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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E NATURAIS
DISCIPLINA DCN10504 – QUÍMICA INORGÂNICA II

APOSTILA DE
QUÍMICA INORGÂNICA II

PROFª ANA NERY FURLAN MENDES

SÃO MATEUS, ES
COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO
SAIS DUPLOS E COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

Formam-se compostos de adição quando se juntam quantidades estequiométricas de


dois ou mais compostos estáveis. Temos como exemplos:

KCl + MgCl2 + 6H2O → KCl.MgCl2.6H2O (carnalita)


K2SO4 + Al2(SO4)3 + 24H2O → K2SO4.Al2(SO4)3.24H2O (alúmen de potássio)
CuSO4 + 4NH3 + H2O → CuSO4.4NH3.H2O
Fe(CN)2 + 4KCN → Fe(CN)2.4KCN

Estes compostos pertencem a um dos dois tipos:

a) Aqueles que em solução perdem sua identidade;


b) Aqueles que em solução conservam sua identidade.

Uma solução aquosa de carnalita apresenta as propriedades dos íons K+, Mg+2 e Cl-.
Analogamente, o alúmen de potássio em solução aquosa mostra as propriedades do K+, Al+3 e
SO4-2 Estes compostos são chamados de sais duplos, ou adutos, e só existem no estado
sólido.
Os outros dois exemplos de compostos de adição comportam-se de maneira bem
diversa dos adutos. Quando dissolvidos, não formam os íons Cu+2, ou Fe+2 e CN-, mas formam
íons muito mais complicados estruturalmente, o íons tetraamincobre(II), [Cu(NH3)4(H2O)2]+2, e
o íons hexacianoferrato(II), [Fe(CN)6]-4. Estes íons são íons complexos e existem como
espécie única e própria. Os íons complexos são representados, comumente, entre colchetes
(ver apostila de nomenclatura dos compostos de coordenação). Os compostos de adição deste
tipo são chamados de Compostos de Coordenação, Complexos Metálicos ou simplesmente
de Complexos. A espécie central pode ser um íon ou um átomo, geralmente de um metal e os
ligantes podem ser íons ou moléculas neutras.

Os metais de transição têm muitos compostos que apresentam propriedades raramente


encontradas nos compostos dos elementos representativos, por exemplo: cores variadas,
paramagnetismo frequente, tamanhos anômalos dos íons, vários números de oxidação dos
metais. Essas propriedades peculiares dos metais de transição decorrem da existência de um
subnível d parcialmente preenchido na camada de valência.
Não é possível dar uma definição exata do que seja um composto de coordenação (ou
complexo), mas pode-se dizer que ele apresenta uma espécie central ligada a íons ou
moléculas denominadas ligantes, formando uma ligação covalente coordenada (dativa).

Espécie central: cátion, ânion ou átomo neutro (na maioria das vezes um metal de
transição) que são capazes de aceitar elétrons dos ligantes (ácidos de Lewis)

Ligantes: íons ou moléculas que tem a capacidade de doar elétrons para o átomo central
(bases de Lewis)
Os compostos de coordenação podem ser:
Neutros: [Ni(CO)4]
Iônicos: [Fe(CN)6]K4, [Cu(H2O)4]SO4

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1) TEORIA DE WERNER
A teoria de Werner, proposta em 1893, foi a 1ª tentativa de explicar a ligação existente
em compostos de coordenação. Deve-se frisar que esta teoria foi proposta antes da descoberta
do elétron por J. J. Thompson em 1896 e antes da formulação da Teoria eletrônica de valência.
Essa teoria e os 20 anos de trabalho associados a ela conduziram Alfred Werner, o primeiro
químico inorgânico, a receber o Prêmio Nobel de Química em 1913.
Os complexos devem ter sido um verdadeiro mistério sem os conhecimentos prévios
sobre ligações químicas ou a estrutura dos mesmos. Por exemplo: porque um sal estável como
o CoCl3 reagiria com um número variável de moléculas de NH3, para formar diversos novos
compostos como CoCl3.6NH3, CoCl3.5NH3 e CoCl3.4NH3? Quais seriam suas estruturas? Na
época de Werner a difração de raio-x, o mais poderoso método para determinar a estrutura de
cristais, ainda não havia sido descoberto. Werner não tinha à sua disposição nenhuma das
modernas técnicas instrumentais, de modo que todos os seus estudos foram realizados
mediante a interpretação de reações químicas.
Composto Cor Fórmula atual
CoCl3.6NH3 Amarelo [Co( NH3)6]Cl3
CoCl3.5NH3 Púrpura [Co( NH3)5Cl]Cl2
CoCl3.4NH3 Violeta (trans) [Co( NH3)4Cl2]Cl
CoCl3.4NH3 Verde (cis) [Co( NH3)4Cl2]Cl

CoCl3.6NH3 + Ag+ → 3 AgCl(s)


CoCl3.5NH3 + Ag+ → 2 AgCl(s)
CoCl3.4NH3 + Ag+ → 1 AgCl(s)
Valência Primária: hoje chamada de nº de oxidação

Valência Secundária: hoje chamada de nº de coordenação (nº de ligantes ou átomos doadores


aos quais o metal se encontra diretamente ligado)
Werner com o seu trabalho sobre os complexos, conseguiu prever a geometria de
alguns compostos que mais tarde foram confirmadas por difração de Raios-X.
Werner deduziu que no CoCl3.6NH3 os três cloros atuam como tendo valências primárias
e as seis moléculas de amônia com valência secundária. Em termos atuais, os três cloros são
iônicos, ou seja, íons cloretos, por isso precipitam como AgCl; os seis ligantes NH3 formam
ligações coordenadas com o íon Co+3, originando o íon complexo [Co(NH3)6]+3.
Werner verificou que o CoCl3.5NH3 poderia ser obtido do CoCl3.6NH3 por perda de uma
molécula de amônia, com a simultânea transformação de um cloro de valência primária para
um cloro de valência secundária. Assim somente dois Cl- são iônicos e podem precipitar com o
AgNO3 na forma de AgCl, portanto, cinco moléculas de amônia e um íon cloreto formam
valências secundárias (ligações coordenadas) a um íon Co+3, formando o íon complexos
[Co(NH3)5Cl]+2. Analogamente, no CoCl3.4NH3, um íon cloreto forma uma valência primária, ao
passo que dois íons cloretos e quatro moléculas de amônia formam as ligações coordenadas
com o íon Co+3, formando o íon complexos [Co(NH3)4Cl2]+.

CONDUTIVIDADE DOS COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

A condutividade elétrica de uma solução depende da concentração do soluto e do


número de cargas presentes. Usando condutividades molares e mantendo a concentração
constante, o número de cargas existentes em um complexo pode ser deduzido por comparação
com dados tabelados.

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As medidas de condutância eletrolítica envolvem, geralmente, a determinação da
resistência de um segmento de solução compreendido entre dois eletrodos paralelos, por
aplicação da lei de Ohm. Estes eletrodos são de platina metálica, revestida de um depósito de
negro de platina, para aumentar a área e reduzir a resistência de polarização. As primeiras
medidas de condutância molar, em solução aquosa, foram feitas por Werner e Miolati, com o
objetivo de desvendar a estrutura de vários complexos contendo aminas.

Fórmula Empírica Condutividade (C = 0,001 mol/L) Formulação de Werner


Não Eletrólitos
PtCl4.2NH3 3,52 [Pt(NH3)2Cl4] (trans)
PtCl4.2NH3 6,99 [Pt(NH3)2Cl4] (cis)
Eletrólitos 1:1
NaCl 123,7 -------
PtCl4.3NH3 96,8 [Pt(NH3)3Cl3]Cl
PtCl4.NH3.KCl 106,8 K[Pt(NH3)Cl5]
Eletrólitos 1:2 ou 2:1
CaCl2 260,8 -------
CoCl3.5NH3 261,3 [Co(NH3)5Cl]Cl2
CoBr3.5NH3 257,6 [Co(NH3)5Br]Br2
CrCl3.5NH3 260,2 [Cr(NH3)5Cl]Cl2
PtCl4.4NH3 228,9 [Pt(NH3)4Cl2]Cl2
PtCl4.2KCl 256,8 K2[PtCl6]
Eletrólitos 1:3 ou 3:1
LaCl3 393,5 -------
CoCl3.6NH3 431,6 [Co(NH3)6]Cl3
CrCl3.6NH3 441,7 [Cr(NH3)6]Cl3
PtCl4.5NH3 404,0 [Pt(NH3)5Cl]Cl3

2) TIPOS DE LIGANTES

O termo ligante aplica-se somente a grupos ligados a um íon metálico. Os ligantes


podem ser:

Monodentados: quando um ligante se encontra ligado ao átomo central através de um único


átomo doador. Ex.: Cl-, H2O, NH3, etc.

Bidentado: quando um ligante se encontra ligado ao átomo central através de dois átomos
doadores. Ex.: Etilenodiamina (en) H2NCH2CH2NH2

Polidentado: quando vários átomos doadores se encontram presentes em um mesmo ligante.


Ex.: Dietilenotriamina (dien) HN(CH2CH2NH2)2

Quando um ligante bi ou polidentado se liga a um único átomo central, diz-se que ele
forma um complexo “Quelato”.

Os ligantes que estão diretamente ligados ao átomo ou íon central formam um


complexo de esfera interna. No entanto, os íons complexos podem associar-se
eletrostaticamente a ligantes aniônicos, sem o deslocamento dos ligantes já presentes. O
produto desta associação é chamado de complexo de esfera externa ou par iônico.

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Os complexos nos quais um metal se encontra ligado a um único tipo de grupo doador
(ligante) são conhecidos como complexos homolépticos. Ex.: [Co(NH3)6]+3

Os complexos nos quais um metal se encontra ligado a mais de um tipo de ligante são
conhecidos como complexos heterolépticos. Ex.: [Co(NH3)4Cl2]+
3) NÚMEROS DE COORDENAÇÃO (NC) E GEOMETRIAS
Nos compostos de coordenação, os elementos de transição podem exibir NC que variam
de 2 a 12. No entanto, os mais comuns são 4, 5 e 6.

NC 2: os complexos com NC=2 são lineares e praticamente se restringem aos cátions: Cu+,
Ag+, Au+ e Hg+2, todos com configuração d10. Ex.: [CuCl2]-; [Ag(NH3)2]+; [AuCl2]- e HgCl2.

NC 3: a coordenação tripla é rara entre os complexos metálicos. Aparece normalmente em


complexos com ligantes volumosos, como o amideto [N(Si(CH3)3)2]-. Estes complexos exibem
geometria trigonal planar. Ex.: M{[N(Si(CH3)3)2]-}3, M= Fe, Cr

NC 4: este tipo de coordenação é encontrada em um grande número de compostos e podem


apresentar geometria tetraédrica ou quadrática. Os complexos com geometria tetraédrica
ocorrem com metais que não possuam configuração d8 (ou s1d7). Ex.:

Os complexos quadráticos são característicos


dos metais de transição com configuração d8.
Ex.:

NC 5: envolve complexos onde as


geometrias são a piramidal
quadrática e a bipirâmide trigonal.
Ex.: [Ni(CN)5]-3 e [Fe(CO)5]

NC 6: são numerosos entre os complexos. Sua


geometria é octaédrica, mas algumas vezes
apresenta-se distorcida. É o arranjo mais comum
para metais com configuração d0-d9. Ex.:
[Cr(NH3)6]+3 (d3); Mo(CO)6 (d6); [Fe(CN)6]-3 (d5)

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4) COMPLEXOS POLIMETÁLICOS

São complexos que contém mais de um


átomo metálico. Em alguns casos, os
átomos metálicos são unidos através de
ligantes em ponte; em outros, há ligação
direta metal-metal; e ainda em outros
ocorrem ambos os tipos de ligação.

O termos “cluster metálico” é reservado aos


complexos com ligação direta metal-metal.
Quando nenhuma ligação metal-metal está
presente, os complexos polimetálicos são
conhecidos como “complexos gaiola”.

