitura em sentido contrário (do final para o início), de cabeça para baixo,
verticalmente, trasnversalmente, pulando um compasso, e pulando uma linha.

A sequência de apresentação das figuras rítmicas e suas pausas é: semibreve,


mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, quiálteras. A ordem de aparecimento da
fórmula de compasso é: 4/4, 2/4. A leitura de partitura inicia por graus conjunto, e
inclui novos intervalos na seguinte ordem: 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 8ª, 9ª, 13ª, 5ª, 7ª, 11ª. A
ordem de aparição dos acordes é: C, G7/D, C/E, G, F, F/G, D7/F#, C/F, Am, D/C,
G/B, F/C, F/A, G7, Ab7M, Fm/Ab, G7/D, Fm, Db7M, Ab7M/C, Bb7M(9), Gsus7(9),
C7M(9), C7M, Dm, Bm7(b5), E7(b9), C6, G7M, Bm7, D4/7(9), F#m7(b5), B7(b13),
Em7(9), D7(9), B7, F7M, Csus9, Ab7(#11), Gm7, C7(13), C7, C7(13), C7(b13), F7M(9),
Dm7(9), Gm7(11), D7M(9), Asus9, F#m7, A9, C#m7(b5), F#7, Bm7(9), G7M(#11),
F#7(b3), Bb7M, Cm, F7, Db7, C7(9), Eb7M(9), Db7M(9), Bbsus9, Am7(b5), D7(b9),
Gm7(9), A7M, A6, C#m, D7M, Esus9, F#m7, Bb9, Eb6(9), Bb7, Fm7(9), E7(9),
Bb7(9), Eb7M, Cm7(9), Dm7(b5), D7/C, G7/B, E7/G#, Em, G7/D, Asus7(9),
Csus7(9), Dsus7(9), Em7(b5)/B, F6, A/G, D7M6(9), G7M(9), Gm9, Cº, D#m7, G#7,

68 Dedo 1 na 2ª casa.
69 Dedo 1 na 5ª casa.
70 Dedo 1 na 8ª casa.
71 Dedo1 na 12ª casa.
98

C#m7, C#m7(b5), Cm7(9), B7(9), Ebm7(9), Cm7, Fsus13, Bb6, Ab7, Db7M, C#m7(9),
B7M, Gm7, Esus7(9), Bsus7(9), F#m, C#sus7(9), Bbsus7(9), Gbº7, G7(b13), C/Bb,
Dm/F, G/F, G7/F, G7M(#11), F#7(b9), Fsus7(13), Am7(b5), Abm7, C#7(b13),
G#m7(b5), Am7(9), Am7/G, B7(b9), F7M(#11), Ebº, C6(9).

O método parte do pressuposto de que o estudante tem conhecimento da


teoria músical elementar de escalas e cifras. A ordem de conceitos ensinados é a
seguinte: posição no braço do instrumento, diagrama do braço (com indicações dos
dedos a serem usados). Além disso, ensina sinais de repetição: ritornello, casa 1 e
casa 2; sinais de alteração/acidente (sustenido, bemol, bequadro), acidente fixo,
acidente ocorrente; ponto de aumento; ligadura de prolongamento72.

O método propõe a prática de leitura em dueto, estimula que o aluno toque em


grupo, apresenta exercício para desenvolvimento da visão periférica, exercícios de
técnica de leitura e de performance, intensificando os exercícios na tonalidade de Dó
maior. No entanto, não apresenta diagramas de acorde e tablatura, não traz conteúdo
sobre a história da música, não utiliza indicação de palheta (cima, baixo). Do mesmo
modo, não traz exemplos musicais de outras culturas, exercícios para o
desenvolvimento de acompanhamento, não trabalha a leitura vertical de acordes na
partitura, não tem questionário, não estimula a criatividade.

6.2.2 Método 6 - A Modern Method for Guitar

A Modern Method for Guitar 73 é um método norte americano, elaborado por


William Leavvit (1966), indicado para o estudante a nível iniciante e intermediário.
Ele objetiva o desenvolvimento da técnica instrumental através da leitura de partitura
e de cifras. O livro tem capa colorida e, internamente, está impresso em preto e
branco.

O método oferece conhecimentos da teoria musical, treinamento de diversos


tipos de palhetada, dedilhados, acordes, acompanhamento rítmico, além de estudos
para serem tocados individualmente e em dueto. A sequência de ensino de figuras

72 Entre duas semibreves, duas mínimas, semibreve e mínima, semínima e mínima, colcheia e
semínima, duas semicolcheias, semicolcheia e semínima, semicolcheia e colcheia.

73 Método Moderno para Guitarra


99

rítmicas e suas pausas é: mínima, semínima, semibreve, colcheia, semicolcheia,


quiáltera. As fórmulas de compasso se apresentam na seguinte ordem: 4/4, 2/2, 3/4,
4/4.

O compêndio inicia o ensino de leitura de partitura por graus conjuntos,


introduz a leitura vertical de acordes no segundo exercício e, mais à frente, ensina
cifras. A ordem de leitura de intervalo é: 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 5ª, 8ª, 7ª. A ordem de
apresentação dos acordes incluindo os escritos na pauta e cifrados é74:
• C, F, G7, G, C/E, C7, A7, Fm6/C, Fm, E7/B, Gsus4(9), Gº7, D7, Em, B7,
G7(b13), E(b9)/G, F7, Bb, C7(9). Dm/F, Gm, A7, Fsus4, A, E7,
D7/9(omit3), C+, Abm, Bb, Bbm, Gº, Eb, Eb+, C#, Db, Fm6, A7(b9),
D(b9)/F#, Dm7(b5), C7/G, Aadd9, A7/9(omit3), Gsus7(b9), Fm7,
F9(omit3), Ab7, Db9, C6(9), F7M, F7M(b5), Fm7M(b5), Gm7, Bb7,
G7(13), F#º, F7(9), G6, Em7(b5), B/F#, A7M(9), G+/D#, Eº7, F#7,
A7(9), Bbsus4(7), Eb6(9), Gm6, Bbm6, Cm7(b5), Am7(b5), Gm7(b5),
Ebm6, Dbº, Abm6, Absus4(7), Ebm7, B7, Bb7, Ab7(13), Db6(9), Dm6,
Em7(b5), Gº, Ebº, E7(b9), G7M, D7(b5), Fm9, E7(+9), Eb7M, E7M(9),
Gsus4(7), Eb7, Gm7, Abº, Bº, Bbm6, D9, Bm, Asus4(7), F#m7, A7(13),
D7M, A6, A+, Bbº, E9, Dm6, A7(+5), Dm, G7M, Dsus4(7), D7(b5),
Eb7(9), Db9, Gb7M, Ab7, Db7M, Gb, Ab7(13), Ab, Db7M, Dº, Eb9, Eb7,
Dm7M, A+, D+, Am9, Ab7(+9), D9(13), Bbº, C6, G#m, F#7(+5),
Bm7(b5), C#m7, Bsus4(7), E, A7(b9), G7(b9), Ab7(b5), G7(13), Db7(9),
C7M.

O método está dividido em Secção 1 e Secção 2.

A secção 1 desenvolve a habilidade de leitura na primeira posição. O autor


inicia utilizando o diagrama do braço da guitarra para representar a pestana, os
trastes e as cordas; depois apresenta um desenho da mão esquerda, cujos os dedos
são numerados. O método oferece conhecimentos sobre: afinação; partitura (linhas,
espaço, compasso, barra de compasso –- simples e dupla); acidente fixo (sustenido e
bemol); clave de Sol; figuras rítmicas (semibreve, mínima, semínima, colcheia – em
grupo e isolada); fórmula de compasso; escala maior; siglas das notas; oitava; cesura;
linha suplementar (superior, inferior); nota mutada; ornamento (arpejo ascendente);

74 O símbolo + indica que o acorde é uma tríade maior com a quinta aumentada.
100

andamento; símbolo de acorde; dinâmica; ritardo; bordão e acordes; palhetada


(baixo, cima); fermata; símbolo do acorde dominante; pausa; notas ligadas; notas
pontuadas; tacet; diagrama do braço com acorde; D.S.; coda; anacruse; escala menor
(natural, harmônica, e melódica); Casa 1 e Casa 2; ralentando; relativa menor;
acordes móveis; palhetada sweep75.

A secção 2 conceitua os critérios que determinam a posição no braço da


guitarra, em seguida, exercita a segunda posição, utilizando a escala de Dó maior.
Esta secção continua ensinando os seguintes conceitos: acelerando; articulação
(estacato, ligado); aciacatura; harmônico; símbolo de nota fantasma (percussiva);
acorde sus4; síncope; dobrado sustenido; bequadro; quiáltera de colcheia; acorde
com 9ª alterada.

No decorrer do método, as escalas são ensinadas na seguinte ordem: Dó maior,


Sol maior, Fá maior, Lá menor, Lá menor harmônica; Lá menor melódica, Mi menor,
Mi menor harmônica, Mi menor melódica, Cromática, Ré menor, Ré menor
harmônica, Ré menor melódica, Si bemol, Ré maior, Lá maior, Mi bemol, Lá bemol
maior, Ré bemol maior.

O método estimula o aluno a memorizar patterns (sequência de grupo de


notas) e decorar os seguintes moldes de acordes 76:

• maior,
• menor,
• menor com 7ª,
• dominante,
• maior com 7ª maior,
• diminuto com 7ª,
• maior com 6ª maior,
• dominante com 6ª,
• dominante com 5ª aumentada,
• dominante sus4,
• menor com 6ª,

75 Técnica de palhetas – várias cordas com um só movimento ascendente ou descendente


76 O autor não relaciona estes moldes ao “sistema 5” (CAGED). Este método, em 1966, foi um marco
para a transição de técnica do violão para a técnica específica de guitarra, ou seja, do violão
dedilhado para a guitarra palhetada.
101

• menor com 7ª e 5ª bemol,


• dominante com 9ª menor,
• menor com 11ª,
• dominante com 5ª diminuta,
• menor com 9ª,
• dominante com 9ª aumentada,
• maior com 7ª maior e 9ª.

