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EM BUSCA DA EFICIÊNCIA NO

TRANSPORTE TERCEIRIZADO:
ESTRUTURA DE CUSTOS, PARCERIAS
E ELIMINAÇÃO DE DESPERDÍCIOS

Paulo Fernando Fleury


Professor Titular - Cátedra Ipiranga de Estratégia
de Operações - COPPEAD/UFRJ

Marcos Gonçalves Avila


Professor - COPPEAD/UFRJ

Peter Wanke
Pesquisador - Centro de Estudos em Logística -
COPPEAD/UFRJ
COPPEAD/UFRJ - Ed. do COPPEAD
Cd. Universitária Il. do Fundão
Rio de Janeiro - RJ - Cep. 21949-900
e-mail:cel@.coppead.ufrj.br
v.4, n.2, p. 219-233, ago. 1997

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar um modelo racional para custeio de transporte como
elemento fundamental ao bom funcionamento de parcerias entre embarcadores e transporta-
doras numa cadeia de suprimentos. A aplicação deste modelo a situações reais traz à tona
uma série de informações importantes, a principal delas é o fato que o atual sistema de
custeio utilizado pela maioria das empresas brasileiras causa sérias distorções em termos de
custos, quando se consideram rotas curtas e rotas longas, subavaliando as primeiras e super-
avaliando as últimas. Estas distorções estão vinculadas à elevada ineficiência no transporte
de mercadorias, sobretudo nas operações de carregamento e descarregamento, cujos tempos
médios excedem seis horas. Dentro deste escopo são definidos o conceito de parceria, suas
implicações organizacionais e suas conseqüências imediatas, como por exemplo, o envolvi-
mento de ambas as partes num programa de qualidade e produtividade do transporte. A
adoção deste programa, paralelamente ao acordo quanto a um sistema de custeio de frete
com as transportadoras que garantam um nível mínimo de retorno sobre seu investimento,
tornam mais claras, e facilmente mensuráveis, as oportunidades para exploração de ganhos
conjuntos dentro de um ambiente de parceria. Finalmente, são descritas as três causas
básicas que levam a ineficiência das operações de carregamento e descarregamento no
Brasil: organizacionais, tecnológicas e procedimentos.

Palavras-chave: custos, logística, parcerias, transporte terceirizado.


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1. Introdução

A
atividade de transporte representa um subsídio cruzado em que as rotas longas
o elemento mais visível e importan- subsidiam as rotas curtas). A distorção
te do custo logístico na maior parte existe porque o custo de cada rota depende
das empresas. O frete costuma absorver de forma significativa, como será indicado
aproximadamente 60% do gasto logístico e adiante, dos custos das atividades de
entre 9 e 10% do produto nacional bruto carregamento e descarregamento, que são
para a economia de uma nação relativamen- função do tempo que estas atividades
te desenvolvida (BALLOU, 1993). Entre- consomem e não da quilometragem
tanto, no Brasil pouca importância é percorrida.
atribuída ao gerenciamento das atividades As conseqüências destas distorções
de transporte, contrariamente ao que podem ser desastrosas na medida que
acontece nos EUA, onde a perspectiva para inviabilizam um processo de negociação de
contratação desses serviços mudou de uma preços baseado no grau de eficiência do uso
lógica baseada simplesmente em preços para dos recursos (redução de desperdícios) e
uma outra que busca a eficiência e a contribuem para manutenção de práticas
qualidade com base num relacionamento de tradicionais de negociações de preço,
parceria (GIBSON, 1993). Estas relações de baseadas na quilometragem e, por ocasião
parceria geralmente resultam num compro- de reajustes, nas variações nos preços dos
metimento de longo prazo, em que as insumos. O subsídio cruzado entre rotas
transportadoras e suas empresas contratantes implica em preços baixos para rotas curtas e
tornam-se interdependentes em operações, preços altos para rotas longas. Como rotas
rentabilidade e até mesmo com relação a sua curtas custam na verdade mais do que o
sobrevivência. sistema tradicional de custeio (que aloca
Levantamentos realizados pelo Centro de pela quilometragem) indica, elas serão
Estudos em Logística (COPPEAD/UFRJ) pouco lucrativas, ocorrendo com as rotas
em diversas empresas brasileiras determina- longas exatamente o contrário. Esta situação
ram um elevado padrão de ineficiência no faz com que a gerência de muitas transpor-
transporte, sobretudo nas atividades de tadoras não utilize os tradicionais sistemas
carregamento e descarregamento, em que os de custeio como ferramenta de apoio à
tempos de espera geralmente ultrapassam tomada de decisão, tornando-os cada vez
seis horas. Por outro lado, um grande mais desacreditados.
número de transportadoras mensura seus Este artigo tem por objetivo abordar o
custos de frete com base em uma metodolo- desenvolvimento de um sistema racional de
gia que aloca os custos fixos a cada rota em custeio de fretes, dentro do conceito de
proporção a quilometragem percorrida. parcerias entre empresas, cuja vantagem é a
Estes métodos de custeio criam distorções de identificar e mensurar possíveis ganhos
nos resultados; especificamente, rotas lon- de produtividade no transporte, permitindo
gas absorvem um custo maior do que negociações de preços baseados na eficiên-
deveriam absorver e as rotas curtas um custo cia do uso e não no preço de recursos.
menor do que deveriam absorver (isto é, há
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2. Parcerias Logísticas - Mudando a Perspectiva Gerencial

