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© SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ®

Edição Julho de 2015


© Sociedade Brasileira de Eubiose ®
AULA Nº 26
Capa: quadro Pilgrim in Felsental - Autor: Carl Gustav Carus
Adaptação da capa: Angelina Debesys A CRIATURA HUMANA
Projeto gráfico e diagramação: Giseli Bedoian

Este documento é parte do Curso Peregrino da Sociedade


Brasileira de Eubiose, na modalidade EAD, disponível no
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EAD - Peregrino - Módulo 6 - Aula Nº 26 EAD - Peregrino - Módulo 6 - Aula Nº 26
A CRIATURA HUMANA A CRIATURA HUMANA

CONSTITUIÇÃO DA CRIATURA HUMANA orgânico, biológico, o menos vibrátil dos componentes da criatura
humana, é o veículo de todos os outros seis princípios, na classifi-
cação setenária. Sendo assim, é o corpo denominado, em sânscrito,
É prudente considerar que qualquer tentativa em classificar a
Sthûla – upâdhi. O que naquela teoria denomina-se Kârana – upâdhi,
natureza humana resulta apenas num resumo didático para atender
o corpo causal, constituído dos quinto e sexto princípios, respectiva-
as necessidades limitadas do intelecto, impostas pelas faculdades
mente, o Buddhi (intuição) e o Manas – arûpa (mental abstrato), é o
de examinar, analisar e comparar. O predomínio dessas faculdades,
veículo do sétimo princípio (átmico ou crístico). Diz-se corpo causal
próprias de um mental concreto, discursivo, incentivadas no modelo
por ser o veículo da causa de tudo que constitui a existência huma-
competitivo da sociedade humana, produz um entendimento incom-
na: o sétimo princípio. Sendo o de maior grau vibratório esse princí-
pleto, fragmentado, sem a abrangência de um conjunto que poderia
pio não pode ser considerado veículo de coisa alguma, porque nada
ser proporcionado pela percepção favorecida por abstrações e lam-
existe acima dele, no ser humano, trata-se pois da Essência que é
pejos da intuição.
veiculada por todos os subjacentes. É o Âtmâ Individual, o Cristo
Todavia, qualquer que seja a tipologia ou a classificação dos Interno, o Ego ou Eu Superior de cada criatura humana.
componentes da natureza humana, baseada nas fontes da Sabe-
No Ocidente, o conceito que mais se aproximou da teoria do
doria Iniciática das Idades, servirá em muito como ponto de partida
trikâya veio do filósofo grego Plutarco (45 – 120 d.C), pelo fato dele
para a compreensão dessa maravilhosa obra da Criação.
ter considerado o ser humano um conjunto formado por Espírito
A diversidade de nomes e fontes teóricas de classificações (nous), Alma (psique) e Corpo (soma). Além disso, o filósofo relacio-
orientais não conta com equivalências tão suficientes e precisas nas nou a origem de cada um dos componentes, respectivamente, com
fontes de estudo do Ocidente. os Mundos: Divino, Celeste e Terreno, representados simbolicamen-
Conforme a teoria oriental do trikâya, a classificação baseada te como “Sol, Lua e Terra”.
no simbolismo das tríades propõe que a criatura humana seja ob- Citando H. P. Blavatsky, Henrique José de Souza, em seu li-
servada como um conjunto constituído por Espírito, Alma e Corpo,
vro “ Os Mistérios do Sexo”, comenta que desde o desaparecimento
assim como a unidade do Universo consiste no Princípio Divino, o
daquela Mestra os clássicos conceitos da setenária constituição do
conjunto de Seres Celestes e a Humanidade. A partir dessa teoria,
ser humano sofreram profundas modificações tanto nas suas expo-
uma doutrina mais oculta refere-se a vestes (kâyas, em sânscrito)
sições quanto nas suas interpretações.
correspondentes a manifestações da Divindade, relacionando-as ao
corpo triplo do Universo e recebendo os nomes funcionais de Nirmâ- Em que pese a confusão entre os conceitos sobre princípios,
nakâya, Shambhogakâya e Dharmakâya. vestes, veículos, corpos, em parte pela tradução imprecisa, espe-
cialmente das palavras sânscritas, a chave analógica surge como
Aplicando a teoria do trikâya para o estudo da criatura huma-
recurso valioso em auxílio àqueles que buscam perceber as seme-
na, passaremos a considerá-la constituída de três vestes ou veícu-
lhanças decorrentes da constituição do Universo e da criatura hu-
los, em sânscrito, denominados upâdhis. Grosso modo, upâdhi, veste
mana, visto que esses têm por origem o Princípio Absoluto.
ou veículo, é o que serve para transportar algo que é superior na
escala evolucionária, algo mais sutil ou de maior estado vibratório. Como já foi mencionado anteriormente, o ser humano é Uno-
De acordo com esse ponto, podemos dizer que o corpo físico denso, Trino; a trindade nele é composta de Espírito, Alma e Corpo.

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A CRIATURA HUMANA A CRIATURA HUMANA

Nesta aula apresentaremos algumas considerações da Sa- pelos pensamentos e emoções desajustadas é sensato concluir que
bedoria Iniciática sobre o Corpo e a Alma. essa é uma enfermidade que só poderá ter sua cura por algo que
O que se concebe como Corpo humano é, do ponto de vis- transcende esse nível de desarmonia, o que é reconhecido como
ta esotérico, não só um conjunto organizado de matéria atômica e sendo o poder da Vontade. A desarmonização da mente e do emo-
reações bioquímicas, mas, também, um componente hiperfísico, cional gera o desequilíbrio no fluxo da energia vital, desfavorecen-
etérico, que permeia aquele como verdadeira rede de condutos, do o organismo humano no seus poderes de assimilação e de ex-
interligando pontos de concentração e distribuição de energia vital creção, por exemplo. Em “A Ciência da Respiração”, Rama Prasad
(Prâna), sem o que estaria impossibilitada a vida biológica em todos considera que o fluxo vital transita por dutos imateriais, hiperfísicos,
os detalhes da criatura . Sendo assim, de forma didática, considera- etéricos, portanto, denominados nâdis (em sânscrito, tubos) condu-
-se que o Corpo seja visto com esses dois veículos: o físico den- tores de diversas diferenciações do prâna. Nos ensinamentos ayur-
so ou bioquímico e o vital ou duplo-etérico. Por outro lado, o que védicos sobre cinco modificações da energia vital em que o tattwa
se considera como Alma é dito que sua constituição resume-se em vâyu está presente (“os cinco ares, alentos, ventos ou espíritos vi-
dois componentes ou veículos: o emocional ou astral e o mental tais”), por exemplo, o prâna vata governa o ritmo respiratório e da
inferior, concreto ou de maior foco na materialidade dos fenômenos digestão, portanto, o poder da assimilação. Por outro lado, o apâna
da Natureza. Físico, vital, emocional e mental inferior estão perfei- vata regula o poder de eliminação dos detritos, particularmente dos
tamente entrosados e funcionam ao mesmo tempo. Isso equivale a resíduos inservíveis do tubo digestivo. Vale lembrar que tais saberes
dizer que Corpo e Alma agem simultaneamente, por reflexos con- datam da época em que foi escrito o Bhagavad-Gîtâ, aproximada-
dicionados, afetando-se reciprocamente, explicando os movimen- mente há 3.000 anos antes da era cristã.
tos automáticos e involuntários da natureza inferior do ser humano. Havendo equilíbrio entre prâna e apâna, o homem goza de
Todavia, conforme os comentários do Prof. H.J. Souza, no artigo saúde, alegria, dinamismo, bem-estar. A preponderância de apâna
“O Rei do Mundo” (capítulo IV), pode a criatura humana aplicar o gera distúrbios intestinais os mais diversos, com repercussões gêni-
conhecimento metafísico das Leis do Ser e da Natureza em direção to-urinárias , disfunções sexuais e outros quadros na base do abdo-
aos movimentos automáticos, operados numa dimensão denomina- me, sem falar dos sintomas psicomentais associados. O excesso de
da subconsciente, como parte de seu veículo emocional ou também prâna vata leva à superexcitação nervosa, preocupação excessiva,
conhecido por “corpo astral”. insônia, distúrbios do ritmo respiratório, dores de cabeça devido ao
Assim é que, quando a Alma sente-se fragilizada, o físico acúmulo de tensão.
sofre as consequências, principalmente naqueles que utilizam com Na China, Lao – Tsé (604 a.C.), no taoísmo, propôs a exis-
maior intensidade as faculdades do intelecto sem o correspondente tência de dois princípios responsáveis pela dualidade de algo que é
repouso que a Natureza lhes cobra por força de suas sábias leis. único para explicar a Vida . Denominou-os yin e yang, expressões
A medicina desse Terceiro Milênio, quando penetrar no campo me- da lei universal dos opostos complementares, lei da dualidade do
tafísico, descobrirá que grande parte das doenças tem origem nos mundo manifestado nos termos da palavra autorizada do médico
desajustes da Alma e que as disfunções e muito das lesões orgâni- teósofo Dr. Eduardo Alfonso, autor de esclarecedoras obras, entre
cas são apenas reflexos ou efeitos de uma causa que está ausente as quais: “La Religion de la Naturaleza”.
no corpo físico. Se a doença origina-se nos desequilíbrios gerados A acupuntura, fundamentada na tradição taoísta, reconhecen-
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do essa dualidade na criatura humana, tenta equilibrar essas forças Corpo à ação.
opostas, porém complementares, atuando nos pontos de conexão A Mente (Manas, em sânscrito) abrange dois campos de per-
entre as ramificações nervosas da superfície do corpo físico e a rede cepção: o concreto (objetivo),do mental inferior (Manas-rûpa, em
etérica do veículo vital, utilizando-se originalmente de estímulos sânscrito) e o abstrato (subjetivo), do mental superior (Manas-arûpa,
com pontas de agulhas, pode produzir resultados surpreendentes dos teósofos). A mente concreta (Manas inferior, Manas-rûpa) afe-
para a saúde. ta diretamente a Alma por ser parte dela. É o campo onde se pro-
cessa o pensamento. Do autor de “Magnetismo Pessoal”, Hector
Durville, consideremos algumas de suas informações: “ Um pensa-
mento qualquer que nos ocorre faz vibrar a nossa matéria mental, e
as suas vibrações comunicam-se em torno de nós por ondulações
análogas às dos movimentos ondulatórios que se observam na su-
perfície de uma água tranquila à qual se atirou uma pedra e tudo
entra na ordem ao cabo de alguns instantes, se a impressão não foi
O Corpo é o veículo que proporciona à Alma transformar-se e
muito forte. Mas, se o pensamento se impõe à nossa atenção, se
aprimorar-se no presente estágio da evolução humana. Respiração
é intenso, se se apresenta muitas vezes no campo da consciência,
e alimentação são alicerces indispensáveis para suas demais fun-
se a impressão é forte, põe em movimento certa quantidade de for-
ções. Os nutrientes obtidos da Natureza possibilitam a fixação das
ça mental, que circula constantemente em torno de nós. Esta força
forças sutis, os elementos ou tattwas constituintes do prâna que, ge-
atrai a si a matéria astral que acaba por nos envolver (...) uma ema-
nerosamente, nos é ofertado pelo ar atmosférico. O corpo equilibra-
nação de nós mesmos (...) atraindo os pensamentos semelhantes
do em suas funções é uma das grandes conquistas da criatura hu-
que pareciam adormecidos e aumentando a intensidade de ação
mana, e particularmente para aquele que se propõe ao caminho da
dos que estão ainda em atividade”. Depreendemos que nesse men-
iniciação. Desde a antiguidade reconhece-se essa condição, como
tal inferior há necessidade contínua da organização do pensamento
se lê na citação latina: “mens sana in corpore sano” (mente sã num
e aprender a bem pensar para favorecer melhor o aprimoramento da
corpo são).
natureza humana e do meio onde ela faz parte.
Se na Alma processa-se a evolução humana, é o Espírito a
Como estamos vendo, os quatro veículos (o físico, o vital, o
Causa dessa evolução, o seu dínamo como expressão da Vontade,
emocional e o mental inferior) são dinâmicos e agem em sincro-
como partícula da própria Divindade no interior de cada criatura.
nia tão perfeita que os confundimos e atribuímos todas as nossas
Evoluir é transformar a vida-energia em vida-consciência, ou seja,
funções como se fossem apenas pertencentes ao veículo físico, às
é transformar o dinamismo inconsciente em atividade consciente.
suas vísceras, aos seus sistemas orgânicos. Assim, equivocada-
A Alma (psiquê) é a parte da natureza humana que se aprimora,
mente supomos que o pensamento é formado no cérebro; quando
que evolui. É constituída, como já mencionamos anteriormente, pe-
temos uma sensação, atribuímos o fenômeno como se exclusivo
los veículos emocional (sede das emoções, sentimentos, desejos)
dos nervos sensitivos; quando amamos ou odiamos, achamos que
e mental inferior (sede dos pensamentos, raciocínio, interpretação).
essas emoções são geradas dentro do peito, no coração.
Portanto, não é o Corpo que sente e pensa, mas a Alma. A Alma é
a sede de todos os impulsos, negativos ou positivos, que obrigam o Através dos órgãos dos nossos cinco sentidos, captamos