O método oferece 53 exercícios, além de 74 estudos e composições autorais,


listados a seguir:

• Sea to Sea (duet);


• One, Two, Three (duet);
• Imitation Duet;
• Here We Go Again (duet);
• Etude nº1 (duet);
• Etude nº2 (duet);
• First Solo;
• Second Solo;
• Etude nº3 (duet);
• Picking Etude nº1;
• Two, Two (duet);
• Duet in G;
• Picking Etude nº2;
• Duet in F;
• Waltz in F;
• Pretty Picking (duet);
• Take Your Pick (duet);
• Speed Studies;
• Endurance Etude;
• Duet in Bb;
• Reverse Alternate Picking Study;
• Duet in D;
• Dynamic Etude (duet);
102

• Duet in A;
• Duet in Eb;
• Eight Note Study (1);
• Arpeggio Study (1);
• Chord Etude nº1;
• Etude nº5;
• Reading Studies (1);
• Ballad (duet);
• Picking Etude nº4;
• Eight Note Study (2);
• Arpeggio Study (2);
• Chord Etude nº2;
• Another Duet in F;
• Reading Studies (2);
• Play in Pretty (duet);
• Triplet Study;
• Speed Study - fingering type 1;
• Speed Study - fingering type 1A;
• Eight Note Study (3);
• Arpeggio Study (3);
• Dotted 8th and 16th Study;
• Waltz for Two (duet);
• Reading Studies (3);
• Blues in G (duet);
• Chord Etude nº3;
• Picking Etude nº5;
• Short and Sweet (duet);
• Eight Note Study (4);
• Arpeggio Study (4);
• Melodic Rhythm Study nº1;
• Chord Etude nº4;
• Reading Studies (4);
103

• Dee - Oo - Ett (duet);


• Speed Study - fingering type 2;
• Speed Study - fingering type 3;
• Speed Study - fingering type 4 (a);
• Eight Note Study (5);
• Arpeggio Study (5);
• Chord Etude nº5;
• Reading Studies (5);
• Tre Sharp (duet);
• 16th Note Study;
• Speed Study - fingering type 4 (b).

O autor estimula a leitura de agrupamentos de “duas colcheias” com o sotaque


(interpretação) de um grupo de “colcheia pontuada com semicolcheia”; e, também,
com um grupo três quiáltera – sendo as duas primeiras ligadas –, ou seja, o sotaque
de divisão ternária equivalente ao suingue do jazz.

Neste método, nos primeiros exercícios da primeira posição, o número dos


dedos e os nomes das notas estão escritos acima da pauta. Os exercícios estão
dispostos de maneira que os estudantes tocam em dueto, sendo que ambas as vozes
trabalham a leitura harmônica e melódica. O método oferece um estudo de nome
“Imitation Duet”, em que o aluno vivencia a prática de dialogar e tocar frases estilo
“pergunta e resposta”. Oferece ainda exercícios com escalas para palhetada alternada
e sua sincronização com os dedos da mão esquerda; exercícios para leitura de nota
ligada, nota pontuada, e o estudo intitulado “first solo”, em que o estudante é
estimulado a tocar a melodia e o acompanhamento em uma única parte (chord
melody). Além disso, oferece exercícios para o desenvolvimento da habilidade de
acompanhamento; estudos para palhetada reversa (sic) e sweep; estudo em dueto
(em que um aluno lê as notas no pentagrama e o outro lê a divisão rítmica77); estudos
para aquisição de velocidade; estudo de palhetada para arpejo. O livro apresenta
revisões do conteúdo no decorrer do ensino.

77Com acordes escritos na pauta (de apenas uma linha) localizada acima do pentagrama e, depois,
sem pauta.
104

O método traz elementos de outras culturas, quando ensina uma clave rítmica
para acompanhamento, a qual chama de “basic latin beat” (ritmos básico de música
latina). O autor afirma que, aprendendo esse rítmo básico, o aluno pode tocar o que
denomina de Cha-cha, Beguine, Samba. Ele estimula o estudante a utilizar esses
rítmos e desenvolver a habilidade de fazer um acompanhamento com a prática de
exercícios e estudos. O método estimula a criatividade, quando propõe a composição
de novas acentuações rítmicas para tocar os exercícios de acompanhamento.

Os estudantes são instruídos a não pular a sequência das lições, não estudar
muito pouco e não querer tocar perfeitamente cada lição antes de seguir para a
seguinte. O autor afirma que a aquisição de técnica para as duas mãos é um processo
acumulativo, em que o estudante, a cada revisão do material estudado, deve ir
sentindo menos dificuldade.

O método traz dicas para o guitarrista:

• Treinar a ordem das notas musicais utilizando letras do alfabeto (A, B,


C, D, E, F, G);
• Tocar contando os tempos dos compassos (1, 2, 3, 4); contando os
tempos acrescidos da vogal “e” quando ler a figura colcheia (1e, 2e, 3e,
4e); e acrescido das vogais “e, a” quando ler a figura semicolcheia (1eae,
2eae, 3eae, 4eae);
• Tocar o acompanhamento sem utilizar a primeira corda;
• Identificar a tonalidade na armadura;
• Movimentar pouco a mão esquerda na troca de acordes do
acompanhamento rítmico;
• Trocar de dedo em digitações de melodia;
• Treinar a leitura sem interrupção, mesmo que ocorra notas erradas;
• Não repetir os estudos de leitura para evitar que sejam decorados;
• Omitir notas específicas do acorde ao realizar o acompanhamento
rítmico (primeira corda, cordas intermediárias);
• Tocar o acompanhamento com a combinação da rotação do antebraço,
pulso solto e prestar atenção ao com sinal de cesura;
• Treinar a leitura vertical de acordes lentamente, conectando os acordes
fluentemente;
105

• Exercitar a técnica lentamente, mas com uma perfeita coordenação das


duas mãos;
• Marcar o tempo batendo o pé no chão para estudar quiálteras;
• Estudar, além do método, outros materiais de acordo com seu nível;
• Ler cinco ou mais páginas por dia, não mais que duas vezes cada uma;
• Não praticar a leitura com a mesma partitura todo dia;
• Não memorizar as partituras.

O método não utiliza tablatura e oferece poucos exercícios para o treinamento


de figura semicolcheia.

6.3 MÉTODOS INFORMATIVOS PARA BANDOLIM

6.3.1 Método 7 - Metódo Prático do Bandolim

O Metódo prático do bandolim é de origem brasileira, com autoria de A.


Moreno (s.d.), e indicado para o estudante iniciante. O livro tem cunho informativo,
com o objetivo de ensinar cifras e conceitos técnicos básicos.

A impressão do livro é em preto e branco, com a capa colorida; ele contém


figuras ilustrativas que representam: o braço do instrumento (relacionando-o às
notas na partitura), um desenho da mão segurando a palheta, a extensão do
instrumento, afinação e um vasto número de acordes.

O método inicia demonstrando a extenção do instrumento e relaciona cada


traste a um semitom; nomeia as quatro cordas soltas, localizando-as na partitura com
a figura semínima. O livro demonstra a técnica de como segurar a palheta com a mão
direita e, em seguida, dá dicas de postura. Por exemplo:

• Sentar comodamente com a cabeça levemente inclinada para a frente;


• Apoiar o bandolim sobre a coxa direita;
• Posicionar o braço do bandolim entre os dedos da mão esquerda
(polegar e indicador);
• Localizar a palheta entre as pontas dos dedos da mão direita (polegar e
indicador), dando uma forma arrendodada à mão.
106

O manual explica a numeração dos dedos da mão esquerda e da corda solta.


Ensina a afinar o instrumento a partir da segunda corda (com o diapasão da nota Lá),
depois, passando para a terceira, quarta e, por fim, a primeira corda.

Os acordes são representados em um diagrama (que tem o formato do


bandolim). Desta maneira, o método não utiliza a cifra convencional (com letras
alfabéticas e números), apenas apresenta os moldes dos acordes agrupados em
tonalidades. As tonalidades abordadas são:

• Dó maior: C, Dm, G, G7;


• Dó menor: Cm, Db (sic)78, G, G7;
• Ré maior: D, Em, A, A7;
• Ré menor: Dm, Gm6, A, A7;
• Mi maior: E, F#m, B;
• Mi menor: Em, Am6, B;
• Fá maior: F, Gm, Bb, C7;
• Fá menor: Fm, G (sic!)79, Bbm, C7;
• Sol maior: G, Am, C, D;
• Sol menor: Gm, Am7(b5), Cm, D7;
• Lá maior: A, E7(omit3), D7, E7;
• Lá menor80: Am, Bº, Dm6, E;
• Si maior: B, C#m, F#7(9), F#;
• Si menor: Bm, C#º, F#7(9), F#7(b13);
• Dó# maior: C#, D#m, G#, G#7;
• Dó# menor: C#m, F# 81 (sic), G#, G#7;
• Re# maior82 ou Mi bemol maior: D# (Eb), E#m (Fm), A# (Bb), A#7
(Bb7);
• Re# menor: D#m, G#m, A#, A#7;
• Fá# maior: F#, G#m, B, C#7;
• Fá# menor: F#m, Ab, Bm, C#;

78 Acorde napolitano, substituto do V grau.


79 Dominante da dominante (V/V).
80 No método está escrito Fá menor.
81 V/VII
82 No método está escrito erroneamente escrito Dó# maior / Ré bemol maior.
107

• Sol# maior: G#, A#m, C#, D#;


• Sol# menor: G#m, C#m, D#;
• Lá# maior ou Si bemol maior: A# (Bb), E# (F), B#m (Cm), E#7 omit3
(F7 omit3)
• Lá# menor: A#m, E#7 (omit3), B#m (sic), E#7.

6.3.2 Método 8 - Mandolin Chord Dictionary

O Mandolin Chord Dictionary é um método informativo de autoria da Alfred


Publishing (s.d.), inidicado para o estudante iniciante. O dicionário está impresso em
preto e branco, com a capa colorida, ilustrado com desenhos, fotos e diagramas. Os
assuntos abordados são: as partes do bandolim, postura, conceitos elementares da
teoria musical, afinação e acordes.

O início do livreto traz as partes do bandolim e a postura de como segurar o


instrumento na posição sentada. Em seguida, aborda assuntos como: partes da figura
rítmica (cabeça, haste, colchete); siglas das notas musicas (letras do alfabeto); pauta
musical (número das linhas e espaços); notas musicais (nas linhas e espaços);
compasso; barra de compasso; clave de Sol; figuras rítmicas (semibreve, mínima
pontuada, mínima, semínima pontuada, semínima, colcheia); barra dupla; fórmula
de compasso (2/4, 3/4, 4/4, 6/8); tempos do compasso; pausas; afinação em
comparação com o teclado; númeração dos dedos da mão esquerda; afinação
(iniciando na 4ª corda); numeração para corda solta; diagrama do braço com acorde;
acidentes (bemol, sustenido, dobrado sustenido); formação de tríades e tétrades;
tonalidade maior e sua relativa menor.