D
urante a década de 80, inúmeras organização devem ser vencidas. LA
transformações afetaram o LONDE (1989) propõe uma filosofia de
relacionamento existente entre as gestão logística capaz de enxergar os
diversas organizações que operam dentro de principais ganhos decorrentes de uma nova
uma mesma cadeia de valor agregado. A relação empresa-transportadoras, ou seja, a
dramática reestruturação das corporações criação de uma interface coordenada,
em busca de maiores níveis de qualidade e eficiente e previsível com seus clientes. Para
produtividade, a globalização dos mercados as transportadoras, por sua vez, a contrapar-
e o surgimento de novas tecnologias de tida se encontra numa maior previsibilidade
processamento e transmissão de dados em relação à capacidade adequada (dimen-
desempenharam e vêm desempenhando um sionamento de frota), ao seu horizonte de
papel chave na mudança das práticas investimento e à oportunidade de aprimorar
tradicionais de negócios entre empresas. A suas práticas operacionais com seus demais
penetração cada vez mais rápida em novos parceiros (diferenciação). Finalmente,
mercados ou a consolidação do market- GARDNER (1994) ressalta que o estabele-
share já existente passam muitas vezes pela cimento de relações de parceria, e conse-
adoção de novas estratégias para gestão da qüentemente da nova filosofia de gestão
distribuição na cadeia de suprimentos. É proposta por LA LONDE, é facilitado
dentro deste contexto que deve ser entendi- quando se limita o número de parceiros
do o estabelecimento de parcerias (alianças transportadores, possibilitando maior con-
logísticas) de uma empresa com seus trole sobre o serviço fornecido, ao ser
transportadores. garantido em contrapartida um maior e mais
Segundo BOWERSOX (1990), o relacio- seguro volume de frete no longo prazo.
namento tradicional existente entre uma Diversos autores como GARDNER e
empresa e suas transportadoras é antagônico GIBSON, citados anteriormente, levantaram
e adversário, isto é, um jogo do tipo “perde- os principais critérios à seleção de transpor-
ganha” em que cada uma das partes está tadoras para desenvolvimento de parcerias.
buscando sempre aumentar sua margem no Entretanto, LA LONDE melhor sintetizou
negócio em detrimento da outra. Em geral, os principais fatores organizacionais ao
as empresas contratantes barganham tabelas estabelecimento de uma parceria empresa-
de preços de frete em função de seu poder transportador, quaisquer que sejam os
econômico. Conseqüentemente o comparti- objetivos e a perspectiva de duração deste
lhamento de informações e o planejamento relacionamento. Se não vejamos:
de diversas atividades logísticas, como por Ambos os parceiros devem ganhar
exemplo, programação de entregas, carrega- com a relação
mento no embarcador e descarregamento Empresas que buscam construir alianças
nos clientes finais são mínimos ou quase bem sucedidas devem estruturar um
que inexistentes. relacionamento do tipo ganha-ganha com
Para que haja a implementação de parce- base na exploração conjunta das oportu-
rias logísticas efetivas entre uma empresa e nidades de aumento de eficiência existen-
seus transportadores é necessário o estabele- tes na interface do canal. A divisão dos
cimento de um ambiente de confiança mútua ganhos obtidos com a redução dos des-
entre as partes. Não é tarefa fácil, visto que perdícios nas atividades de transporte é
inúmeras barreiras culturais dentro e fora da função da responsabilidade que cada
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empresa envolvida possui sobre determi- de ineficiências, bem como estabelecer