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impressões do mundo físico que nos cerca. Essas impressões im- Devido à interligação e sincronização desses quatro veículos,
primem um movimento de energia na rede vital e são transmitidas quando ocorre um desequilíbrio em um deles, surgem desequilíbrios
à Alma onde despertam sensações, sentimentos, desejos, pensa- nos outros três.
mentos. Esses, por sua vez, desencadeiam uma série de mecanis-
mos anímicos, sustentados pelas modificações da energia vital, re- A TRÍADE ESPIRITUAL
sultando em respostas orgânicas as mais diversificadas na criatura
humana. Este é, em princípio, o mecanismo da ação. Como o Corpo
Vimos que a função do Corpo é a de suporte da evolução; na
é apenas o suporte para a exteriorização dos pensamentos, emo-
Alma é que se processa a evolução; o Espírito é a causa, o dínamo
ções, sentimentos e desejos, sofre as consequências dos desequi-
que impulsiona a evolução, pois expressa a Vontade. Esses três
líbrios da Alma.
princípios agem como um todo, porque o homem, em si, é um todo,
Para a evolução, há necessidade de ação. Com as ações, boas como a Divindade Manifestada também o é. Por Espírito, entende-se
ou más, vamos adquirindo experiências que se transformam em co- como algo diferente de Corpo e Alma, mais complexo e hierarquica-
nhecimento e dessa forma vamos formando a nossa consciência. mente superior por ser constituído de três princípios: o mental supe-
O conhecimento nos leva ao discernimento, o que nos permite dis- rior ou abstrato, o búdico e o átmico (do sânscrito, âtman).
tinguir o certo do errado. Podemos dizer que o Corpo humano não
O mental superior processa os sinais do plano da abstração, do
evolui na intensidade que evolui a Alma, mas a ela se amolda para
mundo mental abstrato onde se pode perceber a manifestação das
atendê-la em suas necessidades. As mudanças na Alma exigem
Leis Universais e Naturais, fonte de referências, como diz Dr. Eduar-
processos de transformações a longo prazo, por conter impressões
do Alfonso, para “os grandes conceitos sobre a evolução, os ciclos, a
ancestrais determinantes de muitos dos nossos impulsos, fora do
gravitação, e as ideias básicas ou substanciais acerca dos seres” ( La
controle dos recursos da nossa rotina diária. Mas, para aqueles que
Religion de la Naturaleza, ed. Kier). Quanto ao búdico (do sânscrito,
decidirem por essa jornada, cabe aqui o conselho do sábio indiano
buddhi), no Glossário Teosófico de H. P. Blavatsky há informações
Sri Aurobindo: “A primeira coisa necessária é quietude na mente”
de que se trata da faculdade discernidora da intuição,discernimento
(“Em direção à nova consciência”, ed.Três).
espiritual que independe das impressões vindas do exterior. Sri Au-
Em resumo temos aqui as partes e algumas atividades da na- robindo considera que essa faculdade discernidora, a qual denomi-
tureza humana: nou supramente, tem em seu caráter fundamental o conhecimento
- Pelo veículo mental: pensamos, duvidamos, raciocinamos etc. por identidade, o conhecedor, sendo um com o conhecido e que,
- Pelo veículo emocional (astral): sentimos, nos emocionamos, a partir da pressão das forças nascidas de um plano supramental,
nos preocupamos etc. correspondente no Cosmo (Mahâbuddhi, “ Alma Universal”, “Mente
Universal”), agindo sobre nossa consciência mental, atual, é que se
- Pelo veículo vital: abastecemo-nos de prâna (energia ou força
efetuará o próximo passo evolutivo da criatura humana. Na palavra
vital) para preservar a saúde física.
daquele sábio indiano: “ Agora a supramente deve descer de modo
- Pelo veículo físico: movemo-nos, deslocamo-nos no plano da a criar uma raça supramental” (“Em direção à nova consciência”,ed.
matéria densa. Três, Biblioteca Planeta). Comentando as palavras de um dos
Mahatmas trans-himalaios, da Linha dos Kut-Humpas, que afirmava
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que “o melhor e mais importante Professor é o Sétimo Princípio de tendo por tônicas o mental abstrato e particularmente o búdico ou
cada homem, encontrado no Sexto”, o Prof. H. J. Souza esclareceu a intuição e seus sentidos correspondentes: clariaudiência e clarivi-
que esse Sexto princípio não é outro senão o búdico (buddhi), “es- dência para a percepção do estado radiante da matéria, nos dizeres
tado permanente de intuição nos Seres Superiores, momentâneo daquele Autor. Os membros da SBE estão cientes também do sur-
ou parcial, nos chamados gênios”; “o estado de consciência em que gimento concomitante de uma sétima sub-raça denominada atabi-
se sente a Unidade com o Universo, sem indício de sentimento de mânica, correspondente à tônica daquele Sétimo Princípio, átmico
separação” e, portanto, para desenvolvermos aquele Sétimo Prin- ou crístico, que, ao longo desse milênio, completará a etapa final e
cípio “temos que o fazer através do Sexto” (“O que é intuição”, re- apoteótica da atual Quinta Raça Mãe ou Raiz , a Ariana.
vista Dhâranâ 87/88,1936). A esse Sétimo Princípio, denominamos A criatura humana pouco sabe a respeito do Espírito e, embo-
também de princípio átmico ou crístico (do grego, Christos, com o ra, ela tente entendê-lo com a mente racional, lógica, comparativa,
sentido de purificado, ungido, iluminado). Com esse princípio de- discursiva, pouco saberá dessa Realidade Única, que é o Divino no
senvolvido, pode a criatura humana, após conquistadas as etapas ser vivente, o seu verdadeiro Ser, o que há em si que é imortal por
evolucionárias precedentes, ter consciência do mundo das causas conter a Centelha Divina dos teósofos, o âtman do Hinduísmo, a in-
que levaram á formação do Universo, o plano átmico universal ou o divisível fração do Espírito Universal ou Paramâtman (em sânscrito).
Nirvâna. Nesse estado, segundo a linguagem esotérica do Oriente, Desenvolver os veículos mentais superiores para perceber a exis-
a criatura humana ou o jîva (em sânscrito), torna-se um nirvâni (o tência do Espírito é o processo transcendente que poderá auxiliá-la
que alcançou o Nirvâna em vida), um Arhat, um Adepto, um jina, nessa busca.
um Mahâtman, um jîvanmukta que, segundo comentários dos Afo-
O Espírito tem três veículos de natureza divina ou cósmica, por
rismos de Patañjali, chegou à condição de um Ser Perfeito e, com
enquanto, princípios que estão latentes no ser humano comum. Di-
sua poderosa inteligência e santidade, alcançou a condição semidi-
zemos latentes porque ainda não estão em plena atividade, mas
vina, mantendo-se ligado ao corpo físico para ajudar o progresso da
que constituirão um estado permanente em todas as criaturas, sem
humanidade. Em número expressivo, esses Adeptos organizados
distinção alguma, nas gerações futuras do ciclo final da Raça Ariana.
em confrarias secretamente distribuídas em várias partes do planeta
estão sob a direção suprema do Governo Oculto do Mundo. Nesse Na filosofia Vedanta, as três faculdades do Espírito são os mes-
ponto vale a pena lembrar palavras do escritor Aníbal Vaz de Melo mos atributos inseparáveis e fundamentais de Brahman, a Divindade
na sua obra “A Era do Aquário”: “O Governo Oculto do Mundo já Manifestada. Em língua sânscrita: Ânanda, Chit e Sat são os nomes
está preparando uma nova Raça para habitar o Planeta. É o sexto desses atributos. Sri Aurobindo, em sua visão evolucionária, usa a
Ramo, a sexta Sub-Raça da Quinta Raça (Raiz) Ariana (...) A Raça expressão saccidânanda com vários significados que caracterizam
Vindoura se manifesta, atualmente, pelo desenvolvimento do sexto os atributos da imutabilidade eterna (Sat), da consciência verdadei-
sentido - a intuição –, em milhões de pessoas por todos os recantos ra (Chit) e da suprema felicidade ou bem- aventurança (Ânanda).
da Terra”. Entre os membros da Sociedade Brasileira de Eubiose O princípio trino da existência, consciência e felicidade, constitui-se
(SBE), estudiosos da Antropogênese, como um dos acervos da Sa- de faculdades que a Mente humana comum (mental concreto) não
bedoria Iniciática das Idades, a “nova Raça” citada por A. Vaz de consegue conceber, por estar rotineiramente dependente das im-
Melo, em verdade, é a sexta sub-raça ariana denominada bimânica pressões externas captadas pelos nossos incompletos sentidos.

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- Ânanda - usaram, em todas as épocas, nos seus ensinamentos, a linguagem


É um estado interior de suprema felicidade; é o que os cris- simbólica, com suas analogias e alegorias, sem sentido lógico para
tãos identificaram como estado de bem- aventurança conquistado, a mente comum do ser humano, pois o que eles alcançaram, pelas
tal como os budistas, pelo caminho da virtude. faculdades do Espírito, não tem como ser transmitido em linguagem
usual e racional, para a qual esse conhecimento parece um absurdo.
Se compararmos Ânanda a um oceano, a maior e mais pura
alegria que já alcançamos na vida ainda assim seria como uma gota A linguagem de Chit manifesta-se nos profundos estados da
d’água em relação àquele. É um estado cósmico no interior do ser, quietude mental, o que pode ocorrer no evoluir das práticas seguras
não se trata de uma emoção por mais nobre e benfazeja que seja, do processo iniciático ou mesmo após esgotar os recursos da mente
mas é muito mais, é um estado de ser. É estado de divinização concreta em busca de soluções para problemas de grande comple-
da criatura humana em sua plenitude como Unidade e como a Di- xidade ou transcendência.
vindade que deu origem a tudo no Universo, o Brahman, o Deus - Sat -
Manifestado, o Jeová das escrituras sagradas dos judeus. Comen- É onipotência, é todo poder cósmico. Imaginemos a força ines-
tando sobre o mito grego de Eros e Psiquê, o autor de “Ocultismo gotável emanada da Unidade de onde tudo surgiu, para termos uma
e Eubiose”, Laurentus, observa que, à luz da iniciação, essa repre- ideia grosseira de Sat. São todos os poderes cósmicos, os que garan-
sentação corresponde ao Espírito e Alma; essa, em busca daquele, tem a gravitação, os que mantêm os corpos celestes em equilíbrio, os
tendo que, para isso, percorrer um caminho lento e doloroso qual a que mantêm a vida em todas as suas formas de evolução etc.
de outro personagem mitológico denominado Édipo. O encontro de
Existem várias maneiras de conceituar a Divindade Manifesta-
Psiquê com Eros, “seu divino esposo”, ou da Alma com o Espírito,
da, o Deus Único de todas as religiões, assim como pode ser apre-
transcende as interpretações equivocadas da mente inferior, pois
sentado por qualquer de uma de suas três facetas, como bem sin-
não se trata aqui de um amor carnal, mas de um divino amor, amor
tetizou o Prof. H. J. Souza, em um dos seus pensamentos na seleta
espiritual no mais sagrado interior da criatura humana, porque Eros
do “Pequeno Oráculo”: “Deus é a energia cósmica, universal, que
(Cupido, no latim) alegoriza a faceta mais universal do Espírito, o
habita dentro de você e de tudo o que existe nos universos infinitos,
Augoeides dos gnósticos, o Princípio Crístico, Átmico ou o Sétimo
dando-lhes vida e força (...)”.
Princípio dos teósofos. Para os antigos gregos, séculos antes da era
cristã, a imagem de eudaimonia referia-se à aspiração máxima da O tríplice aspecto divino encontra-se em toda criatura e, por
alma, ou seja, alcançar o estado da suprema felicidade pelo cami- isso, a criação permanece existente. Só por isso continuamos, nós
nho da virtude, caminho que possibilita encontrar a Divindade em e o nosso mundo, como todos os seres. Ele está desperto em ordem
seu interior. hierárquica e crescente desde o reino mineral até o reino hominal,
onde caracteriza a individualidade na criatura humana e sustenta a
- Chit -
singularidade da alma. Pela lei da analogia, a correspondência ter-
É a onisciência como estado verdadeiro e total da consciência. nária da constituição da Divindade e da constituição do ser humano
Quando Chit se estabelece, a criatura humana, desperta, sintoniza- se reproduz em suas várias partes a começar pelo trinômio Corpo,
da com seu Deus interno, atinge o reservatório onde existe todo o Alma, Espírito, esse, em verdade, é uma tríade divina, a Tríade Su-
conhecimento cósmico. Os sábios iniciados, verdadeiros Mestres, perior assim compreendida:

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Ânanda é o princípio da Onipresença Por esse motivo, é sensato dizer que a criatura humana não
Chit é o princípio da Onisciência precisa confessar seus erros a outros, esperando que deles proceda
um julgamento confiável e seguro, mas tão somente deve expô-los
Sat é o princípio da Onipotência. a si mesmo. Se for capaz de discernir a “voz do Deus interior”, sem
confundi-Ia com impulsos egoístas, falsas orientações, preconceitos
Sendo assim, o homem como um microcosmo, similar em es-
ou superstições, não pode desejar melhor Conselheiro. Todo julga-
cala menor do macrocosmo, expressão da unidade-trindade divina,
mento é baseado num estado de consciência e, dessa forma, nin-
tem, em si, as possibilidades universais causadoras de todos os dra-
guém está em condições de julgar ninguém.
mas da criação.
Alguém que se apoia no julgamento de outro está fadado a
Produto e semente da Divindade, para poder realizar a fina-
distanciar-se de suas bases interiores e corre o risco de ser levado
lidade para a qual foi projetado no Infinito, o Espírito deve tomar
por falsos caminhos, dentre eles, o da felicidade ou, melhor dizendo,
uma individualidade mantendo-se a integridade. Para sua realiza-
o da pseudofelicidade. É possível que, no início de uma caminhada,
ção, aguarda a evolução da Alma. O Espírito é o impulsionador da
um apoio vindo em forma de sugestões ou esclarecimentos será
Alma, por meio da “voz da consciência”, o mental intuído, tal como
necessário se procedente de uma fonte segura, cujos resultados
insinuado na inspirada obra de H. P. Blavatsky, “ A Voz do Silêncio”.
práticos revelam sabedoria. Assim procedem os centros iniciáticos
Todo ser humano tem dentro de si essa voz que lhe distingue em auxílio aos seus discípulos, oferecendo seus ensinamentos para
o certo e do errado, conforme a capacidade de sua compreensão, a libertação integral deles, ao invés de atrelá-los em dogmas, supers-
tentando superar os impulsos negativos e estimular os positivos, tições, ameaças que os enfraqueçam internamente até sujeitarem-se
construtivos, harmônicos. a uma servidão fanática e medíocre.
No entanto, a maioria dos seres humanos não entende seus Os conhecimentos que são ministrados na Série Peregrino têm
sinais internos, os que procedem do fundo de suas Almas, de seus a intenção de direcionar os primeiros passos do árduo processo de
corações imateriais, e crê “serem tolices” esses sobreavisos, porque realização da criatura humana, mas é indispensável pôr em prática
o que lhe convém, no momento, é apenas usufruir do prazer ilusório esses saberes legados por outros, em estágios mais adiantados que
da existência, a todo custo, o que, por vezes, transgredindo Leis o nosso, como, por exemplo, os ensinamentos que fundamentaram
Universais e Naturais, suas tristes consequências terão ajustes sob a mentalização do globo azul, o exercício respiratório e a ioga dos
o rigor da Lei do Karma, Lei de Causa e Efeito. A maioria da humani- cinco elementos (os cinco tattwas ou forças sutis da Natureza).
dade prefere obedecer ao exame do intelecto baseado nas aparên-
Aprender a guardar ou acumular informações pode ser muito in-
cias da vida, seguindo a lógica do imediatismo, ao invés de aguçar
teressante, do ponto de vista da erudição, mas pouco resultado se
sua percepção baseada nos sinais de sua voz interior, respaldada
obtém para aquele que está decidido a transformar-se, a melhorar-se,
por uma faculdade muito mais veloz que se manifesta em meio à
sem perder de vista a felicidade para si e para todos que com ele con-
quietude da sua mente, búdica, intuitiva, de linguagem própria como
vive. Para isso, todo seu esforço de readaptação ao meio cósmico,
impulso bem determinado que aponta como um farol a direção mais
seja no micro ou macrocosmo, portanto, eubiótico, será uma decor-
segura, como eco que vem do íntimo, e compreensível segundo o
rência da prática de seus saberes, atendendo o rigor das Leis que
grau de verdade alcançado por cada um.
regem o Universo e a Natureza, incluindo a sua natureza humana.

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A CRIATURA HUMANA A CRIATURA HUMANA

Com a evolução, o que germina no ser humano é a sua cons- Lei de causa e efeito ou lei do Karma.
ciência espiritual, que vai desabrochando à medida que se desliga Entre as nidânas estão os sete pecados capitais: o orgulho,
progressivamente das amarras limitantes da matéria física, da vida a inveja, a ira, a cobiça, a gula, a luxúria e a preguiça. Esse, por
cotidiana, das vicissitudes do mundo e do mundo ilusório liberta-o exemplo, está dentro de um grupo de nidâna denominada, em lín-
finalmente da roda de Samsâra, que, em língua sânscrita, tem o gua sânscrita, indra-nigraha-karma por ser expressa como preguiça,
sentido de rotação, entendido no Hinduísmo como ciclo ou roda de indolência, inércia passiva etc.
nascimentos e mortes, o ciclo das reencarnações do ser humano no
curso evolucionário. Ensina-se que, para essa libertação definitiva, o Podemos dizer que as nidânas são aleijões da alma, defeitos
primeiro passo é nos conhecermos e descobrirmos a preponderân- ancestrais, falhas nas primeiras etapas da formação da natureza hu-
cia de nossas tendências positivas e negativas, para estimularmos mana, todavia não são irreparáveis como certos defeitos físicos. É
umas e superarmos outras, em linguagem iniciática, as skandhas possível superá-las com a vontade e exercícios. Com algum esforço
(ou skhandas) e as nidânas (em sânscrito). podemos libertar-nos do seus comandos, e isso não só adiantará
a nossa evolução como nos aproximará do estado da verdadeira
Skhandas são tendências positivas; são os impulsos que aten- felicidade na medida em que nos interessamos e auxiliamos a hu-
dem à voz da consciência, para governar sentimentos e pensamen- manidade no seu progresso material e espiritual.
tos, para modificar costumes obsoletos, para ir de encontro a algo
sempre mais elevado que dignifique e enobreça a vida humana, Skhandas são as virtudes; nidânas são os “pecados”, os defei-
para estabelecer o que é belo, bom e o que faz o bem, servindo à tos, as mazelas que, uma vez dominantes, conduzem a criatura à
humanidade reconhecendo nela o próprio reflexo da Divindade. degradação e ao prejuízo evolucional. Contudo, é direito da criatura
rejeitar o comando de qualquer mazela e, desse modo, progressi-
As nidhânas contrapõem-se àquelas e, na linguagem oculta do vamente afirmando sua determinação em melhorar, melhora tam-
Oriente, são consideradas “as doze causas do sofrimento”, dentre bém o meio onde vive, o que faz lembrar uma citação do Prof. H. J.
as quais incluem-se os chamados “pecados capitais”, adotados nos Souza: “O discípulo evolui por seus próprios méritos e, a si mesmo
ensinamentos cristãos. Estão impressas na natureza humana como transformando, transforma o mundo.”(“Pequeno Oráculo”, 2ª ed.).
tendências ancestrais, defeitos que se consolidaram pela repetição
de erros ou “más ações” no ciclo das várias existências. No entanto, A Lei Cármica, que nos parece ser fria, em verdade, ocorre em
pode a criatura superá-las, como já propunha a maior autoridade auxílio à evolução pelo ajustamento do ser por estar desequilibrado
conhecida do Râja-Yoga, Patañjali (700 a. C.), em “oito passos” dis- pelo predomínio das nidânas em relação às skhandas . Quando se
ciplinares para o aperfeiçoamento do corpo e dos aspectos moral, diz que o discípulo evolui, é porque começou a se controlar e usar
mental e espiritual. de seu direito em recusar ser dirigido pelo comando poderoso das
nidânas, todavia, para isso conta com forças especiais, mais refina-
A repetição dos atos negativos gera hábitos e vícios que conso- das, ou superiores, que, atendendo sua retidão de pensamento, sua
lidam as nidhânas, as quais se transmitem à próxima existência por boa intenção, sua nobre aspiração, o auxiliarão nos momentos crí-
intermédio dos chamados átomos permanentes. A voz interior que, ticos. Tais forças constituem uma realidade disponível na natureza
nos alerta e orienta, quando não atendida porque optamos por nos humana, sem a qual o predomínio do polo negativo, representado
deixar ser arrebatados pela força de alguma nidhânas, nada mais pelas nidânas, interromperia o curso evolucionário do ser. Aquelas
pode-se fazer a não ser tolerar o sofrimento, como fator de ajuste da

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A CRIATURA HUMANA

supremas forças expressam-se nos chamados “Oito Poderes do


Yogî”, despertos pela disciplina exigida no caminho do Râja Yoga,
conhecido iniciaticamente como o dos “oito passos do Yoga de Pa-
tañjali”. A título de ilustração, dentre os citados “Oito Poderes”, está,
por exemplo, o prâpti (em sânscrito): poder de transladar-se de um
lugar para outro, instantaneamente, por força da Vontade; poder,
também, de transferir a consciência para qualquer ponto do corpo
ou do Universo. O deslocamento instantâneo de um lugar para outro
pode ser grosseiramente entendido, em sua expressão incipiente,
num tópico sobre “exteriorização da sensibilidade e da motricidade”
onde o desdobramento é comentado por Hector Durville, como fe-
nômeno possível quando a consciência, agindo no sono, foi previa-
AULA Nº 27
mente e intensamente sensibilizada por um pensamento que tinha
um alvo a alcançar, por exemplo, um ente querido ou alguém que
AS FUNÇÕES DA ALMA
necessitasse de seu auxílio. Observa aquele Autor que, apesar de
se poder deslocar até à pessoa almejada, em “corpo astral” (veículo
emocional), “a maioria de nós não conserva nenhuma lembrança
dessa operação, que só é consciente para aqueles cuja evolução
chegou a certo grau” (“Télépathie.Télépsychie”, Hector Durville, 2ª
ed., 1919).

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AS FUNÇÕES DA ALMA AS FUNÇÕES DA ALMA

AS FUNÇÕES DA ALMA estabeleceram passos seguros para que a natureza humana receba
as vibrações da consciência superior de modo a não desajustá-la
mais ainda, condutas já referidas nas disciplinas preconizadas no
Dos ensinamentos do sistema filosófico Yoga, um dos quatro
Râja Yoga ou nos “oito passos de Patañjali”, o que, em resumo,
estados da Alma humana denomina-se jâgrat (em sânscrito), o que
dizem do preparo do corpo físico, intoxicando-o o mínimo possível,
para nós é a condição de vigília. É o estado em que estamos acor-
vitalizando-o com os exercícios prânicos ou respiratórios, aprenden-
dados e temos a consciência desperta para perceber o que há no
do a recursar os comandos das mazelas, habituando-se a meditar
exterior. Dessa forma, num simples vislumbre do olhar, vemos e
sobre temas transcendentes, aprendendo aprofundar-se na quietu-
captamos muito das impressões que estão ao nosso redor. Além
de da mente, interessando-se pelo progresso e pela felicidade da
desse estado, citam-se mais outros três: svapna (o estado de sono);
humanidade etc.
suchupti (o sono profundo sem sonhos); o turîya, uma espécie de ar-
rebatamento da Alma aos planos mais sutis do Universo, mantendo- No estado de jâgrat, a criatura humana, pelas janelas dos cinco
-se vinculada ao Corpo vivo, permitindo atingir o estado de elevada sentidos (jñânaindriyas, em sânscrito), toma contato com o mundo
consciência espiritual, descrito por H.P.B em “A Voz do Silêncio”. físico, percebendo-o limitado a três dimensões.
A criatura humana comum ou que tem a consciência mais atre- Todas as impressões assim captadas por intermédio do veícu-
lada ao veículo emocional do que ao veículo mental não conhece o lo vital, o duplo-etérico, e pela a ação dos tattwas, forças sutis que
estado pleno de jâgrat, pois, embora acordado, está no plano físico sustentam os sentidos e a percepção sensorial, atingem a Alma e,
frequentemente em uma espécie de sonolência. A sua consciência - dessa forma, ela entra em contato com o mundo físico. Como con-
que nessa condição podemos classificar de consciência física – está, sequência desse contato, a Alma reage da seguinte forma:
na sua maior parte, subconsciente, imersa e condicionada à força - Se for algo que agrada, reage pelo prazer: “eu quero... eu
dos hábitos, movida pelos desejos, sempre repetindo os mesmos gosto...”
movimentos não inteligentes, resistindo às mudanças em direção - Se for algo que desagrada, reage com repulsa: “eu não que-
às fontes mais luminosas da razão. Exemplo disso é o fato de que, ro... eu não gosto..”.
quando estamos trabalhando ou estudando, em vez de nossa aten-
Nesse movimento primário de atração e de repulsão, o veículo
ção ficar presa ao trabalho ou ao estudo, ela desloca-se para longe,
emocional como parte da Alma adquire experiência e, aos poucos,
levada por algum desejo ou por alguma preocupação. Sri Aurobindo
convoca a mente inferior para o exercício de suas funções, dentre
considera que, sendo o objetivo atual o da realização supramental
elas a de examinar.
(búdica, bimânica, dizemos nós), há uma urgente necessidade em
preparar a consciência física de vez que os estímulos da exterio- Da experiência obtida surge o conhecimento. Portanto, conhe-
ridade são predominantemente superiores aos da espiritualidade, cendo aquilo com o qual tomamos contato, expandimos a consciên-
mantendo-a atrelada aos movimentos do mundo exterior, como se cia. Em princípio, pode-se dizer que a consciência é imortal. Suas
para ela fosse a única realidade. Para aquele sábio indiano é para bases no nosso interior nos dão sobreavisos, considerando seu
dentro dessa consciência material que se deve trazer primeiro as acervo adquirido nas várias existências do ser humano, é algo que
vibrações da Tríade Espiritual (“Em direção à Nova Consciência”). se amplia e nos guia primariamente por impulsos. Se, ao invés de
Contudo, há que se lembrar dos sábios ensinamentos iniciáticos que limitar nosso contato precipitado pelo hábito de examinar, dermos

