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Nesse pequeno livreto, uno os aprendizados que tive estudando a

medicina do rapé. O próprio Rapé, a sua força, os irmãos mais ex-


perientes, irmãos indígenas que conhecem o rapé desde sua origem,
rodas de rapé, observação do seu uso em diferentes culturas e expe-
riências feitas com a medicina foram meus professores.

Meu único objetivo é passar conhecimento e fomentar mais estu-


dos, sabendo que ninguém é dono da verdade intenciono aqui dar
uma luz para que cada um possa encontrar a sua.

Agradeço a Deus pela oportunidade de viver e estudar, a minha


família por sempre me apoiar, ao querido irmão Derek Rausis dos
Reis por me apresentar este caminho, ao Felipe Gogola padrinho do
IXC que forneceu base para que eu caminhasse, a Alana Babiretzki
companheira de tantas rodas de rapé no inicio de minha jornada, ao
Sidnei Sergio Maciel que me guiou sempre trazendo luz e comparti-
lhando conhecimento, ao Lucas Sacavem por sugerir temas a serem
aqui abordados e a todos os demais irmãos que caminharam e/ou
caminham comigo e eu com eles rumo ao Bem Viver.
O QUE É O RAPÉ
O rapé é um pó bem fino de origem indígena, preparado a
partir de Tabaco e cinzas de plantas de poder, as quais tem
propriedades medicinais seja no corpo físico ou em corpos
extra-físicos. Para seu feitio, o tabaco é seco, pilado, mis-
turado com as cinzas e peneirado. Seu feitor deve ser uma
pessoa bem intencionada, com profundo conhecimento da
medicina e do processo de feitio, sempre orando e prestando
muita atenção na energia que está sendo transmitida dele
para a medicina que está sendo feita.
A qualidade final do rapé vai depender de quanto o tabaco
foi seco, se foi seco no sol ou no fogo, quão fresco está aquele
tabaco, da qualidade das cinzas, da energia e rezo do feitor
e de qual espessura da peneira que foi passado. Em geral,
rapés mais finos são melhores, trazem mais força e menos
desconforto ao nariz e garganta.
O USO DO RAPÉ
Existem duas maneiras de fazer o uso do rapé, uma é o
aspirando, maneira a qual se popularizou na Europa quan-
do Frei Ramon Pané retornou das américas para a Espanha
com rapé o qual tinha observado o uso pelos povos nativo-
-americanos. Dessa maneira ocorreu a profanação (Saída
do âmbito sagrado) do rapé e surgimento de sua produção
em fábricas. Não recomendo aspirar o Rapé pois percebo
que assim ele não traz o que chamamos de Força, viaja pe-
las vias aéreas até chegar a garganta e isso é desconfortável
e desnecessário além de limitar o controle da dose adminis-
trada.
Outra maneira é utilizar o Rapé soprado, por meio de um
Kuripe ou um Tipi, desta maneira o aplicador faz circular a
energia nele contida e o rapé se aloca nas narinas colocan-
do quem o recebe na Força.

Kuripe: Auto-aplicador de rapé em formato de V onde


uma das pontas se encaixa da narina e outra da boca por
onde o rapé é soprado.
Tipi: Aplicador de rapé utilizado para soprar em outra
pessoa.
Recomendo essa maneira de utilizar pois percebo maior
controle da dose administrada, menor agressão as vias aé-
reas e não passagem do rapé para a garganta, além de um
efeito muito maior de FORÇA.

A FORÇA DO RAPÉ
Quando usamos o rapé de maneira consagrada, perce-
bemos seus efeitos sobre nossos corpos físico, emocional e
mental. Nos transportamos para um outro estado de per-
cepção externa e interna. Recebemos conselhos do espírito
do Rapé e temos a oportunidade de enxergar o que precisa-
mos fazer para nos tornar pessoas melhores.
Tanto esse estado quanto esse espírito são a Força, sendo
ela viva.
Podem surgir no corpo físico efeitos como, formigamen-
to das mãos, mudança no compasso do coração, treme-
deira, tontura e a *limpeza. O surgimento ou não desses
efeitos vai depender da intenção contida naquele sopro, da
quantia administrada e de quão forte o aplicador soprará.

Ninguém precisa ter medo de tomar rapé, só deixo esse


aviso para que caso aconteça algum dos sintomas, a pessoa
não seja pega de surpresa, atrapalhando sua concentração.
*Limpeza: Vomito ou vontade de defecar onde ocorrem
processos extra-físicos e o que é colocado para fora é mui-
to mais do que a comida. Esse processo pode livrar vícios,
magoas, pensamentos ruins, doenças do corpo, etc.

