Você está na página 1de 6

Aula 01.06.

2016

O crescimento forçado à crise da dívida.

Vamos trabalhar a economia brasileira depois do Milagre Econômico e as tentativas de manter esse
crescimento. Capítulo 11 da Ordem e Progresso, e o Vasconcelos o capítulo 16 (principal), é o título
acima.

Hoje continuamos com mais uma etapa, nós falamos por último do Milagre, que teve efeitos colaterais
bastante visíveis, entramos em uma parte da história, que se intitula como “crescimento forçado/
crescimento marcha forçada” e o posterior problema de crise da dívida. São anos que vão desde 1973-
74 até meados dos anos 1980s. Vamos trabalhar esses 10 anos que provém de um ciclo de crescimento,
porém que causa um grande endividamento. O “crescer a qualquer custo”, não foi barato, o Brasil se
endividou bastante, com o FMI por exemplo, a medida que ela foi sendo compensada externamente,
aumentou a nossa crise interna. Ao longo dos anos 1980 combatendo a inflação, além de mecanismos a
fim de sanar a dívida externa, alimentamos um monstro interno que é a dívida dentro do nosso próprio
país, esse é um enorme gargalo do país, hoje fez com que a Presidente saísse. As manobras vêm sendo
feitas a muito tempo, tentando maquiar o rombo que é a nossa dívida interna.

*BNDES – hoje a nova presidente está tomando posse. No último ano ele liberou 1 trilhão de reais em
empréstimo, nossa dívida externa é em torno de 3; 4 trilhões. Estamos a espera do comportamento, se
vamos abrir a caixa preta ou não. Hoje outros presidentes da área econômica também estão tomando
posse, o Presidente do Banco Centra passará pela sabatina do congresso, mas politicamente estamos
muito enrolados ainda. Qualquer medida econômica deve haver a aprovação do Congresso, por isso a
dificuldade hoje. O buraco que estamos hoje é fruto de anos e anos de crises não resolvidas. Não é
mérito de um ou dois governos ter afundado o Titanic, isso se resultou de várias décadas atrás, de
decisões errôneas, limitadas, subestimou-se como os problemas econômicos se complicariam com o
tempo, se preocuparam demasiadamente com a inflação. Anos de economia brasileira com uma
condição limitada, enviesada, desta forma, o rombo vai ficando maior e de mais difícil solução.

Se o problema da década de 80 era a inflação e a dívida, não eram só esses . Tínhamos problemas de
estrutura, disparidade de renda, não eram resolvidos e iam se tornando mais crônicos. Uma análise ao
fazer hoje é perceber em como deixamos as coisas passarem e não se tomou as devidas soluções.

Na década de 70 e início de 80, ainda vivemos em um regime autoritário/militar, isso é um agravante,


nos anos 70 temos movimentos de ruptura desse tipo de governo. O Governo Geisel, para se sustentar
teve que afrouxar em certas políticas econômicas, principalmente para conseguir apoio do congresso,
esquecendo-se um pouco da inflação. Chega-se em 1980, ainda com uma instabilidade política, se teve a
volta a democracia, que também influenciou a economia. Tivemos problemas que agravaram mais a
nossa situação. Há duas crises internacionais que nos afetam muito, que são as crises do petróleo. Mas
o Brasil pegou o ado positivo, que era o excesso de capitais circulando na economia, mas em situações
precárias, éramos países subdesenvolvidos, então as nossas taxas de juros eram altas e com um prazo
muito curto.

No início dos anos 1970, a partir de 73,74, temos o Choque do Petróleo. Em linhas gerais, o que foi isso?
Tínhamos uma economia no século XX totalmente dependente de petróleo, que era envolvido com o
quartel OPEP, que comandava a oferta do produto, em 73 há uma lata no preço do Brasil, impactando o
muno todo. Quartel, quando empresas se unem e tem uma política de alinhamento do preço, quando
você aumenta o preço, impacto na estrutura de custos, ou seja, produtiva. Um dos mais afetados foram
os EUA, a resposta deles foi a que nos prejudicou, pois eles elevaram a taxa de juros interna, por que ela
nos afeta? Pois o nosso endividamento era em dólares, dentro de instituições norte-americanas. Somos
bombardeados por dois lados.

