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9 786586 251340
José Rodrigues de Mesquita Neto
Ana Paula Santos de Souza
(Orgs.)
LETRAS EM FOCO:
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
E LITERÁRIOS
Rio de Janeiro
2020
Letras em Foco: estudos linguísticos e literários
Revisão linguística: Cada autor foi responsável pela revisão do seu artigo
Letras e Versos
Rua Vaz de Toledo, 536 - Engenho Novo - Rio de Janeiro-RJ
CEP: 20780-150 - Tel: 21 2218-6026
Editores
José Rodrigues de Mesquita Neto
Ana Paula Santos de Souza
Diagramação - Capa
José Rodrigues de Mesquita Neto
Revisão Técnica
José Rodrigues de Mesquita Neto
Ana Paula Santos de Souza
Revisão Linguística:
Cada autor foi responsável pela revisão do seu artigo
Este livro foi editado segundo as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, vigente.
CATALOGAÇÃO NA FONTE - PCAC
____________________________________________________________________________
M582l Mesquita Neto, José Rodrigues de 1987-
Letras em foco : estudos linguísticos e literários / Organizadores - José Rodrigues
de Mesquita Neto; Ana Paula Santos de Souza. – 1 ed. – Rio de Janeiro: Letras e
Versos, 2020.
288 p.; 23 cm
Inclui bibliografia
Inclui histórico biográfico
ISBN-978-65-86251-34-0
CDD: B869.4
CDU: 80
____________________________________________________________________________
Impresso no Brasil
Todos os direitos reservados.
Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização do autor.
SUMÁRIO
Apresentação..............................................................................................................06
José Rodrigues de Mesquita Neto
Ana Paula Santos de Souza
Sobre os Autores......................................................................................................282
6
APRESENTAÇÃO
Considerações iniciais
discursivas. Vale salientar que o breve excurso que fizemos até aqui consta de
uma seleção de uma pequena parte da ATD. Na verdade, a ATD se propõe não
só como campo teórico, mas também como arcabouço metodológico que visa
dar conta de uma análise textual aplicável a qualquer discurso.
Para Moraes (2003), três procedimentos metodológicos gerais podem
ser observados em tal análise textual: a unitarização que consiste na
desmontagem dos textos para examinar os materiais em seus detalhes,
fragmentando-os; a categorização que consiste no estabelecimento de relações
entre as unidades de base; e a captação crítica de uma nova interpretação
emergente das fases anteriores, para constituir um metatexto. Dessa feita, a
análise textual, como procedimento metodológico, descreve e interpreta
“sentidos e significados que o analista constrói ou elabora”, tendo por base a
análise de um conjunto de textos ou documentos (MORAES, 2003, p. 202).
Apoiando-nos em tais princípios teórico-metodológicos realizamos nos
tópicos seguintes a análise de excertos de matérias dos jornais Clarín
(Argentina), La Nación (Argentina), Última Hora (Paraguai), El país (Espanha),
El mundo (Espanha).
1Disponível em <http://www.ultimahora.com/lula-se-recluye-sede-sindical-arropado-dirigentes-
del-pt-y-cientos-personas-n1141403.html.> Acesso em: 13 Mai. 2018.
19
que se considere a ordem do Juiz Moro como alinhada aos atos extremistas da
ditatura militar brasileira.
O jornal argentino La Nación vai na mesma linha do jornal paraguaio
com matéria intitulada “Os 31 dias que Lula passou atrás das grades”2. O jornal
estabeleceu um paralelo entre a prisão de o ex-presidente durante a ditadura
militar brasileira e a prisão atual, pontuando a trajetória da sua vida pessoal e
política. O texto da reportagem trouxe a Rd de Lula como “ex-presidente”,
“líder sindical”, “líder do PT”. O La Nación retomou o histórico carcerário de
líder petista que já havia sido um preso político, durante a ditadura militar
brasileira, em 1981, curiosamente no mesmo mês abril.
Por sua vez, o jornal argentino Clarín, em matéria intitulada “Brasil: o
dia que Lula foi preso”3 também retoma a prisão política de Lula durante a
ditadura militar brasileira como mote para abordar a atual prisão ocorrida em
2018. O jornal se refere ao ex-presidente como o “maior líder popular da
história do Brasil” quem coloca a prova o “seu mito, seu legado” frente a
condenação por corrupção. Interessante notar, no texto do periódico, a
aspectualização do referente através de epítetos extraídos de diversas fontes,
tais como “o melhor presidente da história” (pesquisa Datafolha) e “o filho do
Brasil” (título de filme-biografia dirigido por Fábio Barreto).
Na avaliação da matéria do Clarín, Lula foi o “preso com maior apoio
popular do mundo”, destacando que, mesmo diante do processo e da sua
ordem de prisão, é o maior favorito a vencer os rivais nas eleições presidenciais:
em:<http://www.elmundo.es/internacional/2018/04/07/5ac910c4268e3ebd068b462e.html.>
Consultado em: 13 Mai. 2018.
23
Considerações finais
Referências
Fonte: http://www.psdb.org.br/acompanhe/charges/charge-dilma-no-espelho/
Fonte: https://www.cinepop.com.br/noticias2/brancadeneveeocacador_150.htm
Fonte: https://twitter.com/diariope/status/556811216321253376
Fonte:
https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2015/01/25/interna_politica,611295/a-
candidata-versus-a-presidente.shtml
Fonte: http://fuscabrasil.blogspot.com.br/2015/07/republica-bolivariana-da-
mandioca.html
33
Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/06/dilma-faz-o-lancamento-dos-
jogos-mundiais-dos-povos-indigenas.html
Fonte: <https://www.humorpolitico.com.br/governo-dilma-2/renuncia-ou-
impeachment/>.
Fonte: https://istoe.com.br/436882_RENUNCIA+OU+IMPEACHMENT+/#
35
Fonte: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/11/dilma-diz-
que-nao-pretende-renunciar-resignacao-nao-e-comigo-nao.htm
negam. Quando o chargista traz as sentenças: “Renunciar não vai, pois não tem
dignidade, noção e muito menos Q.I. para um gesto de grandeza como esse”, ele faz ecoar
outras vozes que vêem Dilma como competente, como alguém que combate a
corrupção, e que, não desejam/apoiam a sua saída.
Fonte: http://chargesdoedra.blogspot.com/2016/04/
Fonte: istoe.com.br/edicao/894_AS+EXPLOSOES+NERVOSAS+DA+
PRESIDENTE/
37
Fonte: https://istoe.com.br/450027_UMA+PRESIDENTE+FORA+DE+SI/
Fonte: veja.abril.com.br/brasil/marcela-temer-bela-recatada-e-do-lar/
38
presidente. Mais tarde o juiz pediria desculpa por meio de um ofício enviado ao
Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que jamais foi sua intenção
“provocar tais efeitos”, em referência aos protestos contra o Governo
amplificados após a divulgação dos áudios na TV. Ao encerrar o diálogo, Lula
se despede de Dilma com um “Tchau, querida”. A expressão foi amplamente
repetida e utilizada, como podemos verificar, charges também fizeram uso da
expressão de modo irônico.
