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I. Definição
1.1. Eutanásia
Etimologicamente, a palavra "eutanásia" deriva do grego "eu", que significa "bom", e
"thanatos" que significa "morte". Eutanásia, portanto, significa:
Actualmente a eutanásia pode ser classificada de diversas formas não fáceis de estabelecer.
1
Dicionário de Termos Médicos consultado em 26 de Maio de 2021, Porto Editora .
2
Cf. MENEZES, E. C., Direito de matar,
3 Cf. NEUKAMP, F. Zum Problem der Euthanasie. Der Gerichtssaal 1937;109:403, in
https://www.ufrgs.br/bioetica/eutantip.htm
− A eutanásia activa, também conhecida como positiva ou por comissão é aquela em que é
praticada a acção para causar morte ou abreviar a vida e o sofrimento do paciente enfermo.
Essa é a eutanásia propriamente dita.
− Consiste em ajudar o paciente a morrer para se livrar do sofrimento.
− Pode ser cometida com o uso de injecção letal ou medicamentos com dose excessiva, aplicada
por um médico.
− Esse tipo de eutanásia se subdivide ainda em eutanásia activa directa e eutanásia activa
indirecta:
o Na eutanásia activa directa o objectivo maior é o fim da vida do paciente e, assim,
são praticados actos para ajudar o paciente a morrer.
b) Eutanásia passiva
− É aquela em que a morte do enfermo ocorre por falta de meios necessários para a manutenção
de suas funções vitais.
− Consiste na abstenção de tratamentos médicos que poderiam prolongar a vida do paciente.
− É uma omissão com o propósito de causar ou acelerar a morte.
− Nesse tipo de eutanásia, há a escolha de não iniciar um tratamento ou de interrompê-lo quando
já iniciado.
− Neste caso, essas medidas incluem suspender alimentos, hidratação, oxigenação e a medicação.
Alguns autores identificam a
c) Ortotanásia
− A palavra ortotanásia tem sua origem no grego, sendo orthos reto/correto e thanatos morte:
− Consiste em suspender o tratamento de um doente incurável, sem interferência nenhuma da
ciência para abreviar, prolongar ou distorcer o caminho natural da morte da pessoa,
continuando-se, porém com o tratamento artificial que mantém as funções vitais.
− Alguns autores identificam a ortotanásia com a eutanásia passiva. Essa identificação não é
acolhida por todos. O principal ponto de questionamento diz respeito ao facto da ortotanásia
advogar a legitimidade de se continuar com os cuidados básicos ao doente.
− Diferente da eutanásia seja passiva ou activa, a ortotanásia já é adoptada como acção lícita, já
que não é nenhum facto típico, pois tal medida não provoca o encurtamento da vida e não
distorce o caminho natural da morte da pessoa.
d) Distanásia
− Do grego Dis, “afastamento”, e thanatos, “morte”, também conhecida como “intensificação
terapêutica”, consiste no emprego de recursos médicos com o objectivo de prolongar a vida
humana, ainda que não haja esperança nenhuma de cura.
− Age atrasando a morte por algumas horas ou alguns dias.
− A distanásia peca por, procurando prolongar a vida a todo o custo, causar sofrimento no
paciente; erra por não saber discernir o momento em que as intervenções para atrasar a vida se
tornam inúteis.
− Perceber que a morte de um paciente é inevitável e saber parar nesse ponto, deixando as coisas
seguirem sua ordem natural não é auxílio ao suicídio, omissão ou irresponsabilidade, mas
apenas aceitação da vida humana.
− Voluntária, quando há a vontade do paciente para que seja provocada sua morte;
− Involuntária, quando a abreviação da vida do paciente é consentida pela família, mas sem a
vontade do paciente.
− Não Voluntária, ocorre quando não há nenhuma manifestação do doente.
a) Eugenia ou eutanásia económica – é aquela que consiste em eliminar, sem dor, seres
humanos considerados degenerados ou economicamente inúteis para a sociedade.
Distanásia
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Cf. NEUKAMP, Idem.
− A distanásia peca por, procurando prolongar a vida a todo o custo, causar sofrimento no
paciente; erra por não saber discernir o momento em que as intervenções para atrasar a vida se
tornam inúteis.
− Perceber que a morte de um paciente é inevitável e saber parar nesse ponto, deixando as coisas
seguirem sua ordem natural não é auxílio ao suicídio, omissão ou irresponsabilidade, mas
apenas aceitação da vida humana.
No debate sobre os pró e os contra a eutanásia estão em jogo dois princípios fundamentais: a).
A “dignidade da pessoa humana” e b). A “autonomia da pessoa humana”.
O Princípio da autonomia da vontade é o princípio que garante a pessoa agir e fazer algo de
acordo com suas escolhas e com o julgamento do que é melhor para si mesmo, agindo de acordo com
seus valores, ideais e convicções. Devem ser respeitadas as crenças e os valores morais de cada um.
Esse princípio compreende o fato de o paciente, no uso de suas faculdades mentais e razão, ou não
impossibilidade disso, de seus responsáveis, fazer a escolha de até aonde vai um tratamento médico, e
o limite para se conformar com a morte.
5
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
6
BATTIN 2005, pp. 24–25.
− A relação de confiança aumenta se o paciente souber que terá ajuda do médico nas decisões
que tomar em relação à morte7.
− Existem, na vida, circunstâncias em que o acto de matar pode ser moralmente aceitável, como
em auto-defesa ou guerra. Ora, se, nesses casos, matar é moralmente aceitável, pode também
ser moralmente aceitável o caso em que é a própria pessoa que toma a decisão consciente e
voluntária de morrer para acabar com o seu sofrimento.
a). Os defensores deste argumento, a favor da legalização da eutanásia, alegam o seguinte para
sustentarem a própria posição:
− Nenhum doente deve ser obrigado a suportar o sofrimento injustificável durante uma doença
terminal. Quando o médico é incapaz de aliviar sofrimento do doente de forma aceitável, a
única saída é a morte. Por isso, deve ser dada ao doente a possibilidade de morte assistida11.
− Sedar completamente o doente quando os paliativos já não dão efeito é colocar o doente num
estado equivalente à morte.
− Contra a alegação segundo a qual mesmo com a dor e o sofrimento, o fim da vida pode ser um
processo de intimidade e crescimento espiritual, defensores deste argumento afirmam que não
existe garantia de qualquer experiência transformadora ou positiva.
− Os proponentes contrapõem que "praticamente toda" não é toda e que a eutanásia é reservada
para os casos em que não existe outra possibilidade de aliviar a dor e sofrimento.
b). Os objectores deste argumento, contra a legalização da eutanásia, alegam o seguinte para
sustentarem a própria posição:
− A morte não é a única saída para aliviar a dor. Com os cuidados paliativos modernos é possível
evitar praticamente toda a dor e sofrimento.
− Nos casos em que os paliativos não têm efeito, é possível sedar completamente o doente.
− Mesmo com dor e sofrimento, o fim da vida pode ser um processo de intimidade e crescimento
espiritual.