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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


FACULDADE NACIONAL DE DIREITO – TURMA B

GRUPO 7 - HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL: A mulher e o ambiente doméstico


no Brasil Império

ANA CAROLINE VARGAS DA SILVA – 121126244


BRUNA MAYARA DA SILVA SOUZA – 111234035
DEBORA HELENA RAYMUNDO FERNANDES – 121172342
HELENA BEATRICE MARINATTI DA SILVA - 121152114
HELEN NONATO CRUZ – 121188050
ISADORA ROSA CRESPO DE FREITAS - 121188042
PIÊTRA LAIANY SOUZA ALVES – 121145272
VITÓRIA DENIZ – 121126749

Rio de Janeiro
2022
ANA CAROLINE VARGAS DA SILVA
BRUNA MAYARA DA SILVA SOUZA
DEBORA HELENA RAYMUNDO FERNANDES
HELENA BEATRICE MARINATTI DA SILVA
HELEN NONATO CRUZ
ISADORA ROSA CRESPO DE FREITAS
PIÊTRA LAIANY SOUZA ALVES
VITÓRIA DENIZ

GRUPO 7 - HISTÓRIA DO DIREITO NO BRASIL: A mulher e o ambiente doméstico


no Brasil Império

Trabalho apresentado em cumprimento das


exigências da disciplina história do direito e do
pensamento jurídico, no curso de graduação de
direito, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ).

Orientador (a): Prof. Dra. Juliana


Neuenschwander Magalhães

Rio de Janeiro
2022
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a situação da mulher durante o
Brasil Império, especialmente no que tange ao ambiente doméstico. A partir da pesquisa
bibliográfica, o texto apresenta as questões de poder e cultura da época que se sustentavam
nas estruturas do patriarcado e o abismo presente entre os diferentes tipos de mulheres como,
por exemplo, as brancas e negras, tendo em vista, representar a imagem da mulher em
diferentes contextos durante o Brasil Imperial. Outrossim, o texto, aponta, também, sobre
como o direito influenciava, de maneira significativamente negativa, para esse cenário de
inferiorização da mulher durante o período em questão.

Palavras-chave: Cultura. Império. Casamento. Mulheres. Poder.

ABSTRACT

The main objective of this work is to analyze the situation of women during the Brazilian
Empire, especially with regard to the domestic environment. From the bibliographic research,
the text presents the questions of power and culture of the time that were sustained in the
structures of patriarchy and the abyss present between the different types of women, such as
white and black women, in order to represent the image of women in different contexts during
Imperial Brazil. Furthermore, the text also points out how the law influenced, in a
significantly negative way, to this scenario of inferiorization of women during the period in
question.

Keywords: Culture. Empire. Marriage. Women. Power.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4
MULHERES BRANCAS E SEU PAPEL SOCIAL RESTRITO À CONDIÇÃO DE
ESPOSA.....................................................................................................................................5
MULHERES NEGRAS E O SISTEMA DE COMÉRCIO...................................................7
A MULHER SEM UMA FIGURA MASCULINA NO BRASIL IMPÉRIO....................11
CONDIÇÃO FEMININA NO DIREITO: O impacto da consolidação das leis civis para
as mulheres no ambiente doméstico......................................................................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................16
INTRODUÇÃO
O presente trabalho que aqui será desenvolvido busca fazer um paralelo no contexto
do Brasil Império entre diferentes realidades das mulheres dentro de seus respectivos
ambientes domésticos e a falha Constituição Imperial de 1824, que em seu art. 179, inciso
XIII, já declarava que a lei seria igual para todos, em recompensas e castigos, contudo isso
não fazia parte da realidade feminina, que tinham suas capacidades para atos da vida civil
naturalmente tolhidas pela simples condição de ser mulher.

A polarização dos papéis e realidades entre mulheres no cenário brasileiro do século


XIX, restringia em uma primeira ótica a mulher branca. Seus interesses deveriam ser voltados
aos de dona de casa. A Igreja Católica, que deteve mais poder desde a instauração do
Padroado e Beneplácito, exercia o controle da sexualidade feminina. Indolentes, passivas e
submissas, muitas vezes vítimas de estupro marital, sem ter a quem recorrer, sempre
supervisionando o lar para que fosse autossuficiente e confortável ao marido e filhos. Esta
mulher branca, em sua maioria de origem nobre e detendo condições econômicas suficientes
para sobreviver, ainda era constantemente violentada, desrespeitada e subjugada quando se
tratava do marido.

“A fidelidade do marido branco não apenas se considerava como utópica, [...], mas até
se ridicularizava, e a manutenção de amantes não era segredo.” (QUINTANEIRO,
1995: 118).

