Você está na página 1de 16

Julieta Passe

Mamudo
Marisia Mahassa
Milota
Monica Jamal
Neyma Alfredo
Raul Rodrigues
Ricardo Paulo Mário Mercedes
Rupela

MINERAIS E ROCHAS APLICADAS NA INDÚSTRIA DE CIMENTO EM


MOÇAMBIQUE
(licenciatura em geologia)

Universidade Rovuma
Nampula
Janeiro 2021
Julieta Passe
Mamudo
Marisia Mahassa
Milota
Monica Jamal
Neyma Alfredo
Raul Rodrigues
Ricardo Paulo Mário Mercedes
Rupela

MINERAIS E ROCHAS APLICADAS NA INDÚSTRIA DE CIMENTO EM


MOÇAMBIQUE

Trabalho em grupo de carácter


avaliativo da cadeira de Rochas ornamentais
e industriais, do curso de: Licenciatura em
Geologia com Habilitação em Mineração, 4º
Ano, leccionada pelo Docente: Deocleciano
Nhazilo

Universidade Rovuma
Nampula
Janeiro 2021
ÍNDICE
Introdução........................................................................................................................................3

MINERAIS E ROCHAS APLICADAS NA INDÚSTRIA DE CIMENTO EM MOÇAMBIQUE


.........................................................................................................................................................4

Argila–Caulim.................................................................................................................................4

MINERALOGIA E GEOLOGIA....................................................................................................5

Mineralogia......................................................................................................................................5

Geologia...........................................................................................................................................5

Caulim Primário...............................................................................................................................5

Caulim Secundário...........................................................................................................................6

LAVRA E PROCESSAMENTO.....................................................................................................7

USOS, FUNÇÕES...........................................................................................................................8

Minerais E Materiais Alternativos...................................................................................................8

Calcário e Dolomito.........................................................................................................................9

MINERALOGIA E GEOLOGIA....................................................................................................9

Mineralogia......................................................................................................................................9

Geologia...........................................................................................................................................9

LAVRA E PROCESSAMENTO...................................................................................................10

Tipos de rochas calciticas em Moçambique..................................................................................10

Carbonato de Cálcio na Indústria de Cimento...............................................................................11

Fabricação e composição...............................................................................................................12

Processo de fabricação...................................................................................................................13

Conclusão......................................................................................................................................14

Bibliografia....................................................................................................................................15
3

Introdução
As grandes, médias e pequenas obras realizadas em Moçambique e em quase todo o mundo
utilizam o cimento maioritariamente como o material de base na construção civil. As rochas e
minerais industriais como matéria-prima são essenciais para o desenvolvimento económico. A
melhoria de infra-estruturas, o desenvolvimento da construção civil e o crescimento do sector
industrial requerem um controlo seguro dos materiais de construção.
Moçambique possui um potencial e uma diversidade de minerais e rochas industriais uns
metálicos e outros não metálicos como é o caso de calcários, com valor local mas de grande
dispersão geográfica cujo conhecimento constitui um grande desafio para assegurar a gestão e
exploração sustentável dos mesmos, potenciando políticas de desenvolvimento numa estratégia
de melhoria da qualidade de vida das comunidades.
4

MINERAIS E ROCHAS APLICADAS NA INDÚSTRIA DE CIMENTO EM


MOÇAMBIQUE
Moçambique possui importantes jazigos de calcário, gesso e argila que são matérias-primas
essenciais para a produção de cimento. Entretanto, o país importa centenas de milhares de
toneladas destas substâncias porque, até aqui, ninguém se dispôs a investir na sua extracção e
processamento, o que tornaria muito mais competitivo.