5) COMPLEXOS QUELATOS E COM LIGANTES EM PONTE


Os ligantes polidentados podem produzir um “quelato” (termo grego
para garra), um complexo no qual um ligante forma um anel que
inclui o átomo metálico. Um exemplo é o ligante bidentado
etilenodiamino, que forma um anel de cinco membros quando
ambos os átomos de N se prendem ao mesmo átomo metálico.

A hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no sangue,


é também uma espécie que contém anéis quelatos, em que o ligante
polidentado é um derivado da molécula da porfirina.

O grau de tensão de um ligante quelante freqüentemente é expresso


em termos do “ângulo de mordida”, o ângulo L-M-L no anel quelato.

Os ligantes quelantes são usados como seqüestradores de íons


metálicos na indústria têxtil e de alimentos e também no tratamento
de envenenamentos por metais pesados. Ex.: EDTA

Efeito quelato: complexos com ligantes quelantes possuem maiores constantes de


estabilidade que seus análogos que não contenham este tipo de ligante. O principal fator
responsável pelo aumento na estabilidade é o aumento na entropia do sistema.

Ligantes em ponte: faz a conexão entre Ligantes ambidentados: são ligantes com
dois átomos metálicos. Em geral, são átomos doadores diferentes. Por exemplo, o
ligantes monodentados que possuem esta íon tiocianato NCS- pode se ligar a um
função como os cloretos e hidretos. átomo metálico pelo N, para dar complexos
isotiocianatos, ou pelo S, para dar
Cl Cl Cl complexos tiocianatos.
Au Au
Cl Cl Cl

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6) CLASSIFICAÇÃO DOS LIGANTES
Os ligantes são classificados de acordo com o número de elétrons que eles doam
formalmente ao centro metálico.
1) Ligantes de um elétron (X): formam uma única ligação sigma e são designados de
ligantes tipo X. São exemplos desta classe de ligantes:
-Cl, -Br , -I, -OH, -CN, -CH3, -CH2R, -NR2, -OR, -CR=CRR’,

alquila amina alcóxido alceno fenila

2) Ligantes de dois elétrons (L): são todos os ligantes que formam uma ligação pi com o
centro metálico. Em princípio, todos os fragmentos orgânicos com um par de elétrons livres
podem se coordenar ao centro metálico. No caso dos alcinos, uma única ligação pi deve
participar da ligação com o metal, assim como as piridinas (somente o par de elétrons do
nitrogênio deve estar envolvido na ligação). São exemplos desta classe de ligantes:

H2C=CH2, -C≡NR, N≡CR, H2C=CHR, RC≡CR, PR3, C≡O, NC5H5 (piridina)


3) Ligantes de três elétrons (XL): estão incluídos todos os ligantes que realizam
simultaneamente uma ligação sigma (X) e uma ligação pi (L), como os seguintes grupamentos:
CR
CH
η3-ciclopropenila → η3-alila →
H2C CH2
RC CR

4) Ligantes de quatro elétrons (LL): esta classe inclui todos os ligantes pi bidentados, as
ciclobutadienilas, os dienos conjugados, etc.

RC CR (CH2)n
Olefinas não
η -ciclobutadienila →
4 R2C C C CR2
conjugadas →
RC CR M dienos

5) Ligantes de cinco elétrons (XLL): os principais ligantes desta classe são as η5-
ciclopentadienila e η5-pentadienilas.

η5-ciclopentadienila → η5-pentadienila →

6) Ligantes de seis elétrons (LLL): são em princípio todos os η6-arenos e similares, assim
como os cicloeptatrienos e ligantes pi tridentados.

Benzeno (Bz)

7) Ligantes de sete elétrons (XLLL): o mais comum tipo de ligante desta classe é o η7-
cicloeptatrienila.
η7-cicloeptatrienila.

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8) Ligantes de oito elétrons (LLLL): o ligante típico desta classe é o η8-ciclooctatetraenila

η8-ciclooctatetraenila

OBS.: O prefixo ηn antes do nome de ligantes insaturados, indica o número de átomos


de carbono que interagem com o metal central.

7) REGRA DOS DEZOITO ELÉTRONS


Os elementos do grupo principal formam compostos estáveis quando atingem a
configuração de gás nobre. A razão do ganho de estabilidade está associada ao
preenchimento de todos os orbitais de valência. Para um elemento da 1ª série, isto
corresponde ao preenchimento dos orbitais 2s e 2p. Uma vez que cada orbital pode conter no
máximo dois elétrons, oito elétrons são necessários ao todo. Daí advém a regra do octeto para
os compostos dos elementos principais.
Na essência, a regra é a mesma para os elementos do bloco d. Entretanto, os elementos
do bloco d possuem nove orbitais de valência (1s, 3p e 5d) resultando em um total de 18
elétrons.
A regra dos 18 elétrons estabelece que um complexo estável seja obtido quando:
elétrons d do metal + elétrons dos ligantes + carga total do complexo = 18.
A maneira mais simples de se fazer esta contagem de elétrons é a que considera o
metal com estado de oxidação zero e os ligantes como radicais neutros. Na prática, basta
somar o número de elétrons do metal (dado pelo grupo a que pertence o metal na TP), com o
número de elétrons dos ligantes (conforme a classificação vista anteriormente) e com a carga
do complexo.
Então: E = m + x + 2n - q
Onde: E = nº elétrons do complexo
m = nº elétrons d do metal V=x+q
x = nº de ligantes tipo X
n = nº de ligantes tipo L
q = carga do íon complexo NC = x + n
V = valência
NC = nº de coordenação

Se: E = 18 elétrons → complexo estável


E < 18 elétrons → complexo reativo; sofre redução; aumenta a coordenação
E > 18 elétrons → complexo reativo; sofre oxidação; diminui a coordenação
Exemplo:Cr(CO)6 → Cr pertence ao grupo 6, logo possui 6 elétrons de valência
E = 6 + 0 + 2x6 – 0 = 6 + 12 = 18 elétrons
V=0+0=0
NC = 0 + 6 = 6
Para treinar: Ni(PPh3)4; BzCr(CO)3; Rh(Cp)2+; W(CO)4(Br)3
OBS.: Quando existe ligação metal-metal, considera-se que cada metal atua como um ligante
X (1 elétron). Ex.: (CO)5Mna-Mnb(CO)5
Mna = 7 + 1 + 5x2 = 18 elétrons
Mnb = 7 + 1 + 5x2 = 18 elétrons

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Exceções a regra dos dezoito elétrons: são normalmente complexos ricos em elétrons
derivados de metais com configuração d8. Estes preferem formar complexos quadráticos com
16 elétrons. São em geral complexos contendo os seguintes metais: Rh(I), Ir(I), Ni(II), Pd(II) e
Pt(II).

Ex.: RhCl(PPh3)3

8) NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

São conhecidos milhares de compostos de coordenação. O método sistemático de


denominação desses compostos, a nomenclatura dos compostos, deve proporcionar a
informação fundamental sobre a estrutura do composto de coordenação. Qual o metal no
complexo? O átomo do metal está no cátion ou no ânion? Qual o estado de oxidação do metal?
Quais são os ligantes? As respostas a essas perguntas se têm pelas regras da IUPAC
(International Union of Pure and Applied Chemistry). São regras que, na essência, generalizam
as originalmente propostas por Werner.
Antes da proposição das regras de nomenclatura, em português, para os compostos de
coordenação, deve-se estabelecer a formulação correta de tais compostos. Os compostos de
coordenação tratados aqui são aqueles que envolvem um elemento central (metal ou não)
cercado por ligantes, constituindo a esfera de coordenação. Os complexos podem ser
monômeros ou polímeros.
As fórmulas dos compostos de coordenação constituem o meio mais simples de se
designar a composição dos complexos. Tais fórmulas também são freqüentemente
empregadas para mostrar detalhes estruturais ou aspectos de interesse comparativo, devendo
ser escrita da maneira mais conveniente possível. Nos casos gerais a seguinte ordem é
recomendada:

a) Coloca-se primeiro o símbolo do átomo central, seguido das fórmulas ou abreviações dos
ligantes iônicos e depois dos ligantes neutros. A fórmula do complexo é depois encerrada entre
colchetes, colocando-se como expoente sua carga, quando se tratar de espécie iônica.
b) Dentro de cada classe de ligante, as espécies são colocadas em ordem alfabética (sem
levar em conta os prefixos) em relação ao símbolo do átomo ligante. Exemplos: [CoN3(NH3)5]2+;
[PtCl3(C2H4)]+; [CoCl2(NH3)4]+; [CoH(N2){(C6H5)3P}3]; [OsCl5N]2-
c) Os sinais, parênteses, chave e colchetes, devem ser empregados nesta ordem, ou seja, [ { (
) } ], para englobar um conjunto de grupos idênticos e para evitar confusões nas fórmulas. Os
ligantes com mais de um átomo são colocados sempre entre parênteses (ou chaves) nas
fórmulas dos compostos de coordenação.
1) Nos nomes dos compostos de coordenação o nome do ânion deve preceder o do cátion e o
átomo central é citado após o(s) do(s) ligante(s):

K4[Fe(CN)6] → hexacianoferrato(II) de potássio


ânion cátion

[Co(NH3)6]Cl3 → cloreto de hexamincobalto(III)


ânion cátion

2) O nome do complexo - aniônico, catiônico ou neutro - tem duas partes que se escrevem uma
se seguida à outra, com a preposição de mediana. Os ligantes comparecem primeiro e o átomo
metálico depois.
Fe(CN)64- Hexacianoferrato(II) de ...
3+
Co(NH3)6 ... de hexamincobalto(III)

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3) Os ligantes são identificados por um nome precedido por prefixo grego que dá o número de
unidades do ligante ligadas ao átomo. A ordem da nomeação dos ligantes é a alfabética (sem
levar em conta os prefixos).
a) Os ligantes aniônicos têm os nomes terminados em o. (Ver tabela de nomenclatura de
ligantes)
Para os ligantes H-, H2N-, HN2- e N3- a denominação usual, hidreto, amideto, imideto e
azoteto, respectivamente, são preferível em relação à hidro, amido, imido ou azido, por razões
de ambiguidade. Observa-se que, em português, os nomes dos haletos coordenados, com
exceção do F correspondem aos nomes dos elementos: cloro, bromo e iodo.
Ligantes aniônicos contendo prefixos numéricos (como trifosfato), assim como os tio-,
seleno- e teluro- derivados dos oxi-ânions (como tiossulfato), devem ser colocados entre
parênteses. Exemplos:
K[AuS(S2)] dissulfetotioaurato(III) de potássio
[Ru(HSO3)2(NH3)4] tetraaminbis(hidrogenossulfito)rutênio(II)
Na3[Ag(S2O3)2] bis(tiossulfato)argentato(I) de sódio
K2[OsCl5N] pentacloronitretoosmato(VI) de potássio
[CoH(N2){(C6H5)3P}3] dinitrogênio(hidreto)tris(trifenilfosfina)cobalto(I)
b) Os ligantes neutros têm em geral o nome da molécula. Há exceções importantes:
Molécula Fórmula Nome do Ligante
Água H2O Aqua
Amônia NH3 Amin
Monóxido de Carbono CO Carbonil
Monóxido de nitrogênio NO Nitrosil
c) Os prefixos que indicam o número de ligantes são:
mono (1 ligante - geralmente omitido)
di (2 ligantes)
tri (3 ligantes)
tetra (4 ligantes), etc.
d) Quando o nome do ligante também tem prefixo numérico, o número dos ligantes é
identificado por: bis (2), tris (3), tetraquis (4), pentaquis (5), hexaquis (6), etc.
[Co(en)3]Cl3 cloreto de tris(etilenodiamino)cobalto(III)
e) Uso de parênteses, chaves e colchetes nos nomes dos complexos: A justaposição de nomes
pode prejudicar a clareza ou conduzir a formas incorretas do ponto de vista ortográfico. Por
exemplo:
[CoCl3(NH3)2(H2NCH3)] diamintriclorometilaminacobalto(III)
Neste caso a colocação de parênteses em metilamina torna-se imprescindível para evitar a
ambigüidade com triclorometilamina (Cl3NCH3), portanto, o nome correto deste complexo é:
diamintricloro(metilamina)cobalto(III)
[Ru(HPO4)2(OH)2(NH3)2]3- íon diamindihidrogenofosfatodihidroxirutenato(III)
Neste exemplo existem duas letras h no interior do nome e uma letra r precedida de vogal, o
que está em desacordo com as regras de ortografia da língua portuguesa. A forma correta
implicaria na supressão dos h e na duplicação do r, ou seja:

diamindiidrogenofosfatodiidroxirrutenato(III)

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É preferível, entretanto, por uma questão de clareza, preservar a identidade dos constituintes
através de parênteses: diaminbis(hidrogenofosfato)di(hidroxi) rutenato(III).

f) As seguintes recomendações se aplicam ao uso das abreviações:

a) Quando se tratar de publicações, o significado de cada abreviação deve ser escrito


por extenso. Exemplo: en etilenodiamina.
b) As abreviações devem ser curtas, não mais que quatro letras e não devem conter
hífens. Exemplo: phen e não o-phen (para 1,10-fenantrolina).
c) Deve-se procurar evitar confusões com abreviações comumente aceitas, tais como
Me (metil), Et (etil), Ph (fenil), etc.
d) Com exceção de algumas abreviações do tipo H4edta, H2ox e L (ligante), todas as
abreviações devem ser feitas com letras minúsculas. A abreviação genérica para metal é M,
para íons lantanídeos é Ln e para os íons actinídeos é An.