É comum a sensação de estar tremendo e olhando a ní-


vel físico a tremedeira não estar acontecendo. Isso se deve
ao fato dos corpos sutis estarem vibrando em frequências
mais altas e ao inicio desconhecidas, essa vibração limpa
e purifica esses corpos de qualquer energia estagnada que
não sirva para o bem e evolução daquela pessoa.
Para sentir essa força se faz necessário o uso ritualístico do
Rapé, tema que é bastante aberto e está muito mais ligado
ao sentir e intuir do que a intelectualizar. Imprescindível é o
RESPEITO, a RETIDÃO e a RESPONSABILIDADE.
Apenas como orientação coloco aqui o seguinte
procedimento.

1- Prepare o ambiente no qual realizará o sopro, caso


esteja em sua casa monte um altar com os 4 elementos e
busque conexão com eles enquanto faz sua oração. (Caso
esteja em meio a mata, ela será o altar.) Sente-se confor-
tavelmente.

2- Ore, pedindo orientação, cura, compreensão, discer-


nimento, luz e o que precisar, essa oração cada um faz de
acordo com o que sente e acredita. Caso não acredite em
nada, ainda assim realize esses passos conversando con-
sigo mesmo e de coração aberto para novas experiências.

3- Coloque o rapé na palma de sua mão medindo a quan-


tia, carregue seu kuripe com metade desta quantia e o en-
caixe em uma de suas narinas.
(Atenção para não aspirar o rapé)

4- Com foco, objetivo e concentração sopre rapé até que


toda quantia saia do kuripe finalizando o sopro com mais
força que começou.
5- Enquanto respira pela BOCA, prepare sem demora o
kuripe para outra narina.

6- Repita o passo 4.

7- Relaxe seu corpo.

RESPEITO, RETIDÃO E RESPONSABILIDADE


Tomar rapé é coisa séria, soprar rapé mais ainda. Assim
como o ser humano tem um espírito, as plantas tem os ele-
mentais, que ficam olhando, sentindo e reagindo a maneira
como nós as tratamos.
Se as tratamos bem, com respeito e reto objetivo elas nos
dão tudo de melhor com a maior satisfação em estarem
sendo bem usadas. Se as tratamos mal, com desrespeito,
sem objetivo ou com maus objetivos, os elementais virão
nos cobrar, essa cobrança surge através do vício e do NIS-
SUM (doença causada pela própria medicina), o nissum se
apresenta como cansaço excessivo, dores de cabeça, falta
de apetite e etc.
Ter retidão é seguir o reto caminho, saber onde está e onde
quer chegar, dirigir o verbo sem sair da linha, ter atitudes
compatíveis com o bem, ter um bom caráter e seguir por
vontade, não por obrigação, os princípios éticos que alinham
a melhoria do ser humano, assim como bom convívio, a paz
e o amor.
A responsabilidade está em ter conhecimento sobre a me-
dicina, sabendo que o conteúdo deste livreto é apenas a pon-
ta do iceberg e a medicina é melhor professora que qualquer
conteúdo escrito, pois ela possibilita a consulta a fonte que
tudo sabe, o interior de cada um.
Está também na maneira como trata a medicina e como
utiliza a força, onde toma o sopro e a maneira como fala da
medicina, principalmente quando fala dela para quem não
conhece. No momento que se sopra em outra pessoa está
em saber que a força balança e é necessário o auxílio para o
irmão a quem você soprou até o final de seu processo. Está
no que pensa, vê, ouve e come, pois para soprar rapé é ne-
cessário estar 100% bem, sem desconfortos físicos, emocio-
nais ou mentais
DIETA DO RAPÉ
No ensinamento que me foi passado, existe uma dieta para
se tornar um aplicador de rapé, quem não fez essa dieta não
pode soprar rapé em outra pessoa, apenas se auto aplicar
com o kuripe. A necessidade dessa dieta varia de cultura
para cultura, em certos lugares todos podem se soprar e o
título de “soprador de rapé” não existe.
Com base nos meus estudos e experiências hoje tenho con-
vicção de que esta dieta é realmente necessária, pois fazen-
do ela bem feita, quem ingressou irá receber a instrução de
seu íntimo, dizendo se realmente ela é para esse trabalho
ou não.
Na abstenção de sal, açúcar, carne e sexo, por 15 ou 21
dias, tomando rapé 3 vezes por dia, abrem portas nunca
antes exploradas em nosso interior, temos um profundo co-
nhecimento de quem somos, enfrentamos nossos desejos e
conhecemos bem de perto nosso lado emocional, percebe-
mos quantas desculpas a mente tenta dar e se realmente
nosso corpo necessita tanto de tais substancias.
Se vamos bem no caminho e temos merecimento, em con-
junto com o autoconhecimento, vem os ensinamentos sobre
a medicina, como preparar seu sopro, como soprar, o que
visualizar, como se proteger de qualquer energia negativa
e proteger também quem está recebendo o sopro, orações,
palavras-chave, cantos, etc...

