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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

CINEMA E DIREITOS HUMANOS


NA SALA
CINEMA DE AULA:
E DIREITOS HUMANOS
um manual prático
NA SALA DE AULA:
um manual prático

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

CINEMA E DIREITOS HUMANOS


NA SALA DE AULA:
um manual prático

1ª edição

Santa Cruz do Sul

2021

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

CONSELHO EDITORIAL

Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil


Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum – Economia – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina
Profª. Drª. Caroline Müller Bitencourt – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil
Prof. Dr. Ismael Francisco de Souza - Direito - UNESC/Brasil
Prof. Dr. Janriê Rodrigues Reck – Direito – UNISC/Brasil
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – FDV/Brasil
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil
Prof. Dr. Maiquel Angelo Dezordi Wermuth – Direito – UNIJUI/Brasil
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª Verônica Teixeira Marques de Souza – Ciências Sociais – UNIT/Brasil
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia

COMITÊ EDITORIAL

Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC/Brasil


Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269
www.esserenelmondo.com.br
www.facebook.com/esserenelmondo

Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser
reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser
criado, sem o prévio e expresso consentimento da Editora. A utilização
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As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presente obra são
criação e elaboração exclusiva do(s) autor(es), não cabendo nenhuma
responsabilidade à Editora.

W489c Wermuth, Maiquel Ângelo Dezordi


Cinema e direitos humanos na sala de aula: um manual prático
[recurso eletrônico] / Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth – Santa Cruz do
Sul: Essere nel Mondo, 2021.
66 p.

Texto eletrônico.
Modo de acesso: World Wide Web.

1. Direitos humanos no cinema. 2. Cinema na educação. 3. Direitos


humanos. 4. Cidadania. I. Título.

CDD-Dóris: 341.12191

ISBN: 978-65-5790-049-9
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Bibliotecária pelosFabiana
responsável:
Correção ortográfica: autores Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Diagramação:Fabiana
Catalogação: Daiana Lorenzon Prates
Stockey Carpes
Revisões: pelo autor
Diagramação: Daiana Stockey Carpes

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

“A arte não se ensina, se experimenta. A experiência deve ser nova para


o professor e para o aluno. É pela experiência que o professor pode sair do lugar
daquele que ensina para experimentar com os alunos. Experimentar no lugar de
interpretar [...]. Assim, o que está dado para se ensinar com o cinema é um não-
sei-o-quê de possibilidades. Ensinar com o cinema passa, justamente, por um ‘não
saber’ das partes que se preparam para o acontecimento, ou seja, para a invenção
intempestiva consigo e com o outro, com as imagens, mundos e conexões que o
cinema nos permite, nos autoriza.”

Cezar Migliorin

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Agradecimentos

Este livro somente foi possível graças ao Edital de Concurso Cultural nº


04/2020 - “Culturas Diversificadas”, do Poder Executivo do Município de Ijuí – Lei
de Emergência Cultural.
Agradeço a toda a equipe do Projeto de Extensão Cinema e Direitos Humanos
vinculado ao PPGD da UNIJUÍ.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Sumário

Apresentação 8

Prefácio: Algumas linhas sobre a linguagem cinematográfica 13

1 A importância do cinema na sala de aula 16

2 Metodologia de intervenção: as rodas de conversa como 19


possibilidade

3 Outras possibilidades metodológicas 21


3.1 Oficinas em Direitos Humanos 21
3.2 Jogos cooperativos 22

4 Organizando a sessão 23
4.1 Escolhendo o filme 23
4.2 Organizando o material necessário (equipamentos) 24
4.3 O debate 24

5 Vamos trabalhar? 30 filmes para utilizar em sala de aula com 25


seus alunos
5.1 Temática: Direitos Humanos e suas concepções 26
5.2 Temática: Racismo 30
5.3 Temática: Corpo, gênero, identidade e sexualidades 38
5.4 Temática: Pobreza, desigualdade social e violência estrutural 46
5.5 Temática: Meio ambiente 55

6 Onde buscar material 59

Referências 61

Posfácio 63

Sobre o autor 65

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Apresentação

O Projeto “Cinema e Direitos Humanos”, vinculado ao Programa de


Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (PPGD) da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), tem organizado sessões
de filmes acerca dos Direitos Humanos desde 2015 no âmbito do Campus
principal da Universidade – situado no Município de Ijuí-RS. Até o segundo
semestre de 2019, o projeto era realizado de modo informal e contava com
a participação dos docentes e discentes do PPGDH como mediadores para a
concretização dos debates.
Desde 2019 o Projeto foi formalizado junto ao PPGD da UNIJUÍ como “Projeto
de Extensão”, tendo como objetivo principal transpor as barreiras da academia,
ao propor que as discussões sobre o tema dos Direitos Humanos cheguem até
a comunidade por meio do cinema. Notadamente, a linguagem cinematográfica
constitui-se como um dos métodos capazes de abordar questões que, muitas vezes,
restringem-se à comunidade acadêmica tão somente.
Nesse contexto, a questão norteadora deste Projeto é: em que medida
a linguagem cinematográfica, por meio da exibição de uma cinematografia
de enfrentamento – cuja dimensão estética e política, assim como sua forma
e conteúdo, escapam à massificação das salas de cinema comerciais –, pode
representar um mecanismo hábil para suscitar, por meio da metodologia
da roda de conversa mediada por professores, mestrandos e doutorandos
em Direitos Humanos, um debate voltado à educação de e para os Direitos
Humanos, fortalecendo uma cultura cidadã dentro e fora do espaço formal da
academia?

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

São objetivos do projeto:


1 - Fomentar a reflexão e a produção de conhecimento sobre Direitos
Humanos estabelecendo uma interlocução da academia com a comunidade por
meio da linguagem cinematográfica;
2 - Sensibilizar o público envolvido no projeto (professores, acadêmicos,
comunidade em geral) para temas de Direitos Humanos por meio da linguagem
cinematográfica;
3 - Estabelecer, por meio da técnica da roda de conversa, um espaço aberto,
plural, amistoso e, consequentemente, profícuo para a discussão dos temas que
permeiam as obras cinematográficas exibidas no projeto;
4 - Divulgar filmes de diretores nacionais e internacionais, curtas e longas-
metragens, ficções e documentários, entre os diferentes públicos do projeto;
5 - Integrar a Universidade com a comunidade externa, viabilizando a criação
de espaços de educação para a cidadania e para os direitos humanos.
Desse modo, acredita-se que através deste Projeto de Extensão, seja
possível sensibilizar a comunidade do Município de Ijuí-RS e região sobre
temáticas que nem sempre se aproximam do grande público por diversos fatores
– dentre eles, as questões econômicas e sociais, por exemplo. As sessões têm
como mediadores os professores e acadêmicos que são vinculados ao PPGD da
UNIJUÍ, bem como convidados(as) externos(as) e, por meio da técnica da roda
de conversa, busca-se estabelecer uma relação de horizontalidade que torne
o espaço oportunizado aberto, plural e, por via de consequência, profícuo
para a concretização das discussões. Os filmes são escolhidos de acordo com
o público-alvo, sua faixa etária, bem como com a temática necessária a ser
tratada (democracia, trabalho, educação, política, gênero, violência, saúde
pública, etc).
A equipe do projeto escolhe conjuntamente um filme, podendo ser um curta
ou longa-metragem, filmes de ficção e documentários de diretores nacionais ou
internacionais, de acordo com o público-alvo e a problemática que se pretende
discutir. A metodologia do projeto contempla as seguintes etapas:

a) Exposição de informações da obra a ser debatida – como a sinopse, a


direção, ano de produção, entre outros dados que a equipe julgue importante para
a compreensão do filme;
b) Apresentação do(s) mediador(es) – docentes e discentes vinculados ao

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
PPGD da Universidade e/ou convidados externos, como diretores(as), produtores(as)
e atores/atrizes, por exemplo;
c) Breve explanação acerca dos aspectos abordados pelo filme em sua
relação com os Direitos Humanos;
d) Exibição do filme;
e) Construção da roda de conversa que permita uma relação de horizontalidade
entre todos os envolvidos na sessão para debater as temáticas suscitadas pela obra
cinematográfica.

Acredita-se que o acesso à cultura em cidades interioranas ainda é


incipiente. Tal afirmação se corrobora pelas pouquíssimas de salas de cinema,
pelos quase inexistentes espaços de manifestação artística como galerias de arte,
museus, bibliotecas, cinematecas e etc. Desse modo, considerando a complexidade
do nexo da educação formal com a cultural na contemporaneidade, o cinema
aparece como um recurso que dribla as fronteiras da formalidade existente entre
a relação de educandos e educadores. Ainda, suscita, através do discurso e da
linguagem cinematográfica, questões do cotidiano que permeiam direitos humanos
e fundamentais.
O presente projeto propõe trocas de vários níveis entre a universidade
e a comunidade, valorizando as relações entre diversos atores nele envolvidos,
considerando tratar-se de um projeto aberto ao público. A proposta tem, portanto,
caráter comunitário e se baseia na análise de conteúdos midiáticos – filmes – que
permitem a todos os envolvidos pensar o mundo que os cerca por meio das imagens,
discutidas a partir da metodologia da roda de conversa.
Nos termos do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2018,
p. 28), “a educação não formal em direitos humanos orienta-se pelos princípios
da emancipação e da autonomia. Sua implementação configura um permanente
processo de sensibilização e formação de consciência crítica, direcionada para o
encaminhamento de reivindicações e a formulação de propostas para as políticas
públicas, podendo ser compreendida como: a) qualificação para o trabalho; b)
adoção e exercício de práticas voltadas para a comunidade; c) aprendizagem
política de direitos por meio da participação em grupos sociais; d) educação
realizada nos meios de comunicação social; e) aprendizagem de conteúdos da
escolarização formal em modalidades diversificadas; e f ) educação para a vida
no sentido de garantir o respeito à dignidade do ser humano.”