4) A identificação do metal se faz pelo nome do átomo de metal quando o complexo é neutro
ou catiônico, ou pelo nome do átomo de metal com a terminação ato quando o complexo for
aniônico, algumas exceções são:

Nome em Português Nome em Latim Nome do ânion


Chumbo (Pb) Plumbum Plumbato
Cobre (Cu) Cuprum Cuprato
Estanho (Sn) Stannum Estanato
Ferro (Fe) Ferrum Ferrato
Ouro (Au) Aurum Aurato
Prata (Ag) Argentum Argentato

5) Nos complexos binucleares ou polinucleares, os ligantes que funcionam como conectivos ou


pontes entre dois ou mais átomos centrais são indicados pela letra grega µ, como um prefixo
do nome do Ligante, separado por hífen. Dois ou mais ligantes de conexão são indicados por
di-µ, tri-µ, etc. Para uma espécie que liga mais de dois átomos centrais, o número de átomos
ligados é indicado como um subíndice da letra (por exemplo, µ3). Exemplo:

[(NH3)5Cr-OH-Cr(NH3)5]Cl5 Cloreto de µ-hidroxobis[pentaamincrômio(III)]

[Be4O(H3CCOO)6] Hexa-µ-(acetato-O,O')- µ4-oxotetraberílio(II)

Para grupos de conexão ligados a dois centros através de átomos coordenantes diferentes, os
símbolos desses átomos são especificados após o nome do ligante.

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NOMENCLATURA DE LIGANTES COMUNS

Espécie Nome do íon, radical ou molécula Nome do ligante


F- Fluoreto Fluoro
Cl- Cloreto Cloro
Br- Brometo Bromo
CN- Cianeto Ciano
OH- Hidróxido Hidroxo
O-2 Óxido Oxo
O2-2 Peróxido Peroxo
HO2- Hidrogenoperóxido Hidrogenoperoxo
CH3O- Metóxido Metoxo
HS- Hidrogenosulfeto Mercapto
S-2 Sulfeto Tio
H- Hidreto Hidreto
NH2- Amideto Amideto
NH-2 Imideto Imideto
N-3 Azoteto Azoteto
CO3-2 Carbonato Carbonato
NO3- Nitrato Nitrato
SO4-2 Sulfato Sulfato
CNO- Cianato Cianato
CH3COO- Acetato Acetato
C2O4-2 Oxalato Oxalato (Ox)
CH3COCH2COCH3- Acetilacetonato Acetilacetonato (acac)
NO2- Nitrito Nitro (:NO2-) ou Nitrito (:ONO-)
-CH3 Metila Metil (Me)
-C2H5 Etila Etil (Et)
-C6H5 Fenila Fenil (Ph ou φ)
-C5H5 Ciclopentadienila Ciclopentadienil (Cp)
P(C6H5)3 Trifenilfosfina Trifenilfosfino (PPh3 ou Pφ3)
H2NCH2CH2NH2 Etilenodiamina Etilenodiamino (en)

Piridina Piridino (py)


N

Dipiridina Dipiridino (dipy)


N N
(CH3)2SO Dimetilsulfóxido Dimetilsulfóxido (DMSO)
H2O àgua Áqua
NH3 Amônia Amino
CO Monóxido de carbono Carbonil
NO Monóxido de nitrogênio Nitrosil
O2 Oxigênio Dioxigênio
N2 Nitrogênio Dinitrogênio
SCN- Tiocianato Tiocianato (:SCN-)
SCN- Tiocianato Isotiocianato (:NCS-)
H2N-NH3+ Hidrazínio Hidrazínio
NO+ Nitrosila Nitrosílio

12
9) ISOMERIA EM COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO
Nos compostos de coordenação existe uma série muito grande de possíveis ligantes.
Existem ligantes mono e poliatômicos, monodentados, polidentados e ambidentados. Os
complexos ue podem ser formados também podem apresentar esferas de coordenação onde
tais ligantes estão arranjados de várias formas, por exemplo, com geometrias diferentes e/ou
com ligações diferentes. Existem ainda complexos com esfera interna e esfera externa. Em
função disto, é possível que um mesmo composto apresente diferentes formas de organização
e disposição dos ligantes, resultando em isômeros.
Em química, isômeros de uma dada molécula podem ser definidos como: espécies
contendo a mesma composição estequiométrica e a mesma massa molar (mesma fórmula
química), mas que apresentam alguma característica que permite distinguir umas das outras
por algum método físico ou químico.
Todos os isômeros moleculares podem ser agrupados em duas classes:
1) Isômeros Estruturais ou de constituição: distinguidos por diferentes
ligações entre seus átomos.
2) Estereoisômeros ou Isômeros de Configuração: distinguidos pelos diferentes arranjos
dos átomos no espaço.
Dentro de cada uma destas classes, vários tipos de isomeria podem estar presentes. Na
Figura abaixo estão resumidos alguns destes tipos de isomerias que são comuns em
compostos de coordenação.

Isomeria de Ionização: Pode ocorrer para complexos com carga (complexos de esfera
externa). Neste tipo de isomeria há o intercâmbio entre um dos ligantes da esfera interna com o
contra-íon da esfera externa. Veja um exemplo na Figura abaixo.

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Os dois isômeros, [CoBr(NH3)5]SO4 e [Co(SO4)(NH3)5]Br podem ser distinguidos pelas
suas cores: o primeiro é violeta e o segundo é vermelho. Eles podem ser identificados por
métodos químicos ou físicos. Por exemplo, os complexos podem ser identificados através de
testes químicos através da precipitação de sulfatos e brometos iônicos. Um método físico de
identificação destes isômeros é a espectroscopia no infravermelho. Sulfato livre (atuando como
contra íon neste caso) dá apenas uma banda devido ao estiramento S-O na região
característica, enquanto sulfato atuando como ligante (tendo um dos oxigênios atuando como
átomo doador) dá origem a três bandas características.

Isomeria de Hidratação: Aplica-se somente a cristais. Intercâmbio de moléculas de água entre


que estão na esfera de coordenação externa (águas de cristalização) com outro ligante da
esfera de coordenação interna. A figura abaixo mostra um exemplo típico deste tipo de
isomeria. Quando óxido de cromo (VI) é aquecido em solução aquosa de HCl concentrado,
formam-se cristais verdes de [CrCl2(H2O)4]Cl.2H2O (duas águas de cristalização). Dissolvendo-
se este complexo em água, os íons cloretos são lentamente substituídos por moléculas de
água e pode-se isolar o complexo [CrCl(H2O)5]Cl2.H2O (uma água de cristalização), de cor azul
esverdeada. Após um tempo maior em solução, há uma substituição completa dos íons
cloretos e pode-se isolar um complexo violeta de fórmula [Cr(H2O)6]Cl3 (apenas água como
ligante). Estes isômeros podem ser identificados pelo teste estequiométrico da reação de
nitrato de prata, precipitando o cloreto de prata e pesando a massa obtida deste sal.

Isomeria de Coordenação: Pode ocorrer quando um sal apresenta cátions e complexos; os


isômeros originam-se pela possibilidade de troca dos ligantes entre a esfera de coordenação
dos dois (ou mais) centros metálicos. Veja estes dois exemplos:
a) [Cr(NH3)6][Co(CN)6] e [Co(NH3)6][Cr(CN)6]
b) [Cr(NH3)6][Cr(NCS)6] e [Cr(NCS)2(NH3)4][Cr(NCS)4(NH3)2]

Compare os ligantes presentes na esfera de coordenação de cada metal. Por exemplo, no


caso “a” tem-se no primeiro isômero o cátion [Cr(NH3)6]+3 e o ânion [Co(CN)6]-3. No outro
isômero, temos como cátion o [Co(NH3)6]+3 e como ânion o [Cr(CN)6]-3.

Isomeria de Ligação: Ocorre quando estão presentes na esfera de coordenação ligantes


ambidentados. Isso possibilita a formação de complexos que cujo ligante ambidentado pode
estar coordenado por determinado átomo doador enquanto outro isômero está coordenado por
um átomo doador diferente do mesmo ligante. A Figura a seguir mostra uma rota possível para
se obter dois isômeros de ligação do um complexo de Co(III). O ligante ambidentado neste
caso é o (NO2)-, que pode se coordenar pelo nitrogênio ou por um dos átomos de oxigênio. Os
compostos podem ser distinguidos pelas suas cores: o coordenado pelo oxigênio tem cor
vermelha, e o coordenado pelo nitrogênio tem cor amarela. A identificação neste caso pode ser
feita, por exemplo, por espectroscopia no infravermelho. Para o complexo com o

14
[Co(ONO)(NH3)5]Cl2, (coordenado pelo O) o ligante (NO2)- dá duas bandas características em
1065 e 1470 cm-1, enquanto para o complexo [Co(NO2)(NH3)5]Cl2 (coordenado pelo N) têm-se
duas bandas em 1310 e 1430 cm-1.

Isomeria Geométrica: Há dois tipos de isomeria geométrica importante para compostos de


coordenação: a do tipo cis – trans e a do tipo fac – mer.

a) cis – trans: pode ocorrer quando se tem complexos quadrado planos de fórmula [MA2B2] ou
para complexos octaédricos de fórmula [MA2B4], onde M representa um metal, A um tipo de
ligante e B um ligante diferente de A. Assim, compostos com estas fórmulas podem apresentar
somente duas formas distinguíveis de organização dos ligantes na esfera de coordenação: a
organização na forma cis e a organização na forma trans, ou seja, são possíveis apenas dois
isômeros geométricos. Um isômero será classificado como cis se os dois ligantes iguais
estiverem em posições adjacentes na estrutura. Se estes dois ligantes estiverem dispostos em
posições diametralmente opostas, o isômero será denominado trans. A Figura abaixo mostra
dois exemplos, um complexo quadrado plano e outro para complexo octaédrico.

Isômeros Geométricos: cis-[PtCl2(NH3)2], trans-[PtCl2(NH3)2], trans-[CoBr2(en)2]+ e cis-[CoBr2(en)2]+,


respectivamente.

b) fac – mer: pode ocorrer quando se têm complexos octaédricos de fórmula [MA3B3].
Compostos com fórmula química com esta estequiometria e com esta geometria podem
apresentar somente duas possibilidades de organização dos ligantes na esfera de
coordenação: uma forma fac (que vem de facial) e uma forma mer (que vem de meridiano). O
isômero fac tem seus grupos de três ligantes iguais distribuídos nos vértices de uma das faces
(triangulares) do octaedro e, por conseqüência o outro grupo forma a face oposta. O isômero
trans tem um de seu grupo de três ligantes distribuídos ao longo de uma “linha” (meridiano).
Estes são os únicos dois isômeros possíveis para este tipo de isomeria. A Figura a seguir
mostra um exemplo de dois isômeros para um complexo de rutênio.