Seguem as instruções para a dieta:


- Ficará o buscador em abstenção de sal, açúcar, carne
e sexo por 15 dias, tomando 3 sopros de rapé por dia.

Simples assim, esse foi o ensinamento que me passaram


de boca a ouvidos, vou deixar também o que aprendi em
minha experiência e o que a medicina me ensinou.
O importante da dieta, não é somente o corpo ficar sem
as substancias presentes em tais alimentos, ou substancias
que a atividade sexual libera em nosso corpo. É importantís-
simo também a abstenção de sabores, sendo assim realizei
minha dieta com apenas aipim, batata inglesa e água. Sem
nenhuma espécie de tempero, cortando por completo frutas
e vegetais, em profunda imersão no estudo da medicina.
Recomendo muito que quem for fazer a dieta do rapé, se
limite a apenas aipim e água e isso é tudo.
A INTENÇÃO QUE FLUI PELO SOPRO
Existem diversos tipos de rapés, alguns trabalham mais
aterrados e nos aterram, outros trabalham mais elevados e
nos elevam. Os trabalhos de cura são realizados bem ater-
rados, marcados pelos cantos, músicas e uma atmosfera
característica. Já os trabalhos de elevação abrem muitas
portas para estudo, acessando esferas elevadas e trazendo
muito conhecimento além da mente, diferente de um sopro
de cura que em geral irá trabalhar somente em cima daqui-
lo que foi posto para ser curado. É importante porém, saber
que essas forças trabalham juntas, “aterrados’’ e “elevados”
são somente termos para classificar a experiencia interna
de cada um, mas a força do rapé é a mesma e nela estão
contidos todos estes aspectos.
Conhecendo um pouco mais a si mesmo e a força, é possí-
vel direcionar e caminhar por onde quiser ir não importando
se tal ou qual rapé é de cura ou elevação, mas é claro que
se quisermos cortar uma arvore vamos ter mais facilidade
em o fazer com um machado e se quisermos cortar a barba
teremos mais facilidade em o fazer com uma navalha.
A intenção guarda uma profunda força, que bem utilizada
faz mais diferença que o tipo de rapé e quantia administra-
da.
QUANDO POSSO TOMAR RAPÉ
O Rapé pode ser tomado sempre que se tenha um propó-
sito e nunca sem objetivo algum.
Os elementais e a própria força cobram qualquer tipo de
desrespeito.
Tomar rapé só por tomar é o pior dos desrespeitos. Se to-
marmos um rapé sem nos conectarmos interiormente e pro-
fundamente com a medicina, estaremos desrespeitando. Se
tomarmos um rapé e já sairmos falando, sem tirar um mo-
mento para refletir o que a força está nos trazendo, a conexão
se perde. Pior ainda é falar besteiras ou fazer brincadeiras
que não se alinhem para o desenvolvimento da consciência.
Se usarmos o rapé de muleta e buscarmos nele a solução
para qualquer problema que nos aparece, as chances de
nos tornarmos viciados é grande, sendo o vício a própria
cobrança da medicina causada pela dívida do desrespeito.
Quando tomamos rapé conectados, ouvimos conselhos e
nos é mostrado aonde erramos. Se não corrigirmos estes
erros no nosso dia-a-dia ou deixarmos de fazer algo o qual
passamos a saber que precisa ser feito, estaremos desres-
peitando.
O uso exagerado do Rapé também é um grave desrespei-
to.
Entre as cobranças pelo desrespeito estão o Nissum (Dor
de cabeça, tonteira, moleza e/ou surgimento ou agravamen-
to de doenças físicas), está o vício, está também a situação
onde se toma o rapé e ele não da Força.
Rapé tem limite e é bom respeitar.
Com esse conhecimento, façamos uma autoanálise antes
de cada sopro e sigamos a voz de nossa consciência a nos
orientar, sem dúvidas assim saberemos se devemos ou não
tomar tal ou qual sopro.
O melhor uso do Rapé é em rituais específicos de cura, re-
comendo que seja usado apenas nessas ocasiões, porém
pode sim ser usado cotidianamente e para esse uso deixo
aqui algumas recomendações.
Caso faça o uso do rapé cotidianamente lembre-se sem-
pre da autoanálise acima, tenha um horário certo para fa-
zer seu sopro, horário onde nada possa tirar sua atenção e
você consiga se conectar profundamente a divindade em
seu interior.
Sugiro ao final do dia, quando já tiver realizado todas as
tarefas que a ti competem, e que busque na força examinar
como foi seu dia, onde obteve êxito e onde falhou, faça essa
análise sem julgamentos buscando compreender que esse
dia já passou, limpando com a ajuda do rapé seu corpo,
mente e emoções a fim de ter uma ótima noite de descanso
para que possa usar com energia no próximo dia tudo que
está aprendendo nesse sopro.

