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Organização administrativa

 Complexidade do tema
 Problemas:
1. Passagem dos factos às normas
 Factualidade à juridicidade
 Organização administrativa e os seus problemas começaram por ser questões fora do
direito, da reserva do monarca
 Espaço sem intervenção da lei
 Seculo XIX – tema passou a ser dentro da lei, da reserva de lei
1. Houve dois propósitos
2. De legitimar democraticamente a organização administrativa – lei como
produto do parlamento, quem definia o modelo
3. Lei que intervém com o fim de racionalizar, de submeter à razão o modelo de
organização – surge o direito da organização administrativa
i. Surge no final do seculo XIX

2. Saber qual no fundo a evolução da organização


 Modelos de administração publica
 Na idade media havia várias administrações, ideia do pluralismo
 Ao lado da adm do rei e do estado existia uma senhorial e local ou concelhia e ainda uma
eclesiástica
 Passa-se de uma pluralidade para progressiva centralização do rei
 Seculo XIX – ideia da personalidade do estado
 XX – devolve o pluralismo nesta matéria
i. Hoje há varias adm
ii. Adm do estado, das regiões, autárquica, universitária
iii. Por isso há um verdadeiro neo feudalismo administrativo
A) Importância da organização administrativa para implantação do estado social – mais
tarefas e exige maior estrutura organizativa da adm , quanto maior é atividade do estado maior a
estrutura organizativa
B) Articulação entre organização adm e participação dos cidadãos – reforço da participação
passa pela existência de mecanismos
C) Últimos anos (3 decadas) a organização tem sofrido uma privatização – redução de
entidades publicas criando entidades privadas dominadas por entidades publicas

3. Vertentes do poder de organização adm


 Poder de organização adm externo (quem o define não é a adm – pode ser pela CRP, lei ou
convenção internacional) e há um poder interno (poder de organização da própria adm –
auto-organização – própria adm define regras da sua organização e funcionamento que
tem colorario – governo (198º) e este poder é reserva de competência do governo excluída
de intervenção parlamentar)
i. Entre entidades publicas – poder intersubjetivo
ii. Dentro de uma PC existência de um poder intrasubjetivo
iii. Poder de auto-organização intraorgânico (entre órgãos)
iv. De auto-organização dentro de cada órgão – intraorgânico
o Principio geral de direito de origem consuetudinária – todos os órgãos colégios tem
o poder de elaborar o seu próprio regimento (porque é que o regimento da
assembleia é competência especifica do parlamento que não tem forma de lei e
publicada independentemente do PR)

4. Abertura externa da ADM P


 Expressão da abertura da organização administrativa internacional
 A pessoas coletivas estrangeiras que podem colaborar com a adm portuguesa
1. Entidades que exercem funções de natureza social estrangeiras, que podem
reconhecer…
2. Entidades publicas portuguesas contratarem serviços a prestar por entidades
estrangeiras

 Para alem da abertura no âmbito da U.E no âmbito do setor empresarial publico –


entidades publicas portuguesas e de natureza empresarial que foram privatizadas mas
quem comprou o capital social é algo aparentemente estranho
 Casos em que a empresa foi privatizada e quem comprou foi uma outra empresa
privada, esta era uma empresa controlada por um estado estrangeiro
 Exemplo – EDP
 Através disto o estado estrangeiro acaba por intervir no estado português – forma
de abertura ao exterior
 Os estados unidos insurgem contra este deslocar de empresas estratégicas da
posse da titularidade dos estados europeus para fora do continente

5. Reconfiguração dos princípios constitucionais


 CRP fala da descentralização e desconcentração – condicionadas pelo principio da unidade
da adm (corolário de 3 princípios)
i. Natureza soberana do estado
ii. Natureza unitária do estado
iii. Governo como órgão superior de toda a adm publica

 Relevância do direito da U.E


i. Por um lado a AP é indireta (satélite) da U.E – execução do direito da U.E é feita
pela adm portuguesa (de todos os estados membros) – governo é só parcialmente órgão superior
de toda a adm, porque quando a AP executa o direito da U.E o órgão superior é comissão
desdobramento da AP (nacional e internacional)
ii. Partidarização ou colonização da AP pelos partidos políticos

