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A Morte de Marat

“A Morte de Marat” é uma obra de Jacques-Louis David pintada no ano de 1793 em homenagem a Jean-
Paul Marat, uma das principais figuras políticas da Revolução Francesa de 1789. Encontra-se exposta no
Musées royaux des Beaux-Arts de Belgique em Bruxelas.

A dimensão da obra é de 165 cm × 128 cm e a técnica utilizada é um belíssimo óleo sobre tela.

Pelo seu tema nobre, o seu fundo neutro, sem elementos distrativos, o seu traço preciso e a grande
atenção prestada na anatomia humana, de aspeto escultórico conseguimos perceber que se trata de
uma obra neoclássica.

O assunto está pintado na metade inferior do quadro. No alto,


há um vazio, equilibrado por um degradê de cores cujo ponto
mais claro está na diagonal oposta ao rosto de Marat. A divisão
central sugere um horizonte, delimitando terra e céu.

A luz é bastante teatral. Enquanto o caixote, a cabeça e os


braços de Marat estão bem iluminados, os detalhes mais
sangrentos ficam nas sombras revelando uma direta inspiração
em algumas experiências pictóricas de temática religiosa dos
pintores barrocos Caravaggio, Pietro da Cortona, Ribera e
Zurbarán, pelos quais David nutria uma especial admiração.

A utilização de tons frios e tendencialmente escuros permitiu


realçar alguns pormenores do corpo morto recorrendo a subtis e
simbólicas manchas avermelhadas, contribuindo igualmente
para destacar a caixa de madeira onde David escreveu a sua
dedicatória.

Jean-Paul Marat, amigo pessoal de David, tinha uma doença de pele especialmente dolorosa que o
obrigava a permanecer dentro de uma banheira durante o dia enquanto trabalhava. No episódio que
narra o seu assassínio, conta-se que uma mulher fanática se infiltrou nos seus aposentos, alegadamente
com uma petição que Marat se prestaria a assinar, mas traiçoeiramente, desferiu-lhe o golpe fatal.

Apesar de em vida, Marat sofrer da sua doença, que deformava as suas feições, este, na obra é
retratado jovem e belo, com uma expressão serena no rosto. A sua posição lembra a “Pietà”, de
Michelangelo, numa deliberada analogia com a iconografia cristã.

Para David, este quadro foi concebido como um monumento para um homem que foi simultaneamente
herói, mártir e amigo. Embora dominada por uma forte emotividade, a obra deve também ser entendida
a partir de um ponto de vista documental, enquanto testemunho e descrição da ação.

Como em muitos outros trabalhos iniciais de David, todos os objetos presentes na tela têm uma função
concreta, tendo sido evitado qualquer detalhe de forma a não prejudicar a clareza do tema. Desta
forma, a composição é francamente encenada, de forma incluir todos os sinais e pistas para uma
identificação e compreensão do acontecimento: a banheira, a faca, a carta, a ferida e o sangue.
Paradoxalmente a arma do crime, caída no chão contrasta com a pena ainda suspensa da sua mão que
simboliza a sua verdadeira arma.

O sentido moralístico e didático desta pintura anuncia o carácter propagandístico dos trabalhos
posteriores de David que, enquanto pintor favorito de Napoleão Bonaparte, se tornou um dos
expoentes máximos da pintura histórico-patriótica oficial.

Carolina Castro nº3/11º AV1

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