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Os Impactos do Ecoturismo

Docente Orientador: Jorge Ricardo Pinto


Discente: Vânia Alexandra Lopes da Silva, nº 4567
Artigo Científico
Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo
Licenciatura em Turismo
Seminário

RESUMO
O presente relatório consiste num Artigo Científico, com o intuito de estudar os
“Impactos do Ecoturismo”, tendo em conta as dimensões políticas, ambientais e
económicas.
Este tema foi escolhido, uma vez que me interessa muito este tipo de turismo e porque
julgo que este ainda seja desconhecido para a maioria das pessoas.
Desta forma, começarei por fazer uma abordagem aos impactos do ecoturismo nas
dimensões mencionadas, nos concelhos de Odemira e Arcos de Valdevez e depois, será
realizado um estudo para perceber quais são os impactos que a construção de
empreendimentos de Ecoturismo tem/tiveram nesses municípios. Para esse estudo foram
tidas em conta entrevistas realizadas a duas entidades que praticam o Ecoturismo.

Palavras-chave: Turismo, Ecoturismo, Impactos políticos, ambientais, económicos

ABSTRACT
This report consists of a Scientific Article, with the aim of studying the “Impacts of
Ecotourism”, taking into account the political, environmental and economic dimensions.
The theme was chosen by me, since I am very interested in this type of tourism and
because I think it is still unknown to most people.
In this way, it is intended to address the “Impacts of Ecotourism”, starting with an
approach to the impacts of ecotourism in the dimensions mentioned in the
municipalities of Odemira and Arcos de Valdevez and then a study in which it is
intended to understand the impact that ecotourism has / had in the three areas, carrying
out an analysis of these two places where it is possible to verify the impact of the
construction of Ecotourism enterprises in these places.
This study will take into account interviews with two entities that practice Ecotourism.

Keyword: Tourism, Ecotourism, political, environmental, economic Impacts


INTRODUÇÃO
O presente relatório consiste num artigo científico no âmbito da unidade curricular de
Seminário, lecionada pelo Professor e Orientador Jorge Ricardo Pinto, sendo um dos
trabalhos finais de curso pertencentes à Licenciatura em Turismo do Instituto Superior
de Ciências Empresariais e do Turismo.
O tema que escolhi foi “Os Impactos do Ecoturismo”, numa análise às suas dimensões a
nível político, ambiental e económico.
O objetivo é realizar inicialmente uma abordagem aos impactos do ecoturismo nos
concelhos já referidos e depois um estudo em que se pretende perceber o impacto que as
empresas que o praticam tem a nível dos três aspetos mencionados anteriormente nesses
concelhos. Assim serão realizadas entrevistas a duas entidades e a partir das respostas
dadas serão analisadas para saber o impacto da construção desses empreendimentos de
Ecoturismo nos concelhos onde estão localizadas. Ambas as empresas praticam o
Ecoturismo, mas segundo o Registo Nacional de Turismo, a “Figueirinha Ecoturismo”
encontra-se registada como “Casa de Campo” e a “Quinta da Lamosa” como
“Agroturismo”.
Figure 1 - Esquema conceptual

Conceitos Básicos
Pesquisa sobre
Autores
Fontes/Citações Referências Bibliográficas
Etapas da Internet
Pesquisa
Notícias
Pesquisa do Entidades Governamentais
Tema (Câmaras Municipais)
Unidade 1 - Recolha de
Informação
Definição do
Notícias sobres as Tema
empresas Abordagem
entrevistadas Unidade 4 -
Apresentação de
Os Impactos
do Unidade 2 -
Resultados e Organização
Respostas recebidas Discussões Ecoturismo
pelas câmaras e
empresas Tipos de
entrevistadas Pesquisa
Dentro do Artigo deve
haver:
Unidade 3 -
Análise de dados Método Estrutura
turisticos Artigo Cientifico
Análise de Dados
Análise do Perfil do
Ecoturista
Envio de uma Entrevista
Apresentação através de questionários
Caracterização das Entidades
dos concelhos entrevistadas

Fonte: Elaboração Própria


METODOLOGIA
Inicialmente esta pesquisa começa por uma análise de conceitos como: Turismo;
Ecoturismo; Casa de Campo e Agroturismo baseada em opiniões de vários autores.
Quanto ao estudo pretendo analisar primeiramente os impactos do ecoturismo nos
concelhos de Odemira e Arcos de Valdevez e depois realizar uma análise comparativa
entre esses dois concelhos onde entrevistarei duas entidades que praticam o Ecoturismo
de forma a saber qual foi o impacto que o desenvolvimento desses projetos teve nessas
localidades.
Assim a metodologia que irei utilizar é a pesquisa através do Google Académico para
encontrar exemplos que me ajudem na compreensão dos conceitos referidos
anteriormente; a procura de notícias que estejam relacionadas com as entidades que
serão entrevistadas para auxiliar na apresentação das mesmas e para analisar os
impactos; realização de entrevistas às entidades escolhidas para saber o seu impacto no
concelho onde estão inseridas; a recolha de dados no PORDATA para uma análise aos
estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo no espaço rural e utilização do
Registo Nacional de Turismo para consultar informações acerca das entidades
entrevistadas.
ESTADO DA ARTE

