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Prof. Doutor Eng.

Albano Sâlzon Maparagem

TENSÕES NOS SOLOS/ TENSÕES GEOSTATICAS

Adaptado por Albano S. Maparagem 1


Princípios da Mecânica
 Força

 Equilíbrio

 Tensão
 Tensão normal
 Tensão tangencial ou tensão de cisalhamento

 Deslocamento

 Deformação
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Princípios da Mecânica
 Força
 Em física clássica, força (F) é o único agente do
Universo capaz de alterar o estado de repouso ou de
movimento de um corpo ou sua deformação.

 Force may be briefly described as that influence on a


body which causes it to accelerate. In this way, force is
defined through Newton's second law of motion.

 Segunda lei de Newton ou princípio fundamental da


mecânica: A resultante das forças que agem num corpo é
igual ao produto de sua massa pela aceleração adquirida

 A força resultante aplicada a um corpo é diretamente


proporcional ao produto entre a sua massa inercial e a
aceleração adquirida pelo mesmo.
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Princípios da Mecânica
 Equilíbrio
 Basicamente, pela Segunda Lei de Newton, temos que o
equilíbrio de um corpo é dado quando: F = m.a, com a= 0,
resultando em: F = m.(0), ou seja: F = 0
 Se a força resultante for nula ( F = 0 ) o corpo estará em
repouso (equilíbrio estático) ou em movimento retilíneo
uniforme (equilíbrio dinâmico). A força poderá ser medida
em Newton se a massa for medida em kg e a aceleração
em m/s² pelo Sistema Internacional de Unidades de
medidas ( S.I ).
 "Se um corpo está em equilíbrio, isto é, a resultante das
forças que agem sobre ele é nula, é possível encontrar
ao menos um referencial, denominado inercial, para o
qual este corpo está em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme."
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Princípios da Mecânica
 Tensão

 Tensão normal
 Tensão tangencial ou tensão de cisalhamento

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Princípio das Tensões Efetivas

 O Princípio das Tensões Efetivas se aplica


somente à solos totalmente saturados.
 Sr = 100%
 Vw = Vv

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Princípio das Tensões Efetivas
 Tensão normal total: força por unidade de área
transmitida em uma direção normal a um plano,
imaginando-se que o solo seja um material sólido
(fase única);

 Pressão intersticial (ou poropressão, ou pressão


neutra): pressão da água que preenche os vazios
entre as partículas sólidas;

 Tensão normal efetiva: representa as tensões


transmitidas somente através dos esqueleto sólido.

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Princípio das Tensões Efetivas

 Seja considerado um
“plano” XX, passando
somente pelos pontos
de contato entre os
grãos;

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Princípio das Tensões Efetivas

 Dentro de uma massa


de solo, o “plano”
ondulado XX é muito
próximo de um plano
real, devido ao
tamanho muito
pequeno das partículas
sólidas;

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Princípio das Tensões Efetivas

 A força normal P,
aplicada sobre uma
área A é resistida
parcialmente pelas
forças intergranulares
(R), e parcialmente
pela pressão de água
(u);

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Princípio das Tensões Efetivas

 Tanto as direções
como as intensidades
das forças
intergranulares (R) são
aleatórias;

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Princípio das Tensões Efetivas

 Cada uma dessas


forças pode ser
decomposta em uma
componente normal
(N’) e uma componente
tangencial (T) ao plano
que se aproxima do
“plano” XX;

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Princípio das Tensões Efetivas

 A tensão normal efetiva


(’) é interpretada como
sendo a soma de todas
as componentes normais
N’, compreendidas pela
área A, dividida pela área
A:

N '
'
A

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Princípio das Tensões Efetivas

 A tensão normal total ()


é dada por:

P
 
A
 Assumindo que o contato
entre as partículas seja
realizado através de um
ponto infinitesimal, então
a pressão de água atuará
sobre toda área A.
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Princípio das Tensões Efetivas

 Por equilíbrio deve-se ter:

P  N 'uA

ou

P N '
 u
A A

Resultando:
   'u
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Princípio das Tensões Efetivas

P N '
 u
A A
mas
P
 
A
N '
'
A
Resultando:

   'u
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Princípio das Tensões Efetivas
 O erro envolvido, quando se assume que o contato
entre os grão se dá através de pontos infinitesimais,
é muito pequeno. Na realidade, a soma das áreas de
contato entre grãos está situada entre 1 e 3% da
área total A.

 Deve-se notar que a tensão normal efetiva (’) não


representa as tensões reais de contato entre
partículas sólidas.