O dicionário apresenta acordes organizados em grupos conforme a tônica.

• Tônica em Lá: A, Am, A7, A7(9), A+, Aº7, A6, Am6, A7M, Am7, A7(+5),
A7(b5);
• Tônica em Lá bemol: Ab, Abm, Ab7, Ab7(9), Ab+, Abº7, Ab6, Abm6,
Ab7M, Abm7, Ab7(+5), Ab7(b5);
• Tônica em Si: B, Bm, B7, B7(9), B+, Bº7, B6, Bm6, B7M, Bm7, B7(+5),
B7(b5);
• Tônica em Si bemol: Bb, Bbm, Bb7, Bb7(9), Bb+, Bbº7, Bb6, Bbm6,
Bb7M, Bbm7, Bb7(+5), Bb7(b5);
108

• Tônica em Dó: C, Cm, C7, C7(9), C+, Cº7, C6, Cm6, C7M, Cm7, C7(+5),
C7(b5);
• Tônica em Dó sustenido: C#, C#m, C#7, C#7(9), C#+, C#º7, C#6,
C#m6, C#7M, C#m7, C#7(+5), C#7(b5);
• Tônica em Ré: D, Dm, D7, D7(9), D+, Dº7, D6, Dm6, D7M, Dm7,
D7(+5), D7(b5);
• Tônica em Ré bemol: Db, Dbm, Db7, Db7(9), Db+, Dbº7, Db6, Dbm6,
Db7M, Dbm7, Db7(+5), Db7(b5);
• Tônica em Mi: E, Em, E7, E7(9), E+, Eº7, E6, Em6, E7M, Em7, E7(+5),
E7(b5);
• Tônica em Mib: Eb, Ebm, Eb7, Eb7(9), Eb+, Ebº7, Eb6, Ebm6, Eb7M,
Ebm7, Eb7(+5), Eb7(b5);
• Tônica em Fá: F, Fm, F7, F7(9), F+, Fº7, F6, Fm6, F7M, Fm7, F7(+5),
F7(b5);
• Tônica em Fá sustenido: F#, F#m, F#7, F#7(9), F#+, F#º7, F#6, F#m6,
F#7M, F#m7, F#7(+5), F#7(b5);
• Tônica em Sol: G, Gm, G7, G7(9), G+, Gº7, G6, Gm6, G7M, Gm7,
G7(+5), G7(b5);
• Tônica em Sol bemol: Gb, Gbm, Gb7, Gb7(9), Gb+, Gbº7, Gb6, Gbm6,
Gb7M, Gbm7, Gb7(+5), Gb7(b5);

O método apresenta o conceito de acorde móvel83 e o conceito de “tônica do


acorde” (roots), demonstrando que, ao mover os acordes, a tônica vai mudando. Em
seguida apresenta acordes móveis com a tônica na quarta, terceira e segunda corda.
Os acordes móveis são: maior, menor, maior com 7ª, maior com 7ª e 9ª 84, maior com
6ª, menor com 6ª, maior com 7ª maior85, menor com 7ª menor 86.

Neste material existe um quadro relacionando as notas músicais do braço do


instrumento com a partitura. Apresenta o que chama de “Magic chord
accompaniment guide”, que é um quadro com diagramas de acordes cifrados. Ao

83 Neste conceito, um único molde serve para formar 12 acordes com diferentes tônicas.
84 Neste molde foi apresentado com a tônica na primeira corda.
85 Neste molde foram apresentados com a tônica na quarta e segunda corda.
86 Neste molde foram apresentados com a tônica na quarta e segunda corda.
109

final, mostra um quadro com a formação das tríades e tétrades, chamando a atenção
para os acidentes (notas alteradas). Além disso, há um quadro com as tonalidades
maiores e suas relativas menores; e o diagrama do braço do bandolim com os nomes
das notas.

O método dá dicas para o estudante manter o pulso da mão esquerda afastado


do braço do instrumento; manter os dedos em uma posição que facilite a digitação
dos acordes e pressionar os dedos firmemente sem encostar nas cordas vizinhas.

6.4 COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS

6.4.1 Geral

O método 1 apresenta as partes do bandolim, desenvolve a técnica


instrumental, não desenvolve a criatividade e percepção musical, e apresenta
material para a prática da performance musical. O método 2 traz conteúdo para a
aprendizagem da teoria musical, desenvolve a habilidade técnica instrumental e de
leitura, não trabalha a criatividade e a percepção musical, oferece partituras para o
desenvolvimento da performance musical. O método 3 ensina as partes do bandolim,
desenvolve mais a técnica instrumental que a leitura de partitura, não trabalha a
criatividade e a percepção musical, e traz material para desenvolver a perfomance. O
método 4 traz informações sobre a história do bandolim, partes do instrumento,
desenvolve a técnica instrumental, estimula a criatividade (porém não propõe
atividades), trabalha a percepção, estimulando o estudante a ouvir a si mesmo, e
oferece músicas para o desenvolvimento da performance. O método 5 apresenta um
pouco de teoria musical, desenvolve a habilidade técnica de leitura de partitura, não
estimula a criatividade, não trabalha a percepção musical e oferece músicas para
desenvolver a performance. O método 6 oferece conhecimentos sobre as partes do
braço da guitarra e teoria musical, desenvolve a técnica instrumental e a técnica de
leitura de partitura, não trabalha a criatividade e a percepção musical, traz músicas
para o desenvolvimento da performance musical. O método 7 aborda muito pouco
conhecimento sobre a teoria musical, não tem conteúdos sobre técnica, criatividade,
percepção e a performance. O método 8 oferece pouco conhecimento sobre teoria
musical, conceitua as partes do bandolim e não tem conteúdo sobre técnica,
criatividade, percepção e performance.
110

Quadro 3 - Quadro geral comparativo dos métodos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8


MÉTODO CRIATIVIDADE LITERATURA PERCEPÇÃO TÉCNICA PERFORMANCE

Método 1 X X X

Método 2 X X X

Método 3 X X X

Método 4 X X X X X

Método 5 X X X

Método 6 X X X X

Método 7 X

Método 8 X

6.4.2 Métodos de Bandolim

Nesta parte, será demonstrado o resultado da comparação entre os métodos de


bandolim 1, 2, 3 e 4. Desta forma, os conteúdos foram colocados em ordem de
aparição e divididos em categorias: a) conceitos de teoria musical, b) figuras rítmicas,
c) fórmulas de compasso, d) escalas, e) acordes, f) técnicas.

6.4.2.1 Conceitos de teoria musical

Os quatro métodos de bandolim analisados continham informações sobre a


teoria musical. Os métodos 1 e 2 trouxeram informações sobre a teoria elementar da
música, e conceitos relacionados à técnica de embelezamento (ornamento). O método
3 focalizou conceitos relacionados ao embelezamento. O Método 4 acrescentou
conceitos teóricos sobre intervalos e técnica de embelezamento (ornamentos e
efeitos).
111

Quadro 4 - Conceitos de teoria musical dos métodos 1, 2, 3, 4


Método 1 Método 2 Método 3 Método 4
Pauta (linhas, espaços) Nome das notas Trêmolo Nome das notas por corda
Nomes das notas Pauta (linha, espaço) Apojatura Trêmolo
Claves (Sol, Dó, Fá) Figuras rítmicas (quadro Grupeto Tríade maior
Nome das fig. rítmicas geral) Ligadura Apojatura
Ponto de aumento Clave (Dó, Sol, Fá) Trinado Mordente (superior,
Quiálteras Compasso (simples e Cordas duplas inferior)
Compasso composto) quaternário, Apojatura dupla
Barra de compasso ternário e binário Grupeto
Compasso (quaternário, Nome das notas naturais Glissando
ternário e binário) em todas as claves Harmônicos
Acidentes Barra de compasso Pizzicato
Intervalos Pontode aumento simple e Estacato
Escala diatônica e duplo Vibrato
cromática Acidentes Trinado
Andamentos Apojatura Efeito de intervalo de 2ª
Dinâmica Mordente menor
Sinais e abreviaturas Grupeto Efeito da corda solta
Barra (dupla, dupla de Signo Intervalo de: 7ªM, 7ªm, 5ª
repetição) Fermata aum, 5ª justa, e 5ª dim
Afinação Estacato Tétrades
Extensão Ligadura
Fermata Trinado
Ligadura Barra dupla de final
Síncopa Quiálteras
Glissando Síncope
Ornamentos (apojatura, Andamento
grupeto, mordente, Intervalo
trinado)

6.4.2.2 Figuras rítmicas

Os métodos 1 e 2 apresentaram as mesmas figuras rítmicas dispostas em


ordem semelhante, e iniando com a semibreve. Os métodos 3 e 4 trouxeram as
mesmas figuras rítmicas, porém dispostas em ordens diferentes: o primeiro iniciou
com a semínima e conclui com a mínima; o segundo começou com a semibreve e
finalizou com quiáltera. Os métodos 3 e 4 não incluíram a figura semifusa.

Quadro 5 - Figuras rítmicas dos métodos 1, 2, 3, 4

Método 1 Método 2 Método 3 Método 4

Semibreve Semibreve Semínima Semibreve


Mínima Mínima Colcheia Semínima
Semínima Semínima Semicolcheia Mínima
Colcheia Colcheia Semibreve Colcheia
Semicolcheia Semicolcheia Fusa Semicolcheia
Fusa Fusa Quiáltera Fusa
Semifusa Semifusa Mínima Quiáltera
Quiáltera Quiálteras
112

6.4.2.3 Fórmula de compasso

A maioria dos métodos de bandolim utilizou quatro tipos de fórmula de


compasso, sendo que todos eles iniciaram com o compasso simples quaternário
(4/4), e, em seguida, passaram para o ternário (3/4). O método 1 inseriu o compasso
composto 6/8, e o método 3, o 3/8; em seguida, ambos voltam a utilizar o compasso
simples, respectivamente 2/4 e 6/4. Os métodos 2 e 4 possuem as três primeiras
fórmulas de compasso idênticas (4/4, 3/4, e 2/4), até que o método 2 começou a
utilizar compassos compostos (3/8, 9/8, 6/8) e o método 4 continuou com o simples
(2/2).

