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FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

VENDA NOVA DO IMIGRANTE - ES


SUMÁRIO

1 ESTIMULAÇÃO À LEITURA E TRANSPOSIÇÃO DE TEXTOS ................. 3

2 NOÇÃO DE DISCURSOS........................................................................... 5

3 LEITURA, DISCUSSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS DIVERSOS ............ 6

4 A LEITURA ................................................................................................. 9

5 PASSOS À LEITURA ................................................................................ 10

6 ELEMENTOS DE REVISÃO GRAMATICAL ............................................. 17

6.1 Conceito de texto ............................................................................... 19

7 FUNÇÕES DA LINGUAGEM .................................................................... 26

8 ELEMENTOS DE REVISÃO TEXTUAL (COESÃO, COERÊNCIA E


TEXTUALIDADE) ........................................................................................... 31

8.1 Coesão ............................................................................................... 34

8.2 Análise Textual ................................................................................... 38

9 TIPOS DE TEXTOS .................................................................................. 43

10 EMPREGO DOS PRONOMES .............................................................. 45

10.1 Pronomes Possessivos ................................................................... 45

10.2 Pronomes Demonstrativos .............................................................. 46

10.3 Pronomes Relativos ........................................................................ 47

11 PRONOMES PESSOAIS ....................................................................... 48

11.1 Pronomes de Tratamento................................................................ 49

11.2 Pronomes Interrogativos ................................................................. 49

11.3 Pronomes Indefinidos ..................................................................... 50

11.4 Colocação Pronominal .................................................................... 51

12 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO (Introdução, encadeamento e


conclusão) ...................................................................................................... 54

12.1 A Introdução .................................................................................... 54


12.2 Os Materiais e Métodos .................................................................. 55

12.3 Os Resultados, a Discussão e as Conclusões ................................ 55

12.4 As Figuras e Tabelas ...................................................................... 57

12.5 As Referências Bibliográficas.......................................................... 59

12.6 O Título ........................................................................................... 60

12.7 Os Autores ...................................................................................... 60

12.8 O Resumo ....................................................................................... 61

12.9 Os Agradecimentos ......................................................................... 62

13 RESUMO E FICHAMENTO ................................................................... 62

13.1 O resumo ........................................................................................ 63

13.2 O fichamento ................................................................................... 65

14 A RESENHA .......................................................................................... 67

15 O ARTIGO CIENTÍFICO ........................................................................ 69

15.1 A redação do artigo científico .......................................................... 70

16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ........................................................................ 75


1 ESTIMULAÇÃO À LEITURA E TRANSPOSIÇÃO DE TEXTOS

Fonte:bedjoao2.blogspot.com.br

Em educação, um dos temas importantes atualmente, para o cidadão é a


dificuldade que gira em torno do exercício da prática da leitura, e da escrita e da
oralidade na construção textual, razão pela qual os textos abaixo apresentados têm
como objetivo o reconhecimento dos eventuais problemas decorrentes da aquisição e
uso da linguagem seja na fala ou na escrita. Haja vista que, o cidadão, leitor e
escrevente que trabalha nas mais variadas situações da linguagem, deverá buscar
atualizações constantes de acordo com as novas tecnologias, para que de posse de
novos conhecimentos proporcione maneiras de desenvolver habilidades e de
adequar-se diante de situações diversas que envolvam o uso da linguagem falada e
escrita como interação social.
Kock (2009) em seu ponto de vista sobre a oralidade, infere que na situação
discursiva, ao se fazer “um gesto em qualquer direção, os interlocutores compartilham
(...) uma vasta gama de conhecimentos relativos à situação comunicativa”, um
processo de construção textual com base na linguagem falada que, insere-se em
situações momentâneas. No entanto, a autora também, lança um alerta que “o texto

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falado, por sua vez, emerge no próprio momento da interação” constituindo-se assim,
de características próprias tais quais: Necessita ser planejada no local em que se
realiza; replanejada a cada novo ato de fala, mas, difere da linguagem escrita, pois
são duas modalidades diferentes de uso da língua.
Em face desse posicionamento, apresenta-se o texto de Paulo Freire extraído
do livro “A importância do ato de ler”, “coleção Polêmica do nosso tempo”, editora
Cortez, juntamente com o texto desenvolvido por Hünne (1987, p.11) “O Ato de
estudar” e o” Trabalho da crítica do pensamento” de Marilena Chaui, para a efetivação
de uma leitura informativa e analítica, com vista à concepção de alguns passos a
serem seguidos no decorrer do processo de conhecer e interpretar por meio da ação
leitora e escrevente na produção de texto, no processo formativo intelectual e social.

Fonte: www.lendoeducandoaprendendo.blogspot.com.br

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2 NOÇÃO DE DISCURSOS

A importância do ato de ler – Autor Paulo Freire

Parece-me indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do


momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje: dizer algo do processo
em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que
envolvia uma compreensão crítica do ato de ler que não se esgota na decodificação
pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na
inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.

Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A concepção do texto a


ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e
o contexto. Ao escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado e até
gostosamente - a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na
memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha
adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do
ato de ler se veio em mim constituindo.

Ao ir escrevendo este texto, ia tomando distância dos diferentes momentos em


que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a leitura do
mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem
sempre, ao longo de minha escolarização, foi à leitura da “palavra mundo”.

A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de ler o


mundo particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória - me é
absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, recrio, revivo no
texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra.

Vejo-me então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores,


algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra
brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos
menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.

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A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das
avencas de minha mãe - o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi meu primeiro
mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele
mundo especial se dava em mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por
isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”,
as “letras” daquele contexto - em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o
fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de
coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com
eles, minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais. (...).

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 12a ed. São Paulo, Cortez, 1996.
Fonte:revistaeducacao.com.br

3 LEITURA, DISCUSSÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS DIVERSOS

Fonte:pueridomusararaquara.com.br

O ato de estudar (apresentação a partir do texto de Paulo Freire)


Paulo Freire, educador da atualidade, aponta a necessidade de se fazer uma
prévia reflexão sobre o sentido do estudo. Segundo suas palavras: “Toda bibliografia
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deve refletir uma intenção fundamental de quem a elabora: a de entender ou despertar
o desejo de aprofundar os conhecimentos naqueles a quem se oferece a bibliografia”.
Se falta o ânimo de usar a bibliografia em quem a recebe, ou se a bibliografia,
em si mesma, não foi capaz de desafiá-lo, se frustra a referida intenção fundamental.
A relação bibliográfica, então permanece como um papel inútil, entre outros, perdido
nas gavetas de um escritório.

Fonte: escolaargemiro.com

Essa intenção fundamental de quem elabora a bibliografia exige dele um tríplice


respeito: a quem se dirige a bibliografia, aos autores citados e a ele mesmo. A
sugestão de leitura de livros não é a cópia dos títulos ao acaso. Quem sugere deve
saber o que e por que sugere. Aqueles que recebem a relação bibliográfica, por sua
vez, devem ter nela, não uma rota dogmática de leitura, mas um desafio, desafio que
vai se concretizando na medida em que vão estudando e não simplesmente lendo,
por alto, os livros citados.
“Estudar, realmente, é um trabalho difícil. Exige, de quem a ele se propõe, uma
posição crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não
ser praticando-a”.
Isto, infelizmente, é o que a educação “bancária” não estimula. Ao contrário,
sua técnica reside, fundamentalmente, em matar nos educandos a curiosidade, o
espírito investigador, sua criatividade. Sua “disciplina” é a disciplina para a
ingenuidade frente ao texto, não para a indispensável criticidade. Este procedimento

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ingênuo ao qual é submetido o educando, ao lado de outros fatores, pode explicar “as
fugas do texto que os estudantes fazem, cuja leitura se torna puramente mecânica,
enquanto, em imaginação, se voltam a outras situações. O que se lhes exige não é a
compreensão do conteúdo, mas sua memorização. Paulo Freire nos mostra que em
vez do estudante tentar compreender o texto, ele toma como único desafio a sua
memorização. No entanto, prossegue o autor, no caso de uma visão crítica, se dá
exatamente o contrário.

Fonte: revistacrescer.globo.com

Paulo Freire, no seu texto Consideração em Torno do Ato de Estudar, nos


chama a atenção para os seguintes itens indispensáveis ao ato de estudar:

 O estudante deve assumir o papel de sujeito do ato de estudar.


 O ato de estudar é uma atitude frente ao mundo.
 O estudo de um tema específico deve colocar o estudioso a par da
bibliografia em questão.
 O ato de estudar depende de uma atitude de humildade face ao saber.
 O ato de estudar significa compreender e criticar.
 Estudar significa assumir "uma misteriosa relação dialógica com o autor
do texto, cujo mediador é o tema!
 O ato de estudar, como reflexão crítica, exige do sujeito uma reflexão
sobre o próprio significado de estudar.
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4 A LEITURA

No texto de Paulo Freire não só é possível analisar a própria atitude face ao


estudo, como também se pode estudar a relação com a leitura. Não nos diz Paulo
Freire que o ato de ler só se realiza mediante um espaço de relação dialógica com o
autor? Esta postura nos remete à questão do pensar. Todavia, na época atual, época
dos meios de comunicação de massa, dos sistemas educacionais funcionalistas, de
imediato não se consegue apreender claramente as dificuldades inerentes ao trabalho
teórico. Mas o ato de ler, que é um ato de concentração, exige distanciamento e
reflexão.
É um ato que só se realiza mediante os procedimentos lógicos de análise,
síntese, interpretação, juízo crítico. Deste modo, só seguindo uma série de atividades
preparatórias é que se consegue alcançar um nível de interpretação aprofundado do
texto, onde afinal o sentido se manifesta.

COMO LER
Dizia um professor de filosofia: "a inteligência humana é lenta". Isto pode
significar que passamos por um lento processo intelectual até vencermos os
obstáculos pessoais e culturais e alcançarmos a exata compreensão de uma
mensagem. Esta nem sempre se mostra de imediato no momento da comunicação.

Fonte:noticias.universia.com.br

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É necessário da nossa parte um espaço de tempo para que possamos
decodificar e assimilar, o que foi revelado no texto. Deste modo, se quisermos
descobrir a mensagem de um texto, de modo abrangente, temos de nos submeter a
uma séria disciplina de trabalho:
1. ° — delimitar a unidade de leitura que pode ser um capítulo, uma seção ou
até mesmo um grande parágrafo. O que caracteriza a unidade de leitura é a
apresentação do sentido de modo global. Só após o entendimento dessa unidade é
possível prosseguir na investigação de novas unidades de leitura;
2. ° — ler repetidas vezes o mesmo texto para certificar-se do alcance da
compreensão verdadeira do assunto em pauta, grifando as ideias principais de cada
parágrafo; ao lado, na margem, escrevendo uma frase-resumo.

5 PASSOS À LEITURA

Fonte:www.upf.br

a) Leitura Exploratória — é a fase em que se deve prestar atenção à diretriz


do pensamento do autor. Neste primeiro contato, dependendo das motivações da
leitura, o leitor poderá levantar outros elementos que possam esclarecer mais a leitura.
Nessa primeira leitura corrida não convém resumir nem sublinhar as ideias
chave. Todavia, é possível elaborar um modo sucinto, um esquema das grandes
partes do texto, de preferência dos três momentos da relação: Introdução,

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Desenvolvimento e Conclusão, que expressam a estrutura lógica do pensamento do
autor. O esquema para visualizar o texto de modo global.
Poderá procurar dados sobre a vida e obra do autor, sobre o momento histórico
que ele viveu, sobre as influências que recebeu e até mesmo se elucidar sobre o
vocabulário que ele usa.

b) Leitura Analítica — é a fase do exame do texto ou, como diz Paulo Freire,
fase "da relação dialógica com o autor do texto, cujo mediador não é o texto
considerado formalmente, mas o tema, ou os temas nele tratados".
Nesta etapa é necessário deixar o autor falar para tentar perceber o que e como
ele apresenta o assunto. Quando estamos atentos ao texto, geralmente surge na
mente um conjunto de perguntas, cujas respostas revelam o sentido e o conteúdo da
mensagem.

Exemplo de perguntas:
1. De que fala o texto?
2. Como está problematizado?
3. Qual o fio condutor da explanação?
4. Que tipo de raciocínio ele segue na argumentação?

Todavia, é necessário lembrar que a ideia central defendida pelo autor só pode
tomar corpo associada a outras ideias que são chamadas de secundárias em relação
à principal.