Estruturas subjetivas publicas – pessoas coletivas publicas


O que é PC
 Critério do fim prosseguido, criação por iniciativa publica, criação por lei …
 Critério que permite diferenciar a publica da privada
 Publica são as que reúnem dois critérios
1. No âmbito da sua atividade prosseguem fins primariamente de
natureza publica – subjetivo
 Também pode prosseguir de natureza privada – lucro
 Fim publico – bem comum da coletividade é a expressão da
natureza publica desse fim

2. Elemento formal – tem que ser titulo jurídico do poder publico que
habilita a prossecução
o Quais são as fontes que podem fixar os fins?
 CRP, lei ordinária, convenção internacional, ato da U.E ou organização
internacional, regulamento, contrato adm, ou ato adm, sentença judicial –
consubstancia um tipo de poder publico

Três tipos de entidades publicas


1. Base territorial
2. Institucional
3. Associativa

Base territorial
 Génese assenta num substrato de um território com uma determinada população
 Estes dois são a essência da sociedade caracterizadoras
 Estados, regiões autónomas e autarquias locais
 Freguesias
 Municípios

Associativa
 Associações publicas
 Essência o facto de agruparem um conjunto de entidades
 Associam entidades
 Pode ser publica de entidades privadas (ordem dos advogados) às publicas mas tem na sua
base entidades privadas de ta forma que, conjugam aspetos de regime alicerçado no
principio da CRP; não pode o estado entrar nas associações publicas pois as suas bases são
de base privada
 Associações publicas de entidades públicas (área metropolitana do porto) à associação de
entidades publicas de diversos municípios
 Mistas à entidades publicas e privadas (associação para desenvolver o vale do Tâmega –
publico + privado)

Institucional
 Institutos públicos
 São de base institucional todas aquelas que, não tem base territorial nem associativa

o Dentro dos institutos públicos


1. Entidades públicas que são institutos públicos sem natureza empresarial que não visam o lucro
 Serviços personalizados
 Fundações publicas – base patrimonial e podem existir fundações publicas e privadas
 Universidades publicas

 Nota – podem funcionar as U.P como fundação de entidades publicas – universidade de lisboa á
federação de universidades publicas

 Institutos politécnicos públicos


i. Ambos são estruturas da adm (universidade e instituto)
ii. Ambos visam aprofundar fins no âmbito do saber
iii. 1ª diferença – politécnico mais virado para aspetos de natureza técnica, e a uni para
aspeto dogmática
iv. 2º diferença – graus
v. NOTA – universidades privadas não fazem parte da adm publica

 Entidades adm. Independentes – exercem a sua atividade com grau de autonomia muito
superior a todas as demais, podem estar mais próximos da U.E do que PT; ex.: banco de Portugal

2. Institutos públicos com natureza empresarial


o Objetivo – lucro
o Do estado e das regiões autónomas – são pessoas coletivas de direito publico
o O que tem de traços comuns
a) Titularidade de atribuições de fins próprios – cada entidade tem capacidade jurídica de
direito publico mas também de direito privado
b) Património
c) Autonomia adm e financeira – pode elaborar normas jurídicas
d) Estão submetidas as regras de contratação publica
e) Mecanismos de responsabilidade civil, financeira política
f) Todas controladas pelos tribunais adm
g) Todas podem ser partes em processos judiciais

29/10/2019

Desconcentração da personalidade jurídica


Situações nas quais a OJ esquece que está perante uma entidade coletiva e atinge/produz efeitos
diretamente sobre os titulares dos respetivos órgãos (casos em que há responsabilidade civil
pessoal do titular do órgão; possibilidade de existência de litígios entre órgãos da mesma pessoa
coletiva, podem desencadear ações entre si)

Personalização de estruturas orgânicas


Inverso da desconcentração.
1. Esses órgãos passam a ter poder de auto-organização interna
2. Há uma autonomia patrimonial com inerente responsabilidade civil
3. Esses órgãos têm personalidade judiciária e legitimidade processual (PR, AR, Provedor de
Justiça).

Pessoas coletivas privadas criadas por entidades públicas


Problema de direito da UE – conceito de organismo de direito publico – entendido como uma
entidade sujeita a influencia pública dominante ou a controlo público.
1. Entidades maioritariamente financiadas por entidades públicas
2. Entidades sujeitas a controlo de gestão por uma entidade pública
3. Terem um órgão de administração, de direção ou de fiscalização cuja maioria dos seus
titulares seja direta ou indiretamente nomeada por uma entidade pública.
Para o DUE isto são organismos de direito público sendo irrelevante a personalidade jurídica de
direito privado.