Quadro 6 - Fórmulas de compasso dos métodos 1, 2, 3, 4

Método 1 Método 2 Método 3 Método 4

4/4 4/4 4/4 4/4


3/4 3/4 3/4 3/4
6/8 2/4 3/8 2/4
2/4 3/8 6/4 2/2
9/8
6/8

6.4.2.4 Escalas

Os métodos 1 e 3 iniciaram com escalas iguais (Sol maior, Dó maior), sendo


que o método 1 seguiu com as escalas relativas menores (Mi menor, Lá menor),
estabelecendo a sequência de duas escalas maiores seguida de duas menores. O
método 3, por sua vez, apresentou: a terceira, quarta e quinta escalas do modo maior
(nas tonalidades Ré, Mi e Fá), e duas escalas menores melódicas (Lá menor e Mi
menor). Em seguida, o método 3 disponibilizou as escalas de maneira alternada: uma
maior e depois sua relativa menor (melódica).

O método 2 iniciou com a escala de Dó maior e passou para Lá menor (a


relativa menor), perfazendo esta combinação de escalas relativas até quase o final,
quando as duas últimas escalas foram menores. O método 4 iniciou com a escala
cromática e seguiu com cinco escalas maiores (Sol, Dó, Ré, Mi, Fá); depois,
113

introduziu quatro escalas menores melódica (nas tonalidades de Lá, Mi, Ré e Si);
seguindo até o fim alternando uma escala maior com a sua relativa menor (melódica).

Quadro 7 - Escalas dos métodos 1, 2, 3, 4

Método 1 Método 2 Método 3 Método 4

Sol maior Dó maior Sol maior Cromática


Dó maior Lá menor Dó maior Sol maior
Lá menor Sol maior Ré maior Dó maior
Mi menor Mi menor Mi maior Ré maior
Ré maior Ré maior Fá maior Mi maior
Lá maior Si menor Lá menor melódica Fá maior
Fá# menor Lá maior Mi menor melódica Lá menor melódica
Fá maior Dó# menor Ré maior Mi menor melódica
Si bemol Fá# menor Si menor melódica Ré maior melódica
Sol menor Mi maior Lá maior Si menor melódica
Si maior Fá#menor melódica Lá maior
Sol# menor Mi maior Fá# menor melódica
Fá# maior Dó# menor melódica Mi maior
Ré# menor Si maior Dó# menor melódica
Dó# maior Sol# menor melódica Si maior
Lá# menor Fá# maior Sol# menor melódica
Fá maior Ré# menor melódica Fá# maior
Ré menor Réb maior Ré# menor melódica
Sib maior Réb maior
Sol menor Sib menor melódica
Mib maior Láb maior
Dó menor Fá menor melódica
Láb maior Mib maior
Fá menor Dó menor melódica
Réb maior Sib maior
Síb menor Sol menor melódica
Solb maior Fá maior
Mib menor Ré menor melódica
Dób menor
Láb menor
114

6.4.2.5 Intervalos

Os métodos 1, 2, 3, e 4 iniciaram o ensino de leitura musical com graus


conjuntos (intervalo de 2ª). Os métodos 1 e 2 limitaram o âmbito de leitura em uma
oitava e apresentaram a mesma sequência de intervalos.

Os métodos 3 e 4 limitaram a leitura de intervalos em duas oitavas. Os


métodos 1, 2, e 3 mantiveram os três primeiros intervalos análogos. O método 4
abrangeu todos os intervalos dos métodos 1, 2, e 3, acrescentando os intervalos de:
9ª, 10ª, 12ª, e 13ª.

Quadro 8 - Intervalos dos métodos 1, 2, 3, 4

Método 1 Método 2 Método 3 Método 4

2ª 2ª 2ª 2ª
3ª 3ª 3ª 5ª
4ª 4ª 4ª 3ª
5ª 5ª 6ª 4ª
6ª 6ª 8ª 6ª
7ª 7ª 5ª 7ª
8ª 8ª 10ª 8ª
7ª 13ª

10ª
12ª

6.4.2.6 Acordes

Os métodos 1, 2, 3 apresentaram tríades e tétrades (maiores, menores e


diminutas). O método 4 apresentou, além de tríades e tétrades (maiores, menores e
diminutas), acordes com extensões de 5ª aumentada, 6ª maior e menor, 9ª maior e
menor, 11ª, e 13ª.

Dentre o total de acordes dos métodos, o método 1 continha menos acordes;


nos métodos 2 e 3 havia quantidades parecidas. O exemplar que apresentou maior
115

número de acordes foi o método 4, o qual possuía um vasto dicionário de acordes


cifrados87.

Gráfico 1- Quantidade de acordes dos métodos 1, 2, 3, 4

Acordes
4%
9%
Método 1
8%
Método 2
Método 3
Método 4
79%

6.4.2.7 Técnica

Os métodos 1, 2, 3, e 4 apresentaram conteúdos parecidos88 como afinação,


postura ao bandolim, técnica para as mãos esquerda e direita, palhetada (cima,
baixo), exercícios, ornamentos. O método 4 se diferenciou, ao abordar a técnica de
produzir “efeitos”, exercícios para elasticidade dos dedos da mão esquerda, exercícios
para passagens de acordes.

Em termos de quantidade, o método 1 apresentou menos conteúdos


relacionados ao desenvolvimento da técnica. O método 2 e 3 igualaram-se em
quantidade. O método 4 foi o manual que apresentou maior número de conteúdo
sobre técnica intrumental.

87 Lista de acordes no Apêndice C.


88 Lista de conteúdos de técnica no Apêndice D.
116

Gráfico 2 - Quantidade de conteúdo de técnica dos métodos 1, 2, 3, 4

Técnica
19%

39% Método 1
Método 2
Método 3
21%
Método 4

21%

6.4.3 Métodos de guitarra tradicional

Os métodos 5 e 6 eram voltados para o desenvolvimento da leitura musical e


pelo fato da guitarra tradicional ser um instrumento com afinação diferente da
utilizada na Guitarra Baiana, não foram considerados os itens: escalas e acordes.
Desta forma, foram comparados apenas os conteúdos relativos à teoria musical,
figuras rítmicas, fórmulas de compasso, intervalos e técnica.

6.4.3.1 Conceitos de teoria musical

O método 5 continha pouca quantidade de conteúdo teórico; apresentando,


apenas, os conceitos básicos para que o aluno pudesse realizar os exercícios e os
estudos. O método 6 apresentou maior quantidade de conteúdo de teoria elementar, e
os disponibilizou de maneira gradativa.
117

Quadro 9- Conceitos de teoria musical dos métodos 5 e 6


Método 5 Método 6
Conceito de posições, no Diagrama do braço
instrumento Pestana, os trastes e as cordas
Diagrama do braço da guitarra Número dos dedos da mão esquerda
Ritornello Afinação
Casa 1 e casa 2 Conceito de pauta musical:
Sinais de alteração (fixos, linhas,espaço, compasso, barra de
ocorrente) compasso (simples e dupla)
Ponto de aumento Acidentes fixo (sustenido e bemol)
Ligadura de prolongamento Clave de Sol
Figuras rítmicas
Fórmula de compasso
Escala maior
Siglas das notas musicais
Oitava
Cesura
Linha suplementar (superior, inferior)
Nota mutada
Arpejo descendente
Andamento
Símbolo de acorde
Dinâmica
Ritardo
Bordão

6.4.3.2 Figuras rítmicas

Os métodos 5 e 6 apresentaram as mesmas figuras rítmicas, porém dispostas


em ordens diferentes. O primeiro iniciou com a semibreve e seguiu a divisão binária
das figuras. O segundo começou com a mínima, depois passou para a semínima e
semibreve, não seguindo a divisão binária até o fim. Ambos os métodos finalizaram
com a quiáltera.

Quadro 10 - Figuras rítmicas dos métodos 5 e 6

Método 5 Método 6

Semibreve Mínima
Mínima Semínima
Semínima Semibreve
Colcheia Colcheia
Semicolcheia Semicolcheia
Quiálteras Quiáltera
118

6.4.3.3 Fórmulas de compasso

Os métodos 5 e 6 apresentaram todas fórmulas de compasso simples, sendo


que as duas primeiras foram idênticas e dispostas na mesma ordem. O método 6
incluiu uma terceira fórmula do compasso ternário.

Quadro 11 - Fórmulas de compasso dos métodos 5 e 6

Método 5 Método 6

4/4 4/4
2/4 2/2
3/4

6.4.3.4 Intervalos

Os métodos 5 e 6 iniciaram o ensino de leitura musical por graus conjuntos


com os quatro primeiros intervalos iguais. O método 5 apresentou maior quantidade
de intervalos, expandindo além de uma oitava. O método 6 limitou-se a trabalhar os
intervalos no âmbito de uma oitava.

Quadro 12 - Intervalos dos métodos 5 e 6

Método 5 Método 6

2ª 2ª
3ª 3ª
4ª 4ª
6ª 6ª
8ª 5ª
9ª 8ª
13ª 7ª


11ª
119

6.4.3.5 Técnica

O método 5 apresentou exercícios exclusivos para o desenvolvimento da


habilidade de leitura de partitura. O método 6, além de apresentar exercícios para
desenvolver a técnica de leitura, porpôs exercícios para desenvolver a habilidade
técnica instrumental, desta forma abordando uma maior quantidade de conteúdo
sobre técnica.

Quadro 13 - Técnica guitarra dos métodos 5 e 6


Método 5 Método 6
Exercício para desenvolvimento da Exercício de leitura
visão periférica Exercício de palhetada alternada
Estudos para leitura Exercícios p/ acompanhamento
Exercícios técnicos de leitura Exercício para a palhetada reversa
Exercício para palheta sweep
Estudos para velocidade
Estudos em dueto
Estudos em solo

6.4.4 Métodos informativos para bandolim

Os métodos 7 e 8 eram informativos, ou seja, não continham exercícios e


estudos (para exercitar escalas, intervalos e figuras rítmicas). Assim, comparei apenas
a quantidade de informações referente a: conceitos de teoria musical, acordes e
técnica.

6.4.4.1 Conceitos de teoria musical89

Dentro do total de conteúdos de teoria musical, o método 8 apresentou uma


quantidade maior de teoria musical que o método 7.

89 Lista dos conceitos de teoria musical dos métodos 7 e 8 no Apêndice E.


120

Gráfico 3- Quantidade de conteúdo de teoria musical dos métodos 7 e 8

Teoria Musical
23%

Método 7
Método 8

77%

6.4.4.2 Acordes90

O método 7 apresentou acordes maiores, menores, dominantes e diminutos, e


também, com extensões de 6ª e 9ª. O método 8, além de todas as categorias de
acordes do método anterior, acrescentou outros como: diminuto com 7ª diminuta,
maior com 7ª maior, 13ª bemol, e acordes com a 5ª aumentada. O método 7 ofereceu
menor quantidade de acordes que o método 8.