Moçambique tem ao seu dispor 13 fábricas de cimento, dentre elas, a unidade da Cimentos de
Moçambique, localizada na Matola, na província de Maputo, tem o ciclo de produção integrada
desta matéria-prima, com mina própria e uma cadeia completa de produção de cimento. As
restantes 12 fábricas importam gesso e clínquer (que é um produto que resulta da queima do
calcário). Destas 12 empresas, seis estão localizadas na província de Maputo, nomeadamente,
Sunera Limitada, Cimentos Nacional, Adil Cimentos, Maputo Cement and Steel, S&S Cimentos
e Limak Cimentos. Outras seis estão nas províncias de Sofala, Nampula e Cabo Delgado e são a
Cimentos de Moçambique (II), Cimentos da Beira e Austral Cimentos de Sofala, ambas de
Sofala, Cimentos de Moçambique (III) e Cimentos de Nacala (CINAC), de Nampula, e Cimentos
de Cabo Delgado que, como o nome diz, está em Cabo Delagado.
Entretanto, e pelos dados que o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREM) tem
estado a divulgar, Moçambique possui jazigos de calcário em muitas regiões do país, com
destaque para Salamanga e Magude, na província de Maputo, no distrito de Nacala, em
Nampula, Sanga, na província do Niassa, Macomia, em Cabo Delgado, Inhassoro, em
Inhambane, e também em Morrumbala e Namacurra, na província da Zambézia.

Argila–Caulim
Caulim é uma rocha de granulometria fina, constituída de material argiloso, normalmente com
baixo teor de ferro, de cor branca ou quase branca (Grim, 1958).

Em função de suas propriedades físicas e químicas, o caulim pode ser utilizado em uma grande
variedade de produtos, com destaque para o seu uso na fabricação de papéis comuns e revestidos,
cerâmicas e refractários (Industrial Minerals, 2001).
5

MINERALOGIA E GEOLOGIA

Mineralogia
O caulim é constituído principalmente de caulinita, um silicato de alumínio hidratado, cuja célula
unitária é expressa por Al4(Si4O10)(OH)8.

A caulinita é um filossilicato (argilo-mineral) com composição química teórica de 39,50% de


Al2O3, 46,54% de SiO2e 13,96% de H2O; no entanto, podem ser observadas pequenas
variações em sua composição.

Além da caulinita, podem ocorrer, no mesmo depósito, outros minerais como haloisita-4H2O,
haloisita-2H2O ou metahaloisita, diquita e nacrita, que apresentam composição química muito
similar, porém com diferenças estruturais importantes. A haloisita e a metahaloisita são
variedades polimorfas da caulinita, com sistemas diferentes de cristalização. A haloisita pode
estar associada à caulinita, sendo possível a sua identificação apenas através do uso de
microscópio electrónico de varredura (MEV) ou de transmissão (MET).

Normalmente, a caulinita apresenta partículas hexagonais, enquanto a haloisita aparece com


hábito tubular (Souza Santos, 1975). A haloisita apresenta uma camada adicional de moléculas
d'água, desidratando-se facilmente. Este mineral, ao ser aquecido a 100°C, perde a camada
adicional de molécula d'água e volta à forma normal caulinita/haloisita (Bristow, 1987a). Para
certas aplicações cerâmicas, a presença da haloisita é benéfica; no entanto, em outras, como no
revestimento de papel, é extremamente prejudicial à viscosidade do caulim.

A presença de minerais do tipo quartzo, cristobalita, alunita, esmectita, ilita, moscovita, biotita,
clorita, gibbsita, feldspato, anatásio, pirita e haloisita podem prejudicar a qualidade do caulim,
afectando propriedades importantes como a alvura, a brancura, a viscosidade e a abrasividade.

Geologia

Caulim Primário
Os caulins primários são resultantes da alteração de rochas in situ, devido principalmente, à
circulação de fluidos quentes provenientes do interior da crosta, da acção de emanações
vulcânicas ácidas ou da hidratação de um silicato anidro de alumínio, seguida da remoção de
álcalis. Segundo a sua origem, os caulins primários são classificados por Bristow (1987b) em:
intemperizados, hidrotermais e solfataras.
6

 Os caulins do tipo intemperizado ocorrem em região de clima tropical (quente e


húmido), onde as condições físico-químicas são propícias para a alteração dos feldspatos
e de outros alumino-silicatos presentes em granitos e rochas metamórficas. O processo de
caulinização de uma rocha ocorre devido à hidratação de um silicato anidro de alumínio,
seguida de remoção de álcalis, conforme a reacção a seguir.
Feldspato Potássico + Água ↔ Caulinita + Sílica + Hidróxido de Potássio
2KAlSi3O8 + 3H2O ↔ Al2Si2O5(OH)4 + 4SiO2 + 2KOH
 Os caulins do tipo hidrotermal são formados pela alteração da rocha a partir da
circulação de fluidos quentes, provenientes do interior da crosta (ou água juvenil). Neste
caso é necessário que a rocha apresente porosidade e permeabilidade adequada. Os
granitos são as "rochas-mãe" mais comuns na formação de depósitos hidrotermais de
caulins primários.
 Os caulins primários do tipo solfatara são formados pela alteração de rochas a partir da
acção de emanações vulcânicas ácidas, constituídas de vapores d'água, ricos em enxofre.