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AS FUNÇÕES DA ALMA AS FUNÇÕES DA ALMA

chance à capacidade em perceber pelo “coração”, ou o que está gênese denomina raça, tema, aliás, muito bem resumido pelo Prof.
no íntimo ou no âmago da nossa Alma, poderemos contar com um H. J. Souza em sua obra “Os Mistérios do Sexo”. Desse modo, não é
lampejo de intuição, do búdico, após o que, aí sim, aproveitaremos a cor da pele, nem o biotipo nem o temperamento que definem uma
a faculdade do mental concreto para a observação, a análise e con- raça e suas sub-raças, mas, antes disso, é o estado de consciência
clusão sobre o objeto do conhecimento. como potencial humano desenvolvido em determinado período evo-
A mente inferior ou concreta sob forte pressão da materiali- lucional do gênero humano, expresso no grau de refinamento dos
dade, dos estímulos da exterioridade, pode querer subordinar a sentidos, dos saberes e dos costumes. À luz da Eubiose, reconhe-
consciência, o que contraria a lei universal da hierarquia, resultan- ce-se que a Quinta Raça-Mãe completará seu ciclo de existência
do, portanto, o desconforto interno ou desarmonia, porém, quando com o surgimento de duas futuras sub-raças, a sexta e a sétima,
é essa, a consciência, que dá os primeiros sinais e é atendida, também denominadas bimânica e atabimânica, respectivamente,
recupera-se o equilíbrio e a harmonia como condição ideal na cria- com estado de consciência de seus componentes com muito maior
tura humana. grau de complexidade e universalidade do que é o dos dias atuais.
Didaticamente, diz-se que a consciência na condição de vigí- A Alma tem por destaque as faculdades do mental concreto e
lia ou desperta no plano físico, quando estamos acordados, pode as do corpo emocional. No atual estágio da evolução humana, ela
ser chamada de consciência física. Considerando a consciência em adquire conhecimento à custa dessas faculdades, de modo ainda
ação no campo dos sonhos, no estado onírico, quando dormimos, desgastante, e concorre para a expansão gradativa da consciência.
trata-se da consciência psíquica. E, finalmente, além desses esta- Todavia, sabem os Grandes Mestres - como foram Krishna, o Bu-
dos onde ela desperta nos diferentes períodos do dia, pode também dha, o Cristo, Maomé, Pitágoras, Lao-Tsé e tantos outros Grandes
despertar em planos mais sutis, arquetipais, nascedouros de causas Iluminados - que a Alma humana pode ter um auxílio especial para
que deram origem ao Universo, nesse caso, trata-se da consciência seu aprendizado quando a Verdade lhe é apresentada pelo método
espiritual ou superior. da insinuação, ao invés da imposição de ensinamentos. Por outro
lado, se a Alma aprender a se concentrar e a meditar, terá o máxi-
Ainda, como humanidade em geral, vivemos mais intensamen-
mo de aproveitamento sobre o ensinamento insinuado. Enquanto a
te na consciência física, mais sensibilizados pelos estímulos exterio-
concentração caracteriza-se pela fixação da atenção ao objeto de
res do que pelos estímulos superiores ou sutis da Alma, reflexos das
conhecimento, seja ele concreto ou abstrato, a meditação se carac-
emanações do Espírito.
teriza pela fluidez da corrente de pensamentos em torno do citado
Pode-se dizer que, pela lei da analogia, a consciência humana objeto. Grosso modo, meditar é como o desenrolar de um filme na
corresponde no microcosmo o que no macrocosmo é a Consciência tela, sem, no entanto, sair do tema. O poder da concentração auxilia
Universal. E, pela mesma lei, pode-se admitir que haja também um o da meditação, e vice-versa. No livro “Magnetismo Pessoal”, do au-
subconsciente ou uma subconsciência cósmica, muito bem obser- tor Hector Durville, pode-se ler: “A concentração é a arte de isolar-se
vado por Sri Aurobindo em seus comentários sobre a consciência das impressões do mundo exterior para forçar a atenção a vencer a
física. indiferença e a dominar, ao mesmo tempo, as forças físicas e psíqui-
Um aspecto importante expresso na expressão “estado de cas (...) é levar ao seu centro as forças dispersas, reunir toda nossa
consciência” é que ela é utilizada para caracterizar o que a Antropo- energia, fazer apelo a toda inteligência e vontade para vencer mais

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AS FUNÇÕES DA ALMA AS FUNÇÕES DA ALMA

seguramente os obstáculos que poderiam impedir-nos de chegar ao Além de adotar métodos característicos de um centro iniciá-
fim almejado. É dar-se de corpo e alma ao que se faz, para fazê-lo tico, como o da insinuação, da concentração e da meditação em
melhor e mais rapidamente.” torno de temas de abordagem transcendente, o Prof. H.J. Souza,
Denomina-se Dhâranâ o sexto anga (em sânscrito: parte) ou fundador da Sociedade Dhâranâ, juntamente com seus associados
sexto grau, etapa ou passo do Râja Yoga divulgado por Patañja- soergueram a Sociedade Teosófica Brasileira(STB) com os mesmos
li com o fim de disciplina máxima do aspecto mental por meio da propósitos tentados por H.P.Blavatsky na América do Norte, contu-
concentração. Há que se lembrar que o Prof. Henrique José de do, atualizados e acrescidos de compromissos preparativos para o
Souza, fundou no Brasil, em 1924, um núcleo de Fraternidade ao surgimento das sexta e sétima sub-raças da Raça Ariana, tendo o
qual deu o nome de “Dhâranâ – Sociedade Mental – Espiritualis- Brasil como sede de há muito anunciado em ocultas tradições do Hi-
ta”, por determinação de uma das Confrarias Brancas do Oriente, malaia. Em seu livro “O Verdadeiro Caminho da Iniciação”, capítulo I,
conforme ele mesmo noticiou em sua “Mensagem de Dhâranâ ao o Prof. H. Souza ofereceu inúmeros saberes para a real transforma-
Povo Brasileiro”. Essa passagem do acervo de saberes do Oriente ção no processo iniciático, abrangendo recursos para a readaptação
para o Ocidente por intermédio daquelas Confrarias e organizações com a Natureza, incluindo o sono; a alimentação segundo o tempe-
ocultas do Himalaia, constituídas por Adeptos, Nirvânis, Mahâtmâs, ramento e o equilíbrio dos humores; a posição da cama alinhada
Jîvanmuktas, e tantos outros Seres sob a direção direta do Governo às linhas magnéticas da Terra; a defesa astral do ambiente do lar
Oculto do Mundo, gerou impactos surpreendentes nos vários Ra- onde inclui-se a aplicação da Ciência dos Tattwas por meio das co-
mos do Conhecimento Humano, dentre eles o das artes, muito bem res magnéticas (as mesmas da ioga dos cinco elementos) e tantos
representado pelo pintor russo Nicholas Roerich, indicado ao prê- outros ensinamentos de imenso valor prático. Posteriormente, seus
mio Nobel por duas vezes, autor do livro “No Coração da Ásia” e de seguidores atualizariam a STB passando a denominá-la Sociedade
maravilhosos e reveladores quadros como o “Burning of Darkness”, Brasileira de Eubiose, adaptada às exigências da Era de Aquarius,
“Messenger of Shambhala”, “Treasure of the Mountain” e outras tan- para o início desse terceiro milênio, mantendo seus propósitos ante-
tas famosas pinturas. riores bem como o lema expresso no seu brasão - a citação latina do
“Spes messis in semine” (a esperança da colheita está na semente)
Em artigo enviado pelo Prof. Francisco Valdomiro Lorenz à re-
– que, por si só, fala da sementeira da nova civilização, nascedouro
cém-fundada Sociedade - Mental-Espiritualista - da qual se tornou
das sexta e sétima sub-raças da Quinta Raça-Mãe.
sócio honorário juntamente com H. Durville, A. Besant, Jean Bour-
geat e outros luminares do círculo espiritualista - comentava-se que Dentre as Chaves do Saber, para apresentação do Conheci-
essa Instituição adotara por nome, “Dhâranâ”, palavra que em sâns- mento, estão aquelas que fazem uso da simbologia, uma vez que
crito procede da raiz “dar”, com o significado de segurar ou manter, seus recursos têm a dupla vantagem de servir objetos de concentra-
raiz que também dá origem à palavra Dharma (o dever, a virtude). ção e meditação e de proteger as pérolas da Sabedoria Divina dian-
Sobre o uso da palavra Dhâranâ, naquele centro ou colégio iniciá- te das interpretações equivocadas e maliciosas da mente inferior.
tico, explicava tratar-se de um estado complexo do poder da mente Para poder divulgar o Conhecimento Divino, a Sabedoria ou Ci-
e da Vontade: “intensa e perfeita concentração em algum objeto in- ência das Idades, uma vez que essa verdadeira e profunda Sabedo-
terno, com abstração completa de todo o exterior.” (rev. Dhâranâ nº ria não é possível ser bem explicada por meio da linguagem comum,
0, set/1925). a Eubiose lança mão de símbolos, como por exemplo, o que segue:

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AS FUNÇÕES DA ALMA AS FUNÇÕES DA ALMA

divinos que os dirigiam até àquela fase. Entretanto, em virtude da


“falta de prática do uso do mental”, surgiu o erro; e, com o erro, o
DIVINO
Karma como mecanismo natural do ajuste necessário à harmonia
do TODO. O mental interrompeu o estado paradisíaco e lançou a
criatura na busca do seu caminho pelos seus próprios esforços.
TERRENO

DIVINO
O símbolo apresentado é para expressar o ser humano nos
seus primórdios, ainda em sua formação como o da Terceira Raça-
-Mãe (Lemuriana), constituído dos princípios divinos (tríade supe- MENTAL
rior) ligados diretamente aos terrenos ou veículos da natureza infe-
rior (tríade inferior). Esse era o conjunto de sustentação do estado TERRENO
de consciência dos nossos ancestrais, muito mais espirituais do que
humanos, todavia sem autonomia por estarem sujeitos aos coman- Todavia, à criatura humana preservaram-se os princípios divi-
dos dos Pitris como seus Tutores, hierarquicamente superiores. nos componentes internos da sua Tríade Espiritual, comumente de-
Depois dessa fase Lemuriana, o símbolo toma outro aspecto, nominada Espírito, já que a Alma poderia agora contar com as facul-
dado que parte do mental foi concedido à criatura, ou melhor, in- dades que a possibilitariam adquirir informações por conta própria,
troduzido entre o Divino e o Terreno. Vemos esse simbolismo na advindo de seus empíricos esforços os vários Ramos do Conheci-
Bíblia, onde para Adão e Eva, representando a humanidade já di- mento Humano, todos em busca da Verdade, mais particularmente
vidida em sexo masculino e feminino, aparece a Serpente (que, no representados nas ciências, artes, filosofias e religiões, embora que
Oriente, tem o sentido de Sabedoria) e apresentando-lhes a maçã, inspiradas de longe por Aqueles que nunca abandonaram a huma-
em verdade, apresentava-lhes o fruto da Árvore do Conhecimento nidade em sua trajetória evolucionária. Pôde, assim, a criatura hu-
a ser conquistado pelo mental. Quanto à expulsão deles do Para- mana ganhar sua representação na linguagem dos símbolos, como
íso, pode-se dizer que resultou do desajuste do mental humano, o que segue, ou seja, dois triângulos entrelaçados tendo ao centro
ainda imaturo para a posse do Saber, e associado ao veículo astral o “dínamo gerador de suas dores e alegrias: a mente” (do “Pequeno
ou emocional, sustentados por um Corpo muito mais impressionado Oráculo”, seleta de pensamentos de H. J. Souza).
pelos estímulos exteriores do que os interiores, acabou por afastar
a criatura de seus princípios divinos, de seu Espírito. Autonomia e
responsabilidade pelos seus próprios atos marcaram o início da hu-
manidade propriamente dita, final da Terceira Raça-Mãe e começo
da Quarta (Atlante), com a divisão biológica do sexo e do surgimen-
to da mente inferior, o mental concreto, discursivo e comparativo.
As criaturas agora pensantes, no uso do livre arbítrio, distan- O caminho, que poderíamos dizer seguro, seria o da diviniza-
tes de sua natureza superior, perderam a identidade com os seres ção do mental e do emocional. Porém, o maior obstáculo para a

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AS FUNÇÕES DA ALMA

divinização do mental, ou seja, para se ligar novamente à Tríade


Espiritual é a resistência do próprio mental inferior, prisioneiro dos
limites da natureza humana. Isto é o ponto crucial, sendo ingredien-
tes dessa resistência os dogmas, as superstições, os temores infun-
dados, os preconceitos, tanto religiosos quanto científicos, gerados
pelo próprio mental inferior dos líderes, ídolos, autoridades e gover-
nantes por serem constituídos de uma natureza em que a faculdade
de pensar condiciona-se, ainda, à enorme força dos desejos, sen-
timentos e impressões sensoriais, forte enlace entre o mental con-
creto e o veículo emocional, o kâma-manas e o kâma-rûpa, palavras
sânscritas na linguagem esotérica do Oriente.
Esse caminho cheio de entraves e armadilhas ainda é aquele AULA Nº 28
que a Alma busca o Espírito, como na citação de Laurentus (“Ocul-
tismo e Eubiose”): “ ... a Psiquê mortal das lendas buscando às ce- A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL
gas um Eros, um esposo divino...”.
DO SER HUMANO
Mas, após incessantes esforços, quando na criatura surgem as
primeiras luzes do supramental, os primeiros lampejos do búdico ou
da intuição, pode ela começar a perceber o equilíbrio entre “o bem e o
mal”, entre o certo e o errado, e começa assim o discernimento. Gros-
so modo, no curso natural da existência, a dor força o ser humano a
raciocinar e, onde termina o raciocínio pode auxiliá-lo os recursos da
concentração e da meditação, sendo que a consciência se manifes-
ta por meio dos lampejos da intuição. O mental quando bem usado,
aliado à boa intenção, é o instrumento de que dispõe a criatura no
atual estágio de evolução humana. “Nossa mente é como aparelho
de rádio, que transmite nossos pensamentos e recebe os de outrem.
Depende de nós fixarmos nossa mente numa elevada faixa de vi-
brações de bondade e de amor, para que só sejamos atingidos por
pensamentos idênticos”. Nesses termos do Prof. H. J. Souza, reco-
nhecemos que suas palavras insinuam outra característica, ou seja, é
que nós evoluímos em conjunto, coletivamente, apesar de preserva-
das as individualidades, nos influenciamos mutuamente, favorável ou
desfavoravelmente, como se viu, por meio do poder do pensamento.