TURISMO
O setor do Turismo tem vindo a desenvolver-se cada vez mais a nível nacional, mas
também mundial. Assim pode dizer-se que na atualidade o Turismo é um dos principais
setores de proveito para a economia nacional.
Hoje em dia existe muitas maneiras de definirmos o Turismo como, por exemplo,
segundo a definição de JAFARI, J. (2000:585) este defini-o como: “O Turismo é
definido como, não só o estudo do homem (o turista) fora do seu habitat natural,
incluindo a rede e estrutura do turismo que responde às suas várias necessidades, mas
também os locais de onde provêm estes turistas e para onde se deslocam”. Neste caso
pretende mostrar que há fatores que podem influenciar os turistas quando estes têm que
fazer a escolha do destino, pois têm que pensar sempre nas suas origens e nos diversos
fatores que podem encontrar tanto económico, sociais e culturais.
Outra definição possível e simples é a que se encontra presente no Decreto-Lei
n.º191/2009 de 17 de agosto (alínea a), art.º2) em que estabelece as bases políticas
públicas de turismo e que nos diz que o Turismo é “(…) o movimento temporário de
pessoas para destinos distintos da sua residência, por motivos de lazer, negócios ou
outros, bem como as atividades económicas geradas e as facilidades criadas para
satisfazer as suas necessidades”. Aqui demonstra o facto de o setor do Turismo
importar-se com as motivações dos turistas, visto que estes têm que pensar nas
necessidades que precisam para se sentirem satisfeitos no destino que virão a estar.
O Instituto Nacional de Estatística (I.N.E, 2011) apresenta a seguinte definição de
turismo: “atividades realizadas pelos visitantes durante as suas viagens e estadas em
lugares distintos do seu ambiente habitual, por um período de tempo consecutivo
inferior a 12 meses, com fins de lazer, negócios ou outros motivos não relacionados
com o exercício de uma atividade remunerada no local visitado”.

ECOTURISMO
O termo Ecoturismo encontra-se ainda muito desconhecido para a maioria das pessoas
pois ainda não é clara a origem do mesmo, foi em 1965, que Hetzer mencionou pela
primeira vez o conceito de turismo responsável, identificando os quatro principais
pilares desta atividade, como a minimização dos impactos ambientais, o respeito pela
cultura local, a maximização dos benefícios da comunidade local e a satisfação dos
turistas (Fennell, 2008).
Nos anos 70 e 80, aquando do chamado movimento ambiental o ecoturismo começou a
ganhar forma (Honey M., 1999), sendo a primeira definição atribuída a Ceballos –
Lascuráin, em 1987, que o definiu como viagens para áreas protegidas relativamente
pouco perturbadas ou puras com o objetivo específico de estudar, admirar e apreciar a
paisagem, a sua fauna e flora, bem como qualquer tipo de manifestações culturais do
presente e do passado, encontrados nesse local (Ceballos - Lascuráin, em 1987, citado
por Pires, 2002). A partir daqui surgiram várias definições de ecoturismo existindo,
atualmente, uma grande variedade de produtos e serviços classificados como eco, que
vão desde o birdwatching até mesmo à produção de caça, hotéis, operadores turísticos,
entre outros, o que muitas vezes leva a algumas confusões na clarificação do conceito
de ecoturismo e dos seus praticantes, os ecoturistas (Wearing & Neil, 2009).
O “ecoturismo” tem sido, nos últimos anos, o tipo de turismo que mais cresceu em todo
o mundo, isto porque, o número de ecoturistas que visitam áreas naturais,
principalmente reservas naturais protegidas, aumentou exponencialmente, por esse
facto, a declaração, no ano 2002, do Ano Internacional do ecoturismo, pela ONU, e a
convocação do World Ecotourism Summit (WES), pelo Programa Ambiental das
Nações Unidas (UNEP) e pela OMT, no Quebec, marcaram o ecoturismo como uma
força globalmente significante e permitiram a atual divisão do turismo em três grandes
categorias: turismo convencional ou de massas, turismo sustentável e ecoturismo
(STSC, 2003). Assim, do WES resultou a Declaração de Quebec (Q.D.), o primeiro
documento ao nível da ONU (UNEP/WTO, 2002) que reconhece o ecoturismo como o
tipo de turismo sustentável que envolve todos os seus princípios, preocupações
económicas, sociais e ambientais e os seus impactos. Distinguindo o ecoturismo dentro
do turismo sustentável através de cinco critérios principais: 1) produtos à base da
natureza; 2) mecanismos de gestão que garantam minimização de impactos; 3)
fomentação da educação ambiental; 4) contribuição ativa para a conservação de áreas
naturais e heranças culturais; 5) inclusão das comunidades locais e da população
indígena no seu planeamento e desenvolvimento, bem como em todas as operações
envolventes, contribuindo para o seu bem-estar (Q.D., 2002).
Conclui-se assim que na grande maioria das definições anteriormente referidas, estas
reforçam que o ecoturista é alguém que contribui para a preservação do ambiente
natural e cultural que visita, e não uma pessoa responsável pela perda desse meio. Além
disso, existem outros aspetos comuns que se encontram, em todas as definições acima
mencionadas, como é o caso da utilização sustentável do meio natural ou cultural, seja
ele preservado ou pouco modificado para a realização do ecoturismo e o incentivo à
conservação do mesmo e ao envolvimento das comunidades locais no seu processo de
desenvolvimento.
Por isso mesmo, se reunirmos todos os pontos comuns das definições analisadas,
obteremos uma descrição completa daquilo que deverá ser o ecoturismo, ou seja, este
pode ser definido como uma viagem para espaços naturais, para lazer, estudo ou
voluntariado, que visa o contacto direto com a natureza, a contribuição para a
conservação do ambiente natural e cultural, através da sua função educativa e do
mínimo impacto e, sobretudo, a criação de benefícios para as populações locais, bem
como o seu envolvimento no processo de desenvolvimento local.

CASA DE CAMPO E AGROTURISMO


Segundo a Direção – Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural define Casa de
Campo como “são imóveis situados em aldeias e espaços rurais que prestem serviços
de alojamento a turistas e se integrem, pela sua traça, materiais de construção e
demais características, na arquitetura típica local”.
A mesma define Agroturismo como sendo “empreendimentos de agroturismo os
imóveis situados em explorações agrícolas que prestem serviços de alojamento a
turistas e permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da atividade
agrícola, ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos, de acordo com as regras
estabelecidas pelo seu responsável”.