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Diante do exposto, e com a ideia de fomentar a cultura por meio do


cinema no Município de Ijuí e Região, o projeto foi apresentado ao Edital de
Concurso Cultural nº 04/2020 - “Culturas Diversificadas”, do Poder Executivo
do Município de Ijuí – Lei de Emergência Cultural, tendo sido contemplado com
verba para realização de várias sessões no decorrer do primeiro semestre de
2021 que, devido às condições impostas pela pandemia da Covid-19, foram
realizadas nos meios virtuais, por meio de sessões on-line com convidados
e a participação do público, composto por estudantes da UNIJUÍ e outras
Universidades do país, estudantes e professores das escolas Públicas Municipais,
Estaduais e também da rede privada de ensino do Município e da região. As
sessões on-line foram conduzidas pela equipe do Projeto Cinema e Direitos
Humanos e tiveram por tema filmes e suas relações com os Direitos Humanos,
sob enfoques diversos.
As sessões de cinema, por terem ocorrido em território digital, puderam
ser acessadas por toda a comunidade. O convite de diretores(as) e atores/
atrizes para participarem do projeto também foi fundamental para enriquecer
as sessões por meio de seus testemunhos sobre os temas abordados nos filmes
produzidos, aproximando o público dos aspectos relacionados à produção das
películas exibidas.
Como relevância cultural, destaca-se que, em um momento no qual
a comunidade está obrigatoriamente sem acesso a muitos espaços de lazer,
em decorrência das medidas de isolamento social impostas pela pandemia
da Covid-19, o projeto “Cinema e Direitos Humanos” propôs aliar prazer com
informação, oferecendo para a comunidade a possibilidade de refletir sobre
temas importantes, assistindo documentários e filmes em um espaço de
segurança (on-line) qualificado pela presença de professores(as), diretores(as),
produtores(as), atores e atrizes.
As verbas oriundas do financiamento da Lei de Emergência Cultural foram
empregadas no pagamento dos cachês dos diretores(a), produtores(as) e atrizes/
atores que participaram das exibições, bem como na criação deste livro, que agora
é distribuído aos órgãos públicos municipais explicando a importância e a ligação
do cinema com os Direitos Humanos e a relevância da linguagem cinematográfica
na construção da cidadania.
Espera-se que este material contribua para que, em sala de aula, os
professores da rede de ensino possam dar continuidade àquilo que consiste na

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
proposta principal do projeto: educar para a cidadania, a partir da interlocução dos
Direitos Humanos com o Cinema!

Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth

SIGA O PROJETO NAS REDES SOCIAIS E PARTICIPE


DE NOSSAS ATIVIDADES:

• A página do Projeto Cinema e Direitos Humanos no Facebook pode


ser acessada em: https://www.facebook.com/cinemadh.
• No Instagram, as atividades do Projeto podem ser acessadas em:
@cinema.unijui

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Prefácio

Um pouco sobre a linguagem


cinematográfica

Não é à toa que o cinema é considerado a sétima arte: desde a sua criação,
os seus aspectos constituintes são elaborados, ordenados e aplicados de forma a
tornar toda obra um conglomerado de elementos que, reunidos, formam uma das
unidades de sentido mais híbridas da modernidade. Sendo assim, assistir a um filme
não precisa ser contemplar de forma passiva a produção narrativa, sem perceber
nela as intenções ou proposições inseridas que contribuem de forma decisiva
para a interpretação, mas sim observar como a junção de elementos oriundos da
fotografia, do teatro, das artes plásticas, da música e da literatura formam um
produto final único e independente envolto em significações.
Por conta disso, alguns aspectos precisam ser considerados na leitura
mais pormenorizada de um filme, seja para auxiliar na compreensão da narrativa,
seja para ampliar o horizonte interpretativo do espectador. O filme é pensado e
construído com recursos sonoros, imagéticos e de montagem que fazem toda a
diferença no resultado final da obra e, por conseguinte, ao analisar cada um destes
elementos ou parte deles, se dá um passo à frente daqueles que assistem a um
filme de forma despretensiosa, ingênua ou por diversão.
A seguir, um panorama bastante resumido sobre alguns elementos relevantes
na composição fílmica a serem observados:
- Enquadramento: como o próprio nome sugere, enquadrar significa compor
um quadro, ou seja, escolher quem ou o que centraliza uma cena, justapõe ou faz
o plano de fundo, por exemplo. O olho reage a todos estes estímulos e, portanto, o

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
enquadramento é o ponto inicial das observações a serem feitas.
- Planos: os planos se referem à distância entre o espectador e a personagem,
seja ela uma pessoa ou um objeto. O close-up, plano detalhe ou primeiríssimo plano
posiciona o foco da câmera muito perto a fim de mostrar somente um rosto, por
exemplo, os olhos ou a boca. Um objeto, quando mostrado no detalhe, geralmente
carrega um grande valor simbólico na narrativa. Um rosto, quando focado de
forma muito aproximada, sugere uma proximidade física com o espectador,
em especial, quando existe empatia, ou ainda, propõe uma abordagem sobre a
condição psicológica da personagem. Quando a personagem é um antagonista, o
foco sobre o rosto reforça a repulsa ou o medo. Além do primeiríssimo plano, há
também o primeiro plano, plano médio e plano aberto, que projetam a imagem
respectivamente cada vez mais distante do espectador.
- Ângulo: os ângulos de filmagem também interferem diretamente na forma
como a imagem é recebida pelo espectador: de cima para baixo, de baixo para
cima, por trás e etc. Entende-se que o plongé, (foco de cima para baixo) tende a
engrandecer, tornando o objeto ou personagem observada frágil e vulnerável, já o
contraplongé (de baixo para cima) sugere a sensação de diminuição, fazendo com
que o observado pareça grande e amedrontador.
- Iluminação: assim como a sombra, a iluminação também é um dos
elementos de grande valor semântico e ambos funcionam como sinalizadores do
que deve ser observado com mais atenção pelo espectador.
- Câmera: o tipo de câmera utilizado no filme pode determinar muitos
fatores da narrativa. Na câmera objetiva, a personagem ou o objeto em questão é
registrado como um espectador externo que capta as imagens e as reproduz, assim
como o narrador de um livro conta uma história. Em um filme com uso da câmera
subjetiva, ela funciona como o olhar do espectador ou da própria personagem,
guiando as imagens obtidas como se fosse uma pessoa imersa na ação. Já a câmera
subjetiva indireta, remete à uma narrativa em terceira pessoa, porém, com uma
intervenção por parte do diretor, ou seja, é uma forma mais subjetiva de narrar
objetivamente a mesma cena, de modo a multifacetar os sentidos obtidos. O termo
subjetiva indireta livre, foi cunhado pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini na
década de 1970 e pretendia explorar o cinema da forma mais realista possível. Em
suma, a câmera subjetiva indireta livre é uma filmagem feita a partir de um plano
subjetivo, o espectador tem noção da existência da câmera, mas ainda assim, a
narrativa se faz de forma indireta.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

- Efeitos sonoros: além dos diálogos, as músicas e os efeitos sonoros podem


ser inseridos para corroborar significativamente na história narrada. Ou seja, os
sons podem servir para endossar sentimentos como o medo, a desconfiança, a
mudança, a raiva, o amor ou ainda ampliar a condição realista do filme.
Convém lembrar o que Martin (2013, p. 24) propõe sobre a natureza do
filme: o filme é uma realidade estética com valor afetivo. Deste modo, acredita-
se que a obra cinematográfica sugere ao espectador interpretações para além do
caráter estético, produz sensações e compreensões plurais e, por tratar-se de uma
produção criativa, passível de interferências de toda ordem. Não nos esqueçamos
que o filme, seja ele ficcional ou documental, é construído como uma obra de arte,
não é neutro e carrega consigo a carga do roteirista, dos atores, do diretor e de
todos aqueles que auxiliaram na sua edificação. Assim, além da história narrada,
é aconselhável observar o modo como essa narrativa é feita, os elementos que
auxiliam para esta ou aquela interpretação e o que resulta como produto final.
Cada uma das sugestões de filmes aqui apresentada serve como objeto de
estudo, sem, contudo, possuir uma interpretação única e definida. É importante
ressaltar que todo enredo pode ser esmiuçado de forma diferenciada por cada
grupo espectador, levantando elementos novos ou desconsiderando outros mais
latentes. Neste sentido, esta obra intenta promover e auxiliar nos debates que
tratam de temas caros à sociedade, ilustrar conteúdos e mostrar que é possível
entreter e fomentar discussões férteis para diversas áreas do conhecimento.