Atrelado a esse enfoque surge a mulher negra, que já pisava em território nacional na
condição de escrava. Distantes de casa, batizadas segundo a religião católica, as mulheres
negras perdiam sua identidade começando pelo nome. Engana-se quem um dia cogitou a
possibilidade de o ambiente doméstico ser um local mais seguro em comparação ao trabalho
manual nas lavouras para as escravas. Fosse na casa-grande, fosse na senzala, essas mulheres
eram vulneráveis às mais variadas formas de abuso, inerentes à violência da palmatoadas – os
famosos bolos, muito comuns em castigos domésticos –, tendo partes de seus corpos
mutilados, castigadas não apenas por seus senhores, mas, também, por suas sinhás, e em
muitas vezes esses castigos eram movidos pelo ciúme. Queimavam olhos, seios, mãos e até
mesmo vaginas.

Os estudos, relatos e dados que aqui serão expostos buscarão expor de forma crítica
até que ponto o meio jurídico da época foi omisso e ratificador das tantas formas de violência
sofridas pela mulher.

4
MULHERES BRANCAS E SEU PAPEL SOCIAL RESTRITO À CONDIÇÃO DE
ESPOSA
A relação matrimonial durante o período imperial brasileiro era um reflexo das
relações de poder socialmente estabelecidas no período, de modo que o homem -
independentemente de ser solteiro ou casado - era um detentor de poder tanto fora quanto
dentro do ambiente doméstico. Já a mulher encontrava-se no polo oposto a este poderio
masculino, pois quando solteira não era detentora de grandes direitos e encontrava-se sob
responsabilidade legal do pai, passando após o casamento a torna-se responsabilidade de seu
marido. 
Nesse contexto, perdurava a submissão feminina dentro do matrimônio, a qual se
manifestava de diversas maneiras, como a passividade feminina diante do adultério masculino
e seu rebaixamento diante da constituição e do código civil vigentes; mas primordialmente
devido à ausência de autoridade da mulher fora do ambiente da casa, tendo ela domínio e
obrigação apenas sobre as tarefas domésticas, a educação dos filhos e o cuidado para com o
marido.  Assim, a mulher era direcionada a buscar felicidade e satisfação pessoal na família e
no ambiente doméstico1.
Portanto, a figura da mulher no Brasil império encontrava-se, durante toda a sua vida,
em posição de submissão e subalternidade, tendo domínio somente no ambiente doméstico,
uma realidade legitimada tanto socialmente quanto juridicamente. Essa realidade vivida pela
mulher casada era vista com um olhar de normalidade perante a sociedade devido a imposição
da Igreja católica – grande detentora de poder na época – desde a época medieval até o
império em vigência na época de uma série de preceitos acerca do casamento. 

A sacralização do casamento foi um movimento empreendido pela igreja cristã


durante o período medieval; as regras centrais da conjugalidade eram a monogamia,
a indissolubilidade e a união heterossexual. (BORELLI, 2004, p.8) 

 
Sendo assim, o ambiente público era cabível somente aos homens e as mulheres eram
condicionadas apenas à vida doméstica, de cuidado dos filhos e dos afazeres da casa. Assim,
como as meninas eram criadas para o casamento, as mulheres não estudavam, logo, o
mercado de trabalho e a vida pública não estavam ao seu alcance, pois eram impedidas de ter
qualificação profissional, o que as confinavam cada vez mais ao papel preestabelecido de mãe
e esposa. 

1 (FRIEDMAN, Betty. A Mística Feminina. Petrópolis: Vozes, 1971, p. 17-18).


5
Nesse sentido, a maior parte do trabalho doméstico era realizado pelas mulheres
negras que foram escravizadas. A escravidão mantida por quase trezentos anos, subjugou
essas mulheres a uma condição de violência e exploração. Mas, apesar da abolição em 1888,
pela lei Áurea, as negras que não deixaram as casas de seus antigos senhores e continuaram
realizando as tarefas domésticas, tiveram seus direitos violados, vivendo em uma posição
semelhante à de escravidão. 
Tal ausência de governança da figura feminina e rebaixamento frente a figura do
marido são expressos na constituição de 1824 e no código criminal de 1830 do Império
Brasileiro principalmente quando se trata dos crimes relativos a estupro e a violência
conjugal. A própria citação do termo “mulher honesta”2 já configura uma visão parcial da
figura feminina, ocasionando uma subdivisão do grupo em mulheres admiráveis e mulheres
abomináveis. Além disso, em casos de estupro a constituição permitia dispensa da punição ao
responsável caso se unisse a mulher abusada em matrimônio 3. O Estado nessa perspectiva era
conivente e beneficiário de tal lógica, pois além de concordar com os ideais da Igreja Católica
ele também se eximia da responsabilidade de tutelar juridicamente os conflitos matrimoniais,
justificando que se tratavam de questões da esfera privada. Essa realidade dava margem para
continuidade das violências dentro do casamento, configurando assim acontecimentos como o
estupro conjugal, visto na época como responsabilidade feminina dentro do casamento de
satisfazer seu marido.4
Ademais, tais leis e comportamentos exemplificam a cumplicidade da sociedade com
as relações violentas quando eram justificadas pela existência de intimidade entre as partes
envolvidas, como se tal fato fosse suficiente para ausentar a necessidade de medidas
punitivas. 
Além do estupro conjugal, a mulher sofreu diversos outros tipos de violência dentro do
ambiente doméstico no Brasil Império. Essas situações normalmente eram justificadas com a
alegação de inferioridade feminina, seja com base natural, seja com a ideias preconceituosas
defendidas pela Igreja Católica. No primeiro caso, as ciências naturais consideravam a mulher
menos inteligente, mais fraca e de saúde mais debilitada 5. Já no segundo, até a o “instinto