Fonte:memorizeja.com.br

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Mas como trabalhar nesta fase da leitura?
A partir de unidades bem determinadas (parágrafos), tendo sempre à frente o
tema-problema, que é o fio condutor de todo o texto. Neste trabalho de análise o texto
é subdividido refazendo toda a linha de raciocínio do autor. Para deixar às claras a
ideia central e as ideias secundárias do texto é fundamental a técnica de sublinhar.
1 - Nunca sublinhar na primeira leitura.
2 - Só sublinhar as ideias principais e os pormenores significativos.
3 - Elaborar um código a fim de estabelecer sinais que indiquem o seu modo
pessoal de apreender a leitura. Ex.: um sinal de interrogação face aos pontos obscuros
do parágrafo; um retângulo para colocar em destaque as palavras-chave.
4 – Reconstruir o texto a partir das palavras sublinhadas em cada parágrafo.
A leitura analítica serve de base para a elaboração do resumo ou síntese do
livro. Convém lembrar que o resumo não é uma redução de ideias apreendidas nos
parágrafos, mas é fundamentalmente a síntese das ideias do pensamento do autor.

Fonte:www.salaodaleituradeniteroi.com.br

c) Leitura interpretativa - O ato de compreender se afirma no processo da


interpretação, que afinal expressa a nossa capacidade de assimilação e crítica do
texto. Nessa nova etapa de interpretação já não mais estamos apreendendo apenas
o fio condutor do raciocínio do autor como na leitura analítica.

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Estamos nos posicionando face ao que ele diz. Para isso precisamos muitas
vezes de outras fontes de consulta. Elas deverão servir para ampliar a nossa visão
sobre o assunto e o autor e deste modo servir de instrumento de avaliação do texto.
Este momento de crítica, momento de muita ponderação, exige uma
consciência dos nossos pressupostos de análise diante dos pressupostos do autor.
Se não houver distinção provavelmente haverá interferência na compreensão dos
fundamentos básicos da mensagem. Também é possível se estabelecer critérios de
julgamento, como originalidade, nova contribuição à exploração do assunto, coerência
interna, etc.

Fonte: www.booxs.com.br

Todavia, esta postura considerada objetiva pode estar tão presa à diretriz de
uma escola que pode até mesmo impedir a autocrítica e nos induzir a uma postura
crítica inadequada em relação ao assunto e ao autor.
O esforço de autocrítica nos permite perceber os limites da certeza da nossa
interpretação como também possibilita prestar maior atenção aos argumentos
apresentados pelo autor. Deste modo, ficamos sensíveis à demonstração da verdade
e o exercício da sua busca se torna o sentido do nosso estudo e trabalho acadêmicos.

d) Problematização — Para termos certeza da compreensão do que foi lido,


nada mais indicativo do que o levantamento dos problemas do texto. Esse esforço nos

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faz rever todo o texto, dando-nos elementos para a reflexão pessoal e debate em
grupo.

A Crítica
O que você entende por crítica? Repare que o ato de criticar é um juízo. Como
criticar sem conhecer a matéria que está analisando? Criticar por criticar é um ato
psicológico, mas não estritamente lógico. É o ato de se contrapor, mas, na maior parte
das vezes, sem fundamentos por falta de exame. Como estabelecer a verdadeira
correspondência entre os conceitos de um texto, se não se estabeleceu a ligação ou
a separação entre os dados?
O ato de estudar é um ato lógico, que exige uma consciência e um domínio dos
processos intelectuais próprios à abordagem dos problemas. De imediato, as coisas
ou as ideias surgem numa unidade confusa, indiferenciada, sincrética, que exige uma
postura de análise e síntese.

Fonte: www.booxs.com.br

A análise é um processo de decomposição de um todo em partes, visando


separar os elementos de uma realidade complexa que pode ser tanto um objeto
individual ou uma ideia. A análise não é apenas uma operação, é também um método,
nesse sentido a análise é uma divisão, parte de um dado singular, para chegar aos
princípios gerais.
A síntese é um processo de composição dos elementos visando chegar a uma
totalidade. Mas também é um método que, partindo de um todo, estabelece ordem

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entre os elementos chegando às últimas consequências. Embora a análise muitas
vezes se oponha à síntese, elas devem em geral caminhar juntas, já que uma
complementa a outra. Se só se usa a análise há o perigo de se perder a visão de
conjunto. Se só se emprega a síntese, pode-se alcançar o nível de interpretação
arbitrária.
Se o pensar não se identifica ao raciocinar porque sua extensão é mais ampla,
todavia é impossível pensar sem se usar os procedimentos da razão. E só deste modo
se pode argumentar, demonstrar e consequentemente criticar.

O TRABALHO DA CRÍTICA DO
PENSAMENTO

Marilena Chauí

Normalmente se imagina que a crítica permite opor um pensamento verdadeiro


a um pensamento falso. Na verdade, a crítica não é isso. Não é um conjunto de
conteúdos verdadeiros que se oporia a um conjunto de conteúdos falsos. A crítica é
um trabalho intelectual com a finalidade de explicitar o conteúdo de um pensamento
qualquer para encontrar o que está sendo silenciado por esse pensamento ou por
esse discurso. O que interessa para a crítica não é o que está explicitamente pensado,
explicitamente dito e que, muitas vezes nem sequer está sendo pensado de maneira
consciente. Ou seja, a tarefa da crítica é fazer falar o silêncio, colocar em movimento
um pensamento que possa desvendar todo o silêncio contido em outros pensamentos,
em outros discursos.

Qual é a finalidade de fazer falar o silêncio, ou tornar explícito o implícito? Essa


finalidade é dupla. Se quando explicito um pensamento ou um discurso, fazendo
aparecer tudo àquilo que estava em silêncio, tudo aquilo que estava implícito, se, ao
fazer isso, o pensamento ou o discurso que estou examinando se revela insustentável,
se começa a desmanchar, se dissolver, se destruir à medida que vou explicitando tudo
que nele havia, mas que ele não dizia, então a crítica encontrou algo muito preciso,
encontrou a IDEOLOGIA. A ideologia é exatamente aquele tipo de discurso, aquele

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tipo de pensamento que contém um silêncio que, se for dito, destrói a coerência, a
lógica da ideologia.

Mas esse trabalho crítico pode encontrar uma outra coisa também. É
perfeitamente possível que, ao fazer falar o silêncio de um pensamento ou de um
discurso ao explicitar o seu implícito, o que se revele para nós seja um pensamento
ainda mais rico do que havíamos imaginado, ainda mais coerente do que havíamos
imaginado, ainda mais importante do que havíamos imaginado, capaz de nos dar
pistas para pensar, caminhos novos, justamente porque pudemos perceber muito
mais do que o que parecia à primeira vista estar contido nele.

Nesse caso, a crítica encontrou um pensamento verdadeiro e, mais do que um


pensamento verdadeiro, encontrou uma obra de pensamento propriamente dita. Ou
seja, o que diferencia uma obra de pensamento de uma ideologia é o fato de que, na
obra de pensamento, a descoberta de tudo o que estava silenciosamente contido nela,
de tudo aquilo que nela pedia interpretação, de tudo aquilo que nela pedia revelação,
explicitação, desdobramento, é aquilo que faz, no caso de uma ideologia, a destruição
do próprio pensamento.

Assim, a tarefa da crítica não é trazer verdades para se opor a falsidade; mas
realizar um trabalho interpretativo com relação a pensamentos e discursos dados,
para explicitar o implícito ou fazer falar seu silêncio, de tal modo que a abertura de um
novo campo de pensamento através da crítica revela a descoberta de uma obra de
pensamento, enquanto a destruição da coerência e da lógica do que foi explicitado
revela que descobrimos uma ideologia. A crítica não é, portanto, um conjunto de
conteúdos verdadeiros, mas uma forma de trabalhar. A forma de um trabalho
intelectual, que é o trabalho filosófico por excelência. Nesse sentido, excluir a Filosofia
de uma Universidade é, provavelmente, abolir o lugar privilegiado da realização da
crítica. Obviamente, tem-se medo da crítica, pois se a crítica não traz conteúdos
prévios, mas é descoberta de conteúdos escondidos, então ela é muito perigosa.

MARILENA CHAUI — O Papel da Filosofia na Universidade. Cadernos SEAF,


n° 1.

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6 ELEMENTOS DE REVISÃO GRAMATICAL

Fonte: falarlereescrever.blogspot.com.br

Se, pedirmos resposta a nós, ou, a outrem, sobre o que são as ações da
oralidade, leitora e escrevente, certamente surgirá manifestações distintas na forma
de expressão, uma vez que esses processos exigem do indivíduo ações recíprocas
tal qual o diálogo, o trabalho compartilhado, as relações entre membros de um grupo
ou de uma comunidade, isto porque, esse processo, se constitui numa atividade
interativa afetando ou influenciando a condição em que se desenvolve o processo
comunicativo.
Antunes (2005) Refere-se ao processo escrevente como uma atividade
interativa e de intercambio verbal, o qual só tem sentido se houver a procura do agir
com o outro, ou seja, quanto se tem um destinatário, alguém com que ou a quem se
possa passar uma ideia ou uma informação sobre um pretexto, alegação ou razão.
Assim, nos diz Antunes que, escrever, é uma atividade cooperativa entre dois ou mais
sujeitos que agem conjuntamente para a interpretação de um sentido. E mais, deixa-
nos claramente explicitado a dificuldade de se escrever sem saber para quem se dirige
o texto e em que contexto é explícito ou implicitamente escrito. Pois não tem sentido
uma escrita sem destinatário.
Vale ressaltar que esse processo não poderia estar isolado da oralidade. Pois,
ela é nada mais do que, a transmissão do pensamento armazenado na memória
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humana e se caracteriza como a essência da comunicação interna e eficiente
concebida pela memória auditiva e visual, em que a palavra (falada) tem uma função
complementar, a da escrita (e posteriormente a dos meios eletrônicos) sendo utilizada
basicamente na comunicação cotidiana entre as pessoas envolvendo esquemas
imaginários de determinadas épocas e lugares, nas palavras de Pierre Levy (2001).

Fonte:direcionalescolas.com.br

Por outro lado, a leitura conduz ao conhecimento da verdade por testemunhar


a oralidade através da palavra escrita, como atividade relevante entre os homens, em
idiomas variados através dos símbolos. Logo, o ato de falar, tal como o de escrever é
uma atividade extremamente textual e, como nos diz Koch (2009, p. 13) “o texto é um
evento sociocomunicativo, que ganha existência dentro de um processo interacional.
Um resultado de coprodução entre interlocutores, distinta, pela forma como se realiza
entre o escrito e o falado”.

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Texto e textualidade

Fonte:pt.slideshare.net

6.1 Conceito de texto

Geralmente, pessoas que não possuem o hábito da leitura como atividade


social, julga, deduz, pondera, imagina ou pensa que um texto, é um conjunto de
palavras escritas em papel, para serem lidas, recitadas, encenadas, etc. No entanto,
a esse conjunto de palavras, o homem dá um sentido mais amplo, mais abrangente,
de maior dimensão.
O homem, em sua necessidade inerente de interagir com o outro e com a
sociedade, inventou diversas formas de transmitir mensagens tendo em vista melhorar
seu entendimento. Nós nos comunicamos através de símbolos (aquilo que sugere ou
substitui algo) convencionados, cores, som, gestos, expressões fisionômicas,
cartazes, filmes, e, também, códigos de linguagem escrita. E tudo isso é texto.