Como isto se traduz?


 Associações privadas de entidades públicas
 Fundações privadas integrando entidades públicas
Afinal, pode haver uma AP sob forma jurídica privada. Administração Pública sob forma jurídica
privada.

Critérios para esta criação:


 Uma entidade publica não pode ir ao CC criar entidades privadas como fosse ela uma
entidade privada. Para que uma entidade publica crie entidades privadas tem de haver
uma lei habilitante, que não pode ser o código civil, que é pensado para entidades privadas.
 Lei quadro dos institutos públicos - L3/2004 de 15 de janeiro.
 A criação por institutos públicos de entidades privadas obedece a três condições:
1. Necessidade de previsão legal ou estatutária
2. Imprescindibilidade. Tem de ser necessária a sua criação.
3. Autorização previa por parte do ministro das finanças e do ministro da tutela do
respetivo setor.
Participação do Estado em sociedade de direito privado - regulada no decreto lei 133/2013 de 3 de
outubro.

Capacidade jurídica das entidades publicas: medida de posições jurídicas ativas e passivas
Princípios
1. Da especialidade – tem poderes inerentes à prossecução dos fins
2. Da reserva de lei – é esta que tem de definir a capacidade destas entidades
3. Poderes implícitos – se a lei define os fins então implicitamente há de dar os meios para
alcançar esses fins.

As entidades publicas têm também uma capacidade jurídica de direito privado.


 Capacidade interna/nacional
 Capacidade externa/internacional

1. A capacidade das entidades públicas pode envolver a representação de entidades publicas.


Não exclui o fenómeno da representação (Presidente da CM é quem representa o município
nos tribunais). Pode haver representação de interesses alheios à organização
administrativa.
2. É possível também a gestão de negócios entre entidades publicas, no âmbito da sua
capacidade jurídica privada. Não no âmbito da atividade regulada pelo direito público. Se
não há lei a permitir há uma questão de incompetência absoluta.
3. A capacidade jurídica de uma entidade pública marca os limites da sua competência- se
uma entidade publica age fora da sua capacidade ela lesa a competência gerando uma
situação de incompetência absoluta, mas ao mesmo tempo se viola as regras de capacidade
em matéria de direito privado atinge a tutela da competência.

Relações intersubjetivas:
Como se definem as atribuições das entidades públicas?
1. Tese tradicional – há como regra a incomunicabilidade - cada pessoa coletiva publica tem
atribuições próprias e nunca se cruzam com as atribuições das outras entidades públicas.
Admite poderes de intervenção de uma entidade publica sobre as esferas de outras (Estado)
2. PO – elasticidade das normas definidoras de atribuições. As atribuições/interesses
materiais são repartidas em termos verticais (ex. em matéria de ambiente tem competência
sobre a matéria o Estado, RA e AL).
 Princípio da subsidiariedade – pertence às entidades de âmbito mais restrito aquilo que
por elas possa ser feito. Mas se elas não o fizerem ou com tanta eficiência passa à esfera das
que têm maior âmbito.
 Supletividade do direito do Estado – se as entidades públicas menores não elaborarem
normas sobre determinada matéria aplica-se a lei do Estado, que poderá de ser desaplicada
a partir do momento em que haja disciplinação sobre a matéria.
 Prevalência do direito do Estado – nas diversas matérias o Estado pode emanar normas
que façam vingar, fazer realçar o interesse nacional, que compete ao Estado.

Poderes de intervenção intersubjetiva: faculdade que a ordem jurídica confere a uma entidade
publica de âmbito mais amplo para interferir na gestão de entidades publicas de âmbito mais
restrito/circunscrito.
Há poderes de intervenção sobre forma publica e sobre forma privada.
Formas jurídicas de intervenção sobre forma pública:
Fundamento:
1. Princípio da unidade da administração – dada pelo Governo – órgão superior da AP
2. De natureza política – permitir a responsabilidade política do Governo sobre o Parlamento.
Quanto mais intenção o poder de intervenção do governo mais o grau de responsabilidade