Caulim Secundário
Os caulins secundários são formados pela deposição de sedimentos em ambientes lacustres,
lagunares ou deltáicos. As diferentes origens geológicas do caulim resultam em diferenças
notáveis na composição mineralógica (Souza Santos, 1975). Normalmente, os caulins
secundários apresentam teores menores de quartzo e mica, mas apresenta uma maior
contaminação de óxidos de ferro e titânio, responsáveis pela alteração de sua cor branca original
(Bristow, 1987a). Uma das principais características dos caulins secundários é a granulometria
mais fina dos argilominerais.

Bristow (1987a) classifica os caulins secundários em três tipos: sedimentares, areias cauliníticas
e argilas plásticas, refratárias e silicosas.

 O caulim sedimentar que tem como uma de suas características a elevada percentagem
de caulinita (acima de 60%), normalmente, após o beneficiamento, resulta emum produto
com especificações adequadas à indústria de papel. As areias cauliníticas contêm menos
de 20% de caulinita.
7

 As argilas plásticas (ball clays) são constituídas principalmente de caulinita, com a(s)
presença(s)de ilita e material carbonoso. São usadas, principalmente, na indústria
cerâmica.
 As argilas refractárias apresentam uma composição química similar às argilas plásticas,
no entanto ocorrem associadas à gibbsita e à haloisita. Quanto maior o teor de alumina de
uma argila refratária, maior a sua refratariedade. Esta diminui com a presença de
impurezas do tipo ferro e óxido de cálcio. As argilas silicosas (flint clays ) são
constituídas de caulinita, contendo ferro e outros componentes escorificantes. Geralmente
são bastante refractárias e, em algumas situações, podem suportar condições mais
adversas do que as argilas ordinárias, de base refractária.

LAVRA E PROCESSAMENTO
Lavra
Na maioria das minas de caulim do mundo, utiliza-se o método de extracção do minério por
lavra a céu aberto. Sabe-se que os custos de produção e as condições de mecânica de rocha
desfavoráveis, na maioria das minas de caulim, tornam o método de lavra subterrânea proibitivo,
por razões económicas (Murray, 1986 e Prasad et al., 1991).

Processamento
Normalmente, os caulins ocorrem associados a diversas impurezas e, geralmente, no seu estado
natural, não atendem às especificações de mercado, sendo necessário submetê-los a processos de
beneficiamento eficientes, para adequá-lo ao uso industrial (Yoon e Shi, 1986; Prasad et al.,
1991). Os processos de beneficiamento empregados dependem do uso a que se destina. Existem
basicamente dois processos de beneficiamento do caulim, o via seca e o via húmida.

O processo de beneficiamento a seco é mais simples, sendo realizado quando o caulim já


apresenta alvura e distribuição granulométrica adequadas, bem como baixo teor de quartzo.

O beneficiamento a húmido envolve as etapas de dispersão, desareamento, fracionamento em


hidrociclone ou centrífuga, separação magnética, floculação selectiva, alvejamento químico,
filtragem e secagem (Luz et al., 1995b; Monte et al., 2001).
8

USOS, FUNÇÕES
Murray (1986) considera que o vasto campo de aplicação industrial do caulim deve-se às suas
características tecnológicas, quais sejam:

 Único mineral industrial quimicamente inerte em um intervalo grande de pH;


 Branco ou quase branco; Argila –Caulim.
 Capacidade de cobertura quando usado como pigmento e como reforçador para
aplicações como carga;
 Dispersão fácil;
 Compatibilidade com, praticamente, todos os adesivos (proteína, caseína), devido à sua
insolubilidade e inércia química;
 Baixa condutividade térmica e eléctrica;
 Maciez e pouca abrasividade e
 Competitividade em preços com os materiais alternativos.