2 Art. 224. Seduzir mulher honesta, menor dezessete anos, e ter com ela copula carnal.
3 Art. 219. Deflorar mulher virgem, menor de dezessete anos. Penas - de desterro para fora da comarca, em que
residir a deflorada, por um a três anos, e de dotar a esta. Seguindo-se o casamento, não terão lugar as penas
4 SANTANA, Jackeline Caixeta; BORGES, Rosa Maria Zaia. Imposição Colonial e Estupro Conjugal: uma
leitura da dinâmica do poder no contexto familiar/ Colonial imposition and conjugal rape: a reading of the
dynamics of power in the family context. Revista Direito e Práxis, [S.l.], dez. 2020. ISSN 2179-8966. Disponível
em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/52474>. Acesso em: 17 jan. 2022.
5 QUINTANEIRO, Tânia. Retratos de mulher: o cotidiano feminino no Brasil sob o olhar de viageiros do
século XIX. Petrópolis: Vozes, 1995
6
perverso” 6 da mulher foi usado como argumento para a sua inferiorização, além de ter sido a
Igreja que tentou se beneficiar ao dizer os africanos eram os descendentes de Caim e de Cam,
na tentativa de justificar a escravidão, o que colocava as mulheres negras em uma posição de
extrema exploração. 
Durante o período Imperial, o adultério do marido era socialmente aceito e, de acordo
com o Código Civil de 1830, haveria punição somente se o homem casado tivesse uma
relação longa e estável com uma outra mulher7. Já no caso da esposa, que vivia subjugada à
infidelidade do marido, qualquer relação extraconjugal seria punida com pena de prisão com
trabalho de um a três anos.8  Além disso, antes da independência, caso o homem matasse a
esposa que adulterou, o crime passional não seria punido, pois seria alegado legítima defesa
da honra, como consta na Ordenação Filipina9. Essas situações só tornam mais evidente como
as mulheres brancas também viviam em um ambiente doméstico de opressão. 
Além disso, é necessário abordar os constantes abusos sexuais vividos por mulheres
negras durante o Império. As mulheres escravizadas eram vistas como objetos e como
mercadorias, portanto, a violência sexual se baseava numa relação de dominação do senhor
sobre a escrava. Assim, elas viviam em um ambiente doméstico de extrema violência, onde
eram reduzidas a meros objetos comprados e que por isso podiam ser comercializados, o que
é inaceitável. 

MULHERES NEGRAS E O SISTEMA DE COMÉRCIO

No século XVIII, período em que o Brasil deixava de ser colônia para se tornar
império, as mulheres brancas portavam uma educação convencional e doméstica, isso, pelo
fato da sociedade da época considerar aceitável, construir uma legislação, que em suas fases, -
iniciativa, discussão, sanção ou veto -, eram designadas pela elite brasileira, ou seja, por
homens brancos, de forma a legitimar esse costume social, que uma vez positivado tornava-se