A maior parte do mundo, nessa época, viu o Brasil com soluções criativas. A maior parte do mundo agiu
de forma recessiva em meio a esse quadro, eles reviram a estrutura de custos, produtivas com ações
recessivas. O Brasil decidiu pela continuidade do crescimento, já que ele estava no auge do crescimento,
não podia parar e comprometer programas que já estavam sendo realizados a mais de uma década. Essa
política foi subestimada. Eles achavam que a crise seria de curta duração, como a “marolinha de 2008”,
pensaram que o Brasil tiraria de letra, não colocariam por terra todo o processo de crescimento, eles
lançam mais um programa de investimento, o segundo PND.

Então temos a crise da dívida, pois não há um crescimento que se sustenta em um cenário tão adverso.
Vemos isso hoje, em 2008 tivemos uma grande crise, enquanto o mundo estava em recessão, o Brasil
quis continuar o seu crescimento, desta forma, no momento que os centrais e outros começaram a se
desenvolver novamente, o Brasil “quebrou”.

O Geisel entra em 74, depois de Médici. Temos o crescimento econômico do milagre se sustentando,
mesmo com a crise do petróleo, mas na política interna ainda se tem pressões inflacionárias fortes.
Segundo o PAEG a inflação seria coadjuvante, mas não estava funcionando. Além disso, houve uma
defasagem da Balança Comercial, nossas exportações seriam afetadas por causa da crise mundial. Havia
uma pressão para a maior distribuição de renda e liberdade política. Era fato, a distribuição, o Brasil
crescia em números satisfatórios e a concentração de renda apenas aumentava. A taxa de desemprego
era baixa, mas a qualidade deste e a sua remuneração era baixa, por causa da política salarial, o salário
estava “congelado”, ou na verdade pior. Há uma pressão por isso e pela abertura política, que são fortes
pelo excesso cometidos pelo Governo Médici, as torturas, prisões, exílios, começa a ser mais
contestados.

A conjuntura internacional, é o primeiro choque do petróleo que compromete mais a situação interna.
Geisel pega uma pressão pela abertura política, renda, crise internacional, pressões inflacionárias e
continuação do crescimento.

Esse novo presidente era de uma ala mais negociadora, branda, do que o Médici que era linha dura,
essas diferenças da ideologia, também se entra a política econômica e a sua condução. Médici dizia que
tudo era aceito na economia, por causa do autoritarismo, o novo presidente tinha uma visão de maior
abertura, negociação, isso irá guiar as políticas econômicas propostas.

Como enfrentar diante do contexto internacional, principalmente, como enfrentar o choque do


petróleo. O que fazer em 1974, dicotomia, ou faz um ajustamento ou o financiamento do crescimento,
ele se apresenta em dois contextos, ou ele para tudo, dá um choque e ajusta, ou dá uma segurada e
financia o investimento para não jogar por terra o que já tinha sido feito. Mas de qualquer forma, estava
previsto na constituição vigente, de que cada presidente deveria lançar um plano de desenvolvimento
econômico, ao entrar na presidência, então o Geisel lança o segundo PND. Mas havia a questão da
inflação, endividamento da dívida externa = ou ele faz os ajustamentos, desvalorizar o câmbio para
aumentar as exportações, tornar a balança superavitária, além disso, conter a demanda interna, para
evitar que o choque do petróleo virasse inflação permanente, além de equilibrar as compras e
transações externas.

Conter a demanda interna, se refere, principalmente me gastos do governo para evitar inflação, pois
quanto maior demanda, maior é p preço. Ou ele cortava a demanda e desvalorizava, medidas
recessivas; ou fazia o financiamento, manteria o crescimento e faria um ajuste gradual dos preços
relativos, a inflação seria ajustada gradualmente, pois houve o aumento dos preços dos insumos. O
salário não acompanha a onda dos preços, então terá uma relação cada vez pior entre os dois
elementos, iria então, controlar os preços para que a inflação voltasse a normal, ele manteria o
crescimento por conta de um financiamento externo abundante.

De onde vinha esse dinheiro abundante? Dos chamados petrodólares, o excesso de dólares que os
petroleiros tinham em mãos, como os países mais ricos tomaram medidas recessivas e não procuravam
tal recurso, o Brasil e outros que não seguiram essa linha, procuravam créditos, em que havia uma
quantidade muito grande. O crédito externo abundante, foi por meio disso.

Qual a escolha do Brasil, então?


*O Geisel flexibilizou a política salarial, que era diminuir a diferença dos preços relativos, o que traria um
impacto, já que a correção dos salários seria trimestral.