Fabiana Maceno Domingos Pedrolo

(Graduada em Letras Português e Inglês pela Universidade Estadual


do Oeste do Paraná – UNIOESTE; Especialista em Ensino de Cultura, Artes e
História Afro-brasileira e Indígena (UNIOESTE); Mestra em Letras pela UNIOESTE -
Linguagem e Sociedade, com ênfase em Linguagem Literária e Interfaces Sociais:
Estudos Comparados)

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

1
A importância do cinema na sala de aula

Nos termos das Diretrizes Curriculares Nacionais, a adoção de uma perspectiva


multicultural em relação aos currículos escolares contribui para uma sociedade
mais democrática e solidária. Nesse sentido, entende-se que “os conhecimentos
comuns do currículo criam a possibilidade de dar voz a diferentes grupos como os
negros, indígenas, mulheres, crianças e adolescentes, homossexuais, pessoas com
deficiência”, sendo que “o conhecimento de valores, crenças, modos de vida de
grupos sobre os quais os currículos se calaram durante uma centena de anos sob
o manto da igualdade formal propicia desenvolver empatia e respeito pelo outro,
pelo que é diferente de nós, pelos alunos na sua diversidade étnica, regional, social,
individual e grupal, e leva a conhecer as razões dos conflitos que se escondem por
trás dos preconceitos e discriminações que alimentam as desigualdades sociais,
étnico-raciais, de gênero e diversidade sexual, das pessoas com deficiência e
outras, assim como os processos de dominação que têm, historicamente, reservado
a poucos o direto de aprender, que é de todos.” (BRASIL, 2013, p. 115)
Nesse sentido, a educação de e para os direitos humanos vem se
estruturando no país paulatinamente, com períodos de avanços e retrocessos, e o
cinema é um potente instrumento nesse processo. De acordo com o Plano Nacional
de Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2018, p. 39), “a contemporaneidade é
caracterizada pela sociedade do conhecimento e da comunicação, tornando a mídia

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

um instrumento indispensável para o processo educativo. Por meio da mídia são


difundidos conteúdos éticos e valores solidários, que contribuem para processos
pedagógicos libertadores, complementando a educação formal e não formal.”
Assim, o uso do cinema na educação configura um instrumento pedagógico
importante diante das transformações tecnológicas e da disseminação das
imagens como aspecto inevitável da experiência dos indivíduos no mundo nas
últimas décadas. Segundo Marília Franco (2010), é importante que o cinema seja
experimentado como parte do cotidiano escolar, e não apenas como ilustração de
temas ou conteúdos específicos.
Além disso, a dinâmica da utilização do cinema em sala de aula pode
estimular trocas, possibilidades de pensamento diversas e a criatividade por meio
da linguagem artística. Desta forma, o uso sistemático do cinema em espaços
voltados à educação é parte efetiva do processo cognitivo dos estudantes. Os bens
simbólicos gerados pela cultura midiática são responsáveis por mediar, em certos
aspectos, a relação das pessoas com o meio em que vivem. Assim, discutir questões
relevantes e atuais através de filmes é uma ferramenta que pode ser cada vez mais
explorada pela educação em todos os níveis.
Com efeito, por meio da abordagem dos direitos humanos pela linguagem
cinematográfica consegue-se, além do conhecimento, experimentar o contato
com o outro: “Ela, a alteridade, nos ajuda a nos vermos no outro, a compreender
as semelhanças e a aceitar as diferenças. Ela é o fundamento da convivência, da
colaboração, da capacidade de construir coletivamente. Desenvolver a noção que ela
nos oferece é um desejo teórico de todos, mas também uma prática revolucionária
depois de, pelo menos, um século de exercício estimulado por competitividade e
individualismo, de que não estão imunes os modelos escolares ainda em execução
no país.” (FRANCO, 2010, p. 15). Esse encontro com o outro não é apenas uma
possibilidade de conhecimento, de saber sobre esse outro, mas de viver uma
experiência em relação a ele.
Conforme salienta Cezar Migliorin (2010, p. 5), “o cinema não se encontra
na escola para ensinar algo a quem não sabe, mas para inventar espaços de
compartilhamento e invenção coletiva, colocando diversas idades e vivências
diante das potências sensíveis de um filme. Digamos assim: a democracia é o
acontecimento que provoca o encontro não organizado de diversas inteligências,
uma ação em si emancipatória.”
Nesse contexto, os filmes permitem perceber o outro: o diferente, o

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
excluído, o invisível. O cinema humanista favorece o conhecimento dos diversos
povos que habitam o planeta, etnias distantes, geográfica e culturalmente. Histórias
de lutas apagadas por governos autoritários, denúncias de intolerância e racismo,
conquistas de minorias – mulheres, idosos, homossexuais, indígenas, etc. Com
efeito, “o empoderamento dos grupos sociais exige conhecimento experimentado
sobre os mecanismos e instrumentos de promoção, proteção, defesa e reparação
dos direitos humanos.” (BRASIL, 2018, p. 29).
Tudo isso pode ser difundido e fortalecido pelo cinema, por se tratar de
uma linguagem universalizante e que, por essa característica, afigura-se como
condição de possibilidade para uma discussão voltada à promoção de alternativas
para a superação da situação de violência e/ou desigualdade que ainda permeiam
a sociedade brasileira.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

2
Metodologia de intervenção:
as rodas de conversa como possibilidade

A metodologia do projeto de extensão “Cinema e Direitos Humanos” está


alicerçada na criação de rodas de conversa. Inicialmente, são expostas breves
informações do filme a ser exibido pelos(as) mediadores(as), tais como ano de
produção, direção, país de origem, tema central, etc. Em seguida, a linguagem
cinematográfica, seus elementos e características principais são abordados a fim
de ampliar a capacidade dos participantes de compreender, analisar e interpretar o
filme a ser assistido. Deste modo, é possível potencializar o objeto de estudo para
além das percepções superficiais, agregando assim, valores visuais, auditivos e
semânticos à obra cinematográfica. A seguir, acontece a exposição do filme e, na
sequência, forma-se a roda de conversa.
A inserção metodológica da roda de conversa como mecanismo de construção
dialógica no processo de ensino e aprendizagem apresenta-se como possibilidade
metodológica para uma comunicação dinâmica e produtiva entre as pessoas que
participam das sessões de cinema (acadêmicos, comunidade em geral, alunos das
escolas de ensino fundamental e médio da rede pública municipal e estadual e
também da rede privada, professores e mediadores do projeto, etc). No contexto
da roda de conversa, o diálogo é um momento singular de partilha, uma vez que
pressupõe um exercício de escuta e fala, viabilizando que novos conhecimentos

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
possam ser construídos coletivamente.
Como salienta Freire (1983, p. 43), ser dialógico “não é dizer-se
descomprometidamente dialógico; é vivenciar o diálogo. Ser dialógico é não invadir,
é não manipular, é não organizar. Ser dialógico é empenhar-se na transformação
constante da realidade. Esta é a razão pela qual, sendo o diálogo o conteúdo da
forma de ser própria à existência humana, está excluído de toda relação na qual
alguns homens sejam transformados em ‘seres para outro’ por homens que são
falsos ‘seres para si’.”
As rodas de conversa, nomeadas por Paulo Freire como Círculos de Cultura,
viabilizam momentos de fala e de escuta, configurando-se enquanto diálogo,
enquanto pronúncia do mundo, ou seja, enquanto processo de ler o mundo,
problematizá-lo, compreendê-lo e transformá-lo. Nelas, ocorre um diálogo no qual
“o pensar do educador somente ganha autenticidade, na autenticidade do pensar
dos educandos, mediatizados ambos pela realidade, portanto na intercomunicação.”
(FREIRE, 1983, p. 64).
Tal prática está em consonância com o Programa Nacional de Fortalecimento
dos Conselhos Escolares, que em seu texto ressalta que “no Círculo de Cultura
trabalha-se com relações entre pares, em círculo, olho no olho, partilhando e
contrapondo entendimentos, compreensões diferentes numa construção coletiva
de soluções”. Neste espaço, “superam-se e evitam-se as relações de ‘ensinação’,
que fazem com que no grupo um fale e os outros ouçam submissamente. No
Círculo de Cultura todos aprendem e ensinam. Esta metodologia exige respeito e
reconhecimento da contribuição do outro e dialogicidade.” (BRASIL, 2006, p. 39).
Assim, constata-se que a roda de conversa é um elemento imprescindível,
que deve ser explorado pelos professores e demais mediadores das sessões de
cinema, pela sua relevância e contribuições ao público destinatário da sessão e ao
fazer docente.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

3
Outras possibilidades metodológicas

3.1 Oficinas de Direitos Humanos

De acordo com Carbonari (2014), as oficinas de Direitos Humanos


trabalham práticas educativas que concebem a Educação em Direitos Humanos
como tarefa em construção e possibilitam a construção de dinâmicas proativas de
aprendizagem. Cada oficina apresenta um “aspecto chave” para a compreensão
dos direitos humanos.
As oficinas podem ser organizadas em momentos diferentes, que podem
se estender no tempo, por exemplo, de uma semana de atividades que envolvam:
a) Motivação: abertura dos trabalhos e apresentação dos objetivos e da
dinâmica da oficina;
b) Sensibilização: engajamento dos(as) participantes na realização do
conjunto das atividades propostas;
c) Formulação da pergunta orientadora: constrói-se uma “pergunta
orientadora” que introduzirá o processo de reflexão crítica sobre o assunto.
Exemplos: “O que é violação e o que é promoção dos direitos humanos?” ou “Quais
são e de quem são as responsabilidades com a efetivação dos direitos humanos?”
d) Caminhos e possibilidades: aprofundamento da temática da oficina,
apresentando alternativas sobre o assunto tratado;

21
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
e) Posicionamento: trabalha-se com a síntese pessoal e coletiva da
temática abordada;
f) Compromisso: faz-se o encerramento da oficina estabelecendo-
se uma base de responsabilidades práticas com tudo o que foi produzido
durante as atividades.
Os filmes são importantes aliados, principalmente nas etapas de motivação
e sensibilização das oficinas.