Gráfico 4 - Quantidade de acordes dos métodos 7 e 8

Acordes
27%

Método 7
Método 8

73%

6.4.4.3 Técnica91

Os dois métodos apresentaram informações sobre a postura com o bandolim.


O método 7 apresentou maior quantidade de conhecimentos, pois além de postura
acrescentou noções elementares sobre a técnica instrumental para as mãos esquerda
e direita. O método 8 apenas trouxe noções de postura para segurar o bandolim.

90 Lista de acordes dos métodos 7 e 8 no Apêndice F.


91 Lista de técnica dos métodos 7 e 8 no Apêndice G.
121

Gráfico 5- Quantidade de conteúdo de técnica dos métodos 7 e 8

Técnica
20%

Método 7
Método 8

80%

6.5 CONSIDERAÇÕES

A maioria dos métodos de bandolim e de guitarra, trouxeram conteúdos sobre


teoria musical, partes do instrumento, postura, exercícios, estudos e repertório. O
método 4 - Método do Bandolim Brasileiro (MACHADO, 2004) e método 6 -
Modern Method for Guitar (LEAVVIT, 1966) foram os únicos que procuraram
estimular a criatividade, mas nenhum destes métodos propôs atividades com esse
fim; e, apenas, o método 4 trabalhou a percepção musical.

As análises geral e específica realizadas com os métodos sinalizou a carência de


conteúdo para o desenvolvimento da criatividade e da percepção. Possivelmente,
esses temas não tinham destaque na época em que alguns dos livros foram escritos;
no entanto, essa carência aponta a necessidade de se trabalhar estes aspectos em
nossa proposta metodológica.
122

7 A PROPOSTA METODOLÓGICA

Neste capítulo, descreverei alguns aspectos referentes à aprendizagem


instrumental, o conteúdo programático e o procedimento pedagógico da proposta
metodológica para o método de Guitarra Baiana. Os conteúdos foram dispostos de
maneira que o ensino fosse realizado de maneira reversível92 e a aprendizagem
ocorresse gradativamente. O procedimento pedagógico foi sendo desenvolvido de
acordo com a demanda de conteúdos no decorrer do processo de construção do
método.

A nossa proposta metodológica foi concebida em formato de método


instrumental (Apêndice H), cujo título “A Arte de Tocar Guitarra Baiana” tem a sigla
mnemônica ATGB. O Método parte do pressuposto de que qualquer pessoa pode
aprender a tocar Guitarra Baiana a partir de vivências com o instrumento e por via do
aprendizado gradativo de conceitos teórico-técnico-instrumentais.

O ATGB propõe que o estudante vivencie diferentes gêneros e estilos musicais,


desenvolva a criatividade, performance e a percepção, reflita sobre música e sobre a
sua prática instrumental, aprenda a ler e escrever partitura por meio da prática de
exercícios, estudos, e um repertório disposto em nível crescente de dificuldade. Desta
forma, o ATGB propõe que o estudante aprenda a interpretar e manipular os
elementos teóricos musicais, sem deixar de lado a prática de tocar de ouvido.

7.1 APRENDIZAGEM INSTRUMENTAL

Um dos caminhos para iniciar a prática instrumental é aprendendo músicas de


fácil execução, antes de tocar as mais complexas. Além disso, é importante praticar a
improvisação, arriscando as notas sem o compromisso de ter que “acertar”. Assim,
praticar individualmente e com outros músicos, tirar músicas de ouvido, compor
músicas instrumentais e canções são ações importantes que contribuem para o
aperfeiçoamento musical. A aprendizagem da técnica para segurar a palheta, a
dosagem na quantidade de força exercida para digitar as cordas, o desenvolvimento

92
Sobre o conceito de ensino reversível, ver Capítulo 4, Subcapítulo 4.1.
123

da percepção auditiva, a memorização de escalas e acordes, a improvisação e


composição, são habilidades adquiridas com a prática.

A iniciação ao estudo da notação musicológica, da literatura musical, e o


desenvolvimento da leitura de cifras e de partitura é importante para o processo de
amadurecimento musical do estudante. Esses conhecimentos e habilidades podem
ser utilizados para auxiliar nos estudos técnicos instrumentais, no processo de
desenvolvimento da percepção, na atitude composicional e performática. A
aprendizagem de novos conhecimentos e o desenvolvimento técnico demanda
trabalho mental e motor; para isso, é necessário tempo, disciplina, concentração e
dedicação. Desta forma, acreditamos que para que a aprendizagem seja otimizada, os
conteúdos devem ser organizados pedagogicamente.

Se observarmos as crianças, veremos que elas querem se divertir e fazer um


som de imediato, as atitudes das crianças são similares às de um adulto, quando tem
a oportunidade de tocar um instrumento musical. Mas, “como tirar de imediato um
som da Guitarra Baiana?”. A obtenção do som se realiza pelo ato de tanger as cordas
com a mão ou algum objeto, como a palheta. Este instrumento necessita de um
sistema elétrico de amplificação com autofalante para gerar volume sonoro, mas se
tangermos suas cordas em um ambiente silencioso poder-se-á ouvir, com muito baixo
volume sonoro, o som a vibrar conjuntamente com a madeira do corpo do
instrumento.

Passada a fase de aproximação e produção espontânea do som, para quem


deseja desenvolver as habilidades musicais, se faz necessário posicionar a GB junto ao
corpo. Essa postura vai depender do tamanho do instrumento e da estatura do
músico. Normalmente, ela fica posicionada na frente do corpo, podendo estar um
pouco mais abaixo ou acima da linha de cintura. Uma boa postura possibilita mais
conforto ao tocar, melhorando o desempenho. Desta maneira, evita-se o surgimento
de dores e permanece a prática prazerosa que aumenta a afetividade com o
instrumento musical. De acordo com Henrique Pinto (2005, p. 37), e aplicável à
Guitarra Baiana:

A disposição do corpo, de forma a receber o violão [a Guitarra Baiana]


e formar uma unidade (violão e violonista), é imprescindível, pois
todos os músculos do corpo estarão pré-dispostos a não terem
contrações inúteis. [É necessário] os braços estarem completamente
livres do ombro, para braço, antebraço e mão formarem um conjunto
independente. A musculatura das costas deve ser firme para sustentar
124

toda coluna (firme, não tensionada).

A eutonia é importante para que o desempenho musical siga o fluxo natural.


De acordo com Benghi e Carvalho (apud HAINZENREDER, 2004, p. 26), a palavra
eutonia deriva do grego eu = bom, correto, harmonioso; e tonus = tensão. A eutonia
não induz a fazer desaparecer as tensões existentes, mas conduz a uma tensão
harmoniosa, isto é, ao equilíbrio das diferentes tensões que coexistem no corpo
humano e também ao equilíbrio do tônus geral.

O músico tende a ter uma boa performance quando há equilíbrio e controle


das várias partes do seu corpo, além da sensação e percepção de cada movimento que
faz para tocar (cinestesia). Assim, para melhorar o desempenho é preciso estar atento
ao melhor e mais confortável posicionamento do corpo junto ao instrumento, e à
quantidade de pressão exercida pelos braços, mãos, e dedos sobre o corpo, o braço, a
palheta, e as cordas da GB. Vale lembrar que a quantidade de horas sucessivas de
prática pode levar o músculo à fadiga e, consequentemente, baixo rendimento. É
importante o equilíbrio entre o tempo da prática e de descanso, por exemplo: 50
minutos de prática e 10 minutos de descanso é o recomendado. Também é
importante realizar alongamentos antes, durante, e depois do fazer musical.

O estudo instrumental constante reflete nas respostas musculares e cerebrais


(ou seja, motoras e cognitivas) que resultam em agilidade instrumental, que podem
levar ao virtuosismo, mesmo que essa não seja a finalidade pretendida. Sabe-se que
os grandes guitarristas desenvolveram suas habilidades debruçando-se no
instrumento. Isto resulta em alta afetividade e maior “intimidade” com a guitarra.
Nesta condição, um músico pode ser capaz de fazer com que seus dedos realizem o
que seu cérebro comanda.

7.1 CONTEÚDO

O conteúdo programático do ATGB93 foi baseado nos parâmetros do modelo


C(L)A(S)P de Keith Swanwick com algumas adaptações.94

93 Lista de conteúdo no Apêndice A.


94 Ver as adaptações no Capítulo 5, Subcapítulo 5.2.1.
125

Desta maneira, o ATGB propõe atividades que estimulam a criatividade, por


meio da prática de composição e de improvisação com e sem notação musicológica.

O estudo sobre a literatura musical que o método ATGB oferece inclui


elementos da história da música em geral e da Guitarra Baiana, descrevendo
situações e locais que envolvem o contexto cultural e social da Bahia, principalmente
relacionado à música de carnaval. O método também apresenta as partes da Guitarra
Baiana, ilustrando-as com fotos, nomeando e mostrando suas funções. O ensino da
teoria musical é realizado de maneira gradativa e perpassa por todo o compêndio,
partindo do princípio de que o estudante é um iniciante sem conhecimento teórico-
musical prévio.

O método traz conceitos teóricos sobre: a nomenclatura dos dedos, palhetada


alternada, diagrama do braço, corda presa e solta, uso do diagrama, nome das notas
musicais, sigla alfabética para as notas musicais, altura, nome da notas por corda,
afinação, compasso quaternário, barra de compasso, barra de final, duração, ritmo,
figura rítmica semínima (e pausa), fórmula de compasso, pulsação, andamento,
partitura (pentagrama: linha espaço), tonalidade de Dó maior, clave de Sol, oitava,
localização das notas no pentagrama, linha suplementar inferior, barra de repetição
(ritornelo), arpejo, cordas duplas (double stop), acordes móveis, figura mínima (e
pausa), divisão binária da mínima, figura semibreve (e pausa), estrutura da escala
maior, semitom e tom inteiro, acidentes (sustenido, dobrado sustenido, bemol,
dobrado bemol, bequadro), semitom (cromático e diatônico), casa 1 e casa 2, barra
dupla, modo (maior e menor), escalas relativas, linha suplementar superior,
intervalos (melódico e harmônico), forma, harmonia (tônica, subdominante,
dominante), graus tonais, tríades (maior, menor, diminuta, aumentada), inversões de
acordes, ligadura de prolongamento e ponto de aumento, dinâmica (ppp, pp, p, mp,
mf, f, ff, fff), gradação da dinâmica (crescendo, decrescendo), alteração ocorrente,
armadura de clave, numeração (dedos, corda solta), tonalidade de sol maior, figura
rítmica colcheia (e pausa), estacato, figura rítmica semicolcheia (e pausa) e figura
rítmica fusa.

