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Uso Interno

BIOGRAFIA DO AUTOR

Manuel Alegre nasceu a 12 de março 1936, Águeda, frequentou a Faculdade de Direito da


Universidade de Coimbra, onde desde muito cedo se empenhou em lutas acadêmicas e na
resistência ao regime político da época. Foi Mandado para Angola em 1961, incentivou uma
revolta militar contra a guerra colonial, acabando por se exilar em Argel no verão de 1964.
Regressou a Portugal depois da revolução de abril de 1974. A partir de então, dedicou-se à
atividade política partidária. Inspira-se na primeira fase na contestação do presente, na luta
contra a ditadura, no exílio e na Guerra da África, pelo que alguns poemas se tornaram
canções de lamento e revolta de uma geração. Além da atividade literária, destacam-se, no
plano político, os cargos exercidos como vice-presidente da Assembleia da República e
membro do Conselho de Estado.

TEMA/ASSUNTO

Tema: Amor e dor e a busca da liberdade, que não existia na altura devido ao regime que se
vivia em Portugal. Ao longo do poema, podemos verificar a existência das oposições
“deixar”/”levar” e “amor”/”dor” , estas oposições estão na base do conceito que move o
poema - deixar a dor e levar consigo o amor

ANÁLISE DO POEMA

Na primeira estrofe, o sujeito poético começa por anunciar o mote de Camões referido no
título do poema, “Se me desta terra for/eu vos levarei amor.” (vv.1e2). Através desta
apóstrofe o sujeito poético dirige-se ao amor que tem pela pátria e revela ter a intenção de
levá-lo para sempre consigo. Neste mote “Se me desta terra for”(v.1) para alem da apostrofe
existe uma perífrase e um eufemismo que frisam por outras palavras a realidade da suposta
morte ou partida do sujeito poético. Nos dois versos seguintes “Nem amor deixo na terra/que
deixando levarei.”(vv.3e4), o sujeito poético reforça a ideia de que o amor que sente pela
pátria vai persegui-lo para onde ele for. A metáfora presente nestes dois versos acentua a ideia
de que este amor que preenche o sujeito poético será levado por este para onde quer que ele
vá.

Na terceira estrofe “Nem amor pode ser livre/se não há na terra amor.”(vv.9e10) verifica-se a
ideia de que em Portugal não existe amor, nem liberdade. Nesta parte do poema, o sujeito
poético demonstra a sua oposição face à ditadura, pois afirma que em Portugal não à
liberdade de expressão e por isso, o ato de amor também não pode ser livre. Assim se o amor
não é livre, não pode existir amor. Nos versos “Deixo a dor de não levar/a dor de onde amor
não vive.”(vv.11e12) podemos constatar a dor sentida pela sujeito poético, devido ao regime
Salazarista que se mantinha em Portugal, o que nos remete para a realidade do sujeito poético
naquela época. Este volta a afirmar querer libertar-se da dor que sente, ainda que para isso
tenha que sair do seu país, o que lhe vai trazer saudades. Deste modo, a dor que agora sente é
a de ter que deixar a pátria que ama. No quarto verso desta estrofe “amor não vive.”(v.12)
está presente uma personificação, na medida em que é atribuída uma ação humana (viver) ao
amor, para que seja reforçada a ideia de que o amor, em Portugal, é uma ideia inconcebível.

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