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Fredric J. Baur era tão orgulhoso de ter criado a lata de Pringles que quis ser enterrado dentro
dela.
Em 1966, a empresa americana Procter & Gamble inventou um novo tipo de batata chips.
Diferentemente das outras disponíveis no mercado, ela não era apenas fatiada, frita e
salgada. Era uma espécie de purê temperado e moldado, batizado de Pringles – o nome,
escolhido pela sonoridade, saiu de uma lista telefônica do estado de Ohio. (...)
GRANDES MOMENTOS
Além da lata de Pringles, Fredric Baur criou outros produtos para a Procter & Gamble,
como óleos para fritura e uma mistura para sorvete. Fred tinha muito orgulho dessa
mistura, mas ela não foi bem recebida e foi tirada de circulação. (...) (SELBACH, Cecília.
Quem foi o revolucionário da batatinha? Revista Superinteressante, Rio de Janeiro, p. 60,
nov. 2008, grifos meus.)
Quem não gosta de batata frita, cozida, corada ou até mesmo dentro de uma lata, como
a Pringles? Aliás, por que dizemos “dentro de uma lata”, em vez de “enlatada”? Bem, se
desejamos comprar produtos enlatados, podemos pensar em sardinha e seleta de
legumes, por exemplo, mas não em batata...
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O criador da lata de Pringles também criou uma mistura para sorvete; mesmo não tendo
dado certo a mistura, a palavra sorvete evoca os deliciosos sabores dessa guloseima, que
também não combina com dieta (a menos que seja diet), mas com castanhas e calda,
produtos muito calóricos...
Mas a batata também pode evocar outros contextos não tão imediatos quanto o delicioso
mundo dos sabores... Comer batata frita é muito diferente de estar com dor na batata da
perna ou com uma batata quente nas mãos; da mesma forma, almoçar arroz, feijão, bife e
purê de batata não é o mesmo que dizer uma batata ou mandar alguém ir plantar
batatas...
batata fritar
verdura descascar
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sorvete cozinhar
banana tomar
bebida cortar
Como pano de fundo de todas as associações que fazemos está o nosso conhecimento de
mundo:
batata fritar
banana descascar
cozinhar
cortar
sorvete
tomar
bebida
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cozinhar
verdura
cortar
Podemos fritar, descascar, cozinhar e cortar batatas e bananas, mas não podemos fazer o
mesmo com o sorvete; tomamos uma bebida e um sorvete, embora este não seja líquido,
o que mostra que um morfema lexical pode conter traços de sentido distintos; assim
também, cortamos as verduras e cozinhamo-las, mas não podemos “tomá-las”...
Os lexemas (morfemas lexicais) servem ainda de suporte para encaixe de afixos (prefixos
e sufixos) para que possamos atrelar-lhes traços adicionais de sentido. A atribuição de
traços semânticos (de sentido) não se reduz ao uso de princípios lógicos nem prescinde da
cultura dos sujeitos que integram uma determinada comunidade linguística; vejamos: o
sufixo -inh(o), segundo a gramática tradicional, opõe-se ao sufixo -ão, sendo aquele
diminutivo e este aumentativo; entretanto, essa oposição é muito relativa e não resiste a
uma análise mais acurada:
No salão: No calçadão:
Na praia: No parque:
Há muitos outros exemplos que podemos enumerar; há muito que orelhão deixou de ser
aumentativo de orelha para designar o telefone público. Do mesmo modo, caixão não é
uma caixa grande, mas uma urna mortuária; curiosamente, o aumentativo de caixa é
formado a partir da articulação do sufixo diminutivo -ote ao lexema caix- e, ainda assim, a
palavra caixote tem o uso restrito, já que não é qualquer presente grande que
acomodamos em um caixote; aliás, de um modo geral, usamos caixotes para acomodar
frutas e legumes no supermercado; quando precisamos de uma caixa grande para outro fim,
procuramos uma caixa grande, e não um caixote.