Fonte: http://historiasylvio.blogspot.com/2016/08/dilma.html
Fonte: https://veja.abril.com.br/tveja/arquivo/tchau-querida-tchau-querido/
Fonte: https://amarildocharge.wordpress.com/2016/08/28/vossa-excelencia/
41
Fonte: https://noticias.uol.com.br/album/2016/03/17/crise-politica-
nobrasil.htm#fotoNavId=prb631b53a945922d3b77bc6c62329ac9820160418
Fonte: http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-
dilma/noticia/2016/08/senado-aprova-impeachment-dilma-perde-mandato-e-temer-
assume.html
Fonte: www.ft.com/content/cd5c2b24-bc05-11e6-8b45-b8b81dd5d080
Ela conta que o mais frustrante foi que ela ser pintada como o ogro,
enquanto os homens da política brasileira ficaram cheirando a rosas. “Um dia,
depois de me cansar de ouvir o quão dura eu era, eu disse [sarcasticamente] que
sim, isso mesmo, eu sou uma mulher dura cercada de homens gentis; todos eles
são tão doces”.
11For a woman who has just endured a gruelling six-month political trial resulting in
her impeachment and ousting, former Brazilian president Dilma Rousseff looks
remarkably relaxed.
44
Considerações finais
Referências
KRISTEVA. J. Word, Dialogue and Novel. In: MOI, T. (Ed.). The Kristeva
Reader. Oxford: Brasil Blackwell, 1986. p. 24-30.
Considerações iniciais
A coerência
dos usuários do texto. Dessa forma, para Charolles, não há o texto incoerente
em si.
Martellota (2013) ressalva à falta de consenso entre os estudiosos a
respeito dessa questão, afirma que não há textos totalmente incoerentes; que é
possível alguma espécie de incoerência localizada em textos escritos, mas que
pode ser superada pela reescritura ou releitura; que as aparentes incoerências de
textos falados se resolvem em contextos situações, em condições específicas de
interação.
Segundo Martellota (2013, p. 200), a coerência diz respeito à construção
de sentido textual, seja na perspectiva da produção pelo locutor, seja na de
recepção da decodificação linguística pelo interlocutor. A coerência, portanto,
trata da possibilidade, e mesmo da necessidade, de atribuição de sentido às
produções textuais, condição básica para que essas produções sejam entendidas
e assumidas como tais.
Conforme Koch, Van Dijk e Kintsch (1983) falam de coerência local,
referente à parte do texto ou a frase ou às sequências de frases dentro do texto;
e em coerência global, que diz respeito ao texto em sua totalidade. Mencionam
ainda diversos tipos de coerências:
pandemia Covid-19. Acreditamos que esta é uma temática muito discutida pela
mídia, logo, se tornou fácil encontrar memes acerca do assunto. Acreditamos
também que três textos já dão conta do nosso objetivo e se adequa ao gênero
deste trabalho, artigo cientifico.
O Texto 1, retirado do site UOL, faz uma crítica ao posicionamento do
artista Rodrigo Faro acerca do isolamento social, necessário no combate ao
Covid-19. Percebemos essa crítica com a casa dele e a nossa, com as respectivas
imagens mostrando parte da casa do artista e a casa do autor, que se coloca
como integrante da grande população humilde brasileira, revelando as
diferentes realidades sociais.
Texto 1.
Fonte: https://paisefilhos.uol.com.br/familia/rodrigo-faro-vira-meme-
depois-de-fazer-declaracao-polemica-sobre-a-quarentena-contra-a-covid-19/
Texto 2.
Fonte: https://omicronfotografia.com.br/blog/post/guia-para-amantes-da-
fotografia-enfrentarem-a-quarentena-coronavirus-covid-19
55
Texto 3.
Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/almanaque/efeito-viral-a-chegada-do-
coronav%C3%ADrus-ao-brasil-em-10-memes-1.777037
juntamente com a coerência, havendo, dessa forma, uma interação entre autor,
texto e receptor.
Sob essa perspectiva, podemos afirmar que os memes expostos
apresentam um posicionamento crítico em relação à temática que tratam. E a
coerência é construída por meio de textos verbais e não-verbais (ou verbo
imagéticos) organizados de modos específicos. A viralização também é
fundamental nessa construção, pois permite que o leitor recupere os
conhecimentos que circulam com frequência na mídia para agregar e tornar
possível uma interação entre autor, texto e receptor, tríade essencial na
construção dos sentidos e da coerência.
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
Modalidade
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/fim-da-greve-da-uern-apos-106-dias/
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/fim-da-greve-da-uern-apos-106-dias/
Fonte: http://joaomoacir.blogspot.com.br/2011/08/greve-da-uern-continua.html
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/relacoes-extremistas-numa-greve-
que-fragiliza-a-uern/
atividades
“O governador, Robinson Faria
tem o dever de acabar com isso”
(P14 – B10 – linha 21)
Fonte: http://patu-emfoco.blogspot.com/2015/10/greve-da-uern-causa-
prejuizo-de-mais-de.html
Fonte: http://joaomoacir.blogspot.com.br/2011/08/greve-da-uern-continua.html
Fonte: http://joaomoacir.blogspot.com.br/2011/08/greve-da-uern-continua.html.
nota, ele faz uso, também, do recurso da ironia, ao utilizar a expressão “Pois é”,
que evidencia a noção de “certeza”, “confirmação”, “que era sabido”, a decisão
pela continuidade da greve, dando a entender que os docentes são
previsivelmente irredutíveis e imparciais.
O blogueiro também para ironizar fez uso do dizer popular: “... se eu
tivesse dinheiro e fosse apostar ... eu teria ganhado”. O uso de dizeres
populares é uma forma de remeter à sabedoria popular. Demarca
conhecimento, vivência, experiência. É uma estratégia de validação do seu
discurso, de ratificação do discurso da previsibilidade e imparcialidade da
manutenção da greve. É mais uma forma de minimização do movimento
grevista e de suas lutas.
Avaliação
Metáfora
Fonte: http://joaomoacir.blogspot.com.br/2011/08/greve-da-uern-continua.html
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/relacoes-extremistas-numa-greve-que-
fragiliza-a-uern/
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/relacoes-extremistas-numa-greve-que-
fragiliza-a-uern/
74
Fonte: http://blogdocarlossantos.com.br/relacoes-extremistas-numa-greve-que-
fragiliza-a-uern/
Fonte: http://blogcarlossantos.com.br/procurador-diz-que-nao-ha-saida-para-
greve-com-lrf/
Fonte: https://cidadenewsitau.blogspot.com/2012/05/rosalba-faz-novo-
apelo-para-que.html
Fonte: http://eepja.blogspot.com/2012/06/greve-reduz-faturamento-de-
comerciantes.html
76
Fonte: https://cidadenewsitau.blogspot.com/2012/05/rosalba-faz-novo-
apelo-para-que.html
Fonte: https://cidadenewsitau.blogspot.com/2012/05/rosalba-faz-novo-apelo-para-
que.html
77
Fonte: http://patu-emfoco.blogspot.com/2015/10/greve-da-uern-causa-prejuizo-de-
mais-de.html
Fonte: http://patu-emfoco.blogspot.com/2015/10/greve-da-uern-causa-prejuizo-de-
mais-de.html
Fonte: http://patu-emfoco.blogspot.com/2015/10/greve-da-uern-causa-prejuizo-de-
mais-de.html
Fonte: https://blogdobg.com.br/pegou-pge-vai-entrar-com-acao-contra-greve-da-
uern-e-pedir-que-os-dias-parados-sejam-descontados/
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
12
Esse artigo é fragmento da dissertação intitulada: Que corpo queremos hoje? Sobre
corpo, saúde e beleza na produção das subjetividades femininas contemporâneas em
mídias sociais. A pesquisa de mestrado foi realizada com a orientação da Prof.ª Dr.ª
Marcília Luzia Gomes da Costa Mendes (UERN) para o Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Linguagem – PPCL da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte – UERN, concluída em 2018.