3.2 Jogos cooperativos (trabalho em equipe)

De acordo com Agüero (2016), as oficinas de jogos cooperativos baseiam-


se na educação e para a paz e os direitos humanos, pois sua aprendizagem é
um processo vivencial, protagonizado pelas pessoas que buscam sua realização
e desenvolvimento. Essas oficinas fomentam o trabalho em equipe, por meio de
atividades lúdicas e cooperativas para a promoção da solidariedade, cooperação e
comunicação. Os filmes podem desempenhar um papel significativo nas oficinas de
jogos cooperativos.
Por exemplo, eles podem servir como “início” de uma discussão que será
aprofundada, em sequência, na oficina. O(a) professor(a) pode providenciar um
cartaz grande ou um quadro em branco e pinceis atômicos/giz, reunindo as pessoas
em um grupo e propondo que escrevam uma história em conjunto, dialogando com
o filme assistido. Por exemplo: pode-se pensar em um desfecho “alternativo” ao
apresentado no filme para uma determinada personagem.
Cada pessoa deve escrever uma frase da história, que será continuada
pelo próximo participante, até a participação de todos os sujeitos envolvidos na
atividade.
Ao final, todos leem juntos a história criada e dialogam sobre suas reflexões.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

4
Organizando a sessão

4.1 Escolhendo o filme

Com a popularização da internet, o acesso às obras cinematográficas


resta bastante facilitada. Como salientado no item 6 deste livro (“Onde buscar
material?”), há diversas plataformas nas quais é possível encontrar filmes,
em diferentes formatos (longas e curtas metragens, ficções, documentários,
animações, etc), que podem ser baixados/rodados gratuitamente, sem fins
lucrativos, em nossas escolas.
Muitos desses sites/páginas apresentam, inclusive, propostas de atividades
que podem ser realizadas antes ou depois de cada sessão, em um contexto
educativo. Além disso, os produtores/distribuidores de filmes, assim como
diretores/atores/atrizes mostram-se muito receptivos à distribuição de suas obras
quando contatados, por exemplo, por meio de redes sociais.
A democratização dos meios de informação tornou muito mais simples o
acesso aos filmes como o diálogo com os realizadores. Nesse processo, o mais
importante é atentar para o sentido pelo qual escolhemos os filmes e como
imaginamos que eles possam atingir nossa comunidade de espectadores, ou seja,
de que forma podemos acionar as mais intensas potências da experiência fílmica
entre nosso público.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
Quando a sessão objetiva mobilizar o público a respeito de um tema específico,
a busca pode começar por este argumento de busca (tema a ser debatido) em um
site de buscas. Atenção, também, para a faixa etária indicada para cada obra e o
seu tempo de duração. Recomenda-se que sejam utilizadas obras mais “curtas” sob
o ponto de vista temporal, de modo a manter o nível de atenção dos espectadores.

4.2 Organizando o material necessário (equipamentos)

Depois de decidir o local onde será exibido o filme, vale a pena pensar na
reunião dos materiais (equipamentos) que serão necessários para a sessão. Vale a
pena enumerar em uma planilha tudo que será necessário para a atividade, para
evitar problemas no momento da exibição do filme. Lembre-se desde o projetor,
passando pelo pen-drive, até mesmo do “T” de tomada que será necessário para
conectar todos os equipamentos.
Basicamente, uma sessão de cinema necessita de um projetor, de uma caixa
de som e de uma tela ou televisão. A tela pode ser facilmente improvisada em uma
parede branca ou um lençol.

4.3 O debate

Existem muitas formas de se realizar um bom debate sobre o filme


apresentado. Já propomos, aqui, a metodologia da roda de conversa (item 2). As
oficinas em Direitos Humanos (item 3.1) e os jogos cooperativos (item 3.2) também
podem despertar o interesse pela discussão da obra apresentada.
Convidar comentadores(as) familiarizados(as) com o filme, com a temática
abordada ou com a linguagem cinematográfica também é uma estratégia válida
e muito interessante. Observa-se, no entanto, que a ideia não é que o debate seja
“conduzido” pelo(a) “especialista”, mas que ele(a) atue como um(a) facilitador(a)
da discussão.

24
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

5
Vamos trabalhar?
30 filmes para utilizar em sala de aula
com seus alunos

Agora que você já sabe como montar a sua sessão e organizar o debate a
partir do filme apresentado, é hora de escolher o filme a ser exibido.
A seguir serão apresentadas sugestões de filmes que podem ser importantes
instrumentos pedagógicos para realização de atividades em sala de aula sobre os
mais variados temas. Optou-se, na seleção, por filmes de duração mais curta e com
fácil acesso on-line, indicando-se os links respectivos para o acesso a cada película.
As temáticas foram divididas em cinco eixos transversais:
- Direitos Humanos e suas concepções;
- Racismo;
- Corpo, gênero, identidades e sexualidades;
- Pobreza, desigualdade social e violência estrutural;
- Meio-ambiente.
Após cada filme, foram sugeridas atividades que podem ser realizadas em
sala de aula tendo por temática o assunto abordado.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
5.1 Temática: Direitos Humanos e suas concepções

Título: “A história dos Direitos Humanos”


(Curta-metragem documental, EUA, 2011, 9 minutos)

Sinopse: Este curta-metragem apresenta uma evolução histórica dos


direitos humanos, desde as suas origens até os desafios a eles impostos na
contemporaneidade, a partir de uma linguagem fluida, crítica e bastante acessível
para quem não possui conhecimento sobre a temática. O curta documental apresenta
todo o catálogo de direitos humanos assegurados pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos, apresentando de forma bastante didática os direitos e liberdades
básicos que todos os seres humanos possuem pela sua própria condição – incluindo
o direito à vida e à liberdade, liberdade de pensamento e de expressão, a igualdade
perante a lei, etc.

Faixa etária: a partir dos 12 anos.

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=uCnIKEOtbfc

Atividade sugerida: após a exibição do filme, propor aos alunos uma


pesquisa sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos na internet. A partir
do estudo da Declaração, destacar algum direito por ela assegurado que se encontra
em situação de violação/vulneração no cenário atual – local, regional, nacional,
internacional – propondo-se, em sequência, um debate sobre o tema na turma.

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Título: “Direitos Humanos para humanos”


(Documentário, Brasil, 2020, 51 minutos)

Sinopse: O documentário é de iniciativa do cineasta Gabriel Filipe e tem


a finalidade de romper com o véu de desinformação e deturpação de sentidos
que envolve o tema dos Direitos Humanos na sociedade brasileira contemporânea.
O filme conta com a participação de autoridades, professores e pesquisadores
engajados na luta pela efetivação dos Direitos Humanos.

Direção: Gabriel Filipe

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=lfHpq8qkk5Y

Atividade sugerida: Após a exibição do filme, convidar os alunos a


pesquisarem situações em que os Direitos Humanos foram abordados de modo
equivocado/deturpado em notícias ou programas de TV. Após, convidá-los a
“corrigir” a notícia/informação veiculada a partir de uma leitura adequada/correta
dos Direitos Humanos implicados na discussão.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Carnaval dos deuses”


(Curta-metragem, Brasil, 2020, 9 minutos)

Sinopse: Numa escola de educação infantil, a menina Ana observa seus


colegas confeccionarem suas fantasias de Carnaval. Ela não participa da atividade
porque acredita que o carnaval é uma festa envolta em pecado. O fato de não
participar da confecção das fantasias provoca no grupo de amigos uma conversa
sobre deuses, pecados e crenças, pautada pelo respeito às culturas familiares e
religiosas de cada um.

Direção: Tata Amaral

Faixa etária: a partir dos 12 anos


Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=KtOV6W7B_wA

Atividade sugerida: Após a exibição do filme, convidar os alunos a


pesquisarem sobre festividades e manifestações culturais que possuem origem
religiosa/profana, promovendo uma mostra de cartazes sobre a temática na escola,
de modo a sensibilizar a comunidade escolar para o respeito às diferenças culturais
e religiosas.