No telefone: Na rua:
No trabalho:
Bem, se o laranjeiro é
um plantador (ou
vendedor) de laranjas,
será que a faxineira é
uma plantadora (ou
vendedora) de faxinas?
Conforme podemos observar, a partir dos exemplos dados, não se trata aqui de somar 2 e
2 e achar 4; não estamos fazendo cálculos, até porque, se o fizermos, os resultados serão
não só 4 mas também 5, 6, 7, ... n, dependendo de fatores outros que não somente nosso
aparato genético.
GRUPO 1 GRUPO 2
Barbudo Narigudo Bronquite Bursite
Bigodudo Barbado Tendinite Labirintite
Barrigudo Imberbe Estomatite Esofagite
Bunduda Pontudo Gastrite Laringite
Peituda Bicudo
Na mercearia...
Enlouquecendo o professor...
Coisas
Coisas boas:
bombom, bolinho, bolacha,
pastel, pipoca, pitanga.
Coisas lindas:
barquinho, balão, boneca,
palhaço, pião, poema.
Coisas de todos:
lago, estrada, folhagem,
luar, estrela, farol.
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Coisas de poucos:
mel, moeda, medalha,
milagre, amigo, amor.
Inicialmente, vamos observar que cada estrofe do poema acima tem um subtítulo:
coisas
Título do poema:
coisas boas
coisas lindas
coisas de todos
coisas de poucos
Podemos, então, observar que o substantivo coisas está sendo especificado por quatro
palavras ou expressões diferentes:
boas
lindas
coisas
de todos
de poucos
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Feitas essas escolhas iniciais, a autora seleciona as coisas que, segundo a sua visão de
mundo, são boas, lindas, de todos e de poucos. Naturalmente, um outro autor poderia ter
feito escolhas diferentes, uma vez que a experiência de cada um é vivenciada como se
fosse única, mesmo que outras pessoas já tenham passado por experiências semelhantes.
Na verdade, o que determina as escolhas do falante (ou do produtor do texto) não é a
experiência em si, mas o modo como ele vivencia essa experiência.
Vamos supor agora uma situação em sala de aula em que o professor peça aos alunos
para elaborarem seus próprios poemas a partir do texto Coisas; em suas criações, os
alunos têm liberdade para mudar ou manter as palavras ou expressões que particularizam
o referente coisas; assim, dois alunos apresentam os seguintes poemas:
Aluno 1:
Coisas
Coisas boas: Coisas de todos:
Aluno 2:
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Coisas
Coisas desprezíveis: Coisas de ninguém:
Dinheiro muda tudo, ou pelo menos é o que Duke e Amber gostariam de acreditar
especialmente depois que Duke (Brian Geraghty – Eu Sei Quem Me Matou), um veterano
de guerra que, ao cair por acaso em uma transação de drogas mortal, acaba achando uma
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mala cheia de dinheiro sujo. Após uma parada para uma cerimônia rápida de casamento,
Duke e Amber (Jenna Dewan – Vem Dançar) caem na estrada para começar a tão
sonhada vida nova. O sonho logo se transforma em um pesadelo quando Pollen (Christian
Slater – Bobby), um agente corrupto da polícia, aparece para pegar o dinheiro de volta. A
perseguição segue em ritmo alucinante e a ação aumenta ainda mais quando Duke e
Amber são forçados a despistar o maluco Pollen ao passo em que lutam por suas vidas.
É de se notar que os adjetivos sujo (em dinheiro sujo) e nova (em vida nova) pressupõem a
existência dos referentes dinheiro e vida, uma vez que particularizam esses referentes;
não se trata aqui de dinheiro apenas, mas de dinheiro sujo; o mesmo raciocínio pode ser
aplicado à análise de vida nova, em que vida é uma coisa e vida nova é outra bem
diferente, sobretudo se considerarmos o contexto em que tais palavras são empregadas.