Minerais E Materiais Alternativos


Os principais minerais alternativos ao caulim são carbonato de cálcio, talco e gesso. A seguir, é
apresentada a utilização em função da aplicação do Gesso.

Gesso - É obtido a partir da calcinação da gipsita (CaSO4.2H2O), convertendo-a para sulfato


hemidratado de cálcio (CaSO4.½H2O). A indústria de construção civil é a maior consumidora de
gesso, sendo utilizado no revestimento de paredes, placas, blocos, painéis etc., onde pode
substituir materiais como cal, cimento, aço, alvenaria e madeira. É também muito utilizado na
confecção de moldes para a indústria cerâmica, metalúrgica e de plásticos; em moldes artísticos,
ortopédicos e dentários; como agente desidratante; como aglomerante do giz e na briquetagem
do carvão. Devido a sua resistência ao fogo é empregado na confecção de portas “corta-fogo” na
vedação de lâmpadas, engrenagens e áreas na mineração de carvão onde há perigo de explosão
de gases. Isolantes para cobertura de tubulações e caldeiras são confeccionados com uma mistura
de gesso e amianto, enquanto isolantes acústicos são produzidos com a adição de material poroso
ao gesso.

A gipsita também é matéria-prima para a composição do cimento portland, na proporção de 2 a


5%, como agente retardador de pegas. A gipsita é usada como fundente, fertilizante, como
9

correctivo de solos alcalinos e também nos deficientes em enxofre e como carga na fabricação de
papel e tecidos.

Cerca de 75% da produção mundial é calcinada, a uma temperatura entre 120 e 165ºC, para
produção de gesso hemidratado, que forma com água uma mistura de extrema plasticidade,
usada em moldagem, fundição, cerâmica e pasta de dentes, além de servir de material de
construção como estuque, cimento de Keene, telhas e blocos decorativos.

Calcário e Dolomito
Estas rochas são usadas na obtenção de blocos para a indústria da construção, material para
agregados, cimento, cal e até rochas ornamentais. As rochas carbonatadas e seus produtos são
também usados como: fluxantes; fundentes, matéria-prima para as indústrias de vidro;
refractários; carga; agentes para remover enxofre, fósforo e outros, na indústria siderúrgica;
abrasivos; correctivos de solos; ingredientes em processos químicos, dentre outros.

A calcita (CaCO3) é o principal constituinte mineralógico dos calcários e mármores com elevada
pureza. O calcário encontrado extensivamente em todos os continentes é extraído de pedreiras ou
depósitos que variam em idade, desde o Pré -Cambriano até o Holoceno. As reservas de rochas
carbonatadas são grandes e intermináveis, entrementes, a sua ocorrência com elevada pureza
corresponde a menos que 10% das reservas de carbonatos lavradas em todo mundo.

MINERALOGIA E GEOLOGIA

Mineralogia
Os calcários são rochas sedimentares compostas, basicamente, por calcita (CaCO3), enquanto os
dolomitos são também rochas sedimentares compostas, basicamente, pelo mineral dolomita
(CaCO3.MgCO3). De longe, a calcita apresenta maior valor económico, comparada às demais,
dolomita, mármores e greda ou giz.

Geologia
O calcário é uma rocha sedimentar originada de material precipitado por agentes químicos e
orgânicos. O cálcio é um dos elementos mais comuns, estimado em 3-4% da crosta terrestre,
todavia, quando constituinte dos calcários, tem origem nas rochas ígneas.
10

LAVRA E PROCESSAMENTO
Lavra
A maior parte das minas de calcário são lavradas a céu aberto e chamadas, em todo o mundo, de
pedreiras, embora, em muitas áreas, por razões técnicas, ambientais e/ou escala de produção,
utilize-se a lavra subterrânea para a produção de calcário.

As principais etapas da lavra de calcário a céu aberto incluem: remoção do capeamento,


perfuração, desmonte por explosivos e transporte até a usina de processamento. A selecção dos
equipamentos vária com a particularidade de cada operação, capacidade de produção, tamanho e
forma do depósito, distância de transporte, estimativa da vida útil da mina, localização em
relação aos centros urbanos e factores socioeconómicos.