85
Metodologia
weblog, já era uma figura pública sempre presente nas mídias por ser filha do ex-
deputado Luís Eduardo Magalhães e neta do ex-senador baiano Antônio Carlos
Magalhães. Exerce as profissões de modelo, apresentadora, atriz e blogger. O
espaço na rede foi inaugurado em março de 2013 e, desde então, aborda temas
relacionados à beleza, à alimentação e a atividades físicas, cujos hábitos são
correspondentes a um estilo de vida saudável, como ela mesma apresenta já no
topo do blog: a healthy lifestyle. O seu interesse pela criação do blog surgiu a partir
das requisições de seus seguidores da rede social Instagram, na qual 464 mil14
perfis pessoais acompanham sua rotina, motivo esse (o número elevado de
seguidores) que também influenciou a nossa escolha como parte do corpus da
pesquisa.
Pretendemos analisar os discursos sobre o corpo feminino presentes
nesse dispositivo midiático selecionado, mostrando a sua participação na
produção dos sujeitos e das subjetividades da sociedade contemporânea. Para
isso, conduziremos um trabalho de descrição e interpretação dos enunciados a
partir da seleção de 02 (duas) postagens publicadas no período do verão do ano
de 2017, pois é momento que propicia à visibilidade dos corpos, mas somente
aqueles que se adequam aos padrões estabelecidos estão autorizados a
tornarem-se visíveis. Intensifica, neste período, a propagação das imagens
corporais idealizadas que transformam os corpos femininos despidos em um
espetáculo. A mulher, temendo a inobservância, recorre aos discursos
pedagógicos de blogs para transformar o seu corpo e se constituir como sujeito
através das práticas discursivas e subjetividades fabricadas pelos enunciados
disseminados nessa ferramenta de interação.
Nesta pesquisa, de perspectiva descritivo-interpretativa, trabalharemos
com o suporte teórico e metodológico da Análise de Discurso (AD) de tradição
francesa, mobilizando as categorias analíticas propostas nos trabalhosde
Foucault, tais como o sujeito, os modos de subjetivação, o corpo e as relações
de saber-poder.
estabelecer para esse corpo certos modos de agir e reivindicar dele uma
disciplina.
Com a finalidade de permitir a continuidade e o funcionamento de
nossa sociedade capitalista e industrial, o poder disciplinar investe no corpo do
indivíduo para fabricar o sujeito do qual necessita, aquele de comportamentos
dóceis e úteis em um regime de produtividade e capacidade constantemente
aumentadas. O poder é uma maneira de agir sobre as ações dos sujeitos, visto
que existe sob a forma de ação sobre ações, atuando no interior de um campo
de possibilidades no qual se inserem os comportamentos dos sujeitos ativos
(FOUCAULT, 1995).
Assim como as ações exercidas, as relações de produção e significação
são possibilitadas pelo corpo do indivíduo, como elemento material que situa o
sujeito no tempo e no espaço e o põe em relação aos demais por meio do uso
que faz da linguagem, objetivando-se e subjetivando-se simultaneamente. Com
base nisso, lançamos o olhar sobre o corpo para compreender as condições de
existência de sua materialidade discursiva, na qual o biológico e o histórico
imbricam-se complexamente à medida que se evoluem as tecnologias de poder
e saber de uma sociedade na fabricação das subjetividades úteis e necessárias
para a sua conservação.
Deixe o carro de lado” e “5. Trace metas”. Assim, seguindo somente esses cincos
passos teremos um sujeito fitness de corpo renovado, o ideal representante do
século XXI, no qual continua o trabalho de massificação da atividade física
iniciado ainda no século XX16.
Desses enunciados, percebemos que a posição-sujeito do blog interessa-
se em construir uma subjetividade feminina comprometida com a perseguição
de uma estética esportiva. A imagem utilizada para a ilustração da postagem põe
em evidência um corpo de mulher à frente de imagens de corpos masculinos
que se desfocam sutilmente, perdendo a relevância de seus contornos no
cenário montado. Estão todos a praticar os exercícios físicos recomendados
pelos discursos da atualidade, fazendo uso de equipamentos de uma academia
de ginástica, mas somente o corpo feminino está em uma posição de
visibilidade.
A instrução de número três, além de recomendar a prática de atividade
física, incita a mulher a convocar também as suas amigas para, unidas,
compartilharem o estilo de vida fitness, assim como foi no passado, tempo em
que as mulheres partilhavam os segredos das técnicas de embelezamento da
aparência. Dessa forma, o fitness torna-se um modo de existência que modifica a
relação do sujeito com o próprio corpo, bem como ordena as suas relações
sociais, reunindo sujeitos em torno de um mesmo objetivo material, ou melhor,
favorecendo a formação de agrupamentos sociais baseados em critérios de
saúde, desempenho físico, aperfeiçoamento corporal, longevidade, etc., o que
constitui em uma forma de sociabilidade apolítica, diferenciando-se, assim, dos
“critérios de agrupamento tradicionais como raça, classe, estamento, orientação
política, como acontecia na biopolítica clássica” (ORTEGA, 2003, p. 63). Desse
agrupamento, resulta, também, uma divisão entre os indivíduos em dois grupos
que estão em oposição: os ativos e os sedentários, cuja presença é percebida
com certa desconfiança em nossa contemporaneidade.
Considerações Finais
Referências
______. Microfísica do poder. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2017b.
Considerações iniciais
Distância social
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
pronunciada, mas sim que essa faça parte das diferentes normas nas quais ele
pode e deve ser fluente.
18Para mais detalhes das etapas e atividades, sugerimos a leitura dos artigos Alves e
Barreto Moreira (2016) e Lins et al (2018).
129
Considerações finais
cada vez mais espaço no ambiente escolar para que haja equidade entre as
diferenças que são tantas neste país.
Referências
Considerações iniciais
El Espanhol bonaerense
Fenômenos fonéticos
fala que são a língua e a laringe, este último, responsável pela produção da voz.
Aspectos relacionados aos sons gerados por esses órgãos, bem como a ótica do
ouvinte ao processar a onda sonora no momento de percepção dos sons que
lhe conferem um sentido, são de total responsabilidade da Fonética
(CRISTÓFARO SILVA, 1999)
É unânime a concepção de que a fala exerce a função de inferir
significado aos sons por ela emitidos, mas há de convir que, para isso, deve
estar organizada em uma atividade sistematicamente esquematizada. Cabe à
Fonologia estudar essa organização que é inerente a cada língua. Dessa maneira,
enquanto a Fonética se encarrega de descrever, por exemplo, como podem ser
descritos e percebidos alguns segmentos consonantais (consoantes), a
Fonologia se encarregaria de explicar essas consoantes dentro de um sistema
linguístico, a partir de seus traços opositivos.