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A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO

A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO ca de 1% do veículo astral, cuja maior parte está imerso nos veícu-
los inferiores da criatura humana. Na percepção de um clarividente,
o aura astral de um adulto pouco evoluído margeia o corpo físico até
O veículo emocional da criatura humana é constituído de ma- uns 25 centímetros de distância, sendo mais largo num adulto de
téria astral também conhecida por kamásica, derivada da palavra inteligência mediana, chegando a uns 45 centímetros. Em alguém
sânscrita kâma, com o sentido de apego à existência, afã ou desejo. evoluído que já alcançou respeitável grau de espiritualidade, o corpo
O veículo emocional é a sede das paixões, sentimentos e aspi- astral expande-se por uma margem maior além das citadas, além de
rações da criatura humana. luzir cores de matéria astral mais sutil correspondente a seus sub-
No chamado ser humano pouco evoluído - e aqui não o confun- planos superiores. Assim sendo, pode a criatura influenciar o meio
da com o de menor progresso material - é do emocional que parte o onde vive pelas frequências vibratórias dos vários momentos de
impulso habitual para a ação, e não do mental já em nível razoável seu corpo astral ou emocional. Seus principais agentes (sensações,
do discernimento. Observando as reações da natureza humana é sentimentos, emoções, desejos, aspirações) são representados em
difícil saber quando ela está agindo mais emocionalmente ou mais formas e cores no aura astral, bem descritas em “ A Natureza Secre-
racionalmente. No entanto, o domínio esse saber pode auxiliar o ta do Homem”, resenha de ensinamentos do Prof. H. J. Souza, or-
interessado no equilíbrio de seus veículos e consequente harmo- ganizada por membros da Sociedade Brasileira de Eubiose. A título
nização do chamado quaternário inferior, a natureza humana pro- de ilustração, nessa obra informa-se que o fenômeno descrito num
priamente dita, constituída de seus quatro veículos (mental concreto instante de surpresa, se ela for de efeito agradável, o aura astral se
ou inferior; emocional ou astral; vital ou duplo-etérico; físico denso tinge de cor azul-violeta, porém, ao contrário, se for desagradável,
ou bioquímico) sem o que nossos esforços serão em vão para a coloração é em pardo escuro, e, nesse caso, observa-se a contra-
alcançarmos os limites do território do mental superior ou abstrato ção brusca do veículo mental inferior com repercussões nos demais
(manas superior) e da intuição (buddhi), pontes para o Âtman. componentes da natureza inferior da criatura expressas por palpi-
tação cardíaca e outros sintomas desconfortáveis. Além das cores,
Com o termo astral, os Alquimistas da Idade Média designaram
há o fato da intensidade e da duração do fenômeno quando, por
a matéria imediatamente menos densa do que a do Corpo (físico e
exemplo, uma emoção de qualidades superiores, que tem a inten-
vital), sendo conhecida dos clarividentes pela manifestação luminosa
ção de reunir ou com características do polo espiritual do amor, que
de seus componentes vibratórios, tal qual acontece nos movimentos
por algum motivo se apresenta, por ter vibrações de maior frequên-
siderais ou dos astros, associações naturalmente relacionadas até
cia, mais penetrantes e mais persistentes, acaba por predominar em
mesmo na terminologia (astral, astro, astrologia, astronomia etc.).
forma e cor no “corpo astral” por mais tempo do que o das emoções
Os sentimentos humanos plasmam-se na matéria astral e, apa- de menor qualidade, mesmo após cessada a causa que a fez ma-
rentemente, aos olhos dos clarividentes apresentam-se como um nifestar-se. Quanto ao formato geral do aura astral, há informações
campo vibratório colorido ao redor do Corpo. Forma-se um aura com de que se aparenta ao de um ovo que contém internamente em seu
cores cambiantes, variando em tons e nuances de acordo com o eixo longitudinal todo o corpo humano, sendo que a porção apical
sentimento de baixas ou sublimes vibrações, conforme a predomi- ou superior é mais estreita que a base ou porção inferior. Porém, no
nância no momento. No aura da criatura, refletem-se as condições ser humano mais evoluído, aquela ponta superior pode ser vista de
de suas naturezas humana e divina. O aura astral corresponde cer- modo mais largo do que se descreve no comum da humanidade.
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A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO A CONSTITUIÇÃO EMOCIONAL-MENTAL DO SER HUMANO

Coube aos pesquisadores Darget e Baraduc, citados por H. o qual pode ser beneficiado com hábitos sadios e pela prática siste-
Durville em “Télépathie.Télépsychie”, a glória em demonstrar cien- mática da respiração simples em quatro tempos e a ioga dos cinco
tificamente no Ocidente as provas fotográficas das vibrações das elementos (ou dos cinco tattwas), condutas úteis e coadjuvantes no
emoções, bem como também dos pensamentos. Enquanto isso, no manejo de algum incômodo ou de uma enfermidade. Sabe-se que,
início do século XX, Bhágavan Dás publicava em seu livro “La Cien- dos fatores que caracterizam o poder de uma ioga, estão o estado
cia de las Emociones”, um tratado abordando desde o conceito até de quietude mental, da qualidade superior dos pensamentos e das
o nascedouro e destino das emoções. Para esse autor, etimologi- emoções, e, nessas condições, aumenta-se no Corpo o poder de
camente a palavra emoção, de origem latina, é uma modalidade de assimilar o prâna ou energia vital.
moção (“impressão moral no espírito”), é o que nos move para nos
aproximarmos de um objeto (concreto ou subjetivo) ou nos afastar-
mos dele. A palavra bháva, em sânscrito, tem o sentido que, no Oci-
dente, se dá à palavra emoção. Quando o sentido é de nos aproxi-
marmos e nos unirmos ao objeto de identificação, esclarece o autor
que se trata de uma característica de emoções derivadas do polo
do amor, no seu sentido mais transcendente; enquanto que as emo-
ções, que representam a nossa repulsa àquilo que nos desagrada,
originam-se do polo do ódio. A partir dessa polarização, o autor con-
ceitua e distribui as emoções em relação ao grau de complexidade
e de hierarquia entre as partes relacionadas.
Vale a pena lembrar que o duplo-etérico, veículo vital, na sua
pequena margem em torno da superfície corporal, dá ao clarividente
a oportunidade de visualizar o que ficou conhecido, em linguagem
esotérica, como “aura da saúde”, por revelar pela sua coloração O veículo astral não é exclusividade do ser humano. Ele existe
e emanação um maior ou menor grau de saturação do prâna ou também nos demais reinos da Natureza e em toda a criação.
energia vital disponível no Corpo. Outra observação importante no Assim, no reino mineral, a afinidade química, é uma expressão
veículo vital é a da existência de uma tela etérica como barreira in- kamásica, ainda que pouco desenvolvida, do astral ou emocional.
transponível para barrar as modalidades de energia que não devem
impressionar as matérias do veículo astral nem do corpo físico, bio- No vegetal, o astral revela-se como uma certa sensibilidade; e,
químico. No entanto, corre perigo de rompê-la a criatura que sofre no animal, como os instintos. Nas criaturas humanas menos evolu-
um acidente violento ou que faz uso abusivo do álcool e do tabaco, ídas, embora portadoras de um mental que as caracteriza distintas
sem falar no uso de drogas ilícitas ou narcóticos. do animal, ainda assim predomina o astral, sediando desejos, pra-
zeres, apegos e impulsos que determinam suas ações. Suas vidas
Pelo que se vê, na natureza humana, os veículos inferiores são regidas pelas impressões da materialidade advindas do plano
funcionam sincronizadamente e um pequeno distúrbio em algum físico, limitando suas consciências na parte inferior do veículo as-
deles afetará os demais, como é o caso do vital e sua tela etérica, tral. Agindo por força do desejo, está a criatura agindo por influên-
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cia externa de algum estímulo que lhe ofereça prazer, o que difere sua origem na língua sânscrita. Desse modo, escreve-se: o aura.
do poder da Vontade, por ser essa um elemento que independe de Todos os veículos do ser humano refletem-se em seus respectivos
estímulos exteriores. A Vontade tem em si lampejos do búdico ou auras, e não será diferente para o veículo mental inferior ou do men-
da intuição, e ainda que incipiente na humanidade em geral, a mui- tal concreto atrelado ao veículo emocional ou astral. Sendo assim,
tos tem auxiliado quando manifestado como verdadeira Fé, gerando pode-se dizer que esse veículo da inteligência também denomina-
uma certeza que procede do âmago da Alma, pouco compreensível do, em língua sânscrita, manas-rûpa, imerso nos veículos mais den-
para o intelecto, mas que dá um rumo, um início de um caminho sos da criatura, ultrapassa os limites do corpo físico constituindo o
mais seguro. que se pode chamar de aura mental, distribuído longitudinalmente
Por força da Lei de Evolução, as criaturas humanas mais de- no formato ovoide. Os movimentos incessantes de seus componen-
senvolvidas vão substituindo os desejos cegos, superando o círculo tes são de maior velocidade do que os do veículo astral. Circulam
vicioso do prazer e dor, pelos princípios de uma Ética ou disciplina nele o que chamamos de pensamentos, que, como as emoções no
moral mais elevada capaz de deslocar gradativamente suas cons- veículo astral, se apresentam com formas, luminosidade e cores,
ciências para o veículo mental que, pela organização infinitamente distribuídos em sub-planos inferiores ou superiores conforme suas
menos rígida do que a dos outros veículos inferiores, busca aos qualidades. No livro “Os Mistérios do Sexo”, há registros que nos
poucos a participação do raciocínio para a decisão dos atos. Como levam a concluir sobre a forte relação existente entre as reações
esperado, mudanças ocorrerão no aura astral, as cores dos sub- do veículo mental e a diversidade dos sons. O Autor, do citado livro,
planos superiores do veículo emocional ganham mais destaque do em outra obra, considera que “Ouvir uma sinfonia é proporcionar
que as dos inferiores e, assim, as tonalidades do azul, do rosa, do imensa energia mental ao humano cérebro” (Pequeno Oráculo”).
amarelo vão reduzindo a intensidade das correlacionadas às emo- No supracitado livro, o Prof. H.J. Souza descreve sobre os princi-
ções da competitividade, do egoísmo, do medo, da malícia e outras pais agentes do veículo mental concreto: os pensamentos. Comen-
correlacionadas às modalidades escuras do pardo, do cinza, do car- ta sobre a natureza, a vitalidade e a matéria que os produziu, as
mesim sombrio etc. leis que, no plano mental, regem seus efeitos, inclusive a formação
dos egrégoras, do transporte de mensagens e outras modalidades
Na constituição kama-manásica ou emocional-mental (inferior, vibratórias. Chama atenção sobre as cores e formas característi-
concreto), reside a personalidade humana que uma vez burilada, di- cas resultantes da execução musical de grandes clássicos eruditos
vinizada pelos seus próprios esforços em atender aos princípios da como, por exemplo, uma “ouverture” de Wagner, capaz de fazer um
Tríade Superior, passa a cumprir sua finalidade suprema ou de ser clarividente constatar no plano mental uma imagem semelhante a
veículo para as manifestações do Espírito, do Ser Supremo e Imortal, “um grupo de majestosos edifícios de paredes e telhados resplan-
da Divindade que habita no interior de toda criatura. Enquanto a per- descentes”, assim como a audição de uma “fuga” de Bach produz
sonalidade não atingir o refinamento necessário para corresponder um quadro com uma “ infinidade de riachos paralelos e multicolori-
as funções do Espírito, continuará a criatura seu curso de reencarna- dos”. Em seu artigo “O que é Intuição”, o Autor citando Beethoven,
ções, como aquele que os orientais alegorizam na roda de Sansâra escreve: “A Música é uma revelação muito mais sublime do que toda
(ou Samsâra, em sânscrito) como ciclo de nascimentos e mortes. Sabedoria ou Filosofia”, e, em outro trecho: “A Música teve sempre
Quando em linguagem iniciática usa-se a palavra aura, domínio sobre as almas. Porém, Beethoven e Wagner chegaram a
tem-se o cuidado de tratá-la no gênero masculino por ser assim a ser os maiores magos no manejo desse Poder Colossal, que extasia
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as almas e as conduz pelas regiões sublimes do Espaço, em busca sabido que um dos fatos mais extraordinários do mental humano é
de sua Origem!”. o de poder transmitir e captar pensamentos, mas nesse fenômeno
Apesar da incessante e rápida movimentação da matéria men- também transportam-se vibrações de sentimentos e energia vital,
tal, ela apresenta-se organizadamente distribuída de forma segmen- o que não se limita apenas em conceituá-lo como telepatia, mas
tar, o que está sendo correspondido na evolução e desenvolvimento algo que transcende, como se estuda na ciência do magnetismo
do cérebro humano. Na humanidade em geral, pela razão de seu humano, capaz de até mesmo curar um enfermo à distância, por ter
estágio evolucional, nem todos esses segmentos ainda tem seus aí um agente de especial valor: a Vontade do emissor, capaz de di-
correspondentes cerebrais desenvolvidos na mesma intensidade e, recionar esse fluxo magnético que, na sabedoria oculta do Oriente,
portanto, certas impressões, ideias, pensamentos não terão o mes- foi conhecida por “Kundalini Shakti” (“Os Mistérios do Sexo”). Al-
mo grau de clareza para todos. Quanto à organização do mental in- guns autores europeus ousaram desbravar esse terreno, resultando
ferior, considerando os registros da obra “A Natureza Secreta do Ho- em verdadeiros tratados para pesquisas de ciências futuras. Dentre
mem”, pode-se concluir que esse veículo é dotado de um elemento suas obras, citemos : de Alphonse Bué, “Magnetismo Curador” ; de
representativo, uma partícula da mesma matéria mental a que se Hector Durville, “Magnetismo Pessoal” e “Télépathie.Télépsychie”
chamou de “átomo permanente mental”, portadora das experiências (ainda não traduzida em português); de Henri Durville, “A Ciência
que a consciência pode ter adquirido utilizando veículo semelhante Secreta, vol III”.
em existências anteriores. Não sendo as criaturas humanas iguais Por quietude mental, preliminar de procedimentos complexos
em número e experiências de vidas passadas, são também diferen- do mental concreto, entende-se como sendo um certo controle no
tes seus “átomos permanentes”, condicionantes das tônicas, dispo- fluxo de pensamentos que incessantemente entram e saem des-
sições, tendências, temperamentos, e outros traços que definem a se veículo da natureza humana. Sri Aurobindo descreve-os como
singularidade da Alma. “viajantes que aparecem e passam, vindo de algum lugar” e que a
Tem o veículo mental concreto (ou mental inferior) como fun- mente inferior apenas os observa, mas complementa o Autor que se
ções principais as que permitem a consciência expandir-se utilizan- pode ir além dessa passividade, banindo do cenário aqueles que fo-
do os pensamentos, mesmo que ainda processados pelos limitados rem intrusos, indesejáveis, como num vaso em que, após esvaziado
recursos do intelecto, além disso, conseguir assimilar e armazenar de conteúdos inúteis, se toma o cuidado de preenchê-lo “com coisas
os resultados das experiências adquiridas em cada existência na novas, verdadeiras, certas e puras.” (“Em direção a nova Consciên-
vida terrestre transmitindo-as em síntese ao plano búdico, em algo cia”). Dentre os procedimentos complexos que a quietude favorece
organizado de natureza divina, indestrutível, imortal denominado a mente inferior(mental concreto) está o da concentração, lembran-
corpo causal da criatura humana. Com um veículo mental um pouco do-se das palavras de Annie Besant, citadas por Hector Durville na
mais refinado, pode a criatura beneficiar-se das emanações inspira- obra “Télépathie.Télépsychie”: “Quando um homem concentra seu
doras e pacificadoras de corpos mentais de Seres em estágios evo- espírito, seu corpo se coloca num estado de tensão, mas o sujeito
lucionários mais avançados, como o fato de alguém mais adiantado, não percebe; é involuntário de sua parte (...) Este resultado de certo
um verdadeiro mestre, por exemplo, poder ajudar seus discípulos estado de espírito pode ser observado em muitos casos insignifican-
“pensando constantemente neles”, auxiliando-os assim muito mais tes: um esforço de memória faz franzir a testa, os olhos tornam-se
do que lhes dirigindo a palavra (“A Natureza Secreta do Homem”). É fixos, as sobrancelhas abaixam-se (...) Durante séculos, o esforço