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Fonte:pt.slideshare.net

Textum, vem do latim, que significa “teia”. Logo, escrever é tecer uma rede
onde fios se solidarizam, de forma que cada um deles torne-se um elo indispensável,
entrelaçando-se em sequência formando simplificadamente um conjunto de ideias
imbuídas de significado, transmitidas de alguém para alguém e que não se restringe
à linguagem escrita. É todo tipo de comunicação. É um tecido, numa teia bem
trançada, nela, o leitor fica agradavelmente preso, pois uma ideia pede outra, uma
ação leva à outra, e todos os parágrafos ou versos enroscam-se numa relação de
dependência, como fios de um pano.
Ao chegarmos a determinado lugar ou local, e avistarmos uma placa com o
desenho de um cigarro e uma tarja vermelha, entendemos, imediatamente, a
mensagem sugerida pela figura. Essa figura padrão constitui um exemplo de texto
não-verbal. Mas há outros, a vida é riquíssima deles. Estão em grandes quantidades
e, sob os olhares das pessoas. São vistos nas placas de trânsito, em gestos
convencionados que fazemos com as mãos..., assim, um texto não é necessariamente
a palavra escrita e juntada umas às outras; mais especificamente “texto não é um
aglomerado de frases”.
Por isso, não basta um aglomerado de letras, juntar palavras ao acaso, juntar
frases feitas para termos um texto pronto. É preciso haver uma lógica interna,
garantida por dois mecanismos que são a pedra no sapato de muita gente: coesão e
coerência, as quais serão vistas mais adiante. No sentido mais abrangente a definição
de texto ou, produção textual é mais bem compreendida como um fenômeno de
produção da linguagem sistemática de comunicar ideias ou sentimento através dos
signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc. e, caracteriza-se por aquilo que
designa a palavra texto como um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou breve,

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antigo ou moderno, que na visão de Guimarães (2000.14) concretiza-se suma cadeia
sintagmática de extensão muito variável, podendo ser um enunciado único tanto
quanto um segmento de grandes proporções.
Portanto, texto ou discurso evidencia-se como linguagem em uso através de
uma frase, um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance
e outros que, quando limitados às fronteiras da linguagem verbal, escrita, imagética,
musical, teatral, coreográfica e muitas outras, o texto ou discurso, é um processo que
engloba as relações sintagmáticas de qualquer sistema de signo, produzindo a
ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade
sociocomunicativa, semântica e formal que tem um papel determinante na produção
e recepção da linguagem.
O texto possui como papel determinante em sua produção e recepção uma
série de fatores pragmáticos que contribuem para a construção de seu sentido e
possibilita seu reconhecimento como um emprego normal do uso da língua como
atividade social. Logo, são considerados elementos fundamentais do processo
peculiar de atos comunicativos: as intenções do produtor; o jogo de imagens que cada
um dos interlocutores faz de si, do outro, e do outro com relação a si mesmo e ao
tema do discurso; o espaço da perceptibilidade visual e acústica comum, a
comunicação face a face, podendo ser pertinente numa situação e não ser em outra.

Fonte:pt.slideshare.net

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Desse modo é pertinente o contexto sociocultural em que se insere o discurso
tanto na sua produção como em sua recepção, pois à medida que este é inserido,
delimita o conhecimento partilhado pelos interlocutores, inclusive quando as regras
sócias interativas de comunicação como (variações de registro; tom de voz, postura,
etiqueta sociocomunicativa) são elementos constituinte de seu sentido.
Vale ressaltar que contexto é, a relação entre o texto e a situação em que ele
ocorre, ou seja, é o conjunto de circunstâncias em que a mensagem é produzida em
determinado tempo e lugar de forma a permitir sua compreensão, ou, pela cultura do
emissor e receptor, etc. Vê-se então, que o texto ou discurso, de um lado, é nas
palavras de Guimarães (2000.5) um sistema de linguagem hierarquizado de
configurações estruturadas internas; de outro, como um objeto aberto, plural,
dialogante, ligado ao contexto verbal e extra verbal em que se deduz seu significado
global emergente das relações fonológicas, morfológicas, sintáticas semânticas e
pragmáticas que estão na base do complexo sistema que é a linguagem em uso, na
qual texto ou discurso é tomado como sinonímia, pois, se pode empregar um termo
ou outro.

Fonte:www.contextodotexto.com

Pode-se inferir que o texto ou discurso se caracteriza por sua unidade formal,
material, numa ocorrência linguística falada, escrita ou gestual de qualquer extensão,
significado ou importância em que seus constituintes linguísticos devem se mostrar
reconhecivelmente integrados de modo a permitir que seja percebido como um todo

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coeso. Assim, um texto será bem compreendido quando percebido pelo interlocutor
sob três aspectos:
a) O pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação
informacional e comunicativa em que se insere o discurso (conjunto de normas);
b) O semântico conceitual em que depende sua coerência;
c) O formal, que diz respeito a sua coesão.

O conceito de texto aqui entendido enquanto produção, criação, teoria ou


faculdade de compreensão da linguagem falada, escrita, sinalizada, coloquial e
outras, não pode ser vista como algo que se constrói individualmente, mas como uma
prática social de determinada época, em determinada sociedade. Pois o homem, na
comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os como
mensagens em que se envolvem emissor e receptor. Vale ressaltar que qualquer
mensagem precisa de um meio transmissor, o qual se pode chamar de canal de
comunicação e refere-se a um contexto ou uma situação em que estão envolvidos os
elementos da comunicação.

Fonte:icarlydaredacao.blogspot.com.br

Vale revelar que na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem cotidiana entre


os homens de sociedade diferenciada, usam-se as palavras conforme as situações
ou contexto a que são inseridas ou se apresentam. Exemplo: “isso é um castelo de
areia” uma expressão na qual pode estar inserida uma faculdade de agir denotativa
ou conotativa. Denotativamente a expressão citada refere-se a uma construção feita
23
na areia de uma praia qualquer, em forma de castelo; conotativamente apresenta-se
como uma expressão que traduz o significado de uma ocorrência sem solidez ou de
caracterizam como material de pouca resistência sujeito a mudança rápida ou, fácil
de ser derrubado.

Fonte:virginiarocha.blogspot.com.br

Temos, portanto, o seguinte:


a) Denotação: é o uso do signo em seu sentido real;
b) Conotação: é ouso do signo em sentido figurado, simbólico.

Fonte: portugues8csu.blogspot.com.br

24
Para que seja cumprida a função social da linguagem em uso como processo
sociocomunicativo, ou seja, para que um texto seja percebido como um todo há
necessidade que as palavras tenham significado, ou seja, que cada palavra apresente
um conceito. A essa combinação de conceito e palavra denomina-se signo. O signo
linguístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras
impressas) chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem
mental, chamado significado. Portanto, pode-se tomar como exemplificação de
significante e significado o fruto da abobreira que sozinho nada representa, é apenas
uma imagem material, o significante, mas se nela “abóbora” for colocado: olhos, nariz
e boca, passa a representar o dia das bruxas, do halloween, caracterizando assim o
uso da linguagem como funções, ou papel a desempenhar pelo indivíduo ou instituição
na transmissão ou recepção de mensagem, Logo: Signo = significante + significado.
Significado = ideia ou conceito (inteligível)

Fonte:pt.slideshare.net

25
7 FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Fonte:brasilescola.uol.com.br

A linguagem em uso realiza diferentes ações, e consequentemente, também,


efetiva a transmissão de informações, em que se tenta convencer o outro a fazer ou
dizer algo. Isso evidencia que através da mensagem emitida assume-se
compromissos, ordena-se, pede-se, demonstra-se sentimentos, constrói-se
representações mentais sobre nosso mundo, enfim, através da linguagem organiza-
se a vida cotidiana sob diferentes aspectos, em diferentes espaços sociais, onde, ao
transmitir-se uma mensagem, esta, sempre tem um objetivo. Logo esse objetivo leva
a predominância de cada situação de comunicação que se apresenta auxiliando a
melhor compreensão daquilo que foi dito.
Ressalta-se que as funções da linguagem estão centradas nos elementos da
comunicação. Toda comunicação apresenta uma variedade de funções, mas elas se
apresentam hierarquizadas, sendo uma dominante, de acordo com o enfoque que o
destinador quer dar ou do efeito que quer causar no recebedor. Para melhor
compreensão das funções de linguagem, torna-se necessário identificar e conhecer
os elementos da comunicação. São eles:

a) emissor - emite, codifica a mensagem


b) receptor - recebe, decodifica a mensagem
c) mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor
26
d) código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção da mensagem
e) referente - contexto relacionado a emissor e receptor
f) canal - meio pelo qual circula a mensagem

Fonte:webinfobrasil.blogspot.com.br

Os elementos de comunicação que demonstram ou manifestam as funções da


linguagem mediantes ações, procedimentos ou modo de atuar, são assim
representados:
Função emotiva (ou expressiva)
Centralizada no emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece
a 1ª pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias,
memórias, poesias líricas e cartas de amor.

Fonte: exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br
27
Função referencial (ou denotativa)
Centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da
realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo a 3ª pessoa do singular.
Linguagem usada nas notícias de jornal e livros científicos.

Fonte:andreerichcomunicao.blogspot.com.br

Função apelativa (ou conativa)


Centraliza-se no receptor. O emissor procura influenciar o comportamento do
receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o
nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. Usada nos discursos, sermões e
propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

Fonte:portugues.uol.com.br

28
Função fática
Centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o
receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem das falas telefônicas, saudações
e similares.

Fonte:cotidianisofficiis.blogspot.com.br

Função poética
Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo
emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras,
suas combinações. É a linguagem figurada apresentada em obras literárias, letras de
música, em algumas propagandas etc.

Fonte:slideplayer.com.br

29
Função metalinguística
Centralizada no código, usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia
que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto.
Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem (linguagem que
serve para descrever ou falar sobre outra linguagem natural ou artificial.

Fonte:pt.slideshare.net

Obs.: Em um mesmo texto podem aparecer várias funções da linguagem. O


importante é saber qual a função predominante no texto, para então defini-lo.

30
Fonte: desconversa.com.br

8 ELEMENTOS DE REVISÃO TEXTUAL (COESÃO, COERÊNCIA E


TEXTUALIDADE)

É um conjunto de características que fazem com que um texto seja considerado


como tal, e não apenas uma sequência de palavras e frases, ou seja, qualidade ou
condição daquilo que é textual ou, fielmente reproduzido. Meaugrande e Dressler
(1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade de um discurso qualquer:
a coesão e a coerência, que se relacionam com o material conceitual e linguístico do
texto, a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a

31
intertextualidade, que tem a ver com os fatores pragmáticos envolvidos no processo
sociocomunicativo (ver mais adiante).

Parágrafo no texto

Texto extraído de: MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas,
2000

Parágrafo é a unidade redacional que divide o texto em partes menores, cada


uma responsável por um novo enfoque ou abordagem sobre o mesmo assunto que
tem em vista atingir um objetivo. A gramática formal conceitua parágrafo como aquele
que está marcado pela mudança de linha e de um afastamento da margem esquerda,
mas sua finalidade vai além desses conceitos gramaticais. A compreensão do texto
depende de uma estrutura organizacional adequada do parágrafo, pois o mesmo é
resultado de um conjunto de ideias que se inter-relacionam naturalmente,
espontaneamente, consistentemente.

A estrutura organizacional do texto deve-se primeiramente estabelecer uma


ideia capaz de orientá-lo inteiramente, distribuindo-se em introdução,
desenvolvimento e conclusão de forma adequada e assim atingir o objetivo desejado
pelo autor. É importante destacar outros aspectos do texto, selecionar ideias
relevantes e manifestar características de coerência, ou seja, o pensamento deve
desenvolver-se de forma lógica, espontânea e natural. Finalmente, o texto deve ser
claro e conciso, ou seja, sem excesso de pormenores, de explicações desnecessárias,
sem repetição de ideias e palavras. É necessário que o próprio assunto do texto seja
restrito proporcionando profundidade de forma a atrair a atenção do leitor.

O parágrafo é iniciado por uma ideia-núcleo apresentada de forma clara e


concisa que encerra uma ideia básica, que constitui ó tópico frasal. Este indica ao
autor os limites das ideias que pode explanar no parágrafo. O elemento relacionador
é opcional, mas geralmente presente a partir do segundo parágrafo, servindo de
“ponte” entre o parágrafo em si e o tópico que o antecede.

32
Vale lembrar que o homem ao construir algo, um texto, por exemplo, procura
ou deve fazê-lo seguindo de maneira a esmerar-se pela perfeição, pois, tratando-se
de texto, deve construí-lo como um objeto aberto, plural, dialogante e ligado ao
contexto verbal, estrutural entre o este e a situação em que ele ocorre.

Estrutura do parágrafo

A Estrutura do parágrafo é um processo em construção que deve ser


organizado em partes, ou seja, o texto ao ser construído deve ser moldado em
parágrafos, os quais deverão ser aumentados ou diminuídos. Isto é, variando de
tamanho, de forma a alcançar o que nos diz Medeiros (2009) “a regra geral para
determinar o tamanho é o bom senso”. A afinal o contexto é quem define o texto
através do uso da linguagem.

O tamanho do parágrafo

Os parágrafos são moldáveis como a argila e, podem ser aumentados ou


diminuídos, conforme o tipo de redação e o veículo de comunicação onde o texto vai
ser divulgado. Se o escritor souber variar o tamanho dos parágrafos, dará colorido
especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao fim. Em princípio, o
parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro, e a
regra geral para determinar o tamanho é o bom senso.

Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de


pouca formação cultural. A exemplo: A notícia possui parágrafos curtos em colunas
estreitas; artigos e editoriais costumam ter parágrafos mais longos. Revistas
populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresentam
parágrafos curtos. Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em
parágrafos menores, seguindo critério claro e definido a fim de enfatizar uma ideia.