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Isômeros geométricos: mer-[RuCl3(py)3] e fac- [RuCl3(py)3], respectivamente. Neste caso, “py”
representa o ligante piridina. As linhas pontilhadas apenas enfatizam a disposição dos grupos de
ligantes. No isômero fac, os H do ligante piridina estão omitidos.

Isomeria Ótica: Aqui abordaremos apenas de forma simplificada a idéia de isomeria ótica.
Para compostos de coordenação, os casos importantes de complexos que podem apresentar
isomeria ótica ocorre para os tris(quelato)complexos, como o [Cr(acac)3] e o [Co(en)3]+3. Para
que complexos como estes apresentem isomeria ótica ele deve apresentar dois isômeros que
seriam equivalentes à imagem especular um do outro, e a disposição destes isômeros é tal que
se tentássemos sobrepô-los isso não ocorreria de forma idêntica.

Mentalmente, faça um exercício de deslocar uma imagem em relação à outra, de forma


a tentar sobrepô-las. Você verá que a sobreposição não resultará em disposição idêntica de
dos átomos dos dois complexos. Moléculas que apresentam esta característica são ditas
quirais, ou seja, uma molécula é quiral se não é possível sua sobreposição com o isômero
equivalente à sua reflexão especular. A maneira de distinguir entre estes dois isômeros é pelo
desvio da luz polarizada, utilizando um equipamento chamado polarímetro, como ilustrado na
Figura abaixo.

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Por exemplo, se pudermos isolar cada um dos isômeros, veremos que um desvia a luz
polarizada em um sentido e o outro no sentido oposto. Qual o grau de desvio e qual o sentido é
uma questão um pouco mais complexa, e depende de alguns fatores, inclusive do comprimento
de onda da luz utilizada. Assim, desde que estes complexos possam existir,
estereoquimicamente falando, por tempo suficiente, eles apresentarão atividade ótica
(capacidade de desviar o plano da luz polarizada).

Em resumo:
Molécula quiral → isômeros óticos → atividade ótica → desvio Luz Polarizada

Em relação à isomeria, deve ser percebido que um mesmo complexo pode apresentar
concomitantemente vários dos tipos descritos possibilitando, em alguns casos, a existência de
muitos isômeros. Vamos analisar o complexo [Co(NO2)2(NH3)4]Cl. Ele é um complexo de esfera
externa, de fórmula [MA2B4], com um ligante ambidentado. A partir disso são possíveis os
seguintes tipos de isomeria:

• Isomeria de ionização devido à possibilidade de intercambio entre o ligante (NO2)- e íon Cl-.

• Isomeria de ligação devido à possibilidade de (NO2)- estar coordenado pelo N ou pelo O.


• Isomeria geométrica do tipo cis – trans devido às duas disposições relativas dos ligantes
(NO2)-.

Assim, é possível a existência de vários isômeros:

• cis-[Co(NO2)2(NH3)4]Cl; trans-[Co(NO2)2(NH3)4]Cl (ligados pelo O);


• cis-[Co(ONO)2(NH3)4]Cl; trans-[Co(ONO)2(NH3)4]Cl (ligados pelo N);
• cis-[CoCl(NO2)(NH3)4]NO2; trans-[CoCl(NO2)(NH3)4]NO2;
• cis-[CoCl(ONO)(NH3)4]NO2; trans-[CoCl(ONO)(NH3)4]NO2;

10) LIGAÇÃO QUÍMICA NOS COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

Os princípios envolvidos na ligação química nos complexos dos metais de transição, não
diferem daqueles que prevalecem em outros compostos. Entretanto, como os metais de
transição possuem orbitais d parcialmente preenchidos, surgem peculiaridades que tornam
conveniente um tratamento à parte da ligação química nos compostos desses metais.
Três são os modelos teóricos de importância no estudo dos compostos de coordenação.
Esses modelos possuem complexidade crescente, cada um deles respondendo a mais
questões do que o anterior. O primeiro deles foi a aplicação aos complexos da TLV por Pauling
em 1931. Essa teoria foi muito popular até o início da década de 50, quando passou a
predominar a Teoria do Campo Cristalino (TCC), desenvolvida por Bethe e van Vleck. Embora
a TCC tenha sido proposta na mesma época que a TLV, seu enfoque era mais voltado para a
física. Ela só veio a ser aplicada a compostos de coordenação 20 anos mais tarde. Hoje em dia
prevalece a TOM, que engloba a TLV e a TCC.

FORMAS DOS ORBITAIS d

Para entendermos os diferentes modelos teóricos desenvolvidos, é necessário


conhecermos as formas e orientações dos orbitais d no espaço. Os cinco orbitais d não são
idênticos e podem ser divididos em dois grupos: eg e t2g

17
TEORIA DA LIGAÇÃO DE VALÊNCIA (TLV)
Segundo Pauling, a formação de um complexo pode ser vista como uma reação entre
um ácido de Lewis (espécie central) e uma base de Lewis (ligante), formando uma ligação
covalente coordenada entre essas espécies. Portanto, os ligantes são doadores de pares de
elétrons e a espécie central um receptor de elétrons.
Para explicar a geometria dos compostos, Pauling propôs que os orbitais atômicos da
espécie central sofram hibridização, de tal forma que os novos orbitais atômicos híbridos (OAH)
tenham a simetria do complexo. Os elétrons doados pelos ligantes ocupam esses OAH
formados. Então, pares de elétrons doados pelos ligantes, entram em OAH do íon central. Mas
em quais orbitais? Isto depende do número de coordenação e da geometria do complexo. Para
justificar a geometria conhecida dos compostos de coordenação, Pauling propôs as
hibridizações:
NC Geometria Hibridização Exemplo
2 Linear sp [Cu(NH3)2]+
4 Tetraédrica sp3 [Zn(NH3)4]+2
4 Quadrática dsp2 [Ni(CN)4]-2
6 Octaédrica d2sp3 ou sp3d2 [Cr(NH3)6]+3

NC = nº de orbitais atômicos híbridos


Regras para determinar o número de orbitais atômicos híbridos:
1º) Determinar o número de coordenação. Se for 4, saber a geometria e/ou magnetismo.
2º) Determinar a carga do metal e o número de elétrons de valência.
3º) Colocar os elétrons de valência nos orbitais de menor energia disponíveis. Se for o caso,
emparelhados.
É necessário ter a informação experimental a respeito do nº de elétrons
desemparelhados, pois somente com esta informação é que podemos saber quais orbitais
atômicos d estão disponíveis para participarem da hibridização e receberem os pares de
elétrons dos ligantes.

18
19
Limitações da TLV: a TLV foi muito popular durante 20 anos, pois ela racionalizou as
geometrias e propriedades magnéticas observadas nos complexos. Entretanto, não foi capaz
de prevê-las nem de justificá-las.

• Não pode explicar porque alguns complexos de Ni(II) são octaédricos e outros
tetraédricos
• Porque alguns ligantes formam complexos mais estáveis que outros?
• Não explica a cor e as características espectrais dos complexos
• Existe um problema adicional: devido à doação de elétrons dos ligantes para o átomo
central, esse fica excessivamente negativo, o que não é normal para um metal.

A TLV que durante 30 anos foi a teoria utilizada para elucidar a ligação em compostos de
coordenação e foi o primeiro modelo teórico que explicou várias propriedades destes pode ser
criticada em dois pontos fundamentais:

1º) A doação de elétrons dos ligantes para os orbitais atômicos do metal acarretaria em um
excesso de carga negativa no metal. Pauling contra argumentou da seguinte forma:

- Os átomos doadores no ligante podem ser altamente eletronegativos e os elétrons não seriam
igualmente compartilhados entre o metal e o ligante. Logo, os elétrons ficam mais próximos do
ligante do que do metal, o que contribui para não produzir carga muito negativa sobre o átomo
metálico central.

- No caso de compostos formados por moléculas como CO, NO, etc., que possuem menor
eletronegatividade que o flúor, pode haver estabilidade mesmo com o metal em baixo estado
de oxidação. A estabilidade decorre do fato de o metal poder diminuir sua carga negativa
mediante retrodoação de elétrons dos orbitais d do metal para os orbitais pi antiligantes vazios
do ligante. (Ni-CO≡O ↔ Ni+=C=O-) estruturas de ressonância.

2º) A TLV não explica a cor dos metais de transição, pois considera os orbitais d do metal
degenerados.

TEORIA DO CAMPO CRISTALINO (TCC)

Essa teoria postula que a única interação existente entre o íon central e os ligantes é de
natureza eletrostática, onde os ligantes são considerados cargas pontuais. Esse modelo não
espelha fielmente a realidade, pois os ligantes têm tamanhos pelo menos comparáveis ao da
espécie central e evidências experimentais mostram que as ligações possuem certo caráter
covalente. Entretanto, a TCC é tão simples e fornece resultados tão razoáveis que sua
discussão torna-se útil.
No modelo da TCC, a interação eletrostática metal-ligante remove parcialmente a
degeneração dos cinco orbitais d que existe no íon metálico isolado.

20
COMPOSTOS OCTAÉDRICOS
Um íon metálico está situado na
origem de um sistema de eixos
cartesianos e seis ligantes
aproximam-se segundo os eixos,
criando um campo elétrico
octaédrico.

Haverá interação eletrostática entre


os elétrons dos orbitais d e os
ligantes, que são considerados
cargas pontuais negativas.

Se os ligantes formassem um campo


esférico em torno do átomo central,
as energias de todos os orbitais d
aumentariam igualmente.

No entanto, em um campo
octaédrico, a interação metal-ligante
não será igual para os cinco orbitais
d.

A interação será maior para os orbitais que têm seus lóbulos dirigidos segundo os eixos
cartesianos (orbitais eg). Essa interação diferenciada implica na remoção parcial da
degenerescência dos orbitais

Na TCC, o para de elétrons do ligante é considerado um ponto de carga negativa que


repele os elétrons dos orbitais d do íon metálico central. Esta abordagem baseia-se no
desdobramento dos orbitais d em grupos de energia diferentes.

A diferença de energia entre os orbitais eg e t2g, qualquer que seja o seu valor em
termos de kJ/mol, é definida como 10Dq ou ∆0 e denomina-se Desdobramento do campo
cristalino.
Considerando que, em relação ao íon num campo elétrico esférico, a energia média dos
orbitais atômicos d deve manter-se constante, cada orbital eg sofre uma desestabilização de 6
Dq (ou 0,6 ∆0) e cada orbital t2g sofre uma estabilização de 4 Dq (ou 0,4 ∆0) para cada elétron.

21
O valor numérico de 10 Dq é uma medida da força
do campo eletrostático. Esse valor pode ser
determinado a partir de dados espectrais e é
característico para cada complexo.

Energia de estabilização do campo cristalino em complexos octaédricos

Vamos considerar o caso mais simples, de um complexo de configuração d1: [Ti(H2O)6]+3. Com
relação ao íon num campo esférico, a energia do elétron d será 4 Dq mais baixa.
E

-4 Dq

Campo Campo
Esférico Octédrico

Essa diferença de energia é denominada de Energia de Estabilização do Campo


Cristalino (EECC). Portanto, para o complexo [Ti(H2O)6]+3 a EECC = -4Dq. Considerando que
para este íon o valor experimental de 10 Dq é 240 kJ/mol, resulta que EECC = -96 kJ/mol, valor
da mesma ordem de grandeza de uma ligação química.
Para um complexo com configuração d2 a EECC = 2 x (-4 Dq) = -8 Dq; para um
complexo com configuração d3 EECC = 3 x (-4 Dq) = -12 Dq. Mas o que vai acontecer com um
complexo com configuração d4? Há em princípio duas alternativas:

E E
t2g4eg0 t2g3eg1

Campo Campo Campo Campo


Esférico Octédrico Esférico Octédrico

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Na primeira alternativa, a EECC = 4 x (-4 Dq) = -16 Dq aumentada de P, onde P é a
energia gasta para forçar o emparelhamento do elétron no mesmo orbital. Portanto:
EECC = -16 Dq + P.
Na segunda alternativa, a EECC = 3 x (-4 Dq) + 1 x 6 Dq = -6 Dq.
A situação energética favorável será preferida e isto vai depender do valor de P e 10 Dq.
10 Dq é uma medida da força do campo. O campo é dito forte se 10 Dq > P. Neste caso,
o 4º elétron ocupará um dos orbitais t2g, situação que corresponde a Spin Baixo. O campo é
dito fraco se 10 Dq < P, e será favorável que o 4º elétron ocupe um dos orbitais eg, situação
que corresponde a Spin Alto.
Campo fraco: pequena diferença de energia entre os orbitais t2g e eg; valor de 10 Dq
pequeno; gera complexos de spin alto.
Campo forte: grande diferença de energia entre os orbitais t2g e eg; valor de 10 Dq
grande; gera complexos de spin baixo.
A tabela que segue relaciona alguns valores de energias correspondentes a 10 Dq e P
envolvendo complexos octaédricos, bem como os spins previstos e observados
experimentalmente.