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Título: “Crianças Invisíveis”


(Conjunto de 7 curtas-metragens, Itália, 2005, 129 min)

Sinopse: O filme foi patrocinado pelo UNICEF para retratar a invisibilidade de


algumas crianças no mundo contemporâneo. O conjunto de sete curtas-metragens,
dirigidos por aclamados diretores do mundo todo, tem por temática central a vida
de crianças que vivem dramas e responsabilidades próprias do universo dos adultos.
A proposta é promover o debate sobre as dificuldades encontradas por crianças no
mundo todo na efetivação de seus direitos, a partir da história de meninos-soldados,
de crianças em conflito com a lei em instituições de reabilitação, de crianças expostas
à violência em periferias, crianças em situação de exploração laboral, crianças em
meio a conflitos bélicos, adolescentes expostos a maus-tratos, etc.

Direção: Mehdi Charef, Emir Kusturica, Spike Lee, Kátia Lund, Ridley e
Jordon Scott, Stefano Veneruso, John Woo.

Faixa etária: a partir dos 12 anos.

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=fVaCX8LWogs

Atividade sugerida: Propor aos estudantes uma pesquisa sobre situações


de violação de direitos da infância e da adolescência no Brasil, a partir de pesquisa de
reportagens sobre o tema na internet. Após, promover uma roda de conversa sobre o tema,
socializando as notícias encontradas e debatendo-as a partir das histórias contadas no filme.

MATERIAIS DE APOIO ÀS ATIVIDADES PROPOSTAS:

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Disponível em:


https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em-direitos-humanos/
DIAGRMAOPNEDH.pdf

Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
5.2 Temática: Racismo

Título: “Do meu lado”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2014, 14 minutos)

Sinopse: O filme narra de um modo bastante divertido e sensível o cotidiano


de duas vizinhas religiosas – uma da umbanda e outra protestante – de uma região
periférica que precisam diminuir as diferenças entre si quando uma infiltração na
parede abre um buraco que divide as suas casas, permitindo que cada uma delas
possa compreender um pouco melhor a realidade da outra.

Direção: Tarcísio Lara Puiati

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=DSBVBLAI-yw

Atividade sugerida: propor aos alunos uma pesquisa sobre a temática da


liberdade de crença e sobre como as religiões de matriz africana, no Brasil, sofrem
com o preconceito e a discriminação.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Dudú e o Lápis Cor da Pele”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2018, 19 minutos)

Sinopse: O filme conta a história de Dudu, um menino negro bastante


inteligente e imaginativo que estuda em um colégio particular de classe média. Em
uma aula de Educação Artística, a professora de Dudu pede que o menino utilize
o que ela chama de “lápis cor da pele” na pintura de um desenho, o que desperta
uma crise de identidade em Dudu, que vai em busca de explicações para o assunto.

Direção: Miguel Rodrigues

Faixa etária: a partir dos 10 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=-VGpB_8b77U

Atividade sugerida: dividir os alunos em duplas, incumbindo os colegas


de desenharem uns aos outros observando particularidades relacionadas à cor
da pele, dos olhos, formato do rosto, corte de cabelo, etc, sensibilizando-os a
reconhecer e a respeitar a pluralidade e as diferenças.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Ana”
(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2019, 16 minutos)

Sinopse: O filme narra a história de Ana, uma menina negra que não
se reconhece como negra, e Jeannette, uma professora refugiada que encontra
dificuldades de adaptação no Brasil. Unidas por serem ambas vítimas de atitudes
racistas e preconceituosas, Ana e Jeannette descobrem, juntas, um modo de
transformar a si mesmas e enfrentar as situações adversas pelas quais passam.

Direção: Vitória Felipe dos Santos

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=MO1f8n3gMG8

Atividade sugerida: propor aos alunos uma pesquisa sobre o tema


das migrações e do refúgio no Brasil, coletando informações sobre as diferentes
nacionalidades que têm aportado ao país nos últimos anos em busca de melhores
condições de vida e buscando informações acerca das peculiaridades culturais
(músicas, gastronomia, vestimentas, etc) desses sujeitos.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Preto no Branco”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2018, 15 minutos)

Sinopse: O filme narra a história de Roberto Carlos, um jovem negro de


20 anos que, após o trabalho, corre em frente ao shopping no qual trabalha para
não perder o ônibus para casa. Ao correr, ele é abordado violentamente por dois
agentes policiais, que o algemam e o levam preso para a delegacia, onde Roberto
recebe a informação de que havia sido acusado de ter roubado a bolsa de uma
jovem, Isabella, que o reconhece como autor do crime. A firmeza da acusação da
jovem e a veemência com que Roberto alega sua inocência colocam em dúvida a
delegada responsável pelo caso.

Direção: Valter Rege

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=rW5DwuRQVuY

Atividade sugerida: convidar os alunos a buscarem dados acerca da


população prisional brasileira e identificar se existe algum marcador racial que
caracteriza essa população, propondo um debate em seguida acerca do tema, a
partir de casos de erro no reconhecimento de acusados pela prática de crimes em
virtude da cor da pele.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “O xadrez das cores”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2004, 21 minutos)

Sinopse: O filme narra a história de Cida, uma mulher negra de meia


idade que arruma emprego como empregada doméstica na casa de Maria, uma
senhora branca, idosa, viúva, sem filhos e que se mostra extremamente racista e
preconceituosa. A relação entre ambas as mulheres se inicia de um modo bastante
tumultuado, marcado por uma forte perseguição de Maria a Cida em virtude do
preconceito racial que ela nutre. A empregada mantém-se em silêncio diante das
constantes ofensas porque precisa do salário para se manter, até que um dia ela
decide se vingar da patroa em uma partida de xadrez.

Direção: Marco Schiavon

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=CGIBoGzNMR0

Atividade sugerida: propor, a partir do filme, que os estudantes pesquisem


histórias reais de preconceito e humilhações de trabalhadores em seus espaços de
trabalho, encenando-as de modo a converter a situação de racismo do caso real em
uma situação de empatia e tolerância diante das diferenças.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Cores e botas”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2010, 16 minutos)

Sinopse: A menina Joana, como muitas meninas do Brasil dos anos


1980, sonha em ser paquita no Programa da Xuxa. Sua família é bem-sucedida
e apoia a menina em seu sonho. No entanto, Joana é negra, o que representa
uma barreira ao seu sonho, na medida em que nunca se viu uma paquita negra
no programa da Xuxa.

Direção: Juliana Vicente

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=Ll8EYEygU0o

Atividade sugerida: propor, a partir do filme, que os estudantes, no decorrer


da semana, façam análises, em programas de televisão variados, de situações que
representam cenários de racismo estrutural. Propor, a partir dos relatos coletados,
um debate sobre o tema em sala de aula.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “O dia de Jerusa”


(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2014, 20 minutos)

Sinopse: Jerusa, moradora do bairro do Bixiga, em São Paulo, inicia os


preparativos para a comemoração dos seus 77 anos, no seu sobrado envelhecido
pelo tempo. É quando recebe a pesquisadora de opinião Silvia, que circula pelo
bairro convencendo pessoas a responderem um questionário para uma pesquisa
de sabão em pó. Ao conhecê-la, Jerusa proporciona a Silvia uma tarde inusitada,
repleta de memórias, compartilhando seus momentos de felicidade com uma
“desconhecida”.

Direção: Viviane Ferreira

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=0RY3pkRcPiQ

Atividade sugerida: propor, a partir do filme, que os estudantes reflitam


sobre a importância da memória e do afeto. Criar uma “caixa das memórias”,
contendo recordações anônimas dos estudantes, sob a forma de cartas-testemunho,
que serão lidas de modo aleatório na sequência.

MATERIAIS DE APOIO ÀS ATIVIDADES PROPOSTAS:

Guia de enfretamento do Racismo Institucional (ONU). Disponível em:


https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2014/04/Guia_de_enfren
tamento_ao_racismo_institucional.pdf

Campanha “Vidas Negras” (ONU). Disponível em: http://vidasnegras.


nacoesunidas.org/

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/2010). Disponível em: http://


www.planal

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
5.3 Temática: Corpo, gênero, identidade e sexualidades

Título: “Corpo Manifesto”


(Média-metragem documental, Brasil, 2015, 28 minutos)

Sinopse: O documentário apresenta um panorama sobre o feminismo


no Brasil, a partir do cenário de luta das mulheres brasileiras nos últimos anos
pela sua autonomia sobre seus próprios corpos. Entremeando imagens de uma
performance da artista Nina Giovelli com entrevistas de feministas como Djamila
Ribeiro, Margareth Rago, Marcia Tiburi e Laerte, dentre outras, o filme explora de
maneira poética as dimensões simbólicas do corpo e sua representação.

Direção: Carol Araújo

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=rJiihbGXg6A

Atividade sugerida: propor que os alunos tematizem o slogan “meu corpo


minhas regras” em uma produção textual (poesia, música, redação, etc).

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “(Sobre)Vivências”
(Documentário, Brasil, 2018, 53 minutos)

Sinopse: Este documentário é resultado de uma pesquisa do Grupo de


Pesquisa “Psicologia e Educação – Tecnopoéticas”. No filme, quatorze entrevistados(as)
relatam suas histórias de vida – todas elas marcadas por vivências de preconceitos
de gênero e sexualidade.