6 O meio viciado, a devassidão dos costumes, os instintos perversos, a falta de honra e de educação, a inclinação
a malícia e à liberdade foram expressões que marcaram os julgamentos de médicos, juristas, membros do clero,
liberatos e jornalistas sobre as moças pobres, negras e brancas, principalmente ao longo dos últimos 150 anos de
nossa história. (ABREU, 2007, p.289)
7 Art. 251. O homem casado, que tiver concubina, teúda, e manteúda, será punido com as penas do artigo
antecedente.
8 Art. 250. A mulher casada, que commetter adulterio, será punida com a pena de prisão com trabalho por um a
tres annos. A mesma pena se imporá neste caso ao adúltero.
9 Título XXXVIII do Livro V e era denominado como "Do que matou sua mulher, pô-la achar em adultério".
Lê-se: [a]chando o homem casado sua mulher em adultério, licitamente poderá matar assi a ella, como o
adultero, salvo se o marido for peão, e o adultero fidalgo, ou o nosso dezembargador, ou pessoa de maior
qualidade. Porém, quando matasse alguma das sobreditas pessoas, achando-a com sua mulher em adultério, não
morrerá por isso, [...].
7
legal, transformando-se em direito, que, de forma extremamente patriarcal, subordinava a
mulher em relação ao homem, tornando-a inferior em todos os aspectos, tanto os biológicos
quanto os fenotípicos, tirando destas, o direito a escolha em suas vidas pessoais, para que se
tornassem boas mães e esposas submissas como ressaltava a Igreja Católica; já que, de acordo
com estudiosos da época, as mulheres não detinham capacidade nenhuma para serem
independentes, porém, em 1821, no interior de Santa Catarina, em Laguna, nascia Ana Maria
de Jesus Ribeiro, que tornou-se Anita Garibaldi depois de ter se casado com o revolucionário
Giuseppe Garibaldi. Anita foi uma mulher branca, importante revolucionária, conhecida como
"Heroína de dois mundos", pois, lutou bravamente ao lado de seu marido de forma destemida
em prol dos ideais republicanos na guerra dos farrapos, em Santa Catarina, apoiando os
mesmos para que conseguissem a separação do império e por autonomia do povo. Garibaldi
aprendeu a lutar com espadas e a manusear armas. Participou também, do processo de
Unificação da Itália, tornando-se revolucionária no Brasil e na Itália. Por esses motivos,
Garibaldi, dá nome à municípios de Santa Catarina, e a uma rua no Rio de Janeiro e teve
também um monumento erguido na cidade de Roma, como forma de homenagear e lembrar o
importante papel dessa grande mulher que marcou a história de dois países.

Por outro lado, havia a mulher negra escravizada que teve a sua historiografia no
período da escravatura no Brasil Império invisibilizada, e quando retratada, de maneira
deficitária, temos como exemplo a história de Maria Firmina, que até hoje tem seu rosto
verdadeiro desconhecido. Maria Firmina dos Reis nasceu em 11 de março de 1822 em São
Luís, no Maranhão, foi escritora, seu romance, “Úrsula”, foi lançado pelo jornal A
moderação, em 11 de agosto de 1860 e também, professora, sendo a primeira mulher a ser
aprovada em concurso público no Maranhão. Maria Firmina era uma mulher negra, filha de
mãe branca e pai negro, esta, usou seu romance como objeto de crítica à escravidão, em sua
escrita "os escravos são nobres e generosos. Estão em pé de igualdade com os brancos e,
quando a autora dá voz a eles, deixa que eles mesmos contem suas tragédias. O que já é um
salto imenso em relação a outros textos abolicionistas”, isso, de acordo com a professora
Régia Agostinho da Silva, professora da Universidade Federal do Maranhão e autora do artigo
“A mente, essa ninguém pode escravizar: Maria Firmina dos Reis e a escrita feita por
mulheres no Maranhão”. Firmina se sustentava sozinha, o que, na determinada época era mal
visto para as mulheres; essa, fundou também a primeira escola mista, para meninos e também,
meninas, porém, a escola não durou nem três anos pelo tamanho escândalo que causou na
cidade em que foi criada, Maçaricó, em Guimarães.
8
A mulher negra era atribuída a diversos trabalhos pesados e domésticos que tiravam
sua dignidade, autenticidade cultural e segurança, além da hiper-sexualização que sofria. Em
uma frase escrita no livro “Casa Grande & Senzala”, o sociólogo e escritor Gilberto Freyre
diz, “Branca para casar, mulata para f..., negra para trabalhar” (FREYRE, 2013, p. 72), essa
afirmação, muito utilizada na época, fortalecia a inferiorização da mulher negra, a insegurança
e o medo, dessa forma, para a proteção contra os abusos sexuais, a violência física e mental e
o assédio que sofria dos senhores e até mesmo dos outros escravos, as mulheres negras
recorriam a relações conjugais com outros homens negros, estas relações eram por muitas
vezes aprovadas pelo senhor da fazenda onde eram escravizados, pois este sabia que o fruto
dessas relações levaria a futuros escravos, gerando cada vez mais lucro.

Segundo a autora Márcia de Vargas (2016, p.11), “as mulheres negras ainda sofriam
com casamentos, com maridos violentos e exploradores, que se legitimava na lei do branco,
onde afirmava que tudo deveria ser dos dois, mas apenas as mulheres negras trabalhavam e
ainda apanhavam”. Pode-se observar, então, que além da crueldade da vida escrava que
levavam, as mulheres negras, teriam, ainda, que sujeitar-se – em alguns casos -, a cônjuges
abusadores e desonestos que ressaltavam a ideia de que as mulheres deveriam ser submissas
aos homens, sejam estes senhores brancos ou negros escravos.