Configuração íon P (kJ/mol) Ligante 10Dq (kJ/mol) Spin


d5 Mn+2 290 6 Cl- 90 Alto
6H2O 100 Alto
6CN- 360 Baixo

d5 Fe+3 360 6 Cl- 130 Alto


6H2O 170 Alto
6CN- 420 Baixo

d6 Fe+2 230 6H2O 120 Alto


6CN- 390 Baixo

Determinação da energia correspondente a 10 Dq


Vamos considerar o caso mais simples, de um complexo de configuração d1:
[Ti(H2O)6]+3. A energia necessária para promover o elétron do estado fundamental t2g1eg0 para
o estado excitado t2g0eg1 é por definição 10 Dq.
E

10 Dq Transição d-d
eg t2g

Campo Campo
Esférico Octédrico

23
Seu valor pode ser obtido através do espectro de absorção do composto, que mostra a
quantidade de radiação eletromagnética que é absorvida por uma amostra em função do
comprimento de onda. A diferença de energia entre os orbitais d (10 Dq) é da mesma ordem de
grandeza da energia de um fóton de luz visível. É, portanto, possível para um complexo de
metal de transição absorver luz visível, que excita um elétron dos orbitais d de mais baixa
energia para os orbitais d de mais alta energia.

1kJ/mol = 83,7 cm-1 → 10 Dq = 20.300/83,7 = 243 kJ/mol


Para muitos complexos de metais de transição, o valor de 10 Dq corresponde à radiação
na região do visível, o que justifica as cores observadas para estes compostos.
A cor de uma substância iluminada por luz branca resulta da soma dos componentes de
luz que ela não absorve:
• Se ela absorve toda a radiação incidente ela será preta
• Se não absorve nenhuma radiação será branca
• Se absorver todas as cores, exceto o verde, será verde
Mas devem ser consideradas as cores complementares. Uma substância também se
apresentará como verde, se apenas a cor vermelha for absorvida. Diz-se então, que o verde e
o vermelho são cores complementares. Uma substância que só absorve a cor verde será
vermelha.

Para os complexos é necessário considerarmos as


cores complementares, conforme apresentado na roda
das cores.
Assim, a banda de absorção do [Ti(H2O)6]+3, na região
do verde/amarelo faz com que esse complexo exiba a
cor violeta.
É necessário ter elétrons d desemparelhados para
haver transição.

Para complexos com mais de um elétron d é mais complicado obter o valor de 10 Dq,
porque a energia de transição depende não somente das energias dos orbitais, mas também
das energias de repulsão entre os vários elétrons presentes. Este aspecto é mais bem tratado
pela Espectroscopia Eletrônica para os complexos.

Fatores que influenciam o valor de 10 Dq


a) Número de oxidação do metal → Uma carga positiva elevada no íon metálico fará com
que ele atraia fortemente os ligantes aniônicos ou polares, aumentando a interação
eletrostática entre eles e os elétrons nos orbitais d. Isto significa que quanto maior o

24
número de oxidação do íon metálico, maior o valor de 10 Dq. Um nº de oxidação +3 já é
bastante elevado, de modo que os complexos desses íons são de spin baixo, na maioria
dos casos.
b) Período do metal → quanto maior o período, maior o valor de 10 Dq. Aumenta ao se
descer no grupo, pois como n é maior os elétrons d podem ser acomodados mais
facilmente.
c) Simetria do campo ligante → O valor de 10 Dq depende do número de ligantes de seu
arranjo em torno da espécie metálica. Em princípio, quanto maior o número de ligante,
mais forte o campo. Por isso 10 Dq para complexos octaédricos é maior que para os
tetraédricos.
d) Natureza do ligante → O parâmetro de desdobramento do campo ligante varia
sistematicamente de acordo com a identidade do ligante. A evidência empírica para esta
tendência foi a observação, pelo químico japonês R. Tsuchida, de que há certas
regularidades no espectro de absorção à medida que os ligantes de um complexo são
variados. Por exemplo, nas séries dos complexos [CoX(NH3)5]+n com X= I-, Br-, Cl-, H2O
e NH3 as cores mudam de púrpura intenso (para X= I-) para o rosa (para X= Cl-) e para o
amarelo (para X= NH3). Esta observação indica que há um aumento na energia de
transição eletrônica de mais baixa à medida que os ligantes variam ao lonog da série.
Esta variação é bastante geral, já que a mesma ordem dos ligantes é seguida
independente da identidade do íon metálico. Baseado nestas informações, Tsuchida
propôs que os ligantes poderiam ser arranjados em uma série espectroquímica.

I-<Br-<S-2<Cl-<NO3-<F-<OH-<EtOH<Ox<H2O<EDTA<Py=NH3<em<Dipy<NO2-<PPh3<CN-<CO
Campo Fraco Campo Forte

Nessa série o íon I- é o ligante de campo mais fraco e a molécula de CO o de campo


mais forte. Para complexos de um mesmo íon, os valores de 10 Dq variam de acordo com a
posição do ligante na série espectroquímica.

COMPOSTOS TETRAÉDRICOS

Para melhor visualizar a coordenação tetraédrica,


podemos imaginá-la como derivada da
coordenação cúbica, onde apenas 4 ligantes se
aproximam do íon metálico segundo os vértices
do cubo. É conveniente escolher os eixos
coordenados de tal forma que eles passem
exatamente pelos centros das faces do cubo e,
portanto, pelos centros das arestas do tetraedro
que resulta.

Percebe-se que nenhum dos ligantes está


exatamente na direção dos orbitais. Entretanto,
eles se aproximam mais dos orbitais dxy, dxz e
dyz do que os orbitais dx2-y2 e dz2.

25
O diagrama de níveis de energia correspondente é
o inverso da coordenação octaédrica.
O desdobramento do campo cristalino é menor.
Por isto, até hoje só foram encontrados complexos
com spin alto (campo fraco).
O tetraedro não contém um centro de simetria, de
modo que os índices “g” e “u” não se aplicam.

10Dq tetraédrico = 4/9 10Dq octaédrico

Metais com configuração d0, d5 (spin alto) e d10

COMPOSTOS QUADRÁTICOS
Os complexos quadráticos, onde 4 ligantes estão arranjados ao redor do íon metálico
em um plano podem ser visualizados como formados pela remoção de dois ligantes ao longo
do eixo z do complexo octaédrico.
O orbital dz2 é agora mais baixo em energia do que o dx2-y2, porque os ligantes ao longo
do eixo z foram removidos. Os complexos quadráticos são característicos de íons metálicos
com configuração d8. São quase sempre de spin baixo e diamagnéticos.

A formação de espécies quadrado planares pode esclarecer o comportamento químico


de alguns elementos. Dos constituintes do grupo 11 (Cu, Ag e Au), o cobre é o mais estável no
nox +2 e o ouro nos nox +1 e +3. Isso ocorre porque no estado +2, o orbital dx2-y2 fica com 1
elétron. Como no ouro esse orbital é mais energético do que no cobre, o elétron dx2-y2 pode
ser facilmente removido com o ouro passando de +2 para +3 formando assim compostos
quadrados planares e estabilizando o sistema.

EFEITO JAHN-TELLER (DISTORÇÕES TETRAGONAIS DA GEOMETRIA OCTAÉDRICA)

Quando a distância metal-ligante, segundo o eixo z, é diferente das distâncias segundo


os outros dois eixos diz-se que o complexo sofreu uma distorção tetragonal da geometria
octaédrica. Em geral, essas distorções não são favorecidas, pois diminuem a energia de
ligação metal-ligante. Entretanto, elas provocam um desdobramento secundário dos orbitais d,
o que pode resultar uma energia de estabilização extra para o complexo.

26
Enunciado: “Se a configuração eletrônica fundamental de um complexo não linear apresenta
degenerescência orbital, o complexo distorcerá para remover a degenerescência e alcançar
menor energia.”

Alongamento do eixo z Alongamento segundo os eixos x-y

Suponhamos que em um complexo octaédrico os ligantes segundo o eixo z estejam um


pouco mais afastados, correspondendo a um complexo alongado nessa direção. A interação
eletrostática entre os ligantes e os orbitais dx2-y2 e dz2 não será mais a mesma. Resulta que a
degeneração desses orbitais é removida.
Em relação ao nível de energia de eg, a energia de dz2 diminui de 1/2ᵟ1: com o
afastamento dos ligantes do eixo z fica menor a interação entre ligantes e orbitais nessa
direção. A energia de dx2-y2 aumenta de idêntica quantia mantendo constante a energia média
desses dois orbitais.
Ocorre simultaneamente uma remoção parcial da degeneração dos orbitais t2g. Os
orbitais dxz e dyz, com componente segundo o eixo z, são relativamente estabilizados (1/3ᵟ2)
em relação a energia de t2g, enquanto dxy é instabilizado (2/3ᵟ2).
E

dx2-y2 +1/2δ1
δ1
eg −1/2δ1
dz2
dxy
+2/3δ2
δ2
t2g −1/3δ2
dxz dyz

Campo octaédrico Distorção tetragonal


perfeito alongamento segundo o eixo z
Se 1, 2 ou 3 elétrons ocupam o orbital eg, uma distorção tetragonal pode ser vantajosa.
Para um complexo d9 tal distorção deixa 2 elétrons estabilizados e 1 elétron desestabilizado.
Em cada caso a distorção diminui a energia total.

Se em vez de alongamento houver uma compressão ao longo do eixo z, o


desdobramento secundário dos orbitais d será o inverso.

27
E

dz2 +1/2δ1
δ1
eg −1/2δ1
dx2-y2

dxz dyz +1/3δ2

t2g δ2
−2/3δ2

dxy
Campo octaédrico Distorção tetragonal
perfeito alongamento segundo os eixos xe y

Se em um complexo octaédrico os elétrons d estiverem disposto simetricamente, a


respulsão sentida por todos os seis ligantes será a mesma. Caso os elétrons d estejam
distribuídos assimetricamente, eles repelirão com maior intensidade alguns ligantes do
complexo que outros. Portanto, a estrutura do complexo será distorcida, pois alguns ligantes
serão impedidos de se aproximarem do metal tanto quanto outros.
Os orbitais eg são normalmente degenerados. Contudo, se eles estiverem
assimetricamente preenchidos, este caráter degenerado será destruído. Se o orbital dz2 tiver
um elétron a mais que o dx2-y2, os ligantes que se aproximarem pelas direções +z e –z terão
uma dificuldade maior que os outros quatro ligantes. A repulsão e consequente distorção levam
a um alongamento do octaedro segundo o eixo z.
Se o elétron adicional estiver no orbital dx2-y2 o alongamento ocorrerá segundo as
direções x e y. Isso significa que os ligantes que se encontram ao longo do eixo z poderão se
aproximar mais.
O efeito Jahn-Teller identifica uma geometria instável, ela não prevê a distorção
preferida. Dois tipos de distorções podem ocorrer: alongamento do eixo z ou dos eixos x e y.
Qual distorção ocorre na prática é uma questão energética, não de simetria. Entretanto, como o
alongamento axial enfraquece somente duas ligações, enquanto o alongamento no plano
enfraqueceria quatro ligações, o alongamento axial é mais comum que a compressão axial.
O efeito Jahn-Teller pode ser evidenciado nos espectros de absorção dos complexos.
Para o complexo [Ti(H2O)6]+3 há a presença de um ombro a 16.000 cm-1, próxima a banda
20.300 cm-1. Para o complexo [CoF6]-3 as separações das bandas causadas pela distorção
tetragonal é grande a ponto de fazer aparecer dois picos bem diferenciados.