Processamento
O tratamento das rochas carbonatadas, em particular as calcárias, depende do uso e
especificações do produto final. A lavra selectiva, a captação manual, a britagem em estágio
unitário e o peneiramento são os métodos usuais para obtenção de produtos, cuja utilização final
não requer rígidos controlos de especificações.

Tipos de rochas calciticas em Moçambique


Em Moçambique, os tipos de rochas calcíticas são:
Calcário Sedimentar, calcários dolomíticos, margas, calcários lacustres- os mais importantes
depósitos; cristalina - mármores de composição diferente, usadas localmente no passado para a
produção de cal; vulcânico- carbonatitos, principalmente mineralizados (apatite, terras raras, etc)
Os Calcários sedimentares e margas estão presentes em diferentes níveis na sequência
sedimentar do litoral de Moçambique. As duas bacias sedimentares são: bacia de Moçambique
no sul do país a partir da fronteira com o sul-africano à margem do Zambeze delta N; bacia do
Rovuma, na fronteira com a Tanzânia e, finalmente, a uma estreita faixa sedimentar estreita entre
ambos bacia.
Os recifes de corais são uma fonte de calcário puro excelente, em torno de amplas camadas de
areia de coral e lama. Calcários cristalinos-mármores estão presentes em quase todos os
complexos cristalinos de Moçambique, incluindo Arqueano e rochas pré-cambrianas. São rochas
sedimentares originalmente metamorfosearam durante as várias fases orogénicas e depositado ou
como uma plataforma ou sedimentos geossinclinal.
11

Segundo (Cílek:1989), o mais velho de calcário cristalino de Moçambique é o do Arqueano


greenstone belt-do Cráton do Zimbábue. Das três formações, Macequece, Mbeza e Vengo, a
última consiste em xistos sericíticos e cloríticos e filitos, incluindo xistos negros com bandas
menores de mármore e conglomerado. O mármore foi usado para a produção de cal, perto da
cidade de Manica.
Nas proximidades de Nacala Porto, calcários de corais do Pliocénico-Pleistocénico, uma
plataforma de coral levantou, 5-10 metros acima do nível do mar, esses calcários são usados e
misturados com argilas de idade Cretácica perto do limite de rochas cristalinas. Na fábrica de
cimente em Nacala encontra se pedreira de calcário de corais, espessura cerca de 15 metros, a
partir da parte Este da península de Nacala, e argila da baía de Nacala.
Um depósito de calcário coral está em Relanzapo (Nacala), argilas estão disponíveis a partir de
duas localidades: Quissimanjulo de argilas Terciárias e Natimanga (Cretácico).

Carbonato de Cálcio na Indústria de Cimento


Já vimos que Cimento é o composto aglomerante do Concreto e que a Água é a responsável por
activar a sua reacção, mas é muito importante entender também que existem diferenciações entre
os Cimentos e que estas são decorrentes da sua composição.
Para ficar mais fácil compreender, o Cimento é composto principalmente de CLÍNQUER
(calcário, argila e componentes químicos) e diferenciado conforme a adição dos seguintes
materiais:
GESSO: Necessário para aumentar o tempo de pega do cimento;
ESCÓRIA: Aumenta a durabilidade na presença de sulfato mas em grandes quantidades pode
diminuir a resistência;
ARGILA POZOLÂNICA: Confere maior impermeabilidade ao concreto;
CALCÁRIO: Utilizado para reduzir o custo do cimento, desde que não prejudique a acção dos
outros materiais.
Logo, existem diferentes tipos de cimento, com diferentes composições, que conferem ao
Concreto maior resistência, trabalhabilidade, durabilidade, impermeabilidade...
A disponibilidade destes Tipos de Cimento podem ser de acordo com características Regionais
(fabricados conforme as jazidas existentes na região onde está a Fábrica), mediante as demandas
de mercado ou seguindo as estratégias e directrizes de cada fabricante.
12

É muito difícil encontrar um calcário que reúna todas as características exigidas para a fabricação
de cimento. O calcário deve ter elevado teor de CaCO3, baixos teores de sílica, óxidos de ferro e
alumínio e, em particular, baixo teor de MgCO3, que é o mais comum nos calcários (Ambrosio,
1974). Na Tabela que se segue, consta a composição típica de um calcário usado na fabricação
do cimento.