Para melhor entender, faremos uma revisão sobre os fenômenos
fonéticos analisados nesta pesquisa:
El Seseo
O yeísmo
Fenômeno morfossintático
O voseo
O voseo é um fenômeno que compete com o tuteo no mundo hispânico
e corresponde ao uso do vos e/ou suas formas verbais como representante do
pronome pessoal de segunda pessoa do singular. Este traço apresenta grande
interesse por tratar-se de uma característica marcante no espanhol bonaerense,
se não a mais, e que se diferencia do espanhol peninsular que, por sua vez, já
não faz uso deste pronome desde tempos muito remotos.
No espanhol bonaerense, especificamente, corresponde a um
fenômeno totalmente generalizado para todos os níveis sociolinguísticos, bem
como a todos os estilos, tanto na língua oral como escrita. Esse fenômeno não
era visto até meados do século XX, tendo em vista que, em contexto orais de
maior formalidade ou na língua escrita, o tú substituía o vos (VIDAL de
BATTINI, 1964).
Atualmente, o uso do voseo é generalizado em relações íntimas em todos
os estilos orais e escritos, incluindo registros orais mais rebuscados como
cinema, rádio, televisão e atos oficiais. O mesmo ocorre na língua escrita; na
publicidade; em traduções de peças de teatro ou de artigos de revista; em
entrevistas jornalísticas ou literárias; no ensino, representado através dos livros
de leitura na escola primária, secundária e inclusive na comunicação entre
Ministério de Educação Nacional e população.
O vos não dispõe de pronomes particulares que a ele se refiram, motivo
pelo qual faz empréstimo dos equivalentes à pessoa do tú, ficando-lhe reservado
139
eras, vos tenías, vos tomabas, vos pudieras, etc. Além dessa probabilidade, também é
possível observar, no Chile, a retirada do “s” final da segunda pessoa do plural,
vosotros, como visto nos exemplos vos cantai, vos sabei, vos bebei, etc. Porém
também torna-se fundamental destacar que estas últimas não se tratam de
formas prestigiosas do vos nem serão aqui abordadas, tendo em vista que não
abrange a zona linguística aqui investigada.
Aspectos lexicais
Metodologia
Resultados e discussões
Durante a aula, ela mesma verbalizou que suas aulas representavam um palco,
tendo em vista não utilizar sua própria variedade, a fim de evitar confusões na
cabeça do aluno que dispunha de um material didático com uma variação
diferente da dela, a peninsular. Logo, interrompe a aula para afirmar que ela
assume o papel de uma personagem no âmbito de sala de aula. Desta maneira,
ela tratava de seguir com afinco a variedade usada pelo manual didático, com
vistas a não “confundir” a cabeça do aluno e para acostumá-los à variedade
dialetal espanhola, pois caso eles viajem algum dia a Espanha, não teriam
problemas de identificar os traços linguísticos peculiares àquela comunidade de
fala.
Ao deparar-nos com tais afirmações, dialogamos com Hall (2014, p.
23) no que diz respeito às diferentes identidades assumidas pelo professor em
diferentes contextos, quando afirma que,
VARIEDADE LINGUÍSTICA DE
PROFESSORES BONAERENSES EM SALA
DE AULA
40% 20%
40% 80%
70%
Voseo Seseo
Aspiração do /-s/ de coda silábica Yeísmo
Uso do "vale" ou outro termo
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
21 Para mais informações sobre as realizações dos róticos do espanhol, ler seção
“Róticos do espanhol” em Mesquita Neto (2018).
22 No México se mantém a oclusão dos fonemas /b/ e /d/ diferente do que traz a
literatura na área da fonética em que esses fonemas entre vogais devem ser fricatizados
(BRISOLARA; SEMINO, 2014).
23 A entonação circunflexa, típica da região mexicana, ocorre em enunciados
declarativos, em que nas sílabas finais produzem uma subida e decida no tom mais
elevado junto com a sílaba tónica (MORENO FERNÁNDEZ, 2010). Esse fenômeno é
confirmado e melhor exposto nos estudos de Gomes da Silva (2019).
24 No espanhol peruano e no boliviano se mantém a oposição entre a palatal lateral (ll) e
a central /y/, como uma característica potenciada pelo contato com quéchua e aimará,
já que as duas línguas indígenas dispõem do primeiro som (lateral), o que reforça a
oposição castelhana. No castelhano amazônico a lateral se fricativiza em [š] o [ž].
(IZQUIERDO, 2010, p. 69).
162
Alguns traços fônicos transitam nas mais diversas zonas dialetais, sendo
as de Andaluzia e Canarias as que apresentam mais semelhanças com as zonas
do continente americano. As características fonéticas predominantes no
espanhol da América são o seseo e o yeísmo (MORENO FERNÁNDEZ, 2010).
De acordo com Izquierdo (2010, p. 63) “nas modalidades americanas não existe
a distinção entre os sons de /s/ e //” o que caracteriza o seseo.
Desde sempre, o espanhol da Espanha é possuidor de um
reconhecimento generalizado, sendo assim a variedade que mais se destaca nos
materiais didáticos e nos cursos livres. No entanto, é importante ressaltar que
também apresenta variedades distintas em suas falas. Por isso, não podendo ser
considerado como um conjunto homogêneo de fala (ver quadro 2).
Marco metodológico
Variação linguística são as diversas variações que ocorre com a língua por meio de
fatores históricos, regionais... A língua pode ser sofrer diversas alterações, pois ela
é um sistema mutável, ou seja, que muda. Como por exemplo: No Brasil, o
português falado no nordeste é bem diferente do português falado no sul do país.
(SUJEITO I).
Partindo da concepção de que tudo que é vivo não é imutável, assim ocorre na
língua, na manifestação verbal. Assim, tomar variação linguística é compreender
que a língua está e sempre estará em constante modificação, transformação e
evolução. Movimento pelo qual é resultante da exterioridade. Fatores como
culturais, históricos, regionais, socioeconômicos, etc. refletem as diferentes
nuances da língua e também a sua vulnerabilidade. (SUJEITO XI).
Podemos perceber que os discentes apresentam um conhecimento
sobre a conceituação de variação linguística e verificamos isso de acordo com o
que explica Moreno Fernández (2010) de que as variações linguísticas
respondem aos fatores externos da língua. Esses fatores são justamente os
históricos, regionais, sociais, entre outros, que fazem com que uma única língua
possa sofrer inúmeras variações.
Nas respostas dos sujeitos IV e VII, percebemos que os dois
compartilham de um mesmo conceito sobre o assunto, em que apresentam uma
concepção limitada a respeito da temática. Os discentes resumem variação
linguística como sendo apenas os aspectos fônicos de uma comunidade, ou seja,
os diferentes modos de pronúncia. Observemos a resposta do sujeito VII
quando é questionado sobre isso.
Sim. São cinco zonas dialetais nos países hispano americano e uma na Espanha,
totalizando seis zonas: Zona de México e América Central, Zona Caribe, Zona
Andina, Zona Rioplatense e del gran chaco e Zona de Espanha. (SUJEITO VII).
sujeitos V, VII e VIII, afirmam que a variante que adotam é o yeísmo, pois não
fazem a distinção dos grafemas <ll> e <y>.