Direção: O documentário resultou de projeto que foi conduzido pelo


acadêmico de Psicologia da Universidade La Salle Gabriel Celestino, com a supervisão
do Prof. Dr. Leonidas Taschetto, do PPG em Educação daquela Universidade.

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=3HpfRWEYVqM

Atividade sugerida: propor que os alunos pesquisem, em redes


sociais, relatos de situações que envolvam preconceito de gênero e sexualidade,
socializando-as com a turma e avaliando possíveis soluções para o enfrentamento
dessas situações.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Léo”
(Curta-metragem de ficção, Brasil, 2016, 15 minutos)

Sinopse: O filme relata a história de Rodrigo, irmão mais velho que não
aceita a homossexualidade do caçula Léo. O seu ódio desencadeia uma situação de
extrema violência contra o irmão mais novo, tragédia na qual também ele, Rodrigo,
acaba se transformando em vítima.

Direção: Mariani Ferreira

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=5OvIx_


kbg3k

Atividade sugerida: distribuir entre os alunos notícias envolvendo


agressões à população LGBTQI+ e solicitando que eles realizem uma busca on-
line dos principais meios jurídicos existentes para o enfrentamento a este tipo de
violência.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Imagine uma menina com cabelos de Brasil...”


(Curta-metragem de animação, Brasil, 2010, 10 minutos)

Sinopse: Nesta animação, com um excelente apelo para trabalhar com


crianças, acompanhamos a história de Aparecida, uma garotinha que possui baixa
autoestima porque está muito descontente com seus cabelos, motivo pelo qual se
sente deslocada na escola na qual estuda. A relação de Aparecida consigo mesma e
com seus colegas e amigos começam a mudar apenas quando a menina se une às
suas duas únicas amigas para enfrentar com muito bom-humor as provocações das
outras meninas que estudam na mesma escola.

Direção: Alexandre Bersot

Faixa etária: a partir dos 10 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/


watch?v=6z3UXvxVnz4

Atividade sugerida: propor aos alunos uma campanha – por meio da


elaboração de cartazes virtuais e/ou físicos para expor na sala de aula/escola ou
em alguma página da internet – contra o bullying.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “De que lado me olhas”


(Curta-metragem documental, Brasil, 2014, 15 minutos)

Sinopse: Neste documentário em curta-metragem é possível acompanhar


depoimentos de sete pessoas que oferecem diferentes perspectivas sobre a temática
da construção da identidade de gênero. O filme foi realizado por alunos do Curso
de Realização Audiovisual da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), em
2014.

Direção: Carolina de Azevedo; Elena Sassi

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=d0Vuy9etUz4

Atividade sugerida: propor aos alunos a produção de um vídeo com


depoimentos de diferentes pessoas do seu convívio pessoal acerca da temática da
identidade de gênero, utilizando como equipamento básico os seus respectivos
telefones celulares.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Marias”
(Documentário, Brasil, 2014, 40 minutos)

Sinopse: Trata-se de um documentário produzido a partir de uma instalação


artística denominada “Marias” e que abordava o tema da violência contra a mulher
a partir de suas diferentes formas e contextos de manifestação, discutindo,
de uma forma bastante didática, questões como o lugar/papel da mulher na
sociedade, a cultura do machismo e suas repercussões. A partir das falas de seis
mulheres entrevistadas, temáticas como feminismo negro, mulheres encarceradas,
vulnerabilidade social, identidade de gênero, diferenças entre homens e mulheres
no mercado de trabalho, objetificação sexual do corpo feminino, dentre outros, são
debatidos/problematizados.

Direção: Filipe Mello

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=Bb8DQH0Tiec

Atividade sugerida: desafiar os estudantes a realizarem uma pesquisa sobre


formas de violência contra a mulher para além da violência física, sensibilizando-
os para os diferentes modos e contextos nos quais esse tipo de violência pode se
manifestar. Como resultado da pesquisa, pode-se criar uma campanha que envolva
também as famílias dos estudantes.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Transgêneros: a vida além da identidade”


(Documentário, Brasil, 2017, 32 minutos)

Sinopse: O documentário apresenta a história da professora Danieli, do


adolescente Luan, da cabeleireira Alessandra, dos irmãos gêmeos Eik e Vitor e
da cartunista Laerte. Todos os entrevistados são transgêneros e apresentam aos
espectadores diferentes visões sobre a transgeneridade, ao relatarem suas experiências
de vida, a identificação com o gênero oposto, a questão da aceitação familiar e social,
etc. O documentário também dialoga com alguns profissionais que trabalham com a
temática da transgeneridade. O filme é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso
realizado em 2016 pelos alunos de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi/SP.

Direção: Maíra Menequini, Mayara Reinaldo, Ana Izabel Lima, Caio Miller, Jade Ado-
maitis, Mariana De Salvo, Michele Menuncio, sob orientação da professora Eliane Basso.

Faixa etária: a partir dos 12 anos

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=WupOPO


rH8hw&t=13s

Atividade sugerida: propor aos alunos uma pesquisa de algumas obras


(tirinhas) de uma das entrevistadas no documentário, a cartunista Laerte, que
abordem especificamente as questões relacionadas à experiência da artista com
sua transgeneridade.

MATERIAIS DE APOIO ÀS ATIVIDADES PROPOSTAS:

Nascidos livres e iguais (ONU). Disponível em: https://www.defensoria.


sp.def.br/dpesp/repositorio/39/Nascidos%20Livres%20e%20Iguais.pdf

Violência contra a mulher (Conselho Nacional do Ministério Público).

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/FEMINICIDIO_WEB_1_1.pdf

Mapa da violência contra a Mulher (Câmara dos Deputados). Disponível


em: https://pt.org.br/wp-content/uploads/2019/02/mapa-da-violencia_pagina-
cmulher-compactado.pdf?fbclid=IwAR3aPwajRLQVe0liDGwOJRDhTBwmSSDZa8jy
RSWCbpHe3XwIyG75yvV9Nfo

Violências LGBTFóbicas no Brasil (Ministério dos Direitos Humanos).


Disponível em: https://prceu.usp.br/wp-content/uploads/2021/04/MDH_violen
cia_2018.pdf

45
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
5.4 Temática: Pobreza, desigualdade social e violência estrutural

Título: “Crash: No limite”


(Longa metragem, EUA, 107min, 2005)

Sinopse: O filme conta diferentes histórias entrelaçadas que tem como


personagens pessoas das mais variadas origens étnicas cujas vidas se cruzam
em decorrência de um incidente. A partir disso, os diferentes estereótipos que a
sociedade criou para esses grupos raciais acaba por afetar seu julgamento, suas
crenças e suas atitudes, gerando problemas e tensões.

Direção: Paul Haggis

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=FJYqCnWQw68&t=1090s

Atividade sugerida: Abordar o tema “preconceito” e aprofundar


a discussão acerca de como os estereótipos sociais são disseminados e os
malefícios trazidos pelas concepções erradas sobre qualquer categoria (seja ela
social, étnica ou profissional). Em seguida, após a exibição do filme, propor uma
pesquisa sobre os eventos recentes noticiados sobre a temática discutida, com
socialização no grupo.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “A bala perdida”


(Curta-metragem, Brasil, 12min, 2020)

Sinopse: O filme promove uma reflexão sobre como uma única bala de
arma de fogo pode fazer, simultaneamente, muitas vítimas. Para além daquela vida
que é diretamente interrompida, existem outras histórias que deixam de acontecer
e, com isso, muitas pessoas têm suas trajetórias alteradas. O filme aborda temáticas
como o caos urbano e a violência nos grandes centros do país.

Direção: Sérgio MIB

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=34KNSgrMtMk

Atividade sugerida: Propor que os estudantes se reúnam em grupos


e pesquisem na internet casos envolvendo mortes/incidentes provocados por
balas perdidas, avaliando, a partir dos casos pesquisados, quantas pessoas
foram impactadas com aquela forma de violência para além da vítima alvejada
pelo disparo.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Cidade de Deus”


(Longa metragem, Brasil, 130min, 2002)

Sinopse: O filme acompanha a história de Buscapé, um jovem pobre e


negro que cresce em meio a um universo de muita violência numa favela carioca
conhecida como “Cidade de Deus”. Temendo tornar-se um bandido, Buscapé
utiliza de seu talento como fotógrafo para escapar daquela realidade. Seguindo
na profissão, Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência
aparenta ser infinita.

Direção: Fernando Meirelles

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=NecxfpeCiSI

Atividade sugerida: Discutir com os estudantes a questão da violência nas


periferias brasileiras, a partir do conceito de violência estrutural, relacionando-a
com casos a serem pesquisados e discutidos no grande grupo.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Falcão – Meninos do tráfico”


(Documentário, Brasil, 58min, 2006)

Sinopse: Este documentário apresenta uma triste realidade das periferias


dos grandes centros urbanos do Brasil: o envolvimento precoce dos jovens com
o tráfico de drogas. O título do documentário faz alusão ao termo “falcão”, que
é utilizado para designar a pessoa responsável por vigiar as comunidades e
informar quando a polícia ou grupos inimigos se aproximam, protegendo a ação
dos traficantes.