CARACTERIZAÇÃO DOS CONCELHOS EM ESTUDO


Como já foi referido anteriormente foram escolhidas duas entidades, cujos proprietários
foram entrevistados e que estão ligadas à temática do Ecoturismo, sendo a primeira
empresa, a “Figueirinha Ecoturismo”, com localização no concelho de Odemira e a
segunda a “Quinta da Lamosa” no concelho de Arcos de Valdevez. Por isso antes de
avançarmos para a análise das entrevistas, faremos uma breve caracterização dos
concelhos que as acolhem.
Começando pelo concelho de Odemira, este caracteriza-se pela imensa diversidade
paisagística, que se estende entre a planície, a serra e o mar, num total de 1720,25 km2,
aos quais o rio Mira e a barragem de Santa Clara conferem um colorido especial.
É o maior concelho de todo o país no que diz respeito à sua área, ainda que não seja o
mais populacional, com pouco mais de 26 mil habitantes.
Odemira está limitada pelos municípios de Sines e Santiago do Cacém, a norte; pelo
concelho de Ourique a este e a sul e sueste, pelos concelhos algarvios de Aljezur,
Monchique e Silves.
O seu território é dividido por 17 freguesias, cada uma delas com suas particularidades:
Santa Maria e S. Salvador (Odemira), Bicos, Colos, Luzianes - Gare, Pereiras - Gare,
Sabóia, Santa Clara-a-Velha, S. Luís, S. Martinho das Amoreiras, S. Teotónio,
Relíquias, Vale de Santiago, Vila Nova de Milfontes, Zambujeira do Mar, Boavista dos
Pinheiros e Longueira/Almograve.
Ao longo de 55km de costa, dos quais 12 km são praias não se pode deixar de destacar,
as mais procuradas, pela sua combinação perfeita entre repouso e beleza natural, como
são exemplo a Praia dos Aivados, a Praia do Malhão, a Praia de Milfontes, a Praia das
Furnas, a Praia do Almograve, a Praia da Zambujeira (onde aliás se realiza todos os
anos um grande festival de verão) e a Praia do Carvalhal. Estas sucedem-se desde o
limite do concelho de Sines até à foz do rio Seixe, no Algarve, estando toda a zona
costeira do concelho integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa
Vicentina.
Passando agora para Arcos de Valdevez esta é uma vila raiana – fronteira entre Portugal
e Espanha, que teve este nome por causa do epíteto “A Raia” – portuguesa no Distrito
de Viana do Castelo, região Norte e sub-região do Alto Minho, que é sede de um
concelho com cerca de 22 000 habitantes.
 É uma das terras mais bonitas do Minho e com uma história ímpar, estando associada a
um dos factos mais notáveis da história do nascimento da independência portuguesa,
para além disso é possível encontrarmos no seu território excelentes condições para o
investimento e desenvolvimento de atividades económicas, uma vez que tem um
conjunto de entidades de apoio e acolhimento e um pacote de incentivos ao
investimento. Assim, pode-se afirmar que Arcos de Valdevez é um excelente local para
viver, visitar e investir.
Por conservar todo o encanto característico do Alto Minho, com a sua paisagem verde,
frescura abundante, arquitetura solarenga e um rio que espalha a vaidade de toda uma
vila carregada de história, Arcos de Valdevez pode ser considerado uma pequena caixa
de sedução, encravada no Vale do Rio Vez.
Franjeada pelo poético Lima, sulcada ao meio, e de ponta a ponta, pelo idílico Vez que
lhe dá o nome, abeberada, em muitas direções por saltitantes e cristalinos ribeiros,
caprichosamente moldada pela natureza, ora em montanhas de empinado recorte Soajo e
Peneda e extasiantes miradouros, ora em preguiçosas encostas em que amadura o vinho
e, sonolentas várzeas onde cresce o pão.
Por todo o Concelho abundam as seculares casas senhoriais, as torres e pontes
medievais e uma história, os templos de todos os estilos, as romarias sem conta e de
muita tradição e uma gastronomia sem rival.
A Terra de Valdevez é uma portentosa sinfonia de sol e de brisas, de luz e de cores, em
que a nota dominante é o verde viçoso sem par.