Adoto o “yeismo”, pois em minha fala pronuncio palavras escritas com “ll” com o
som de “ye”, por exemplo. Faço uso dessa variação pois alguns professores meus a
usam e assim, influenciaram diretamente no modo como eu falo. (SUJEITO III).
A única variante que adoto é o “seseo”, pois creio que é um reflexo de fala dos
meus professores da língua espanhola. Acredito que tenho influências também das
musicas, filmes... hispanoamericanos que tenho contato. (SUJEITO XI).
170
Desde o inicio de minha aquisição faço o uso de vários meios para adquirir uma
boa oralidade neste caso opto por filmes, que aumentam o vocabulário, as músicas
ajudam no reconhecimento das variações, bem como faz com que aumentamos
nossos conhecimentos a cerca da língua espanhola. (SUJEITO IV).
Faço uso das músicas de diferentes cantores dos países hispano americano para
conhecer diferentes tipos de fala. Além disto, procuro sempre, que, posso, assistir
seriados, telenovelas com o áudio original em espanhol. Pois, acredito que dessa
maneira é possível entrarmos em contato com diferentes modos de fala, diferentes
culturas e diferentes variações. (SUJEITO VII).
Através de músicas, pois quando escuto a pronúncia das palavras tenho mais
facilidade de pronunciá-las, no entanto é um ponto negativo ouvir música para
aprender uma segunda língua devido os diferentes tipos de acentos usados pelos
cantores. (SUJEITO V).
Ouvir músicas de diferentes cantores é interessante justamente pelo
fato de percebermos as variações existentes na língua e assim aperfeiçoarmos
nosso conhecimento na área. A quantidade de sotaques utilizados e escutados
em uma música não prejudica a aprendizagem da língua, ao contrário,
enriquece. Bagno (2007) menciona que a língua apresenta em suas
manifestações concretas, diversificados tipos de variação na comunicação,
podendo aparecer dentro de uma mesma região características próprias de cada
indivíduo, por isso, a língua é considerada heterogênea e não homogênea,
justamente por ser mutável.
Em suma, podemos sintetizar, que apesar dos sujeitos já terem
estudado a respeito das variações linguísticas, percebemos um conhecimento
ainda restrito, principalmente no momento de descrever a variante que acredita
adotar.
28No texto muitas vezes chamaremos as características fonéticas de variantes, visto que
“variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo
contexto e com o mesmo valor de verdade.” (TARALLO, 1986, p. 8).
173
Fernández (2010) uma das zonas dialetais que se destaca das demais por
apresentar o conservadorismo fonético, é a área Andina, pois é uma zona que
sempre mantém o som padrão das consoantes em finais de sílabas. Diante
disso, acreditamos que essa escolha aconteça por questões perceptivas, visto
que a aspiração é dificilmente identificada pelo ouvido do aluno. Além disso, a
aspiração, no português brasileiro, é vista como uma variante desleixada,
causando preconceito no seu uso.
Notamos ainda que todos os sujeitos fazem uso da oclusão no lugar da
fricatização de fonemas como /d/, /b/ e /g/ em posição intervocálicas,
característica bem marcada pela zona do México e Centro América. Podemos
dizer então, que devido à zona mexicana apresentar uma pronúncia próxima à
da língua portuguesa, possa ter influenciado na escolha dos discentes,
mantendo assim, a oclusão no lugar de fricatização.
Nos nossos dois últimos critérios de análise (perda do /d/ em posição
de coda absoluta e perda do /d/ em posição onset de sílaba final) vimos que
nenhum sujeito os utilizam, pronunciando o /d/ em posição de coda absoluta
na palavra mitad [„mitad] e pronunciando o /d/ em posição onset de sílaba final
como na palavra afortunados [afortu‟nados].
Afirmamos então que as variantes adotadas pelos sujeitos analisados se
enquadram no continente americano, no entanto, não podemos afirmar a que
zona específica, pois eles apresentam características de diversas zonas,
principalmente a zona do México e Centro América e a zona Andina.
Afirmamos que os discentes, apesar de se caracterizarem apenas como
sujeitos que utilizam o seseo e/ou yeismo, apresentam outros traços bem
marcados em suas falas. Apontamos ainda que as variantes adotadas pelos
discentes tem relação com a aproximação e a influência da língua materna.
Considerações finais
quais são as variantes assumidas pelos sujeitos e quais variantes eles adotam de
fato em suas falas.
Ao finalizarmos este estudo conseguimos responder as perguntas
surgidas que nos serviram de estímulo para a realização de nossa pesquisa sobre
as variações linguísticas no nível fônico. Ademais, tivemos nossas hipóteses
confirmadas, pois os informantes apresentam diferentes traços fônicos que
englobam regiões distintas. Também notamos que o alunado não tem
consciência das marcas fonéticas que utiliza, já que as respostas obtidas através
dos questionários não condizem com as realizações obtidas pelas gravações da
leitura do texto.
Verificamos ainda que os traços fônicos dos informantes os enquadram
dentro do continente americano. Entretanto, apresentam características de
diversas zonas, principalmente a zona do México e América Central e a zona
Andina.
Acreditamos que esta pesquisa foi de suma importância para
aprofundar nossos conhecimentos nas variantes diatópicas da língua espanhola,
pois, apesar de tratar sobre as variações linguísticas, tema esse que já foi bem
explorado em trabalhos anteriores, percebemos que no nível fônico ainda
apresenta poucas discussões e acreditamos que para os futuros docentes de
língua espanhola será bastante relevante, uma vez que facilitará na identificação
das variantes.
Desse modo, esperamos que mais trabalhos sejam realizados dentro
dessa temática. Além da utilização de questionário e gravação de leituras,
futuras pesquisas podem focar nas falas espontâneas dos alunos comparando
com as falas controladas. Devido ao pouco tempo, não conseguimos aplicar a
pesquisa em fala espontânea como estava previsto em nosso projeto, mas
esperamos que possa inquietar pesquisadores para a construção de trabalhos
futuros.
Referências
Considerações iniciais
deveria ser suficiente para convencer a tantos que o termo “regionalismo” não
é adequado para se classificar uma obra literária, no entanto, esse não é o caso.
Afrânio Coutinho interroga: “Que valor definitório, do ponto de vista
crítico-literário, têm esses termos? Por outras palavras, que é literatura colonial
ou literatura nacional?” (COUTINHO, 2014, p. 65). Aqui se pode fazer o
mesmo exercício de se introduzir o termo “regional” à pergunta e se verá que o
efeito é o mesmo e a resposta também seria a mesma.
A questão é que Afrânio Coutinho não se apercebe disso e continua
preso ao paradigma do conceito equivocado do “regionalismo” e por isso
mesmo, em outro ponto do livro, afirma: “o regionalismo constitui uma
contribuição das regiões do país ao todo nacional, valores locais ao meltingpot
(grifo do autor) de que resulta do todo. O regionalismo não se opõe ao
conjunto, ao nacional, ao invés, forma-o” (COUTINHO, 2014, p. 104). Se
assim o é, não deveria ter sido chamado de regional, mas de nacional. E se é
para se tratar das contribuições para o todo nacional, pode-se começar a
classificar a literatura de “estadual”; e essa literatura de um estado é produzida,
supostamente, em uma cidade, portanto seria uma literatura “cidadal”; e na
cidade, essa literatura nasceu em um bairro, então é “bairral”, e assim por
diante, buscando-se identificar a área geográfica onde a obra nasceu. Isso não
faz o menor sentido.
