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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

LABORATÓRIO DE FÍSICA F III T01


Profa. Dra. Dorotéia de Fátima Bozano

Rhuan Barbosa da Silva

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES ELÉTRICOS EM SÉRIE E EM


PARALELO

28 de março de 2022
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I OBJETIVOS

O presente experimento tem como objetivo estudar as Leis de Kirchhoff para análise
de circuitos de associação de resistores elétricos em corrente contínua.

II INTRODUÇÃO

II.1 Associação de Resistores.

Se dois ou mais resistores estão conectados de forma que a corrente seja a mesma em
cada um deles, diz-se que eles estão associados em série (Figura 1.a).

Figura 1 – Associação de resistores (a) em série (b) em paralelo.

Fonte: Bozano, 2022.

Neste caso, a soma das tensões em cada resistor é igual à tensão total aplicada sobre o
conjunto como apresentado na Equação 1.

V aplicada =V ab +V bc =R1 I + R 2 I =( R1 + R2 ) I (1)

A resistência equivalente, Req do circuito com dois resistores em série é definida pela
soma de cada um dos resistores presentes no conjunto, sendo dada assim Equação 2:

V aplicada
Req = =R1 + R2 (2)
I

Nos casos em que há N resistores, a resistência equivalente, Req , é definida pela


Equação (3):

V aplicada
Req = =R1 + R2 + …+ RN (3)
I
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E quando dois ou mais resistores estão conectados de forma que a tensão elétrica seja
a mesma nos terminais de cada um dos resistores, então diz-se que esta é uma associação em
paralelo como mostrado na Figura 1.b. A soma das correntes em cada ramo é igual à corrente
total do conjunto, e que matematicamente é descrito pela Equação (4):

( )
V aplicada V aplicada 1 1
I =I 1+ I 2= + = + V (4)
R1 R2 R1 R2

A resistência equivalente para dois resistores associados em paralelo é dada pela


Equação 5.

1 1 1
= + (5)
R eq R1 R2

Nos casos em que há N resistores em paralelo, o inverso da resistência equivalente é a


soma dos inversos de cada uma da N resistências, dada pela Equação (6):

1 1 1 1
= + + …+ (6)
R eq R1 R2 RN

II.2 Leis de Kirchoff

Nem sempre é possível reduzir um conjunto de resistores em associações sejam elas


em série e/ou paralelo, nestes casos precisamos de leis que auxiliem como proceder, e para
isto temos as Leis de Kirchoff.

A Primeira Lei de Kirchoff diz que a soma das correntes que chegam em um nó é
igual à soma das correntes que saem deste nó, essa Lei é uma consequência da conservação da
carga elétrica e é descrita matematicamente como:

Σ nó I =0 (7)

A Segunda Lei de Kirchoff diz que a soma algébrica das quedas de tensão em torno de
qualquer malha fechada do circuito é nula, e essa Lei é uma consequência da conservação da
energia e é dada por:

Σ malha V =0 (8)

Para aplicar as Leis de Kirchoff em um circuito qualquer, os seguintes passos devem


ser adotados:
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i. Assinala-se um sentido arbitrário de corrente em cada uma das malhas.
ii. Escolha arbitrariamente um nó e aplique a lei dos nós ao mesmo, ou seja, iguale a soma
das correntes que chegam ao nó com a soma das correntes que dele saem.
iii. Defina um sentido de percurso para as malhas.
iv. Percorra uma determinada malha no sentido arbitrado em iii, somando-se as tensões das
fontes que compões a malha. Considera-se que a tensão é positiva quando a fonte é
percorrida do pólo negativo para o pólo positivo. Caso contrário o sinal da tensão é
negativo.
v. Percorra a mesma malha no sentido arbitrado em (iii), mas agora some as quedas de
potencial (RI) provocadas pelos dispositivos passivos (resistores). Neste caso se o sentido
de percurso da malha é o mesmo que o sentido arbitrado para corrente no dispositivo a
queda de potencial é positiva. Caso contrário ela é negativa.
vi. Iguale as expressões obtidas nos itens (iv) e (v), obtendo-se assim a equação para a malha
em análise.
vii. Repita o procedimento para as outras malhas do circuito até obter um sistema equações
determinado, ou seja, cujo número de equações linearmente independentes é maior que o
número de incógnitas do sistema.

Usando as Leis de Kirchoff e seguindo os passos descritos, obtemos um número


suficiente de equações que possibilitem a determinação de todas as correntes desconhecidas.

Para ilustrar a aplicação das Leis de Kirchoff, o circuito mostrado na Figura 2, será
usado como exemplo com duas fontes e três resistores. Esse circuito não pode ser
simplificado através de combinações série-paralelo.

Figura 2 - Circuito para ilustrar a aplicação das leis de Kirchhoff.

