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PSICOLOGIA
6º Semestre
Americana – SP
2023
FACULDADE DE AMERICANA
FACULDADE DE AMERICANA
PSICOLOGIA
6º Semestre
Americana – SP
2023
FACULDADE DE AMERICANA
RESUMO – 250 - 300
INTRODUÇÃO
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será escrita por último
Goffman (1961, p.11) define instituição total como “um local de residência e
trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante,
separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, leva uma
vida fechada e formalmente administrada”.
Quando essa mulher chega até a instituição total (prisão), ela é destituída do
seu eu. Goffman defende que essa pessoa tem a mortificação do eu, abandonando
as concepções que foram criadas de si mesmo dentro da sociedade. Dessa maneira
ocorre a perda de identidade dentro da instituição, produzindo alteração na visão
sobre si mesmo e dos pares significativos.
Pensando no contexto intimidador, hostil e de solidão do encarceramento,
isolar por anos seguidos um indivíduo que já sofre com toda estigmatização da
sociedade pode causar transtornos psicológicos, distúrbios de comportamentos e
dificuldades na reinserção. Na ausência do intercâmbio social quotidiano com os
outros, o estigmatizado que se auto isola tende a se tornar desconfiado, deprimido,
hostil, ansioso e confuso (GOFFMAN, 1981, p. 14 apud DORNELLAS, 2019).
A relação de saúde (mental)-doença dentro do sistema carcerário é um
paradoxo que devemos nos atentar: “Como um local que existe aprisionamentos de
corpos, apagamento de identidades, violência, pode gerar condições de saúde/ e
possibilidades de reinserção?”
1
Dados disponíveis e coletados a partir do SISDEPEN -
https://www.gov.br/senappen/pt-br/servicos/sisdepen#:~:text=SISDEPEN
%20%E2%80%94%20Secretaria%20Nacional%20de%20Pol%C3%ADticas%20Penais
3. O papel do psicólogo em instituições prisionais
Pensando sobre uma perspectiva crítica sobre o cenário atual nos presídios
femininos, percebemos padrões persistentes nas apenadas: são mulheres que em
sua grande maioria possuem baixa escolaridade, em contextos familiares já com
atravessamentos com o crime e em situação de vulnerabilidade social, com poucas
ou nenhuma oportunidade, como já citamos anteriormente. Diante disto, achamos
pertinente fazermos uma reflexão sobre a conexão dos fatores: escola-prisão.
A educação é uma prática social humanizadora e emancipatória, na qual se
faz agente de proteção, principalmente às mulheres nesses contextos, mas essa
dialética nos retorna novamente a pergunta “Como se empoderar em um contexto
que propicia riscos?”. Considerando o aumento do número de mulheres em cárcere,
podemos inferir que o estado falhou de antemão, na educação básica regular dessa
população.
De acordo com a Lei de Execução Penal (LEP) – Lei nº7.210/1984 é dever do
Estado orientar o retorno a convivência a sociedade, incluindo a educação como
assistência, com o intuito de corroborar o controle e sua reinserção social.
Mas no cárcere é visto novamente um déficit em relação a aprendizagem e
aos seus direitos, fazendo do cárcere apenas uma instituição que visa a disciplina e
“tornar dóceis” esses corpos, considerados deslocados da sociedade, como cita
Foucault em suas obras.
Revisitando os objetivos das unidades penais é importante que se possa
pensar em uma prática “para além dos muros da instituição prisional, estimulando a
descontinuidade dos círculos viciosos que promovem a exclusão” (Brasil, 2007,
p.12).
São poucas as apenadas que possuem a oportunidade de participarem das
oficinas de trabalho e de estudos; mais difícil ainda, que esses projetos foquem de
fato em novas oportunidades - para além da vida do crime, e que façam sentido
para a integrante. Considerando que a educação e consequentemente o trabalho:
É fazer parte das sociedades como agente integrador ativamente,
inclusive, transformando sua própria realidade. Não se acomodando
em razão da supressão de liberdade, mas tendo direito a voz,
pela práxis libertadora da educação (FREIRE, 1967).
Se faz necessário quebrar essa segregação e a sociedade verdadeiramente
acreditar na descontinuidade da vida ilícita das presas para que de fato, essa pecha
de criminosa, seja deixado para traz e algo novo seja cultivado.
O conhecimento, não apenas aquele adquirido na educação formal, mas
como um todo, proporciona ao sujeito um sentimento de reflexão sobre si e sobre o
mundo e suas contradições; uma compreensão do que se é, e o que ainda se pode
vir a ser; assimilação dos valores morais; corroborando sentimentos de
pertencimento e vivências grupais; e aquisição de novas habilidades.
Todo processo de aprendizagem, formal ou informal, em que pessoas
consideradas adultas pela sociedade desenvolvem suas capacidades,
enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações
técnicas e profissionais, ou as redirecionam, para atender suas
necessidades e as de sua sociedade. (UNESCO, 2010, p. 5)
Em um estudo de caso realizado no Centro de Reeducação Feminina de
João Pessoa (PB) em 2013, foi analisado informações com 133 detentas sobre as
atividades ofertadas na instituição, e foi visto que apenas 31% estavam ou já
exerceram algum tipo de trabalho na prisão e apenas 25% estavam estudando ou já
haviam estudado, caindo para 13% as que tiveram acesso a cursos
profissionalizantes.
Em alguns relatos das reclusas é visto a carência de professores, a falta de
organização e estrutura diante do estudo na prisão.
Eu estudava a quarta, a terceira, porque é tudo misturado. As
coisas que eu já estudei nas quintas séries eu estudei aqui. [...]
[é bom para] ocupar a mente! [...]. Eu estudei, mas... porque...
assim... a gente estuda, mas não estuda todos os dias, né? É
umas vezes perdida, tem tempo que elas [as professoras] não
vem. Aí eu não estudei mais, não. (Trecho do depoimento de
Araci, reincidente, 31 anos, sobre a escola/o estudo na prisão).
Sem a infraestrutura para as prisões manterem o acesso ao direito, a
educação acaba por desinteressar as reclusas em participarem, e ou participarem
sem a compreensão da relevância daquilo para elas - que é a promoção de sua
reinserção social no extramuros, se fazendo presente apenas a mérito de “ocupar a
mente” que se faz necessário, mas que não rompe com a reincidência.
TABELA I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Referências
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