E não faz sentido sobre tudo quando se raciocina com a noção de
sistema literário, de Antônio Cândido (2017, p. 25). O que Afrânio Coutinho
escreve é como se quisesse que uma literatura produzida em algum ponto do
País não fizesse parte do sistema literário nacional. Todavia, já que não existem
subsistemas literários, todos os livros publicados, independentemente da rua,
bairro, cidade, estado ou região onde as obras são impressas, pertencem ao
sistema literário nacional, não se podendo, portanto, rotular de regional.
Outro ponto a se considerar está relacionado com as definições
mesmas que circulam sobre “regionalismo” ou “regionalismo literário”. A
crítica literária e ensaísta Lúcia Miguel Pereira, em seu História da literatura
brasileira, prosa de ficção de 1870 a 1920 (PEREIRA, 1950), afirma que são
regionalistas as obras:
29 Grifo nosso.
30 Grifo nosso.
182
imigrantes italianos nesses bairros da capital paulista; e todo livro que se passa
em cidade teria que ser cidadal. Os livros que fugiriam a essa regra teriam que se
passar em várias partes do mundo, como são os livros O Código da Vinci e Inferno
(BROWN, 2004; 2013) e muitos romances de espionagem, a exemplo de Tripla
Espionagem (FOLLET, 2019) e A Garota do Tambor (CARRÉ, 1983).
Em outras palavras, não é a posição geográfica onde a obra está
ambientada nem é o local onde a obra foi produzida e nem é a fixação de
características de pessoas, linguagens e costumes que definem a obra. A obra de
arte, por ser universal, toca nas paixões humanas. A maneira como o autor lida
com esse conjunto de variáveis delineia o seu estilo, podendo-se aí se falar em
literatura barroca ou romântica. Como indicou Massaud Moisés, “o estilo refere
o modo particular como são manipulados os recursos de uma língua”. A mera
fixação da latitude e da longitude não serve para a literatura.
Outros problemas surgem também com Ligia Chiappini, que em seu
texto Do Beco Ao Belo: dez teses sobre o regionalismo na literatura (CHIAPPINI, 1995)
define “regionalismo” como “manifestação de grupos de escritores que
programaticamente defendem sobretudo uma literatura que tenha por
ambiente, temas e tipos uma certa região rural, em oposição aos costumes,
valores e gostos citadinos, sobretudo das grandes capitais” (CHIAPPINI, 1995,
p. 153-154).
O primeiro problema está na expressão “programaticamente”. Não
existe “programa regionalista” ou “programa do regionalismo literário”, seja em
manifesto, seja em textos desses autores, como crônicas, críticas ou qualquer
outra forma. José Lins do Rego, por exemplo, nunca se referiu a sua obra como
regionalista. Pelo contrário, se opôs a essa ideia de regionalismo literário, ainda
que louvasse o regionalismo de Gilberto Freyre, até porque o regionalismo
freyreano era majoritariamente político e social.
O segundo problema está em “defendem”. Não existe nenhum escritor
que defenda uma literatura em ambiente rural, até porque não existe um
programa com esse objetivo. Eles apenas escolheram localizar suas obras – nem
todas, destaque-se – nesse ambiente, mas não eram escritores que só escreviam
livros com a temática do campo. José Lins do Rego, por exemplo, produz o
enredo de O Moleque Ricardo (REGO, 2006) se passando no Recife/CE e
Eurídice (REGO, 2008) na cidade do Rio de Janeiro; Raquel de Queiroz
escolheu Baturité/CE como cenário para seu romance João Miguel (QUEIROZ,
2004a) e Fortaleza/CE para Caminho de Pedras (QUEIROZ, 2004b).
183
Seca
Para alguns, e parece que esses não são poucos, seca é problema do
Nordeste, que só leva o tempo em se aproveitar da situação para ficar com o
dinheiro arrecadado pelo Sudeste. Obviamente, criou-se todo um discurso em
torno do que o professor Durval Muniz de Albuquerque Júnior chamou de A
Invenção do Nordeste e outras artes (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2011).
Sim, a região Nordeste, naturalmente, é a mais atingida pela seca, mas
não é só nessa região que esse fenômeno ocorre. No primeiro trimestre de
2020, várias manchetes de jornal anunciavam problemas com a seca no Rio
Grande do Sul. Em 2010, a região amazônica, sonho de muitos cearenses pela
abundância de água, passou pela maior seca em 100 anos. E se a busca foi mais
distante, fica-se sabendo que em 2018, a Austrália passou por sua maior seca
também em 100 anos. Também em 2018, a Europa sofreu com forte período
de seca em países como Letônia, Lituânia, Suécia e Alemanha.
Em breve pesquisa na internet, sabe-se que 6% da população mundial
vivem em regiões áridas ou semiáridas, as quais cobrem 42% do globo terrestre.
Descobre-se que cerca de 1/3 da população mundial não tem acesso a água
potável. Ou seja, nada disso é exclusivo do Nordeste brasileiro.
Banditismo social
Lampião (Brasil); Jesse James (EUA), Pancho Villa (México). Panayot Hitov
(Hungria); e muitos outros ao redor do mundo.
Fome
Migração
Considerações finais
31
Grifo nosso.
192
Referências
QUEIROZ, Raquel de. Caminho de pedras. 12ª ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2004a.
REGO, José Lins do. O moleque Ricardo. 26ª ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2006.
Considerações iniciais
Quem nos dias de hoje vê, como está posta a história das mulheres no
mundo, até pensa que foi sempre assim. O que muita gente talvez não saiba é
que o pouco que se discursivizava era sobre alguém com seu viver unicamente
atrelado ao privado, ao lar, à submissão, sem muita relevância, como se a
mulher não existisse fora desse contexto de “cárcere”. A imagem do feminino
na sociedade foi praticamente invisível por um longo tempo, e essa classe sem
visibilidade, começara a escrever sua história que, ainda em construção
atualmente, é de muita luta e resistência.
Por só existir nesse contexto privado/doméstico é que a história das
mulheres, em todos os âmbitos, se apresenta tão recente. Ao sair do contexto
privado, se faz necessário fazer conhecer alguém que começa a desenhar sua
própria história, como ser humano que tem identidade, que é capaz, que quer
ser ouvida, que quer decidir sua própria vida, alguém que veio produzir uma
mudança social crescente e permanente em épocas contemporâneas.