Direção: Celso Athayde; MV Bill

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=B-s2SDi3rkY

Atividade sugerida: Propor aos alunos uma busca na internet por vídeos
de pessoas jovens envolvidas com tráfico de drogas no Brasil, buscando identificar,
nos vídeos localizados, quais os fatores que levaram aqueles indivíduos a se
envolverem com traficantes.

49
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Última Parada 174”


(Longa metragem, Brasil, 110min, 2008

Sinopse: Trata-se de filme baseado em uma história real. O personagem


principal sobreviveu, na infância, quando vivia na rua, a uma chacina policial em
frente à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, na década de 1990. No ano de
2000, o rapaz sequestrou um ônibus urbano na capital carioca, mantendo uma
moça como refém na mira de seu revólver, em ação que foi transmitida pela TV. O
filme mostra todo o percurso que levou o jovem brasileiro, vítima de uma violência
sistêmica, a apelar para atitudes extremas e, em consequência, criminosas.

Direção: Bruno Barreto

Faixa etária: a partir dos 14 anos

Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?v=5GRrCYu0SBo

Atividade sugerida: Propor aos estudantes uma pesquisa sobre o


conceito de dignidade da pessoa humana. O que significa? Onde está prevista
na Constituição Federal? Como a não efetivação da dignidade da pessoa humana
repercute nos índices de violência observados no país contra a população mais
pobre/vulnerabilizada?

50
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Era uma vez”


(Longa-metragem, Brasil, 117min, 2008)

Sinopse: O filme relata a história de Dé e Nina, ele morador da favela de


Cantagalo e ela residente do prédio beira-mar em frente ao quiosque onde ele
trabalha. Vivendo um romance proibido por conta da diferença de classe social, o
casal precisa lutar para permanecer junto frente às adversidades criadas pelo pai da
moça e pela situação de violência na qual ele está inserido.

Faixa etária: a partir dos 14 anos.

Direção: Breno Silveira

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=EC41EtLZ0KY

Atividade sugerida: Propor aos alunos que escrevam anonimamente em


um papel sobre a região de moradia de cada um e como isso já interferiu em algum
aspecto de sua vida. Em seguida, sortear aleatoriamente os relatos a fim de fomentar
o debate sobre o preconceito geográfico e debater sobre o tema em questão.

51
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “Um lugar ao Sol”


(Documentário, Brasil, 105 min, 2009)

Sinopse: O documentário apresenta o relato de moradores de algumas


coberturas de prédios de Recife – PE a fim de mostrar como vivem e pensam as
pessoas que habitam o andar mais alto dos prédios e da classe social. Dirigido
de forma intrigante, o filme propõe uma abordagem inusitada sobre o tema em
questão, promovendo uma reflexão sobre a desigualdade social real e simbólica.

Direção: Gabriel Mascaro

Faixa etária: a partir dos 14 anos.

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=F0tFQEnvThM

Atividade sugerida: com base na linguagem cinematográfica do filme


debater sobre a intenção do diretor bem como identificar nas imagens a interpretação
possível sobre o preconceito geográfico existente no Brasil. Propor uma pesquisa
virtual sobre as regiões mais e menos valorizadas para se morar e os motivos que
tornam estas regiões prestigiadas ou não.

52
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Vida Maria”


(Animação, Brasil, 9 min, 2007)

Sinopse: O filme acompanha a vida de Maria, uma menina de cinco anos


de idade que se diverte aprendendo a escrever o seu próprio nome. No entanto,
ainda criança, ela é obrigada pelas circunstâncias sociais de extrema pobreza em
que vivia a abandonar os estudos para começar a trabalhar realizando afazeres
domésticos e na roça.

Direção: Marcio Ramos

Faixa etária: a partir dos 10 anos.

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_


htum4

Atividade sugerida: Propor aos alunos uma pesquisa sobre o tema


do trabalho infantil e como ele afeta a vida escolar das crianças que não têm
oportunidade de acessar a escola.

MATERIAIS DE APOIO ÀS ATIVIDADES PROPOSTAS:

INFOGRÁFICO: violência contra negros e negras no Brasil (Fórum Brasileiro


de Segurança Pública). Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2019/11/infografico-consicencia-negra-2019-FINAL_site.pdf

Índice de vulnerabilidade juvenil à violência (Fórum Brasileiro de


Segurança Pública). Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2020/10/fbsp-vulnerabilidade-juveni-violencia-desigualdade-racial-2017-

53
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
relatorio.pdf

Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 (Fórum Brasileiro de


Segurança Pública). Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/
uploads/2021/02/anuario-2020-final-100221.pdf

O trabalho infantil no Brasil (Fundação Abrinq). Disponível em: https://


www.fadc.org.br/sites/default/files/2019-08/trabalho-infantil-no-brasil.pdf

Direito humano à educação (Plataforma Dhesca Brasil). Disponível em:


https://www.cnte.org.br/images/stories/2012/cartilhaeducacaoacaojustica.pdf

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

5.5 Temática: Meio ambiente

Título: “Saco Plástico”


(Curta-metragem de ficção, EUA, 2009, 18 minutos)

Sinopse: Um filme narrado de apenas 18 minutos denominado “Plastic


Bag” do realizador Ramin Bahrani. Aclamado no Festival de cinema ambiental
de Washington o curta-metragem é narrado pelo também cineasta, o alemão
Werner Herzog. A história conta os dilemas existenciais de um saco plástico de
supermercado, que vai permanecer por séculos no meio ambiente.

Direção: Ramin Bahrani

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=oTjX3k6FALg

Atividade sugerida: propor aos alunos a pesquisa e a realização de


uma mostra na sala de aula e/ou na escola acerca dos diferentes períodos de
decomposição de resíduos sólidos e o impacto ambiental decorrente do manejo
inadequado desses materiais.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “A ilha”
(Curta-metragem de animação, Brasil, 2008, 9 minutos)

Sinopse: O filme apresenta um personagem que, cercado pelo grande


volume de carros nas ruas, tentando atravessar para o outro lado da rua, acaba
ficando preso como se estivesse em uma ilha. A partir de elementos do cinema
mudo, apenas com a sonorização dos veículos, ambientes externos, animais e a
trilha sonora, o filme – além da questão ambiental propriamente dita – também
propõe uma discussão sobre as pessoas que se encontram à margem da sociedade,
nas grandes cidades.

Direção: Alê Camargo

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=7C3Ug43Xzaw

Atividade sugerida: propor aos alunos uma busca de imagens, na internet,


de espaços urbanos caóticos, com esgotamento de recursos naturais, e propor,
a partir das imagens, que os estudantes proponham políticas de melhorias dos
espaços assim identificados.

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Título: “Terra: Existe um Futuro?”


(Documentário, EUA, 2015, 1h26min)

Sinopse: O documentário aborda o tema do aquecimento global sob uma


ótica realista, apontando, além de suas causas, os efeitos que vivenciaremos em
um futuro próximo e providências práticas para que essa trajetória rumo ao colapso
seja interrompida. O filme mostra que ainda podemos reverter o curso em direção
ao caos e as iniciativas que podem ser tomadas nesse sentido.

Direção: Discovery Channel

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=ZeD7eBWwYSw

Atividade sugerida: propor aos alunos uma pesquisa sobre políticas que
vem sendo adotadas por empresas e pessoas individuais com vistas a conter os
processos de aquecimento global, apresentando-as em um mural que poderá ser
exposto na escola.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

Título: “O amanhã é hoje”


(Documentário, Brasil, 2018, 23min)

Sinopse: O documentário apresenta o relato de seis brasileiros, de cinco


estados diferentes, que contam como as mudanças climáticas impactaram suas vidas.

Direção: O filme é resultado da união de sete organizações da sociedade civil


que juntaram esforços para tirar da invisibilidade as histórias dos afetados pelas mudan-
ças climáticas. São elas: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Artigo 19, Conectas
Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental.

Link de acesso ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=azrnx55oawQ

Atividade sugerida: propor aos alunos uma busca ativa por imagens que
evidenciam o impacto das mudanças climáticas nas paisagens do país, comparando
imagens de um mesmo local em dois períodos de tempo diferentes.

MATERIAIS DE APOIO ÀS ATIVIDADES PROPOSTAS:

A Declaração do Rio sobre o meio ambiente e o desenvolvimento.


Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/proclima/wp-content/uploads/sites/36/
2013/12/declaracao_rio_ma.pdf

Livro eletrônico: Estudos sobre impactos ambientais. Disponível em:


http://www.fepaf.org.br/download/Impactos-Ambientais.pdf

Greenpeace Brasil. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/

Secretaria Municipal do Meio-Ambiente. Disponível em: https://www.


ijui.rs.gov.br/meio-ambiente

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MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

6
Onde buscar material?

Optou-se, no presente livro, pela indicação de filmes disponíveis


gratuitamente na Plataforma YouTube. Entende-se que esta plataforma, por ser de
conhecimento de maior parte da população, facilita sobremaneira a localização das
obras indicadas.
Na sequência são apresentadas outras plataformas on-line nas quais podem
ser encontrados excelentes filmes para trabalhar em sala de aula (ou fora dela) com
seus alunos.