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Princípio das Tensões Efetivas
 As tensões reais de contato (N’/a, onde a representa
a área real de contato) são muito mais elevadas que
’.
 No caso de argilas, pode ser que não haja um
contato direto entre as partículas minerais, devido às
camadas de água adsorvida que envolvem as
mesmas.
 Assume-se que as forças intergranulares sejam
transmitidas através da água adsorvida, que
apresenta uma viscosidade extremamente alta.
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Princípio das Tensões Efetivas
Resposta da tensão efetiva devido a uma alteração
na tensão total

 Quando a tensão normal total é aumentada, as


partículas de solo tentam se rearranjar para uma
nova disposição.

 Tal rearranjo só será possível se parte da água


escapar dos poros.

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Princípio das Tensões Efetivas
Resposta da tensão efetiva devido a uma alteração
na tensão total

 Portanto, se não houver escape de água, não


haverá alteração nos esforços de interação entre
as partículas (tensão efetiva).

 Como a água está resistindo ao rearranjo das


partículas, ela deverá suportar todo o aumento de
tensão normal total. Consequentemente, o valor da
poropressão neutra irá aumentar do mesmo tanto
que o incremento de tensão total.

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Princípio das Tensões Efetivas
Resposta da tensão efetiva devido a uma alteração
na tensão total

 À medida que a água for escapando, as partículas


começam a se rearranjar, aumentando os esforços
de interação entre elas (aumento da tensão
efetiva). E a poropressão começa a diminuir.

 Esse processo continua até que todo o incremento


de tensão normal seja suportado integralmente
pelas partículas, ou seja, é transformado
integralmente em tensão efetiva.

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Princípio das Tensões Efetivas
Analogia mecânica

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Tensões Geostáticas

 Os esforços no interior das massas de solo são


gerados pelas cargas externas aplicadas, e
principalmente pelo peso próprio do solo.

 Os esforços causados por carregamentos


externos, de um modo geral, são bastante
complexos. O seu tratamento, normalmente é
realizado a partir de hipótese formuladas pela
Teoria da Elasticidade.

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Tensões Geostáticas
Esforços devido ao peso próprio

 Se a superfície do terreno for horizontal, as tensões totais numa


determinada profundidade são determinadas considerando
apenas o peso próprio do solo sobrejacente.
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Tensões Geostáticas
Esforços devido ao peso próprio

 Como a superfície é horizontal, não existem tensões de


cisalhamento nos planos horizontais.
 Estes planos são planos principais e as tensões totais verticais
são tensões principais.
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Tensões Geostáticas
Esforços devido ao peso próprio

 Se o solo for estratificado,


as tensões totais verticais
Solo 1 g1 são determinadas por meio
da seguinte expressão:

Solo 2 gsat 2 z
 v   gdz
Solo 3 gsat 3 0

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Tensões Geostáticas
Esforços devido ao peso próprio

 As tensões totais horizontais são, geralmente, uma fração da tensão total


vertical atuante:

h  K v
onde K é uma constante denominada coeficiente de empuxo.
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Tensões Geostáticas

 Admitindo-se que o solo seja isotrópico e homogêneo, e que


não ocorram deformações horizontais, o valor do coeficiente de
empuxo em repouso pode ser determinado pela Teoria da
Elasticidade:

K0 
1 

onde  é o coeficiente de Poisson do material.

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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada
 Seja o caso de a superfície do terreno não ser horizontal,
considerando o caso de um talude infinito, como se mostra na
figura abaixo:

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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada
 Para que haja equilíbrio estático, Fe = Fd e tem a mesma linha
de ação. Da mesma forma, R = P.

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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada
 Considerando largura infinita na direção normal ao plano da figura, o valor
de P é dado por:

P g b h
 Porém, como b = b0 cos i , então:

P  g b0 h cos i

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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada
 Tem-se ainda que
N = P cos i e T = P sen i
 Tais forças agem numa seção de área igual a (bo  1)

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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada

P
v    v  g h cos i
b0
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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada

N
n    n  g h cos i
2

b0
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Tensões Geostáticas – Superfície Inclinada

T
    g h sin i cos i
b0
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Peso Específico Submerso

 Seja o perfil de solo esquematizado na figura abaixo.