A história das mulheres passa do anonimato e da insignificância para a
visibilidade, através dos movimentos feministas, que lutaram, e ainda lutam, por
equidade social entre homens e mulheres. E hoje, percebemos que,
Clara Camarão
Não há muitos registros sobre Clara Camarão, mas ao que tudo indica
era uma índia potiguar, nascida em meados do século XVII, possivelmente fazia
parte da tribo de Igapó, que se localizava na cidade de Natal, que na época
representava a Capitania do Rio Grande (hoje, atual Estado do Rio Grande do
Norte)32. Sua educação religiosa foi dada pelos padres jesuítas e também pelo
seu esposo Filipe Camarão, chefe da tribo. É tida como uma das primeiras
mulheres feministas do Brasil, uma vez, que ela quebrou paradigmas ao colocar
fim na separação dos trabalhos da tribo e se desligar das tarefas domésticas,
com o objetivo de combater, ao lado do seu esposo, nas guerras. Clara Camarão
comandou uma tropa de indígenas militantes na batalha com os holandeses no
período da conquista da comunidade do Porto Calvo, em Alagoas, no ano de
1637, onde teve muito êxito. Mulher destemida inspirava muitas mulheres no
RN. Sua garra a fará guerreira e heroína brasileira.
32 Disponível em:
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC0
00000000108188.PDF. Acesso em: 09.06.2017.
33 Disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/clara-camara-o-uma-
Mesmo sendo invisível na história por muitos anos, Clara Camarão foi
homenageada em 27 de março de 2017, quando seu nome foi inscrito no Livro
Heróis da Pátria, devido a instituição da Lei Federal 13.422/2017. O livro foi
depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília,
Distrito Federal.
A potiguar também foi a primeira mulher brasileira a ser homenageada
com seu nome em uma refinaria: Refinaria Potiguar Clara Camarão, fator muito
importante para a conquista feminina no Rio Grande do Norte.
Nísia Floresta
Auta de Souza
Fonte: Wikipédia36.
36 https://pt.wikipedia.org/wiki/Auta_de_Souza
202
Celina Guimarães
Alzira Soriano
http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/secretaria_extraordinaria_de_cultura/DOC/DOC0
00000000106245.PDF. Acesso: 09 jun. 2017.
204
Considerações finais
Referências
SOUZA, Ady Canário. A questão das identidades nos estudos culturais. In:
SILVA, Francisco Paulo. Travessias do sentido e outras questões de
linguagem. Mossoró-RN: Queima-Bucha, 2008.
208
Considerações iniciais
maneira, em que não se possa avaliar. A fantasia como faculdade de criação pela
imaginação atua como auxílio para a compreensão de mundo por parte da
criança. Zilberman (2003, p. 130) alerta para o fato de que a fantasia torna-se
“setor privilegiado pela vivência do livro infantil. De um lado, porque aciona o
imaginário do leitor; e, de outro, porque é o cenário no qual o herói resolve
seus dilemas pessoais ou sociais”.
Person (1997) conceitua a fantasia como uma prerrogativa humana
presente na vida de todos os indivíduos, em que ela nos conecta ao nosso
mundo íntimo e ao mundo externo, nas relações estabelecidas com o outro,
causando um impacto nas nossas percepções, nos comportamentos e nas
adaptações necessárias. A autora explica desta maneira sobre a capacidade de
fantasiar:
contos tradicionais. A autora lança um novo olhar sobre a narrativa, que implica
na provocação do humano, pela estética da arte literária, e na formação de um
leitor mais fluente a respeito das questões do mundo. É a história de uma
mulher jovem que se casa com um homem mais velho e rico, conhecido por
sua barba azul. Uma viagem do marido é o momento propício para a esposa
conhecer mais o castelo, já que ele deixou as chaves do lar com ela. Havia um
quarto misterioso na residência, em que uma das chaves revelaria caso alguém
entrasse sem a sua permissão, uma chave mágica. O quarto nesta história tem
uma porta com formato de caixão, que remete a um significado de morte,
simbolicamente servindo de travessia para todas as outras esposas. Mas a
esposa não se conteve de curiosidade e resolve conhecer o quarto e descobre
nesse espaço, com horror, as outras esposas mortas. A narrativa apresenta
elementos imagéticos que auxiliam na construção da visão dos leitores sobre a
violência sofrida por mulheres, sobretudo, em seus lares. A esposa consegue
escapar do contexto de violência, com a ajuda dos dois irmãos homens, e ainda
ergue um memorial para as mulheres vítimas de violência, evento narrativo que
não consta na história tradicional de Perrault. Livro vencedor do Prêmio de
melhor Tradução/Adaptação Reconto da FNLIJ – Fundação Nacional do
Livro Infantil e Juvenil, em 2018.
O livro Clarice (2018), escrito pelo brasiliense Roger Mello e ilustrado
por Felipe Cavalcante, publicado pela editora Global, narra a história de duas
crianças, Clarice e Tarso, que vivenciaram o período da ditadura militar no
Brasil. Clarice, que tem seu nome em homenagem à escritora Clarice Lispector,
protagoniza a trama de um contexto opressor que provoca fuga ou
desaparecimento de adultos (como acontecera com os seus pais), censura da
arte, entre outros eventos. Por isso, ela fora criada pela tia Zilah. A narração
por Clarice mostra a sua visão infantil sobre histórias e impressões, marcadas de
forma fragmentária em sua memória, mesclando tudo às suas fantasias infantis.
A obra propicia uma reflexão sobre a vida de Clarice no contexto ditatorial no
país, cuja vivência está pautada no conflito entre realidade e imaginário. Clarice
convida o leitor a uma adesão ao enredo, oferecendo um clima de mistério e
suspense e, ainda, subsídios para a formação consciente e crítica de visões de
mundo a respeito da temática, na medida em que os espaços abertos e
mensagens cifradas na narrativa vão permitindo. Livro vencedor do Prêmio na
categoria Jovem Hors-Concours da FNLIJ – Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil, em 2019, Prêmio White Ravens 2019 – Biblioteca Internacional
da Juventude, de Munique, na Alemanha, entre outros.
226
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
cômico, obra pilar para o nosso estudo, que entre outros métodos, enfoca a
questão do riso com função social. A teoria baseia-se justamente no fato de não
haver comicidade fora do que é propriamente humano. Assim sendo, o autor
propõe várias vertentes de investigação do cômico: as situações, as formas, as
ações, o caráter e os hábitos das personagens, por exemplo. Questão
fundamentada principalmente pelo princípio da verossimilhança que estabelece
uma ponte entre o que há de humano e o risível.
Outro estudioso do riso ao qual nós recorremos é George Minois
(2003). Em sua obra História do riso e do escárnio extraimos visões do poder
transformador do riso ao longo de todos os tempos e o exemplo utilizado pelo
autor recai sobre a Inglaterra do século XVIII. Minois traz uma apresentação
do risível como forma de contestação social, como expurgação, uma espécie de
catarse em meio a cenários desfavoráveis para tal.
Análise
submetidos. Violência física, moral. Temos a moça Zabé iludida pelo Malandro
e indo trabalhar no cabaré. O menino não “distrai” o dente problemático.
Descobre-se que o pai fora preso. E a matriarca Filó morre, provavelmente de
ataque cardíaco na porta do cabaré onde a filha estava. Tem o seu leito de
morte à porta do prostíbulo. Uma senhora tão cheia de recato e vergonhas.