• PORTA CURTAS: Plataforma na qual encontram-se filmes e propostas


de atividades didáticas. Disponível em: www.portacurtas.org.br

• CURTA NA ESCOLA: Trata-se de plataforma do Porta Curtas


especializada no público escolar. Disponível em: www.curtanaescola.org.br

• VIDEOCAMP: Plataforma com filmes diversos e organizados por


temáticas, atividades e curadorias. Disponível em: www.videocamp.com/pt

• FILMOTECA ON-LINE: Site com filmes para download. Disponível em:


www.filmotecaonline.com.br

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

• LIBREFLIX: Plataforma colaborativa de filmes brasileiros independentes.


Disponível em: www.libreflix.org

• TATURANA: Plataforma que apresenta vários filmes nacionais, com


possibilidade de cadastrar cineclubes, gerar um login e agendar exibições. Após
agendadas as sessões, os filmes são disponibilizados para baixar. Disponível em:
www.taturanamobi.com.br

60
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

REFERÊNCIAS

AGÜERO, E. Trabajo em equipo y juegos cooperativos: experiencias en un hospital


psiquiátrico. In: RODINO, A. M. (Orgs.) et al. Cultura e educação em direitos
humanos na América. João Pessoa: UFPB, 2014. p. 435-451.

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Caderno 6. Programa


nacional de fortalecimento dos conselhos escolares: conselho escolar como
espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da educação. Brasília,
2006.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica.


Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e
Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/docman/julho2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-basica-2013- pdf/
file. Acesso em 13/07/19.

BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de


Educação em Direitos Humanos. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos,
2018.

CARBONARI, P. C. Direitos Humanos: sugestões pedagógicas. 2 ed. Brasília, DF:


IFIBE, 2014.

FRANCO, Marilia. Hipótese-cinema: Múltiplos diálogos. Revista Contemporânea


de Educação, v. 5, n. 9, Rio de Janeiro: UFRJ 2010.

61
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

JESUS, Jaqueline Gomes. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e


termos. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.diversidadesexual.com.br/wp-
content/uploads/2013/04/G%C3%8ANERO-CONCEITOS-E-TERMOS.pdf.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-


estruturalista Guacira Lopes Louro - Petrópolis, RJ, Vozes, 1997.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. Tradução Paulo Neves. São Paulo:


Brasiliense, 2013.

MIGLIORIN, Cezar. Cinema e Escola, sob o risco da Democracia. Revista


Contemporânea de Educação, v. 5, n. 9, Rio de Janeiro: UFRJ 2010.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 1998.

VAN SIJLL, Jennifer. Narrativa cinematográfica: contando histórias com imagens


em movimento. Tradução Fernando Santos. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes,
2017.

62
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Posfácio

Entender el cine como uno de los medios importantes y masivos de


transmisión de cultura, identidad, realidades e historias ha sido fundamental desde
sus inicios. Cuando los Hermanos Lumiére crearon el cinematógrafo, su obsesión era
poder captar las imágenes en movimiento en tiempo real para después proyectarlas
a las personas y, de alguna manera, inmortalizar los momentos vividos. Pensar en
el impacto del cine, es una remembranza a la primera proyección cinematográfica
en el mundo, que sucedió el 28 de diciembre de 1895 en el Grand Café Paris, donde
se proyectó “La llegada del tren”, un pequeño fragmento de película en el que se
veía llegar a un tren a la estación. El impacto de aquella proyección fue tal, que al
ver que el tren se acercaba en l apantalla, la gente corría despavorida porque tenían
la sensación de que un tren real venía hacia ellos. De ese momento, han pasado
más de cien años, y aunque ahora el impacto de las películas se ha transformado,
no deja de tener posibles efectos trascendentales en las y los espectadores.
Una de las experiencias que marcaron el uso del cine como plataforma masiva
para la propagación de ideologías y modos de vida fue el cine alemán de la época de la
Segunda Guerra Mundial. Obedeciendo las estrategias de comunicación y propaganda
de Joseph Goebbels, las y los cineastas alemanes se vieron en el dilema de aceptar
servir al nacionalsocialismo con su obra cinematográfica o ser perseguidos, exiliados
y hasta desaparecidos y asesinados. Muchos de ellas y ellos decidieron abandonar
Alemania, muchos otros no lo lograron y encontraron la tortura y la muerte en su
país y, otros accedieron a servir al régimen para preservar, no solo su vida y la de
sus familias, sino también garantizar privilegios en el sistema social nazista. En ese
contexto, el cine de Leni Riefenstahl (El triunfo de la voluntad, Olimpia) jugó un
papel indispensable en la propagación del mensaje de Hitler al pueblo alemán, de tal
forma, que logró que su difusión fuera masiva. La brillante y aterradora estrategia de

63
CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA
comunicación de Goebbels cambió la funcionalidad y la lectura del cine para siempre.
Después de más de 120 años de su creación, el cine, como todas las
manifestaciones artísticas, responden a reflejos de las realidades de los pueblos, de las
personas y de los momentos actuales que después se convierten en históricos. Tanto la
ficción, el documental, la animación y los infinitos matices y formas que puede presentar
el arte cinematográfico, suelen cargar con contenidos políticos, con o sin intención
consciente de quienes lo realizamos. Todas las películas tienen una carga política,
cultural y humana que merece ser analizada para entender por qué hay discursos y
patrones estéticos y de comportamiento se reproducen y se sostienen y las posturas que
presentan cuestionamientos al status quo social y político del mundo que habitamos.
Las nuevas plataformas de difusión de los contenidos cinematográficos, sobre
todo las virtuales, han permitido que el acceso a filmes sea mucho más democratizado
y accesible. Sin embargo, desarrollar una mirada crítica frente a estos contenidos es un
arduo trabajo en un mar infinito de posibilidades. En esa medida, el proyecto de Cine
y Derechos Humanos de Unijuí presenta una propuesta fresca, actual y profundamente
indispensable que incorpora una visión humana en el proceso de formación de
espectadores/consumidores de productos cinematográficos y audiovisuales.
Involucrar a las personas con el uso del lenguaje cinematográfico y darles
la posibilidad de entablar diálogos e intercambios con quienes hacemos buscamos
transmitir emociones y contar historias a través del cine (directores, guionistas,
productores, actores, etc.) permite generar un diálogo que no es habitual cuando las
obras llegan a las y los espectadores. Profundizar en los contenidos y las decisiones
tomadas por quienes hacemos cine amplia también la mirada y la reflexión de las
personas en cuanto a las temáticas presentadas.
La educación es la posibilidad real de transformación social y, el cine, como
medio de comunicación masivo y artístico, puede aportar en los procesos educativos
de niñas, niños, adolescentes y también personas adultas, con el fin de construir
miradas críticas y humanas desde una de las trincheras más importantes en la lucha
constante de convertir el mundo en lugar más equitativo y justo para todas y todos.

Carla Larrea Sánchez


Mestranda em Direitos Humanos pela Universidade Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Tecnóloga em Realização e Atuação
para Cinema (INCINE –Equador). Licenciada em Realização Cinematográfica.
Centro de Capacitação Cinematográfica (CCC – México). Diretora, produtora
e roteirista de cinema e audiovisual. Professora e Pesquisadora.

64
MAIQUEL ÂNGELO DEZORDI WERMUTH

Sobre o autor

Pós-doutorando em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor e


Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Especialista
em Direito Penal e Direito Processual Penal e Bacharel em Direito pela Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Coordenador do
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito – Mestrado e Doutorado
em Direitos Humanos – da UNIJUÍ. Professor do Curso de Graduação em Direito
da UNIJUÍ. Pesquisador Gaúcho da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio Grande do Sul (FAPERGS). Líder do Grupo de Pesquisa Biopolítica e Direitos
Humanos, certificado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq). Membro da Rede Brasileira de Pesquisa Jurídica em Direitos
Humanos. Coordenador do Projeto PROCAD/CAPES “Rede de cooperação acadêmica
e pesquisa: eficiência, efetividade e economicidade nas políticas de segurança
pública com utilização de serviços de monitoração eletrônica e integração de bancos
de dados”. Coordenador do Projeto de Extensão “Cinema e Direitos Humanos”.

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CINEMA E DIREITOS HUMANOS NA SALA DE AULA

O Projeto “Cinema e Direitos Humanos”, vinculado ao


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito (PPGD)
da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul (UNIJUÍ), tem organizado sessões de filmes acerca
dos Direitos Humanos desde 2015 no âmbito do Campus
principal da Universidade – situado no Município de Ijuí-RS.
Entende-se que a linguagem cinematográfica, por meio da
exibição de uma cinematografia de enfrentamento – cuja
dimensão estética e política, assim como sua forma e conteúdo,
escapam à massificação das salas de cinema comerciais –,
pode representar um mecanismo hábil para suscitar um debate
voltado à educação de e para os Direitos Humanos, fortalecendo
uma cultura cidadã dentro e fora do espaço formal da academia.
Espera-se que este material contribua para que, em sala
de aula, os professores da rede de ensino possam dar
continuidade àquilo que consiste na proposta principal do
projeto: educar para a cidadania, a partir da interlocução dos
Direitos Humanos com o Cinema!

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