 Superintendência – poder de orientar a atividade de outras entidades publicas. Orientar é


fixar fins. Todavia, dá liberdade de meios. Juridicamente este poder exerce-se através de
diretivas ou recomendações à entidade superentendida. O governo pode exercer este
poder sobre a administração indireta (aquela que realiza os fins do Estado através de uma
personalidade distinta do Estado. Juridicamente são outras pessoas coletivas que não o
Estado (199º/g). É preciso lei para fixar o poder de superintendência ou o 119/g tem
aplicação imediata? PO opta pela segunda opção.
 Tutela – poder de controlar/fiscalizar o cumprimento da lei pela entidade tutelada ou
fiscalizar o mérito da gestão (bondade, conveniência). É um poder menos intenso que a
primeira. Quando há poder de superintendência há sempre poder de tutela, porque
quem pode o mais pode o menos. O inverso nem sempre se observa.
1. Inspetiva
2. Sancionatória
3. Revogatória/anulatória
4. Substitutiva

Regime da tutela:
a. Só há tutela quando a lei o prevê e nos termos da lei – tipicidade legal.
b. Só existe perante a Administração Autónoma e sobre a Indireta.
c. Com fundamento no direito de petição pode existir tutela revogatória.
d. Forma de intervenção de uma entidade superior no controlo de uma entidade
menor/tutelada

 Coordenação
Visa harmonizar interesses que estão ou podem vir a estar em conflito – tentativa de definir
soluções de coerência, que permitam evitar discussões/contradições na atuação de duas
entidades publicas. Há uma entidade que tem um papel de supremacia (a coordenadora)
relativamente à entidade coordenada.
Todas as entidades públicas estão sujeitas a coordenação por parte do Governo (da república e das
RA), exceto as que estão sujeitas a um modelo de cooperação.

 Cooperação
Parte do princípio do relacionamento paritário – igualdade entre Estado na atuação
coordenadora. Há uma colaboração, atuação conjunta de duas ou mais entidades consertando
interesses. Há um dever de cooperação entre as entidades administrativas que tem deveres:
1. Auxílio
2. Colaboração
3. Informação
4. Lealdade
5. Não criar obstáculos gratuitos

Exemplos de cooperação administrativa:


1. Entre o Estado e as RA
2. Entre a UE e os Estados-membros
3. Dever dos Estados membros com a UE e entre os próprios Estados.
Pode haver relações entre entidades públicas sob forma privada.
Os poderes privados são mais intensos que os de direito publico, pois aqueles permitem no limite
à entidade publica ditar o conteúdo que as privadas façam.

Estruturas orgânicas:
Órgão é um centro institucionalizado que forma e expressa uma vontade juridicamente
imputada à entidade/pessoa coletiva.

1. Órgão não se identifica com o titular


2. Órgão não se identifica com o agente (auxilia, mas não forma a vontade)
3. Órgão não se identifica com o cargo (nexo jurídico que liga o titular a o órgão)
4. Órgão não se identifica com a competência (conjunto de poderes funcionais)

Tipos de órgãos:
 Singulares
 Colegiais
 Centrais – exercem poderes sobre todo o território nacional
 Locais – área circunscrita
 Ativos – aqueles que decidem
 Consultivos - opinam
 De controlo – fiscalizam o que outros decidiram
 Decisórios – aquele que emana a decisão do direito no caso concreto
 Executivo – aquele que implementa o que outros decidiram
 Simples – o órgão que tem um ou vários titulares, mas é um único centro de formação de
vontade
 Complexos – órgãos que integram outros órgãos (Ex: Governo, que é formado por vários
órgãos autónomos, podendo decidir por cada membro isoladamente, por membros
conjuntos, ou pode funcionar através de Conselho de Ministros). No silêncio da lei a regra é
que a competência é de exercício individual. O conselho de ministros atua através de lei ou
de decisão pelos ministros.
 Temporário
 Permanente
 Representativo – processo de eleição dos titulares
 Não representativo

Regime dos órgãos colegiais (CPA – 21º a 37º)


1. Um órgão colegial só pode funcionar estando presente o Quórum;
2. Para que o órgão possa validamente deliberar tem de existir uma convocatória onde se
fixa dia hora e ordem do dia. As deliberações só podem recair sobre as matérias
presentes na ordem de trabalhos.
3. O órgão colegial tem um presidente e um secretario, eleitos pelo respetivo colégio. Na
primeira reunião é presidida pelo mais velho ou mais experiente. O secretário será o mais
novo.
4. Poder de auto-organização interna; elaborar o respetivo regimento
5. Ao presidente compete
 Convocar
 Dirigir
 Fiscalizar a legalidade/atuação do respetivo órgão
1. Maioria na deliberação do órgão colegial; os órgãos consultivos não aditam alterações. A
regra é a forma aberta
2. Podem existir dúvidas no método como se vota. Pode-se proceder a uma votação em
escrutínio aberto para se decidir se a próxima é em escrutínio aberto ou secreto.
3. Voto do presidente: de desempate (vota em caso de empate) vs. Qualificado (vota, mas em
caso de empate sabe-se o sentido que ganhou a votação).
4. Quando há empate nas votações por escrutínio secreto repete-se a votação. Se continuar
passa-se a votação por escrutínio aberto. Se continuar o voto do presidente é de desempate.