A atividade de percepção que o ATGB propõe envolve: o estímulo à


apreciação de diferentes estilos, ritmos e gêneros musicais; a ação de ouvir a si
mesmo e ao colega; bem como memorização de padrões melódicos, rítmicos, e
harmônicos.
126

O Método ATGB oferece exercícios para a aquisição de habilidade de


leitura, escrita e da técnica instrumental. Desta forma, o Método traz conteúdo sobre:
a postura (corporal), regulagem da alça, posicionamento da mão esquerda,
posicionamento da mão direita, ajuste da palheta nos dedos, palhetada alternada,
posicionamento da palheta na mão, afinação, exercício leitura de acordes (cifras),
técnica de leitura (contagem numérica), exercícios de escrita de semínima, leitura de
notas sem pentagrama (com contagem númerica), estudos com acorde e notas (sem
pentagrama), exercício de palhetada alternada, exercício técnico de digitação (com o
diagrama, e em diferentes combinações), exercício de escrita da clave de Sol,
exercícios de leitura com semínima (com pentagrama), exercício técnico de arpejo,
cordas duplas, exercício de escrita com a mínima (e pausa), exercício de leitura com a
mínima e semínima, exercício de escrita com semibreve (e pausa), exercício de leitura
com a escala de Lá menor, exercício de leitura com intervalos melódicos e
harmônicos, exercícios de arpejo nas tonalidades (Dó maior, Lá menor, Lá menor
harmônico, Lá menor melódica), estudos com harpejo e acordes, exercício de leitura
com notas ligadas e pontuadas, exercício de leitura de dinâmica, exercício de escrita
com colcheia, técnica de leitura de colcheia (com número e vogais), exercício de
leiitura com colcheia, semínima, mínima, semibreve, exercício de escrita com
semicolcheia, exercício de leitura de semibreve, mínima, semínima, colcheia e
semicolcheia (com número e vogais).

Em relação à performance, o ATGB oferece estudos (músicas didáticas) e o


repertório de 14 músicas, disponibilizados de modo que o estudante possa exercitar
os conteúdos à medida que forem ensinados. As composições que compõem o
repertório são:

• Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira),


• Marinheiro Só (Domínio público, versão de Caetano Veloso),
• Parabéns pra Você (Domínio público),
• Barata na Careca do Vovô (Domínio Público),
• Ode à Alegria (Ludwig van Beethoven),
• Curuzu (Alexandre Vargas),
• Hino ao Senhor do Bomfim (Arthur de Salles, Jose A. Wanderlei),
• Rua Chile (Alexandre Vargas),
• Allah-la-ô (Haroldo Lobo, Nássara),
127

• Colombina (Armando Sá, Miguel Brito),


• A Jardineira (Benedito Lacerda, Humberto Porto),
• Moto Perpétuo (Niccolo Paganini),
• Pout-Pourri (Allah-la-ô, A Jardineira, Asa Branca, Pequena Serenata
Noturna – W. A. Mozart),
• Cruz Vermelha (Alexandre Vargas).

O repertório oferecido pelo ATGB pode ser tocado individualmente, em dueto,


em trio ou grupos maiores. Do total das 14 músicas propostas, nove são escritas no
formato de melodia com harmonia cifrada, uma tem apenas a melodia escrita, duas
são escritas para duas vozes com acompanhamento, duas se apresentam com a letra
cifrada. No caso de turmas com muitos estudantes, as partes da melodia e harmonia
podem ser dobradas.

O quadro seguinte demonstra o conteúdo geral dos oito métodos analisados no


Capítulo 6 com o acréscimo do Método ATGB. A comparação demonstra que o ATGB
tem conteúdos semelhantes aos do método 4.

Quadro 14 – Quadro geral comparativo dos métodos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e ATGB

MÉTODO CRIATIVIDADE LITERATURA APRECIAÇÃO TÉCNICA PERFORMANCE

Método 1 X X X

Método 2 X X X

Método 3 X X X

Método 4 X X X X X

Método 5 X X X

Método 6 X X X X

Método 7 X

Método 8 X
Método
X X X X X
ATGB

O método 4 estimula a criatividade; traz informações sobre a história do


bandolim, partes do instrumento, trabalha a percepção – ouvir a si mesmo,
desenvolve a técnica instrumental, oferece músicas para o desenvolvimento da
128

performance e, no entanto, não propõe atividades para que o estudante exercite a


criatividade. O Método ATGB oferece: atividades que contribuem para o
desenvolvimento da criatividade como: a composição de melodia e de
acompanhamento harmônico, prática de improvisação melódica e rítmica. O estudo
da literatura musical abarca conteúdos sobre a história da música (compositores,
gêneros musicais, história da Guitarra Baiana), conceito das partes do instrumento,
teoria e harmonia. A percepção é trabalhada estimulando o estudante a “ouvir a si
mesmo e ao colega”, além da prática da memorização (de melodias, ritmos, escalas,
acordes), e do estímulo para que o estudante tire músicas de ouvido. A técnica é
trabalhada com exercícios para o desenvolvimento da habilidade de leitura e da
técnica instrumental. A performance musical é exercitada com os estudos didáticos e
as 14 músicas apresentadas no repertório.

7.2 PROCEDIMENTO PEDAGÓGICO

7.2.1 Ensino de notas, acordes e arpejos

O procedimento utilizado para ensinar notas, acordes e arpejos está de acordo


com os métodos 4, 5, 6, 7 e 8, que usaram diagramas de parte do braço, como recurso
didático. Este procedimento tem a finalidade de facilitar a visualização e
memorização (de notas, cifras, arpejos).

Figura 20 - Procedimento pedagógico para a aprendizagem de notas, acordes, arpejos


129

7.2.2 Ensino da leitura musical

O procedimento para ensinar a leitura musical está de acordo com o método 5,


o qual envolve a contagem dos tempos com números, e com número e vogais. A
princípio foram grafados os números e vogais como guia, os quais, posteriormente,
foram retiradas.

Figura 21 - Procedimento pedagógico para leitura


130

O ensino de leitura melódica sem o pentagrama contou com o recurso em que


nota é escrita na cabeça da figura rítmica. Este procedimento não foi encontrado nos
métodos analisados.

Figura 22 - Procedimento pedagógico para leitura de notas sem pentagrama

A partir do momento em que o ATGB ofereceu subsídios para que o aprendiz


interpretasse as notas musicais no pentagrama, foi introduzida a leitura por graus
conjuntos e em seguida disjuntos, de acordo com os métodos 1, 2, 3, 4, 5,e 6.

Figura 23 - Procedimento pedagógico para leitura com pentagrama

7.2.3 Ensino da escrita musical

O ensino da escrita musical no ATGB é realizado de tal maneira que o aluno


possa interferir de forma prática. Desta forma, são propostos exercícios para que o
estudante desenvolva a escrita, preenchendo quadros com o modelo da figura rítmica
indicada; e completando uma pauta incompleta, trabalhando, assim, a relação de
131

duração entre as figuras. Além disso, são disponibilizadas pautas em branco para que
o estudante escreva suas composições; ele ainda é estimulado a copiar obras de
outros autores como exercício de escrita.

Figura 24 - Procedimento pedagógico para escrita

7.2.4 Ensino de ritmos brasileiros para acompanhamento

O ensino de ritmos brasileiros tem como objetivo capacitar o estudante a


realizar o acompanhamento rítmico para os exercícios, estudos e o repertório. O
procedimento pedagógico incluiu a utilização de sílabas (Ta, ti, Tu) que induzem à
divisão rítmica do acompanhamento a ser aprendido. Assim, é proposto um caminho
alternativo para o ensino e a aprendizagem de claves de rítmicas sem,
necessariamente, utilizar a partitura.
132

Figura 25 - Procedimento pedagógico para ritmos brasileiros


133

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em meio a uma sociedade conservadora que se guiava pela cultura europeia e


americana, aconteceu um fenômeno extremamente popular, em que os baianos não
pertencentes à elite social foram os atores principais. Ao considerar que as
manifestações culturais realizadas pela população das classes sociais menos
favorecidas (incluindo a população de origem afrodescendente) eram vistos com
maus olhos pelas classes mais favorecidas, foi possível compreender o seu
desinteresse em relação à inovação social, cultural, tecnológica e midiática que o Pau
Elétrico e a Fubica suscitaram. Desta forma, percebe-se que é histórica a razão da
existência de dois tipos de ambientes de folia carnavalesca na Bahia. O primeiro teve
início com o entrudo familiar, que se tornou o carnaval de clube; e o segundo teve
início no entrudo de rua e, e se transformou no carnaval de rua. Atualmente, temos o
carnaval de camarote e o carnaval de rua. Neste último, temos duas outras categorias:
os blocos em que os foliões têm que se fantasiar de abadá (e brincar cercados pela
corda segurada pelos cordeiros); e o bloco da pipoca (que engloba todos os demais
brincantes).

Em relação à valorização da música regional, desde o início da presença dos


conservatórios em Salvador, não foi levado em conta a riqueza da cultura popular. As
pessoas que frequentavam os concertos valorizavam a música erudita europeia, e as
escolas de música fomentavam esse mercado de consumo cultural. Neste contexto,
não havia interesse pela inserção do Pau Elétrico nas academias de música, uma vez
que sua origem popular não condizia com o interesse de consumo da elite da época.
Oque não podia ser previsto era que a música elaborada com o Pau Elétrico fosse se
tornar tão forte a ponto de vir a ser uma tradição - simbolizada pela Guitarra Baiana.
Mas, mesmo assim, a academia permaneceu sem incluí-la na sua lista de cursos
instrumentais oferecidos.

Na perspectiva histórica da formação da identidade musical carnavalesca


soteropolitana, alguns acontecimentos foram importantes para a consolidação da
cultura da Guitarra Baiana. Estes fatos aconteceram nos primórdios da formação da
sociedade musical local, por exemplo: a) a chegada dos instrumentos musicais
trazidos pelos colonos portugueses; b) as atividades musicais dos jesuítas que deram
início às festas religiosas; c) o costume da celebração do entrudo com brincantes
134

fantasiados; d) o costume de desfilar em carros alegóricos com música de fanfarra; e)


a prática de tocar música ao vivo com os instrumentistas posicionados em cima do
carro alegórico; f) a necessidade de amplificação e da eliminação do efeito de
microfonia gerado pela eletrificação dos instrumentos acústicos de cordas; g) a
utilização de amplificadores e autofalante em automóveis durante o desfile no
carnaval; e h) a influência do dobrado, choro, baião, passo doble, música erudita
europeia, frevo, rock, e ijexá. Todos esses aspectos foram relevantes para a existência
da Guitarra Baiana, e para o desenvolvimento da estrutura do carnaval da Bahia
como é conhecido hoje em dia.