Parágrafos médios - comuns em revistas e livros didáticos destinados a um


leitor de nível médio (2º grau). Cada parágrafo médio construído com três períodos
que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca de três
parágrafos médios.

33
Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem
longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e consomem muitas
páginas; as explicações são complexas e exigem várias ideias e especificações,
ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-
los.

Esse conjunto de características apresentadas na construção dos parágrafos,


acompanhados da coesão e coerência, ajudam a fazer com que um texto não seja
uma sequência de palavras e frases, dando condição àquilo que é textual, ou seja,
fielmente reproduzido.

Se você até hoje detestou textos, talvez não tenha entendido que eles falam
uns com os outros através, não somente da moldagem dos parágrafos, mas também
de outros fatores. Bem, este é o princípio básico do sétimo fator, a intertextualidade:
o conversar entre textos distintos, ou seja, qualquer discurso tem a ver com os fatores
pragmáticos envolvidos no processo sociocomunicativo. Fica assim entendido que os
elementos que concorrem para a textualidade numa relação coerente entre as ideias,
são: Fatores semântico/formal (coesão e coerência); Fatores pragmáticos
(intencionalidade, aceitabilidade, situacionabilidade, informatividade e
intertextualidade).

8.1 Coesão

A coesão de um texto depende muito da relação entre as orações que formam


os períodos e os parágrafos. Os períodos compostos precisam ser relacionados por
meio de conectivos adequados, se não quisermos torná-los incompreensíveis. Para
cada tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma
conjunção que se adapta perfeitamente a ela. Por exemplo, a conjunção, mas só deve
ser usada para estabelecer uma relação de oposição entre dois enunciados. Porém,
se houver uma relação de adição ou ideia de concessão, a conjunção deverá ser
outra.

34
Os Conectivos ou elementos de coesão são todas as palavras ou expressões
que servem para estabelecer elos, para criar relações entre segmentos do discurso,
tais como: então, portanto, já que, com efeito, porque, ora, mas, assim, daí, aí, dessa
forma, isto é, embora e tantas outras.

Fonte: soumaisenem.com.br

Ao lado da coerência, a coesão é um requisito relevante para que sua redação


seja clara, eficiente. A coesão textual pode conseguir-se mediante quatro
procedimentos gramaticais elementares:
1. Substituição: quando uma palavra ou expressão substitui outras anteriores:
O Rui foi ao cinema. Ele não gostou do filme.
2. Reiteração: quando se repetem formas no texto: «E um beijo?! E um beijo
do seu filhinho?!» - Quando dará beijos o meu menino?! (Fialho de Almeida) A
reiteração pode ser lexical (“E um beijo”) ou semântica (“filhinho”/”menino”).
3. Conjunção: quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com
outros antecedentes por meio de conectores gramaticais: O cão da Teresa
desapareceu. A partir daí, não mais se sentiu segura. A partir do momento em que o
seu cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu segura.
4. Concordância: quando se obtém uma sequência gramaticalmente lógica,
em que todos os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais

35
correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical corretamente
atribuído, coordenação e subordinação entre orações):
- Cheguei, vi e venci.
- Primeiro vou tomar banho, escovar os dentes, depois vou para a cama.

A coesão textual pode ser feita através de termos que retomam palavras,
expressões ou frases já ditas anteriormente ("anáfora") ou antecipam o que vai ser
dito ("catáfora").
A coesão por retomada ou antecipação pode ser feita por: pronomes, verbos,
numerais, advérbios, substantivos, adjetivos. A coesão por encadeamento pode ser
feita por conexão ou por justaposição.

A coesão por conexão traz elementos que:


a) fazem uma gradação na direção de uma conclusão: "até", "mesmo",
"inclusive" etc.;
b) argumentam em direção a conclusões opostas: "caso contrário", "ou", "ou
então", "quer... quer"; etc.;
c) ligam argumentos em favor de uma mesma conclusão: "e", "também",
"ainda", "nem", "não só... mas também" etc.;

d) fazem comparação de superioridade, de inferioridade ou igualdade: "mais...


do que", "menos... do que", "tanto... quanto", etc.;
e) justificam ou explicam o que foi dito: "porque", "já que", "que", "pois" etc.;
f) introduzem uma conclusão: portanto, logo, por conseguinte, pois, etc.;
g) contrapõem argumentos: "mas", "porém", "todavia", "contudo", "entretanto",
"no entanto", "embora", "ainda que" etc.;
h) indicam uma generalização do que já foi dito: "de fato", "aliás", "realmente",
"também" etc.;
i) introduzem argumento decisivo: "aliás", "além disso", "ademais", "além de
tudo" etc.;
j) trazem uma correção ou reforçam o conteúdo do já dito: "ou melhor", "ao
contrário", "de fato", "isto é", "quer dizer", "ou seja", etc.;

36
k) trazem uma confirmação ou explicitação: "assim", "dessa maneira", "desse
modo", etc.;
l) especificam ou exemplificam o que foi dito: "por exemplo", como, etc.;

Os elementos coesivos por justaposição estabelecem a sequência do


texto, ou seja:
a) introduzem o tema ou indicam mudança de assunto: "a propósito", "por falar
nisso", "mas voltando ao assunto" etc.;
b) marcam a sequência temporal: "cinco anos depois", "um pouco mais tarde",
etc.;
c) indicam a ordenação espacial: "à direita", "na frente", "atrás", etc.;
d) indicam a ordem dos assuntos do texto: "primeiramente", "a seguir",
"finalmente", etc.;

Para analisar o papel da coesão na construção do sentido de um texto, é


necessário a correlação entre os provérbios e os elementos coesivos respectivos, de
modo a preencher as lacunas, de tal forma que haja coerência entre as duas partes
que constituem um texto: ver o exemplo:

TEXTO: A LEI

A lei é um absurdo do começo ao fim. Primeiro, porque permite aos moradores


da superquadra isolar uma área pública, não permitindo que os demais habitantes
transitem por ali. Segundo, o projeto não repassa aos moradores o custo disso, ou
seja, a responsabilidade pela coleta do lixo, pelos serviços de água e luz e pela
instalação de telefones. Pelo contrário, a taxa de limpeza pública seria reduzida para
os moradores. Além disso, a aprovação do texto foi obtida mediante emprego de
argumentos falsos.

(Revista VEJA, julho /97)

37
8.2 Análise Textual

Fonte: alan-diariodepesquisa.

Para que se possa analisar a existência de coesão textual é necessário que se


tenha conhecimento sobre elementos coesivos do texto e conhecimento de mundo
sobre texto e intertextualidade. Koch (2009) nos remete a seu argumento de que é
lícito concluir, portanto, que o termo texto pode ser tomado em duas acepções: texto
em sentido lato designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser
humano; em sentido estrito, consiste em qualquer passagem, falada ou escrita, que
forma todo um significativo, independentemente de sua extensão.
Em sua contínua explanação a autora diz que a coesão pode ser descrita como
um fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na
superfície textual encontram-se interligados, por meio de recursos, também
linguísticos, formando sequência veiculadoras de sentido. Com base no exposto,
podem-se apresentar no texto abaixo alguns elementos que sinalizam para o
fenômeno que se denomina coesão textual existentes na matéria veiculada pela
Revista VEJA, em julho / 97.
Podem-se comprovar analisando o texto acima alguns mecanismos da coesão
textual como em: primeiro e segundo, elementos coesivos demonstrativos que
indicam a ordem dos argumentos; ali elemento coesivo pronominal demonstrativo de
lugar que faz referência a área pública, anteriormente citada; disso referencial
demonstrativo que retoma o que é considerado um absurdo dentro da lei; ou seja e
pelo contrário são conectores que introduzem uma retificação, uma correção
38
relacionada a nominalização absurdo dada a lei; além disso elemento que tem por
função acrescentar mais um argumento ao que está sendo discutido; texto elemento
coesivo de substituição que tem como referente a lei; demais conectivo referencial
adverbial que remete a um referente secundário que são os moradores proibidos de
transitar pela superquadra; permitindo e transitem elementos coesivos verbais que
fazem referências ao deslocamento dos habitantes que não são os da superquadra.
Pela forma em que o texto a lei foi apresentado, percebe-se que a coesão pode
estabelecer relações de sentido tornando-se responsável pela continuidade dos
sentidos no texto como uma complexa rede de fatores de ordem linguística, cognitiva
e interacional.

 Elementos coesivos: primeiro, segundo, ali, disso, ou seja, pelo contrário,


além disso, permitindo, transitem, demais, texto, projeto, absurdo.

Coerência
A coerência resulta da configuração que assumem os conceitos e relações
subjacentes à superfície textual. Ela é considerada o fator fundamental da
textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só aspectos
lógicos e semânticos, mas também cognitivos, na medida em que depende do
partilhar de conhecimentos entre os interlocutores.
Antunes (2005. p.176) nos ensina que a coerência é uma propriedade ou peça
comunicativa que tem a ver com o funcionamento do texto como meio de interação
verbal e, não se pode avaliar a coerência de um texto se for levado em conta às formas
como as palavras aparecem no texto. Logo, um discurso é aceito como coerente
quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de
mundo do receptor.

39
Fonte: www.gestarqueimadas2009.blogspot.com.br

Vale revelar que o sentido do texto é construído não somente pelo produtor
como também pelo receptor, que precisa deter os conhecimentos necessários a sua
interpretação. O produtor do discurso não ignora a participação do interlocutor e conta
com ela. É fácil verificar que grande parte dos conhecimentos necessários à
compreensão do texto não vem explícita, mas fica dependente da capacidade de
pressuposição e inferência do receptor. Assim, a coerência do texto deriva de sua
lógica interna, resultante dos significados que sua rede de conceitos e relações põe
em jogo, mas também, da compatibilidade entre essa rede conceitual, o mundo textual
e o conhecimento de mundo daqueles que processam os discursos, daqueles que
decodificam, compreendem e interpretam os significados das palavras. Isso equivale
à compreensão de que um texto é coerente quando é possível sua interpretação.

Fonte:exercicios.brasilescola.uol.com.br

40
Para que um texto seja coerente existem condições de interpretabilidade
ligadas diretamente a ele, como o conhecimento e o uso adequado dos recursos
léxicos e gramaticais da língua. Se alguém ouvisse ou lesse coisas como:

Exemplo:
a) Quem tem uma foto importada de 1000 cc, que custa US$ 20.000, não vai
expô-la ao trânsito de uma cidade como São Paulo. (Platão e Fiorin).
b) João venceu a luta, apesar de ser o mais forte dos lutadores. (Platão e
Fiorin). Um leitor experiente não hesitaria em classificá-las como incoerentes. No
primeiro caso, houve o uso inadequado de uma palavra do léxico. Basta trocar a
palavra foto pela palavra moto que o texto fica coerente. No segundo caso, houve uma
falha gramatical. A conjunção apesar de não está adequada para unir as duas ideias
expostas no texto. Se a substituirmos pela conjunção pois tudo volta a ficar bem, em
uma outra versão como: João venceu a luta, pois era o mais forte dos lutadores.
A coerência de um texto depende de fatores pragmáticos como a
intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a
intertextualidade, e outros, como os elementos contextualizadores que são data, local,
assinatura, elementos gráficos etc., envolvidos no processo sociocomunicativo. E
também do conhecimento de mundo do leitor, alguém que não possua conhecimento
sobre um tema tratado terá mais dificuldades para entender a contextualização em
que este se dá.

Fonte:exercicios.brasilescola.uol.com.br

41
Os fatores pragmáticos da textualidade
a) Intencionalidade – concerne ao empenho do produtor em construir um
discurso coerente, coeso e capaz de satisfazer os objetivos que tem em mente numa
determinada situação comunicativa.
b) Aceitabilidade - refere-se à expectativa do recebedor de que o conjunto de
ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz
de levá-lo a adquirir conhecimentos ou cooperar com os objetivos do produtor.
c) Situacionalidade – diz respeito aos elementos responsáveis pela
pertinência e relevância do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação
do texto à situação comunicativa.
d) Informatividade – diz respeito à medida na quais às ocorrências de um texto
são esperadas ou não, conhecidas ou não, no plano conceitual e no formal.
e) Intertextualidade - concerne aos fatores que fazem à utilização de um texto
dependente do conhecimento de outro (s) texto (s). A essa relação em que um texto
pode ser produto de outro texto, Medeiros (2009.p. 123) denomina de “retomada
constantes de textos anteriores.