A ata:
 Deve ser a síntese do que ocorreu na reunião;
 Deve ter identificação do órgão, local, data, hora, objeto da convocatória e o conteúdo
deliberativo;
 Condição de eficácia das decisões tomadas, se não há ata a decisão existe, mas não pode
ser aplicada.
 Permite que quem vote contra uma deliberação possa fazer uma declaração de voto
exarada em ata – exclui da responsabilidade pessoal aquele que fez a declaração de voto –
relativamente à responsabilidade civil (isenção ao votar contradeclaração de voto); só
ocorre em escrutínio aberto, está claro.

Titulares dos órgãos podem ser:


 Normais – pessoas físicas que exercem a título profissional ou não profissional as
respetivas funções (funcionário publico e presidente da câmara, respetivamente)
 Em condições especiais – em acumulação de funções (Ministro das finanças que acumula
com a Pasta de economia)
 Condições especiais de prorrogatio – prorrogação de funções (membro do governo
demitido até à tomada de posse de quem o vai substituir; alguém aposentado que continua
em funções a título provisório até que venha alguém que o substitua)
 Anormais
1. Funcionários de facto – aparentam ter título, mas não o têm para exercer
essas funções.
 Porque é um título invalido, ou;
Invalidade do título:
 Por ato de nomeação - nulo
 Ato não é nulo, mas veio a ser destruído juridicamente

 Nem sequer título têm – situações de guerra, por exemplo.


 Órgão de entidade criados por lei declarada inconstitucional com força geral.
 Usurpador de funções publicas: aquele que de forma consciente sabe que não
tem título exerce as funções como funcionário publico – é crime (Ex: medico
da madeira que exerceu a função no hospital público e nem sequer
licenciatura tinha).

Princípios constitucionais das funções publicas (47º CPA)


 Funcionários da Administração vinculados ao interesse público
 Vinculação à imparcialidade
 Proibição de acumularem empregos ou cargos públicos – gera situações de
incompatibilidade
 Princípio da responsabilidade dos funcionários – civil, financeira, criminal, disciplinar

Serviços públicos
Envolve cinco ideias:
1. São organizações de pessoas singulares
2. Existem no âmbito das pessoas coletivas
3. Visam implementar a atribuições das pessoas coletivas
4. Exercem funções de apoio, colaboração, execução, prestação
5. Agem sobre a iniciativa e comando dos órgãos
Ex: Divisão académica; tesouraria que existem no âmbito da pessoa coletiva faculdade de lisboa
que agem sobre o comando da direção (diretor da faculdade)

 Serviços Administrativos principais, auxiliares, centrais, periféricos,


 Serviços públicos hierarquizados (obedecem à direção) e serviços públicos não
hierarquizados (não sujeitos)
 Serviços administrativos sujeitos a gestão pública vs. gestão privada (aplica-se o direito
privado)

Regime dos serviços públicos:


 Poder de organização administrativa – cada servo publico pode auto-organizar-se da
melhor maneira para prosseguir os respetivos fins.
 Caracterizam-se pelo princípio da continuidade (greve como exceção; é por isso que há
serviços públicos essenciais que a greve tem de ser acompanhada de serviços mínimos, que
garantem a continuidade mesmo com o exercício de um direito fundamental). Se não
forem garantidos pode haver responsabilidade disciplinar.
 Igualdade e onerosidade da utilização dos serviços públicos; estes não podem
discriminar as pessoas;
 Existência de relações especiais de poder – os utentes, mas também os funcionários dos
Serviços Públicos estão sujeitos a regras especiais (limitações ao exercício do direto de
grave; sujeição de regras de trato social com os utentes do serviço publico; regras de
deveres de natureza disciplinar)