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da mente foi seguido por um esforço do corpo (...) Quando a con- reconhecimento da verdade, porque toma todas as ilusões produzi-
centração começa, o corpo, segundo esse hábito, segue o espírito das pelos sentidos como realidades e repele as revelações de sua
e os músculos tornam-se rígidos ao mesmo tempo que os nervos se própria intuição. O filósofo, incapaz de perceber a verdade, procu-
tensionam; daí uma grande fadiga física, o esgotamento muscular ra adquiri-la por meio da inteligência, podendo dela aproximar-se
e nervoso, as dores agudas de cabeça que têm fortes chances de até certo ponto. Só aquele que adquiriu a condição consciente da
produzir-se durante a concentração; na sequência, muitas pessoas verdade, reconhecendo-a por percepção direta, a ela se acha inti-
são tentadas a renunciar, pensando que esses efeitos nefastos são mamente unido e não pode absolutamente enganar-se.” (“Pequeno
inevitáveis”. Conhecem os estudiosos da Eubiose que umas das re- Oráculo”, seleta de pensamentos de H.J. Souza).
comendações do Prof. H. J. Souza é que, sendo a concentração Nem tudo se resolve com o concurso do mental inferior, mesmo
um processo que ocorre no mental concreto é importante não se dotado de um intelecto bastante treinado, porém ainda condicionado
manter numa atenção contínua mais de cinco ou dez minutos. Um aos sentidos focados na exterioridade e atrelado às sensações, aos
esforço maior fatigaria o cérebro e traria uma sensação de obscuri- desejos, aos impulsos do veículo emocional.Com esses dois veícu-
dade e estonteamento, sinais que o avisam do perigo que se corre los, o mental inferior e o emocional ou astral, tem-se uma noção do
ao fazer na matéria dos diversos veículos mudanças muito rápidas. que podemos denominar Alma na constituição da criatura humana.
Complementando essas considerações há o fato de que ao se fazer Contudo, percebe-se que um terceiro elemento é decisivo para a
qualquer exercício de concentração, estando o corpo físico tenso, direção de certas funções da Alma, trata-se do que denominamos
pode haver impedimento no fluxo das forças espirituais, além de Vontade, da qual um pálido reflexo no veículo emocional constitui o
fatigar mais ainda o corpo. Portanto, é racional que se recomende que chamamos de desejo, com a diferença de que esse, ao contrá-
ao interessado em práticas que convocam esse esforço mental ter rio daquela, surge condicionado aos estímulos exteriores ou seja do
como hábito cotidiano o de relaxar também o corpo físico em algum Corpo e do meio onde se vive. Portanto, diz-se que são exteriores
momento do dia, assim como adotar outros cuidados correlatos su- porque não procedem do interior da Alma, nem tampouco do Espí-
geridos na resenha de “A Natureza Secreta do Homem”. rito. Todavia, para orientar rumos seguros da Alma, está presente
Considerando que os fundamentos da Sabedoria Milenar trans- nela a Vontade, trazendo, em si, traços da Tríade Espiritual da natu-
cendem os limites impostos pela mente inferior (mental concreto) reza divina da criatura humana. Desse modo, quando impera mais
condicionada aos seus cinco incompletos sentidos, é de se compre- a Vontade do que o desejo, é sensato dizer que há mais chance
ender que a Verdade apresentada à Alma exige outros alicerces do para a expansão da consciência, há mais chance para transcender
Saber. No entanto, existe uma íntima correlação daquela Sabedo- os limites do eu-pessoal, sustentado pelo fundamento ilusório da
ria com os saberes humanos, podendo considerá-la uma Sabedoria auto-identidade, o princípio de Ahankâra (em sânscrito). O desen-
Troncal de onde derivaram os vários Ramos do Conhecimento Hu- volvimento do poder da Vontade se faz na ação, nos procedimentos
mano, aqui, resumidos nas palavras de H.J. Souza: “Ciência, Reli- que exigem disciplina incondicional ou dispensando recompensas
gião, Arte e Filosofia são apenas quatro caminhos para o homem prazerosas como são as procuradas pelos desejos. Dentre esses
chegar à compreensão do Todo, da Unidade de que faz parte.” Do procedimentos incluem-se as iogas ou práticas seguras respalda-
mesmo Autor, segue que “O cientista que raciocina segundo o pla- das pela Sabedoria Iniciática das Idades.
no da percepção dos sentidos é o que se acha mais afastado do Tendo agora um detalhamento maior do que denominamos

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Alma, didaticamente vamos explorar uma proposta divulgada na


conclusão do artigo “O que é Eubiose”, de Lorenzo Paolo Domicia-
ni (rev. Dhâranâ nov/fev,1955). Considerando os três fundamentais
poderes da Alma, o Autor sugere subdividi-los hierarquicamente em
três níveis, resultando daí nove atributos para os quais a Eubiose
especializa-se em atender as necessidades evolucionárias de cada
um deles. E tudo isso, nas palavras do autor, “para que a alma
humana receba todo o desenvolvimento de que é capaz, e, desse
modo, possa descobrir, outros tantos caminhos para a felicidade,
pois, é este, enfim, o término de todos os esforços, para não dizer,
desde logo, a Meta final das coisas...”. Em resumo, são esses os
atributos: pré-vontade, autovontade, supravontade; pré-inteligência,
autointeligência, suprainteligência; pré-emoção, autoemoção, su-
AULA Nº 29
praemoção. Há que se dizer que os atributos classificados num “pré”
A INTUIÇÃO, FACULDADE SUPERIOR PARA
nível indicam as extensões da Alma na natureza do Corpo (vital e
físico) respondendo pelos instintos, automatizações, condiciona- O CONHECIMENTO DA VERDADE
mentos, participando das funções principais do metabolismo, estru-
turação, mobilidade etc. Num polo oposto, conta a Alma com atribu-
tos de um nível “supra”, que, mesmo ainda incipientes, facilitam-na
tangenciar a natureza divina expressa na criatura como princípios
da mente abstrata, da intuição e do âtman ou crístico. Resta dizer
dos atributos intermediários, mais característicos do atual estágio da
evolução humana, isto é, a autovontade, a autointeligência, a autoe-
moção, apesar de suas limitações, no entanto, mesmo que empirica-
mente, têm proporcionado o progresso das ciências, das artes e das
filosofias.