Após a inclusão do Pau Elétrico no carnaval, houve a expansão de sua prática


com o aumento da quantidade de músicos interessados em aprender, e da oferta de
trabalho pelas bandas de trio elétrico. A tradição de tocar Guitarra Baiana foi
motivada pela necessidade de atuação profissional; quando essa necessidade deixou
de existir, aconteceu o desuso. Os motivos que diminuíram a demanda por estes
profissionais e que levaram o instrumento ao desuso estão relacionados aos seguintes
fatos: a) mudança de gênero instrumental para o cantado; b) aumento do nível
técnico-instrumental exigido para tocar o repertório de frevo baiano trieletrizado; c)
influência dos ritmos advindos dos blocos afro e do Caribe nos arranjos e
composições de música para carnaval; d) o uso do teclado sintetizador; e) a mudança
do gênero instrumental para o cantado com a despopularização do frevo baiano
trieletrizado e popularização do axé music.

Após a Guitarra Baiana ter sido praticamente banida dos carnavais, muitos
fatores ainda têm atuado para manter seu afastamento, por exemplo: a) a escassez de
escolas de Guitarra Baiana; b) a falta de espaços culturais para a formação de público;
c) a dificuldade para adquirir um instrumento – em curto espaço de tempo – em lojas
especializadas e com luthiers.

É necessário o incentivo a projetos para a formação de plateia, projetos


educacionais voltados para o aprendizado de GB, para a capacitação na arte da
lutheria. Neste sentido, uma parte da produção de GB, frutos do curso de luteria,
poderia ser destinada para a prática musical nas escolas e a outra parte poderia ser
comercializada em lojas especializadas (com um preço similar ao de um cavaco).
Assim, ao ser facilitado o acesso ao instrumento mais pessoas poderiam ter a
oportunidade de aprender.
135

A proposta metodológica “A Arte de Tocar Guitarra Baiana” vem a contribuir


para a valorização da cultura baiana, ao preencher a lacuna relacionada à
sistematização do ensino deste instrumento. Este método é uma tentativa de ampliar
a sua prática e aproveitar o seu potencial educacional. O professor de Guitarra
Baiana, ao ensinar com o ATGB, pode incluir a aprendizagem de músicas além das
sugeridas pelo método; pode, também, utilizar outros recursos didáticos como
desenhos, imagens, aplicativos, utilizar o gravador de áudio/vídeo para registrar as
performances, e etc. É importante que as músicas – produto das atividades de
composição – sejam socializadas e, se possível, possam ser apresentadas em formato
de banda (com guitarra, baixo, bateria, percussão, teclado, dentre outros
instrumentos).

Já é hora da Guitarra Baiana deixar de ser apenas um símbolo do Carnaval, e


passar a ser também uma ferramenta instrumental educacional capaz de auxiliar no
desenvolvimento do ser humano. Neste sentido, depois de darmos um passo em prol
da sistematização do ensino de Guitarra Baiana, alertamos para a problemática do
atual estágio de desuso e falta de sistematização do processo de ensino e
aprendizagem da Viola de Machete, instrumento característico e tradicional da região
do Recôncavo Baiano.

Finalizando, espero, com este trabalho, poder suscitar novas pesquisas com
temas transversais e interdisciplinares, motivar pessoas a se interessarem pelo
aprendizado da Guitarra Baiana, um instrumento que foi criado no Brasil, que faz
parte de nossa cultura e a traduz a miscigenação característica de nosso país.
136

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YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Ana Thorelli. 4ª ed.
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145

APÊNDICE

APÊNDICE A - Lista de conteúdo do Método ATGB


Método A Arte de Tocar Guitarra Baiana
Técnica Postura (corporal); Regulagem da alça; Posicionamento da mão esquerda;
Posicionamento da mão direita; Ajuste da palheta nos dedos; Palhetada
alternada; Posicionamento da palheta na mão; Afinação; Exercício leitura de
acordes (cifras); Técnica de leitura (contagem numérica); Exercícios com
semínima (escrita); Leitura de notas sem pentagrama (com contagem em
números); Estudos com acorde e notas (sem pentagrama); Exercício de
palhetada alternada; Exercício técnico de digitação (com o diagrama em
diferentes combinações); Exercício escrito da clave de Sol; Exercício de ; scrita
com semínima (e pausa); Exercícios de leitura com semínima (com
pentagrama); Exercício técnico de arpejo; Cordas duplas; Exercício de escrita
com a mínima (e pausa); Exercício de leitura com mínima e semínima;
Exercício de escrita com semibreve (e pausa); Exercício de leitura com a escala
de Lá menor; Exercício de leitura com intervalos ; melódicos e harmônicos;
Exercícios de arpejo nas tonalidades (Dó maior, Lá menor, Lá menor
harmônico, Lá menor melódica); Estudos com harpejo e acordes; Exercício de
leitura com notas ligadas e pontuadas; Exercício de leitura de dinâmica;
Exercício de escrita com colcheia; Técnica de leitura de colcheia (com número e
vogais); Exercício de leiitura com colcheia, semínima, mínima, semibreve;
Exercício de escrita com semicolcheia; Exercício de leitura de semicolcheia
(com número e vogais), colcheia (com número e vogal), semínima, mínima,
semibreve.

Harmonia Acorde G, C, D, F, Gm, Am, A, Em, Dm, Bº, E, C+, G#º, Bm, F#º, C7, B7,
G#m, C#, D#, F#

Intervalo 5ª (cordas soltas); 2ª; 4ª; 3ª; 6ª ; 7ª ; 8ª


146

Teoria Conceitos Partes do instrumento; Dedos; Palhetada alternada; Diagrama de


Elementar parte do braço; Corda presa e solta; Uso do diagrama; Nome das
notas musicais; Sigla alfabética para as notas musicais; Altura;
Nome da notas por corda; Afinação; Compasso quaternário; Barra
de compasso; Barra de final; Duração; Ritmo; Figura rítmica
semínima (e pausa); Fórmula de compasso; Pulsação; Andamento;
Partitura (pentagrama: linha espaço); Tonalidade de Dó maior;
Clave de Sol; Oitava; Notas no pentagrama; Linha suplementar
inferior; Barra de repetição (ritornelo); Arpejo; Cordas duplas
(double stop); Acordes Móveis; Figura Mínima (e pausa); Divisão
binária da mínima; Figura semibreve (e pausa); Estrutura da escala
maior; Semitom, e Tom inteiro; Acidentes (sustenido, dobrado
sustenido, bemol, dobrado bemol, bequadro); Semitom (cromático
e diatônico); Casa 1 e Casa 2; Barra Dupla; Modo (maior e menor);
Escalas relativas; Linha suplementar superior; Intervalos (melódico
e harmônico); Forma; Harmonia (tônica, subdominante,
dominante); Graus tonais; Triades (maior, menor, diminuta,
aumentada); Inversões de acordes; Ligadura de prolongamento e
ponto de aumento; Dinâmica (ppp, pp, p, mp, mf, f, ff, fff);
Gradação da dinâmica (crescendo, decrescendo); Alteração
ocorrente; Armadura de clave; Numeração (dedos, corda solta);
Tonalidade de Sol maior; Figura rítmica colcheia (e pausa);
Estacato; Figura rítmica semicolcheia (e pausa); Figura rítmica fusa
Fig.
Semínima; Mínima; Semibreve; Colcheia; Semicolcheia; Fusa
Rítmica

Fórmula
4/4, 3/4
de
compasso
Escala
Dó maior; Escala cromática; Lá menor; Lá menor harmônica; Lá menor
melódica; Sol maior
147

APÊNDICE B – Modelo de texto para análise dos Métodos

Introdução

1. Nome do método, Autor


2. Público Alvo (iniciante, intermediário, ou avançado), concepção educacional (para:
educação musical em geral, técnica instrumental, ou técnica de leitura)
3. Panorama do conteúdo
4. Descrição do índice (conteúdos)
Desenvolvimento

5. Tem literatura (teoria musical, história, biografia de compositores), técnica e


performance (exemplos e repertório)? Exemplificar.
6. Tem exemplos de outras culturas (músicas de estilos diversificado)? Exemplificar.
7. Tem músicas didáticas? Quais os seus objetivos individualizados? Ensino do
conteúdo? Exemplificar.
8. Teoria só na música ou tem questionário, atividades de desenvolvimento de
habilidades com exemplos musicais para desenvolver a afinação, ritmo, técnica e
canto? Está presente por todo o método? Exemplificar.
9. Performance: Tem composições que culminam com aprendizado dos conteúdos
aprendido naquele ponto do método? Exemplos.
10. Sequência de ensino de figuras rítmicas e suas pausas, fórmula de compasso. Inicia a
leitura por graus conjuntos? Ordem dos intervalos e acordes.
11. Ordem dos temas e conceitos ensinados (postura, técnica - palhetada p/ cima e baixo,
partitura, linhas suplementares, compasso, barra de compasso, dinâmica, ligaduras,
síncopas, alternância de acentuação...)? Exemplificar.
12. Sequência de escalas ensinadas. Tem diagramas do braço, partitura, tablatura?
13. Tem exercícios diários com dificuldade progressiva? Tem exercícios de arpejo e
escala? À medida que o conteúdo é ensinado, são inserindo novos exercícios?
14. Possui dicas para o professor e para o aluno (a cada exercício)? Ensina o aluno a
acompanhar ritmicamente?
15. Tem quadro de referência de digitação, acordes, escalas? Exercícios suplementares de
ritmo?
16. Tem exercícios para desenvolver a criatividade - tocando e/ou escrevendo? Estimula a
construção de frases? Têm questões musicais? Perguntas? Como são realizadas as
abordagens?