A LIMPEZA
O sopro do rapé desencadeia uma série de processos, en-
tre eles a limpeza, que nada mais é do que a purificação dos
corpos físico, mental e emocional em conjunto ou apenas
um deles quando os outros não necessitam.
A limpeza se manifesta através da salivação intensa, suor,
vomito ou evacuação. Quando experienciamos esse pro-
cesso devidamente conectados como foi explanado acima,
conseguimos saber o que é que está sendo colocado para
fora, vícios (físicos, emocionais e/ou mentais), mágoas, cren-
ças limitantes e doenças são alguns exemplos.
A limpeza não precisa acontecer toda vez que se toma
rapé, mas pode acontecer em cada sopro. Seguem algumas
orientações para quando esse processo chegar.
Confiança é fundamental, com profunda devoção a for-
ça do rapé e todos os seres que trabalham nesse fenômeno
maravilhoso, saiba que nada de ruim pode te acontecer, não
se preocupe com sua saúde caso sinta seu coração mudar
o passo, algum formigamento, dor ou enjoo, pois sua saúde
está sendo fortalecida e falando metaforicamente existem
algumas sujeiras que precisam ser esfregadas com força
para sair.
Pode ser sim um momento de desconforto, porém não dei-
xe que esse desconforto traga pensamentos como “tomara
que passe logo”, relaxando seus corpos e deixe que eles fa-
çam o trabalho o qual está sendo proposto. Não segure sua
limpeza, se precisar vomitar, vomite, se precisar ir ao ba-
nheiro, vá. Assim firme sua mente para compreender o que
está acontecendo em cada momento, para enxergar do que
esta sendo limpo e assim não se sujar novamente com as
mesmas coisas.
Prestando atenção, a limpeza também terá uma grande
utilidade de fixar seu processo interno em sua memória.
Lembre-se sempre que mesmo em momentos de dor, o
sofrimento é opcional, a compreensão dessa frase virá com
seus estudos e experiências na força da medicina.
FELICIDADE
Sim meus irmãos, o Rapé é coisa séria, os processos des-
critos anteriormente mostram muito bem isso.
Não deixem se enganar acreditando que todo sopro será
uma batalha.
Existem também os momentos de glória!
Quando fazemos o que nos cumpre no nosso dia-a-dia,
quando exercitamos nossas virtudes, quando estamos de
fato compromissados com o trabalho, o sopro abrirá por-
tas majestosas para estudo, sem desconforto, com elevação
imediata a níveis superiores, onde somos agraciados pela
felicidade de nossa consciência por a termos encontrado.
Gostaria de descrever essas experiencias, mas não é pos-
sível por em palavras tamanha maravilha, felizmente para
conhece-la cada irmão deverá andar direitinho em seu ca-
minho, não deixando se abater pelas pedras e com muito
cuidado para não tropeçar nos pedregulhos.
CAPITULO II

A JIBOIA E OS SERES DA FLORESTA


Existem diferentes histórias sobre o surgimento do rapé,
uma delas a qual foi me passada de boca a ouvidos é a se-
guinte:

“Havia um xamã com sua tribo doente, uma doença a


qual nunca tinha sido vista antes e ele não sabia como
curar. Com fé, entrou na mata para procurar a cura e deu
de cara com uma Jibóia. Esse animal, quando se sente
ameaçado, acumula bastante ar nos pulmões e solta com
força fazendo um alto barulho, o qual tem a sonoridade
“HAUX”. Quando o xamã ouviu esse barulho, recebeu da
jibóia o ensinamento de como preparar o rapé. Ele voltou
a tribo, fez o preparo e aplicando a medicina curou a to-
dos.”