Quando cai, em seus últimos suspiros, é ridicularizada pelos transeuntes da
feira:
Considerações finais
Referências
Considerações iniciais
Por outro lado, ainda que tenha instruído sua filha desde pequena
sobre o corpo humano e dito que considera o puritanismo algo atrasado, a mãe
de Belli, pouco antes da lua-de-mel da filha, pondera: “Uma mulher deve ser
uma dama em sua casa, mas não na cama. Na cama com seu marido, poderá
fazer o que quiser. Nada é proibido. Nada – enfatizou” (BELLI, 2002, p. 46).
Nesse aconselhamento pode-se compreender que para a mãe de Belli a mulher
deve seguir o pensamento machista de que a mulher deve ser “uma dama na
sociedade e uma puta na cama?” Por que no meio social ela deve ser uma dama,
uma mulher contida? Por que a liberação somente na cama? A imposição de
comportamento para a mulher, de como deve ser e agir é um reflexo do
patriarcalismo que quer negar à mulher o poder de escolha de seus atos.
O primeiro casamento torna-se entediante. Ela que casou cedo por
querer sair logo da casa dos pais, agora percebe que cometeu um erro. Seu
marido é distante, apático e já não demonstra a paixão de antes. Descobre que
são muito diferentes um do outro: “Eu era toda curiosidade, otimismo,
vitalidade. Ele, ao contrário, era pessimista, apenas suportava a vida” (BELLI,
2002, p. 57). Além disso, ele mostra comportamento machista ao propor que
246
Belli deixe o emprego e fique em casa, como as outras mulheres casadas faziam.
Ela faz um escândalo e não aceita. Além de não querer deixar o emprego, Belli
não suporta a vida doméstica: “Eu não sabia cozinhar. Era uma digna herdeira
de minha mãe, que sempre odiou a vida doméstica e sonhava com o dia que
pudéssemos nos alimentar com pílulas, tal como os astronautas” (BELLI, 2002,
p. 89). Nesse momento, Belli não aceita a imposição social de que a mulher
casada deve ficar reclusa em casa, privada no ambiente doméstico. Ela reage,
diz ”não” a essa ideia machista de que homens e mulheres devem desempenhar
papeis sociais diferentes. De acordo com Saffioti (1987), não é difícil perceber
que homens e mulheres ocupam posições diferentes na sociedade. Esta delimita
os espaços em que homem e mulher podem atuar: a mulher cuida dos filhos e
do espaço doméstico; o homem deve trabalhar para sustentar a família.
Segundo a autora, todo esse processo de discriminação passa a ser considerado
natural, pois é transmitido ao longo das gerações como se fosse o “correto”:
do ser positivo das mulheres que lhes permite, em lhes dando uma autoestima
maior, transformar-se em atrizes da própria vida e da vida de todas e de todos”
(TOURAINE, 2007, p. 29). Hoje, a mulher tem consciência de sua função.
Livre e responsável, não aceita ser vista como objeto construído a partir de
imposições do outro. Essa não aceitação deu origem ao movimento feminista
que, mesmo que tenha sido radical, não pode ser visto como um movimento
revolucionário, mas sim democrático. O feminismo transformou leis e
reconheceu os mesmos direitos para homens e mulheres. As mulheres precisam
libertar-se “de toda referência ao seu ser próprio” (TOURAINE, 2007, p. 47).
Não é questão de criar uma identidade feminina, mas de destruir a imagem de
natureza feminina definida por sua oposição ao homem:
Belli teve uma longa discussão com o médico por causa disso. Ela
queria ser tratada como pessoa, que conhece seu corpo, não queria explicações
simplificadas. As outras mulheres começam a falar em voz baixa, reconhecendo
que Belli tem razão, pois também se sentem ofendidas com o tratamento dado
a elas, como se fossem meninas malcriadas. Não explicam a elas direito o que
está acontecendo, como se não fossem capazes de compreender. É mais uma
situação de predomínio da misoginia, situação que coloca a mulher em posição
inferior, depreciando-a, desvalorizando-a, como se ela fosse incapaz.
Ainda em 1978, a pedido de Modesto, líder sandinista, Belli faz um voo
clandestino para o Panamá, onde participa do Congresso Continental de
Solidariedad à Nicarágua. Na ocasião estava o general Torrijos, que havia
concedido asilo político no Panamá aos membros do comando que em agosto
havia tomado o Palácio Nacional. Torrijos tem muito prestígio na América
Latina por haver tirado o Panamá de uma tradição semicolonial e colocado o
país definitivamente no mapa latino-americano. Nessa viagem, Belli tem a
intenção de falar pessoalmente com Torrijos e solicitar-lhe passaportes e
dinheiro para alguns companheiros sandinistas.
Após a conferência, Torrijos decide reunir-se com um grupo de
assistentes em sua casa, sendo que Belli é também convidada para essa reunião.
Após o coquetel, Torrijos impede que Belli saia de sua casa e deseja que durma
com ele. O general tenta insistentemente, mas ela não aceita e fica chocada com
o comportamento de Torrijos, que é acostumado a usar o poder para conseguir
a mulher que quer:
Belli procura Carlos e conta-lhe sobre sua decisão. Carlos lamenta e diz
que nunca tentaria prejudicá-la. Alguns dias depois, após um comício em
comemoração ao aniversário da Revolução, Belli procura sua amiga Pía e lhe
relata o episódio com Tomás. Sua amiga fica furiosa:
260
1987 em Manágua. Belli sugere que façam escalas, passando um tempo em cada
país. Esse comportamento de Belli, que também é visto de maneira
preconceituosa, mostra que a mulher também pode ter iniciativa no
relacionamento amoroso. Ela pode e deve decidir o que quer para sua vida,
somente ela pode dizer o que a faz feliz.
Considerações finais
Referências
BELLI, Gioconda. O país sob minha pele: Memórias de amor e guerra. Rio
de Janeiro: Record, 2002. Tradução de Ana Carla Lacerda.
Considerações iniciais
47
Embora, possa causar estranhamento, na obra consultada, de fato apresenta uma
numeração de pagina superior ao usual.
267
entre os autores. Diante disso, não buscaremos uma definição fechada, mas
algumas elucidações que possam contribuir para sua compreensão.
De acordo com Nacarato (2018, p. p 17 -18) letramento “era um
conceito muito presente na Educação de Jovens e Adultos, muitas vezes com a
denominação numeramento [...]”. Então, o uso desse conceito nos anos iniciais
do Ensino Fundamental é bastante recente. Ele foi incorporado a partir da
elaboração do material de matemática para o Pacto Nacional pela Alfabetização
na Idade Certa (PNAIC).
Vale ressaltar que o termo letramento matemático, que antes era
utilizado como 48alfabetização matemática, ou numeramento49, vem ganhando
ênfase após ter sido abordado na Base Nacional Comum Curricular – (BNCC)
e passou a ser utilizado em pesquisas sobre adolescentes.
A perspectiva de letramento matemático pressupõe que a Matemática
no contexto escolar ocorre para além da abordagem do cálculo, de forma
refletida, tendo em vista que o sujeito letrado em Matemática não apenas
compreende as ideias matemáticas como também as utiliza no cotidiano. Nesse
sentido, a leitura e a escrita que anteriormente eram relacionadas apenas ao
ensino de Língua Portuguesa, exerce um papel fundamental.
Sobre as atividades de leitura na disciplina de Matemática, Chagas
Gomes, (2018, p.1026) afirma:
Considerações finais
Referências
SOBRE OS AUTORES