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Ronco da Abelha (1852 – 1853)

Durante o segundo reinado, encontramos nos livros didáticos um destaque à


Guerra do Paraguai, Revolta Praieira, aos problemas de D.Pedro II com sua política
externa, mas poucos discutem a problemática do Ronco da Abelha, que se expandiu por
várias províncias do Nordeste como: Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Pernambuco,
Alagoas e Ceará. Na Paraíba, encontramos levantes nas vilas de Ingá, Areia, Alagoa Nova,
Alagoa Grande, Fagundes, Campina Grande (Vila Nova da Rainha) e Guarabira. Mas quais
as causas desta insurreição ocorrida no Nordeste?
No desenrolar do segundo reinado, D.Pedro II, sob pressão Inglesa, lança a lei
Eusébio de Queiroz (1850), que proibia definitivamente o tráfico de escravos no Brasil,
e reforçava a Lei Regencial de 1831, como descreve Boris Fausto.
“... partiu do ministério da justiça um projeto de lei, submetido ao parlamento,
para que fossem tomadas medidas eficazes, contra o tráfico de escravos, reforçando-se
a lei de 1831. Entre outros pontos, o Brasil reconheceria que o tráfico equivalia à
pirataria e tribunais especiais julgaram os infratores. O projeto se converteu em lei em
setembro de 1850...” (2002, p.195)
Este decreto na Paraíba causaria aos homens livres um temor, pois achavam que
com o fim do comércio escravocrata nas províncias os novos trabalhadores
compulsórios seriam eles, e os latifundiários
Alexandre sentiam-se
Santos da Silva prejudicados, pois perderam
braços para a lavoura. Piorando a situação, os proprietários de terra utilizavam alguns
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mecanismos de exploração. Como045.552.194-81
a escravidão pela dívida, e a “soldada”. Para
completar o clima de medo entre os “matutos”, o governo Imperial lançou os decretos
797 e 798. O primeiro estabelecia o censo que seria feito no país, para estipular o
contingente populacional e outros fatores; o segundo estabelecia o registro civil, de
óbito e nascimento, que agora seria feito pelo escrivão, antes realizado pela igreja. Fora
que a população estava receosa devido à violência estabelecida no alistamento militar
para a Guerra do Paraguai, onde quem mais sofreu foi o pobre, e fizeram uma ligação
com a situação das novas leis, onde o escravo nordestino estava sendo vendido para o
Sul do país, e os grandes proprietários exigiam leis severas para os trabalhadores. Na
verdade, houve um incentivo por parte da oposição e principalmente do clero.
“... alguns padres teriam animado a desconfiança dos homens livres pobres em
seus sermões, ao falarem contra o decreto 798 que lhes tirava a função do registro de
nascimento e óbito e os atribuía a repartição leigas, sob a responsabilidade dos cartórios
e a cargo dos escrivões e dos juízes de paz dos distritos...” (JOFFILY,G.,1977).
Em dezembro de 1851, na Província de Pernambuco, na vila de Divino Espírito
Santo, começa a reação ao decreto 797 e 798, apelidado de “Lei do cativeiro”. Na
Paraíba, a vila que ofereceu maior resistência foi a de Ingá, onde os revoltosos com
cacetes, clavinotes e pedras, invadiam casas e cartórios, para queimar os papeis (livros
de registro). Embora o governo tenha tentado reprimir com violência, a única maneira
encontrada foi lançar o decreto 907, que suspendia os decretos, 797 e 798, lembrando
que o registro civil foi realizado apenas na República. A primeira medida foi a revogação
da chamada “lei do cativeiro”, depois o governo enviou tropas e, por último, formaram
as “santas Missões”, na liderança os capuchinhos, prometendo a salvação para desistir
do movimento.
Quebra-Quilos Passados vinte e um anos do movimento Ronco das Abelhas, onde
homens pobres livres lutaram contra os decretos imperiais, a Paraíba depara-se com uma nova
revolta denominada Quebra-quilos, através da qual os feirantes reagiam contra as novas leis
imperiais e a adoção ao sistema métrico decimal. Essa revolta, como a outra, não ficou apenas
nos limites da Paraíba, houve notícias da sublevação no Rio Grande do Norte, Pernambuco e
Alagoas. Apesar de o Quebra-Quilos ser lembrado como a revolta dos feirantes contra a
imposição do sistema métrico, pode-se afirmar que houve participação de outras camadas
sociais nesse movimento. Começando com a insatisfação da elite, os grandes latifundiários
protestavam contra a questão do recrutamento militar, pois os mesmos não poderiam retirar
ou colocar os nomes; fora essa questão militar, o governo imperial não contribuiu para o fim da
crise, que passava os produtos nortistas (Não entendi esse final).

“A década de 1870 foi marcada pela crise. Os produtos da lavoura nortista, o açúcar e o
algodão, enfrentavam a crescente concorrência do mercado e, internamente, sofriam com a
restrição do crédito devido a crise do capitalismo internacional” (Sá, p.103)

O clero reclamava do espaço concedido à Maçonaria no Governo Imperial. Prova dessa


insatisfação foi a participação de alguns padres no movimento que influenciaram os feirantes. A
influência dos padres é exemplificada com o movimento em Areia, onde tentaram destruir o
Teatro Minerva, indo depois emAlexandre
direção ao cemitério,
Santos da gritando:
Silva “Morte aos maçons”, pedindo
para exumar o corpo do juiz afirmando que o mesmo era maçom, portanto, não poderia ser
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enterrado no local. A participação de alguns padres não significa que houve envolvimento da
Igreja Católica nesse episódio, e sim, como afirma Ariane , apesar de terem sido identificados
alguns nomes de padres como agitadores, o que se verificou, na realidade, foi a ação individual
de alguns padres. Nesse levante, os feirantes reclamavam dos aumentos abusivos de impostos,
o chamado Imposto do Chão, e a introdução ao Sistema Métrico Decimal . A revolta iniciou-se
na vila de Fagundes, na feira, espalhando-se pelo Brejo, sendo Areia e Campina os dois maiores
focos de atividades. Esse movimento foi encerrado com o envio de tropas vindas do Rio de
Janeiro, sendo o Capitão Longuinho o responsável pela repressão do movimento, através do
Colete de Couro, como explica Sá (p.120):