Composição química de um calcário alto (= 82% CaCO3) para fabricação de cimento.

Óxidos (%) Óxidos (%)


PPC 37,35 MgO 1,19
SiO2 9,40 SO3 0,10
Al2O3 1,37 K2O 0,26
Fe2O3 1,26 Na2O 0,12
CaO 47,40
*PPC = perda por calcinação
Fonte: Schnellrath et al. (2001).

Fabricação e composição
Na indústria cimenteira, calcário, argila e minérios de ferro são usados como matérias-primas
para a produção do cimento Portland, para tal estes materiais são misturados em proporções
controladas e moídos de modo a formar o Cru (Raw meal), que é calcinado a altas temperaturas,
entre 850-1500oC, obtendo-se o clínquer. Depois de esfriado, o clínquer é moído com um
regulador de presa (geralmente gesso) e com adições de substâncias que contribuem para as suas
propriedades ou facilitam o seu emprego tais como, escórias de alto-forno, materiais pozolânicos
e materiais carbonáticos; na realidade, são as adições que definem os tipos de cimentos gerando-
se assim o produto final, o cimento.
Os componentes básicos do cimento Portland são: cao, sio2, al2o3e fe2o3. Estes componentes
interagem uns com os outros formando compostos complexos, uma mistura de silicatos e
aluminados de cálcio que compõem o clínquer, que são responsáveis pelas propriedades físicas
do cimento. O cimento contém também, como óxidos menores, mgo, so3, na2o, k2o e tio2.
O cimento: basicamente de argila, calcário, areia e uma pequena quantidade de compostos
contendo ferro que são aquecidos num forno robusto e de grande porte, a altas temperaturas,
13

durante tempo suficiente para reagirem quimicamente e se transformarem em pequenas bolas


chamadas clínquer.
O clínquer é então misturado com gesso e moído formando um pó bastante fino chamado
cimento. O cimento por seu lado, é o ingrediente chave na produção do concreto, componente
vital dos edifícios, estradas, casas e escritórios.

Processo de fabricação
O cimento é uma pequena percentagem de argila, queimada juntamente com o calcário e que
endurece na presença de água. O cimento é utilizado sob a forma de concreto. O concreto é uma
mistura de cimento, areia e pedra e normalmente utilizado para preencher formas na moldagem
de vigas e estruturas.
O cimento é preparado com 75-80% de calcário e 20-25% de argila. A matéria-prima é extraída
das minas ou pedreiras britada e misturada nas proporções correctas. Esta é colocada em moinho
de matéria-prima (moinho de cru) e posteriormente cozidos em forno rotativo a temperatura de
1450ºc. (Oliveira, 2010).
Finalmente o clinquer é reduzido a pó em um moinho (moinho de cimento) juntamente com 3-
4% de gesso. O gesso tem a função de retardar o endurecimento do clinquer pois este processo
seria muito rápido se água fosse adicionada a clinquer puro. (Ibid.,pág.12).
14

Conclusão
Conclui-se que Moçambique é um País rico em matéria-prima para produção de cimento, é
também um País em processo de revitalização da sua indústria, apresentando índices de produção
industrial consideráveis.

O País tem registado um desenvolvimento e expansão do sector industrial, a destacar a entrada


em funcionamento de empresas de grande e média dimensão (LIMAK - Maputo, Cimentos da
Beira, Cimentos de Cabo Delgado, Cimentos Maiaia – Nacala), importa referir que existem
jazidas de calcário ainda não sendo explorado, mas que posteriormente ira se instalar fábricas de
cimento em vários outros pontos do país com vista a aumentar a demanda de produção
contribuindo assim de uma forma mais satisfatória na economia do país.
15

Bibliografia
ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS, uso e especificações, 2ª edição; editores: LUZ, A. B e
LINS, F. A. F; Rio de Janeiro 2008.
https://www.jornaldomingo.co.mz/index.php/arquivo/13-economia/9460-fabrico-de-cimento-
ministerio-da-industria-e-comercio-procura-produtores-de-clinquer, acessado aos 19/01/21

Você também pode gostar