Conforme, as sábias palavras de Platão e Fiorin:


“Com muita frequência um texto retoma passagens de outro”. Quando um texto
de caráter científico cita outros textos, isto é feito de maneira explícita. O texto citado
vem entre aspas e em nota indica-se o autor e o livro donde se extraiu a citação.
Platão e Fiorin (1985).

Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

42
9 TIPOS DE TEXTOS

Basicamente existem três tipos de texto: Texto descritivo; narrativo e


dissertativo. E, cada um possui características próprias de construção. No entanto, o
texto envolve outras situações que revelam o papel primordial do emissor e receptor,
conforme o que afirma Guimarães (2000) com predominância da perspectiva do
emissor do discurso, segundo o grau de participação, o texto é classificado como
objetivo e subjetivo.

Descrição
O texto descritivo é constituído pela explicação, com palavras, daquilo que se
viu ou, observou. A descrição é estática, sem movimento, desprovida de ação. Na
descrição o ser, o objeto ou ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque
na frase, o substantivo e o adjetivo.
O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso
de recursos linguísticos, tal que o receptor os identifique. A caracterização é
indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto. O texto
descritivo se apresenta de duas formas: denotativo e conotativo.

Descrição denotativa
Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas
ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição
denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a
definição do dicionário.

Exemplo: Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste


pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o
término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde
encontraremos várias formas de relevo e vegetação. No início da viagem observamos
uma típica agricultura de subsistência bem à margem da BR-232. Isso provavelmente
facilitará o transporte desse cultivo a um grande centro de distribuição de alimentos a
CEAGEPE.

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Descrição conotativa
Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em
polivalência.

Exemplo: João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do
peso que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto. Hoje o sol
amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens
brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.

Exemplo de um parágrafo descritivo


Título: Uma casa

Era uma casa comum, como tantas milhares que existem na cidade. Nada ali
indicava com firmeza que vivia uma jogadora e leitora de cartas. Nada parecido com
uma tenda de ciganos nem com um cômodo esotérico de adivinhadores do futuro
presente e passado. A não ser um pano preso na parede maior da sala, estampada
com cartas de um baralho desconhecido. O pano estava tão novo que até permitia
aos narizes comuns sentirem o cheiro característicos sem uso. No canto esquerdo da
sala, uma pequena mesa quadrada coberta com uma toalha branca e um jogo de
cartas.

(Edson Gabriel Garcia)

Narração
Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto
inserindo episódios, acontecimentos. A narração difere da descrição. A primeira é
totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e sem movimento. Os verbos são
predominantes num texto narrativo.
O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma
série de perguntas: Quem participa nos acontecimentos? (Personagens); O que
acontece? (Enredo); onde e como acontece? (Ambiente e situação dos fatos).

44
O texto narrativo é feito com base em alguns elementos:

O quê? - Fato narrado;

Quem? – Personagem principal e o anti-herói;

Como? – O modo que os fatos aconteceram;

Quando? – O tempo dos acontecimentos;

Onde? – Local onde se desenrolou o acontecimento;

Por quê? – A razão, motivo do fato;

Por isso: - A consequência dos fatos.

10 EMPREGO DOS PRONOMES

Vamos falar, agora, dos pronomes. Mais simples do que entender a definição
é entender quem eles são. Portanto, vamos logo para a classificação.

10.1 Pronomes Possessivos

Quem são?

Resposta: meu, meus, minha, minhas, teu, teus, tua, tuas, seu, seus, sua, suas,
nosso, nossos, nossa, nossas, vosso, vossos, vossa, vossas, dele, deles, dela, delas.

Portanto, os pronomes possessivos, como o nome diz, são essas palavrinhas


que a gente usa para indicar posse.

A Kombi é minha! Não é tua, nem dele, nem dela, nem do Geraldo!

45
Se liga na Tabela:

10.2 Pronomes Demonstrativos

Quem são?
Resposta: este, estes, esse, esses, esta, estas, essa, essas, isto, isso, aquele,
aqueles, aquela, aquelas, aquilo.

Os pronomes demonstrativos "apontam" para alguma direção, ou seja: se


referem a uma pessoa do discurso ou a algo. Se está longe, usamos "aquele", por
exemplo. Se estiver perto de quem fala, a gente usa o "este".

Aquele cara é meu professor de matemática.


O nome dele é Piruegas de Bederagas da Silva.

Em azul, temos o pronome demonstrativo (aquele) e em verde temos pronomes


possessivos ("meu" e "dele").

46
10.3 Pronomes Relativos

Quem são?
Resposta: o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta,
quantos, quantas, que, quem.

Esses pronomes servem para substituir algo que foi dito antes na oração,
retomando-os.

Observe o exemplo:
Eu conheço o cachorro.
O cachorro foi engolido pelo banco do carro.

Veja que eu repito "cachorro" sem necessidade e isso é chato. Graças aos
pronomes, nós podemos evitar a repetição desnecessária de palavras. Veja:

“ Eu conheço o cachorro que foi engolido pelo banco do carro. ’’

Fonte: www.blogdogramaticando.com

O "que" é o pronome relativo mais usado. Portanto, ele é chamado de "pronome


relativo universal". Vejamos outros exemplos:

O cantor que acabou de se apresentar é péssimo.


("O cantor se apresentou" + "o cantor é péssimo")

47
11 PRONOMES PESSOAIS

São aqueles que fazem referência às pessoas do discurso (eu, tu, ele ou ela,
nós (plural do "eu"), vós (plural do "tu"), eles ou elas). Podem ser de dois tipos: caso
reto e caso oblíquo.

Pronomes pessoais do caso reto: na sintaxe, cumprem o papel de sujeito da


oração. São eles: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas. Simples, não? Eles são os
responsáveis pela ação verbal (sujeito da oração).

Eu queria um Grill, mas ela queria um ferro novo.

Fonte: www.maisum.altervista.org

Pronomes pessoais do caso oblíquo: na sintaxe, servem de complemento.


São eles: me, te, se, lhe, lhes, nos, vos, se, si, o, a, os, as.

Desculpe-me. Não queria te prejudicar. Vou lhe dizer o que fazer.

48
11.1 Pronomes de Tratamento

São aqueles usados para se referir, de um modo respeitoso, a alguém.


Exemplos: Vossa Majestade (reis e imperadores), Vossa Senhoria (funcionários
graduados), Vossa Excelência (altas autoridades), Vossa Santidade (papa), Vossa
Alteza (príncipes e duques).

Oh, Vossa Majestade! Referenciada em todo o império!


Com todo o respeito, digo-te: vais te catar!

Vossa X Sua
Se usa "vossa" para se falar diretamente com a autoridade e "sua" quando se
fala sobre a autoridade para outra pessoa. Vossa Majestade: vais te catar! Estou de
saco cheio! (Estou falando diretamente com imperador). Eu disse a Sua Majestade
para que se catasse (estou falando com outra pessoa sobre o imperador)

Você
O termo "você" também é pronome de tratamento, enquanto o "tu" é pronome
pessoal (do caso reto).

11.2 Pronomes Interrogativos

Quem são?

49
Resposta: que, quem, qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.

São usados para formular perguntas. Lembre-se que nem toda pergunta
precisa de ponto de interrogação: as perguntas indiretas não usam ponto de
interrogação.

Diga qual cachorro você quer adotar (Pergunta indireta)


Qual cachorro você quer adotar? (Pergunta direta)

11.3 Pronomes Indefinidos

São aqueles que se referem a um termo sem indicar, exatamente, a


quantidade, sendo vago e indeterminado.
Alguém, em algum lugar, comprou alguma coisa para ninguém, outra coisa para
todos e não fez nada depois.
São eles:
Variáveis: Algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns,
nenhumas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, muito, muita, muitos,
muitas, pouco, pouca, poucos, poucas, certo, certa, certos, certas, vário, vária, vários,
várias, quanto, quanta, quantos, quantas, tanto, tanta, tantos, tantas, qualquer,
quaisquer, qual, quais, um, uma, uns, umas.
Invariáveis: algo, tudo, nada (referem-se a coisas), quem, alguém, ninguém,
outrem (referem-se a pessoas), cada, que (referem-se a coisas e a pessoas).

50
11.4 Colocação Pronominal

Você já viu aqui quem são os pronomes. Agora, vamos estudar a Colocação
Pronominal.

Não me convença a comprar essa BMW.


Não convença-me a comprar essa BMW.

O exemplo escrito de modo correto é o primeiro (não me convença a comprar


essa BMW). Saber quando o pronome pessoal vem antes do verbo (me convença) ou
depois (convença-me) ou até mesmo no meio (convencer-me-á) é tarefa da
Colocação Pronominal. Existem regras que devemos saber ao empregar pronomes.
Vejamos:
Próclise - o pronome vem antes do verbo

Em orações com sentido negativo:


Não me convença a comprar essa BMW
(Seria errado escrever "convença-me")

Depois de pronomes interrogativos:


Quem te disse que era para carregar o carro?
(Seria errado escrever "quem disse-te")

Depois de pronomes demonstrativos:


Aquilo me fez cair
(Seria errado escrever "aquilo fez-me cair")

Antes de verbos no gerúndio:


Em se tratando de emprego, a caixa de Skinner era melhor
(Seria errado escrever "em tratando-se de emprego")

51
Depois de advérbio (ou locução adverbial)
Ontem me forneceram muitos materiais de auxílio ao professor
(Seria errado escrever "ontem forneceram-me")

Basicamente, são nessas ocasiões que usamos a próclise (pronome antes do


verbo).

Mesóclise - o pronome vem no meio do verbo


Esse é para os mais "chiques". Nós praticamente não a usamos na linguagem
coloquial, mas se você quiser dar uma de erudito e de intelectual, então vá em frente,
meu filho!
Usamos a mesóclise quando o verbo está conjugado no futuro.

Comprar-te-ei um chapéu!

Fonte: geradormemes.com

Observações:
a) Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.

Por Exemplo:
Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados.
(O pronome "tudo" exige o uso de próclise.)

52
b) Com esses tempos verbais (futuro do presente e futuro do pretérito) jamais
ocorre a ênclise.

c) A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária.

Ênclise - pronome depois do verbo

Se nenhuma dessas regras se enquadrarem no uso do pronome, então você


pode usar a ênclise (pronome depois do verbo).

Disseram-lhe que estava um pouquinho acima do peso para usar a roupa do Spider
Man.

Olha o resumo na tabela:

Colocação Pronominal Quando usar Exemplos


Próclise - o pronome vem 1. Em orações com sentido negativo
antes do verbo Ninguém o apoia.
2. Depois de (negativo) Nunca se
pronomes esqueça de mim.
interrogativos (negativo)
Não me fale sobre este
3. Depois de assunto. (negativo)
pronomes
demonstrativos Aqui se vive. (advérbio)
Tudo me incomoda nesse
4. Antes de verbos no gerúndio lugar. (pronome
indefinido)
5. Depois de advérbio (ou
locução adverbial)
Mesóclise - o Emprega-se a mesóclise quando o Falar-lhe-ei a teu respeito.
pronome vem no verbo estiver no futuro do presente (Falarei + lhe)
meio do verbo ou no futuro do pretérito do
indicativo, desde que não se Procurar-me-iam caso
justifique a próclise. precisassem de ajuda.
(Procurariam + me)

53
Ênclise - pronome depois Se nenhuma dessas regras se
do verbo enquadrarem no uso do pronome, Diga-me apenas a verdade.
então você pode usar a ênclise
(pronome depois do verbo). Importava-se com o
sucesso do projeto.

12 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO CIENTÍFICO (INTRODUÇÃO, ENCADEAMENTO E


CONCLUSÃO)

Apesar de todas as regras a serem seguidas na elaboração de um texto


científico parecerem uma série de manias e idiossincrasias para os não-iniciados, elas
têm como objetivo padronizar os textos produzidos pelos cientistas de modo a tornar
a transmissão de informações mais rápida e precisa possível. Antes de tudo devemos
lembrar-nos que o texto científico funciona como um outro texto qualquer: é
necessário que ele tenha começo, meio e fim, seja agradável de ler, gramaticalmente
correto, compreensível, coerente e mantenha conexões lógicas entre as ideias nele
contidas. Uma característica comum a praticamente todos os textos científicos é a
organização nas seguintes partes: Introdução, Objetivos, Materiais e Métodos,
Resultados, Discussão e Conclusões.
Também são encontrados nos textos científicos: o Título, a Autoria, Resumo,
Figuras e Tabelas, Agradecimentos e Referências Bibliográficas. Veja abaixo
instruções detalhadas sobre cada seção.