Por isso, nós chamamos o rapé de medicina da Jibóia,


quando tomamos um sopro reproduzimos o “Haux” da Ji-
bóia para trazer a cura e afastar todo o mal.
Nas músicas e rezos do Rapé quase sempre vão aparecer
letras relacionadas a Jiboia, quando nas musicas aparecem
o “siri siri” simboliza a jiboia colocando sua língua para fora
e para dentro e isso significa que aquele rezo é a Jiboia quem
está fazendo ou foi ensinado por ela. As músicas também
chamam os caboclos e outros animais, trazendo toda essa
energia da floresta.
Assim se firma uma egrégora característica, que produz
efeitos em quem esteja no mesmo ambiente dela, mesmo
que não tenha feito uso da medicina do rapé.
*Egrégora: Conjunto de seres trabalhando para um pro-
pósito.
Também pode-se observar grafismos que representam es-
ses seres.

TIPOS DE SOPRO
Em união com tema anterior chegam os tipos de sopro, os
quais tenho conhecimento no momento são:

Sopro da Jibóia: Sopro comprido que começa suave e vai


aumentando gradativamente sua intensidade até terminar
forte e de uma vez só (para terminar de uma vez só o sopra-
dor interrompe o sopro colocando a língua no céu da boa.)
*(FuuuUUUT) Som do ar saindo da boca, não se lê como uma
palavra e sim se interpreta a um sopro. Esse sopro coloca a
jiboia para dentro do corpo de quem recebe, trazendo as-
sim muita cura.
Sopro do Beija-flor: Sopro curtíssimo e forte, com a boca
menos aberta de maneira que ar saia produzindo um som
agudo. *(FFT)
Esse sopro faz com que o beija-flor te leve por uma viajem,
mirações são comuns.
Sopro do Jabuti: Sopro longo e com a mesma intensida-
de do inicio ao fim, termina-se esse sopro sem colocar a lín-
gua no céu da boca. *(ffuuuuuuuuuuu...) Esse sopro traba-
lha a firmeza, paciência e a capacidade de sustentar, sendo
o jabuti a base do totem.
Sopro do Veado: Dois sopros para aplicação em cada na-
rina, curto como o sopro do beija flor porém com a boca
mais aberta. *(Fuut Fuut) Nesse sopro o Veado nos convida
para passear na mata acompanhando seus pulos.

A intenção na hora de soprar tem importância gigantesca.


Mentalizações e orações devem ser utilizadas com sabedo-
ria nesses momentos pois elas direcionarão o sopro, mu-
dando a energia do soprador, de receber o sopro e também
do ambiente de trabalho.
RAPÉ E VIAGEM ASTRAL
Pode-se perceber na força do rapé a existência de um cor-
po mais sutil, formado por uma matéria menos densa, não
perceptível aos olhos humanos. Esse corpo é o corpo astral,
que fica acoplado ao corpo físico enquanto estamos acor-
dados e quando dormimos viaja pelo plano astral.

*Plano astral: É o mundo que vivemos em nossos so-


nhos, onde viajamos por vários lugares e experienciamos
situações que não seriam possíveis no plano físico, como
voar e viajar para lugares muito distantes apenas por nos
imaginarmos lá.

Sabendo perceber esse corpo, podemos nos deitarmos


com a intenção de pegarmos no sono, com atenção total no
momento de transição de acordado para dormindo conse-
guimos nos levantar deixando nosso corpo físico na cama,
assim podemos estudar e nos descobrir em planos tanto su-
periores como também em planos inferiores. Esse momento
de transição é a chave e o rapé faz com que esse momento
dure mais tempo, facilitando a nossa percepção.
Existe um exercício chamado estado vibracional, onde
mentalizamos uma energia subindo desde a ponta de nossos
pés até o topo de nossa cabeça e após descendo novamen-
te, aumentamos a velocidade desse movimento até que nos
sintamos vibrando por inteiro, nesse momento é comum um
som bem forte em nossos ouvidos, como se um vento muito
forte estivesse soprando. Um sopro de rapé tem a capaci-
dade de colocar-nos instantaneamente neste estado o qual
é muito propício para saída em astral.
Não é necessário o uso do rapé para essas práticas mas
ele ajuda e muito. É um bom caminho para quem aspira es-
sas experiências usar o rapé como facilitador, atento a to-
dos os processos para que logo consiga colocar em prática
esses efeitos nos corpos sem precisar do sopro.