Fonte: Bozano, 2022.


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Tendo as correntes do circuito definidas como I 1 , I 2 e I 3 , cujos sentidos arbitrários
estão mostrados na Figura 2. Como há três correntes desconhecidas, serão necessárias três
equações para resolver o sistema. Aplicando a Lei dos Nós ao nó B, tem-se:

I 1=I 2 + I 3 (9)

Aplicando a Lei das Malhas, começando por arbitrar o sentido de percurso como
mostrado na Figura 2. Aplicando a Lei das Malhas à malha ABEF, tem-se:

V A =R1 I 1 + R3 I 3 (10)

Aplicando a Lei das Malhas à malha BCDE, tem-se:

V B =R2 I 2−R3 I 3 (11)

Note que o sinal negativo para a queda de potencial provocada por R3 é devido ao fato
da direção de percurso da malhar ter sido contrário ao sentido arbitrado para a corrente.

Utilizando as Equações 9, 10 e 11, temos um sistema linear de três equações e três


incógnitas, cuja solução é dada nas Equações 12:

( ) ( )
1 1 1 1
−1
R1 V B
I 1= + + . V A +V B + (12.a.)
R 1 R2 R1 R2 R3 R3

( ) .(V +V + )
1 1 1 1
−1
R2V A
I 2= + + A B (12.b.)
R 1 R2 R1 R2 R3 R3

( ) ( )
1 1 1 1
−1
R 2 V A −R1 V B
I 3= + + . (12.c.)
R 1 R2 R1 R2 R3 R3

Dependendo dos valores de R1 , R 2 , V A e V B , I 3 pode ser positivo ou negativo, ou até


mesmo nulo. Se I 3 é positivo, a corrente tem o sentido arbitrado na Figura 2, ou seja, de cima
para baixo; se I 3 é negativo, o seu sentido real é contrário ao arbitrado na Figura 2, ou seja, de
baixo para cima. Isto de fato é uma regra geral, ou seja, toda vez que se obtiver um valor de
corrente negativo significa que o sentido real da corrente é contrário ao sentido arbitrado
inicialmente. Logo, não há necessidade de se preocupar com o sentido inicial arbitrado para as
correntes.
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III MATERIAIS E MÉTODOS

No presente experimento foram utilizados: fontes de tensão contínua, protoboard,


multímetro e resistores.

III.1 Associação de resistores em série.

a) Foram utilizados três resistores. Determinamos seus valores conforme o código de cores e
utilizando o multímetro na função ohmímetro. E, utilizando a protoboard, montou-se um
circuito com os três resistores associados em série, Figura 3.

Figura 3 – Circuito com três resistores em série.

Fonte: Bozano, 2022.

b) Mediu-se a resistência equivalente da combinação com o ohmímetro e se comparou com o


valor calculado a partir do código de cores.

c) Conectou-se a fonte de tensão e o amperímetro no circuito de forma a não alterar as


medidas, como mostrado na Figura 3, ajustou-se a fonte de tensão para V 0=10 V .

d) E com o amperímetro na escala de 20 mA , mediu-se a corrente I 0 . E foram medidas as


tensões entre os terminais de cada resistor.

III.2 Associação de Resistores em Paralelo

a) Montou-se um circuito de resistores com associação em paralelo, utilizando os mesmos


resistores do procedimento anterior, conforme apresentado na Figura 4.
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Figura 4 – Circuito com três resistores em paralelo.

Fonte: Bozano, 2022.


b) Mediu-se a resistência equivalente da combinação com o ohmímetro e se comparou com o
valor calculado a partir do código de cores.

c) Conectou-se a fonte de tensão com valor V 0=10 V em um amperímetro para medir I0 e


outro para medir I1. Medimos a corrente total I0 do circuito na escala de 20 mA do
amperímetro e em seguida as demais correntes, I2 e I3, através de cada resistor.

III.3 Leis de Kirchhoff.

a) Montou-se o circuito da Figura 5, utilizando duas fontes de tensão contínua com um valor
que foi ajustado para 1,5 V , tanto em V 1 quanto em V 2. E, escolheram-se dois resistores, R1
e R2, com valor de 1 kΩ e um terceiro resistor, R3, com valor de 470 Ω .

Figura 5 – Circuito para experimento sobre as Leis de Kirchhoff.

Fonte: Bozano, 2022.

b) Mediu-se as correntes e as tensões em cada resistor. Em seguida, inverteu-se a fonte V 2 e


foram medidos os novos valores de corrente em cada ramo.
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IV RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o primeiro procedimento, Item III.1, obteve-se, Item III.1.a, os seguintes dados,
Tabela 1:

Tabela 1 - Resultados da medida da resistência equivalente para resistores em série segundo o circuito da
Figura 3.
  R 1(k Ω) R 2(k Ω) R 3(k Ω) Req( k Ω) Req( k Ω)
(Medido) (Calculado)
Valor segundo o código de cores 1 2 3 6 6

Valor da medida individual com


1,02 2 3 6,02 6,02
ohmímetro

Valor medido no circuito da figura 3 10,23 V  


Fonte: Autor.