12.1 A Introdução

Esta seção do texto científico serve principalmente a quatro propósitos: (I)


contextualizar a pesquisa apresentada no texto, (II) dar conhecimento ao leitor dos
conceitos e paradigmas abordados no trabalho, (III) despertar o interesse do leitor
pelo seu estudo e (IV) apresentar os objetivos do estudo. Muitas vezes o leitor de seu
texto não está suficientemente familiarizado com o assunto sobre o qual seu trabalho
discorre. Por isso você deve fornecer ao leitor informações suficientes para que ele
entenda o seus resultados e suas discussões. Para isso você deve contextualizar seu
54
trabalho, situando-o perante os conhecimentos já existentes sobre o assunto
abordado.
A introdução de seu texto, elaborada da forma que sugerimos, deve,
invariavelmente, fazer referência a outros textos científicos. Veja como citar trabalhos
de outros autores na seção Referências. Ao final da Introdução são apresentados os
objetivos do seu trabalho. É nesta parte que estarão explícitas as perguntas que o seu
estudo se propôs a responder.

12.2 Os Materiais e Métodos

A seção de Materiais e Métodos tem como objetivo prover ao leitor todos os


dados necessários, de forma sucinta, para que ele entenda os procedimentos
adotados em seu trabalho. Isto serve aos seguintes propósitos: (I) para que o leitor
entenda o que foi feito; (II) para que ele possa analisar mais criticamente os resultados
obtidos e (III) para que ele, se assim desejar, reproduza seus resultados.
Para que tais propósitos sejam atingidos, qualquer informação que possa ter
tido INFLUÊNCIA na aquisição dos seus dados deve ser mencionada no texto. Como
condições ambientais, marca dos produtos, eventuais alterações nas metodologias
geralmente utilizadas etc., portanto, a área de estudos, o objeto de estudo e os
equipamentos utilizados também devem ser citados.

ATENÇÃO!
Muitas vezes pode parecer tentador descrever tudo, até a marca da roupa que você
utilizou durante o experimento. Atente apenas às informações realmente necessárias
para se obter novamente os seus resultados.
Dica: NUNCA inclua uma lista dos materiais utilizados.

12.3 Os Resultados, a Discussão e as Conclusões

Os Resultados, a Discussão e as Conclusões são as partes de um texto


científico de mais difícil identificação e separação por pessoas pouco familiarizadas.

55
Muitas vezes uma seção é confundida com outra ou os seus elementos acabam
aparecendo intercalados no texto.
Na maioria dos textos científicos, as Conclusões do trabalho encontram-se
dentro da seção Discussão, tanto ao final desta ou mescladas com as discussões. Em
alguns casos, a seção Discussão pode aparecer juntamente com os Resultados em
uma seção chamada "Resultados e Discussão". Entretanto, esse procedimento não
deve ser utilizado nos relatórios de FFA. A separação dos Resultados da Discussão
nos relatórios, tem o objetivo de exercitar a separação do texto em partes bem
definidas.
A seção de Resultados é uma das mais importantes do seu texto científico. É
nela, afinal, que você irá mostrar as informações novas obtidas em seu trabalho e que
permitiram que você chegasse às suas conclusões. Apesar da vontade de começar a
interpretar os dados apresentados nesta etapa do texto científico você deve
apresentar apenas os seus resultados nesta seção. Os Resultados são apresentados
em forma de texto e também por meio de tabelas, gráficos, fotografias, esquemas e
outros tipos de figuras. Todas as figuras e tabelas incluídas nos Resultados devem
ser mencionadas no texto (veja mais detalhes em Figuras e Tabelas). Procure
destacar no texto os resultados importantes perante os objetivos e conclusões de seu
texto.
Tome cuidado para não colocar resultados redundantes ou desnecessários!
Explore os diversos tipos de gráficos e tabelas existentes para descobrir qual é a
maneira mais didática e clara de expô-los. O importante é que você obtenha uma
sequência de dados que permitam o leitor chegar às mesmas conclusões que você
chegou. A Discussão é a seção do seu texto científico no qual os resultados são: I)
interpretados, II) interligados entre si, III) encadeados de forma a chegar às suas
conclusões, IV) comparados coma literatura e V) criticados.
Durante a discussão você deve se preocupar em expor as interpretações de
seus resultados da forma mais direta possível. A comparação de seus dados com
outros trabalhos na literatura também é recomendada. Você deve inserir as novas
informações obtidas na rede de conhecimentos pré-existentes, contextualizando-os.
Discuta os possíveis erros metodológicos de seus experimentos, seja bastante crítico
e cético. Se você não o for pode ter certeza que o serão por você.

56
Nas Conclusões (que no relatório devem aparecer ao final do item Discussão)
todo o encadeamento lógico, iniciado desde a introdução, chega ao fim. Nessa parte
você deve resumir os principais avanços que o seu trabalho científico trouxe à Ciência.
Você pode discutir as implicações teóricas ou práticas de seus resultados e analisar
o significado da pesquisa realizada. Sugestões de novos trabalhos e novas hipóteses
são bem-vindas. Tenha o cuidado para que o leitor chegue às mesmas conclusões
que você chegou sem que, para isso, você tenha que distorcer, aumentar, diminuir ou
omitir fatos.

12.4 As Figuras e Tabelas

Muitas vezes somente o texto científico não é suficiente para que o leitor possa
entender seus resultados. Para uma melhor compreensão das ideias e resultados,
podemos utilizar recursos visuais, como Figuras e Tabelas. Ilustrações, fotos,
esquemas, desenhos, mapas e todos os tipos de gráficos são considerados como
Figuras. As Figuras e as Tabelas devem receber uma numeração pela qual serão
referidas no texto. Ambas devem aparecer na mesma ordem que são citadas no texto.
Todos os recursos visuais utilizados em seu texto devem estar acompanhados
de títulos.
Os títulos de tabelas e figuras devem ser os mais claros e informativos
possíveis, de modo que o leitor entenda os resultados sem a necessidade de consultar
o texto. Veja os exemplos de títulos abaixo.

Figura 16 - Perfil esquemático, obtido em 13 de abril de 1996, de uma mata secundária


localizada na Serra do Japi, Jundiaí, Estado de São Paulo. Note a baixa estatura das
árvores do dossel e o sub-bosque denso.
Tabela 3 - Características principais dos ambientes visitados na Serra do Japi, Jundiaí,
Estado de São Paulo.

As legendas das figuras aparecem abaixo delas enquanto as das tabelas


aparecem imediatamente acima das mesmas. Quando você retirar uma Figura ou
Tabela de um livro ou de páginas da Internet, certifique-se de duas coisas: I) que
esteja no mesmo idioma de seu texto (você pode traduzi-la) e II) que os créditos sejam

57
apresentados. Ao citar figuras no texto, evite citá-las no início da frase, descrevendo
o que ela contém. É mais razoável fornecer uma conclusão sobre os resultados que
são mostrados na figura e citá-la ao final da frase. Por exemplo, é melhor usar a forma
"Encontramos um número maior de árvores no segundo transecto (Fig. 12)." Do que
"A figura 12 mostra o número de árvores encontradas em cada transecto." O mesmo
se aplica às tabelas.
Note também nos exemplos acima que, quando citada dentro da frase, usa-se
a palavra "figura" por extenso (com a inicial minúscula) e, quando citada entre
parênteses, usa-se a abreviação "Fig." (com a inicial maiúscula). Já para tabelas, a
citação dentro da frase é semelhante ao caso da figura, mas, quando entre
parênteses, usa-se "Tabela" (por extenso e com a inicial maiúscula). Exemplo: "A
altura das árvores diminuía com a altitude (Tabela 3), de forma semelhante ao
diâmetro dos troncos, como mostrado na tabela 2."
Pode-se colocar figuras e tabelas tanto dentro do texto como ao final do
relatório. Quando colocadas dentro do texto, as figuras e tabelas devem aparecer logo
depois que as mesmas são referidas no texto (na mesma página ou na página
seguinte, sempre que possível). Quando agrupadas ao final do relatório, as figuras e
tabelas devem ser apresentadas na ordem em que foram citadas no texto. Quando
você incluir fotos, procure colocar escalas ou outras referências de tamanho. Nos
mapas, além da escala, não se esqueça de colocar referências de latitude e longitude,
legendas e uma indicação do Norte.
Tome cuidado para não colocar resultados redundantes ou desnecessários!
Explore os diversos tipos de gráficos e tabelas existentes para descobrir qual é a
maneira mais didática e clara de expô-los. O importante é que você forneça uma
sequência de resultados que permita o leitor chegar às mesmas conclusões que você
chegou. Coloque apenas Figuras e Tabelas realmente necessárias para o
entendimento de seu texto. Não coloque uma foto no seu trabalho somente porque
ela está bonita.

58
12.5 As Referências Bibliográficas

Invariavelmente, textos científicos fazem referência a outros textos científicos.


Desta forma, além de dar credibilidade às informações contidas no texto, você insere
o seu trabalho na rede de conhecimentos científicos já existentes.

Veja alguns exemplos de citações:

 A evolução dos organismos troglóbios no Brasil ainda não foi estudada


profundamente (Gnaspini, 1999).
 Em 1998, Sano (1998) descreveu a diversidade de Paepalanthus Sect.
Actinocephalus Koern. (Eriocaulaceae) da Serra do Cipó, Minas Gerais.

Quando se tratam de dois autores no trabalho:

 Segundo Martins & Gordo (1993), a jararaca da Amazônia, Bothrops atrox ...

Se forem mais de dois autores use "et al.":

No Cerrado brasileiro há exemplo de pelo menos duas espécies invasoras de


gramíneas que exercem uma forte pressão competitiva sobre as espécies nativas
(Pivello et al., 1999).

Note que apenas o último sobrenome é citado e o ano não possui o ponto para
indicar o milhar. Se o nome do autor terminar em "Filho", "Junior", "Neto", etc., cite das
seguintes formas: "Silveira-Neto (1996)" ou "Silveira Neto (1996)". No caso de
informações não publicadas fornecidas por outro pesquisador, pode-se citar dessa
forma:

 Somente duas espécies de jararacas ocorrem na Ilha do Cardoso (M. R. C.


Martins, comunicação pessoal).
 Somente cite no texto as fontes bibliográficas originais que foram consultadas.
Em alguns casos extremos, por exemplo, quando o trabalho é muito antigo e/ou

59
muito difícil de ser obtido, pode-se citá-lo através de uma fonte secundária,
utilizando-se "apud", como no seguinte exemplo: "Meira (1832, apud Morellato,
1992)".

ATENÇÃO!!!!!
A lista de referências ao final do relatório é apresentada em ordem alfabética pelo
sobrenome dos autores. Ela deve conter todas e apenas as citações referidas no texto.
Ou seja, todos os trabalhos referidos no texto devem fazer parte da lista e, por outro
lado, trabalhos que não são referidos no texto não devem estar na lista.

A forma de citação deve seguir um padrão atual, de preferência no qual as


citações são as mais completas possíveis. Em FFA, utilizaremos o padrão do trabalho
científico utilizado como exemplo em aula (sobre as palmeiras invasoras).

12.6 O Título

O título de um texto científico deve ser, ao mesmo tempo, informativo e curto,


ou seja, deve informar em poucas palavras do que trata o texto. Exemplo: "Diversidade
de libélulas em lagoa no litoral sul do Estado de São Paulo, Brasil". Note que neste
exemplo o assunto do estudo (diversidade), o objeto que foi estudado (libélulas) e a
localização geográfica (litoral sul de São Paulo, Brasil) estão claramente informados.

12.7 Os Autores

A autoria de um relatório ou trabalho científico (e a ordem em que é


apresentada) é determinada pelo grau de participação de cada um no planejamento,
na execução dos trabalhos, na análise e interpretação dos resultados e na elaboração
do texto. Os autores devem vir em um local de fácil percepção. Pode-se optar pela
forma sobrenome/iniciais (Sawaya, P., Dreyfuss, F.) ou pelo nome completo.