ANÁLISE DE RESULTADOS E DISCUSSÃO

APRESENTAÇÃO DAS ENTIDADES ENTREVISTADAS


Com as condições referidas na caracterização dos concelhos é natural que empresas
como “Figueirinha Ecoturismo” e a “Quinta Lamosa” tivessem feito destes dois
concelhos o abrigo ideal para o seu negócio.
No sentido de ficarmos a conhecer melhor estas duas entidades foram realizadas
entrevistas aos proprietários que analisaremos de seguida.
O entrevistado/proprietário da Figueirinha Ecoturismo – Alexandre Coutinho começa
por dizer que «as sementes da Figueirinha Ecoturismo foram lançadas à terra com a
aquisição desta “courela”, em maio de 1996.» Mas tiveram de esperar até 2011 para
começarem a germinar, com a mudança de vida dos seus promotores, Paula Silva e
Alexandre Coutinho, abrindo ao público na Primavera de 2012. Este casal é então o “…
Proprietário da Figueirinha Ecoturismo - Herdade da Figueirinha dos Condados - uma
propriedade de turismo rural, situada no meio de quase nada do concelho de Odemira,
próxima das praias da costa alentejana, mas ao mesmo tempo longe o suficiente do
desassossego, da confusão da vida urbana, que foi, afinal, a sua vida até há meia dúzia
de anos…” (Freches, 2017)
Questionado sobre o tipo de serviços que oferecem ao turista/visitante, Alexandre
Coutinho refere que dentro do «alojamento em casa de campo (monte alentejano) ou
tenda de glamping, jantares a pedido, piscina biológica, bicicletas, caminhadas na Rota
Vicentina ou passeios a cavalo ou de canoa no rio Mira (os dois últimos em parceria)»
geralmente o mais procurado é a piscina biológica e o seu ecossistema.
Questionado sobre uma possível concorrência, Alexandre Coutinho afirma que não tem
concorrentes, uma vez que o seu «conceito de turismo no espaço rural (casa de campo e
glamping) é o único na região» e mencionando que se trata de «um empreendimento
familiar, em que os hóspedes são tratados como amigos e convidados a partilhar a nossa
mesa às refeições. O atendimento é feito de uma forma personalizada e adaptado aos
seus desejos».
As pequenas agências de turismo da natureza, OTA’s e os organizadores de retiros, são
os que mais os procuram dentro do mercado, sendo que o seu público-alvo se situa na
faixa dos 20 anos aos 50 anos.
Já o proprietário da “Quinta da Lamosa” começa por dizer que a empresa foi criada em
2008, quando repararam que no seu território ainda não existia nada na área do
ecoturismo decidindo assim criá-la e usar os recursos a que tinham acesso, que eram
muitos, uma vez que estavam inseridos no único Parque Nacional de Portugal.
A Quinta da Lamosa oferece aos turistas que a visitam, para além dos serviços de:
alojamento/estadia, pequeno-almoço, casas de férias, turismo rural e de natureza e
atividades turísticas ligadas à natureza no Parque Nacional da Peneda-Gerês, junto à
aldeia de Sistelo a poucos metros dos passadiços da Ecovia do Vez, uma variedade de
atividades, como as caminhadas, os passeios de bicicleta e a cavalo pelos trilhos
naturais em torno da propriedade e desportos aquáticos como canoagem ou stand-up
paddle no rio Vez, que são atrativos que tornam o Parque Nacional da Peneda-Gerês um
manancial de momentos em pleno contacto com a natureza e a aventura. Contando
ainda com workshops de como fazer broa de milho, retiros espirituais e de yoga, sendo
este último serviço referido como o que mais chama a atenção dos visitantes.
Ao contrário, do que acontece com a empresa Figueirinha Ecoturismo, o proprietário da
Quinta Lamosa admite que tem concorrência, mas, mesmo essa sendo grande ao nível
das casas de turismo, destacam-se pelo serviço prestado, sendo que nesse setor são os
únicos, o que leva a que se diferenciem da sua hipotética concorrência.
Questionado sobre o tipo de mercado que mais os procura, o proprietário refere que «o
mercado é vasto face às valências» que oferecem, apontando para uma faixa etária entre
os 25 e 70 anos dos visitantes.