28
Evidência do efeito Jahn-Teller no complexo [Ti(H2O)6]+3.

Espectro de UV-visível para o complexo [Ti(H2O)6]+3.


A presença do efeito Jahn-Teller é mais intensa em compostos nos quais o átomo
central tenha assimetria na configuração eletrônica dos orbitais eg, especialmente os de
configuração d9, pois possibilita uma estabilização adicional. Abaixo são apresentadas as
configurações eletrônicas passíveis do efeito Jahn-Teller.
CONFIGURAÇÃO d EFEITO JAHN-TELLER CONDIÇÃO DE EXISTÊNCIA
d0 Não existe Nenhuma
d1 Existe Com qualquer ligante
d2 Existe Com qualquer ligante
d3 Não existe Nenhuma
d4 Existe Com qualquer ligante
d5 Existe Spin baixo
d6 Existe Spin alto
d7 Existe Com qualquer ligante
d8 Não existe Nenhuma
d9 Existe Com qualquer ligante
d10 Não existe Nenhuma

29
LIMITAÇÕES DA TCC
A TCC é bem sucedida em explicar as formas dos complexos, de seus espectros, de
suas propriedades magnéticas e de sua estabilidade. A desvantagem é o fato de ela ignorar as
evidências de que interações covalentes ocorrem em muitos complexos:
• Compostos com o metal no estado de oxidação zero e com ligantes não aniônicos como
[Ni(CO)4], não apresentam nenhuma atração eletrostática entre o metal e os ligantes.
Portanto, a ligação deve ser covalente.
• A ordem dos ligantes na série espectroquímica não pode ser explicada apenas
considerando-se as forças eletrostáticas. Por exemplo: porque H2O é um ligante de
campo mais forte que OH-? Porque CO é um ligante de campo mais forte de todos se é
uma molécula neutra e com momento dipolar igual a zero?

• Há evidências fornecidas pelas técnicas de RMN e Ressonância paramagnética


Eletrônica de que existe densidade eletrônica de elétrons desemparelhados nos
ligantes. Isso sugere o compartilhamento de elétrons e, portanto, um grau de covalência.

TEORIA DO CAMPO LIGANTE (TCL)

A TCC fornece um modelo conceitual simples e pode ser usada para interpretar
espectros e dados termoquímicos apelando para os valores empíricos de 10 Dq. Entretanto, a
teoria é deficiente, porque trata os ligantes como cargas pontuais ou dipolos e não leva em
consideração a sobreposição dos orbitais dos ligantes e do metal.
A TCL é uma aplicação do TOM que se concentra nos orbitais d do metal e fornece uma
ferramenta mais substancial para o entendimento de 10 Dq. A estratégia para descrever o
orbital molecular de um complexo metálico segue procedimentos similares aos descritos para
moléculas poliatômicas do grupo representativo: os orbitais de valência do metal e do ligante
são usados para gerar combinações lineares formadas por simetria (CLFS) e usando as
energias empíricas e as considerações de sobreposição estimar as energias relativas dos OM.
A abordagem inicial da TOM para complexos octaédricos pode ser resumida nos
seguintes passos:
1º) Identificar os orbitais atômicos de valência
2º) Combinar os orbitais atômicos de modo a obter OML e OMAL

Formação da ligação sigma (σ)

No modelo de ligação do OM, os orbitais atômicos de mesma simetria, energias


similares e cujo recobrimento é significativo combinam-se para formar um número igual de
orbitais moleculares. Estes OM não se encontram mais localizados sobre um átomo específico
e podem estar deslocalizados sobre vários átomos. No caso de um complexo octaédrico de
metal de transição, a situação é mais complicada, pois devem ser considerados os 9 orbitais da
camada de valência (1 ns, 3 np e 5 (n-1)d) além dos 6 orbitais do tipo sigma dos ligantes.
Assim teremos 15 orbitais atômicos de valência. Contudo, a abordagem é basicamente a
mesma e envolve a interação das combinações dos orbitais dos ligantes com os orbitais da
camada de valência do metal e de igual simetria para formar o OM ligante e anti-ligante.
O resultado da incorporação dos 15 orbitais moleculares criados a partir dos 9 orbitais
da camada de valência do metal e dos 6 orbitais tipo sigma do ligante são apresentados em um
diagrama de níveis de energia de orbital molecular.

30
Os OM são ocupados pelos elétrons
segundo a ordem crescente de suas
energias, respeitando o Princípio de
Pauling e a Regra de Hund.

Cada ligante contém 2 elétrons, que é


o mesmo númeor de elétrons doados
pelos ligantes bases de Lewis da TLV.

Os níveis de energia t2g e eg são


correspondentes aos níveis da TCC.

A diferença de energia entre t2g e eg


foi definida na TCC como 10 Dq.
Assim, os resultados qualitativos da
TOM e da TCC são semelhantes e
com explicações análogas para o
magnetismo dos complexos e suas
propriedades espectroscópicas.

Quanto maior a superposição dos orbitais atômicos mais estáveis serão os OML e mais
instáveis serão os OMAL. Com isto, maior será a diferença d energia correspondente a 10 Dq.
Assmi, segundo a TCL, os complexos serão de spin alto ou baixo dependendo do quão
eficientes são as ligações covalentes entre o metal e os ligantes.

Suposições das energias relativas dos orbitais:

1º) As energias dos orbitais da camada de valência dos metais serão maiores que as dos
orbitais cheios do tipo sigma dos átomos doadores os quais são mais eletronegativos que os
metais;
2º) Os orbitais moleculares pode ser dispostos na seguinte ordem de energia: OM ligantes
abaixo dos OMNL e estes abaixo dos OMAL;
3º) Os orbitais ns e np da camada de valência do metal terão maior alcance que os orbitais (n-
1)d e, portanto, apresentarão maior recobrimento e maior interação.

A seguir têm-se alguns exemplos:

31
No diagrama de OM há dois OMAL eg* que, junto com os orbitais t2g, abrangem os OM
equivalentes aos níveis eg e t2g no modelo da TCC. Desta maneira, o modelo do OM contém o

32
modelo TCC, mas existe uma diferença fundamental entre os dois. No modelo de OM, a
ocupação dos orbitais eg* opõe-se à ligação oriunda da ocupação do nível ligante eg de menor
energia. Desta maneira, em um complexo octaédrico de um íon d10 como Zn+2, no qual os
orbitais eg* se encontram totalmente ocupados com quatro elétrons, a ordem de ligação sigma
efetiva seria 4 e não 6. Na prática, os complexos dos íons d10 são normalmente tetraédricos em
vez de octaédricos.
Uma vez que o diagrama de níveis de energia dos OM tenha sido estabelecido, o
princípio do preenchimento pode ser usado para chegar à configuração eletrônica do estado
fundamental do complexo. Lembrando que os elétrons d estão confinados ao metal (orbitais t2g
e eg*) enquanto os elétrons dos ligantes estão nos OM ligantes.

Formação da ligação pi (π)

Embora o modelo de OM desenvolvido até este ponto contenha as características


encontradas no modelo TCC, ele ainda não explica a observação de que F- é um ligante de
campo fraco, enquanto o CO neutro é um ligante de campo forte. Para que seja capaz de
explicar essa observação, é preciso nele incluir outros orbitais associados aos átomos
doadores dos ligantes, particularmente aqueles que podem participar de ligações pi (π). Tais
ligações podem ser feitas entre orbitais d do metal com orbitais p ou d do átomo coordenante,
ou, ainda, com orbitais π antiligantes do ligante. Para isso, o requisito necessário é que os
orbitais envolvidos tenham simetria adequada.

Utilizando-se das definições de simetria que serão mais bem abordadas na teoria de
grupo, os orbitais dos ligantes que possuem simetria adequada para interagir com qualquer um
dos orbitais d do metal de simetria t2g são os orbitais p do tipo π e também de simetria t2g. Esta
interação produz os OM t2g e t2g*.

Com a formação das ligações pi poderemos justificar as posições de vários ligantes na


série espectroquímica. Para isto, devemos classificar os ligantes como π-receptores e π-
doadores.

Ligantes π-doadores (L→M)

É um ligante que antes que qualquer ligação com o metal seja considerada, possui
orbitais preenchidos de simetria pi ao longo do eixo M-L. As energias deste orbitais são
normalmente próximas, mas um pouco mais baixas em relação àquelas dos orbitais d do metal.
É comum os ligantes deste tipo não possuírem orbitais π vazios de baixa energia. O efeito dos
orbitais t2g do ligante na formação da ligação pi com os orbitais t2g do metal, é levar a um
decréscimo de 10 Dq, por deixar o orbital t2g* mais próximo do orbital eg*.

Em resumo, o ligante possui orbitais preenchidos que interagem com os orbitais


atômicos t2g do metal formando ligações pi. Logo, há transferência de elétrons do ligante para
o metal. A ligação sigma também transfere densidade eletrônica para o metal. Esta ligação é
favorecida quando o átomo central está num estado de oxidação elevado e com deficiência de
elétrons. Estes orbitais preenchidos dos ligantes costumam ter menor energia que t2g e esta
interação pi diminui o valor de 10 Dq.
π

M
π

33
Ligantes π-receptores (M→L)

É um ligante que possui orbital π completo em energia mais baixa (normalmente) do que
os orbitais t2g do metal; ele também possui orbital π* vazios que possui energia mais alta que
os orbitais d do metal.
Este tipo de ligante como o CO, N2, PPh3, NO, etc., aceitam densidade eletrônica do
centro metálico. O resultado final é que 10 Dq aumenta pela interação π-receptora. Esta
interação onde o ligante aceita densidade eletrônica do metal é chamada de retrodoação. Isto
normalmente ocorre com centros metálicos que possuem uma grande densidade eletrônica e
os ligantes possuem orbitais atômicos vazios com simetria adequada para interagir com o
orbital t2g do metal formando a ligação pi.

34
π)
AVALIAÇÃO DO PAPEL DA LIGAÇÃO PI (π
A ordem dos ligantes na série espectroquímica deve-se parcialmente às forças com os
quais eles podem participar na ligação sigma M-L. Por exemplo, ambos CH3- e H- estão
localizados próximos do final da série espectroquímica porque eles são doadores sigma muito

35
fortes. Entretanto, quando a ligação pi é significativa, ela tem uma influência forte no valor de
10 Dq: ligantes pi doadores levam a um decréscimo de 10 Dq e ligantes pi receptores levam a
um aumento de 10 Dq. Este efeito é responsável pelo CO estar localizado no final da série
espectroquímica e o OH- no início. A ordem global da série espectroquímica, grosso modo,
pode ser interpretada como que dominada pelos efeitos pi e, em geral, a série pode ser
interpretada por:
Aumento de 10 Dq → π-doador< π-doador fraco < nenhum efeito π < π-receptor
A LIGAÇÃO SINÉRGICA E O PRINCÍPIO DA ELETRONEUTRALIDADE
No modelo de orbital molecular consideramos ligação M-L nos complexos octaédricos,
de modo a avaliar os efeitos da ligação pi no parâmetro de desdobramento do campo cristalino.
Entretanto, às vezes torna-se mais simples examinar uma única unidade metal-ligante ao se
considerarem as interações M-L. Esse exame é útil na discussão do princípio da
eletroneutralidade, segundo o qual a carga em um centro metálico em um complexo deveria
ser mais ou menos igual a zero, após se levar em consideração a doação eletrônica dos
ligantes.
Em uma ligação sigma puramente covalente entre o íon metálico e o átomo doador do
ligante, os dois elétrons poderiam ser igualmente distribuídos, um para o metal e outro para o
ligante. Isso implicaria que um íon como o Co+3 com seis ligantes receberia um elétron de cada
ligante e sua carga líquida seria -3, violando o princípio da eletroneutralidade. Normalmente, as
ligações dativas são muito polares e os átomos doadores, sendo os mais eletronegativos,
reteriam mais densidade eletrônica. Portanto, a transferência líquida de ½ elétron por ligante,
dando um centro de cobalto neutro pareceria razoável. Infelizmente, esse raciocínio não
funciona para os complexos de metais de transição em estado de oxidação baixo como o
[Cr(CO)6]. Nesse composto, o seu estado de oxidação é zero e assim, a doação de elétrons
pelos ligantes parece inaceitável. Entretanto, se os ligantes forem capazes de aceitar carga dos
orbitais d ocupados do metal em seus orbitais π*, a doação sigma dos ligantes para o metal
poderá ser compensada, pelo menos parcialmente, pela retrodoação pi do metal para os
ligantes.