Ou ajusta, ou financia? No início, a opção clara era pelo financiamento, ajustando os preços, mas ele não
poderia fazer isso logo de cara, porque a situação estava feia no fato de acréscimo de salário, e os
déficits também. O Geisel nomeia como ministro da fazenda o Simonsen, ele diz que não dá para
financiar o crescimento sem ajustar primeiro, então ele sinala essa opção, mas na crise financeira
haviam situações políticas que deveriam ser resolvidas, o embate no congresso estava complicado.

No governo de Geisel, houve uma flexibilização dentro do congresso, começou a haver muita oposição.
Quando o Simonsen disse que deveríamos corrigir a economia com políticas recessivas, foi barrado pelo
congresso e mudou a sua política. Então, houve uma desvalorização do câmbio, que gera ações
recessivas, mas essas e outras não foram levados a diante, por causa dos perfis mais diferentes que o
Geisel no poder. O Governo tendo que lidar com políticas fortes, eles abandonam as políticas propostas
pelo Simas, 8 meses depois, o governo então, como forma de reação até as questões política lança o
segundo PND, para que houvesse o financiamento do crescimento econômico, por meio da dívida
externa.

Ele vai ajustar o que vamos produzir a longo prazo, quais bens queremos produzir? Fazer um ajuste na
estrutura de oferta, para não ficar atirando para todos os lados, investir naquelas que ainda devem se
consolidar, ao mesmo tempo que irá manter o crescimento da economia via Estado e por meio das
estatais, além disso, aliado a um endividamento externo, tudo isso vai ser feito se endividando
externamente. A tentativa do segundo PND, era manter o crescimento advindo do Milagre Econômico,
mas agora investindo em um tipo diferente de indústria. Deveria se alterar a estrutura produtiva, para
que a longo prazo diminuísse a importação e aumentasse as exportações de produtos com maiores
valores agregados, queríamos diminuir as importações e ao mesmo tempo que fôssemos competitivos
para exportar. Críticas foram feitas a essa tentativa porque isso é típico de PSI, se fortalecer
internamente, evitar importações, tentar substituir o que era importado, produzindo internamente e
depois tendo capacidade de exportação.

Mas será que era o momento de o Brasil fazer isso se beneficiando, qual era o custo-benefício, o
governo não queria saber. As metas eram: crescer em torno de10% ao ano, o setor industrial deveria
crescer 12% ao ano. Manteria a meta de crescimento acima de 10%, essas não conseguiram ser
cumpridas, mas ainda continuou elevado o crescimento da economia, mas continuamos a crescer com
7,8%, mas irá prejudicar a estrutura de endividamento. Saímos nos bens de consumo duráveis, vamos
para os bens de capital e bens pesados, além de infraestrutura básica, hidrelétrica, rodovia, ferrovia,
portos, o segundo PND: produtos básicos + pesados + infraestrutura.

Quais eram os projetos? O primeiro projeto, era reduzir a participação das importações no setor de
bens de capital de 52% para 40%, investir no setor de bens de capital, máquinas e outros, para tirar o
peso das importações. Aumentar a produção de aço, alumínio, zinco, investindo no Projeto Carajás,
para isso se constrói a ferrovia do Carajás, cria-se a Vale do Rio Doce que é estatal, aumentar a
capacidade hidrelétrica dos países + tecnologia = + energia, inicio de energias alternativas, a Petrobrás
teve um gás, aumentou e maior incentivos para ferrovias, hidrovias e rodovias.

Em 70 houve a construção de várias rodovias no país.

Como ficaria então, participação do setor público e privado, sem dúvida as estatais foram as maiores
responsáveis pelos investimentos, o Estado foi o grande empresário e incentivador de tudo. Houve
outro investimento pesado nas estatais, como são indústrias de base, faz com que ele se invista. Mesmo
que as estatais financiassem, elas se relacionavam, também com as cadeias privadas, estendendo-se
para os bens duráveis, não duráveis. Começamos a ter os nossos problemas sérios, investiu-se muito nas
estatais, as indústrias se endividaram e foram muito más geridas, houve uma deficiência muito grande
até hoje, na questão de competividade. Hoje nós temos reflexo do passado, de ineficiência muito forte
das indústrias, na era das privatizações que começam com Collor, as estatais já estavam no “último
suspiro”, isso é muito ruim, pois perde tudo o que já tinha investido para depois privatizar de maneira
escura, debaixo dos panos.