Essa realidade também incitava a resistência das escravas, muitas conseguiam se


tornar "escravas de ganho”, termo que utilizavam para designar as negras que exerciam
serviços oferecidos nas cidades, e por estes, eram pagas em dinheiro, com a quantia que
acumulavam, compravam suas cartas de alforria e passavam a ser livres, dedicando-se ao
comércio varejista e a outros tipos de trabalho. Apesar da existência das negras forras, a
realidade é de que muitas mulheres ainda eram reféns do trabalho escravo nas lavouras e nas
grandes casas, sem dispor de seus direitos básicos, sofrendo abusos e outras formas de castigo
por seus senhores e suas sinhás, vivenciando jornadas de “trabalho” extremamente exaustivas.
Não deixando de evidenciar também, uma outra parte da vida de inúmeras mulheres negras, a
prostituição, que terminava por ser sua única solução para sustentar suas famílias.

Logo, o caminho para a abolição da escravatura no Brasil na década de 1880, foi


resultado de movimentos incansáveis, lutas, pressão, revoltas não só de escravos, mas,
também por pressões externas em prol da liberdade.

A movimentação dos escravos teve repercussão política e influenciou decisivamente


o processo da abolição. Influenciou inclusive a forma como os políticos
9
encaminharam as discussões sobre as leis emancipacionistas. Deputados, senadores
e conselheiros do Império, muitos deles grandes proprietários de escravos, estavam
atentos ao que acontecia à sua volta e muitas das suas decisões foram tomadas sob
pressão do que viam nas ruas e nas senzalas (ALBUQURQUE E WLAMYRA,
2006, p. 176).

Quando de fato ocorre a abolição, dia 13 de maio de 1888, a princesa Isabel sanciona a
lei que libertaria os cativos - lei Áurea -. Mas, era nítido que tal liberdade iria muito além da
princesa Isabel, a partir deste fato é importante entendermos como a história seria contada,
esta, por sua vez, foi apresentada apagando a relevância das mulheres negras abolicionistas na
história dita como oficial do Brasil. Durante o período da escravidão ocorreu grandes atos de
resistências, como revoltas e fugas massivas de escravos em prol da liberdade. As mulheres
negras escravizadas eram a personificação de força, fizeram partes dos quilombos brasileiros
e foram fundamentais em determinados momentos para a comunidade negra, como Dandara
dos Palmares, que lutou bravamente para a libertação de negros escravizados e Tereza de
Benguela, que abrigava seus semelhantes em fugas, estas, lutaram até a morte por não
aceitarem sua cruel realidade.

Nesse mesmo cenário, é importante destacar Luísa Mahin, negra africana, mãe de Luís
Gama, advogado abolicionista, pertencente à tribo Mahi, trazida para o Brasil, ex-escrava de
ganho, trabalhava como quituteira nas ruas de Salvador. Apesar de poucos registros históricos
de sua própria existência, Luísa é vista como heroína conhecida por ter um papel fundamental
como articuladora na Revolta de Malês, que reuniu mais de 600 escravos africanos de religião
muçulmana, no intuito de eliminar a elite branca que os escravizavam e impunham o
catolicismo. Uma das evidências de sua existência é um trecho da carta do seu filho Luís
gama, enviada a seu amigo escritor Lúcio de Mendonça no qual contém informações sobre
Luísa:

“Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa Mina (Nagô de Nação),
de nome Luísa Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã.
Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem
lustro, tinha os dentes alvíssimos como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida e
vingativa. Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa, e mais de uma
vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de
escravos, que não tiveram efeito. Era dotada de atividade. Em 1837, depois da
Revolução do doutor Sabino, na Bahia, veio ela ao Rio de Janeiro, e nunca mais
voltou. Procurei-a em 1847, em 1856, em 1861, na corte, sem que a pudesse
encontrar. Em 1862, soube, por uns pretos minas, que a conheciam e que me deram
sinais certos que ela, acompanhada com malungos desordeiros, em uma “casa de dar
fortuna”, em 1838, fora posta em prisão; e que tanto ela como os seus companheiros
desapareceram...”

10
Mas, para alguns historiadores essa carta não é comprobatória o suficiente para
confirmar a existência de Luísa Mahin. Isso se dá porque os arquivos da escravidão foram
construídos e estruturados para apagar a existência de autoras negras, como, por exemplo,
Dandara dos Palmares e Luísa Mahin. Em contrapartida, mesmo com essa constante tentativa,
em 2019 o senado aprovou uma lei que colocaria pela primeira vez o nome de mulheres
negras inscritos no livro de aço do Panteão da Pátria10.