nada etapa (carregamento, descarrega- um canal de comunicação informal e
mento ou transporte), e não mais de extra-organizacional capaz de flexibilizar
pressões econômicas. e agilizar o processo de tomada de deci-
Visão estratégica e objetivos comuns sões, sejam elas estratégicas (dimen-
A parceria, por ser um tipo de relaciona- sionamento de frota) ou operacionais
mento essencialmente de longo prazo, (programação de veículos).
envolve a determinação de expectativas Compartilhamento de informações
estratégicas e padrões comuns de desem- Conforme dito anteriormente, deve pre-
penho inerentes às atividades de trans- dominar um ambiente de confiança mú-
porte (janelas de tempo, tempos médios e tua numa relação de parceria, de modo a
limites para carregamento, descarrega- proporcionar um intercâmbio aberto de
mento e viagens, etc), bem como de informações entre ambas as partes. Estas
diversas outras características que deter- informações devem (além de ter um
minam a qualidade no serviço de trans- caráter estritamente operacional sobre
porte prestado. PARASURAMAN como é feito e como são consumidos os
(1988) definiu qualidade no serviço de recursos necessários ao transporte de um
transporte como entender o grau de dis- elo para outro na cadeia de suprimentos)
crepância existente entre as expectativas ser relevantes para a determinação de
ou desejos das empresas contratantes quão produtiva ou eficiente é cada etapa
com relação ao serviço prestado e suas da atividade de transporte (LANDEROS,
percepções sobre o serviço que está 1995).
sendo realmente prestado. Posteriormen- Monitorar o desempenho da atividade de
te, HOPKINS (1993) descreveu um transporte passa necessariamente pelo
elenco não exaustivo de dimensões rele- controle e acompanhamento do tempo de
vantes à qualidade no transporte, o qual permanência no fornecedor para carrega-
inclui: veículos com boa aparência, segu- mento, do tempo de permanência no cliente
rança no transporte de carga, entregas na para descarregamento e dos tempos de
hora combinada, etc. viagem entre cliente-fornecedor. Entretanto,
Grau de aproximação entre as duas a experiência em diversas empresas
organizações brasileiras que operam no eixo RJ-SP-MG,
É o mais importante elemento para o mostra que além de não haver uma verifica-
sucesso de uma parceria embarcador- ção sistemática destes tempos por parte dos
transportador, constituindo-se muitas departamentos funcionais responsáveis pelo
vezes de diversas visitas às instalações da processo logístico, as etapas de carregamen-
empresa parceira com a finalidade de to e descarregamento no cliente são
uma melhor compreensão de ambas extremamente demoradas, confusas, pouco
operações. KANTER (1994) sugere que padronizadas e mal coordenadas.
um sistema de parceria não pode pura e O desinteresse pelo monitoramento dos
simplesmente ser controlado por contra- tempos de carregamento, descarregamento e
tos ou acordos formais, mas deve propor- viagem pode ser muitas vezes explicado
cionar a criação de uma infra-estrutura pelo fato dos responsáveis pelo gerencia-
adequada que amplie as perspectivas mento logístico não os entenderem como
quanto à atividade de transporte. A partir uma parcela significativa dos custos de
daí, é possível identificar claramente frete, e desta forma não direcionarem
diversas oportunidades para eliminação esforços no sentido de sua redução. Já os
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elevados tempos de permanência em uma da outra. Seus esforços são canalizados


fornecedores e clientes são muitas vezes para objetivos mutuamente benéficos, como
causados por métodos burocráticos inefici- por exemplo, redução dos tempos de
entes de controle e processamento de carregamento e descarregamento obtida com
informações relevantes às atividades de o reprojeto das atividades de recepção e
carregamento e descarregamento, por um expedição de produtos, envolvendo, confor-
gerenciamento interno de tráfego ineficaz, me visto anteriormente, maior coordenação
etc. (fluxo de informações) entre as partes
O que faz com que, num sistema de envolvidas.
parceria embarcador-transportador, infor- A seguir abordaremos em maiores deta-
mações tão sensíveis sejam trocadas? A lhes por que um sistema de custeio adequa-
resposta é simples. O sistema só funciona do contém as características descritas no
pela existência de uma estrutura racional de item anterior, e como estas podem ser
determinação de custos, preços e lucros. Tal utilizadas como ferramenta de auxílio ao
estrutura faz com que ambas as partes planejamento, execução e controle de um
queiram trabalhar conjuntamente para programa de aumento de produtividade e
benefício mútuo, em vez de suspeitarem qualidade no transporte.