Conhecendo-se os valores experimentais, Item III.1.c e III.1.e, de R1, R2, R3 e o valor


experimental da corrente que percorre o circuito, I 0, calculou-se os valores das tensões V1, V2
e V3. Registrou-se os valores na Tabela 3.

Tabela 2 - Resultado das medidas realizadas no circuito elétrico da Figura 3 com os resistores em série.

V 0 (V ) I 0 (mA ) V 1 (V ) V 2 (V ) V 3 (V )
(medido) (medido) (medido) (calculado) (medido) (calculado) (medido) (calculado)
10,23 1,702 1,738 1,702 3,416 3,404 5,128 5,106
Resistência Equivalente V 0 / I 0=6,011 k Ω
Fonte: Autor

O valor medido para a resistência equivalente da combinação foi de Req =6,018 k Ω .

Com o segundo procedimento, Item III.2, obteve-se, Item III.2.b, os seguintes dados:

Tabela 3 – Resultados da medida da resistência equivalente para resistores em paralelo segundo o


circuito da Figura 4.

R 1(k Ω) R 2(k Ω) R 3(k Ω) Req( k Ω) Req( k Ω)


(Medido) (Calculado)
Valor segundo o código de cores 1 2 3 0,55 0,55
Valor da medida individual com
1,019 2,001 3,001 0,551 0,546
ohmímetro
Valor medido no circuito da figura 3 10,011V  
Fonte: Autor.

No Item III.2.c, registrou-se na Tabela 4 os valores de corrente, I1, I2 e I3, medidos e


juntamento os valores com os valores estimados pelos valores dos resistores segundo o código
de corres divididos pelo valor de tensão medido na fonte.
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Tabela 4 - Resultado das medidas realizadas no circuito elétrico da Figura 4 com os resistores em paralelo.

V 0 (V ) I 0 (mA ) I 1(mA ) I 2(mA ) I 3 (mA )


(medido) (medido) (medido) (calculado) (medido) (calculado) (medido) (calculado)
10,011 18,201  9,943 10,011 5,067 5,006 3.382 3,337
Resistência Equivalente: 0,550 kΩ
Fonte: Autor.

No terceiro procedimento, Item III.3, obtiveram-se, Item III.3.b, os seguintes


resultados:

Tabela 5 – Resultados da medida da resistência equivalente para resistores na malha do experimento


sobre as Leis de Kirchhoff da Figura 5.

R 1(k Ω) R 2(k Ω) R 3(k Ω)


Valor segundo o código de cores 1 1 0,470
Valor da medida individual com ohmímetro 0,9758 1,0115 0,4678
Fonte: Autor.

Tabela 6 - Resultados da medida das correntes no circuito da Figura 5.


I 1( mA ) I 2(mA ) I 3 (mA )
calculado medido calculado medido calculado medido
1,571 2,007 1,532 2,394 0,039 0,3714
V 1(V) V 2(V) V 3(V)
calculado medido calculado medido calculado medido
1,532 1,958 1,550  2,422 0,018 0,1737
Fonte: Autor.

Tabela 7 - Resultados da medida das correntes no circuito da Figura 5 com V 2 invertida.

I 1(mA ) I 2(mA ) I 3 (mA )


calculado medido calculado medido calculado Medido
0,383 0,3743 −0,803 −0,6881 1,186 1,0811
Fonte: Autor.

V CONCLUSÃO
No experimento de associação de resistores em série, comparando-se os valores
medidos e calculados das quedas nos resistores, conclui-se que se obteve os resultados
esperados, assim previstos pelas Leis de Kirchhoff.
Já o ensaio de associação de resistores em paralelo, comparando os valores das
resistências equivalentes medidas e calculadas, pode-se afirmar que foi um resultado
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satisfatório, assim sendo semelhante para os resultados obtidos da comparação das correntes
individuais e associadas no mesmo sistema.
Contudo, a primeira metade do ultimo ensaio foi a que se mostrou mais discrepante,
mesmo que a segunda metade do mesmo, que consistia em inverter a segunda fonte de tensão,
se mostrou condizente com o esperado.

VI REFERÊNCIAS

- Análise básica de circuitos para engenharia/J. David Irwin, R. Mark Nelms; tradução e revisão técnica
Fernando Ribeiro da Silva. - [Reimpr.]. - Rio de Janeiro; LTC, 2016.

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