Teoria da competência
 Competência explicita – resulta de forma expressa da lei
 Competência implícita – competência extrai-se do fim “se a lei fixa determinados fins há de
dar os meios para a prossecução desses fins” – teorias dos poderes implícitos.
 Competência dispositiva- tem o propósito de disciplinar/reconfigurar a disciplina de
determinada matéria – quem tem esta tem a revogatória, mas nem sempre o inverso assim

 Competência revogatória – tem o propósito de fazer cessar os efeitos do ato
 Competência firme – aquela que sendo atribuída por lei, só por lei pode ser modificada ou
revogada
 Competência precária – sendo atribuída por lei, pode por decisão administrativa cessar
(competência atribuída por delegação de poderes ou a competência dada por concessão)
 Competência individual/singular – atribuída a um único órgão
 Competência comum – a mesma competência atribuída a dois ou mais órgãos,
1. Conjunta – os dois órgãos têm de decidir ambos a mesma matéria e o ato só é
perfeito com a intervenção de ambos (portaria da competência do ministro da
educação e do das finanças)
2. Alternativas - atribuída ao órgão A ou ao B. Qualquer um deles pode validamente
decidir a matéria.
 Competência de exercício normal – aquela que por via de regra pertence ao órgão x
 Competência de exercício adormecido/subsidiário – só em situações excecionais é exercida
por um determinado órgão (o PAR tem uma competência de exercício adormecido em
matéria de presidência da república)

A competência obedece a critérios de delimitação:


 Em razão da matéria
 Em termos territoriais
 E função da hierarquia (organização vertical): competência do ministro mais ampla que a
de um diretor geral, e a deste sobre um diretor de serviços.
 Em função do tempo
1. A competência é em regra exercida para produzir efeitos no presente, só excecionalmente
no pretérito (lei retroativa), não sendo possível para o futuro;
 Princípios em matéria de competência (36 e 37 CPA)
 Irrenunciabilidade e inalienabilidade
 Competência fixa-se no início do procedimento
 Questões pré judiciais: situações que são pressupostos de decisões administrativas (38º
CPA). Podem ser da competência de outros órgãos da administração.
 Conflitos de competência (39,51 e 52 CPA):
 Dois ou mais órgãos acham-se competentes – conflito positivo
 Nenhum se acha competente – conflito negativo

Competência delegada – lei diz que o órgão Y pode exercer a competência, mas permitindo que o
órgão X pratique também a matéria. Pode decidir. Ato através do qual Y pratique poderes de X,
casos em que se não houvesse poderes, eram da área de atuação do Y. O delegante tem duas
formas de exercer a competências:

 Pratica ele o ato (competência perfeita – atribuída pela lei)


 Ou permite que X pratique o ato (competência imperfeita – tem o título, mas não a
capacidade, só adquire quando o Y pratique o ato de delegação de poderes). Qual o
fundamento da competência deste?
 Tese de FA
 Tese que defende que é a lei (de delegação) que permite ao X de delegar os poderes.
PO defende que é a lei que confere a titularidade ao Y.
O delegante pode revogar a delegação, perdendo o delegado (Y) o poder de exercício, tendo, por
isso, uma competência precária. A lei atribuiu aos dois órgãos uma competência comum de
exercício alterativo. Durante a vigência de delegação de poderes, tanto pode praticar o ato um ou
outro, ficando o ato perfeito - competência comum de exercício alternativo.

Significado da delegação de poderes:


 Delegação de poderes significa uma alienação de poderes. É falso. X nunca perde os
poderes.
 Delegação de poderes é apenas um requisito formal, uma autorização para que Y possa
exercer os poderes. É falso. Se não há delegação de poderes, os atos praticados por Y estão
ferindo de incompetência, logo afinal a delegação é fonte que lhe confere competência e não
apenas requisito.
 Delegação de poderes é um ato que transfere o exercício dos poderes do X para o Y -
transferência do exercício dos poderes (FREITAS DO AMARAL). PO diz que não é válida
porque o X durante a vigência não perde os poderes, logo não transfere, mantem os
poderes e esta tese acaba por fazer da fonte da competência do delegado não a lei, mas o
mero ato administrativo que é a delegação de poderes. Se a competência provém da lei não
pode então se um ato. PO diz que há uma elasticidade do exercício da competência – com
a delegação de poderes o Y estica o exercício dos poderes que até então eram só seus a
outro órgão (X).

 Pode ocorrer fenómenos de subdelegação – x delegar - delegação de poderes delegados.