3. Entendendo os Custos de Transporte com Base em suas Etapas Principais

A
natureza da atividade de transporte com base exclusivamente no preço do frete
no processo logístico de distribui- quase sempre resulta em diversos problemas
ção pode ser analisada sob diversas como congestionamento nas docas de
perspectivas. Esta atividade integra o siste- carregamento e descarregamento, problemas
ma logístico, aproximando fornecedores e administrativos com relação à coordenação
clientes geograficamente isolados e pode ser de carregamentos, etc.
entendida como uma ferramenta poderosa Apesar de demandar um enorme esforço
na redução dos custos totais de uma cadeia entre embarcador e transportadores com
de suprimentos (BOWERSOX, 1996). O relação à coordenação diária de sua
entendimento da estrutura de custos do programação de entregas com os tempos de
transporte, conforme visto anteriormente, é carregamento, viagem e descarregamento e
portanto fundamental para permitir, dentro suas respectivas janelas de tempo, a
do contexto de parceria, o desenvolvimento atividade de transporte pode ser representa-
de estratégias de seleção de transportadoras da de forma simplificada, conforme a figura
focadas na melhoria contínua de suas opera- 1, por quatro etapas principais: carregamen-
ções. Segundo GIBSON (1993), um número to na empresa, viagem da empresa ao
cada vez maior de empresas está percebendo cliente, descarregamento no cliente e
que a adoção de estratégias de contratação retorno à empresa.
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Carregamento
Empresa

Trasporte Transporte
Volta Ida Transportadora

Descarregamento Legenda:
no cliente Transporte
Coordenação

Figura 1 - Fluxo de atividades no transporte de carga

Na análise que se segue, assumimos um para os custos fixos de operação quanto para
cenário com as seguintes premissas básicas os custos fixos de administração da sede. A
(os demais parâmetros assumidos no discussão a seguir especifica os parâmetros
trabalho serão discutidos adiante): utilizados neste trabalho.
Transporte rodoviário de caminhão feito Custos fixos de operação: estes custos
com exclusividade ao cliente contratante representam recursos de capacidade e
do serviço, isto é, o caminhão após a definem uma disponibilidade de tempo
atividade de descarregamento volta vazio de equipamento e pessoas para operação
ao ponto de origem. das diversas rotas. Logo, cada rota deve
Um único produto é transportado e não pagar uma parcela destes custos em
existe ponto intermediário de carrega- função do tempo de utilização destes
mento e descarregamento ao longo do recursos. Para fins de definição do núme-
percurso. ro de horas pelo qual o total de custos
Os custos da empresa transportadora fixos será dividido para que se chegue ao
podem ser classificados em fixos e variá- custo unitário de uso da capacidade, a
veis, assumindo-se como nível de atividade proposta deste artigo é que se use uma
da empresa a quilometragem percorrida. Os medida de capacidade de operação (Para
custos fixos agregam duas parcelas: os fixos uma discussão e análise das diversas
de operação do caminhão e os fixos de alternativas quanto a medida do volume
administração (coordenação) da sede. Os do denominador, veja COOPER &
custos fixos de operação decorrem em KAPLAN, 1991). Adotamos, portanto,
grande parte de decisões tomadas quanto a como medida de capacidade de cada
capacidade instalada de transporte. caminhão o total de horas de trabalho de
O objeto de custo em questão é uma rota, um motorista em um turno.
isto é, o conjunto das etapas de carregamen- Custos fixos de administração da sede:
to, viagem de ida e volta e descarregamento estes custos definem uma capacidade de
para servir um determinado cliente em apoio da administração. O fator causal do
determinado percurso, conforme visto montante do trabalho de apoio foi avalia-
anteriormente. Para o custeio de cada rota é do como sendo o número de conhecimen-
necessário definir bases de alocação tanto to de fretes emitidos.
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Calcular o custo do frete com base nos cada rota, o sistema ABC o considera como
tempos de viagem, carregamento e descar- função da capacidade total, medida em
regamento é condizente com os princípios horas, que uma transportadora coloca à
do Custeio Baseado em Atividades (ABC) disposição de seus parceiros num determi-
ao transporte. Dentre os principais benefí- nado período.
cios citados por ELLRAM (1994), destaca- Percebe-se, portanto, que as informações
mos uma melhor compreensão da origem e relativas aos custos de cada uma dessas
volume de recursos consumidos por rota e principais etapas constituem um importante
um melhor discernimento quanto ao grau de instrumento para monitoramento de
utilização da frota e suas ineficiências. desempenho e uma clara e inequívoca
Contrariamente à prática gerencial brasilei- medição das oportunidades de ganhos que
ra, em que o custo do frete é função da podem ser exploradas no elo embarcador-
capacidade de transporte, calculada com transportadora-cliente, com a redução dos
base na quilometragem das rotas e no desperdícios nas atividades de transporte.
número esperado de viagens no mês em