 A tensão total () no plano a-a se deverá à contribuição do peso de água


e do peso de solo:

  g w h1  g sat h2
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Peso Específico Submerso

 A pressão neutra (u) no plano considerado corresponde à pressão


hidrostática:

u  g w h1  h2 

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Peso Específico Submerso

 Dessa forma a tensão efetiva será:

 '    u  g w h1  g sat h2  g w (h1  h2 )


 '  (g sat  g w )h2  g ' h2
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Propagação de tensões no solo

 Apesar de suas limitações, é usual utilizar soluções da Teoria


da Elasticidade na determinação de esforços no interior de
massas de solo, devido a carregamentos externos.

 A seguir, são apresentadas algumas destas soluções, sem


se preocupar com o seu desenvolvimento matemático. Todas
soluções assumem que o maciço é semi-infinito, homogêneo,
isotrópico e que a relação tensão deformação é linear
(validade da Lei de Hook).

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Propagação de tensões no solo

Carga concentrada - Solução de Boussinesq (1885)


 Esta solução permite determinar as tensões devido a uma
carga pontual aplicada na superfície do terreno.

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Propagação de tensões no solo
 Carga concentrada - Solução de Boussinesq (1885)

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Propagação de tensões no solo
 Carga concentrada - Solução de Boussinesq (1885)

Distribuição de z

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Propagação de tensões no solo
 Carga aplicada ao longo de uma linha horizontal
 Esta solução permite determinar as tensões devido a uma
carga linear aplicada na superfície do terreno.

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Propagação de tensões no solo
 Carga uniforme aplicada numa faixa contínua

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Propagação de tensões no solo
 A figura abaixo mostra as curvas de isovalores das tensões
verticais na vizinhanças da faixa carregada.

 A área limitada pela curva de isovalor correspondente a 0.2q é


denominada bulbo de tensões ou bulbo de pressões.
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Propagação de tensões no solo
 Carga uniforme aplicada numa área retangular

 Esta solução fornece a tensão vertical numa profundidade z


sob um canto de uma placa retangular, de dimensões mz e nz,
suportando uma carga uniforme q.

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Propagação de tensões no solo
 Carga uniforme aplicada
numa área retangular

 A solução pode ser escrita


na forma z = qIr , sendo que
os valores de Ir são
fornecidos pelo ábaco
devido a Fadum.

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Propagação de tensões no solo

 Carga uniforme aplicada numa área retangular


 A solução para um ponto sob um ponto qualquer no interior da placa

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Propagação de tensões no solo

 Carga uniforme aplicada numa área


retangular
 Através de superposições, qualquer área
baseada em retângulos poder ser considerada,
permitindo a determinação da tensão vertical
em qualquer ponto sob a área considerada ou
sob a área externa.
 Curvas de isovalores de tensões verticais, nas
vizinhanças de uma área quadrada estão
mostradas na figura abaixo:

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Propagação de tensões no solo
 Carga variando linearmente aplicada numa faixa contínua

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Propagação de tensões no solo

 Carga uniforme atuando numa área


circular
 A tensão vertical, numa profundidade
z sob o centro de uma área circular de
diâmetro D=2R, onde atua uma carga
uniforme q, é dada por:

 Valores do fator de influência Ic


, em termos de D/z são dados
pelo ábaco mostrado ao lado:

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Propagação de tensões no solo

 Carga uniforme atuando numa área circular


 As tensões radial e circunferencial sob o centro da área circular
têm o mesmo valor, e são dadas por:

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Propagação de tensões no solo

 Gráfico de Newmark

 Newmark propôs um gráfico de influência, baseado na


solução de Boussinesq, que permite a determinação da
tensão vertical em qualquer ponto sob uma área de
qualquer formato, onde atua uma carga uniforme q.

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Propagação de tensões no solo
 Gráfico de Newmark
 O gráfico é constituído de áreas de influência, delimitadas por duas
linhas radiais e duas linha circunferenciais, conforme mostrado abaixo:

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Propagação de tensões no solo
 Gráfico de Newmark
 A área carregada é desenhada em papel vegetal numa escala tal que o
comprimento da linha de escala no gráfico represente a profundidade z
na qual se deseja determinar a tensão vertical.

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Propagação de tensões no solo
 Gráfico de Newmark
 A posição da área carregada no gráfico deve ser tal que o ponto sob o
qual se deseja determinar a tensão vertical esteja no centro do gráfico.

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Propagação de tensões no solo
 Gráfico de Newmark
 Para o gráfico mostrado abaixo, o valor de influência é igual a 0.005, isto
é, cada área de influência representa uma parcela de tensão vertical
igual a 0.005q.

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Propagação de tensões no solo
 Gráfico de Newmark
 Se o número de áreas de influência cobertas pelo desenho da área
carregada for N, então o valor da tensão vertical é dado por  = 0.005Nq

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