É importante pensarmos o que ocorreu após o dia 13 de maio 1888, como as agora ex-
escravas viveram esse período pós abolicionista. Quando libertadas as mulheres não se
depararam com uma sociedade receptiva, pelo contrário, não foram acolhidas, sequer
inseridas no lazer social, cultural e no mercado de trabalho. Apesar de o processo da abolição
ter se concretizado, não houve inclusão das ex-escravas nesses espaços que antes só eram
concedidos aos brancos. Nesse contexto, as mulheres se viam com um novo desafio de luta e
resistência para sobreviver inseridas no espaço urbano, começando um novo processo de
tornar-se livre mesmo após a abolição, pois mesmo sua liberdade pautada lei, as marcas da
escravidão ainda eram refletidas nas ações da sociedade construída pelo pensamento racista,
machista, sexista e misógino da época. “A resistência da mulher escravizada é tão antiga
quanto à de seus companheiros, elas nunca foram totalmente submissas, pois desenvolveram
diversas formas de se opor ao poder senhorial” (DELPHINO, 2007:7). Pela primeira vez as
mulheres escravizadas tinham o poder de decidir o seu próprio destino, na visão de conseguir
melhores condições de trabalho muitas escolheram permanecer no campo e outras, ambientes
urbanos para trabalharem e conseguirem se sustentar.

A MULHER SEM UMA FIGURA MASCULINA NO BRASIL IMPÉRIO


Conforme exposto anteriormente, o papel da mulher no Brasil Império era estritamente
atrelado à governança masculina, fosse ela exercida por meio do casamento ou da autoridade
paterna. Porém, embora a legislação subordinasse a mulher à figura do homem, existiram
momentos e contextos em que mulheres assumiam postos de liderança no ambiente
doméstico. Essas conjunturas geralmente diziam respeito a mulheres marginalizadas, de
menor poder aquisitivo, que não possuíam acesso ao matrimônio. Nesses casos, o papel
feminino tradicional da época –normas de conduta, visando o prestígio social- era subvertido,
passando a significar a garantia do próprio sustento, tarefa tipicamente masculina. Tais
10 Art. 1° Fica inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da
Liberdade Tancredo Neves, em Brasília, o nome de Dandara dos Palmares.
Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2018)

11
mulheres foram pouquíssimos documentadas, mas a miscigenação brasileira e a estratificação
social da época atestam sua existência e sua aptidão para lidar com problemáticas que
ultrapassavam os limites domésticos que eram destinados às mulheres privilegiadas.

Dificilmente se enquadrariam nesse retrato patriarcal as escravas, mulheres que


trabalhavam como empregadas e amas-de-leite na casa dos ricos, as trabalhadoras da
indústria, as prostitutas e vendeiras nas ruas das cidades, assim como as que, na zona
rural, trabalhavam de sol a sol ao lado dos homens, ou aquelas que apareciam desde
o período colonial nos censos como chefes de família (COSTA, 2007, p.497)

Além das mulheres que permaneciam sob a tutela dos pais por razões particulares e
das mulheres que não se casavam por questões sociais mais profundas, também havia
mulheres que foram casadas, mas se separaram de seus maridos. Embora o divórcio fosse
ilegal e extremamente mal visto, dada a sacralização do casamento por parte da igreja
católica, existiam casais que escolhiam, por possíveis discordâncias, não mais viverem juntos.

Pode-se citar, como exemplo, a prolífica musicista Chiquinha Gonzaga, primeira


mulher a reger uma orquestra no Brasil. Chiquinha, nascida em família abastada, casou-se
com Jacinto Ribeiro do Amaral, oficial da Marinha Mercante, mas separou-se dele para
dedicar-se livremente à música. A compositora viveu o resto de sua vida solteira -embora
tivesse outro relacionamento amoroso, nunca casou novamente- sofrendo diversos tipos de
preconceito por integrar um ambiente doméstico incomum e por exercer uma profissão
dominantemente masculina (DINIZ, 2005).

Ademais, há de se destacar o protagonismo feminino durante a Guerra do Paraguai,


quando homens brasileiros eram enviados ao campo de batalha e deixavam suas esposas
encarregadas dos negócios do lar. As funções das mulheres incluíam preparar seus filhos para
serem enviados à guerra, costurar vestimentas e bandeiras em troca de um módico pagamento
e atuar como enfermeiras, auxiliando médicos e aplicando conhecimentos básicos, posto que a
enfermagem ainda não era uma profissão oficial.