Durante esta vigência, significa que há três órgãos competentes sobre a mesma matéria.
Nenhum perde poderes. Os três são igualmente competentes.

O delegante tem sempre uma supremacia sobre o delegado (49º CPA):


 Poderes do delegado depende do delegante
 Delegante pode orientar os termos como quer que a competência seja exercida: emissão de
diretivas (se não acatar pode perder o exercício por revogação) e recomendações
 Delegante pode revogar a delegação como os atos do delegado praticados ao abrigo da
delegação. A competência do delegado está nas mãos do delegante, bem como os seus atos,
que podem ser revogados. Se revogar a delegação, automaticamente cessa a delegação e,
consequentemente, a subdelegação.

Não significa o caos haver vários órgãos para uma matéria? Sempre que o delegante exerce os
poderes preclude a competência do delegado sobre essa matéria. Se o delegante se antecipa e
decide, os delegados já não podem decidir sobre a matéria – se o fizerem será um ato inválido.
Se for o delegado a decidir primeiro? Delegante pode revogar o ato, não está proibido de decidir.

Delegação de poderes não se confunde com a delegação de assinatura. Nesta permite-se a um


funcionário que em nome de outro pratique um ato material (assinar), quem assina não é o autor
material.

Delegação pode ser:


 Expressa
 Tacita – casos em que a lei diz “considera-se tacitamente delegada no PCM a competência
x”, mas a qualquer instante o órgão delegante pode revogar.

Problemas da delegação de poderes:


 A falta de lei de habilitação torna a delegação inválida, porque haverá uma alienação de
competência.
 A falta de publicidade do ato de delegação de poderes (47º/2 CPA). Em caso de
incumprimento gera a ineficácia, logo não pode haver delegação de poderes – há ineficácia
do ato de delegação, o órgão tem apenas titularidade. Os atos produzidos estarão feridos
de incompetência. Pode haver registo com eficácia retroativa.

Extinção da delegação (art.º 50º CPA)


 Por revogação (por inconveniência) ou anulação da delegação de poderes (por invalidade)
 Por caducidade
 Se tiver um termo
 Se se esgota o seu objeto
 Sempre que muda o titular do órgão delegante ou do órgão delegado. Porque a
delegação tem em atenção da pessoa do delegante e do delegado.

25/11/2019

Autovinculação da Administração:
 Regulamento
 Costume
 Precedente administrativo também uma forma de autovinculação unilateral da administração.
Revogabilidade do precedente ilegal: se se admitir que uma conduta factual contrária a uma norma jurídica pode
virar precedentes, este é revogável? PO -SIM. Se uma conduta que é valida pode ser revogada, por maioria de razão
também. Essa revogabilidade pode ocorrer a qualquer momento? Não há prazo para o efeito? Se é nula nunca pode
produzir efeitos. Se é a anulável sofre da presunção que é válida até ser destruída (tem um prazo – se decorrer
consolida-se na ordem jurídica; 1 ano ou 5).

Decorrido o prazo, a pauta de conduta é a norma ou o precedente ilegal?


 Diretivas – administração fixa um fim e dá uma liberdade de atingir esse fim, os meios para o atingir são da
escolha do destinatário da diretiva. É uma autovinculação para quem a emite e uma heterovinculação para o
respetivo destinatário.
O sentido último: se quem emitiu a diretiva fixou o limite x dando liberdade quanto ao modo/caminho para atingir o
fim, quem emite não pode criticar – princípio a boa fé; era venire contra factum proprium.
 Promessa unilateral

Autovinculaçao bilateral:
 Contratos públicos
 Acordos de concertação social
 Acordos no âmbito do procedimento administrativo – acordos endo-procedimentais
 Acordos substitutivos do procedimento
 Convenções jurídicas inter-administrativas
 Convenções de arbitragem
 Contratos de cooperação
 Acordos de transação em processos judiciais – partes chegam a acordo pondo termo ao processo.

