Fogo e paixão

“Ôh, eleva e me eleva.

A brisa, aquela sensação a mais, desenvolve enquanto a fumaça sobe”.

Alguns pacientes que se encontravam no templo pela primeira vez, também eram motivados
pelo interesse na cura desobssessiva, porque ouviram falar ou presenciaram mudanças
realizadas ali. À exceção desses pacientes, estávamos lá para trabalhar o desprendimento de
todos os invólucros e amarras sociais e dos símbolos a eles associados do nosso
comportamento misterioso. Não é preciso provar que ali havia uma força, o nosso desafio é
saber como usar esse movimento. É como esfregar com tecido ou uma mecha de cabelos um
pedaço de âmbar, naturalmente ele ganha o poder de atrair migalhas ou pequenos pedaços de
papel. O trabalho de imunização auxilia espíritos que se alimentam de cargas de baixo padrão
vibratório, muitas vezes provocando pânico e desespero. Um evento como esse dá a
oportunidade do médium tornar-se uma esperança, uma fronteira entre a realidade material e
uma percepção de vida mais fluida. A mistura ar-amor-fé-fumaça encerra uma quantia de
energia química. Pela ação das vozes que entoam hinos mântricos, esta energia química é
transformada em energia etérica que promove a expansão vibratória. Esta expansão de fé e
certeza, se realiza o trabalho. Da mesma forma, a energia eletromagnética do Sol pode ser
convertida em eletricidade por meio de uma célula solar ou em calor por meio de
aquecedores. No Vale do Amanhecer, o processo é mediúnico e natural, sem choques. As
centenas de trilhões de moléculas que formam um corpo humano são, na verdade, grandes
conjuntos de imas. As moléculas contem elétrons com carga negativa e prótons com carga
positiva. Enquanto giram em torno do núcleo, os elétrons criam minúsculos campos
magnéticos que dão estabilidade e equilíbrio. Nos templos, a mediunização cria um campo
magnético forte o suficiente para mexer com as moléculas do corpo humano. Quando o campo
magnético oscila sobre o paciente, eles se alinham na mesma direção. Essa movimentação é
induzida com a ajuda dos mantras e da fumaça. Havia cansaço, mas também transformação, o
fogo colado ao corpo me fez sentir a vitalidade dos espíritos supremos e entender que um
trabalho espiritual no templo, bem como o compromisso de estar escalado para ele, é o tempo
ideal para dedicar-se a si mesmo, organizar as ideias e tomar decisões certas. Foi durante este
tempo que refleti sobre a dúvida e seus perigos, bem como sobre o respeito e o cuidado que
acompanha as certezas. A última imunização que fiz, deixou uma marca em mim.