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O CONHECIMENTO DA VERDADE O CONHECIMENTO DA VERDADE

fundar-se na quietude de modo a permitir um silêncio interior imper-


A INTUIÇÃO, FACULDADE SUPERIOR PARA O CONHECIMENTO turbável. A esses graus de quietude da mente, Aurobindo classifica
DA VERDADE como calma (sthirata) a condição em que o fluxo de pensamentos
já não causa nenhum incômodo; paz (santi) já é uma condição mais
Professor Henrique José de Souza, em um de seus destaca- profunda que traz um sentido de repouso e libertação harmoniosa
dos artigos, “O que é Intuição” (rev. Dhâranâ, 87/88), à luz da Sabe- da mente; finalmente, silêncio (niscala niravata) é um estado em que
doria Iniciática das Idades, faz considerações ainda não assimiladas não há nenhum movimento de pensamento, onde a quietude mental
adequadamente no saber humano sobre o tema, uma vez que falta chegou a sua maior profundidade. Entende-se aqui o silêncio como
aos estudiosos do assunto referências que extrapolam a metodo- uma condição interior na Alma, por se ter alcançado o sumo controle
logia acadêmica da pesquisa. Por exemplo, para os lexicólogos, a do pensamento, condição essa que possibilita a manifestação do
palavra intuição pode ter os seguintes significados: princípio búdico.
“É pressentimento, uma espécie de instinto pelo qual se adi- H. P. Blavatsky, em uma pequena, porém, maravilhosa obra,
vinha, descobre.”; “capacidade de perceber ou pressentir coisas, “A Voz do Silêncio”, divulgando textos do Livro dos Preceitos de
independentemente de raciocínio ou análise.”; “visão beatífica; per- Ouro, originalmente escritos em ideografias, revelou, em seu Frag-
cepção, conhecimento claro, direto, imediato e espontâneo da ver- mento I, que: “Quem quiser ouvir a voz de Nâda, o Som Insonoro, e
dade, sem auxílio de raciocínio”. A palavra “intuição” procede do compreendê-la, tem de aprender a natureza de Dhâranâ”. Nâda é
verbo latino “intuere” que separado resulta em “in” com o sentido de palavra sânscrita equivalente ao termo “senzar”, com o sentido de
“para dentro” e “tuere” com o sentido de “olhar para”. “Voz no Som Espiritual”; e Dhâranâ (sânscrito) é “a intensa e perfei-
Embora note-se nessas palavras um esforço para se conseguir ta concentração da mente em algum objeto interior, acompanhada
termos adequados para explicar essa faculdade, muito se tem para de abstração completa de tudo pertinente ao universo externo, o
dizer sobre o assunto com base nas referências da Sabedoria Milenar. mundo dos sentidos.” Aos interessados nesse caminho, esclarece
Buddhi-taijasî é a expressão sânscrita literalmente traduzida o texto que o candidato deverá ultrapassar três estágios ou “salas”,
como “o Buddhi radiante”, conforme se lê no Glossário Teosófico de sendo a primeira a da Ignorância” (Avidya); a segunda, a da Instru-
H. P. Blavatsky. Pode-se dizer que é o princípio búdico(ou da intuição) ção, em que se pode perder em “visões enganosas” ou interpreta-
que sai do estado de latência e, assim desperto, lampeja iluminando ções equivocadas diante dos ensinamentos; finalmente, superada
a Alma de modo permanente no Adepto, como explica o Professor aquela, chega-se à “sala da Sabedoria”, além da qual se atinge a
H. J. Souza no supracitado artigo, ou de modo parcial ou momentâ- “Fonte indestrutível da Onisciência”, “região da plena Consciência
neo como acontece nas criaturas que a humanidade reconhece como Espiritual onde não há mais perigo para quem a alcançou”.
gênios. No Râja-Yoga, divulgado por Patañjali, Dhâranâ é o sexto pas-
Aurobindo refere-se a esse princípio como supramente, cujo so, o estágio de maior concentração da mente inferior (mental con-
caráter fundamental é conhecimento por identidade, o conhecedor creto), alcançado por intensos esforços da disciplina mental, con-
sendo um com o que é conhecido. Para a manifestação desse prin- dição de profundo silêncio onde a “voz insonora” é a linguagem do
cípio, no entanto, a mente inferior (mental concreto), terá que apro- sexto princípio, o búdico ou intuição.
Um bom exercício para o mental ainda limitado dos leitores de
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temas transcendentes, como esse que estamos tratando agora, está xílio do raciocínio”. Relacionando comentários do Prof. H. J. Souza,
sintetizado nessa pequena frase: “Lê pouco e pensa muito”. Entenda- do seu artigo “O que é Intuição”, podemos ampliar um pouco essa
mos, para cada um pouco que se lê, que haverá necessidade de um abordagem com algumas notas do Autor sobre o sexto princípio na
tempo para pensar sobre o que se leu, lembrando a analogia de que criatura humana:
um texto lido e o alimento ingerido são semelhantes, porque, se não “À medida que a Inteligência humana foi se desenvolvendo, a
assimilados, não nutrem. Podemos complementar a recomendação Intuição passou por diversas modificações, isto é, atrofiou-se o ele-
com palavras de H. J. Souza: “A leitura meditada é o diálogo mudo en- mento pelo qual ela se manifestava: o chamado 3º Olho existente na
tre duas almas que em uma se confundem”. Pode-se dizer que, nesse fronte, ou o Olho Pineal (Olho de Shiva, Ureus mágico dos egípcios
momento, conversam o veículo mental concreto e o veículo emocio- etc., em sentido evolucional, por isso mesmo, iniciático).”
nal dentro da Alma, onde o esforço de concentração interna fará parte
“Alimento, sono, temor e sexual desejo, tem o homem de co-
de uma escalada segura na disciplina mental. É possível que nessa
mum com os brutos. A faculdade de discernir reside em Buddhi (pla-
“leitura interna”, no momento do bem pensar, a Alma encontre uma
no da Intuição ou da Certeza), é a única que faz o homem. Se des-
frase, uma alegoria, ou uma palavra que chame mais sua atenção e,
pojado, portanto, dessa faculdade, será igual aos brutos”,(citação do
aí, quem sabe, focada nessa referência luminosa, inicie naturalmente
Uttara-Gita, Estância 2ª, vers. 41).
uma etapa de meditação, atraindo pensamentos correlatos cada vez
mais cintilantes ou capazes de elevar a consciência a níveis superio- “Buddhi implica no estado de consciência em que se sente a
res da mente, cada vez mais próxima do plano da intuição. Unidade com o Universo, sem ideia de sentimento de separação.”
Ainda do Prof. H. J. Souza, aproveitemos outro texto: “Há uma “Existem outras palavras que exprimem o mesmo sentido, a
diferença muito sensível entre perceber e entender a verdade. Po- começar pela neoplatônica Teofania, que quer dizer “a iluminação
demos percebê-la com o coração e entendê-la com o cérebro. Ou do homem pela divindade”. Do mesmo modo, quando se diz que “o
melhor, podemos sentir a verdade intuitivamente e examiná-la inte- Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, em línguas de fogo” (dia
lectualmente (...) Porém, a desgraça de nossa época consiste em de Pentecostes).”
que as faculdades intelectuais foram elevadas ao último extremo “A Intuição, se fosse possível interpretá-la como de fato ela o
de seu poder de resistência, para as formas exteriores das coisas, exige, abrir-nos-ía o caminho para novas e rápidas descobertas.
sem perceber seu caráter espiritual, por meio da intuição” (“Peque- Creio, entretanto, que mui longe acha-se ainda o dia de o homem
no Oráculo”, H. J Souza). Como já se viu, em linguagem iniciática, estudar detidamente o que venha a ser a Intuição. E isso devido ao
o uso de símbolos ou alegorias faz com que as correspondências desconsolador materialismo que, por desgraça, predomina ainda na
façam parte dos ensinamentos, como no caso de lançar mão da Terra... E agora, talvez, mais do que nunca...!”
palavra “coração” para dizer da intimidade ou âmago silencioso da Com relação às faculdades do mental inferior da criatura hu-
Alma onde pode se manifestar a intuição. mana, o Autor reconhece que a intuição tem algo de instinto, porém,
Embora os textos dos dicionários da língua portuguesa apre- muito mais elevado, percepção espiritual que nos prepara e, instinti-
sentem noções vagas sobre a intuição, algumas delas merecem ser vamente, sem percebermos a razão, faz-nos agir “com conhecimen-
consideradas como a que diz ser essa faculdade capaz de propor- to exato”. Comenta que a intuição não se assemelha à inteligência,
cionar “Conhecimento claro, direto, imediato da verdade sem o au- porque esta discorre, analisa e busca solução para todos os proble-
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mas; informa a consciência, abstrai, dispõe princípios gerais, vai até ciência humana aproximando-se da Ciência Iniciática das Idades,
esquadrinhar o Infinito, onde, como é natural, acontece perder-se auxiliando com inspiradas descobertas, o processo final da Eubiose,
em conjecturas. Afirma o Autor que nada disso é próprio da Intuição, ou seja, da “readaptação do homem ao meio cósmico” para que haja
que “é mais atrevida do que a Inteligência”, algo como um Farol que a verdadeira felicidade.
orienta o rumo da Inteligência e, por isso mesmo, foi “a voz interna As ruínas morais do mundo, à luz da Eubiose, são seguidas
que guiou todos os descobridores, como Galileu, Newton, Colombo pelas ruinas físicas, como resultantes da maldade, da falsidade e da
e outros mais”. fealdade, densas nuvens que tentam eclipsar a brilhante Luz do Sol,
Pelo fato de nem todos possuírem a intuição desenvolvida, é que cujos raios são: Verdade, Bondade e Beleza. O brilho desses raios
nos achamos em crise no planeta; quer do ponto de vista científico aumenta à medida que a mente humana esforça-se para alcançar
(principalmente no que diz respeito à própria saúde humana), quer no planos mais elevados, bafejados por buddhi ou pela intuição, e por
da moral e, por isso, estamos ainda muito distantes de podermos in- isso mesmo precisa de uma didática especial e segura para o enten-
terpretar as verdades superiores, segundo sua originalidade. A carga dimento dos saberes oferecidos no processo da iniciação.
de preconceitos tanto religiosos quanto científicos entorpece a com- Essa didática especial não pode deixar de considerar que o pla-
preensão da Verdade, pois nem tudo quanto temos como princípios no universal da evolução exige, sinteticamente, três caminhos para
fundamentais da consciência é exato. Nem todos compreendem, até a Alma humana: o desenvolvimento da emoção pela educação; da
o presente momento, quem são, de onde vêm e para onde vão. São inteligência, pela instrução; e da vontade pelo trabalho. Observando
como Esfinges mudas e sem qualquer inscrição que as identifiquem... essas condições, o Prof. H. J. Souza ao constituir o centro iniciáti-
Assim, vão se afastando cada vez mais da Lei de Evolução, até mes- co, hoje atualizado como S.B.E (Sociedade Brasileira de Eubiose),
mo por faltar a RAZÃO, e, também, por envolver-se dia a dia nas bem desenvolveu suas diretrizes na trilogia “Escola, Teatro e Templo” em
tecidas redes da ilusão dos sentidos que têm por causa a ignorância... que cada um dos componentes desempenha funções complemen-
a falta dos conhecimentos necessários para descobrir a si mesmo e o tares para o desenvolvimento integral de seus discípulos.
meio onde vive. A Sabedoria Iniciática das Idades oferece acervo se-
Escola, para desenvolver a inteligência, adaptando-a para con-
guro para promover a adaptabilidade do mental de seus discípulos, a
tribuir no progresso da Ciência, libertando-a da rotina, das supersti-
fim de que possam receber mais equilibradamente no seu quaternário
ções, dos dogmas, dos preconceitos.
inferior, formado pelos seus quatro veículos inferiores, os lampejos
espirituais de buddhi ou da intuição, expressos como inspiração ou Teatro, para que o procedimento humano se eleve na Beleza,
como percepção direta do conhecimento que os leve a agir altruistica- por meio das Artes, e proporcione o aprimoramento da Personali-
mente a bem da humanidade. dade, levando-a a vivenciar o conhecimento no plano da Inspiração
Universal.
Se considerarmos as palavras já proferidas por Aurobindo
(“Agora a Supramente deve descer de modo a criar uma raça su- Templo, para sublimação da Vontade, atributo interior de Âtman
pramental”), podemos dizer que novas concepções de uma geração ou do Sétimo Princípio, que, pelo poder do Amor Universal reúne e
de gênios inaugurarão a alvorada de um novo ciclo como resultado religa as consciências humanas às consciências cósmicas.
do despertar da intuição, repercutindo em todos os setores da vida
humana. E, com isso, é sensato dizer que, pouco a pouco, vai a
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A INTUIÇÃO E A SABEDORIA HUMANA