Centralidade do governo na definição da normatividade/legalidade administrativa:


 Regra da competência concorrencial no Direito português – aquela em que tanto a AR e o Governo podem
legislar. Lei e decreto lei têm igual valor jurídico. Um pode revogar o outro (posteriormente). O governo na
área concorrencial pode sempre fazer a alei habilitante do seu agir – muitas vezes sabe qual a solução que
quer dar a caso concreto, mas não tem norma que permite -> faz então o decreto lei. CENTRALIDADE ÚNICA
DA DEFINIÇÃO NORMATIVA ADMINISTRATIVA. A legalidade para o governo é autovinculativa.
1. Quando o Governo é maioritário a reserva da AR é ilusória
2. Negociação das convenções internacionais é uma competência exclusiva do Governo, bem como a fixação de
textos.
3. O Governo não é só quem negoceia as convenções internacionais como define a legalidade no âmbito do
Direito da União Europeia.
4. O Governo pode nas áreas fora da reserva de lei, pode escolher entre emanar um decreto lei ou um decreto
regulamentar fundado na Constituição (169º).
O Governo é o protagonista da formação da normatividade administrativa (já vem da época de 26-33).

Normas de direito administrativo:

Diferença entre regras e princípios:


Regras: Administração tem posição de tudo ou nada. Não há margem de autonomia de decisão
Princípios: há uma margem de ponderação administrativa, onde se situa a autonomia administrativa/autonomia
pública (expressão de competência/poder), diferente da privada (expressão de liberdade/direito).

Tipos de normas:
 Que contem definições administrativas
 Que contêm remissões administrativas
 Que contêm presunções administrativas (ilidíveis)
 Que criam fixões
 De conflitos -visam resolver situações de colisão.

Modelo que regula o conteúdo das normas que regula a Administração Publica:
 Determinação da normatividade reguladora (o que disciplina). Este problema resulta porque:
1. São muitas as normas
2. Problema da interpretação: sentido que resulta das normas
3. Integração de lacunas: Quando não há norma?

 Imperfeição da normatividade:
1. A lei é hoje imperfeita, ao contrário do pensamento liberal – a lei como expressão da razão. É imperfeita
porque não consegue abarcar toda a realidade; porque recorre a conceitos indeterminados/clausulas gerais;
porque hoje há cada vez mais uma normatividade principialista - Coloca a dúvida quanto ao aplicador e
quanto ao destinatário da norma; há uma panóplia de opções em aberto; agradando a um desagrada o
outro, situação que acaba em tribunal, aumentando os litígios judiciais. Temos também normas de abertura
de conteúdo ou de situações de deslegalização (rebaixar de uma norma legislativa a norma de natureza
regulamentar). A tudo isto acresce a neufeudalização administrativa: hoje TODAS AS ENTIDADES PUBLICAS
emanam normas/regulamentos, e por vezes dentro da mesma entidade publica os órgãos emanem
regulamentos sobre as mesmas matérias - normatividade plural. Há também o sof-taw, condutas informais
da administração e também situações de incumprimento lícito da normatividade (casos de objeção de
consciência e direito de resistência) - a mesma norma pode ser vinculativa para uns e não para outros. Por
fim, há casos de inversão do sentido vinculativo da lei: casos em que é a lei que deve respeitar a atuação
administrativa (Ex: 105º/2 – contratos vinculação atuação legislativa). É o designado princípio da
contracorrente.
2. Antinomias – contradição entre as normas. Sobre a mesma matéria pode haver normas com soluções
jurídicas distintas.
 Como resolver os conflitos
1. Tribunais: CRP contrariada por lei, o juiz não aprova a lei. Se lei é contrariada por regulamento, optar
pela lei. Vinculação ao critério hierárquico.
2. Administração: prefere CRP ou lei (por exemplo). Regra da excecionalidade da vinculação ao
critério hierárquico. Se cada órgão administrativo pudesse dizer que não aplica porque considera
inconstitucional geraria o caos na administração (porque cada órgão fazia de juiz). Por isso, a regra
na administração é: só a titulo excecional é que aplica o critério hierárquico: perante normas que
violam a consciência jurídica universal; quando as violas violam direitos fundamentais dotados de
aplicabilidade direta; quando a constituição sanciona expressamente a invalidade com inexistência
jurídica; se há conflito entre regulamento e lei a administrativo deve aplicar a norma que lhe é
mais próxima (regulamento). Administração vinculada à aplicação de normas inválidas.
Administração tem até agora três tipos de protagonismo da definição normativa: identifica a norma,
o sentido interpretativo e, se verifica que é inválida, a regra é a da aplicabilidade.
Mesmo nos casos em que os fazes fazem interpretação das leis o Governo pode fazer decreto lei com
eficácia retroativa, aplicando-se a lei interpretativa na lei interpretada.

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