Tal tipo de interação é conhecido como ligação sinérgica ou retrodoação, já que a


doação sigma de carga ligante é reforçada pela retrodoação pi do metal para o ligante. Em um
modelo de ligação de valência, essa situação poderia ser representada pelas contribuições das
formas de ressonância M-−C≡O+ e M=C=O à ligação.
No modelo do orbital molecular, isto corresponde à situação em que os orbitais t2g, de
menor energia e onde residem os elétrons do metal, têm caráter de ligante, de modo que a
carga parece se expandir do metal em direção aos ligantes. Essa expansão da nuvem
eletrônica é conhecida como efeito nefelauxético. Tal efeito é observado nas medidas
espectroscópicas e mostra que as repulsões elétron-elétron no íon metálico em alguns
complexos são significativamente menores que nos íons metálicos não complexados (íons
livres). O abaixamento da energia dos OM t2g ocupados, como resultado das interações com
os orbitais π* dos ligantes, significa que há uma interação adicional M-L, apesar de os orbitais
π* dos ligantes serem antiligantes com respeito à interação C-O. A retrodoação de carga M→L
fortalece a ligação M-L, mas enfraquece a ligação C-O, através do preenchimento dos orbitais
antiligantes da molécula de CO.

36
São várias as evidências experimentais da ligação sinérgica, mas a evidência mais
direta é a proveniente dos estudos espectroscópicos no infravermelho (IV) de ligantes
coordenados como o CO. A freqüência de estiramento da ligação C-O do CO livre, γmax. (CO), é
2147 cm-1, resultante da ordem de ligação igual a 3. O valor de γmax. (CO) é uma medida da
força da ligação C-O; à medida que a ordem de ligação vai reduzindo pela retrodoação, o valor
de γmax. (CO) também deve diminuir. Este é exatamente o comportamento observado para as
carbonilas metálicas binárias, sendo que quanto mais baixo for o estado de oxidação formal do
metal mais baixo será o valor de γmax. (CO).
De fato, quanto mais baixo é o estado de oxidação do metal, maior é sua capacidade de
doar carga aos orbitais π* do ligante CO e menor é a OL do CO. Outros ligantes deste tipo
como N2, NO, CN- e RC≡C- comportam-se de maneira semelhante.
Outro tipo de ligantes que também podem receber certa densidade eletrônica através da
retrodoação são as organofosfinas R3P. Os primeiros modelos a descreverem a ligação destes
ligantes sugeriram que os orbitais d vazios do fósforo eram os orbitais receptores π, mas
estudos mais recentes mostraram que algumas combinações de orbital σ* (com relação às
ligações P-C) interagem melhor com os orbitais cheios do tipo π do metal.
Outro conjunto de dados interessantes refere-se às carbonilas metálicas do tipo
[M(CO)3L3] nas quais os ligantes L ficam em posições trans em relação às carbonilas e
competem com elas pelos elétrons do elemento central, provocando mudanças nas
freqüências de vibrações C-O. Dependendo de L ser mais forte ou mais fraco do que o CO
como π-aceptor, as ligações entre o metal e os dois ligantes ficarão entre os limites: L=M−C=O
e L−M=C=O.
Ordem decrescente de π-aceptores
NO>CO≅RCN≅PF3>PCl3>PCl2OR>PBr2R>PCl(OR)2>PClR2>P(OR)3>PR3≅SR2>RCN>o-
fenantrolina>alquilamina>éteres>alcoóis.

EXERCÍCIOS – COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO

Teorias de Ligação
1) Escreva as configurações eletrônicas dn para os seguintes íons: Mn3+, Co3+, Fe3+, Ni2+, Au+, Cd2+,
Cr2+.
2)O íon Pt4+ forma um composto de coordenação com a fórmula Pt(NH3)4Cl4. O tratamento de um mol
deste composto com AgNO3 dá dois mols de AgCl. Deduza a estrutura do composto e dê a carga do íon
complexo.
3) Determine o número de elétrons, a valência do metal e o número de coordenação para os complexos
abaixo:
a) [Cu(NH3)4]+ b) [NiCl4]2- c) [Co(NH3)6]3+ d) Fe(CO)5 e) [Fe(CN)6]3- f) Cr(CO)6
g) [IrCl(CO)(PPh3)2] h) FeCl2(H2O)2(en) i) Ni(CO)4 j) [Cu(CN)4] k) [Cr(NH3)6]3+
3-

4) Escreva os nomes corretos dos seguintes complexos:


a) Na2[ZnCl4] b) [Ti(H2O)6]Cl3 c) trans-[PtCl2(NH3)4] d) K2[Mn(CN)4(NH3)2]
e) [RuCl(NH3)5]Br2 f) Mg[Ag(CN)2]2 g) [IrCl3(PEt3)3] h) cis-Na3[Cr(CN)4Cl2]
i) [Pt(py)4](NO3)2 j) [CoCl3(NH2CH3)3] k) IrCl(CO)(PPh3)2 l) K[Cr(acac)3]
5) Utilizando a TLV, escreva na forma de diagramas de quadrículas, as configurações eletrônicas em
torno do íon central nos compostos abaixo e informe a geometria do complexo:
a) [PtCl4]2- (complexo diamagnético) b) [NiCl4]2- (complexo paramagnético)
3+ 3-
c) [Co(NH3)6] d) [Mn(CN)6] e) [Mn(ox)3]4- (ox = oxalato (bidentado) – spin alto)

37
6) O complexo [Ni(CN)4]2- é diamagnético e o complexo [NiCl4]2- é paramagnético com dois elétrons
desemparelhados. Já o [Fe(CN)6]3- tem um elétron desemparelhado enquanto o [Fe(H2O)6]3+ têm cinco.
a) Explique esses fatos usando a TLV.
b) Explique esses fatos usando a TCC.
7) Platina e Níquel pertencem à mesma família, no entanto o [NiCl4]2- e o [PtCl4]2- diferem na cor e
propriedades magnéticas. Explique por que isto ocorre.
8) Quais dos complexos abaixo são paramagnéticos?
a) [Rh(NH3)6]3+ b) Cr(CO)6 c) [Ti(H2O)6]3+ d) [Cr(NH3)6]3+ e) [Fe(H2O)6]3+ f) [Fe(CN)6]3-
9) As medidas magnéticas indicam que o [CoF6]3- tem quatro elétrons desemparelhados, enquanto que
o [Co(NH3)6]3+ não têm. Classifique o íon fluoreto e a molécula de amônia como ligante de campo forte
ou fraco.
10) Dê o número de elétrons desemparelhados de cada um dos seguintes complexos:
a) [TiF6]3- b) [FeCl6]3- c) [Fe(CN)6]3+ d) [Zn(NH3)4]2+ e) [Cu(NH3)4]2+ f) [CoF6]3-
11) Por que complexos de alto spin e baixo spin não são observados em complexos octaédricos d3?
12) Por que os complexos de Zn2+ são incolores?
13) Por que para complexos tetraédricos existe apenas campo fraco?
14) Qualifique os seguintes ligantes (campo forte ou campo fraco) de acordo com a série
espectroquímica: NH3, F-, CO, NO3-, S2-, OH- e H2O.
15) Quais os fatores que influenciam 10Dq?
16) Baseado na TCC, faça um diagrama de níveis de energia de orbitais mostrando a configuração dos
elétrons “d” para os seguintes complexos:
a) [Cr(H2O)6]3+ b) [Fe(H2O)6]3+ c) [Ru(NH3)6]3+ d) [Ni(dipy)3]3+ e) [Co(NH3)6]3+ f) [Fe(CN)6]3-
17) Calcule a EECC para os complexos acima.
18) O complexo [Fe(CN)6]4- absorve luz de comprimento de onda 305 nm. Qual o valor (em kJ/mol) do
desdobramento do Campo ligante?
19) Estime o desdobramento do campo ligante para os seguintes complexos, conhecendo o
comprimento de onda de máxima absorção:
a) [CoCl6]3- (λmáx = 740 nm) b) [Cr(NH3)6]3+ (λmáx = 460 nm) c) [Cr(H2O)6]3+ (λmáx = 575 nm)
20)Utilizando o diagrama visto em aula, faça o preenchimento eletrônico dos OAs e dos OM para o íon
[Ti(H2O)6]3+. O complexo é colorido? Qual o comportamento magnético do complexo?
21) Quais os orbitais “d” são usados para formar ligações σ entre os íons metálicos octaédricos e os
ligantes?

22) Quais os orbitais “d” são usados para formar ligações π entre os íons metálicos octaédricos e os
ligantes?
23) Quais as principais diferenças entre a TLV, TCC e TOM?
Isomeria
1) Por que os isômeros cis e trans não são encontrados em complexos tetraédricos?
2) Por que a isomeria ótica não é observada em complexos planares?
3) Que característica estrutural deve possuir um complexo tetraédrico para ser quiral?
4) Desenhe os isômeros geométricos de [Cr(oxo)2(H2O)2]-.
5) Esboce todos os isômeros de complexos quadrados planares MA2BC e MABCD.

38
6) Esboce todos os estereoisômeros de cada um dos seguintes complexos octaédricos:
a) [CoCl2(NH3)4]+ b) [CoCl3(NH3)3]

7) O complexo de Ni(II), [NiCl2(PPh3)2] é paramagnético. Um complexo análogo a esse só que de Pd(II)


é diamagnético. Explique. Ache o número de isômeros que devem existir para cada um desses
complexos.
8) Dos dois complexos octaédricos, [Co(en)3]3+ e [Co(NH3)6]3+, o quelato é muito mais estável, apesar de
que nos dois complexos os seis átomos de nitrogênio estão ligados ao cobalto. Explique.

GABARITO – COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO


Teorias de Ligação
1) Na formação do cátion os elétrons “s” sempre são perdidos antes dos elétrons “d”.
Mn3+: [Ar] 3d4 Co3+: [Ar] 3d6 Fe3+: [Ar] 3d5 Ni2+: [Ar] 3d8
+ 10 2+ 10 2+ 4
Au : [Xe] 5d Cd : [Kr] 4d Cr : [Ar] 3d
2) Se precipitam 2 mols de AgCl, significa que 2 Cl- estão na esfera externa de coordenação:
[PtCl2(NH3)4]Cl2 – Cátion Octaédrico com carga +2.
3) a) E = 18 elétrons V = +1 NC = 4
b) E = 16 elétrons V = +2 NC = 4
c) E = 18 elétrons V = +3 NC = 6
d) E = 18 elétrons V=0 NC = 5
e) E = 17 elétrons V = +3 NC = 6
f) E = 18 elétrons V=0 NC = 6
g) E = 16 elétrons V = +1 NC = 4
h) E = 18 elétrons V = +2 NC = 6
i) E = 18 elétrons V=0 NC = 4
j) E = 18 elétrons V = +1 NC = 4
k) E = 15 elétrons V = +3 NC = 6
4) a) tetraclorozincato(II) de sódio b) cloreto de hexaaquotitânio(III)
c) trans-tetraaminodicloroplatina(II) d) diaminotetracianomanganato(II) de potássio
e) brometo de pentaaminorutênio(III) f) dicianoargentato(I) de magnésio
g) triclorotris(trietilfosfino)irídio(III) h) cis-tetracianodiclorocromato(II) de sódio
i) nitrato de teraquis(piridino)platina(II) j) triclorotris(metilamino)cobalto(III)
k) carbonilclorobis(trifenilfosfino)irídio(III) l) tris(acetilacetonato)cromato(II) de potássio
5) a) hibridização dsp2 5d8 (e- do metal) 4 OA dsp2 (e- dos ligantes)
↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
b) hibridização sp3 3d8 (e- do metal) 4 OA sp3 (e- dos ligantes)
↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
c) hibridização d2sp3 3d6 (e- do metal) 6 OA d2sp3 (e- dos ligantes)
↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
d) hibridização d2sp3 3d4 (e- do metal) 6 OA d2sp3 (e- dos ligantes)
↑↓ ↑↓ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
e) hibridização sp3d2 3d5 (e- do metal) 6 OA sp3d2 (e- dos ligantes)
↑ ↑ ↑ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
6) a) TLV:
[Ni(CN)4]2- - Ni2+: [Ar] 3d8 – os 8 elétrons ficam emparelhados em 4 OA 3d liberando o 5º OA 3d para
participar da hibridização dsp2 que vai gerar 4 OA híbridos que realizarão lig. cov. coordenada com os 4
ligantes; complexo quadrado planar diamagnético
[NiCl4]2- - Ni2+: [Ar] 3d8 – os 8 elétrons ocupam os 5 OA 3d (2 elétrons ficam desemparelhados) e ocorre
hibridização sp3 que vai gerar 4 OA híbridos tetraédricos que realizarão lig. cov. coordenada com os 4
ligantes; complexo tetraédrico paramagnético
[Fe(CN)6]3- - Fe3+: [Ar] 3d5 – complexo baixo spin; ocorre hibridização d2sp3 e para isso é preciso liberar
2 OA 3d – os 5 elétrons ficam em apenas 3 dos OA 3d e um deles fica desemparelhado.