Considerando que os fundamentos da Sabedoria Iniciática ou


Divina transcendem os limites impostos pela mente inferior (mental
concreto) condicionada aos seus cinco incompletos sentidos, é de
se compreender que a Verdade apresentada à Alma exige outros
alicerces do Saber. No entanto, existe uma íntima correlação daque-
la Sabedoria com os saberes humanos, podendo considerá-la uma
Sabedoria Troncal de onde derivaram os vários Ramos do Conhe-
cimento Humano aqui resumidos nas seguintes palavras: “Ciência,
Religião, Arte e Filosofia são apenas quatro caminhos para o ho-
AULA Nº 30 mem chegar à compreensão do Todo, da Unidade de que faz parte.”
Do mesmo Autor, segue que “O cientista que raciocina segundo o
A INTUIÇÃO E A SABEDORIA HUMANA plano da percepção dos sentidos é o que se acha mais afastado do
reconhecimento da verdade, porque toma todas as ilusões produzi-
das pelos sentidos como realidades e repele as revelações de sua
própria intuição. O filósofo, incapaz de perceber a verdade, procu-
ra adquiri-la por meio da inteligência, podendo dela aproximar-se
até certo ponto. Só aquele que adquiriu a condição consciente da
verdade, reconhecendo-a por percepção direta, a ela se acha inti-
mamente unido e não pode absolutamente enganar-se.” (“Pequeno
Oráculo”, seleta de pensamentos de H. J. Souza).
A descoberta dos muitos segredos do Universo se deu pela
utilização das chamadas Chaves do Conhecimento. Dentre as clas-
sificações dessas Chaves, apresentamos aqui as descritas por Edu-
ardo Alfonso, no seu livro “La Religion de la Naturaleza”, segundo
suas considerações de que a cada um dos sete planos da consti-
tuição do Cosmo caberia uma linguagem para seu entendimento.
Essa base sétupla serviu para os sábios antigos nortearem-se com
o auxílio de Sete Chaves: Filológica, Matemática, Astronômica, Quí-
mica, Biológica, Filosófica, e Artística. Quanto a essa última, o Autor,
destaca o papel relevante da música e das artes plásticas e aprovei-
ta para citar trecho de Jinarajadasa nas seguintes palavras: “A maior
façanha da Humanidade, até o momento, tem sido alcançar, graças
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aos esforços de seus gênios, o plano búdico, pela Arte”. mitivos acham-se alguns com a figura de Orfeu rodeado por animais
No artigo “Cabala Musical”, o Prof. H. J. Souza inicia dizendo domésticos e selvagens atraídos pelo som de sua lira.
que “a ciência dos números e a arte da vontade, já diziam os sacerdo- A relação matemática entre os tattwas tem implicações com
tes de Memphis, são as duas Chaves da Magia, que abrem as portas as combinações das notas musicais, e podem ser percebidas por
do Universo”. Após mencionar a tríplice manifestação da Divindade sentidos diferentes como se dá no fenômeno da sinestesia. Diz o
para a construção do Universo, reconhecida nas principais escolas Prof. H. J. Souza, em seu artigo “O que é Intuição”: “ Se eu ouço um
filosóficas e religiosas, explica que esse ternário “evolui através de som, posso, ao mesmo tempo, ver uma cor que está em correspon-
um Setenário Divino, produzindo refinamentos da matéria imponde- dência com ele; assim, como perceberei uma sensação tátil; outra,
rável; que, além do mais, concorre para a multiplicidade das coisas de sabor; e outra, de olfato. Embora a maioria dos homens não es-
e, consequentemente, fenômeno dos sons e das cores, tal como na teja hoje com os sentidos perfeitamente afinados, a educação os
arte musical, Harmonia, Melodia e Ritmo, através das sete notas da fará um dia mais responsivos. O certo é que existem pessoas que,
escala.” Escreve ainda o Autor que o número era considerado pelos ao ouvirem música, cerram os olhos e veem simultaneamente a su-
antigos iniciados como uma qualidade abstrata, mas, com a virtude cessão rítmica de delicadas cores (...) Tudo é questão de associa-
intrínseca e ativa da Unidade Suprema, origem da Harmonia Univer- ção de ritmos. Desgraçadamente, estamos hoje afundados na maior
sal. Em seu livro “Os Mistérios do Sexo”, destaca, entre esses gran- ignorância da magia do ritmo, que, no futuro, abrirá horizontes ma-
des iniciados, Orfeu, o condutor ou Manu dos celtas, componentes da ravilhosos, como no presente acontece com a eletricidade”. Quanto
quarta sub-raça da Quinta Raça-Mãe (Ariana), povoadores da Grécia, a essa magia, lembra o Autor que Wagner, um grande colosso da
Itália, França, Irlanda e Escócia. Orfeu destacou seu povo nas ar- música clássica, com um ritmo até mesmo insignificante de poucas
tes que, afinal, se tornaram apanágio da nossa civilização. A palavra notas, porém, insinuado, repetido e ampliado em certo momento,
Orfeu ou Arpha, conforme o historiador Édouard Schuré, serviu de era capaz de elevar a Alma a “sublime altura”. Considera Beetho-
nome a um iniciado nos Mistérios entre os sacerdotes de Memphis, ven e Wagner os maiores magos no manejo do poder colossal da
no antigo Egito, por volta de treze séculos antes da era cristã. Para música, capaz de extasiar as Almas e as conduzir, “pelas regiões
E. Schuré, o nome Arpha é palavra fenícia composta de “aur”, signifi- sublimes do Espaço, em busca de sua Origem!”. Referindo-se ao
cando luz, e de “rophae” com o sentido de cura, portanto era “aquele ritmo, à luz da Eubiose, considera as “cinco meditações” ensinadas
que cura pela luz” (“Orfeo, Pitagoras y Platon”, ed. Kier). Apesar de por Gautama, o Buda, constituem as “regras de Ritmo moral que
ser descrito como um personagem de cor branca, a palavra Orfeu, afinam a Alma para que tome parte na grandiosa Sinfonia do Ritmo
de origem grega, segundo o Glossário Teosófico de H.P.B, tem literal- Cósmico”. Complementa o Autor dizendo que a sublime tríade Be-
mente o significado de “enegrecido”, o que parece ser uma iniciática leza, Bondade e Verdade corresponde perfeitamente às exigências
alegoria entre outras que levam a tradição esotérica comparar esse da Harmonia, Melodia e Ritmo, e que afinados por um só e mesmo
Manu com um antecessor indiano conhecido por Arjuna, discípulo de diapasão daquelas virtudes fazemos vibrar as “3 Cordas da nossa
Krishna, há uns três mil anos antes da era cristã. Foi Orfeu um músico Lira”, que tanto vale por Corpo, Alma e Espírito.
consumado que acrescentou às cordas da cítara, mais outras duas, Explica o Autor que a Música, de ordem mais elevada, co-
tocando-a com tamanha destreza a ponto de amansar animais fero- meça pelo princípio harmônico, com poder de agir não somente so-
zes. É digno de nota o fato de que entre os monumentos cristãos pri- bre as mais elevadas emoções, mas, também, sobre o intelecto.

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Esclarece que o ritmo é uma manifestação física; a melodia é uma harmonia da Alma, conforme observações do Prof. H. J. Souza (“Os
série de sons que conduz nossas emoções de um lado para outro; Mistérios do Sexo”; “O Verdadeiro Caminho da Iniciação”).
e a harmonia, como expressão de uma das leis universais, a Lei da Destacando o importante papel que a Arte sempre teve nos
Harmonia, tem poder de estimular na criatura humana o amor ao vários estágios da evolução humana e continuará tendo no alvore-
Belo. Afirma que “Ouvir uma Sinfonia é proporcionar imensa energia cer do novo estado de consciência sob o impacto do princípio búdico
mental” e destaca entre os grandes gênios musicais, além de Bee- ou intuitivo, transcrevemos o seguinte trecho: “Até agora a Arte pos-
thoven e Wagner, aqueles que também atenderam aos amantes das suía uma missão sublime. Hoje ela está centuplicada. Sua missão
composições emotivas: Mendelssohn, Weber, Schubert, Chopin, é divina. O artista deve ser um ativo colaborador da Divindade. Di-
Schumann. vindade, na acepção da palavra, ou seja, aquilo que há de vir. Seu
Sabendo do valor da música de ordem artística mais eleva- trabalho há de ser efetivo; seus sonhos devem arrastar em seus
da, dos efeitos dos acordes perfeitos, da correspondência entre as passos a Humanidade inteira, dirigindo-a pelo caminho da perfei-
notas musicais correspondentes às frequências vibratórias dos tat- ção. Não se trata da simples carícia da ilusão dos sentidos, nem do
twas, é que a Sociedade Brasileira de Eubiose (SBE), como centro recreio da mente, mas de completa transfiguração da Alma” (“Pe-
ou colégio de iniciação, desde os primórdios da “Sociedade Dhâra- queno Oráculo”, pensamentos de H. J. Souza).
nâ”, faz uso desses recursos por meio de seus hinos, mantrans e A falta de reconhecimento da Arte como aliada preciosa para
composições sonoras correspondentes às “Forças Sutis da Natu- a Ciência e a Filosofia compromete o avanço dessas na formação da
reza”, Forças essas responsáveis pela sustentação dos clássicos redentora trilogia do Saber Humano, visto que aquela progride sob a
cinco sentidos que, mesmo sem o refinamento desejável, ainda as- égide da Beleza e com a Bondade e a Verdade constituem a sublime
sim, possibilita a criatura humana desvendar parte da Natureza, a tríade correspondente à manifestação ternária da Divindade.
começar pelo seu próprio Corpo e o meio em que vive.
Para que haja progresso efetivo diante da responsabilidade
Sobre o que a Arte pode beneficiar ou dificultar no progresso que temos para com a humanidade, devemos despertar tudo que
e evolução da humanidade, está o cuidado até mesmo nas coisas está em potência para fazer o bem e promover o que é bom e belo.
mais simples como, por exemplo, na ornamentação do lar em que O trabalho do autoconhecimento e do autodomínio transforma-nos a
as peças, quadros ou cores que podem despertar sentimentos de cada momento e, desse modo, transformamos o mundo.
furor, de belicosidade, de medo, considerando que um pintor que
elaborou uma tela imprimiu ali, mesmo que inconscientemente, as Os Ramos do Saber Humano - ciências, filosofias, artes e reli-
formas-pensamentos processadas no seu veículo mental capazes giões - não podem cristalizar-se em ficção estática, mas devem seguir
de influenciar gerações e gerações quando diante dela se concen- o dinamismo do ritmo cósmico, pois, do contrário, asfixiar-se-ão como
trarem, tal como pode também ocorrer assistindo filmes ou lendo um pulmão onde falta o ar... “Transformar ou morrer, é dilema iniludível.”
obras de escritores que expressaram conteúdos deprimentes, per- Assim é que esse dinamismo cósmico exige também da arte -
vertidos, negativistas e sombrios nas páginas de seus livros. Todos que até hoje reproduziu apenas a parte externa da Natureza - que
os cuidados devem ser redobrados, em ambientes onde convivem ceda lugar a uma outra ARTE mais espiritualizada, que nos conduza
crianças e adolescentes, quando estão presentes essas e mais ou- à contemplação da Alma, penetrando no seu âmago, no templo de
tras produções que mais trazem prejuízo do que vantagem para a seu coração divino. Portanto, “as formas, as cores e os sons devem

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buscar um ritmo oculto”. que é Intuição”, H. J. Souza).


A música é a Arte que mais profundamente comove a Alma e, Toda música emana de um foco e se estende em ondas como
atendida a exigência do novo Ciclo, deixará o campo aberto, com- se fossem eflúvios do Sol, como o despregar do Cosmo no momen-
pletamente livre para sonhar à vontade. to da criação. Essas ondas espalham-se no espaço por uma ordem
Diz o Prof. H. J. Souza, em seu artigo “O que é Intuição”: “Há de harmônica em séries regulares; é a Lei do Ritmo.
aparecer, um dia, um gênio que abrirá a porta de um caminho des- Nesta Lei Universal, acham-se representadas na Música todas
conhecido, por onde se encontrarão novos e embriagantes matizes, as essências, todas as substâncias universais, exceto a matéria que
que somente em sonhos nos é dado contemplar. Entrará, então, a não atua senão como veículo de manifestação, ou antes, da percep-
Humanidade na Arte do futuro, a Arte da nova civilização, que será tibilidade para outros.
o bálsamo consolador da aflição da Alma. Hoje, por desgraça, bus-
Encontra-se na Música, até a afirmação da Existência e a ex-
cam-se impressões acariciadoras por meio de narcóticos funestos e
pressão da Atividade inerente ao Ser manifestado em seus poderes
embrutecedores, dignos de bruxos e dervixes; existe, porém, outro
primordiais de: Vontade, Mente e Emotividade; porém, expressão in-
portal mais nobre e mais santo: o da Arte.”
tuitiva à percepção das vibrações mentais ou sonoras, posto que não
E, portanto, é isso que deve, agora, ensinar: a Arte, a Arte ver- necessitamos contá-las para apreciarmos a afinação ou sua falta.
dadeira, mais espiritualizada. É uma alvorada que pode ser pres-
Todos esses aspectos que colocam a arte musical como ele-
sentida e que deve ser ensinada, principalmente, àqueles que veem
mento representativo das Artes fundamentam a seguinte afirmação:
a arte em seus estertores.
“Tudo quanto é capaz de melhorar e fazer ditosa a vida humana está
Embora os colossos da Arte continuem sempre como colossos, encerrado na Música. E mais do que, em outra qualquer, nas de Be-
não quer dizer, com isso, que os mais valiosos artistas de hoje, imi- ethoven e Wagner” (“O que é Intuição”, H. J. Souza).
tando-os e amplificando suas obras, não concorram para a ressur-
Existe muito mais a se explorar na Música: a aspiração à Har-
reição de novos gênios em nosso século, em nossa Era, mas, para
monia; o anelo à Perfeição Absoluta; o deleite compartilhado entre
isso, será necessário romper os moldes antigos, vertendo-lhes no-
muitos, que é mais elevado ainda, pois é altruísta; a satisfação de
vos ideais de maior espiritualidade, abrindo novos horizontes onde
desfrutar, porque o músico, ao criar uma bela composição, sente
possam imergir no plano da pura intuição.
antecipadamente a felicidade dos que vão conhecê-la mais tarde.
Assim podemos compreender que a música elevada, produzida Todas essas, pode-se dizer, são condições eubióticas.
sob a égide daquele plano, acaba por corresponder ao esquema fi-
losófico intuitivo do Universo inteiro, o mapa da metafísica universal.
“A música, já dizia Beethoven, é uma Revelação muito mais
sublime do que a Sabedoria ou Filosofia. Ela é a única introdução
incorpórea no mundo superior do Saber, esse mesmo mundo que
rodeia o homem, cujo significado interior não se percebe pelos con-
ceitos reais; a parte formal daquela é simplesmente o veículo neces-
sário que revela, por meio de nossos sentidos, a vida espiritual” (“O

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© SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ®
Av. Getúlio Vargas, 481 - São Lourenço - MG - CEP 37470-000

Fundadores: Henrique José de Souza e Helena Jefferson de Souza


Presidente: Hélio Jefferson de Souza
1º Vice-Presidente: Jefferson Henrique de Souza
2º Vice-Presidente: Selene Jefferson de Souza

CONSELHO DE ESTUDOS E PUBLICAÇÕES


R. Prefeito Gastão Braga, 175 - V. Monte Verde
São Lourenço - MG - CEP 37470-000

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Imagem de uma das faces do Obelisco, existente
em frente ao Templo da Eubiose, na cidade de São
Lourenço, Estado de Minas Gerais, Brasil.

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