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I - Eu nunca guardei rebanhos

►O sujeito poético apresenta-se como um pastor


I porque tal como ele: deambula de um lado para o
  outro, vive em comunhão com a natureza, observa
Eu nunca guardei rebanhos, o ambiente que o rodeia.
Mas é como se os guardasse. ►O sujeito poético vive em sintonia com os
Minha alma é como um pastor, elementos da Natureza, sendo essencial a ausência
Conhece o vento e o sol de pessoas para a criação de um ambiente de paz e
E anda pela mão das Estacões felicidade. → solidão
A seguir e a olhar. ►A realidade é percecionada pelo sujeito poético
Toda a paz da Natureza sem gente através dos sentidos, tendo desta forma
Vem sentar-se a meu lado. conhecimento do mundo que o rodeia. → primado
Mas eu fico triste como um pôr do Sol das sensações.
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície ►O sujeito poético sente tristeza com a chegada da
E se sente a noite entrada noite, já que a ausência de luz o priva do sentido
Como uma borboleta pela janela. que privilegia na relação com a natureza – a visão.
 
Mas a minha tristeza é sossego ►O sujeito poético aceita a tristeza porque esta é
Porque é natural e justa natural e uma punição para os momentos em que
E é o que deve estar na alma se entrega à reflexão. (A chegada da noite propicia
Quando já pensa que existe o aparecimento do pensamento.)
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.
 
Com um ruído de chocalhos ►O sujeito poético expressa o desejo de abolir o
Para além da curva da estrada, vício de pensar, lamentando o facto de ter
Os meus pensamentos são contentes. consciência dos pensamentos.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes. ►O sujeito poético recusa o pensamento,
  considerando que este é um obstáculo à felicidade
Pensar incomoda como andar à chuva plena.
Quando o vento cresce e parece que chove mais.
 
Não tenho ambições nem desejos. ►O sujeito poético revela-se um ser em paz
Ser poeta não é uma ambição minha. consigo mesmo, pois não tem ambições nem
É a minha maneira de estar sozinho. desejos.
(…)

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