Houve investimentos estatais, mas não obteram os resultados esperados. Temos alguns oásis, a Vale,
por exemplo, foi uma empresa de ponta durante muito tempo, como a Petrobrás, mas há uma
ineficiência, uma má gestão que e multiplica, jogando por terra tudo o que o setor poderia a oferecer ao
Estado. A Petrobrás, por exemplo, não tem como uma empresa dessa dar prejuízo.

Na área privada, abriu-se os incentivos, através da Comissão de Desenvolvimento Econômico, ela iria dar
estímulo, como a renúncia fiscal (crédito de IPI sobre compra de equipamentos), isenção de impostos de
importação dentro de setores específicos, uma reserva de mercado para novos empreendimentos, não
deixaria a concorrência entrar em qualquer setor, principalmente naquele que estava nascendo. Foram
mecanismos de incentivar o setor privado em entrar nessa onda de investimentos.

Em parte, o programa teve alguns sucessos, a indústria cresceu em torno de 35% = principais setores:
metalurgia, material elétrico, papel, papelão, químico, têxtil, alimentos e material de transporte.

Nós estamos crescendo em números muito grandes, enquanto o resto do mundo vivia em recessão. O
período propôs que havia condição de crescimento, mesmo frente a uma conjuntura desfavorável.

*A China vem crescimento muito, porque ela tinha uma demanda reprimida. Mas anos e anos de
crescimento tapando os gargalos, ela está desacelerando, pois já consegue atender uma demanda,
quando ela já está conseguindo ser sanada, a China está com o crescimento em declínio.

No segundo PND, eles diziam que não dava para voltar, que eles tinham que se consolidar, era “naquele
momento ou nunca”.

O problema do Brasil, que estamos em um patamar ainda em desenvolvimento, temos questões


conjunturais e estruturais para resolver. Não se pode subestimar as crises, pensando que não nos
afetariam e afetarão.

Além de uma melhora nessas diferentes indústrias, tivemos uma “descentralização espacial” destas
indústrias. Tirou-se o centro do Sudeste, apenas. No Congresso houve pressão ao governo que era mais
flexível, que se eles estivessem investindo nas empresas estatais, a onde estaria o “pedaço do bolo” dos
outros? Houve uma pressão muito grande para que as empresas fossem para outras regiões,
principalmente o Nordeste. (Petróleo, petroquímico, empresas). Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
outros, queriam se descentralizar da região Rio-São Paulo-Minas Gerias (BH). Começa a ter todo uma
descentralização, o que poderia ser algo positivo, em que pela primeira vez estava pensando no Brasil
com descentralização, mas eram pressões do congresso, que iam com tutela de grandes famílias, ricos,
grandes políticos, entre outros. Mas nunca dava acesso àqueles que tinham a renda mais baixa.

Como fica a questão do financiamento com o endividamento. Primeira coisa, o setor privado tinha
créditos subsidiados pelo governo federal (agencias oficiais), o BNDES concedia empréstimos
subsidiados com prazos mais alongados, para o investimento. As empresas estatais tinham uma
restrição ao crédito interno, além de certos controles, para que se o governo se sustentassem no
governo, ele não poderia ficar aumentando taxas de juros, o governo tem que engolir, tendo que ser
deficitário, então as estatais procuravam o externo. As privadas de créditos no BNDES e as estatais com
os financiamentos externos, como as estatais eram as que mais se desenvolviam, nós saímos de 15
bilhões de 74/77 para 17 bilhões em 78/79. Hoje nossa dívida é pequena, mas já chegou até os 600
bilhões. Hoje a d[ivida externa é controlável, diferente da interna.

Havia uma disponibilidade de dólares no mercado internacional advindo dos exportadores de petróleo,
que procuravam investimentos, dessa forma, como os desenvolvidos estavam em um momento
recessivo, os subdesenvolvidos requeriam o montante. O Estado brasileiro, podia pagar os juros que
estavam no cenário internacional. O excesso de recursos faz com que as taxas de juros fiquem lá
embaixo, é uma questão de oferta-demanda, se tem muito capital, o preço do capital tem tendência a
ser baixa, ou seja, a taxa de juros, o governo brasileiro poderia demandar esse recurso de maneira muito
baixa no mercado internacional. O estado brasileiro procurava recursos não só para as estatais, mas
como os juros estavam baixos, e capitavam recursos baixos, eles iam atrás de dinheiro até mesmo para
os financiamentos do BNDE.