IMPACTOS DO ECOTURISMO
Em relação aos impactos que o ecoturismo tem nestes dois municípios, estes não
poderiam ser mais positivos.
No que diz respeito ao concelho de Arcos de Valdevez, e tal como já tinha sido referido
anteriormente, segundo dados recolhidos junto da autarquia, estes referem que ao nível
político o reconhecimento da importância que o ecoturismo assumiu na política de
investimento público foi significativo. O orçamento municipal em atividades de
animação e entretenimento passaram a ter um peso no orçamento camarário que não
existia num passado mais ou menos recente. A aposta em eventos por um lado e em
infraestruturas por outro tiverem como objetivo fixar e aumentar o tempo de estadia das
pessoas que começaram a afluir a Arcos de Valdevez muito por culpa do ecoturismo,
sendo exemplo disso um programa vasto e distribuído pelos 12 meses do ano de um
conjunto de eventos que conseguiram atrair muitos visitantes. Ao mesmo tempo
investiram em infraestruturas de apoio e valorização do ecoturismo, nomeadamente a
ecovia do rio Vez, o museu da água do Rio Vez, a valorização dos socalcos de Sistelo, a
valorização do património geológico e geomorfológico com a criação do projeto
“Rochas Que Contam Histórias”, o forte investimento na Porta do PNPG (Parque
Nacional Peneda Gerês) no Mezio, a aposta na rede de trilhos qualificados e sinalizados,
e mesmo o investimento no património cultural de que é exemplo a requalificação do
“Paço de Giela”  e que tiverem sempre subjacente a necessidade de alimentar e dar
sustentabilidade a um setor do turismo que busca a natureza.
Do ponto de vista económico é obvio que o impacto só podia ser muito significativo. A
taxa de ocupação dos hotéis e alojamento turístico disseminado um pouco por todo o
Concelho, mas com maior incidência no território do PNPG mas também em Sistelo a
Vila do Arcos de Valdevez foi evidente. Tal fenómeno tem efeitos multiplicadores na
restauração, mas também nos fornecedores de serviços vários de que é exemplo o
aparecimento de um autocarro panorâmico para levar as pessoas a Sistelo. Os preços de
uma maneira geral sofreram uma pressão de subida dada a forte procura que se
verificou, e há até uma empresa que surgiu em Arcos de Valdevez para fornecer tudo o
que está associado a eventos como tendas, sistemas de som, painéis publicitários e que
acabou por expandir o seu negócio a todo o Norte do País. Em conclusão, podemos
dizer que o impacto económico é muito assinalável e relevante.
Já ao nível do ambiente, não são percetíveis, pelo menos para já, impactos negativos
dignos de registo. Claro que a pressão sobre alguns locais pode exigir no futuro medidas
de proteção, mas que para já não se vislumbram como necessárias. O impacto é então
positivo, porque a população em geral e os investidores em particular perceberam que é
crucial manter preservadas as principais riquezas ambientais do Concelho para dar
sustentabilidade económica aos seus negócios. Digamos que interiorizaram que o turista
não procura “lixeiras” nem aldeias degradadas e descaracterizadas. Procura sim
natureza preservada, tranquilidade, boa gastronomia baseada em produtos locais de
qualidade. Perceberam que a galeria ripícola é que faz do rio Vez um rio de rara
qualidade ambiental e que a paisagem é um valor de enorme importância económica.
Assim podemos dizer que a defesa do ambiente ganhou muitos adeptos, mais
conscientes e mais exigentes quanto à sua preservação.
Falando agora no concelho de Odemira, por parte da autarquia não foi possível ter
qualquer tipo de informação sobre os impactos do ecoturismo na região, no entanto
através da Associação Rota Vicentina e das palavras da sua presidente, foi possível
perceber que para eles “o turismo não pode acontecer a qualquer preço”. E embora
saibam que este faria sempre parte do território, teria que ser bem feito, sustentável, e
para isso, medir e acompanhar os vários impactos sempre foi uma preocupação da
associação.
A Rota Vicentina liga o Alentejo ao Algarve, cruza litoral e interior, um parque natural,
300.000 hectares de área protegida, com espécies de fauna e flora únicas, e uma
comunidade com forte ligação ao território. Por isso, em 2013 introduziram
oficialmente o turismo de caminhada, desenvolvendo mais de 450 km de trilhos, sendo,
portanto, essencial avaliar o impacto na região. Desde do início que a A.R.V. monitoriza
a nível ecológico percursos mais sensíveis, constatando que a pressão dos caminhantes
não afeta de forma negativa o ecossistema embora possa gerar alterações em zonas mais
sensíveis, como já o esperavam, sendo até que em redor dos trilhos a perturbação tenha
vindo a diminuir quando comparada com o início do estudo, o que contribuiu a
sinalética, uma maior disciplina por parte dos caminhantes e, claro, pelo trabalho levado
a cabo dos voluntários e equipas de manutenção da rota. Como o número de
caminhantes aumentou, em 2017 instalaram contadores automáticos e enviaram para o
terreno equipas que fizeram contagens manuais. Era, pois, necessário aliviar os
percursos junto à costa e levar os caminhantes ao interior, ajudando assim a combater o
isolamento e a sazonalidade dos turismos, assim como promover as zonas menos
procuradas.
A Rota Vicentina trouxe turismo e um rumo sustentável à região sem nunca perder de
vista a proteção e conservação da natureza. Pela mão dos caminhantes combatem
fragilidades entre a comunidade, conquistam confiança para continuar e monitorizam o
impacto no território e na economia.
IMPACTOS DAS ENTIDADES NOS CONCELHOS ESTUDADOS
A este tipo de turismo tem sido atribuído vários impactos, quer a nível político, como
económico ou ambiental, e que são muitas das vezes impactos positivos, embora os
negativos não possam ser esquecidos. Neste sentido quisemos tentar perceber junto das
entidades em estudo, se a criação das mesmas tinha trazido algum impacto para os
concelhos onde se localizam, tendo sido também contactadas as autarquias para obter
mais algumas informações.
Assim, e segundo as entrevistas realizadas às duas entidades conseguimos perceber que
no caso da “Figueirinha Ecoturismo”, um dos problemas referido pelos seus
proprietários, tinha sido apenas o excesso de burocracia. Alexandre Coutinho salienta
que «no entanto, os responsáveis autárquicos revelam-se conservadores face a novas
realidades no setor do turismo, como o glamping, casas em super-adobe ou casas na
árvore» e Paula Silva chega mesmo a referir, numa entrevista dada ao Diário de
Notícias que «as câmaras municipais exigem um sem-número de papéis e o processo
arrasta-se pelos corredores e gabinetes das autarquias a ponto de levar um santo ao
desespero. No nosso caso, a reconstrução de uma ruína que já estava inscrita na
caderneta demorou dois anos a ser aprovada», ainda assim, questionada sobre o assunto,
a autarquia de Odemira considera a empresa muito importante para o município, uma
vez que veio aumentar a oferta de alojamento.
Melhor sorte teve a empresa “Quinta da Lamosa” e o seu proprietário, João Serôdio, que
refere não ter tido nenhum problema e que até tiveram muito apoio por parte da
Autarquia. Esta lembra que «qualitativamente o empreendimento apenas veio reforçar a
aposta do município no ecoturismo e, portanto, veio ao encontro da aposta que o poder
político, em devido tempo, assumiu no ecoturismo. Aumentou à sua dimensão o número
de turistas neste nicho de mercado que tem obviamente tradução económica para o
Concelho e do ponto de vista ambiental reforçou a imagem do Concelho como destino
de turismo amigo do ambiente. Ou seja, qualitativamente teve impacto que não
considero significativo nas três vertentes, mas contribui para reforçar a aposta no
ecoturismo neste concelho.»
No que diz respeito aos impactos económicos e ambientais estes têm sido bastante
positivos para a empresa “Figueirinha Ecoturismo”, que segundo, Alexandre Coutinho,
veio demonstrar «que é possível viver e trabalhar num local isolado sem ligação à rede e
apenas com energia solar.» Diz ainda que, «ao longo dos anos, sempre empregámos
pessoas locais e sempre que possível, compramos todos os produtos localmente» e que
irão «reforçar agora com a criação de um pequeno ponto de venda para a promoção dos
produtores locais”.
Também a empresa “Quinta da Lamosa” e o seu proprietário João Serôdio orgulham-se
de só contratar mão-de-obra da freguesia em que estão inseridos, ajudando assim a
microeconomia local, o que leva a que se tornem numa entidade com etiqueta de
Turismo Responsável. João Serôdio refere ainda que os produtos que produzem
(frutícolas) são colocados à venda, nas mercearias locais e 10% de todo o seu valor é
investido na freguesia junto de infraestruturas que permitam melhorar a qualidade de
vida local, tendo ainda o cuidado de plantar, plantas autóctones no concelho de forma a
permitir a biodiversidade.