60
12.8 O Resumo

Geralmente os textos científicos vêm acompanhados de um resumo. É a partir


dele que muitos cientistas selecionam os artigos de interesse. Por isso é
recomendável que ele seja curto e informativo (menos de 200 palavras) contendo em
sua estrutura as seções de um texto científico, embora algumas delas não sejam
incluídas. As seções comuns em resumos são: introdução, métodos, resultados e
discussão. Veja um exemplo fictício:

"O estudo do comportamento territorial de borboletas tropicais tem contribuído de


maneira decisiva para a formulação de teorias sobre a territorialidade. Este estudo
descreve a territorialidade da borboleta Heliconius erato (Nymphalidae) em uma
floresta do sudeste de São Paulo, Brasil. Entre maio e junho de 1996, 13 indivíduos
machos foram marcados (através de numeração com caneta na parte inferior de
ambas as asas) e observados durante a manhã. As observações de comportamento
foram realizadas através do método de "todas as ocorrências". Foi estimada a
quantidade de néctar produzido pelas plantas de cada território. Apenas os machos
de H. erato defendem territórios. Os territórios consistiam de grupos de arbustos com
flores, com área de 8 a 14 m². A produção de néctar por território variou de 14 a 18
ml/dia. O tamanho do território foi significativamente correlacionado à quantidade de
néctar produzido pelas plantas. O comportamento territorial é estereotipado,
apresentando as seguintes etapas: aproximação rápida do intruso por parte do
residente, perseguição por longa distância (4 a 46 m) e retorno ao território. O
comportamento territorial de H. erato é semelhante àqueles relatados para outras
espécies de Heliconius. Os resultados indicam que as borboletas defendem territórios
nos quais os custos de defesa são menores que os ganhos em relação à energia
obtida através do néctar."

Note que no exemplo acima os tópicos introdução, material e métodos,


resultados e discussão são facilmente identificáveis e todos eles apresentados de
maneira resumida. Note também que, embora conciso, o resumo é bem informativo,
ou seja, pela leitura do resumo o leitor sabe do que trata o relatório ou trabalho, seus
principais resultados e suas implicações teóricas.

61
12.9 Os Agradecimentos

Nesta seção, que aparece logo após a Discussão e antes das Referências
Bibliográficas, são agradecidas as pessoas e instituições que permitiram ou facilitaram
o desenvolvimento do trabalho (p. ex., ajudaram na coleta dos dados, permitiram o
acesso à área de estudos, permitiram o exame de material depositado em coleções,
discutiram as ideias contidas no estudo, leram o texto e deram sugestões etc.).

13 RESUMO E FICHAMENTO

Existem muitos métodos para o estudante se preparar para os vestibulares.


Alguns escritos, outros auditivos e também os visuais. Para quem gosta de estudar
escrevendo, os resumos e fichamentos podem ser uma boa escolha. Você gosta de
estudar por esses modelos? O que muita gente não sabe é que existe uma pequena
diferença entre os resumos e fichamentos. Enquanto o primeiro tem a função principal
de sintetizar e reunir as principais informações, o outro aproveita as citações do texto
para desenvolver e completar o pensamento do autor com suas próprias conclusões.
Isso não significa que um seja melhor que o outro – eles devem ser usados em
momentos distintos e estratégicos. O resumo, por exemplo, é recomendado para o
aluno que já tem o domínio do assunto abordado. Já o fichamento, por sua vez, deve
ser escolhido quando o estudante ainda está em busca do domínio do conteúdo.
Confira as principais diferenças e descubra qual é o melhor modelo de estudo para
você:

62
Fonte: www.stoodi.com.br

13.1 O resumo

O resumo acadêmico apresenta de modo objetivo e direto os pontos mais


relevantes de uma pesquisa conduzida e concluída. Ele mostra, de forma sucinta, qual
o tópico e as principais contribuições do trabalho. Assim, é fundamental selecionar
cuidadosamente o conteúdo a ser resumido, isto é, elencar com rigor os pontos mais
importantes do trabalho, e apresentar tais pontos de modo articulado. O resumo
especifica: a temática da pesquisa e o problema investigado, os objetivos principais,
informações básicas acerca da metodologia (por exemplo, tipo de coleta de dados,
sujeitos envolvidos, etc.), e as conclusões mais relevantes perante os objetivos
expostos.

Segundo a ABNT o resumo geralmente deve:


 Ser escrito em um único parágrafo, apresentando frases concisas e
preferencialmente afirmativas, escritas em ordem direta e na voz ativa;
 Apresentar palavras-chave apropriadas, selecionadas com rigor em relação ao
conteúdo real do estudo; normalmente o número de palavras-chave varia de 3
a 5;

63
 Ser compreensível em si mesmo, de modo que apenas com a leitura do resumo
o (a) leitor (a) possa entender sobre o que trata o estudo feito.

Além disso, recomenda-se EVITAR:


 Escrever o resumo como um pensamento livre e aleatório sobre a ideia geral
do estudo. Ao contrário, o resumo precisa cumprir o objetivo específico de
apresentar de modo resumido o que o trabalho buscou e conseguiu fazer;
 Redigir o resumo como um mero enumerado de tópicos;
 Reproduzir frases ou trechos meramente copiados do estudo original;
 Apresentar citações ou paráfrases. É fundamental que o resumo seja
inteiramente a voz do autor do texto, explicitando seus objetivos e conclusões,
sem interferências. Citações e paráfrases pertencem ao texto em si;
Apresentar fórmulas, símbolos, equações, figuras, diagramas, tabelas, etc.

Exemplo de um resumo* simples, mas eficaz, contendo todos os elementos


essenciais:

A Odontologia Preventiva é um modelo de prática odontológica centrada na


promoção de saúde bucal, o qual baseia-se na aplicação de medidas de prevenção e
enfatiza a educação da população. Nesse sentido, o propósito deste trabalho foi
observar, mediante revisão da literatura, programas educativos aplicados com o intuito
de prevenir as doenças cárie e periodontal. Pode-se constatar que os programas
analisados, utilizando diferentes métodos educativos, apresentaram resultados
positivos, tanto no que diz respeito ao comportamento quanto ao conhecimento
odontológico dos indivíduos. A orientação direta mostrou-se mais efetiva na educação
de adultos, ao passo que a indireta foi mais adequada para as crianças. Verificou-se
também que antes da elaboração de programas educativos deve-se avaliar o nível de
conhecimento odontológico do público-alvo, para que tais programas sejam
adequados às reais necessidades da população a ser educada.

Fonte: MASTRANTONIO, S. D. S.; GARCIA, P. P. N. S. Programas educativos em saúde bucal: revisão


da literatura. J. Bras. Odontopediatr. Odontol. Bebê, v. 5, n. 25, p. 215-222, mai./jun. 2002.

64
13.2 O fichamento

O fichamento não se constitui em um material publicável como um artigo ou


uma resenha. Trata-se, na verdade, de um registro criado durante a fase de pesquisa
bibliográfica para a realização de um dado estudo. Se o fichamento é bem feito, ele
também viabiliza ao estudante a assimilação de conteúdo. Ele é um método de
armazenar informações e consultar sobre obras lidas, podendo-se fazer fichamento
de uma obra na íntegra ou apenas de um capítulo ou parte que for de interesse da
pesquisa. Como o nome sugere, o fichamento é feito em fichas, como veremos mais
adiante na exemplificação de seus diferentes tipos. Normalmente, se faz um
fichamento de obras de modo a poder acessar mais rapidamente, no ato da escrita do
texto em si, os conteúdos sobre o assunto pesquisado. Então, no fichamento,
basicamente se registra a identificação completa da obra (autor, editora, título,
tradutor, edição, cidade, etc.) e os principais pontos de seu conteúdo, de modo
resumido.

Tipos de fichamento:

O fichamento de conteúdo (ou de resumo) se concentra no pensamento do(a)


autor(a) da obra e no desenvolvimento lógico de suas ideias. Ele pode registrar não
apenas o progresso dessas ideias no texto como também suas fundamentações,
justificativas, exemplos, etc. Isso deve ser feito nas palavras do(a) autor(a) do
fichamento (ou seja, você), que escreve com seus termos o que o(a) autor(a) da obra
sob fichamento discute. Exemplo:

Assunto: Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber


docente (p. 31). Capítulo 1.

Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 16. ed.


Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

O trabalho do autor baseia-se em uma pesquisa sociológica desenvolvida desde o


surgimento, nos anos 1980, da preocupação científica com os saberes dos
professores. O autor divide o capítulo em três partes, sendo a primeira sobre a

65
pluralidade do saber docente, a segunda sobre a importância do saber experiencial
na visão dos próprios educadores, e a terceira trazendo conclusões preliminares.
Tardif argumenta que o saber docente é composto pelos seguintes aspectos: os
saberes de formação profissional, os saberes da disciplina em si, os saberes
experienciais e os saberes curriculares da instituição escolar.(etc.)

O fichamento de citações (ou de transcrição) consiste no registro de citações


diretas da obra, observando-se absoluto rigor para anotar o trecho tal e qual consta
no trabalho original, e marcando as aspas de início e fim da citação e sua página.
Exemplo:

Assunto: Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber


docente (p. 31-55). Capítulo 1.

Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 16. ed.


Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

“Pode-se chamar de saberes profissionais o conjunto de saberes transmitidos pelas


instituições de formação de professores (escolas normais ou faculdades de
ciências da educação” (p. 36).
“Ao longo de suas carreiras, os professores devem também apropriar-se de
saberes que podemos chamar de curriculares. Estes saberes correspondem aos
discursos, objetivos, conteúdo e métodos a partir das quais a instituição escolar
categoriza e apresenta os saberes sociais por ela definidos e selecionados como
modelos da cultura erudita e de formação” (p. 38).
(etc.)

Há também o fichamento bibliográfico, no qual são registrados os tópicos


abordados e feitos comentários descritivos sobre a obra (diferente do fichamento de
conteúdo, que apenas resume o pensamento do autor ou da autora). Em qualquer
caso, a identificação completa da obra é fundamental para você não correr riscos de
escrever informações imprecisas ou erradas, ou cometer, intencionalmente ou não,
casos de plágio.

66
Assunto: Os professores diante do saber: esboço de uma problemática do saber
docente (p. 31-55). Capítulo 1.

Fonte: TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 16. ed.


Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

A obra insere-se nos campos de pesquisa educacional e de formação


profissional. O autor aborda o tema de forma analítica e comentada,
fundamentando-se em coleta qualitativa de dados e estabelecendo relações entre
diferentes contextos no que tange o tema em pauta.(etc.)

Quando professores e professoras pedem para seus estudantes fazerem um


fichamento, geralmente se referem aos tipos bibliográfico ou de conteúdo. Cabe ao
aluno ou aluna seguir as instruções dadas por cada instrutor (a).

14 A RESENHA

A resenha é um tipo de texto que serve para divulgar obras novas e apresentar
uma obra que o (a) leitor (a) geralmente não leu ou não conhece. Ela pode, assim,
atualizar o público leitor de modo breve sobre outras produções científicas,
especialmente recentes. É comum periódicos científicos dedicarem uma seção inteira
de sua publicação apenas para resenhas, já que elas representam uma atualização
sobre quais publicações estão surgindo na área de interesse da revista. Por isso,
normalmente, as resenhas costumam ser de obras recentes.
As revistas normalmente especificam um período limite diferente para obras
nacionais (por exemplo, aceitando apenas resenhas de obras publicadas no último
ano, ou nos últimos dois anos, etc.), e para obras lançadas no exterior (geralmente,
obras publicadas nos últimos cinco anos). É preciso atentar para a especificação feita
pelo periódico em questão. A resenha, nesse papel de divulgar e apresentar uma dada
obra, geralmente cumpre três passos essenciais: 1) identifica a obra a ser resenhada;
2) apresenta/descreve resumidamente o conteúdo desta obra; e 3) aprecia/avalia
criticamente esse conteúdo (mas, como veremos mais adiante, há um tipo de resenha
que não realiza essa apreciação).
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A identificação detalha o nome do (a) autor (a) e inclui breves informações
sobre sua carreira (outras obras dele ou dela). A identificação também informa o
trabalho resenhado, seu local e editora de publicação, a data, e apresenta demais
informações que se apliquem, como por exemplo o nome da coleção ou série a que a
obra pertence, o número de volumes, o nome do tradutor, se for o caso, e assim por
diante. A apresentação do conteúdo da obra consiste no resumo dos principais
argumentos feitos, um levantamento das ideias apresentadas e defendidas pelo autor.
Pode ser organizada conforme os fatos ou dados aparecem na obra (resumindo os
capítulos ou as partes em sua ordem sequencial na obra) ou então em agrupamento
de conjuntos de ideias.
Já a apreciação do conteúdo pode ser tanto positiva quanto negativa, desde
que seja fundamentada. De qualquer modo, é importante que a apreciação seja feita
com respeito e zelo. Recomenda-se que já na apresentação do resumo da obra se
insiram pequenas sinalizações sobre o tom da apreciação crítica (se houver). Isso
pode ser feito, por exemplo, com expressões do tipo: “o autor sabiamente desenvolve
o argumento . . .”, ou “o autor discute o ponto X de modo relativamente apressado...”