Assim, fica claro que sujo e nova mantêm uma relação de dependência, respectivamente,
com dinheiro e vida, mas o inverso não é verdadeiro, uma vez que dinheiro e vida
independem de sujo e nova para existir na realidade.
A essa altura, já podemos falar de termo determinante e termo determinado, bem como de
subordinação. O termo determinado é o suporte de qualquer construção em que se
articulam, pelo menos, dois elementos; destes, o termo determinado é o “sustentáculo”
ao qual se “pendura” o termo determinante. Este, por sua vez, particulariza, especifica,
modifica o termo determinado. Nessa relação, o termo determinado é o elemento central,
regente, subordinante, ao passo que o determinante é o elemento marginal, regido,
subordinado (CARONE, 1991), que faz a diferença. Assim, no texto “Dinheiro sujo”, os
substantivos dinheiro e vida são os termos determinados, enquanto os adjetivos sujo e
nova são, respectivamente, seus determinantes.
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interjeições
Agora que temos as caixinhas, vamos pôr dentro delas exemplos das classes que
representam:
sujo; novo;
dinheiro; vida; João;
alegre; rico; um; dois;
carro; cadeira; vela;
feliz; tristonho; duplo; ambos;
amor; alegria;
rasgado; leve; pobre primeiro etc.
ternura etc.
etc.
este; esse;
sair; cantar;
nada; tudo; cujo; o; a; os; as;
dançar; viver;
quem; que; um; uma;
dormir; ler;
meu; alguém; uns; umas
estudar etc.
ninguém etc.
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Ver, a esse respeito, CARONE, 1991.
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O elo que une os elementos de uma dada classe são as propriedades comuns que esses
elementos compartilham (ASSAD, 2008); mesmo assim, há que se ter uma certa cautela
na análise, pois, dependendo do contexto, os limites entre uma classe e outra são
bastante tênues; assim é que pobre pode ser adjetivo (“Há muitas pessoas pobres nessa
região.”) ou substantivo (“Vi um pobre caído na rua.”); da mesma forma, muito pode ser
advérbio (“Meu filho come muito.”) ou pronome adjetivo (“Meu irmãos comem muito
chocolate.”). Estes são apenas alguns exemplos da tenuidade desses limites.
Se observarmos bem cada “caixinha”, veremos que os elementos nelas contidos não se
relacionam com ninguém, estão isolados. De que nos serve, por exemplo, uma lista de
preposições se não soubermos o que fazer com elas? O mesmo raciocínio se aplica às
demais classes, que, isoladas, permanecem encerradas dentro de suas respectivas
caixinhas como as batatas Pringles dentro de uma lata fechada. Por isso, dizemos que as
classes são estanques.
Por outro lado, se compararmos cada caixinha, perceberemos que as ditas interjeições
destoam das demais caixas; primeiramente, a maioria delas não tem uma configuração
fonemática, isto é, não reúne sons articulados; além disso, as interjeições equivalem a
verdadeiras frases, uma vez que, usadas para expressar sentimentos dentro de contextos
bem determinados, não necessitam de explicações adicionais para o seu perfeito
entendimento; por exemplo, se uma pessoa pisa no pé de outra, a que recebeu a pisada
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provavelmente emitirá algo como “ai!”; esse “ai!” significa algo como “Meu pé doeu!”;
assim, nada mais precisa ser dito, o que é reforçado pela entonação característica das
interjeições. O mesmo não se dá com as demais classes, que contraem entre si relações
de dependência no momento em que “saem das caixinhas” para formar sintagmas, frases
e textos.
Assim é que vida e nova, isoladas em suas respectivas caixinhas, não mantêm relação
nenhuma entre si, o que já não ocorre em “Após uma parada para uma cerimônia rápida
de casamento, Duke e Amber (Jenna Dewan – Vem Dançar) caem na estrada para
começar a tão sonhada vida nova.” (cf. texto Dinheiro sujo, p. 11-12). Nesse trecho, vida e
nova contraem entre si uma relação de dependência, isto é, uma relação entre termo
determinado (vida) e termo determinante (nova).