PERFIL DO ECOTURISTA
De acordo com a International Ecotourisn Society, os ecoturistas são consumidores
responsáveis, interessados em contribuir para a sustentabilidade social, económica e
ambiental. Procuram experiências verdadeiras, em áreas com pouca intervenção
humana, beneficiar as comunidades locais, minimizar a pegada ecológica nas suas
viagens, planear com sabedoria e escolher o destino conscientemente (TIES, 2011).
O ecoturista distingue-se do turista comum pela sua motivação, interesse atitude e
valores (Fennell 1999). Alguns investigadores criaram subtipos de ecoturista; (Laarman
& Durst, 1987) distinguem os turistas entre hard e soft, de acordo com o grau de
interesse na atração natural e o nível de desafio físico que envolve, sendo os turistas soft
os que tendem a ter uma experiência mais superficial e mediada (Black & Crabtree,
2007, b).
Weaver (2005) distingue dois tipos principais de ecoturismo, com base nos resultados
de sustentabilidade: o minimalista e o compreensivo. O ecoturismo compreensivo é
concentrado nos ecossistemas, em aprendizagem profunda e orientado para o
engrandecimento da sustentabilidade, enquanto que o minimalista se centra num
elemento carismático (por exemplo, o leão), a mensagem de educação é superficial e a
aproximação do status quo é adotada no sentido da sustentabilidade.
Segundo as entrevistas realizadas às duas entidades, isto é, à empresa “Figueirinha
Ecoturismo” e à empresa “Quinta da Lamosa” conseguiu-se perceber como é o perfil do
ecoturista. Assim, quando entrevistei um dos proprietários, Alexandre Coutinho, da
empresa “Figueirinha Ecoturismo” este descreveu os ecoturistas como
“Ambientalmente conscientes e muitos curiosos com o desenvolvimento do projeto, que
combina turismo ético e sustentável com agricultura biológica (permacultura), energias
renováveis, piscina biológica, comercio justo e slow food”.
O proprietário da empresa “Quinta da Lamosa”, João Serôdio, descreve os ecoturistas
como “Alguém que pensa para lá da lógica vivencial. Preocupa-se com o bem-estar do
ambiente, pretende que este bem-estar lhe possa trazer conforte e durabilidade. Percebe
que se não existir equilíbrio os recursos vão se consumir rapidamente e o conforto, a
segurança e o bem-estar desaparecem.”
Ao realizar estas entrevistas também conseguiu-se perceber a nível do perfil do
ecoturista qual é o género que mais usufrui este tipo de turismo, se há jovens que o
fazem ou pessoas que se juntam em grupos para o praticarem. Assim, podemos concluir
que na empresa “Figueirinha Ecoturismo” os ecoturistas são curiosamente sobretudo
casais jovens entre os 20 e 40 anos com e sem filhos, sendo que o casal mais jovem que
receberam tinha 16/17 anos. Em relação a grupos de amigos afirmam que não recebem
com tanta frequência e através da entrevista o proprietário diz ainda: “Geralmente, são
pessoas que gostam da natureza e com muita curiosidade em saber mais sobre a piscina
biológica e a região onde nos inserimos. Os estrangeiros ficam totalmente rendidos ao
espaço livre que nos rodeia, à tranquilidade e ao silêncio”. O proprietário, João Serôdio,
da empresa “Quinta da Lamosa” a esta questão respondeu: “É indiferente e nenhum
com especial relevância. Quanto à faixa etária diria que maioritariamente acima dos 30
anos”.
ANÁLISE DE DADOS
Segundo uma pesquisa no Registo Nacional de Turismo foi possível perceber que as
entidades apresentam uma classificação diferente quanto à sua tipologia. Assim, no que
diz respeito à categoria que apresenta dentro dos estabelecimentos de turismo de
habitação e de turismo no espaço rural a empresa “Figueirinha Ecoturismo” está
inserida na tipologia “Casas de Campo” (Anexo 1) enquanto que a entidade “Quinta da
Lamosa”, encontra-se inserida no grupo do “Agroturismo” (Anexo 2).
Gráfico 1 - Estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo no espaço rural

Estabelecimento de turismo de habitação e de turismo


no espaço rural
900
810
800 766
701 718
700
600
500 426
418 393
400 320 337
300 230 248
194 183
200 147 142 120 119
110
100
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Casas de Campo Agroturismo