Tipos de resenha:
A resenha pode ser do tipo descritiva (também chamada de resenha técnica ou
resenha científica), ou então do tipo crítica (também conhecida como resenha
opinativa). A resenha descritiva se concentra na avaliação do conteúdo enquanto
conhecimento, ciência ou verdade, ou seja, ela faz um julgamento de verdades. Já a
resenha crítica avalia a obra considerando valor, estilo, estética, beleza, etc.
(julgamento de valores). Assim, a resenha crítica exige maior grau de detalhes para a
fundamentação da crítica (seja ela positiva ou negativa), já que trata de questões
menos palpáveis e mais subjetivas. Existem ainda as chamadas resenhas temáticas.
Nesse tipo de resenha, há a apresentação de vários textos de diferentes autores que
tratam de um mesmo tema principal. Na resenha temática, cada um desses textos é
identificado e apreciado em termos de sua real contribuição (e o grau de qualidade
dessa contribuição) para o tema em questão.
Se uma resenha não emitir qualquer avaliação sobre o conteúdo, temos o caso
da resenha-resumo. Esse tipo de resenha se limita aos dois primeiros passos
descritos anteriormente, isto é, apenas identificar a obra e resumir seu conteúdo.

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Então, essa modalidade cumpre uma função meramente informativa, e não busca
convencer o leitor sobre a importância ou valor de ler dada obra ou não.

15 O ARTIGO CIENTÍFICO

Segundo a ABNT (NBR 6022, 2003), o artigo científico pode ser definido como
a “publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos,
técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Mediante tal
definição, um questionamento que se mostra relevante faz referência à diferença
demarcada entre um artigo e uma monografia. Em consonância a esta pergunta,
respostas poderão surgir, tais como a de que o artigo possui uma forma mais
simplificada que a monografia. Sendo assim, veremos algumas elucidações, a fim de
que possíveis dúvidas possam ser esclarecidas acerca do tema em questão.
O artigo científico, como o próprio nome já nos revela, caracteriza-se por um
texto científico cuja função é relatar os resultados, sendo esses calcados de
originalidade, provenientes de uma dada pesquisa. Dessa maneira, ele, materializado
sob a forma de um relato acerca dos resultados originais de um estudo realizado,
torna-se publicamente conhecido por meio de revistas científicas, as quais possuem
uma seção destinada a esse fim. Assim assevera Santos (2007, p. 43), “são
geralmente utilizados como publicações em revistas especializadas, a fim de divulgar
conhecimentos, de comunicar resultados ou novidades a respeito de um assunto, ou
ainda de contestar, refutar ou apresentar outras soluções de uma situação convertida”.
Como antes citado, há a hipótese de que a concisão seja a característica que
demarca a diferença entre a monografia e o artigo. Assim, precisamos compreender
acerca de alguns pressupostos, a fim de que possamos confirmar ou não se tal
hipótese é verdadeira. O primeiro passo é compreendermos que enquanto na
monografia existe a possibilidade de se esmiuçar um determinado assunto,
estendendo-o em vários capítulos, no artigo científico tal aspecto não prevalece.
Como se trata de um texto que prima pela concisão dos dados apresentados, ele
precisa passar por um critério rigoroso de correção, no sentido de verificar a
estruturação dos parágrafos e frases, garantir a clareza e objetividade retratadas pela
linguagem, entre outros. Não deixando de mencionar que num artigo, o revisor precisa

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estar livre para se posicionar frente ao objeto de análise, levando em consideração
alguns aspectos voltados para a análise dos argumentos apresentados, checagem do
valor científico atribuído ao texto em questão, verificação da possibilidade de se tornar
público (estar disponível a outras pessoas), confirmação da possibilidade de abertura
a possíveis reavaliações em função de novas descobertas e, consequentemente,
apresentação de melhores resultados, etc.
Quanto ao conteúdo abordado no artigo, ele pode apresentar distintos
aspectos, como também pode cumprir outras tarefas, conforme nos revelavam
Marconi e Lakatos (2005, p. 262):

a) Versar sobre um estudo pessoal, uma descoberta, ou dar um enfoque


contrário ao já conhecido;
b) Oferecer soluções a questões controvertidas;
c) Levar ao conhecimento do público intelectual ou especializado no assunto
novas ideias, para sondagem de opiniões ou atualização de informes.
d) Abordar aspectos secundários, levantados em alguma pesquisa, mas que
não seriam utilizados na mesma.

Mediante tais postulados, pode parecer um tanto quanto complicado ao autor


elaborar seu artigo, mas o que na verdade ocorre é que, frente a tal incumbência, ele
descobrirá pontos relevantes que o permitirão desenvolver habilidades, tais como: a
de sintetizar suas ideias frente ao contexto científico, a de selecionar de forma concisa
e ao mesmo tempo precisa as fontes bibliográficas que lhe servirão de apoio, bem
como a de avaliar melhor os dados coletados e apresentar os resultados obtidos, entre
outros aspectos. Com base em tais postulados, obtém-se a conclusão de que
atualmente é crescente o número de instituições que requisitam a produção do artigo
em vez da monografia. Lembrando que essa produção pode ser realizada de forma
provisória, por meio de um projeto de pesquisa, o qual delimitará anteriormente as
bases que fundamentarão o trabalho a ser realizado.

15.1 A redação do artigo científico

Introdução

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A introdução, como o próprio nome sugere, serve para introduzir o leitor ao
tema da pesquisa, ao problema estudado, aos principais conceitos envolvidos e aos
trabalhos já realizados até o momento. É aquela seção em você “vende o seu peixe“,
esclarece a importância da pesquisa e a relevância para a área. Faça uma descrição
sucinta de pesquisas anteriores. No último parágrafo, comece por ressaltar o
ineditismo da pesquisa e descreva claramente o objetivo proposto para a pesquisa
(Santos, 2015).
Embora esteja disposta nas páginas iniciais de um artigo científico, a introdução
é mais facilmente elaborada quando a discussão e as conclusões já tiverem sido
redigidas, ou seja, quando já se tem uma visão do conjunto do trabalho. O texto de
introdução, além de bem escrito, deverá se constituir em um convite atrativo para a
continuidade da leitura do artigo. Alguns poucos parágrafos serão suficientes (Matias,
2012). Uma maneira prática de saber se a introdução de um artigo científico ficou bem
redigida é apagar a parte dos objetivos da pesquisa e entregar o texto de introdução
para outra pessoa que também seja da área ler. Se ao ler apenas a introdução, a
pessoa conseguir acertar qual problema de pesquisa foi estudado, parabéns! Você
fez um excelente trabalho!

Estrutura básica:
– Antecedentes do problema.
– Descrição do problema.
– Trabalhos já realizados.
– Aplicabilidade e originalidade da pesquisa.
– Objetivo (problema de pesquisa).

Erros comuns:
– Orientação mais empírica que teórica.
– Introdução muito longa, incluindo trechos que poderiam ser melhor utilizados
na discussão.
– Detalhes excessivos na descrição de estudos prévios.
– “Reinvenção da roda”, especialmente na primeira sentença ou parágrafo.
– Omissão de estudos diretamente relevantes.
– Terminologia confusa.

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– Citações incorretas.

Material e métodos
Se você preparou um projeto de pesquisa detalhado, agora será
recompensado! Pegue o projeto e comece a conferir a seção “material e métodos”.
Troque o tempo do verbo, do futuro para o passado, e então faça as inclusões ou
mudanças de maneira que essa seção reflita verdadeiramente aquilo que você
realizou em sua pesquisa. A seção “material e métodos” deve possibilitar ao leitor
avaliar o delineamento da pesquisa, o tamanho da amostra e como ela foi
determinada, os materiais e procedimentos utilizados, as variáveis analisadas e as
análises estatísticas realizadas. Questões éticas ou de consentimento, quando
necessárias, também devem ser informadas. As informações dessa seção são
fundamentais para compreender os resultados encontrados, pois revelam a forma
como eles foram obtidos, e possibilitam a replicabilidade da pesquisa (Lakatos e
Marconi, 2010).

Estrutura básica:
– Local e condições experimentais.
– Delineamento e tratamentos.
– Controle das condições experimentais.
– Variáveis (avaliações).
– Análise estatística.

Erros comuns:
– Informação inadequada para avaliação ou replicação.
– Descrições detalhadas de métodos padronizados e publicados.
– Deixar de explicar análises estatísticas não usuais.
– Participantes muito heterogêneos.
– Medidas não validadas; de confiabilidade fraca ou desconhecida.

Resultados
Na apresentação dos resultados, gráficos e figuras geralmente facilitam a
observação dos efeitos, se comparados com as tabelas. Entretanto, as tabelas levam

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vantagem quando valores numéricos específicos são importantes. Nestes casos,
artigos com tabelas irão obter um maior número de citações, porque outros
pesquisadores podem usar seus dados como base de comparação (Vianna, 2001).
Procure promover descrições claras e organizadas dos resultados, sem repetir no
texto os dados já expostos em gráficos e tabelas. Ao escrever um artigo científico,
inclua na redação final apenas os resultados que são necessários para a corroboração
de suas conclusões (Andrade, 2014).

Estrutura básica:
– Resultados da análise estatística.
– Estatísticas descritivas (médias, desvio padrão e correlações)
– Estatísticas inferenciais
– Relatar a significância e a amplitude dos dados.
– Análises adicionais (usualmente post hoc).

Erros comuns:
– Tabelas e figuras complexas, incompreensíveis.
– Repetição dos dados no texto, nas tabelas e nas figuras.
– Não utilizar o mesmo estilo de redação da introdução e do material e métodos.
– Não apresentar os dados prometidos na seção material e métodos.
– Análise estatística inadequada ou inapropriada.

Discussão
A discussão é a parte mais complexa e mais difícil de escrever em um artigo
científico. Deve ser redigida com a finalidade de apresentar e interpretar conclusões,
enfatizar os resultados mais importantes e comparar os resultados obtidos na sua
pesquisa com os resultados obtidos por outros pesquisadores (Medeiros e Tomasi,
2008).

Estrutura básica:
– Relacionar os resultados com as hipóteses.
– Interpretações: esperadas versus alternativas.
– Implicações teóricas, para a pesquisa e para a prática.

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– Limitações do estudo: aproximação com o estudo ideal.
– Confiança estimada das conclusões.
– Explicitação de possíveis restrições para as conclusões.
– Identificação de procedimentos metodológicos pertinentes aos resultados.
– Recomendações para pesquisas futuras.

Erros comuns:
– Repetição da introdução.
– Repetição dos resultados.
– Discussão não baseada nos propósitos do estudo.
– Não esclarecer as implicações teóricas e práticas dos resultados.
– Discussão não baseada nos resultados.
– Hipóteses não discutidas explicitamente.
– Apresentação de novos dados.
– Repetição da revisão da literatura.
– Especulações não fundamentadas.
– Recomendações não baseadas nos resultados.

Conclusões
Ao escrever as conclusões da sua pesquisa, certifique-se de apresentar
realmente apenas conclusões. Pode parecer um pouco óbvio, mas essa seção muitas
vezes é utilizada, de maneira equivocada, para meramente reafirmar os resultados da
pesquisa. Não faça o leitor perder tempo: ele já leu os resultados e a discussão. Agora,
nas conclusões, quer entender de forma clara a solução do seu problema de pesquisa.
Após elaborar as conclusões, critique-as e procure derrubá-las. As conclusões que
você não conseguir derrubar serão a base de seu artigo. Limite-se às conclusões que
têm embasamento nos resultados que você obteve e que respondem às questões da
pesquisa, ou seja, que estão de acordo com os objetivos (Vianna, 2001).
Não se pode esquecer que as conclusões, como produto final de uma pesquisa,
devem ser consideradas provisórias e aproximativas. Por mais brilhantes que sejam,
em se tratando de Ciência, as conclusões podem superar o conhecimento prévio e,
por sua vez, também podem ser superadas com o avanço do conhecimento (Aquino,
2012).

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16 BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA.


Parâmetros nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental – 2ª
Ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

DIONISIO, PAIVA, Ângela, MACHADO, A. R., BEZERRA, M.A. (Orgs). Gêneros


textuais e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 19. ed. Rio de Janeiro: Ed. da
FGV, 2000.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ANDRADE, Maria Margarida. Guia prático de redação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011.

CEREJA, Willian; COCHAR, Tereza; CLETO, Ciley. Interpretação de Textos:


construindo competências e habilidades em leitura. 1ª Ed. – São Paulo: Atual, 2009.

GERALDI, João Wanderlei (Org.). O texto na sala de aula 4ª Ed. São Paulo: Ática,
2006.

KOCH, Ingedore TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
2001.

LEITE, Marli Quadros. Preconceito e intolerância na linguagem. São Paulo: Contexto,


2008.

PARISSÉ, Gabriel. O valor do professor. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011.

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