4. Uma Aplicação da Metodologia em Casos Específicos

A
partir desta discussão, o custo total A terceira parcela, finalmente, corres-
de cada rota (CTR) pode ser ponde ao produto do custo fixo unitário de
descrito como o somatório de três administração (CFUAd), expressa em
parcelas, como se segue: R$/número de conhecimentos de frete, pelo
A primeira parcela é o produto do custo número de conhecimentos de frete para
fixo unitário de operação (CFUOp), em determinada rota (NCF):
R$/hora, pelo somatório dos tempos de
carregamento (TC), viagem (D/Vm) e CFUAd * NCF
descarregamento (TD) medidos em horas.
Conforme indicado anteriormente, o custo Desta forma, o somatório das três parce-
fixo unitário de operação (CFUOp) é o custo las, isto é, o custo total de uma viagem para
fixo total divido por uma medida de dada rota (CTR) é:
capacidade de operação do caminhão,
geralmente medida em horas. CTR = CFUOp * [ D/Vm + TC + TD ] +
+ CVU * D + CFUAd * NCF
CFUOp * [ D/Vm + TC + TD ]
Devemos ressaltar que os custos fixos
Na equação acima, consideramos o tem- unitários de operação incluem os itens de
po de viagem como razão entre a distância depreciação para cavalo e baú, salários e
de ida e volta (D), medida em quilômetros, encargos sociais de motorista e mecânico,
pela velocidade média da rota (Vm) medida seguros e demais taxas em geral, bem como
em Km/h. despesas gerais de viagem que incluem
A segunda é o produto do custo variável refeições e lanches do motorista. Estamos
unitário (CVU), em R$/Km, pela distância assumindo um caminhão Mercedes-Benz
percorrida D, medida em quilômetros: modelo MBL 1625, base de depreciação 48
meses e percentual residual de 50% do valor
CVU * D inicial do veículo. O baú é do tipo Antonini,
base de depreciação de 72 meses e percen-
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tual residual de 50% de seu valor inicial. Já unitários de operação e o custo fixo de
os custos variáveis unitários incluem gastos administração para apenas um conhecimento
com combustível, pneus, lavagens, peças de de carga é suficientemente pequeno para
reposição e óleos lubrificantes. A partir dos que possamos excluí-lo da última equação.
valores-padrão verificados na indústria para Conforme veremos a seguir, por meio de
os itens descritos acima, os custos foram inúmeras simulações do tipo what-if, é
calculados, chegando-se a seguinte equação: possível determinar:
a participação percentual do tempo de
CTR = 25,0 * [ D/Vm + TC + TD ] + carregamento e descarregamento sobre o
+ 0,35 * D custo total;
o impacto da redução do tempo de
Antes de prosseguirmos, façamos algu- carregamento e descarregamento sobre o
mas observações: o coeficiente 0,35 está em custo do frete;
R$/Km e refere-se aos custos variáveis a sensibilidade do custo de frete a
unitários, o coeficiente 25,00 está em variações no tempo de carregamento e
R$/hora e refere-se aos custos fixos descarregamento.

4.1 Quantificação dos Ganhos Potenciais

Recentes levantamentos conduzidos pelo viagem de 10 horas, se considerando esta


Centro de Estudos em Logística distância e velocidade média, tem seu tempo
(COPPEAD/UFRJ) junto a empresas acrescido em 60% por conta de ineficiências
brasileiras do setor de transporte de cargas, no carregamento e descarregamento (tempo
atacado, varejo, alimentos e petróleo revelou médio de 6 horas).
que, independentemente da distância da Rotas mais curtas, entretanto, são extre-
rota, seja ela curta, média ou longa, o tempo mamente penalizadas. Uma rota de 100 Km,
médio de carregamento e descarregamento é por exemplo, a uma velocidade média de 50
da ordem de seis horas. Devemos ressaltar Km/h, apesar de concluída em 2 horas, seria
que estes tempos não incluem somente a acrescida de mais 6 horas, em média, para
operação em si, mas também o tempo gasto carregamento e descarregamento, totalizan-
com esperas por romaneios, filas, ordens de do um aumento de 300%. Rotas mais
carregamento, etc. longas, por sua vez, da ordem de 1000 Km,
Também foram levantadas as distâncias seriam percorridas em 20 horas (incluídos aí
médias das rotas nessas empresas, situando- períodos para descanso do motorista) e
se em torno de 500 Km, bem como as sofreriam um acréscimo de apenas 30%. A
respectivas velocidades médias, na faixa de figura 2 a seguir ilustra o problema:
50 Km/h. Percebe-se facilmente que uma
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300%