Dizer que o termo determinante faz a diferença é o mesmo que dizer que ele é um
modificador do termo determinado, uma vez que um mesmo termo determinado pode
ser modificado por diferentes termos determinantes pertencentes a uma mesma classe,
como o determinado rapaz e os determinantes adjetivos que o modificam:
artigo
pronome adjetivo
substantivo
numeral adjetivo
adjetivo
advérbio
verbo
Texto 1:
Patrícia Pillar conta que se inspirou em clipe de Amy Winehouse e apelou à aeróbica e ao
boxe para viver a diabólica Flora. (JORNAL O Globo, Capa: revista da TV. Domingo, Rio
de Janeiro, 9 nov. 2008.)
Texto 2:
Texto 3:
ANSIEDADE
O texto 1 faz referência direta a uma das protagonistas de uma novela das oito, A
favorita, da Rede Globo; é de se notar aqui a ausência do artigo antes de Patrícia Pillar, o
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que se justifica pelo fato de ser a atriz única, isto é, não há duas Patrícias Pillar, mas tão
somente uma; o mesmo raciocínio pode ser aplicado a Amy Winehouse, que também é
única e dispensa a presença de qualquer artigo.
Por outro lado, o substantivo Flora, no texto, está determinado não só pelo artigo definido
a mas também pelo adjetivo diabólica, o que revela a intenção do produtor do texto de
caracterizar a personagem; ou seja, não se trata de qualquer Flora, mas da personagem
diabólica de Patrícia, que, como sabemos, a interpreta magistralmente. Da mesma forma,
a presença do artigo definido antes do substantivo arte revela-nos que não se trata de
qualquer arte, mas da arte de construir uma vilã.
Observemos ainda a presença do artigo definido antes dos substantivos aeróbica e boxe, o
que se justifica pelo fato de serem, ambos, as atividades físicas escolhidas por Patrícia,
dentre muitas outras possíveis, para dar vida à personagem.
Já o substantivo clipe dispensa a presença do artigo, uma vez que o texto não informa em
qual clipe a atriz se inspirou e, lembremo-nos, a cantora Amy Winehouse gravou diversos
clipes; se o texto não especifica o clipe, isto significa que pode ser qualquer um deles.
Uma última questão que se pode apresentar, a partir da análise do texto 1, é o porquê de
serem o substantivo e o verbo os termos determinados, isto é, os suportes em que se
“penduram” os termos determinantes; na verdade, o termo determinado serve de
“âncora” para o(s) termo(s) determinante(s), isto é, ancora-0(s); para verificarmos a
veracidade de uma tal afirmativa, retiremos do texto 1 os substantivos e os verbos:
Sobre a de uma
Embora o substantivo cemitério não seja seguido por nenhum modificador, o que nos
poderia levar à interpretação de que o texto se refere a qualquer cemitério, o
prosseguimento da leitura desfaz essa impressão inicial e justifica o uso do artigo definido
antes de cemitério (no cemitério = em + o cemitério), pois não se trata de qualquer um,
mas dos cemitérios São João Batista e Caju.
Raciocínio semelhante pode ser empregado em relação a visita, mas não a tumbas;
vejamos: qualquer pessoa pode fazer uma visita às tumbas; essa visita pode ser rápida ou
demorada (caso as pessoas decidam apreciar ou não as obras artísticas, que, segundo a
matéria, enfeitam esses cemitérios), alegre ou triste (dependendo da relação que cada
pessoa mantinha com o (a) falecido (a), a visita terá coloridos diferentes). Assim, não há o
que se precisar em relação ao substantivo visita; o mesmo já não se dá com tumbas (às = a
+ as), uma vez que não são quaisquer tumbas, mas tumbas de personalidades; como não
está especificado no texto de capa a que personalidades o autor se refere, podemos
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justificar a ausência de artigo antes de personalidades, afinal, podem ser muitas e, de fato,
só no São João Batista são vinte e seis!