“Entrou em uso o suplício de couro, que consistia em costurar-se ao tórax dos presos,
muitos inculpados, uma faixa de couro cru, previamente molhada, durante horas. À medida que
o couro secava, ia comprimindo o peito da vítima, causando-lhe muitas vezes morte torturante
por asfixia!”

EXERCÍCIOS

1-“O quadro político do segundo reinado na Paraíba tem como destaque movimentos
sociais conhecidos como Ronco da Abelha e Quebra quilos.” (Eliete Gurjão. In: Estudando a
História da Paraíba. 2001. p. 78) Apesar das especificidades é fator comum a estes movimentos:

a) Ocorreram exclusivamente na província da Paraíba.

b) A adoção do sistema métrico decimal.

c) Apesar de serem movimentos populares, não houve repressão por parte do governo.
d) O envolvimento de homens e mulheres, pobres e livres, em áreas de baixa concentração de
escravos.

e) Movimentos de caráter elitista que lutavam contra o aumento de impostos.

2 - Apesar da rigidez da estrutura econômico-social baseada no latifúndio e no trabalho escravo,


as massas populares sempre procuraram assinalar intensa participação na História da Paraíba.
Faça a associação das duas colunas.

1 - Revolução de 1817

2 - Confederação do Equador

3 - Revolução Praieira – 1848/49

4 - Revolta de Quebra-Quilos

5 - Ronco da Abelha

( ) Revolta que ficou assim conhecida pela modificação que provocou no sistema de pesos e
medidas.

( ) Revolta contra a atitude autoritária de D. Pedro I. O objetivo do seu líder era reunir as
províncias do Nordeste em uma república

( ) Foi o último movimento revolucionário


Alexandre doSantos
Império.da
Teve início com os choques entre liberais
Silva
e conservadores de Olinda alexandre.ss1982@gmail.com
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( ) A revolta deu-se nos sertões de Pernambuco, Alagoas, Ceará e Paraíba com o intuito de fazer
o controle sobre os trabalhadores, visto que, com o fim do tráfico negreiro, os homens livres
tiveram que trabalhar.

( ) Movimento de caráter republicano e separatista. Teve início em Pernambuco e logo se


estendeu às províncias de Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Assinale a alternativa que indica a sequência CORRETA.

a) 4, 1, 3, 2, 5 b) 4, 2, 3, 5, 1 c) 2, 4, 1, 3, 5 d) 5, 3, 1, 2, 4 e) 5, 1, 4, 3, 2

3 -“Tomam os sediciosos conta da feira, passam livremente a quebrar as medidas arrebatadas


aos comerciantes, a despedaçar as cuias encontradas em mãos dos vendedores retalhistas, a
recolher pesos de todos os tamanhos, atirados em seguida no Açude Velho.” (Cit. Damião de
Lima. Estudando a História da Paraíba, p. 71) A ignorância e o fanatismo são apontados por
alguns historiadores como os principais fatores que provocaram a eclosão de QuebraQuilos.
Sobre este movimento podemos afirmar:

a) Em decorrência de ter sido um movimento de expressão restrita a algumas cidades do estado


da Paraíba, inclusive Campina Grande, não foi reprimido pelo governo imperial.

b) Movimento que teve sua origem em Fagundes, em 31 de outubro de 1874, não ultrapassou
os limites do estado da Paraíba.

c) Teve a participação exclusivamente da camada pobre da sociedade, mais especificamente a


massa de camponeses.
d) Além do fanatismo e da ignorância, a centralização administrativa, a alta carga tributária e a
adoção do sistema métrico decimal contribuíram para o surgimento de Quebra-Quilos.

e) O movimento foi reprimido pelo governo do estado da Paraíba com o total apoio dos
proprietários rurais e de integrantes do clero.

4 - No século XIX, vários movimentos sociais e rebeliões ocorreram no Nordeste. Faça a


correlação entre as duas colunas.

( ) O estopim da revolta foi o lançamento de dois decretos. O primeiro, que tratava do


recenseamento da população, e o segundo, do Registro Civil nos casos de nascimento e óbito

( ) Revolta da população contra o aumento tributário causado pela transferência da corte


portuguesa para o Brasil.

( ) A rebelião foi o desfecho de um longo ciclo revolucionário pernambucano, ficando a região


enquadrada, a partir de então, na ordem política imperial.

( ) O movimento teve início na Vila de Fagundes e, devido às insatisfações de quase todos os


setores sociais da região Nordeste, cresceu e espalhou-se pela Paraíba, Pernambuco, Alagoas e
Rio Grande do Norte.

( ) A postura antidemocrática do imperador ao dissolver a Assembléia Constituinte e a outorga


de uma Constituição centralista reforçou a reação nordestina.
Alexandre Santos da Silva
1 - Revolução Pernambucana de 1817
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045.552.194-81
2 - Confederação do Equador

3 - Revolução Praieira

4 - Ronco da Abelha

5 - Quebra Quilos

Assinale a alternativa que indica a sequência correta:

a) 3-2-5-1-4

b) 4-1-3-5-2

c) 5-3-1-4-2

e) 5-3-4-2-1

GABARITO:

1–D

2–B

3–D

4-B

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