39
[Fe(H2O)6]3- - Fe3+: [Ar] 3d5 – complexo alto spin; ocorre hibridização sp3d2 e os 5 elétrons ficam todos
desemparelhados nos 5 OA 3d
b) TCC:
[Ni(CN)4]2- - Ni2+: [Ar] 3d8 – complexo quadrado planar; geometria QP é favorecida em complexos com
NC = 4 e ligantes de campo forte como o CN- (ligante pequeno). A configuração fica:
3dxz2 3dyz2 3dz22 3dxy2 – todos os elétrons ficam emparelhados e o complexo é diamagnético
[NiCl4]2- - Ni2+: [Ar] 3d8 – complexo tetraédrico; NC = 4 com ligante de campo fraco e volumoso. Sua
configuração fica: eg4 t2g4 (2 elétrons desemparelhados) – complexo paramagnético
[Fe(CN)6]3- - Fe3+: [Ar] 3d5 – NC = 6 (complexo octaédrico) e ligante de campo forte: complexo baixo
spin. Sua configuração fica: t2g5 (1 elétron desemparelhado)
[Fe(H2O)6]3- - Fe3+: [Ar] 3d5 – NC = 6 (complexo octaédrico) e ligante de campo fraco: complexo alto
spin. Sua configuração fica: t2g3 eg2 (5 elétrons desemparelhados)
7) [NiCl4]2- Ni2+: [Ar] 3d8 1º período de transição
2-
[PtCl4] Pt2+: [Ar] 5d8 3º período de transição
Ni e Pt são da mesma família, mas o complexo [NiCl4]2- é tetraédrico e apresenta paramagnetismo
devido a 2 elétrons desemparelhados nos 5 OA 3d (exercício 6) enquanto o complexo [PtCl4]2- é
quadrado planar e é diamagnético porque tem todos os elétrons emparelhados nos 4 OA 5d que não
participam da hibridização dsp2. À medida que aumenta o período de transição do metal, aumenta a
tendência de serem formados complexos quadrados planares para NC = 4.
8) a) átomo central: Rh3+ [Ar] 4d6 – carga +3, 2º período de transição, ligante de campo forte: complexo
baixo spin – configuração t2g6 (nenhum e- desemparelhado; diamagnético)
b) átomo central: Cr0 [Ar] 4d6 – ligante de campo muito forte (CO): complexo baixo spin – configuração
t2g6 (nenhum e- desemparelhado; diamagnético)
c) átomo central: Ti3+ [Ar] 4d1 – não importa qual seja o ligante, sempre haverá 1 e- desemparelhado;
paramagnético
d) átomo central: Cr3+ [Ar] 4d3 – não importa qual seja o ligante, sempre haverá 3 e- desemparelhados;
paramagnético
e) átomo central: Fe3+ [Ar] 4d5 – carga +3, 1º período de transição, ligante de campo fraco: complexo
alto spin – configuração t2g3 eg2 (5 e- desemparelhados; paramagnético)
f) átomo central: Fe3+ [Ar] 4d5 – carga +3, 1º período de transição, ligante de campo muito forte:
complexo baixo spin – configuração t2g5 (1 e- desemparelhado; paramagnético)
9) Co3+: [Ar] 3d6
F-: ligante de campo fraco; configuração t2g4 eg2 (4 elétrons desemparelhados)
NH3: ligante de campo forte; configuração t2g6 (nenhum elétron desemparelhado)
10) a) Ti3+: [Ar] 3d1 1 elétron desemparelhado
b) Fe3+: [Ar] 3d5 ligante de campo fraco; alto spin - 5 elétrons desemparelhados
c) Fe3+: [Ar] 3d5 ligante de campo forte; baixo spin - 1 elétron desemparelhado
d) Zn2+: [Ar] 3d10 nenhum elétron desemparelhado
e) Cu2+: [Ar] 3d9 1 elétron desemparelhado
f) Co3+: [Ar] 3d6 ligante de campo fraco; alto spin - 4 elétrons desemparelhados
11) Seja o ligante de campo forte ou de campo fraco, os complexos octaédricos d3 terão sempre a
configuração eletrônica t2g3, com 3 elétrons desemparelhados.
12) Zn2+: [Ar] 3d10 – os OA 3d estão completamente preenchidos e, portanto, não ocorre transição
eletrônica envolvendo 10Dq com absorção de luz na faixa do visível.
13) 10Dq em complexos tetraédricos é sempre menor do que 10Dq em complexos octaédricos, e os
complexos tetraédricos serão sempre alto spin devido ao campo fraco. Isto ocorre não só porque são
apenas 4 ligantes, ao invés dos 6 ligantes dos complexos octaédricos, mas também pelo fato destes 4
ligantes não estarem apontando diretamente na direção dos orbitais “d”. Com isto, o desdobramento
dos orbitais será menor.
14) Campo Forte: NH3 e CO Campo Fraco: F-, NO3-, S2-, OH- e H2O
15) a) Simetria do Campo Ligante: Quanto maior o nº de ligantes, mais forte o campo. Quando os
ligantes apontarem diretamente na direção dos OA “d”, também o campo será mais forte e 10Dq maior.

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b) Nº de Oxidação do Metal: Quanto maior o NOX do metal,maior a atração pelos ligantes e maior o
desdobramento dos OA “d” e maior 10Dq.
c) Período do Metal na Classificação Periódica: Quanto maior o período do metal na classificação
periódica, maior 10Dq.
d) Natureza do Ligante: depende da posição do ligante na série espectroquímica.

16) a) Cr3+: [Ar] 3d3 → t2g3


b) Fe3+: [Ar] 3d5 (lig. campo fraco e met. 1º período de transição) → t2g3 eg2
c) Ru3+: [Ar] 4d5 (lig. campo forte e met. 2º período de transição ) → t2g5
d) Ni : [Ar] 3d (lig. campo forte) →
3+ 7 6
t2g eg1

e) Co : [Ar] 3d (lig. campo forte) → t2g6


3+ 6

f) Fe3+: [Ar] 3d5 (lig. campo forte) → t2g5


17) a) – 12 Dq b) 0 Dq c) – 20 Dq + 2P
d) –18 Dq + 3P e) – 24 Dq + 3P f) – 20 Dq + 2P
18) 10 Dq = 391,72 kJ/mol
19) a) 10 Dq = 161,45 kJ/mol b) 10 Dq = 259,73 kJ/mol c) 10 Dq = 207,78 kJ/mol
20) Ti3+: [Ar] 3d1 → Nº de elétrons: 1 elétron do Ti3+ e 12 elétrons (6x2) da H2O) = 13 elétrons

- O complexo é colorido pois existe possibilidade de transição eletrônica envolvendo 10 Dq por


absorção de luz na faixa do visível.
- O complexo é paramagnético pois tem 1 elétron desemparelhado
21) Os OA “d” usados para formar ligações σ entre os íons metálicos e os ligante, são os OA dz2 e dx2-y2
(OA eg).

22) Os OA “d” usados para formar ligações π entre os íons metálicos e os ligante, são os OA dxy, dxz e
dyz (OA t2g).
23) TLV: Segundo a TLV a formação de um complexo pode ser vista com uma reação entre um ácido
de Lewis (espécie central) e uma base de Lewis (ligante), formando-se uma ligação covalente
coordenada entre essas espécies. Portanto os ligantes são doadores de elétrons e a espécie central,
um receptor de pares de elétrons. A geometria dos compostos de coordenação é explicada supondo
que os OA da espécie central sofram hibridização de tal forma que os novos OA híbridos tenham a
simetria do complexo.
TCC: A TCC considera a espécie central como um íon positivo e os ligantes como cargas negativas
pontuais. Esses ligantes são ânions ou moléculas polares que apontam o seu pólo negativo para o
cátion metálico. O cátion acomoda ao seu redor o maior número possível de ligantes e as espécies
estão unidas por atração eletrostática como na ligação iônica. A diferença é que nos compostos iônicos
esta força é e longo alcance formando retículos e nos complexos esta força é de curto alcance
formando unidades. A TCC prevê uma estabilização adicional do sistema devido a EECC, devido ao
desdobramento dos OA “d” do átomo central por efeito dos ligantes.
TOM: A TOM considera que as ligações nos complexos é covalente com formação de OM entre os OA
de valência do átomo central e os OA das espécies ligantes. Existe a formação de OMNL envolvendo os
OA da espécie central que não tem simetria adequada para sobrepor com os OA dos ligantes. Os
demais OA da espécie central são combinados com os OA dos ligantes de modo a obter um número

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máximo de OML e os correspondentes OMAL. A restrição é: Nº de OA = Nº de OM e o Nº de OML = Nº
OMAL.

Isomeria
1) Porque em complexos tetraédricos todas as posições são posições adjacentes.
2) Porque sempre será possível sobrepor um complexo quadrado planar com a sua imagem especular.
3) Um complexo tetraédrico, para ser quiral, deve ter os 4 ligantes diferentes.
4) Oxo: ligante bidentado, então este complexo é octaédrico.

A B A B
M M
A C C A

5) MA2BC
MABCD

A C A B A B
M M M
D B D C C D
6) a)

+ +
Cl Cl
Cl NH3 H3N NH3
Co Co
H3N NH3 H3N NH3
NH3 Cl

Cis Trans
b)
NH3 NH3
Cl NH3 Cl NH3
Co Co
Cl NH3 Cl Cl
Cl NH3

7) [NiCl2(PPh3)2] – Ni2+:[Ar] 3d8 – Complexo paramagnético: Para este complexo ser paramagnético, é
preciso que sua geometria seja tetraédrica (hibridização sp3 – TLV) para que resultem elétrons
desemparelhados nos OA “d”. Neste complexo todas as posições são equivalentes e os complexos não
apresentam isômeros.
[PdCl2(PPh3)2] – Pd2+:[Ar] 3d8 – Complexo diamagnético: Para este complexo ser diamagnético, é
preciso que sua geometria seja quadrada planar (hibridização dsp2 – TLV) para que resultem os 8
elétrons emparelhados nos OA “d” que não participam da hibridização.
8) Efeito Quelato: o agente quelante compete pelo íon metálico de modo mais eficiente do que o ligante
monodentado. Este efeito é resultado de 2 contribuições: Entalpica e Entrópica.
Efeito Entálpico: a repulsão eletrostática devido à colocação de 2 ligantes carregados negativamente
em proximidade já não existe, uma vez que os átomos ligantes já estão próximos na mesma molécula.
Efeito Entrópico: quando uma extremidade do ligante se liga ao metal, não existe nenhum sacrifício
adicional da entropia translacional que acompanhe a ligação da outra extremidade, pois o número de
partículas no sistema não muda.

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