250% Tempo de carga e descarga médio de 6 horas. Velocidade média de 50 Km/h

200%

150%

100%

50%

0%

Distância da rota em Km

Figura 2 - Impacto do tempo de carga e descarga (média 6 horas) sobre o custo do frete

A título de exemplo, para uma rota média as rotas curtas são extremamente pena-
de 500 Km, velocidade média de 50 Km/h e lizadas, pois o tempo de carregamento e
tempos de carregamento e descarregamento de descarregamento respondem a quase
totalizando 6 horas, o custo do frete seria de 64% de seu custo total.
R$ 575,00 (exclusive despesas administrati- as rotas longas não apresentam um
vas). impacto tão grande, visto que o custo da
Realizando diversas simulações, com espera para carregamento e descarrega-
base no que foi descrito na seção anterior, mento é diluído por um tempo de viagem
foi possível determinar a participação do proporcionalmente maior. Para uma rota
tempo de carregamento e descarregamento de 1000 Km o percentual deste custo mal
como percentual do custo de frete, conside- passa de 15%.
rando três tipos de rotas principais: curtas Para a rota padrão de 500 Km, o custo de
(100 Km), médias (500 Km) e longas (1000 carregamento e descarregamento corres-
Km). A figura 3 nos mostra que: ponde a 26,10% do custo total, ou apro-
ximadamente R$150,00 de um total de
R$ 575,00.
228 GESTÃO & PRODUÇÃO v.4, n.2, p. 219-233, ago. 1997

90.00%
80.00%
70.00%
Rota Curta
60.00%
50.00% Rota Média
40.00%
30.00%
20.00% Rota Longa
10.00%
0.00%

Tempo de carga e descarga em horas

Figura 3 - Participação do tempo de carga e descarga (média 6 horas) no custo do frete —


comparativo para rotas curtas, médias e longas

Os ganhos potenciais de uma maior para a rota padrão de 500 Km, uma
coordenação das atividades de carregamento redução de 50% neste tempo implica
e descarregamento, por outro lado, são visua- numa redução de R$ 75,00 (13,05%)
lizados na figura 4, sendo possível verificar: sobre o custo do frete. Em outras pala-
para rotas curtas, variações de 50% no vras, uma empresa de grande porte, que
tempo total de carregamento e descarre- tenha uma necessidade de 1500 viagens
gamento implicam em variações de 32% por mês em rotas do tipo padrão, econo-
no custo do frete. mizaria ao final de um ano o equivalente
para rotas longas, variações desta a R$ 1.350.000,00 coordenando melhor
magnitude no tempo total de carregamen- as atividades de carregamento e descar-
to e descarregamento implicam em varia- regamento com seus clientes e transpor-
ções de 7,5 % no custo do frete. tadoras.

Figura 4 - Impacto da redução do tempo de carga e descarga (média 6 horas) sobre o custo
do frete
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4.2 Participação Percentual dos Diversos Tipos de Custo

Nesta seção apresentamos a participação mento possui maior impacto sobre as rotas
percentual dos diversos tipos de custo mais curtas. Isto ocorre por que quanto mais
(fixos, variáveis, despesas administrativas e longa a rota, maior a participação do custo
carregamento e descarregamento) sobre o variável sobre o custo total. Por outro lado,
custo total das rotas curtas, médias e longas. o custo de carregamento e descarregamento
O gráfico a seguir revela que o custo va- torna-se mais importante quanto maior for a
riável cresce em ritmo decrescente à medida razão entre o tempo consumido com o carre-
que aumenta o tamanho das rotas, ao passo gamento, o descarregamento e o tempo de
que o custo de carregamento e descarrega- viagem, que é característico das rotas curtas.