CUIDADOS
A procedência do Rapé que se toma necessita ser conheci-
da, como já explicado anteriormente, tem realmente muita
diferença entre um rapé que é preparado no rezo, em uma
ritualística, por uma pessoa reta e um rapé feito de qualquer
jeito. Um bom feitor não pecará na qualidade do tabaco e
das cinzas e também não fará misturas que não combinem,
pois ele faz, estuda e experimenta o rapé que passará para
outra pessoa com toda a responsabilidade e nunca passará
um rapé o qual não tenha absoluta certeza de sua qualida-
de física e energética.
Tomar rapé é muito fácil, muita atenção aqui meus irmãos,
nesse caminho muitos caem na ilusão de que o rapé resolve
seus problemas. “Estou estressado, confuso ou com algum
problema, tomo rapé e acabou” pensam eles, se deixando
levar pela sensação de que já está tudo bem, sensação essa
que aparece pelo relaxamento do corpo, da mente e das
emoções e não pela resolução da causa em si.
Assim muitos caem no vício.
Saibam que essa sensação de bem estar é apenas uma
oportunidade para encontrar o que foi buscar naquele so-
pro, não se deixem enganar pensando que já encontraram,
e não tomem sopros buscando apenas isso Com o corpo, a
mente e as emoções serenas investiguem, “Por que tal situa-
ção me deixou estressado? Qual a causa dessa minha dor de
cabeça? O que aconteceu para que minha imunidade baixar
e eu pegar este resfriado? Qual o motivo desse sentimento
que me incomoda e o que eu posso fazer para resolver? Como
acontece tal manifestação? Como funciona tal coisa?”.
As respostas estão dentro de você, aproveite a oportunida-
de para dar um mergulho em seu interior, caso não encontre
ali a resposta, encontrará o caminho para alcança-la.
Saiba de quem você está tomando sopro, não tome com
quem você não sinta confiança.
São advertências que facilitarão seu caminho e o ajudarão
a seguir em linha reta.

RODA DE RAPÉ
Roda de rapé é uma cerimônia onde um aplicador com-
partilha seu sopro com vários irmãos, trazendo curas e bên-
çãos. Deixo aqui a maneira como aprendi e sempre funcio-
nou maravilhosamente.

1- O aplicador prepara o ambiente, limpeza e organiza-


ção são fundamentais. (Com a experiência aprendemos a
melhor dispor os lugares, de onde ficará quem vai soprar e
onde ficarão os irmãos que participarão da roda, deixando
livre trajeto para cada um sair de seu lugar, ir até o aplica-
dor e retornar. Reservando também se possível um espaço
para limpezas, caso não seja possível, se faz necessário o
uso de baldes.)

2- Com todos em seus devidos lugares e em silencio, o


aplicador fará a abertura da roda, para abertura o so-
prador tomará um sopro, para se conectar profundamen-
te com a medicina e o ambiente, então anunciará “Está
aberta a roda de rapé” (Um canto poderá ser adicionado
a abertura para chamar a egrégora, caso haja algum irmão
novato, se faz necessária uma explicação sobre o que é o
rapé, quais seus efeitos e qual o procedimento para rece-
ber um sopro).

3- Os irmãos virão até o aplicador tomarem seus sopros.


Aberto o trabalho o silencio deverá ser mantido, apenas
frases funcionais podem ser faladas como para pedir pa-
pel, pedir balde, pedir ajuda para levantar etc.

4- Quando o aplicador perceber que os irmãos não es-


tão mais indo tomar sopro perguntará: “Mais algum irmão
vai querer tomar um sopro?” Caso ninguém se manifeste,
fechará a roda de rapé. Caso um ou mais irmãos forem
tomar um sopro, após ter aplicado o soprador repetirá
a pergunta, não havendo mais manifestações fechará a
roda.

5- Para fechar a roda, o aplicador tomará mais um so-


pro, agradecendo pelo trabalho que foi feito e renovan-
do as energias que foram usadas durante a roda, então
anunciará “Está fechada a roda de rapé”
FINALIZAÇÃO
Sentindo falta de um material dessa espécie tive vontade
de produzir um, meu nome vai no título para deixar claro
que essa é apenas a minha visão sobre a medicina, foi o que
aprendi, funciona pra mim e repasso.
Espero que tenha sido útil e que cada um possa encon-
trar o que deseja, usando essa sagrada medicina da melhor
maneira possível.

Haux haux irmãos! Só


alegria! Só pra frente!
Só pra cima!

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