Fonte: PORDATA

Neste gráfico é possível comparar o número de estabelecimentos de turismo de


habitação e de turismo no espaço rural quanto às tipologias “Casas de Campo” e
“Agroturismo”. Entre 2010 e 2018, a categoria de “Casas de Campo” apresenta um
aumento de 490 estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo no espaço rural,
o que não acontece com a categoria de “Agroturismo”, pois desde do ano 2010 até 2018
apresenta um menor número de estabelecimentos de turismo de habitação e de turismo
no espaço rural, apenas 112.
CONCLUSÃO
Com a realização deste artigo científico consegui perceber que o Ecoturismo é um tipo
de turismo em ascensão e, tal como era expetável e, por isso o interesse que suscitava,
os impactos deste para as localidades não poderiam ser mais positivos.
Além dos resultados significativos a nível económico para os concelhos estudados, uma
vez que, apesar de ser ainda um pouco desconhecido, este é um turismo que acolhe já
muitos turistas e curiosos, que estão cada vez mais atentos ao meio que os rodeia e ao
ambiente. Para além disso, o ecoturismo tem mais para oferecer que o turismo normal e
tem um impacto grande nas várias dimensões, pois apoia e contribui para a economia
local, uma vez que proporciona as atividades da natureza que não criam “mal” à
biosfera desse local.
Por fim, considero que este trabalho final, foi uma mais valia, uma vez que permitiu
alargar o conhecimento sobre o Ecoturismo e o impacto positivo que tem tido
principalmente nos concelhos de Odemira e Arcos de Valdevez.
BIBLIOGRAFIA
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Projecto Final de Licenciatura, Universidade Atlântica, Barcarena. Obtido em 05
de abril de 2020, de file:///C:/Users/Administrador/Desktop/Artigo%20Cient
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Patacho, M. M. (2010). Comparação de Programas de Certificação em Ecoturismo.
Dissertação de Mestrado , Universidade de Évora , Évora, Portugal. Obtido em
05 de abril de 2020, de file:///C:/Users/Administrador/Desktop/Artigo%20Cient
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Pires, S. M. (2016). O Turismo enquanto qualificador de um Município . Projeto,
Instituto Politécnico de Tomar. Obtido em 05 de abril de 2020, de
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WEBGRAFIA
Freches, S. (22 de agosto de 2017). "Há que acolher as ideias inovadoras e apoiar as
micro e pequenas empresas". Diário de Notícias. Obtido em 22 de abril de 2020,
de https://www.dn.pt/sociedade/ha-que-acolher-as-ideias-inovadoras-e-apoiar-
as-micro-e-pequenas-empresas-8719371.html
Odemira, M. d. (s.d.). Odemira - Caracterização . Obtido em 6 de abril de 2020, de
Ipbeja:
https://www.ipbeja.pt/eventos/em.cantos/Documents/Odemira_caracteriza
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PORDATA. (5 de agosto de 2019). Estabelecimentos de turismo de habitação e de
turismo no espaço rural: total e por tipo de estabelecimento. Obtido em 23 de
abril de 2020, de PORDATA:
https://www.pordata.pt/Portugal/Estabelecimentos+de+turismo+de+habita
%C3%A7%C3%A3o+e+de+turismo+no+espa
%C3%A7o+rural+total+e+por+tipo+de+estabelecimento-2607
Rural, D. –G. (s.d.). Características do Turismo no Espaço Rural - Grupos de
empreendimentos de turismo no espaço rural. Obtido em 22 de maio de 2020,
de Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural:
https://www.dgadr.gov.pt/diversificacao/turismo-rural/caracteristicas-do-
turismo-no-espaco-rural
ANEXOS

ANEXO 1
Imagem 1 - Figueirinha Ecoturismo – Casa de Campo

Imagem 2 - Quinta da Lamosa – Agroturismo

Fonte: Consulta no Registo Nacional de Turismo

ANEXO 2

Fonte: Consulta no Registo Nacional de Turismo


ANEXO 3 - EXEMPLO DE ENTREVISTA/QUESTIONÁRIO
Questionário – Nome da Empresa
O meu nome é Vânia e sou aluna do 3º ano, do Instituto Superior de Ciências
Empresariais e do Turismo (ISCET), no Porto, e estou a realizar um artigo científico
sobre “O Impacto do ecoturismo nas várias dimensões (políticas, ambientais,
económicas)” para a unidade curricular: Seminário. A vossa empresa chamou-me
atenção, uma vez que desempenham esse tema e desse modo decidi realizar um
questionário.

1. Como surgiu a ideia de criar esta empresa?


2. Possuem parcerias ou apoios? Essas são provenientes da localidade?
3. Que tipos de serviços oferecem ao turista/visitante?
4. Qual o tipo de mercado emissor que vos procura e qual a faixa etária do público-
alvo?
5. Como descreve o perfil dos ecoturistas?
6. A nível do perfil do ecoturista qual é o género (homens e mulheres) que mais
utiliza esse tipo de turismo?? Há também jovens que o fazem? Ou pessoas que
se juntam em grupos para praticarem?
7. Há algum serviço que chame mais atenção por parte dos clientes?
8. Podem fornecer-nos dados estatísticos sobre a vossa atividade?
9. Tem concorrentes diretos? Como se destacam face aos concorrentes que
possuem?
10. Tiveram algum problema a nível político ou autárquico para a realização do
vosso projeto?
11. De que maneira acham que a vossa empresa trouxe impacto positivo tanto a
nível ambiental como económico ao concelho?

Muito obrigada pela disponibilidade, os dados serão utilizados apenas no âmbito


académico não sendo utilizados para qualquer tipo de publicação oficial.