70%
60%
50%
Percentual

40%
30%
20%
10%
0%
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Distância das rotas (Km)

Custos Variáveis Custos Diretos de Carga e Descarga


Demais Custos Fixos Diretos e Indiretos

Figura 5 - Participação dos tipos de custo em função da distância

Antes de prosseguir, é importante ressal- análise conjunta de custos, determinação de


tar que a exploração destas oportunidades de preços e compartilhamento de lucros, os
ganhos só é possível com um novo padrão relacionamentos antagônicos cedem espaço
de negociação que envolva todos os elos do a relações cooperativas. Definir, então, a
canal. Novamente GIBSON (1993) observa participação e os ganhos financeiros de cada
que ao ser abandonada a tradicional parceiro, sobretudo o transportador, é o
negociação baseada no poder, substituindo-a objeto de análise da próxima seção.
por uma estrutura racional e consensual de

5. Definindo a Margem de Cada Parceiro

U m dos fatores que certamente mo-


tiva as transportadoras a buscarem
parcerias com seus contratantes é a
possibilidade de aumentar a produtividade
longo do tempo. Uma medida financeira do
grau de utilização dos recursos de uma
empresa é o Retorno Sobre o Investimento
(RSI), que é a razão entre o lucro Líquido e o
de seu capital fixo (cavalos, baús, etc.) com investimento (capital) realizado para gerá-lo:
a geração de um volume de frete estável ao
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RSI = lucro líquido/investimento


ou
RSI = (lucro líquido/receita)x(receita/investimento)

Desta forma, vemos que o RSI pode ser embutida no preço do frete que ao grau de
descrito como o produto de duas razões: a utilização de sua frota. Parcerias permitem,
primeira delas representando a margem ou o portanto, o estabelecimento de margens
mark-up, e a segunda representando o giro mais baixas sobre o custo de frete com uma
do capital (grau de utilização do investimen- contrapartida no volume de viagens
to). Sendo assim, a maioria das trans- (CHRISTOPHER, 1992). A figura 6 ilustra
portadoras vai dar mais atenção à margem esta afirmação:

Serviço ao Receita de
Cliente fretes
Lucro
(-) líquido
Eficiência Custo de
Logística frete

(/) RSI

Grau de Ativos fixos Investimento


Utilização da
Frota

Figura 6 - Retorno sobre o investimento como função dos níveis de serviço ao cliente,
eficiência do transporte e grau de utilização da frota

A figura 7, por sua vez, ilustra o compor- simplificação no cálculo do RSI, considera-
tamento da margem como função do número se este retorno de 12% a.a. antes do custo de
anual de viagens para a rota padrão tomada capital utilizado como padrão na indústria
anteriormente como exemplo, buscando-se brasileira. Para maiores detalhes, verificar
garantir ao transportador um retorno de 12% planilha sugerida pela ANTC (Associação
a.a. sobre seu investimento. Para efeitos de Nacional dos Transportadores de Carga).
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20.00%
18.00%
16.00%
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
0.00%

Número anual de viagens

Figura 7 - Mark-up como função do grau de utilização da frota (RSI = 12% a.a.)

6. Conclusões

A
base para um programa conjunto programação de entregas, disponibilidade de
de qualidade e produtividade no carretas e eventuais congestionamentos no
transporte, dentro do contexto de cliente.
parcerias visto anteriormente, reside numa Os procedimentos, por sua vez, estabele-
avaliação inicial da estrutura organizacional, cem métodos claros para coordenar a
procedimentos e tecnologias existentes entre atividade de transporte em circunstâncias
os diversos membros da cadeia de suprimen- normais ou não, direcionando o esforço e a
to. Entendendo claramente estas três atenção dos gestores logísticos da cadeia.
dimensões, identificam-se facilmente as Por exemplo, a decisão de enviar carga a um
etapas críticas da atividade de transporte cliente só após a verificação de seu grau de
passíveis de melhoria. congestionamento para descarregamento e
A dimensão organizacional deve ser suas janelas de tempo para recepção é um
avaliada sob duas óticas distintas: uma procedimento que evita a retenção de
perspectiva interna à empresa que está veículos no cliente e tempos de descarrega-
contratando o serviço de transporte e outra mento excessivos. Por outro lado, a decisão
externa, que engloba fornecedores, clientes de um cliente em priorizar o descarregamen-
e transportadores. A perspectiva interna está to de veículos oriundos do fornecedor com
focada no grau de organização dos proces- recursos específicos (empilhadeiras, docas,
sos logísticos dentro da empresa, de modo a etc.) também se constitui num exemplo de
determinar quais funções serão responsáveis procedimento.
pelo contato com transportadores e clientes, Finalmente, a tecnologia disponível
programação de entregas, remediação de determina a configuração básica de funcio-
falhas, etc. Já a perspectiva externa revela o namento e do fluxo de informações no
grau de confiabilidade e formalização sistema. O funcionamento é caracterizado
existente nos canais de comunicação entre por diversas variáveis como por exemplo o
as empresas da cadeia. É neste ponto que grau de paletização e automação das ati-
devem ser confrontadas informações sobre vidades de carregamento e descarregamento,
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emprego de equipamentos de rádio-fre- tarifa de frete a ganhos na eficiência da