No final da década de 70 veio a transformação do cenário internacional e muita vulnerabilidade externa,


principalmente, com a queda de recursos para ser emprestadas, a segunda crise do petróleo vem com o
aumento da taxa de juros no mercado internacional. Isso gera uma crise cambial terrível no Brasil, com
déficits já que tínhamos que pagar muitos juros pelas nossas enormes dívidas. Não fechamos com um
balanço favorável. Há um déficit muito grande nas transações correntes. Como fecha o balanço, financia
o déficit, ou emite moeda, ou procura mais financiamento, ou queima as reservas cambiais, pegavam os
recursos que tínhamos em poupança e pagávamos os déficits, mas isso piora ainda mais a
vulnerabilidade do Brasil usaram a previdência o FGTS e outros vários recursos, então deteriorava-se a
situação fiscal do Estado, o país dá sinal de redução do crescimento, a inflação corrói a arrecadação
pública, ela chegou 100% ao ano.

Na economia se tem um “efeito Tanzi”, há um hiato entre quando se gera um imposto e quando o
arrecada. Os estados arrecadam o ICMS, eles dão uma data, início, mas os Estados recebem apenas no
final do mês com uma defasagem, de arrecadação à entrega. Porém, por conta de inflação, que muda
todos os dias, durantes esses períodos perdem-se o que é pagado para eles, todos ficam prejudicados,
se tem perdas todo mês.

Há um excesso de demanda por gastos pelo investimento, e oferta por conta do petróleo. Por isso,
quando se tem um choque e ele é ortodoxo, em seguida ele não dá certo, porque ele se direciona
apenas para a demanda.

Há um aumento de transferências em relação as estatais, que também eram o foco do déficit.

Se por um lado estávamos de modo positivo, abrindo a nossa política em rumo à democracia, de
questões importantes, a economia vai de mal a pior, então não conseguimos controlar essa situação
desfavorável.

Finalizando, devido às pressões inflacionários e um corte ortodoxo não seria eficaz. Quando Figueiredo
entra ele volta com o Delfim Neto (PAEG), eles voltaram com a ideia de combate de inflação de modo
gradual com o crescimento, isso é o tipo de uma política heterodoxa, não é um choque ortodoxo com a
diminuição de despesas, aumento da taxa de juros e outros. Ele, então, entra com um processo gradual,
de heterodoxia delfiniana. Medida de combate: controle da taxa de juros (a taxa de juros no Brasil
estava extremamente elevada, o governo se via refém, tanto pela questão interna como externa, mas o
que o governo fazia no BNDES, quando os juros estavam baixos, pegavam capital lá fora e davam a
preços menores para o interno, mesmo que os juros lá fora tivessem mais altos, ele continuava pegando
e os abaixando aqui, além de ser um credito subsidiado o Estado estava perdendo muito, pega caro e
empresta barato. Os governos Lula e Dilma estavam fazendo isso, pegando juros bem mais caros lá fora,
e aqui emprestam bem mais barato); em 79 já tínhamos uma queda de safra e se prometia uma safra
muito boa me 80, então expandiu-se o crédito para a agricultura, houve uma expansão enorme na sua
modernização; Secretaria especial de empresas estatais, fechar a torneira delas; eliminação de
Incentivos fiscais das exportações, eles revogaram a Lei Similar Nacional (não poderia se importar o
similar do que aquele que era produzido aqui no Brasil, revogou para dar mais competitividade),
querendo mais competitividade; desvalorização de cerca de 30% do cambio (precisava exportar mais e
importar menos, gerando mais receita via balança comercial – foi uma maxidesvalorização forçada,
mesmo que o câmbio seja com um aspecto flutuante, eles forçaram ela); estímulo à captação externa;
houve uma correção monetária de 50%, corrigiu os preços de acordo com a inflação passada, todos os
produtos que eram controlados pelo governo, tentando recompor os erros anteriores, além de uma
cambial de 45%.

Houve uma aceleração inflacionária de 100% a partir dos anos 80, depois que subimos do 100%, caímos
mais. Apesar da instalação de alguns planos específicos, além da acentuação do processo especulativo,
pela alta de juros internos, não há investimentos, só aqueles que ganham juros e vão embora, devido a
maxidesvalorização que provocou perdas nos ativos financeiros.

Hoje, o que vimos: o país que sai de um milagre, tenta continuar com a marcha forçada, a todo custo
continuar com crises internas e externas, a inflação aumenta, a dívida e o déficit também. O Geisel pega
uma bomba e o Figueiredo outra, na história do Brasil, nunca mais teve um crescimento tão grande
como esse.

Você também pode gostar