Vânia Silva
ANEXO 4 - RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS

FIGUEIRINHA ECOTURISMO
1. Como surgiu a ideia de criar esta empresa?
As sementes da Figueirinha Ecoturismo foram lançadas à terra com a aquisição desta
“courela”, em maio de 1996. Mas tiveram de esperar até 2011 para começarem a
germinar, com a mudança de vida dos seus promotores, Paula Silva e Alexandre
Coutinho, abrindo ao público na Primavera de 2012.
2. Possuem parcerias ou apoios? Essas são provenientes da localidade?
Não recorremos a nenhum apoio financeiro e as nossas parcerias informais são todas
permutas de bens e serviços.
3. Que tipos de serviços oferecem ao turista/visitante?
Alojamento em casa de campo (monte alentejano) ou tenda de glamping, jantares a
pedido, piscina biológica, bicicletas, caminhadas na Rota Vicentina ou passeios a cavalo
ou de canoa no rio Mira (os dois últimos em parceria).
4. Qual o tipo de mercado emissor que vos procura e qual a faixa etária do público-
alvo?
Pequenas agências de turismo de natureza, OTA’S e organizadores de retiros. O
público-alvo situa-se na faixa dos 20 aos 50 anos.
5. Como descreve o perfil dos ecoturistas?
Ambientalmente conscientes e muito curiosos com o desenvolvimento do nosso projeto,
que combina turismo ético e sustentável com agricultura biológica (permacultura),
energias renováveis, piscina biológica, comércio justo e slow food.
6. A nível do perfil do ecoturista qual é o género (homens e mulheres) que mais
utiliza esse tipo de turismo?? Há também jovens que o fazem? Ou pessoas que se
juntam em grupos para praticarem?
Curiosamente, são sobretudo casais jovens (20-40), com e sem filhos. O casal mais
jovem tinha 16/17 anos. Também recebemos grupos de amigos, mas não com tanta
frequência. Geralmente, são pessoas que gostam da natureza e com muita curiosidade
em saber mais sobre a piscina biológica e a região onde nos inserimos. Os estrangeiros
ficam totalmente rendidos ao espaço livre que nos rodeia, à tranquilidade e ao silêncio.
7. Há algum serviço que chame mais atenção por parte dos clientes?
A piscina biológica e o seu ecossistema.
8. Podem fornecer-nos dados estatísticos sobre a vossa atividade?
A nossa atividade é muito sazonal, tendo mais ocupação (médias superiores a 50%) nos
meses de abril a outubro. Em contrapartida, geramos 5800 kWh por ano de energia
fotovoltaica e produzimos mais de 2 m3 de composto que utilizamos na nossa horta
biológica.
9. Tem concorrentes diretos? Como se destacam face aos concorrentes que
possuem?
O nosso conceito de turismo em espaço rural (casa de campo e glamping) é único na
região. Trata-se de um empreendimento familiar, em que os hóspedes são tratados como
amigos e convidados a partilhar a nossa mesa às refeições. O atendimento é feito de
uma forma personalizada e adaptado aos desejos dos hóspedes.
10. Tiveram algum problema a nível político ou autárquico para a realização do
vosso projeto?
Nenhum, apenas um excesso de burocracia. No entanto, os responsáveis autárquicos se
revelem conservadores face a novas realidades no sector do turismo, como o glamping,
casas em super-adobe ou casas na árvore.
11. De que maneira acham que a vossa empresa trouxe impacto positivo tanto a
nível ambiental como económico ao concelho?
O impacte tem sido muito positivo, por demonstrarmos que é possível viver e trabalhar
num local isolado sem ligação à rede e apenas com energia solar. Ao longo dos anos,
sempre empregámos pessoas locais. A nossa empregada atual, a Lurdes Rodrigues, é
efetiva, trabalha o ano inteiro (o que não sucede em outros turismos rurais) e ganha
acima do salário mínimo. Sempre que possível, compramos todos os produtos
localmente, componente que vamos reforçar agora com a criação de um pequeno ponto
de venda para a promoção dos produtores locais.

QUINTA DA LAMOSA
1. Como surgiu a ideia de criar esta empresa?
Em 2008 reparamos que na área do ecoturismo nada existia no território e os recursos
eram muitos uma vez que estávamos inseridos no único Parque Nacional de Portugal.
2. Possuem parcerias ou apoios? Essas são provenientes da localidade?
Não temos parceiro algum ou sócio. Em relação ao apoio e visto estamos em território
de baixa densidade e de muita sazonalidade optamos por capitais próprios para diminuir
o risco.
3. Que tipos de serviços oferecem ao turista/visitante?
Estadia, pequeno almoço, atividades (canoagem, passeios a cavalos, passeios de
bicicleta, caminhadas, stand up padell, workshop como fazer broa de milho, retiros
espirituais e de yoga).
4. Qual o tipo de mercado emissor que vos procura e qual a faixa etária do público-
alvo?
O mercado é vasto face às nossas valências, a faixa etária igualmente vasta diria dos 25
aos 70.
5. Como descreve o perfil dos ecoturistas?
Alguém que pensa para lá da lógica vivencial. Preocupa-se com o bem-estar do
ambiente, pretende que este bem-estar lhe possa trazer conforte e durabilidade. Percebe
que se não existir equilíbrio os recursos vão se consumir rapidamente e o conforto, a
segurança e o bem-estar desaparecem.
6. A nível do perfil do ecoturista qual é o género (homens e mulheres) que mais
utiliza esse tipo de turismo?? Há também jovens que o fazem? Ou pessoas que se
juntam em grupos para praticarem?
É indiferente e nenhum com especial relevância. Quanto à faixa etária diria que
maioritariamente acima dos 30 anos.
7. Há algum serviço que chame mais atenção por parte dos clientes?
O serviço que chama mais atenção dos clientes são os retiros.
8. Podem fornecer-nos dados estatísticos sobre a vossa atividade?
Nesta fase em que nos encontramos, não é possível. Podemos dizer que temos uma taxa
de ocupação de 60% ao ano.
9. Tem concorrentes diretos? Como se destacam face aos concorrentes que
possuem?
A concorrência é grande ao nível das casas de turismo, mas nos destacámo-nos pelo
serviço prestado. E nesse sector somos únicos o que nos leva a ser diferenciadores da
nossa hipotética concorrência.
10. Tiveram algum problema a nível político ou autárquico para a realização do
vosso projeto?
Não. Tivemos inclusive muito apoio por parte da Autarquia.
11. De que maneira acham que a vossa empresa trouxe impacto positivo tanto a
nível ambiental como económico ao concelho?
Começo por referir, que só contratamos mão de obra da freguesia em que estamos
inseridos. Desta forma ajudamos a microeconomia local. O que nos torna uma entidade
com etiqueta de Turismo Responsável. Os produtos que produzimos (frutícolas) são
colocados à venda, nas mercearias locais e 10% de todo o seu valor é investido na
freguesia junto de infraestruturas que permitam melhor qualidade de vida local assim
como plantamos, plantas autóctones no concelho de forma a permitir a biodiversidade.

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