qüência, etc. Já o fluxo de informações pode operação de carregamento. Na segunda, o
ser alavancado por sofisticados sistemas de próprio embarcador investe em recursos
tracking ou rastreamento de veículos, no cliente.
auxiliando a programação e expedição de Ausência de canais de comunicação
veículos bem como a monitoração de diretos entre os elos da cadeia (origem
desempenho das etapas do transporte. organizacional e/ou procedimento). O
De qualquer forma, os elevados tempos estabelecimento deste tipo de canal, bem
para carregamento e descarregamento têm como do tipo de informações a ser trian-
duas causas fundamentais: gulado entre produtor, transportador e
Baixa capacidade de carregamen- cliente permitem uma maior e mais efeti-
to/descarregamento (origem tecnológica va coordenação do fluxo de informações
e/ou de procedimento). Esta capacidade e a realização de uma programação diária
pode ser medida em carretas/dia ou carre- de entregas factíveis com a capacidade de
tas/hora e é função de como são utiliza- descarregamento dos clientes.
dos os principais recursos necessários a Percebe-se, portanto, que dependendo do
execução do carregamento/descarrega- tipo de problema, seja ele organizacional,
mento: docas, empilhadeiras, operadores, tecnológico, ou de procedimentos, há uma
etc. Nosso levantamento revelou que as série de medidas básicas que podem ser
instalações mais eficientes (tempos já tomadas para redução de desperdícios (ele-
deduzidos de esperas por burocracia, má vados tempos de carregamento e descarrega-
coordenação, etc.) são aquelas que desti- mento) no transporte entre os elos de uma
nam docas exclusivas, bem como não cadeia de suprimentos. A adoção destas
compartilham empilhadeiras com a ali- medidas paralelamente ao acordo quanto a
mentação de linhas de produção ou com um sistema de custeio de frete com as
a arrumação das ruas num armazém. O transportadoras, constitui um primeiro passo
aumento da capacidade de descarrega- à implementação de um programa de qua-
mento passa, portanto, pelo investimento lidade e produtividade no transporte dentro
em novas docas, empilhadeiras e opera- do contexto de parceria logística. Final-
dores. mente, neste contexto, as oportunidades para
Existem duas maneiras básicas para exploração de ganhos de cada parceiro
efetuar este tipo de investimento, passan- devem ser claras e facilmente mensuráveis,
do necessariamente pelo conceito de algo extremamente facilitado pelo sistema
parceria entre fornecedor-cliente. Na de custeio descrito anteriormente.
primeira, busca-se associar reduções na

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Quality”. Journal of Retailing, 64, Spring, p.12-
41, 1988.

SEEKING EFFECTIVENESS IN THIRD-PARTY TRANSPORTATION:


COST STRUCTURES, PARTNERSHIPS AND INCREASED
EFFICIENCIES

Abstract

The main objective of this paper is to present a rational model for cost allocation in the
transportation activity as a key element for designing and maintaining partnerships between
shippers and carriers. The utilization of the proposed cost allocation model for a real case
situation gave rise to several conclusions. The most important of them is the fact that the cost
allocation system currently used by Brazilian shippers and carriers underestimate the cost of
short routes and overestimate the longer ones. This is mainly due to high levels of inefficiency
in transportation, most of them observed in the operations of loading and unloading, which
take six hours on average.
Based on the above issue, the paper explores the development of the concept of
partnership between shippers and carriers. The adoption of a productivity and quality
program which includes an agreement between shippers and carriers over a common cost
allocation system, provides several metrics on cost, efficiency and productivity that help to
improve loading and unloading operations.
The paper concludes with the description of the main causes that affect efficiency on
transportation in Brazil: organization, procedures and technologies.

Key words: costs, logistics, partnerships, third-party transportation.

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