Quanto ao texto 3, comecemos pelo título: ansiedade; não é segredo para ninguém que se
trata de um estado afetivo único (e indesejável), o que justifica a ausência de artigo antes
desse substantivo; isto é, não há mais o que se precisar se se trata de um estado único,
assim como tantos outros – raiva, angústia, desassossego etc., igualmente ímpares.
Escolhas, informação, expectativas... quantas e quais são? não sabemos, o texto não diz,
pois a intenção aqui é generalizar; só sabemos que escolhas, informação e expectativas
excessivas provocam ansiedade... Somando-se a isto, temos o tempo – único e indivisível
–, que falta e não pode dar conta de tudo o que fazemos e queremos; é de se notar que a
ausência de artigo antes do substantivo tempo não se dá pelo mesmo motivo que sua
ausência antes dos três substantivos que iniciam este parágrafo: estes são genéricos;
aquele, único.
Cabe ressaltar ainda que a ansiedade está sendo definida no texto como a maior epidemia
moderna (da = de + a), o que justifica o uso do artigo definido antes do substantivo
epidemia; da mesma forma, “o que está por trás dessa epidemia” é a sensação de que não
vamos dar conta de tudo; ou seja, não se trata de qualquer tipo de sensação, mas a de que
não vamos dar conta de tudo, o que também não dispensa o uso do definido antes do
substantivo sensação.
Texto 1:
Mundo Verde
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Texto 2:
Quando a Gol nasceu, estava nascendo também uma nova era da aviação brasileira. Uma
era mais moderna, mais inteligente, mais tecnológica. Com a Gol, você programa toda a
sua viagem de forma rápida e descomplicada. Pela Internet, você compra passagens,
reserva assentos e faz até o check-in. Porque tudo o que a Gol faz tem o mesmo objetivo:
mostrar que, aqui, voar é muito mais fácil.
www.voegol.com.br
(GOL. Aqui todo mundo pode voar. Revista Superinteressante, Rio de Janeiro, p. 4-5, nov.
2008, grifos meus.)
Desse modo, não é difícil perceber o momento em que o pronome adjetivo possessivo
sua “funcionará” como termo determinante, já que a viagem é sua, e não de outra pessoa;
da mesma forma, a loja também é “sua”, embora você “saiba” que esse “sua” não
significa “sua mesmo”, mas sim “de qualquer consumidor”, isto é, “de todos”.
Precisamente aqui, o possessivo, ao mesmo tempo em que designa a posse de um,
designa a de todos; ou seja, a loja não é propriedade de ninguém, a não ser do próprio
dono. Se a função possessiva está descaracterizada (a posse não é verdadeira, mas
ilusória) no texto 1, a própria ilusão de posse redesenha a carga semântica do possessivo,
uma vez que um novo traço semântico, no caso, virtual [+ ilusão de posse], lhe é
agregado, o que, em última análise, não deixa de ser uma “posse”.
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Por fim, o grupo formado pelo indefinido toda, com função adjetiva, e o artigo a, em toda
a, antes de sua viagem, revela-nos que se trata da viagem inteira, completa, isto é, de ida e
de volta, uma vez que, de um modo geral, viajamos não só com o objetivo de ir mas
também com o de voltar; além disso, as companhias aéreas têm interesse de vender
tanto a ida como a volta e, por isso mesmo, facilitam tudo o que podem para que o
consumidor sinta-se satisfeito a ponto de não precisar buscar os serviços de outra
companhia.
Convém ressaltar ainda que a função adjetiva do indefinido toda refere-se à significação
que esse determinante assume no texto (inteira, completa = adjetivos), em detrimento do
seu sentido tradicional, qual seja o de qualquer (não se trata de uma viagem qualquer mas
da sua – tanto de ida como de volta –, que deve ser inteiramente facilitada pela companhia
que você escolheu, no caso, a Gol).