Nesse meio, é válido enfatizar a atuação da baiana de origem abonada Ana Néri, a
qual se casou aos 23 anos com um capitão de fragata da Marinha. Como seu marido viajava
frequentemente, se habituou a governar seu lar por conta própria, habilidade que
posteriormente lhe seria necessária, pois se tornou viúva aos 29 anos. Ao ver seus filhos, os
quais criou sozinha após a morte do marido, serem enviados para a Guerra do Paraguai, Ana
redigiu uma carta ao presidente da província, se voluntariando como enfermeira para cuidar

12
dos feridos na guerra. Em consideração aos seus conhecimentos de ervas medicinais e a sua
origem abastada, o presidente ordenou sua contratação. Ainda que tivesse seu propósito
dificultado por péssimos recursos de higiene, hospitais superlotados e grande número de
óbitos, ela se destacou por sua atuação exemplar, recebendo, inclusive, condecorações do
governo imperial, que a concedeu a Medalha Geral da Campanha do Paraguai e a Medalha
Humanitária de 1ª classe, além de uma pensão vitalícia (FLORES, 2010).

Logo, ainda que a figura feminina estivesse legislativamente submissa à autoridade


masculina, as mulheres do Brasil Império constituíam um grupo heterogêneo, no qual as
normas sociais não eram postas em prática uniformemente. Mulheres em contextos
desprivilegiados deveriam governar a si próprias e seu domicílio, dentro de seus limites
contextuais, para garantir seu sustento. Além disso, seria impossível manter funções de gênero
estáveis em ambientes domésticos durante extensos períodos históricos, posto que, a exemplo
da Guerra do Paraguai, ocorrerão eventuais distúrbios na ordem prescrita. Assim, na ausência
de homens a quem responder, as mulheres da época demonstravam ser integralmente
qualificadas para exercer diversificados tipos de afazeres (domésticos ou não), ora priorizando
seus próprios interesses, ora priorizando o bem-estar coletivo, tal como Chiquinha Gonzaga e
Ana Néri, respectivamente.

CONDIÇÃO FEMININA NO DIREITO: O impacto da consolidação das leis civis para


as mulheres no ambiente doméstico
No século XIX, período em que existiu o Império do Brasil, a separação de tarefas e
espaço que eram feitas entre o sexo masculino e feminino, principalmente, em relação ao
ambiente doméstico, tinha como um forte impulsionador as normas jurídicas da época. Nessa
perspectiva, a análise do presente ponto é de suma importância, visto que a Consolidação das
Leis Civis, ordenamento jurídico em vigor durante o século XIX, em diversos artigos
contribuía para a submissão da mulher ao “homem da casa”, seja ele o pai, marido ou irmão.

Em vista disso, o art. 1016°, §8, da Consolidação, previa como causa legítima para a
deserdação da filha se, antes dos 25 anos, ela tivesse relações sexuais com outro homem. A
partir disso, nota-se que era dada uma certa importância jurídica a virgindade juntamente com
o matrimônio apenas ao sexo feminino, uma vez que, ainda sobre o art. 1016°, não é citado a
sexualidade do filho como motivo para a deserdação. Além disso, caso ocorresse a
deserdação da filha, ela poderia ser instituída novamente herdeira pelos pais somente se não
tivesse irmãos. Essa situação demonstra nitidamente a inferiorização da mulher que era feita

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no ordenamento jurídico do Brasil Império e o impacto negativo que isso causava na vida
doméstica e econômica da mulher.

Segundo o artigo 149°, da Consolidação, a mulher poderia se tornar responsável pela


administração de patrimônios apenas após o falecimento do marido e, se durante a vida do
marido, tivesse sido uma esposa que vivia em casa “teúda e manteúda”. De acordo com
Londoñho (SILVA, 1984, p.44), a expressão “téúda” e “manteúda” referia-se à dependência
econômica da mulher em relação ao homem, sendo também utilizada no direito português
para se remeter à mulher casada. Já o artigo 148° dispõe que, por falecimento da mulher, fica
o marido em posse e cabeça do casal, continuando na posse velha, que antes tinha. Desse
modo, nota-se que no artigo 149° há uma exigência para a mulher tornar-se responsável pela
administração de bens, enquanto o artigo 148° não expressa haver nenhum obstáculo para o
homem em relação a se tornar “posse e cabeça do casal’, já que após o casamento o homem
assumia automaticamente esse papel. Nesse sentido, é possível observar a extensão que se
dava a incapacidade da mulher, uma vez que, os homens, após o casamento, imediatamente
tornavam se capazes para os atos da vida civil, controlando bens e patrimônios. As mulheres,
no entanto, saiam do jugo do pai e assumiam uma posição de dependência do marido,
configurando um ciclo de submissão expresso nos artigos da Consolidação das Leis Civis.
Neste seguimento, Eni de Mesquisa (SAMARA, 2007, p.3) aponta para a inferioridade
jurídica da mulher em relação ao homem:

No Brasil, assim como na sociedade portuguesa, até o século XIX, o sexo também
exercia influência nas relações jurídicas, e a autoridade do chefe de família sobre a
mulher, os filhos e demais dependentes aparece como legítima na literatura e nos
documentos, desde o período colonial, o que não significa que, necessariamente,
essas relações devessem aparecer dentro da rigidez com que estavam estabelecidas.
As funções de provedor e protetor garantiam a dominação masculina em um tipo de
sociedade onde o poder de decisão estava na mão dos homens. (SAMARA, 2007,
p.3)
Ao realizar uma análise desse trecho, é possível traçar uma correlação no que tange a
questão do dote trazido pela mulher para constituir o casamento. Nesse quadro, o marido
assumia a responsabilidade sobre o dote da esposa, cabendo apenas a ele a administração do
patrimônio dotal. Na obra ficcional “Senhora”, do escritor José de Alencar, é retratado de
forma abreviada esse efeito prejudicial que o regime dotal estabelecia na vida conjugal da
mulher.

Na história, uma jovem chamada Aurélia, filha de uma camareira de baixa renda,
deseja casar-se com o namorado, Seixas. O rapaz, entretanto, a troca por Adelaide, uma
mulher rica que proporcionaria um futuro mais promissor para ele. Por conseguinte, o tempo
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passa e Aurélia torna-se órfã, e recebe uma herança. Com a fortuna que herdou, a moça
ascende socialmente e passa a ser vista com outros olhos na comunidade social, começou a
ser cobiçada por pretendentes interesseiros, entretanto, a sociedade naquela época não
aceitava mulheres independentes. Por mais que Aurélia fosse responsável por tudo, era
necessário a companhia do tio para ser bem vista socialmente. O autor denuncia em seu
romance que era frequente, também, na altura da publicação de Senhora, o casamento por
interesse, no entanto, a protagonista Aurélia abominava essa prática, sendo movida única e
exclusivamente por amor, deixando claro que deseja se unir em matrimônio perpétuo com
alguém por quem nutrisse, de fato, afeto.

A estória foi publicada durante o Brasil Imperial, época em que vigorava o regime de
casamento dotal. Alencar explora com veemência a temática do casamento como forma de
ascensão social, o que resulta na discussão de determinados valores e comportamentos da
sociedade da segunda metade do século XIX.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dentre os fatos analisados, nota-se que havia um tratamento diferenciado em relação
ao sexo feminino e masculino em vários âmbitos, como na ciência, nas lições da igreja
católica e nos costumes sociais.

Quando pensamos na imagem da mulher do século XIX, vemos um ser submisso ao


seu marido e com pensamento constante nos afazeres domésticos. Diante a lei, a mulher
estava permanentemente num estado de menoridade, o marido tinha o direito de exigir
obediência de sua esposa. Nessa mesma linha de pensamento, é válido destacar que as
escravas, mulheres que trabalhavam como empregadas, amas-de-leite, as prostitutas e
feirantes nas ruas das cidades, assim como as que, trabalhavam nas plantações, não se
enquadram nesse retrato patriarcal, já que ficavam à margem da sociedade e não eram
consideradas como um “objeto” de valor.

O cerne maior desse trabalho, foi abordar diferentes contextos de mulheres durante o
Brasil Imperial. Ao decorrer da pesquisa foram detectadas inúmeras normas que estabeleciam
restrições para as mulheres não indicando o mesmo para os seus parceiros, pais e irmãos.
Dentre eles, estão a incapacidade da mulher casada; aplicação diferenciada de sanções,
principalmente em relação ao adultério; regras diferenciadas para viuvez e para criação dos
filhos. Em uma segunda análise, é perceptível que algumas mulheres passaram a criticar a

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sociedade que dera mais obrigações que direitos a elas, principalmente as da alta sociedade,
que sempre estavam sendo influenciadas pela cultura europeia.

É inegável que na história sempre houve mulheres espetaculares que desempenharam


papéis preponderantes em muitas circunstâncias e, isso, de fato, é surreal, sobretudo quando
esse papel envolve administrar um império, um comando militar, publicar um livro, ou ter
uma profissão que vá além da janela da sua casa em meios a um amontoado de pratos, choros
de crianças e invisibilidade. Suas habilidades e capacidades não podem jamais ser colocas em
dúvida. Visto isso, foi adicionado ao trabalho de maneira sucinta algumas mulheres notáveis
da história e seus feitos. Essas personalidades fazem parte do nosso imaginário, e, são um
legado fortíssimo para a construção histórica da mulher brasileira, seja para traçar um paralelo
a respeito da sua evolução, seja para simplesmente ter a imagem delas como fonte de
inspiração.

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