A talidomida esteve no mercado pela primeira vez na Alemanha em 1 de
outubro de 1957. Foi comercializada como um sedativo e hipnótico com poucos efeitos colaterais. A indústria farmacêutica que a desenvolveu acreditou que o medicamento era tão seguro que era propício para prescrever a mulheres grávidas, para combater enjoos matinais. Foi rapidamente prescrita a milhares de mulheres e espalhada para todas as partes do mundo (46 países), sem circular no mercado norte-americano. Os procedimentos de testes de drogas naquela época eram muito menos rígidos e, por isso, os testes feitos na talidomida não revelaram seus efeitos teratogênicos. Os testes em roedores, que metabolizavam a droga de forma diferente de humanos, não acusaram problemas. Mais tarde, foram feitos os mesmos testes em coelhos e primatas, que produziram os mesmos efeitos horríveis que a droga causa em fetos humanos. No final dos anos 1960, foram descritos na Alemanha, Reino Unido e Austrália os primeiros casos de más-formações congênitas onde crianças passaram a nascer com focomelia, mas não foi imediatamente óbvio o motivo para tal doença. Os bebês nascidos desta tragédia são chamados de "bebês da talidomida", ou "geração talidomida". Em 1962, quando já havia mais de 10.000 casos de defeitos congênitos a ela associados em todo o mundo, a talidomida foi removida da lista de remédios indicados. [2] Os Estados Unidos foram poupados deste problema graças à atuação firme de Frances Oldham Kelsey, farmacologista encarregada pelo FDA (Food and Drug Administration) de avaliar os testes clínicos apresentados pela indústria. Cientistas japoneses identificaram em 2010 como a talidomida interfere na formação fetal. Eles descobriram que o medicamento inativa a enzima cereblon, importante nos primeiros meses de gestação para a formação dos membros.[3][4] Por um longo tempo, a talidomida foi associada a um dos mais horríveis acidentes médicos da história. Por outro lado, estão em estudo novos tratamentos com a talidomida para doenças como o câncer de medula[5] e, já há algum tempo, para a hanseníase.[6] Útil em doenças, como lúpus, alívio dos sintomas de portadores do HIV, diminuição do risco de rejeição em transplantes de medula e artrite reumatoide, a talidomida é indicada em cerca de 60 tratamentos. [3] Em 2012, a Gruenenthal, empresa produtora da talidomida, pediu desculpas pelos danos causados Talidomida no Brasil
Inicialmente, a talidomida ficou disponível no Brasil, comercializada com os
seguintes nomes comerciais: Ectiluram®, Ondosil®, Sedalis®, Sedim®, Verdil® e Slip®.[8] Em 1960, foram relatados os primeiros casos de malformações. Até 1962, o medicamento era comercializado como “isento de efeitos adversos”, embora já tivesse sido banido na Alemanha. Em novembro de 1962, o Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina e Farmácia (SNFMF) cassou a licença dos produtos contendo talidomida.[8] Em 1964, o Termo de Inutilização do Medicamento, datado de 13 de novembro de 1962, entretanto, foi estabelecido formalmente em 30 de junho de 1964. Na prática, a talidomida continuou sendo comercializada no Brasil até 1965. [8] Na década seguinte, a talidomida voltou a ser utilizada no Brasil para o tratamento da Hanseníase (uso regulamentado pelo MS); [8] A Organização Mundial da Saúde (OMS) coordenou um ensaio clínico que comprovou a rápida melhora em número significativo de pacientes, levando à liberação do medicamento para tratamento do eritema nodoso hansênico, sob estrita regulação e precauções. Assim, a partir de estudos clínicos e da descoberta de suas aplicações terapêuticas, a talidomida voltou a ser comercializada em alguns países, entre eles o Brasil.[8] O uso da talidomida no Brasil é regulamentado pela Portaria SVS/MS nº 354, de 15 de agosto de 1997. [9]No Rio de Janeiro, foi editada a Resolução SES nº 1504, de 15 de junho de 2000, com o objetivo de criar um Grupo Técnico de Trabalho para Implantação de Protocolo Terapêutico de Utilização da Talidomida.[10] Pouco se sabe sobre o uso da talidomida no Brasil. Segundo consta, a talidomida, por força da Portaria nº 354, é proibida para mulheres em idade fértil em todo o território nacional.[11] A Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, no art. 1º, inciso III, exige que a embalagem e o rótulo exibam “ostensivamente a proibição de seu uso por mulheres grávidas ou sob risco de engravidar, acompanhada de texto, em linguagem popular, que explicite a grande probabilidade de ocorrência de efeitos teratogênicos associados a esse uso”(19); as exceções em mulheres podem ocorrer apenas nos programas expressamente qualificados (art. 3°, II), (Anexo A).[8] Em 2010, foi instituída a lei nº 12.190[12] que complementa a lei nº 7.070, de 1982, e representa gastos de aproximadamente R$ 34,5 milhões como pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível aos portadores da deficiência. Serão 227 vítimas que vão receber R$ 50 mil em indenização, valor que aumentará na medida em que ocorra dependência resultante da deficiência física. [13] No Brasil, somente o laboratório da Fundação Ezequiel Dias está autorizado a produzir a talidomida.[3] Em 2011, foi publicada a RDC nº 11, de 22 de março, que trata do controle da substância/ medicamento talidomida; regulamenta a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, trazendo como impactos positivos a simplificação de normas relacionadas à talidomida; maior esclarecimento de prescritores e demais profissionais de Saúde; melhor orientação a pacientes devido às alterações de materiais de embalagem e termos de esclarecimento; definição de responsabilidades das Vigilâncias Sanitárias e Assistências Farmacêuticas [8] A RDC nº 11, de 22 de março de 2011, revoga: a) a Portaria MS/SVS nº 63/1994, a Portaria MS/SVS nº 354/1997, a RDC nº 34/2000; b) o art. 20, o art. 24, o parágrafo único do art. 26, o § 2º do art. 27, o § 8º do art. 35, o art. 49, os §§ 2º e 3º do art. 64, o art. 70 e o art. 85, todos da Portaria MS/SVS nº 344, de 12 de maio de 1998; c) revoga, unicamente no que se refere à substância talidomida, o art. 29, o caput e o § 7º do art. 35, o caput do art. 36, o art. 37, o art. 51 e o § 2º do art. 63, todos da Portaria MS/SVS nº 344, de 12 de maio de 1998; d) revoga o art. 50, o art. 51, o art. 52, o art. 83, o art. 88, o § 5º do art. 93 e o art. 105, todos da Portaria MS/SVS nº 6, de 29 de janeiro de 1999; e) revoga, unicamente no que se refere à substância talidomida, o art. 65 da Portaria MS/SVS nº 6, de 29 de janeiro de 1999. 2012. Publicada a RDC nº 24, de 12 de abril, que dispõe sobre a atualização do Anexo III, indicações previstas para tratamento com a talidomida, da RDC 11/2011 e RDC n° 50, de 11/11/2015, Dispõe sobre a atualização do Anexo III, da RDC 11/2011 [8]. Links de interesse Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida Associação Brasileira das Vítimas da Talidomida https://pt.wikipedia.org/wiki/Talidomida