Conclusão
17. Minha crítica.
148

APÊNDICE C – Lista de acordes (Método 1, 2, 3, 4)


Acordes
Método 1 Método 2 Método 3 Método 4
G, Am, D, C, F, G, Am, C, F, G, Am, C, G, D, A, E, B, F#, Db, Ab, Eb, Bb, F, Am, Em, Bm, F#m,
C#m, G#m, D#m, Bbm, Fm, Cm, Gm, Dm, C7, G7, A7, E7, G7,
Dm, C, Bº, D, E, B, Bm, Dm, E, D,
D7, E7, B7, F#7, C#7, G#7, D#7, A#7, Db, Db7, Gb, Ab7, Bbm,
Am, E, Em, F#, C#m, Em, B, A, Bb7, Ebm, F7, Eb7, G#°, B°, D°, F°, Aº, Cº, Ebº, F#°, Bb°, Db°,
E°, G°, G7M, Am7, Bm7(5b); C6, C6/9, C5+, C(add9),
B, A, Gm, D#, C#, F#m, Bm,
C7M(#11), C4, Cm7, Cm6, Cm7(b5), Cm7(9), Cm6(9), Cm7M,
F, Eº, Bb, F#m, G#, C#, G#, Cm(add9), Cm7(11), C7(9) C7(b9), C7(#9), C7(13), C7(b13),
G#º, Aº. G#m, A#, G#m, C#m, C7(#11), C7(4), Db, Db6, Db7M, Db6(9), Db(#5), Db(add9),
Db7M(#11), Db4, C#m, C#m7, C#m6, C#m7(b5), C#m7(9),
A#m, D#m, D#, F#, C#m6(9), C#(7M), C#m(add9), C#m7(11), Db7(9), Db7(b9),
E#, Bb, C7, D#m, A#, Db7(#9), Db7(13), Db7(b13), Db7(#11), Db7(4), D6, D6(9),
D(#5), D(add9), D7M(#11), D4, Dm7, Dm6, Dm7(b5), Dm7(9),
A, Eb, F7, Db, Gb, Ab7, Dm6(9), Dm(7M), Dm(add9), Dm7(11), D7(9), D7(b9),
Ab, B7, Fm, Bbm, Ebm, D7(#9), D7(13), D7(b13), D7(#11), D7(4), Eb6, Eb7M, Eb6(9),
Eb(#5), Eb(add9), Eb7M(#11), Eb4, D#m, D#m7, D#m6,
Db, Eb7, Fm, Ab, Eb, Fm, D#m7(b5), D#m7(9), D#m6(9), D#m(7M), D#m(add9),
Bbm, Gb, Bb7, Cm, F7, D#m7(11), Eb7(9), Eb7(#9), Eb7(13), Eb7(b13), Eb7(#11),
Eb7(4), E6, E7M, E6(9), E(#5), E(add9), E7M(#11), E4, F6,
Ebm, Cb, C.
F7M, F6(9), F(#5), F(add9), F7M(#11), F4, Fm7, Fm6,
Db7, Abm. Fm7(b5), Fm7(9), Fm6(9), Fm(7M), Fm(add9), Fm7(11),
F7(9), F7(b9), F7(#9), F7(13), F7(b13), F7(#11), F7(4), Gb6,
Gb7M, G6(9), Gb(#5), Gb(add9), Gb7M(#11), Gb4, F#m7,
F#m6, F#m7(b5), F#m7(9), F#m(7M), F#m(add9), F#m7(11),
F#7(9), F#7(b9), F#7(#9), F#7(13), F#7(b13), F#7(#11),
F#7(4), G6, G7M, G6(9), G(#5), G(add9), G7M(#11), G4, Gm7,
Gm6, Gm7(b5), Gm7(9), Gm6(9), Gm(7M), Gm(add9),
Gm7(11), G7(9), G7(b9), G7(#9), G7(13), G7(b13), G7(#11),
G7(4), Ab6, Ab7M, Ab6(9), Ab(#5), Ab(add9), Ab7M(#11),
Ab4, G#m7, G#m6, G#m7(b5), G#m7(9), G#m6(9),
G#m(7M), G#m(add9), G#m7(11), Ab7(9), Ab7(b9), Ab7(#9),
Ab7(13), Ab7(b13), Ab7(#11), Ab7(4), A6, A7M, A6(9), A(#5),
A(add9), A7M(#11), A4, Am7, Am6, Am7(b5), Am7(9),
Am6(9), Am(7M), Am(add9), Am7(11), A7(9), A7(b9), A7(#9),
A7(13), A7(b13), A7(#11), A7(4), Bb, Bb6, Bb7M, Bb6(9),
Bb(#5), Bb(add9), Bb7M(#11), Bb4, Bbm7, Bbm6, Bbm7(b5),
Bbm7(9), Bbm6(9), Bbm(7M), Bbm(add9), Bbm7(11), Bb7,
Bb7(9), Bb7(b9), Bb7(#9), Bb7(13), Bb7(b13), Bb7(#11),
Bb7(4), B6, B7M, B6(9), B(#5), B(add9), B7M(#11), B4, Bm7,
Bm6, Bm7(b5), Bm7(9), Bm6(9), Bm(7M), Bm(add9),
Bm7(11), B7(9), B7(b9), B7(#9), B7(13), B7(b13), B7(#11),
B7(4).
149

APÊNDICE D – Lista de conteúdo de técnica (Métodos 1, 2, 3, 4)

Técnica

Método 1 Postura ao bandolim


Posicionamento da mão direita
Como segurar o bandolim
Posicionamento da mão esquerda
Como afinar
Palhetada (baixo, cima)
Trêmolo
Uso do quarto dedo
Glissando
Apojatura
Grupeto
Mordente
Trinado

Método 2 Posicionamento da mão esquerda


Postura ao bandolim
Posicionamento da mão direita
Posicionamento da palheta na mão
Como afinar
Número dos dedos (mão esquerda)
Palhetada (baixo, cima)
Exercícios de intervalos
Trêmolo (exercícios)
Dica de digitação para escalas
Apojatura
Grupeto
Trinado
Cordas dupla

Método 3 Afinação
Posicionamento da mão direita
Posicionamento da mão esquerda
Postura ao bandolim
Palhetada (baixo, cima)
Exercícios por corda
Trêmolo
Exercícios: escala, harpejo
Trêmolo
150

Apojatura
Grupeto
Ligadura
Trinado
Cordas duplas

Método 4 Afinação
Palhetada (baixo, cima)
Postura ao bandolim
Posicionamento da mão esquerda
Posicionamento da mão direita
Posicionamento da palheta na mão
Exercício elasticidade
Trêmolo (exercícios)
Exercícios palhetada
Exercíco mão esquerda (para violino)
Exercícios de intervalos
Exercício de palhetada em grupos
Exercício passagem de acordes
Apojatura
Mordente (superior, inferior)
Apojatura dupla
Grupeto
Glissando
Harmônicos
Pizzicato
Estacato
Vibrato
Trinado
Efeito de intervalo de 2ª menor
Efeito da corda solta
Mudança de posição
151

APÊNDICE E – Lista de conceitos de teoria musical (Métodos 7, 8)

Conceitos de teoria musical

Método 7 Extensão
Semitom
Nome das notas por corda
Número dos dedos, e corda solta
Afinação

Método 8 Partes do bandolim


Partes das figuras rítmicas (cabeça, haste, colchete)
Siglas das notas musicais
Pauta musical (linhas, espaços)
Notas musicais na pauta
Compasso
Barra de compasso
Clave de Sol
Figuras rítmicas (semibreve, mínima pontuada, mínima, semínima pontuada,
semínima, colcheia); Barra dupla
Fórmula de compasso (2/4, 3/4, 4/4, 6/8)
Tempos do compasso
Pausa
Afinação
Acorde no diagrama
Acidentes (menor, sustenido, dobrado sustenido)
Formação de tríades e tétrades
Tonalidade maior e relativa menor
152

APÊNDICE F – Lista de acordes (Método 7, 8)

Acordes

Método 7 C, Dm, G, G7, Cm, Db, D, Em, A, A7, Gm6, E, F#m, B, Am6, F, Gm, Bb, C7, Fm,
Bbm, Am, Am7(b5), Cm, D7, E7(omit3), E7, Bº, Dm6, E, B, C#m, F#7(9), F#,
Bm, C#º, F#7(b13), C#, D#m, G#, G#7, C#m, Eb, Fm, Bb, Bb7, D#m, G#m, A#,
A#7, C#7, F#m, Ab, A#m, D#, Bb, F, E#7, F7 omit3, E#7 (omit3), B#m.

Método 8 A, Am, A7, A7(9), A+, Aº7, A6, Am6, A7M, Am7, A7(+5), A7(b5); Ab, Abm, Ab7,
Ab7(9), Ab+, Abº7, Ab6, Abm6, Ab7M, Abm7, Ab7(+5), Ab7(b5); B, Bm, B7,
B7(9), B+, Bº7, B6, Bm6, B7M, Bm7, B7(+5), B7(b5); Bb, Bbm, Bb7, Bb7(9),
Bb+, Bbº7, Bb6, Bbm6, Bb7M, Bbm7, Bb7(+5), Bb7(b5); C, Cm, C7, C7(9), C+,
Cº7, C6, Cm6, C7M, Cm7, C7(+5), C7(b5); C#, C#m, C#7, C#7(9), C#+, C#º7,
C#6, C#m6, C#7M, C#m7, C#7(+5), C#7(b5); D, Dm, D7, D7(9), D+, Dº7, D6,
Dm6, D7M, Dm7, D7(+5), D7(b5); Db, Dbm, Db7, Db7(9), Db+, Dbº7, Db6,
Dbm6, Db7M, Dbm7, Db7(+5), Db7(b5); E, Em, E7, E7(9), E+, Eº7, E6, Em6,
E7M, Em7, E7(+5), E7(b5); Eb, Ebm, Eb7, Eb7(9), Eb+, Ebº7, Eb6, Ebm6,
Eb7M, Ebm7, Eb7(+5), Eb7(b5); F, Fm, F7, F7(9), F+, Fº7, F6, Fm6, F7M, Fm7,
F7(+5), F7(b5); F#, F#m, F#7, F#7(9), F#+, F#º7, F#6, F#m6, F#7M, F#m7,
F#7(+5), F#7(b5); G, Gm, G7, G7(9), G+, Gº7, G6, Gm6, G7M, Gm7, G7(+5),
G7(b5); Gb, Gbm, Gb7, Gb7(9), Gb+, Gbº7, Gb6, Gbm6, Gb7M, Gbm7, Gb7(+5),
Gb7(b5).
153

APÊNDICE G – Lista de conteúdo de técnica (Métodos 7, 8)

Técnica

Método 7 Posicionamento da palheta na mão

Postura para posicionar o bandolim

Posicionamento da mão esquerda

Posicionamento da palheta nos dedos da mão direita

Método 8 Postura para segurar o bandolim


154

APÊNDICE H – Método A Arte de Tocar Guitarra Baiana - ATGB

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